A HORA - 09 e 10/09/23

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CIDADES DEVASTADAS

DO

ANÁLISE, CURADORIA E OPINIÃO DE VALOR Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023 | Ano 21 - Nº 3404 | R$ 4,00 (dia útil) R$ 7,50 ( m de semana) grupoahora.net.br 51 99253.5508 grupoahoraoficial grupoahoraoficial 51 3710.4200
EM BUSCA
RECOMEÇO Entulhos
e lama são marcas do maior desastre natural do RS. Após enchente, famílias buscam força para recomeçar. Com apoio de voluntários e donativos, o trabalho para reconstrução avança. Ao mesmo tempo, o Vale do Taquari enfrenta a dor do luto. Já são mais de 40 vítimas con rmadas
#SOSValedoTaquari FELIPE NEITZKE

Aprendizado depois do trauma

Aenchente histórica que assolou as cidades próximas ao Rio Taquari é um evento que clama por reflexão profunda. As imagens angustiantes de comunidades inundadas, casas submersas e vidas ceifadas exigem uma abordagem para além das causas naturais.

Uma das lições cruciais aponta sobre a necessidade de investir na educação e na cultura das comunidades sobre condutas durante inundações. A conscientização pública é fundamental, pois as cheias são eventos recorrentes nessas áreas. Neste sentido, todos precisam estar mais preparados para enfrentá-las.

“O rádio de pilha era a minha companhia nessa hora difícil”

Maicon da Silva, 37 anos, sempre morou no bairro Navegantes em Arroio do Meio. Assim como ele, outras 2 mil pessoas foram atingidas. Pela rádio ele manteve vizinhos informados sobre a cheia do RioTaquari

Como você descreve essa enchente?

Transmissão

Neste aspecto, o efeito pedagógico precisa ser presente e contínuo. Essa experiência terrível precisa estar na memória para sempre. Só assim a sociedade terá meios para que jamais se repita. Escolas, comunidades e instituições educacionais devem se unir para ensinar às novas gerações sobre os riscos das inundações e como agir diante de alertas.

Além disso, a história das cheias na região deve ser preservada, com marcos e monumentos que contem a história das enchentes passadas. A criação de marcos e monumentos nas cidades afetadas pode ser uma maneira eficaz de manter essas lembranças e alertas presentes.

Tal recurso ilustra até onde a água chegou em diferentes enchentes ao longo do tempo. Tal evento ajuda a construir uma compreensão mais profunda das enchentes e também pode servir como um guia para o planejamento urbano.

Filiado à

Fundado em 1º de julho de 2002 | Vale do Taquari - Lajeado - RS

Eu cresci aqui e nunca acompanhei algo semelhante à enchente de 2023. Todos aqui foram prejudicados e muitos perderam tudo. É um cenário de guerra.

O que a sua família perdeu durante a enchente?

Nós perdemos tudo. Agora estamos vivendo em uma barraca, com uma lona como abrigo. E dependendo de doações que vêm de outras cidades. É muito triste.

Como vocês vão seguir agora em diante?

Precisamos de ajuda. O governo vai precisar intervir. A nossa situação é muito delicada, não temos mais nada.

Como a enchente afetou as pessoas na rua Campos Sales?

Todas as pessoas na rua Campos Sales foram atingidas pela enchente, mesmo que inicialmente não acreditassem que a água chegaria até lá.

Você ouviu o rádio esse tempo todo?

Sim, era o único jeito de ter informações atualizadas. Acompanhamos tudo desde a segunda-feira quando o rio começou a subir.

Como as famílias estão se virando diante deste cenário?

É tudo muito triste. Todos aqui foram atingidos, precisam reconstruir tudo, estão sem água, sem alimentos e muitas máquinas estão limpando. Sobrou pouca coisa. É muito emocionante.

As pessoas tem ajudado?

Sim. Não podemos reclamar. Estamos acompanhando as notícias e muita ajuda está chegando e distribuída para nós. Isso nos deixa felizes e confiantes em um recomeço.

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2 | A HORA EDITORIAL
ABRE ASPAS
Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
Uma das lições cruciais aponta sobre a necessidade de investir na educação e na cultura das comunidades sobre condutas durante inundações”
Gabriel Santos gabriel@grupoahora.net.br
GABRIEL SANTOS
pelo rádio FM foi o meio de Silva se atualizar durante a cheia do Taquari

As lições e ações para evitar futuras tragédias

Anatureza é incontrolável, mas a inteligência artificial precisa ser utilizada para antecipar informações vitais que possibilitam evacuações em tempo hábil. Não adianta tentar achar culpados. Entretanto, tão pouco enrolar ou justificar. As lições da pior enchente que devastou o Vale do Taquari devem servir, de uma vez por todas, para fazer o simples e o básico: criar mecanismos de informação confiáveis e que funcionam.

