Jornal Mercosur - Outubro 2014

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A Líbia destruída pelo imperialismo e pelo sionismo O paranaense José Gil foi talvez o brasileiro que mais viajou à Líbia de Kadafi: foram 19 viagens, e a última delas 3 meses antes do início da guerra de ocupação e destruição da Líbia em 2011. A história não pode ser assim, manipulada pelos mais poderosos. Um país foi destruído, seu líder foi covardemente assassinado por mercenários financiados pelas maiores potências econômicas e militares do planeta. Hoje vemos que a Líbia foi destruída. É um país tomado por gangues armadas que saqueiam, roubam, invadem residências e empresas comerciais. O aeroporto de Trípoli está fechado indefinidamente. Nas últimas semanas houve combates que destruiram alguns aviões e parte da estrutura do aeroporto. Para contar essa história, para que não fique no esquecimento, publicamos a seguir relatos de José Gil, um brasileiro que esteve na Líbia por 19 vezes, sendo que a primeira viagem foi quando ele tinha 18 anos, na condição de agitador cultural na cidade de Maringá. Ele organizou um evento com a presença do embaixador da Líbia na época, Ali Far Fer, e a partir de então passou a viajar à Líbia, levando consigo dezenas de paranaenses que se destacavam na militância política ou cultural. O objetivo de Kadafi, conta José Gil, “era mostrar ao mundo a experiência política e econômica da Líbia, um país onde o poder era exercido pelo povo, sem intermediários.” A história real, verdadeira, precisa ser resgatada. As pessoas precisam saber que foram e são enganadas pelos meios de comunicação - afirma Gil. Não se enganem: os noticiários dos jornais e televisões são todos manipulados, forjados pelo governo dos EUA. A imprensa brasileira tem como maiores anunciantes empresas norte-americanas, e por isso os meios de comunicação são controlados e dominados pelas agências de notícias norte-americanas,

que fornecem 90% da informação, via agências de notícias internacionais, para a imprensa brasileira. Portanto, quando se trata de notícias internacionais, recebemos mentiras e mais mentiras, para tentar legitimar as guerras de dominação deflagradas pelos EUA em nome da “democracia” ou “combate ao terrorismo”, mas no fundo, por trás dessas palavras-de-ordem, está o roubo descarado das riquezas naturais dos países menos desenvolvidos pelas potências estrangeiras: EUA, França e Inglaterra. O aeroporto de Trípoli Hoje, após a “democracia” norteamericana, o aeroporto de Trípoli está em escombros. Pela pista diversos aviões incendiados, bombardeados por rebeldes e pela guerra de ocupação do país, liderada pela Otan - pelos governos dos EUA, França e Inglaterra. Mas houve um tempo em que o aeroporto de Trípoli era um dos mais modernos da África, e ainda assim estava se preparando para se transformar em um simples aeroporto de carga, porque ao lado começava a ser construído o aeroporto mais moderno e avançado do mundo, construído pela brasileira Camargo Correa. As primeiras fundações do novo aeroporto ainda podem ser vistas até os dias de hoje, mas o início de sua construção foi interrompida por bombas de países que destruíram a Líbia para roubar petróleo.

Ao ver a fotografia acima eu lembro as diversas vezes que estive no aeroporto de Trípoli, no estacionamento sempre lotado aguardando um carro que nos levaria ao centro da cidade, hotéis ou alojamentos de universidades. Algo que jamais esquecerei: os desfiles de roupas típicas de pessoas de diversos países. Gente vestindo roupas coloridas e exóticas de países como China, Afeganistão, Índia, Tailândia, Tunísia e muitos outros. As pessoas desfilavam sorridentes pelos corredores e saguões do aeroporto. Havia trabalho, bom pagamento (a moeda local, o dinar, valia 2,6 dólar) e conforto para os estrangeiros que trabalhavam na Líbia de Kadafi. Havia lan houses, lanchonetes, joalherias, lojas de presentes, restaurantes. Um mundo mágico com suas cores e perfumes que encantavam os visitantes. Na entrada do aeroporto, diversas palmeiras e um jardim mais ou menos

bem cuidado davam as boas vindas a todos. Os líbios que desembarcavam retornando de países da Europa ou outros países quase sempre vinham com excesso de bagagem, demonstrando que o país era próspero. Em diversos vôos vi camponeses líbios voltando de viagens com novos instrumentos para trabalhar o campo. Anos atrás, vôos que vinham do Marrocos, Argélia e Tunísia, traziam na bagagem pássaros de diversas espécias. Hoje vejo as fotos do que restou do aeroporto de Trípoli e penso que os piores terroristas do mundo são os governantes dos EUA, França e Inglaterra, porque eles não relutam em destruir um país inteiro, em assassinar milhares de pessoas indefesas e inocentes, para roubar petróleo, para ganhar dinheiro na corrupção de compra e venda de armamentos bélicos. São criminosos apoiados pela imprensa mentirosa e corrompida”.