Não fossem a falta de integração dos dados, a desatenção e incapacidade de interpretação dos alertas emitidos pelos órgãos climáticos - fazia dias -, muita coisa poderia ser diferente. As falhas, imprudências, ingenuidades e desatenção devem pesar sobre todos nós. Definitivamente, somos todos um pouco responsáveis pela inexistência de um plano eficiente contra enchentes. Mas isso não retrocede, temos de olhar para frente.

É por isso que usarei de palavras simples, talvez duras e pontuais. Ao governo estadual e seus órgãos de defesa responsáveis por orientar em fenômenos naturais – ainda mais como as

enchentes cíclicas – compete um papel primordial: criar um mecanismo de orientação e exigência, o qual deve ser submetido e, se for o caso, imposto aos municípios. Estes, por sua vez, devem adotar um fluxo pedagógico sobre enchentes junto aos moradores e empresas existentes nas regiões ribeirinhas. Essa pedagogia se estende às escolas,

Faltou informação, cultura pedagógica, faltou um plano de prevenção.”

onde as crianças são orientadas e sensibilizadas sobre os riscos de quem mora ou trabalha às margens de córregos dágua. Todos devem conhecer os riscos e o plano de prevenção.

E convenhamos. Sobram exemplos e sugestões de especialistas sobre prevenção. Esta é a única capaz de evitar o desespero vivido por milhares durante as noites e

dias de terror, muitos em cima de telhados, ilhados, sem luz, sem água, com fome e nenhuma comunicação. Dezenas morreram, milhares foram resgatados com dificuldades, alguns com abalos psicológicos para sempre.

É inadmissível que não tenhamos aprendido.

Há poucos anos, quando um secretário municipal quis instalar um monumento sobre enchentes na beira do Rio Taquari, ele quase foi ridicularizado. A crítica generalizada fez o prefeito desistir da ideia pedagógica para não perder votos.

Fatos lamentáveis como este se somam aos incontáveis exemplos da nossa imprudência e negligência em relação ao tema. As réguas físicas instaladas em pontos da cidade - algumas em locais inacessíveis - foram a nossa única e precária orientação derradeira, uma vez que o sistema da CPRM parou de funcionar. Contudo, já era tarde. Muçum e Roca Sales já tinham sido devastadas.

Enquanto isso, pelos pagos do baixo Taquari, nem os alertas soaram direito ou preocuparam todos os ribeirinhos, muitos preferiram “acreditar” que a água não subiria tanto.

Faltou informação, cultura pedagógica, faltou um plano de prevenção. Aliás, faltou quase tudo. Sobrou desespero e empenho herculano de centenas de voluntários que arriscaram suas vidas para tentar salvar o impossível. Por isso, insisto: estávamos atrasados, desorganizados, impotentes. O problema deve ser detectado antes.

Prevenção eficiente mudaria tudo A reestruturação

Imaginemos um cenário de prevenção com as seguintes informações e providências: choveu 200 a 300 milímetros nas cabeceiras; os alertas são emitidos pelos órgãos climáticos; os moradores ribeirinhos das cidades mais altas são avisados por um sistema eficiente de comunicação e evacuados, inclusive, por sirenes em casos extremos; à medida que a água desce as corredeiras e passa pelas represas, seu volume e velocidade são dimensionados; com base nestas primeiras informações, a inteligência artificial já consegue nos dar um prognóstico preciso

sobre o que vai acontecer quando o “tsunami” alcançar as cidades na baixada; imediatamente, as cidades são avisadas e têm tempo para evacuar as áreas de risco nas áreas sequenciais; afinal, o curso das enchentes é gradativo e dá tempo para se preparar.

Ainda assim, digamos que surpresas ocorram e seja necessária uma operação emergencial. Então, entra em ação o “plano de guerra” com botes, salva-vidas, profissionais preparados, sistema alternativo de comunicação, de energia elétrica, inclusive, contato e apoio imediatos com o exército para soluções em

casos extremos, com helicópteros avisados e prontos para entrar em campo. Isso tudo é barato perto do prejuízo bilionário de uma enchente como desta semana.

Portanto, o básico e simples bem feitos: um plano de prevenção. Eis a lição e solução que as autoridades devem buscar. O resto é discurso e promessa.

O Vale do Taquari não deve aceitar outra solução, senão aquela que devolva a paz, a tranquilidade e a esperança para continuarmos investindo em nossas cidades. Espero que tenhamos aprendido a lição!