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Sem Kadafi, o mundo ficou mais triste jovem oficial que liderou uma revolução libertadora na Líbia – Al Fateh – deixou o mundo mais triste com sua morte. Ele faz falta nos noticiários internacionais, onde ocupava a cena desafiando as potências imperialistas. Ele faz falta no seu país, hoje tomado por bandos armados sem lei e sem respeito. Ao consolidar o poder popular na Líbia, o pequeno país que se transformou em exemplo para todo o mundo sob sua liderança, ele elegeu os principais inimigos da humanidade: o imperialismo, o sionismo e o racismo. Desta forma mandou uma mensagem clara aos dominadores do mundo, os norteamericanos e sionistas que controlam e manipulam a economia mundial, a mídia e o sistema financeiro internacional. As atenções de todo o mundo se voltaram para aquele pequeno país encravado entre os desertos do Sahara e do Magreb El Arab, e todos se perguntavam, como seria possível um beduíno de Sirte desafiar as maiores potências mundiais e as forças ocultas que conspiram e derrubam impérios ao longo dos séculos? E lá estava ele, um beduíno, magro, de estatura mediana, com seu sorriso radiante, colocando o dedo na ferida dos poderosos, denunciando o processo de colonização europeu na África, exigindo reparação e indenização para os países africanos que foram não colonizados, mas invadidos e saqueados pelos europeus ao longo dos séculos. Na cena seguinte, o beduíno daquele pequeno país estava nas Nações Unidas rasgando a Carta das Nações e denunciando que a ONU não passa de uma marionete nas mãos das potências imperialistas,

levando guerras e destruição aos pequenos povos e países. Ao visitar a Itália em 2010, Kadafi colocou no peito as fotos dos principais mártires líbios durante a colonização – ocupação – italiana na Líbia. Kadafi não apenas denunciava a farsa da democracia ocidental, expondo seus erros e crimes, mas oferecia o próprio exemplo de uma liderança digna e honrada ao construir o maior rio artificial do mundo para irrigar o deserto e as cidades líbias, o Grande Rio Verde, que retirava água dos lençóis subterrâneos do rio Nilo e os levava através de canalizações gigantescas cruzando todo o país para beneficiar o seu povo. As instalações do Grande Rio foram bombardeadas pela Otan a serviço dos EUA. As cidades líbias hoje sem água sentem a falta de Muamar Kadafi, martirizado por traidores e mercenários. As monarquias corruptas árabes, protegidas pelo imperialismo e pelo sionismo, roubam as riquezas do povo para fins egoístas e ditatoriais, e não são incomodadas pela ONU ou pela Otan. A lei maior das Nações Unidas e Otan é proteger governantes corruptos, traidores ou covardes, e assassinar as lideranças autênticas, aquelas que lutam pela libertação dos povos. A determinação das Nações Unidas é transformar o mundo em um governo mundial, dirigido por imperialistas norte-americanos e sionistas, para escravizar todos os povos e nações. É um mundo muito triste este preconizado pelos poderosos, e Kadafi faz muita falta porque ele combatia esses canalhas engravatados que posam de governantes “democráticos” no governo das maiores potências.

EXPEDIENTE Encarte do Jornal Mercosur editado pelo Movimento Democracia Direta do Paraná Presidente: José Gil Vice-presidente: Adilson Moreira. Secretária Geral: Dilma Melo www.marchaverde.com.br

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A Jamahiriya Líbia que não existe mais Todas as vezes que eu escrevo sobre o governo imperialistas norte-americano, não consigo esquecer a frase do Aiatolá Komeini: “O demônio governa os Estados Unidos da América”. E quando ele escreveu demônio, com certeza se referia às estruturas de poder que dominam a economia, os banqueiros, a imprensa, o congresso, a cúpula militar etc. Somente esta afirmação justifica ao longo das últimas décadas a atuação nefasta e perniciosa daquele governo perante a humanidade. O país onde mais se consome drogas no mundo é um país doente. Os imperialistas norte-americanos fomentaram guerras, destruição, sabotagens, terrorismo de Estado, em dezenas ou centenas de países. E tudo isso com o único propósito de dominar econômica e militarmente o planeta, transformar os pequenos povos em escravos fornecedores de matérias primas desperdiçadas no altar do capitalismo selvagem: luxo e riqueza. Os muçulmanos dizem que “o demônio governa os Estados Unidos da América”, e os cristão dizem que “os adoradores do Bezerro de Ouro” governam os EUA. Quando Moisés desceu da montanha onde recebeu a tábua com os 10 mandamentos, encontrou parte do povo judeu adorando o Bezerro de Ouro. Nos dias atuais, esses adoradores são os banqueiros e financistas que controlam e dominam o sistema financeiro mundial, explorando e oprimindo os povos e nações. Após essa introdução, vamos ao tema título desta matéria. Não sei se eu sou o brasileiro que mais viajou à Líbia no período liderado pelo mártir Muamar Kadafi. Dezenove vezes estive na Líbia. Minha primeira viagem foi em 1985. No ano seguinte, na segunda viagem, estava em Tripoli quando começou o bombardeio aéreo norte-americano. E a última viagem foi em dezembro de 2010, três meses antes do início dos ataques terroristas da Otan à Líbia. Feita esta apresentação, vamos ao que interessa: Jamahiriya (em árabe, poder popular, poder do povo) foi a forma de governo encontrada pelo mártir Muamar Kadafi para instaurar na Líbia um sistema de governo realmente democrático, o Poder das Massas. Na Jamahiriya não havia políticos, profissionais aos quais se dá uma carta branca de 4, 6 ou 8 anos para que governem e defendam seus interesses próprios, em nome da maioria da população. Na Jamahirya Líbia o povo governava através dos Congressos e Comitês Populares. As Associações de trabalhadores e profissionais liberais, os sindicatos, as organizações estudantis, os agrupamentos militares, governavam de forma direta, sem intermediários, e o povo atuava livremente, sem representantes. Cada Assembleia popular era um órgão

de defesa da população, e nos Congressos Populares todas as questões administrativas do país eram decididas. A Líbia de Kadafi foi a primeira Jamahiriya do mundo. Foi o berço de um pensamento que incomoda e desmascara a todos os atuais sistemas de governo em exercício, de norte a sul, leste ou oeste, capitalistas ou socialistas. Durante minhas vi-

agens visitei diversos Congressos Populares e vi o exercício do verdadeiro poder popular, onde cada cidadão é igual, onde a decisão do operário ou do estudante tem o mesmo valor da decisão do militar ou do médico, do ministro ou do agricultor. A Líbia de Kadafi estava muito à frente do mundo atual. Estava tão avan-

çada que a própria população encontrava algumas dificuldades em acompanhar o pensamento do líder. E para se contrapor aos ensinamentos de Kadafi, o Livro Verde, havia um bombardeio constante de informações mentirosas pelos meios de comunicação ocidentais. A maioria das residências líbias captava via satélite os canais de televisão da Itália, França, Alemanha, Espanha e Inglaterra, e como se sabe, são monitorados e dominados pelo imperialismo e pelo sionismo, e fomentavam na população árabe líbia os decadentes costumes ocidentais. Frente a uma sociedade conservadora como a islâmica, os meios de comunicação do Ocidente apresentavam a pornografia, a droga e a perversão sexual, durante décadas e décadas, para minar e destruir a resistência cultural árabe e muçulmana. De um lado tínhamos apenas um jovem idealista chamado Muamar Kadafi, trazendo consigo a herança cultural de seus ancestrais, a milenar cultura árabe, a conhecida persistência e determinação dos beduínos. De outro, governos das maiores potências econômicas e militares do planeta, trabalhando e combatendo as ideias do jovem idealista que saiu de uma tenda no deserto de Sirte para conquistar o mundo não pela força das armas, mas pela força do pensamento, através da proposta inovadora de democracia direta, de exercício do poder sem intermediários ou representantes. Nas viagens que realizei à Líbia acompanhei pessoalmente a evolução e transformações que o país sofreu ao longo de duas décadas. Um pequeno país no Norte da África, com pouco mais de 6 milhões de habitantes, se projetou a nível mundial pela grandeza e coragem de seu povo, sob a liderança de Muamar Kadafi. Essa projeção inesperada pelas grandes potências custou ao país um conflito permanente e constantes combates com as potências colonialistas e imperialistas. A Jamahiriya Líbia colocava a riqueza de seu solo a serviço da liberdade, do progresso e da justiça. Promovia justiça social dando aos líbios o melhor IDH da África. Apoiava e financiava movimentos revolucionários que lutavam por libertação em diversas partes do mundo. Denunciava a exploração e a injustiça nos organismos internacionais manipulados pelo imperialismo e pelo sionismo. E por tudo isso o povo líbio pagou um alto preço. O país foi praticamente devastado pela OTAN a serviço dos EUA na guerra de ocupação no início de 2011: toda a infraestrutura foi destruída por bombardeios de aviões norte-americanos, franceses e ingleses, rodovias, viadutos, canais de irrigação, tubulações e centrais de distribuição do maior rio artificial do mundo que estava levando água para cidades, vilas e aldeias. José Gil


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Líbia: um país a beira do precipício Há aproximadamente três anos, forças da Otan (EUA) destruíram o regime liderado por Kadafi. De lá para cá, o país, dividido entre facções rivais, parece cada vez mais distante de alcançar a estabilização política Por Sônia Mesquita - Da Retrato do Brasil A Líbia vive o caos quase três anos após a derrubada e o assassinato de Muamar Kadafi. Combates entre facções rivais antes aliadas tomam conta das principais cidades. O Estado patina amarrado por uma lei que expurgou da administração do país e do Poder Judiciário todos os funcionários que ocupavam os cargos mais altos durante o antigo regime e os proíbe de voltar a ocupar qualquer posto na máquina estatal. O governo ainda não conseguiu reorganizar as Forças Armadas regulares nem constituir uma nova força policial capaz de impor ordem nas ruas. Pior, a força que deveria zelar pela ordem é baseada justamente numa das alianças entre essas milícias, chamada de Escudo da Líbia (EL), uma espécie de guarda nacional que incorporou milhares de milicianos que antes combateram como voluntários o regime de Kadafi. Não há informação precisa sobre o número de membros do EL: podem ser 10 mil, 100 mil, 140 mil ou 200 mil, conforme a fonte. Igualmente confuso é o seu papel: um novo Exército ou polícia comum? O fato é que seus membros são predominantemente fundamentalistas islâmicos que guardam as relações de lealdade que trouxeram das milícias, só obedecem a seus comandantes e não têm nenhum compromisso com o Estado que lhes paga os soldos por meio do Ministério da Defesa. Seu chefe é Salah Badi, originalmente comandante da milícia mais poderosa de Misrata, cidade costeira cerca de 300 quilômetros a leste de Trípoli, a capital líbia. A luta entre as facções armadas atingiu o clímax em consequência da polarização desencadeada pela campanha para as eleições parlamentares realizadas em junho. A posse dos eleitos se deu no início do mês passado, mas o Parlamento foi instalado provisoriamente na cidade de Tobruk, no extremo leste do litoral, perto da fronteira com o Egito, para ficar longe da insegurança dos freqüentes combates em Benghazi e Trípoli. A violência vinha se agravando desde 2012, quando, não por acaso, em 11

de setembro, um ataque ao consulado dos EUA em Benghazi matou quatro pessoas, inclusive o embaixador americano que lá estava para negociar um acordo entre grupos rivais. Dias após, o aeroporto de Benghazi foi fechado quando milicianos atacaram drones de vigilância dos EUA lá estacionados. Em abril do ano passado, um carro-bomba explodiu em frente à Embaixada da França em Trípoli e, uma semana depois, grupos armados ocuparam o Ministério da Justiça exigindo a lei de expurgo dos fun-

cionários públicos da era Kadafi. A lei foi criada. Em novembro passado, em Trípoli, manifestantes se reuniram em frente à sede de uma milícia para pedir que seus membros se desarmassem e deixassem a capital. “Em resposta, os milicianos abriram fogo com tudo o que tinham nas mãos, de fuzis AK-47 a metralhadoras antiaéreas”, relatou o repórter Patrick Cockburn para a London Review of