Em tempo. Segunda feira ocorrem duas reuniões estratégicas: em Porto Alegre, na Secretaria Estadual do Desenvolvimento, prefeitos e presidentes de CICs municipais de cidades afetadas com bancos para acertar linhas de financiamentos para recuperar casas e empresas. Banrisul será o suporte para o cidadão em geral e o BRDE (Sul), Badesul (RS) e BNDES (federal) são alternativas para as empresas; em Lajeado, na Univates, ocorre outra reunião importante, esta para tratar de um diagnóstico sobre a infraestrutura

regional. Muitas casas, pontes, estradas e prédios públicos estão comprometidos por causa das cheias. A ideia é criar um movimento com apoio da sociedade civil organizada e levantar tudo que ruiu. O problema estrutural é sério. Os prejuízos são bilionários e sequer conhecemos a dimensão deles. A reunião é o pontapé para levantar os dados em todo Vale.

Vamos precisar de muito dinheiro. Bilhões, com certeza. E vai demorar. Este é o nosso custo pela ausência de um plano de prevenção.

A HORA | 3 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
ADAIR WEISS Diretor executivo do Grupo A Hora DIVULGAÇÃO

rodrigomartini@grupoahora.net.br

RODRIGO MARTINI

As mortes são inaceitáveis

Aenchente de 1941 sempre fez parte do imaginário de diferentes gerações no Vale do Taquari e no Estado. Da mesma forma, e talvez pela distância oferecida pelo tempo, o fenômeno natural que assolou cidades na longínqua década de 40 parecia algo surreal. A impressão, e muitos compactuam com esse sentimento, era de um evento único, isolado, e sem qualquer possibilidade de se repetir. Ledo engano. A tragédia desta semana é a dolorosa prova que faltava para nos devolver a responsabilidade coletiva perdida ao longo das últimas décadas, forçar investimentos mais robustos em estruturas físicas e tecnológicas, e também para justificar ainda mais as políticas públicas de conscientização social e respeito

à natureza. É fato. Após tudo que ocorreu a partir do fatídico dia 4 de setembro, com a maior tragédia natural da história do Rio Grande do Sul, não podemos

O exemplo da Acil

mais negligenciar ou subestimar tanto assim os riscos do Rio Taquari. Se os prejuízos financeiros machucavam a nossa economia, as mortes são inaceitáveis.

Alento e solidariedade

TIRO

• A força e a velocidade das águas do Rio Taquari causaram muitos danos às novas orlas construídas em diversas cidades a partir de 2020. E, a partir do desastre, será ainda mais difícil justificar gastos públicos em determinados pontos próximos ao leito.

• Mais de 100 pessoas, entre estudantes da Univates, profissionais da saúde e assistência social, recebem capacitação da nossa universidade em parceria com a Rede de Apoio Psicossocial (RAP) para o primeiro atendimento psicológico às vítimas da enchente. E o grupo já atua em diferentes pontos do Vale do Taquari.

• Aliás, a Univates anunciou a criação de uma comissão específica para avaliar a situação dos estudantes que tiveram residências ou empregos afetados pela enchente.

• O adiamento da 8ª Estrela Multifeira surpreendeu agentes públicos e privados do Vale do Taquari. Para alguns, a decisão foi prematura. Para outros, foi um ato necessário. O mesmo vale para a suspensão da ExpoCruzeiro. Fato é que a enchente que assolou a região vai mudar planos e cenários econômicos e sociais. E será preciso muita resiliência para vencermos mais este desafio.

Logo após a enchente de 2020, cuja elevação do Rio Taquari nos alertou para melhorias significativas em nossos sistemas de monitoramento e prevenção às cheias, a Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) instalou uma régua na parede externa da sede localizada na Rua Silva Jardim. E, muito mais do que servir de subsídio para acompanhar a elevação do nível do manancial, a

ferramenta tem um valor pedagógico que ainda resta negligenciado em outras tantas áreas da cidade. A bem da verdade, deveríamos provocar o mesmo movimento em diversos outros pontos alagáveis de Lajeado e região, como uma forma de conscientizar a população e manter viva na memória de todos as dimensões e os riscos das recorrentes enchentes e inundações.

Junto à equipe de reportagem, eu passei a quinta-feira inteira verificando in loco os prejuízos e dramas registrados em Muçum e Roca Sales, as duas cidades que mais registraram mortos em decorrência da histórica enchente. E, diante daquele cenário de horror e tristeza coletiva, o único alento era a surpreendente e emocionante solidariedade do povo gaúcho. Naquelas horas que passamos em busca de informações e histórias para levar aos leitores/ouvintes/internautas, e diante da completa ausência de mercados ou restaurantes abertos ao público, fomos alimentados por voluntários que emprestaram o tempo e a força para ajudar ao próximo. Por lá, comemos um pão com salsichão preparado por um fotógrafo de Lajeado; um bolinho inglês entregue por funcionários do Hospital Moinhos de Vento (de Porto Alegre); sanduíches repassados por moradores de Casca; e maças presenteadas por grupos de Farroupilha. Já as garrafas de água chegavam de todos os lados.