Books. “Mataram 43 manifestantes e feriram cerca de 400 outros.” Combates eclodiram em 17 de julho deste ano no aeroporto internacional de Trípoli, quando milicianos do EL e outros grupos de Misrata atacaram milícias de Zintan, uma cidade montanhosa a sudoeste da capital, no controle do aeroporto desde quando o capturaram durante as revoltas de 2011. Foram utilizados, inclusive, tanques e metralhadoras pesadas. A torre de controle foi danificada e duas dezenas de aviões foram destruídas. O espaço aéreo foi fechado, companhias aéreas internacionais suspenderam suas atividades no país e os estrangeiros começaram a sair principalmente pela fronteira terrestre com a Tunísia. Na ocasião, Muhammad Abdul Aziz, ministro de Relações Exteriores da Líbia, pediu ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) o envio de assessores militares para reforçar as forças do governo na vigilância de portos, aeroportos e outros locais estratégicos. Aziz advertiu que a Líbia corria o risco de ficar “fora de controle”. Mas ele não obteve apoio da ONU. Diante das inúmeras facções rivais envolvidas no conflito, os diplomatas admitiam estar confusos. “De que lado vamos intervir?”, perguntou um diplomata ocidental em Trípoli, ouvido pela revista britânica The Economist. Em 23 de agosto, uma aliança de milícias islâmicas que inclui o grupo denominado Amanhecer e milicianos de Misrata e de outras cidades do oeste do

país anunciou ter tomado o controle do aeroporto internacional de Trípoli das mãos das milícias de Zintan, depois de três anos. Enquanto isso, posições do Amanhecer, também na capital, sofreram ataques aéreos de aviões não identificados. Segundo informou o diário The New York Times – citando fontes do governo dos EUA –, e de milicianos, haveria envolvimento dos Emirados Árabes Unidos e do Egito, vizinhos preocupados com a situação do país. Ao longo de julho, EUA, França e Reino Unido, as potências estrangeiras que comandaram os ataques contra o governo de Kadafi em nome da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), retiraram ou reduziram ao mínimo seu pessoal diplomático em Trípoli. No mesmo mês, a ONU e a União Europeia fecharam suas missões na Líbia. A embaixada americana também foi fechada. A evacuação do pessoal não foi feita com helicópteros decolando de cima do telhado, como aconteceu no Vietnã, nos anos 1970, mas teve o mesmo significado, conforme avaliou The Economist. Um comboio de veículos saiu pelo portão da frente na manhã do dia 26 de julho. Era o sinal derradeiro do fracasso dos esforços diplomáticos para deter os combates que se alastravam pelo país. Por ironia, diz a revista, a evacuação produziu o cessar-fogo que os diplomatas tanto procuravam, mas somente por curto tempo. Tão logo o comboio saiu de Trípoli, rumo à fronteira com a Tunísia, recomeçou a batalha pelo controle do aeroporto. Nos dois dias seguintes, foguetes explodiram dois tanques gigantes de um depósito com milhões de litros de gasolina, agravando a escassez de combustível na capital. As diversas milícias do país se dividiram em dois grandes campos: de um lado, islamitas; de outro, um balaio contendo adversários diversos. Os islamitas são fortes em Trípoli, no leste e no centro do país; seus adversários também são fortes no leste e dominam o oeste.


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Obama ignora Congresso e lança ataque ilegal contra a Síria O presidente Barack Obama violou flagrantemente, mais uma vez, a Constituição dos EUA e lançou ataques aéreos contra território sírio, sem qualquer amparo legal e sem qualquer tipo de legitimação pelo Congresso. Em movimento que ameaça pôr fogo em toda a região, Washington disparou uma onda de ataques com mísseis cruzadores Tomahawk contra alvos do ISIL, na noite de ontem. Os primeiros relatos falam de oito civis mortos, inclusive três crianças, no bombardeio contra a cidade de Raqqa. Apesar de o governo ter hoje amplo apoio para sua campanha militar contra o ISIL – quase dois terços dos cidadãos norte-americanos defendem ataques aéreos contra o território sírio, há muita desconfiança de que, na sequência, Washington passará a atirar contra o regime do presidente Assad, que os EUA tentam derrubar, sem sucesso, já há mais de dois anos. Seja qual for a necessidade ou alguma justificativa para a campanha contra o ISIL, a decisão de Obama, de ignorar, mais uma vez o Congresso, como fez antes, quando ordenou o desastrado ataque à Líbia, reforça o precedente de a Casa Branca ordenar ataques militares sem absolutamente nenhum – absolutamente nenhum – fundamento legal. Pouco depois de aparecerem os primeiros relatos dos ataques aéreos dos EUA contra a Síria, o Congressista Shortly after reports of U.S. air strikes on Syria emerged, Congressman Justin Amash também resumiu o sentimento de vários deputados, que lastimavam que o Congresso não se tivesse empenhado em qualquer tipo de discussão sobre o novo conflito. Apesar de o Congresso ter recentemente aprovado um plano para armar os chamados rebeldes sírios “moderados” (muitos dos quais já se compuseram com o ISIL ou venderam as próprias armas àqueles terroristas), os deputados não deram luz verde para que o presidente lançasse qualquer tipo de ataque aéreo. “O Congresso jamais autorizou qualquer nova guerra” – escreveu Lynn Sweet. – “A cadeia de eventos que começou pelos ataques da 2ª-feira na Síria

pode diluir a pressão por outra votação de autorização. Não importa o que venha a acontecer, o Congresso pode hesitar no movimento de negar a Obama autorização para guerra... quando, de fato, os EUA estão outra vez em guerra.” O president Obama diz que tem instrumentos legais para atacar o ISIL, baseado na mesma Autorização para Uso de Força Militar, AUFM [orig. Authorization to Use Military Force (AUMF)] de 2001 que precedeu a GGaT (Guerra Global ao Terror). Porém, como observa W. James Antle, aquela lei só cobre “nações, organizações ou pessoas” que “planejaram, autorizaram, cometeram ou ajudaram os atos terroristas que aconteceram dia 11/9/2001, ou que abrigaram aquelas organizações ou pessoas.” “O argumento do presidente é implausível, porque a AUFM de 2001 exige nexo com a al-Qaeda ou forças associadas à al-Qaeda contra as quais os EUA estejam em luta” – disse Robert Chesney, professor da Faculdade de Direito da Universidade do Texas, falando a The Daily Beast. “Dado que o ISIL rompeu com a alQaeda, o argumento do presidente é imprestável.” Antes de atacar a Líbia, Obama dedicou-se empenhadamente em esvaziar o poder do Congresso, insistindo em que sua própria autoridade viria do Conselho de Segurança da ONU, e que a aprovação pelo Congresso não seria necessária. “Nem preciso entrar na questão Constitucional”, vangloriou-se o presidente. Dessa vez, Obama sequer se deu o

trabalho de buscar algum carimbo da ONU, nem discutiu se o Congresso teria ou não direito de se manifestar sobre se os EUA poderiam comprometer-se em mais uma campanha militar que pode, muito facilmente, converterse em conflito generalizado, dado que o presidente Assad disse que qualquer ação militar dos EUA dentro do território da Síria seria tratado como ato de guerra. Segundo o Congressista Walter Jones, uma vez que Obama não obteve aprovação no Congresso para o ata-

que contra a Líbia em 2011, “seu ato constitui crime de primeiro grau seguido de infração gravíssima nos termos do artigo II, seção 4 da Constituição dos EUA.” Agora, pela segunda vez, ao atropelar o Congresso, Obama outra vez viola a Constituição dos EUA e pela segunda vez comete crime para o qual a pena prevista é o impeachment. Infowars – Tradução: Vila Vudu www.marchaverde.com.br

Terroristas do Levante Islâmico posam para a fotografia com pedaço de avião norte-americano abatido durante ataques a redutos extremistas no Iraque.


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Uma em cada três oficiais foi estuprada nas Forças Armadas dos EUA Nas Forças Armadas dos EUA a probabilidade de uma mulher ser estuprada por oficiais militares é maior do que a de sofrer um ataque terrorista. A rotina das mulheres norteamericanas que servem nas Forças Armadas é repleta de perigos: elas têm de enfrentar o risco, diariamente, de atentados contra os seus batalhões e bombas plantadas além de outros desafios intrínsecos aos conflitos armados. No entanto, essas militares também sofrem com a violência dentro dos próprios quartéis e muitas vezes, não tem a quem recorrer. A oficial Rebekah Havrilla conta que já estava preparada psicologicamente para a possibilidade de morrer em um ataque terrorista no Afeganistão, mas não para ser estuprada por muitos de seus colegas e superiores nas bases e campos militares dos EUA. Na primeira vez em que foi assediada, o líder de seu grupo se aproximou por trás, mordeu com força o seu pescoço e disse “Eu quero muito te foder agora”. Dias depois, outro colega a estuprou. Tia Christopher, que se alistou na Marinha em 2000, passou por uma situação muito similar apenas dois meses depois de ter entrado na organização. Em uma noite quando estava entrando em seu quarto para dormir, um companheiro do batalhão militar invadiu o local e a estuprou, batendo sua cabeça várias vezes contra a parede. Assustada e com apenas 18 anos, a aspirante a oficial se livrou de todas as provas contra o companheiro que continuou a assediá-la. O caso dessas duas mulheres norte-americanas não é excepcional nem muito diferente de suas companheiras militares. O jornal norte-americano Huffington Post divulgou essa e outras histórias, além de dados sobre a ocorrência de estupros dentro das Forças Armadas dos EUA, em uma reportagem especial neste sábado. De acordo com dados do Departamento de Defesa, pelo menos uma em cada três mulheres entre as 207 mil do corpo militar norte-

americano já foi vítima de estupro e/ou outros abusos sexuais. O índice de ocorrência é o dobro do que ocorre, em média, na sociedade do país, onde uma em cada seis mulheres já sofreu violência sexual. Entre outubro de 2010 e setembro de 2011, cerca de 3,2 mil estupros dentro das Forças Armadas dos EUA foram denunciados, mas o Pentágono calcula que dentro deste período, pelo menos 19 mil abusos sexuais entre colegas aconteceram. Apesar de autoridades explicarem que a violência não acontece apenas contra mulheres, o grupo feminino representa a grande maioria. Isso significa que o risco de uma militar norte-americana ser estuprada no período de um ano dentro das Forças Armadas é 180 vezes maior do que o de ser morta em combate no período de onze anos no Iraque ou no Afeganistão, informou o Huffington Post. Os dados disponibilizados pelo governo norte-americano também apontam que a maior parte dos estupradores é homem com mais de 25 anos e que possui posição hierárquica mais elevada do que a da vítima. Estas informações