A câmara de vereadores de Lajeado vai receber uma importante reunião na próxima terça-feira. E não estou falando da sessão plenária semanal – cuja edição desta semana foi virtual, protocolar, e demorou pouquíssimos minutos. Na manhã do próximo dia 12, a Frente Parlamentar Agropecuária Gaúcha realiza encontro na sede do parlamento

lajeadense com sindicatos dos trabalhadores rurais, representantes dos municípios atingidos, da Fetag/RS, Emater e Regionais Sindicais. Subsídios, financiamentos e políticas públicas para tornar possível a retomada do processo produtivo estarão em pauta no encontro coordenado pelo deputado estadual Elton Weber (PSB).

Ampliação do Parque dos Dick

O governo de Lajeado vai se movimentar de forma mais efetiva para realocar as pessoas que vivem em áreas alagáveis. A ideia é buscar recursos estaduais e federais para a construção de casas populares em pontos distintos e seguros da cidade. E o foco maior serão os moradores da área central do município, com destaque às ruas Francisco Oscar Karnal, São Sebastião e General Osório, todas localizadas na região conhecida por São José. Em suma, o Poder Público quer auxiliar na construção e compra dos novos imóveis e, em troca, o morador se compromete a deixar a área de risco e repassar a residência antiga ao município. Finalizada a complexa negociação, o governo pretende destruir essas residências para ampliar ainda mais a área do Parque dos Dick.

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Um
olhar ao agro
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Entidades e governo se unem para auxiliar empresas atingidas pela cheia

Reunião na próxima segunda-feira, em Porto Alegre, deve servir para alinhamento de estratégias. Também há expectativa de novas medidas em apoio ao setor produtivo por parte do Estado

federais convidados pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico.

Depois do amparo às famílias impactadas pelos efeitos do ciclone, poder público estadual e entidades do setor produtivo se organizam para socorrer as empresas da região que sofreram perdas materiais e estruturais. Uma reunião na segunda-feira, 11, no Centro Administrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre, servirá para alinhar estratégias, bem como encaminhar as primeiras ações.

A agenda, solicitada pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CICVT), contará com a participação das associações empresariais da região, dos bancos de fomento e também deputados estaduais e

Entendemos ser muito importante um olhar para as lojas e o nosso comércio. Eles geram emprego e renda para que as famílias, no mês que vem, tenham condição de ter a sua autonomia, com a remuneração, e possam tocar suas vidas sem depender de doações”

Conforme o titular da pasta, Ernani Polo, num primeiro momento, o governo gaúcho priorizou o salvamento e suporte às pessoas. Mesmo assim, desde a primeira hora da cheia, buscou manter contato com empresas e entidades de fora no sentido de pedir ajuda para socorrer o setor produtivo da região.

“Naturalmente, de forma emergencial, buscamos garantir as coisas necessárias à sobrevivência das pessoas. Agora, estamos trabalhando, em conjunto com a Fazenda e os bancos, para desenhar linhas de crédito tanto às pessoas físicas que perderam casas quanto para as empresas. Sejam elas pequenas, médias ou grandes e que perderam tudo, precisam repor estoques e máquinas para retomar suas atividades”, frisa.

Sensibilização

Conforme Polo, o Estado e os bancos de fomento estão sensibilizados com a situação das empresas e, por isso, o suporte será o maior possível. “O BRDE já sinalizou que financiamentos podem ser postergados, e o Badesul anda na mesma direção, o que é uma coisa importante. Esses negócios não terão capacidade financeira de pagar essas dívidas. A intenção é criar as melhores condições possíveis para que tudo possa ser superado”.

O secretário também lembra que já trabalhava também, na região, com a criação de linhas de crédito para contemplar empresas do setor de proteína animal.

“Temos um grupo de trabalho em andamento e certamente vamos intensificar isso para potencializar o apoio, agora também se estendendo às demais empresas.

Autonomia

Presidente da CIC-VT, Ivandro

Rosa é um dos líderes empresariais da região mais empenhados em auxiliar na reconstrução das empresas e do comércio nas cidades mais atingidas pela cheia do Rio Taquari. Ele percorreu os municípios do Vale e, de perto, testemunhou o desespero de empresários e lojistas com as perdas.

“Entendemos ser muito importante um olhar para as lojas e o nosso comércio. Eles geram emprego e renda para que as famílias, no mês que vem, tenham condição de ter a sua autonomia, com a remuneração, e possam tocar suas vidas sem depender de doações. Por isso, articulamos ações para socorrer empresas que tiveram seus patrimônios e lojas invadidas pela enchente”.

Rosa avalia que o comércio de cidades como Roca Sales e Muçum foi “100% perdido”, mas cita também estragos em Lajeado, Estrela, Encantado, Colinas e Cruzeiro do Sul. “Num primeiro momento, priorizamos dar atenções às pessoas. Gradativamente, vamos abrir essas discussões focadas aos empresários”.

Em relação a Roca Sales, prestou suporte à CIC do município e conseguiu doações para as empresas. “Conseguimos aquisição de vidros para fachadas. A Soprano vai doar fechaduras e a Tramontina enviará insumos. Precisamos também retomar um supermercado e farmácias. A São João vai vir com contâiner e a Panvel também se mobiliza”.

Férias coletivas

O cenário desolador em Roca Sales obriga grandes empresas a tomarem medidas drásticas. A Calçados Beira Rio, que emprega centenas de pessoas na cidade, vai conceder férias coletivas aos profissionais pelos próximos 15 dias, a partir da próxima segunda-feira, 11.

O comunicado foi emitido hoje aos colaboradores e leva em consideração o estado de calamidade pública decretado pelo município.

Frigorí co da Dália Alimentos está desde terça-feira sem abate de suínos

Na nota, ressalta ainda que os valores relativos às férias dos trabalhadores serão creditados na conta bancária dos funcionários até este sábado, 9.

Interrupção

Impactado pela enchente, o frigorífico da Cooperativa Dália Alimentos, em Encantado, está com as atividades interrompidas. Desde terça-feira, 5, o abate diário de suínos está suspenso. A tendência

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Mateus Souza mateus@grupoahora.net.br
PREJUÍZOS
IVANDRO ROSA PRESIDENTE DA CIC-VT
Deputado da Frente Agropecuária Gaúcha articula reunião em Lajeado com sindicatos de trabalhadores rurais da região PATRÍCIA CARDOSO/DIVULGAÇÃO

é de que, entre sete e 14 dias, a unidade retome suas operações.

Até lá, alternativas para animais que estão no campo são estudadas junto à Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips).

A unidade faz o abate diário de 2 mil suínos. Além da Dália, outros frigoríficos tiveram danos por conta das cheias. Casos da JBS, em Roca Sales, e a Minuano, em Lajeado.

Apoio aos trabalhadores rurais

Presidente da Frente Agropecuária Gaúcha, o deputado estadual Elton Weber (PSB) esteve nesta semana em municípios destruídos pelas enchentes no Vale do Taquari. Na conversa com sindicatos dos trabalhadores rurais, afirma que o trabalho será direcionado para a busca de recursos para que as unidades produtivas voltem a funcionar.

“No meio rural, em princípio, será necessário o repasse de recursos e linhas de crédito subsidiado para reconstrução de galpões,

compra de máquinas agrícolas e implementos levados pelas águas, para reposição de animais mortos e recuperação de solo”.

Na próxima terça-feira, 12, em Lajeado, a Frente Parlamentar realiza reunião com sindicatos de trabalhadores rurais e representantes de municípios atingidos, além de Fetag/RS, Emater e Regionais Sindicais. “Este será nosso foco no pós-tragédia, tornar possível a retomada do processo produtivo. Esperamos que o governo atenda as demandas desta calamidade no Rio Grande do Sul”.

A HORA | 7 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
ERNANI POLO SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO RS
A intenção é criar as melhores condições possíveis (às empresas) para que tudo possa ser superado”
DIVULGAÇÃO

365 VEZES NO VALE

365vezesnovaledotaquari@gmail.com

Turismo do Vale precisa perseverar

Diante da destruição de bens básicos como casas e comércio, sem contar a trágica perda de vidas, obviamente os estragos nos pontos turísticos em função da enchente ficaram em segundo plano. Porém, importante frisar: os prejuízos são enormes.

Nos últimos três dias, o 365 vezes no vale acompanhou com tristeza como ficaram alguns destinos após a fúria do rio Taquari. O mais marcante foi a destruição registrada no Parque da Lagoa, em Estrela.

A rampa de acesso às águas, o trecho calçado com pedras e o charmoso balanço para fotografias não existem mais. O que restou foi um amontoado de concreto, postes caídos e o chão de terra batido.

Construído para incentivar o turismo náutico em Estrela, o Parque da Lagoa representava uma transformação para aquele ponto da cidade antes chamado de “Buraco dos Cachorros”. Inclusive, faz parte de um grande projeto

de interligação da orla estrelense com uma trilha ecológica até a Escadaria de Estrela.

O que será dessa importante iniciativa turística é uma incógnita.