explicitam que o caso de Rebekah e Tia longe de serem exceções, representam o padrão da violência dentro das Forças Armadas. Enfrentando a estrutura Mesmo triste e assustada, Tia decidiu lavar os lençóis, roupas e tudo o que pudesse indicar que havia sido vítima de estupro. A aspirante a oficial decidiu que não levaria essa história adiante, apesar de saber que o seu colega poderia violenta-la novamente. Ela apenas mudou de ideia, de acordo com entrevista ao Huffington Post, quando soube que este mesmo militar estuprava outras garotas. Outra oficial tentou desencorajá-la de denunciar o estuprador para seus superiores, mas Tia foi adiante com o seu plano e acabou por esbarrar na estrutura judicial militar. “Então, me diga mais uma vez, qual era a cor da sua calcinha quando você foi estuprada?”, teria perguntado o oficial responsável pela investigação de acordo com sua entrevista ao Huffington Post. Segundo dados do governo dos EUA do ano 2011, apenas 240 das 3,2 denúncias foram para o tribu-

nal e destas, somente 6% resultaram em sentenças condenatórias. A grande parte dos estupradores condenados teve que pagar multa ou, no pior dos casos, foi rebaixado na carreira. Em muitos casos, a vítima não denuncia a violência sexual porque a pessoa para quem devem denunciar é o próprio estuprador e em outros, a alta patente do agressor impede a continuidade das investigações. O processo de Claire Russo, que envolveu alto grau de violência, foi interrompido porque os Fuzileiros Navais não gostam de “lavar roupa suja em publico”, informou ela ao Huffington Post. Em 2004, Claire foi sedada por um capitão que a violentou brutalmente. Segundo informações de seu processo judicial, a oficial tinha hematomas em suas nádegas, vagina e lábio, além de machucados em seu ânus. “No fim, foi-me dito pelo comando direto que a sodomia – forçada ou não - não é crime segundo o Código Militar de Justiça (UCMJ na sigla em inglês) de modo que eu não poderia prestar queixa”, disse Claire ao Huffington Post. www.marchaverde.com.br


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Palestra do Exmo. Sr. Embaixador Dr. Ghassan Nseir, Chefe da Missão da Embaixada da República Árabe da Síria, na Semana da Cultura Árabe promovida pela Federação das Entidades Árabes – Fearab. Primeiramente, gostaria de dar as boas vindas a todos vocês e agradecer a Fearab – Federação das Entidades Árabes - seu Presidente e seus membros pela organização deste evento. Vou falar sobre o meu país, a Síria e quero agradecer, desde já, pelo seu interesse e o seu amor pelo conhecimento. É verdade que a Síria está muito longe do Brasil em termos de distância, mas perto e geminada com o país por duas razões básicas. O número de descendentes de origem síria no Brasil ultrapassa treze milhões de pessoas, que chegaram, desde o início do século passado a este país, contribuíram e continuam contribuindo para o seu desenvolvimento econômico, social e científico. Por outro lado, os meios de comunicação aproximaram as distâncias, ampliaram o conhecimento e criaram movimentos de solidariedade entre as nações e os povos. Os países em desenvolvimento passaram a querer sair do domínio e exploração dos países colonialistas e imperialistas, que saquearam suas riquezas, enriqueceram e desenvolveram-se, mas impediram os outros de se desenvolverem e de terem uma vida decente. Após esta introdução, passarei para a questão síria. A República Árabe da Síria, país situado no coração da região do Oriente Médio, tem fronteiras ao norte com a Turquia, ao leste com o Iraque, ao oeste com mar mediterrâneo e o Líbano e ao sul com a Jordânia, a Palestina e os territórios ocupados por Israel, em 1967. Sua capital é Damasco. A Síria, que antes incluía a Palestina, o Iraque, a Jordânia e o Líbano, passou por diferentes e variadas civilizações, consideradas a base da civilização do Oriente Médio e da Europa. O arqueólogo francês André Perrot disse: “Todo ser humano civilizado tem duas nações, sua terra natal e sua outra pátria, a Síria”. Porque daquela terra surgiu o conhecimento: As primeiras letras do alfabeto, a primeira nota musical, as primeiras ferramentas agrícolas, as primeiras leis civis e assim por diante. Além de tudo isso, e o mais importante, a partir dela surgiu a religião cristã, que se espalhou pelo mundo, levando consigo os valores sírios, disseminados pelo apóstolo Paulo, o mensageiro que se converteu ao cristianismo em Damasco, segundo o Novo Testamento, e levou a todas as nações os ensinamentos destes princípios. Na Síria também surgiu o islamismo. O islamismo tolerante, centrista e aberto ao próximo. Eu não quero me prolongar na história que alguns tentaram adulterar para atender a fins próprios, mas durante o período da colonização Otomana, ao longo de quatro séculos, o país assistiu a um período obscurantista, quando houve um retrocesso em tudo, quando

apareceram as lutas sectárias alimentadas terra a quem Ele quer e dela priva quem esvaziaram suas prisões e mandaram os pelos otomanos naquela época e que Ele quer. criminosos para a Síria. A Turquia Por causa das posições da Síria e de facilitou seu treinamento e a sua entrada culminaram com os massacres dos armênios, dos siríacos, dos assírios e de sua resistência à ocupação, os países para a Síria e deu a eles todo o suporte outras denominações cristãs. E até agora, quiseram sua destruição e o controle de logístico e militar, assim como o fizeram Erdogan e seu partido continuam a fazer sua soberania, então vieram com a os Estados Unidos e a França. uso deste comportamento, seguindo o chamada “Primavera Árabe”. Alguns O Ocidente não somente fez vista sírios saíram em manifestações para grossa como incentivou essas práticas lema: “Dividir para conquistar”. Nosso sistema de governo é exigir melhores condições de vida e que não estão em conformidade com a presidencial, onde os Carta das Nações Unidas. E poderes legislativo, passou a comprar o petróleo das executivo e judiciário são mãos dos terroristas armados, independentes. Na Síria, que tomaram o controle dos vivemos em uma sociedade poços de petróleo na Síria, e em secular. O cidadão sírio, troca passou a vender-lhes as tanto o cristão quanto o armas. Todavia a Síria, que teve muçulmano ou o judeu, tem o apoio de países como a Rússia, os mesmos direitos e a China, o Irã e os BRICS, deveres. Basicamente, não cooperou plenamente com as existe na carteira de resoluções das Nações Unidas identidade nenhuma menção para o combate ao terrorismo, à religião do cidadão. As aceitou desmantelar o seu arsenal mesquitas estão ao lado de de armas químicas e participou igrejas, cada uma da Conferência de Genebra, onde desempenhando o seu papel convidou todos os países a se e o nosso princípio é: “A unirem numa só fileira para religião é de Deus e a pátria combater o terrorismo takfirista, é para todos”. A educação na que ameaça não somente a Síria, Síria, em todas as etapas, é mas todos os outros países. Mas gratuita, desde a creche até os Estados Unidos e seus a universidade e com o seguidores insistem em continuar subsídio do Estado. fornecendo armas aos terroristas Existem instituições de O presidente Dr. Bashar Al Assad lidera com heroismo e impôs um bloqueio econômico saúde espalhadas por todo o contra o povo sírio, impedindo a o povo sírio na luta contra os terroristas financiados país, oferecendo serviços de entrada de alimentos e por potências ocidentais e monarquias árabes. saúde gratuitos aos medicamentos para as pessoas cidadãos. que alegavam querer ajudar. A Os alimentos básicos e a energia reformas políticas, mas essas hipocrisia internacional ficou clara e a elétrica são subsidiados pelo Estado e manifestações acabaram sendo usadas política de dois pesos e duas medidas foi comercializados, às vezes, por menos da como meio para atacar as forças de adotada. O que eles querem é tirar da Síria metade do preço se comparados aos segurança, instalações e instituições o seu poder de decisão independente. preços praticados pelos países vizinhos. Após três anos de luta dos terroristas públicas e privadas. Escolas e hospitais Temos os partidos nacionais que atuam foram queimados, invadiram os palácios para destruir a Síria e seu povo, a Síria, na vida civil e no Parlamento. de Justiça e queimaram tudo. Abriram através de seus líderes, seu governo, seu A mulher ocupa um lugar importante fogo contra as forças de segurança, povo e seu exército está lutando contra o em todas as instituições do Estado, tem vitimando muitos de seus membros, terrorismo e disse ao mundo que “o os mesmos direitos que os homens e especialmente na cidade de Deraa, onde terrorismo o alcançará, então parem com trabalha em todas as áreas. Temos uma tudo começou. o apoio ao terrorismo e sequem suas Vice-Presidente da República, temos Apareceram as armas nas mãos da fontes”. No entanto, eles nunca deram mulheres nos ministérios e no Parlamento chamada “oposição armada” e as agências ouvidos e acreditaram que tomariam o e em todos os empregos públicos e de notícias, os canais de televisão árabes controle da Síria e de sua decisão privados. e meios de comunicação estrangeiros soberana. E quando eles não puderam deram início a uma ofensiva tendenciosa, mais encobrir o terrorismo, que alcançou Por que eles querem destruir a falsificando os fatos e falando sobre seus países e seus cidadãos, se Síria? cenários irreais, utilizando para isso convenceram da necessidade de Esta é a questão básica, central e métodos modernos de falsificação de combatê-lo e o Conselho de Segurança fundamental. imagens e palavras. O dever das forças anunciou a resolução No. 2170 sobre o Porque ela resiste à ocupação de segurança era o de defender os combate ao terrorismo. Daí criaram uma israelense. Porque eles querem remover cidadãos, o patrimônio e a soberania do coalizão formada por países que apoiam o tudo o que obstrui o cumprimento dos Estado contra os grupos de terroristas que terrorismo, incluindo a Turquia, o Qatar e planos sionistas, que visam a ocupação de vieram da Turquia, do Líbano, da Jordânia, a Arábia Saudita e excluíram os países que terras e o deslocamento da população. da Arábia Saudita, do Qatar e dos países combatem o terrorismo. Que hipocrisia é Este é o maior crime do mundo europeus como a Alemanha, a Chechênia, essa? Que moral é essa? Além disso, eles dizem querer contemporâneo: O deslocamento de a França, a Grã-Bretanha e os Estados pessoas que carregam em seu próprio Unidos da América e de mais de 82 outras combater o terrorismo armando a nome o nome de terra, a Palestina, e sua nacionalidades. Então qual é a relação deles oposição moderada! Prestem atenção substituição por outro povo, que baseia com a democracia na Síria? Note-se que nesta contradição! Vejam como eles seu direito sobre a terra numa referência todos eles são takfiristas ligados à menosprezam a inteligência humana! Tem metafísica de que é a “terra prometida por organização terrorista Al Qaeda. E são como existir uma oposição moderada Deus” e desta forma colocam Deus apoiados pela Arábia Saudita e pelo Qatar, armada? A oposição está no pensamento e como o dono de uma imobiliária, que dá a com dinheiro e armas. Estes países no trabalho, no debate e no diálogo, e não