Outra cidade com perda significativa foi Muçum. Além de ter lares, indústria e estabelecimentos comerciais devastados, a cidade viu a Ponte Rodoferroviária Brochado da Rocha perder parte de sua estrutura.

Todo o trecho rodoviário que interligava Muçum e Roca Sales foi levado pela correnteza. Graças a Deus, a imponente ligação com seus longos arcos e o trilho de trem permanecem de pé.

Essa estrutura inaugurada em 1963 tem uma importância histórica para Muçum. Graças a ela a cidade é conhecida como a Princesa das Pontes.

O 365 vezes no vale esteve em outros pontos como o Parque Náutico de Roca Sales e as praças sempre bem ajardinadas de Colinas. O lodo tomava conta desses locais durante a semana em cenários que lembram filmes trágicos.

Obviamente, o foco agora deve ser abrigar as famílias que perderam tudo, auxiliar as lojas e fábricas devastadas. Mas que não percamos nosso olhar ao turismo. Esse também é um setor capaz de ajudar o Vale do Taquari neste momento de reconstrução.

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Nos últimos três dias, o 365 vezes no vale acompanhou com tristeza como caram alguns destinos após a fúria do rio Taquari”
Sempre orida, a praça de acesso em Colinas estava tomada pelo lodo na quinta-feira Parque da Lagoa cou irreconhecível após a enchente em Estrela
FÁBIO
Ponte Brochado da Rocha perdeu parte de sua estrutura e não tem mais ligação rodoviária entre Muçum e Roca Sales
KUHN

MARCOS FRANK

Médico Neurocirurgião

UMAS & OUTRAS

DIZER O QUE?

Após 48 horas depois da tragédia que se abateu na região dizer o que? Sobram sentimentos, mas faltam palavras. Dizer o que do que já foi dito adequada e antecipadamente?

As palavras que eu mais entendo e poderia falar são meio frias, secas, duras, objetivas e talvez vão queimar no lombo. Não sou muito bom em empa-

tia e também não é hora disso, fica pra mais tarde. Há um tempo de falar e um tempo de calar. Agora é hora de palavras de solidariedade, apoio comunitário e muita empatia aos mais atingidos pela tragédia. Palavras de consolo são fáceis de proferir, mas é o que muitas pessoas de boa vontade podem fazer no momento. E se pudessem fariam muito mais.

Vida que segue!

Quem sofreu pouco ou nada é fácil falar. Quem perdeu todo seu pequeno patrimônio duramente conquistado é bem mais

Fé, esperança e caridade

Por mais de dois mil anos esse tripé deu uma baita força prá humanidade evoluir. Dos dois mil anos eu só vivi uns sessenta e poucos, quem sou eu pra questionar essa trilogia, um mero apendiz. Mas amanhã é outro dia!

ARTIGO

A fúria das aguas

"Quanto tempo temos antes de voltarem Aquelas ondas

Que vieram como gotas em silêncio Tão furioso

Derrubando homens entre outros animais Devastando a sede desses matagais..." Zé Ramalho

Foi necessário 82 anos para a enchente voltar com toda força e superar todas as vezes que as águas invadiram as terras vizinhas ao leito do Rio Taquari.

Na última vez que o rio veio com tanta força a Europa estava ainda convulsionada pela guerra . Lajeado, por sua vez, era um vilarejo que terminava logo além do Hospital São Roque. Depois dali o caminho seguia se arrastando campo adentro passando por aquele cemitério que ainda hoje marca o fim da rua Júlio de Castilhos. Naquele triste ano de 1941 foi a última vez que as águas vieram com tamanho força, rolando, engolindo e colocando tudo abaixo.

difícil. E muito mais se perdeu algum ente querido na tragédia.

Vida que segue, gente! O amanhã será melhor do que o hoje.

Estado paralelo

Ele existe, sempre existiu, mas nos últimos tempos tem ficado cada vez mais forte e mais ousado, talvez em função das redes do narcotráfico.

Mas sob hipótese nenhuma pode ameaçar e menos ainda se sobrepor ao estado da lei e da ordem, aí voltamos ao tempo das cavernas.

Segurança pública foi a

O cavalo da verdade

Se existe uma coisa complicada de encarar na vida política (e na vida em geral...) é quem está montado no chamado ¨cavalo da verdade¨.

Para que se tenha ideia, era tão pequeno o vilarejo que pouca coisa existia para além do local onde décadas depois, a futura BR 386 passaria cortando e separando a cidade em duas metades.

Essa obra, monumental até para os dias de hoje, trouxe junto uma ponte sobre o aparentemente tranquilo rio Taquari e sua continuação rumo ao noroeste do estado iria dividir a velha Lajeado, nascida a beira do rio falando alemão daquela que se ergueria para o lado esquerdo da dita obra, misturando línguas e que hoje chamamos de bairro São Cristóvão.