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jornal mercosur - líbia - outubro de 2014 Em suma, eles querem a destruição em carregar armas contra o Estado, que manifestou a sua disponibilidade para o da Síria. A Síria realizou eleições diálogo com todos os seus cidadãos presidenciais, em meio à crise, e seus patriotas honrados sírios, que rejeitaram cidadãos vieram de todas as partes do país a intervenção estrangeira. O povo sírio para votar. O Presidente Bashar al-Assad rejeita qualquer forma de interferência venceu as eleições à presidência entre três candidatos. Os em seus assuntos países europeus e os internos, em sua Estados Unidos escolha sobre a forma tentaram impedir a de governo e por realização destas quem será governado. eleições, fecharam as Os sírios são os embaixadas e donos da decisão. proibiram os Isto está em imigrantes sírios de conformidade com a votar. Esta é a Carta das Nações democracia deles. Unidas, que proíbe a Eles sabiam em quem interferência nos os sírios iriam votar e países para mudar o por isso mesmo os seu sistema de impediram. Mas os governo. E foi isso cidadãos sírios que fez com que tomaram seus voos e países como a Rússia, vieram dar o seu China e Irã e os países voto, vindos da do BRICS se Ghassan Nseir França, da América, posicionassem contra todas as tentativas de violação da Carta da Europa e dos países árabes. Não nos das Nações Unidas, para que não surpreendemos quando a Arábia Saudita prevalecesse a vontade dos países proibiu a realização das eleições na imperialistas e colonialistas sobre as embaixada da Síria, porque ela não sabe o resoluções da Organização das Nações que é a democracia, mas sim quando os Unidas, que lhes permitiria interferir nos países que alegam querer a democracia assuntos dos países, ora pela fecharam as embaixadas e proibiram os democracia, como ocorreu no Iraque e nossos cidadãos de expressarem sua na Líbia, ora sob a forma de intervenção opinião, e foi isso que ocorreu nos países humanitária. Estes são os métodos, as europeus. Será que os terroristas takfiristas, manobras e os caminhos tortuosos que eles utilizam para impor sua hegemonia apoiados pelo ocidente “democrático”, sobre os países. Mas e o que aconteceu que destruíram igrejas e mesquitas, após a intervenção americana no Iraque? crucificaram cidadãos, cortaram suas O que aconteceu após a intervenção na cabeças, comeram corações humanos e Líbia? O que aconteceu no Afeganistão? proibiram todas as manifestações Cada vez que estas potências brutais civilizadas, especialmente no que diz intervêm nos países, espalham a respeito às mulheres, e trouxeram a expressão “casamento jihadista”, e desordem, a morte e a destruição. Será que a Arábia Saudita é um outros comportamentos takfiristas exemplo de democracia? Eles não selvagens que não tem qualquer relação permitem que os cristãos façam suas com a religião muçulmana ou qualquer orações nem dentro de suas próprias outra religião, conhecem a democracia? Eles sequestraram os dois bispos, que casas. E o Qatar é um exemplo de seguem desaparecidos, entraram nas cidades para destruir seu patrimônio democracia? E a Turquia é um exemplo de religioso e sua civilização, como em Maaloula, onde seus moradores ainda democracia? Agora Israel está dando apoio aos falam a língua de Jesus Cristo. Eles grupos terroristas armados, na fronteira, também mataram os sheikhs muçulmanos nas Colinas do Golã. O Qatar contribuiu que não concordam com suas opiniões e para o sequestro dos membros das forças métodos. Em resumo, estamos, na Síria, de paz da ONU, a UNDOF. E agora as forças da ONU, que tinham como missão defendendo a nossa soberania, a separar as tropas nas Colinas do Golã, dignidade do povo sírio e o seu direito de retiraram-se, deixando o caminho livre para escolher o seu sistema político e suas que os elementos terroristas entrem na alianças. Defendemos, ainda, a consolidação da Carta das Nações Unidas, Síria, com o apoio de Israel.

sobre a não interferência nos assuntos internos dos países. Nos comprometemos, ainda, a lutar contra o terrorismo, principalmente o terrorismo takfirista Wahabista. Assim como nos posicionamos ao lado do povo palestino para recuperar o seu direito legítimo de construir seu Estado independente, tendo a sagrada Jerusalém como a sua capital, e queremos recuperar as nossas terras, que Israel tomou da Síria em 1967. Nós não fomos lutar contra estes países então porque eles direcionam todas as suas forças para lutar contra a Síria? Basta a estes países a dominação colonialista dos povos e de suas capacidades. Chega de políticas de dois pesos e duas medidas. E chega de hipocrisia, de discursos retóricos sobre a

democracia e sobre os direitos humanos. A Síria deseja que todos os países e organizações, que acompanham os acontecimentos com interesse, se posicionem de forma imparcial e objetiva sobre a evolução dos fatos na Síria, que apoiem a solução pacífica baseada no diálogo e nas reformas propostas pela liderança síria, que condenem o terrorismo praticado pelos grupos armados e as campanhas de incitação disseminadas pela propaganda mentirosa. O fim destas práticas representa o caminho para dar um basta ao derramamento de sangue e para levar a Síria a uma margem de segurança e paz. Brasília, em 23/09/2014 Tradução: Jihan Arar


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