Não que Lajeado não tenham experimentado outras desgraças nesse intervalo de 82 anos. Na noite quente de 13 de janeiro de 1953 ocorreu o incêndio da igreja matriz. Apenas em 1958 ele seria reinaugurada.

principal razão pra se criarem governos desde os tempos bíblicos, 99,9% das pessoas sempre aspiraram ter paz e harmonia pra trabalhar, produzir, confraternizarem, criarem suas famílias e evoluirem. Se a “marreta” tiver que ser pesada pra manter a ordem, que seja! Tô nem aí pro tamanho da paulada.

Turistolândias

De onde surgiu esse número fantástico de 400 mil turistas por ano?

Pelo jeito não teve nenhum porteiro de hotel, ou vendedor de passagem em rodoviária que foram consultados.

Não duvido do número de

LIVRE

hóspedes que tenham circulado por essas bandas no ano passado, mas no meu entender parece que botaram tudo no mesmo liquidificador. Umas coisas são umas coisas e outras coisas são outras coisas.

CINE BRASIL APRESENTA

Como diz o meu Cumpádi Belarmino: pode tentar domar e corcovear à vontade, cravar as esporas no lombo, esgualepar o freio e o buçal, mas mais cedo ou mais tarde ela acaba aflorando. Melhor encarar “de primeira”.

O DIABO MORA NOS DETALHES

Conversando com um veterano inspetor de polícia numa churrasqueada de fim de semana, chegamos a essa simples conclusão: em qualquer simples investigação policial ou de inteligência mais avançada, o ¨diabo¨ sempre mora nos detalhes...

SAIDEIRA

Na cancha de bochas:

- E aí, Nôno, que tu acha da tal grande imprensa de hoje em dia?

- Muita espuma e pouco chopp!

Mais tarde, em 1 de setembro de 1967 um tufão arrasou Lajeado deixando 6 mortos. Mais recentemente a terrível pandemia de COVID-19 cobrou mais de 200 vidas de lajeadenses.

Essas últimas duas catástrofes mais algumas dezenas de enchentes tivemos em comum com o restante da região.

As enchentes, é preciso que se diga, não foram nunca embora, pelo contrário, vinham regularmente como que para mostrar aos tantos novos moradores como eu, a força dessas águas. Tanto vieram que foram acostumando velhos e novos moradores a uma rotina de erguer móveis, sair de casa e voltar. Confesso que nunca entendi bem essa placidez dos ribeirinhos com o rio. A mim, que vinha de um local sem enchentes, aquelas construções que teimavam em lutar com o sobe e desce das águas não faziam sentido e nem traziam seguranca. E até hoje custo a acreditar no sossego dos que vivem no caminho desse monstro da natureza e que tal qual um vulcão, acorda de tempos em tempos.

Como uma fera selvagem ele foi nos acostumando com sua presença e seu humor e nos fez acreditar numa falsa trégua.

Pois bem,.esse período de convivência em paz com o rio acabou na última segunda-feira à noite. A longa trégua entre as águas e os humanos terminou de forma trágica. Dessa vez não foram somente danos materiais, o rio exigiu a moda dos velhos deuses, sacrifício de vidas, dezenas delas.

Por muito tempo lembraremos desse triste início de setembro e final de inverno como o dia em que o rio veio com pressa e fúria, devorando vidas, pontes e casas.

Passada a surpresa e o assombro, vem a dor e o luto seguidos do árduo trabalho de tudo limpar e reconstruir.

Se no meio de tanta desgraça estamos vendo os que procuram culpados para estender o velho dedo seco para acusar; se há os “influencers” a papagaiar e fotografar o quanto são bondosos e os turistas de catástrofes, lembremos sempre que eles são minoria e o que ficará é a força desse povo a resistir e reconstruir, em silêncio e sem vaidade.

Passado tudo, a lição que fica é a de nunca confiar totalmente nas previsões humanas sobre as forças da natureza.

Que na próxima vez que o rio começar a mostrar suas garras, ele não deve encontrar tantas propriedades em seu caminho e, como prevenir não parece possível, que aprendamos a evacuar precocemente os locais para evitar essa dor que hoje nos dilacera o peito.

A HORA | 9 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
PENSAR Não quero nem saber se o pato é macho, eu quero é ovo!
carnavalesca)
de Setembro (duplo com)
Povo Sumiu!
(marchinha
Sete
O

Número de vítimas da enchente passa dos 40

Mais de 30 pessoas já foram

identificadas. Outras dezenas continuam desaparecidas

Foi na quinta-feira, 7, pela manhã que a moradora de Roca Sales, Tânia Hennig, 75, deu entrevista à Rádio

A Hora. Nos microfones improvisados em meio aos escombros do que um dia foi sua cidade, Tânia contou sobre a experiência mais aterrorizante de sua vida e pediu ajuda para localizar sua família. Ela tinha quatro parentes desaparecidos: a nora, uma neta de 7 meses, um neto de 7 anos e um tio de 77. “Fui para Encantado, Muçum e Dois Lajeados procurar eles, mas não achei. Eu ainda tenho esperança. Se eu encontrar eles vivos, o resto é bobagem”, contou emocionada.

Na entrevista, Tânia relatou que a água subiu muito rápido. Ela e a família buscaram refúgio no sótão, mas a correnteza começou a levar a estrutura. “Nos atiramos na água. Encontrei um tronco no meio da

água e me segurei, fiquei ali a noite toda. Cochilava um pouco, vomitava e gritava por socorro”, relatou.

“Minha mãe dizia que no dia em que a água entrasse na minha casa, então, Roca Sales inteira estaria embaixo da água. E foi o que aconteceu”. Na sexta-feira, 8, uma lista oficial com as vítimas foi publicada. Entre os 15 nomes, estava a família de Tânia.

Dezenas ainda não identificados

A história de Tânia é uma das muitas que se repetem pelo Vale do Taquari. A contagem chegava a 46 mortes no Rio Grande do Sul até esta sexta-feira. Só na região eram 41 vítimas. As chuvas inten-

Minha mãe dizia que no dia em que a água entrasse na minha casa, então, Roca Sales inteira estaria embaixo da água. E foi o que aconteceu”

sas que desabaram sobre o estado afetaram mais de 80 municípios, em especial, Muçum, Roca Sales e Encantado.

Entre os escombros, familiares ainda buscam por parentes e pelo que sobrou do que um dia foi Roca Sales

sabia que meu sogro estava ali na região ajudando. Perguntei e ele me confirmou a morte do Evandro”, explica.

Até o momento, 34 vítimas já foram identificadas e mais de 70 pessoas seguem desaparecidas, conforme dados divulgados pelos municípios. O Departamento Médico Legal (DML) de Lajeado tem feito o serviço de necropsia e identificação de alguns dos corpos encontrados.

Na tarde de sexta-feira, quatro vítimas estavam no local: duas crianças e dois adultos. Familiares que buscam informações podem entrar em contato ou ir até o local, que fica junto às capelas mortuárias, no bairro Florestal. Na região alta, as informações podem ser obtidas junto ao Centro de Operações Emergenciais, pelo telefone (51) 9 9841-0235.

O pesar por quem não sobreviveu

Entre as vítimas da tragédia também está Evandro Bertoldi, de 68 anos. Morador de Muçum, morreu ajudando uma ONG no resgate de animais na entrada da cidade. Quem conta é o genro de Evandro, Cássio.

“A notícia, infelizmente, chegou até nós por pessoas que estavam auxiliando no resgate. Um rapaz num caiaque estava dando informações na entrada da cidade e avisou que tinha sido encontrado um corpo na localidade próximo à ONG. Logo me caiu a ficha porque

O velório ocorreu na sede da funerária Arezi, no bairro Planalto, e o sepultamento no cemitério Santo Agostinho, em Encantado. “Peço para Deus proteger a todos, sinto muito por aqueles que perderam algum familiar ou amigo, sei que a dor é grande. Bem material a gente recupera, mas a dor de perder alguém importante é difícil recuperar”, finaliza Cássio.

Além de Bertoldi, o casal de idosos Dulce e Eurico Schäffler, 81 e

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TÂNIA HENNIG MORADORA DE ROCA SALES Bertoldi morreu enquanto ajudava uma ONG e foi sepultado ainda na sexta-feira Enterro do casal Scha er ocorreu

77, de Roca Sales, também estão entre os falecidos. Atuantes na comunidade, moravam no centro da cidade, próximo ao Frigorífico da JBS, área que ficou devastada com a força das águas.

A residência do casal ficou submersa e os idosos não conseguiram ser resgatados a tempo. A filha única, Márcia Kirsten, mora em Novo Hamburgo e fez o reconhecimento dos corpos no IML de Porto Alegre. O velório ocorreu nesta sexta-feira, no necrotério da Comunidade Fazenda Lohmann, em Roca Sales, e o enterro no Cemitério Evangélico de Roca Sales.

Peço para Deus proteger a todos, sinto muito por aqueles que perderam algum familiar ou amigo, sei que a dor é grande.

Vítimas da tragédia

Ibiraiaras – 2

Passo Fundo – 1

No Rio Grande do Sul 46 mortes

Mato Castelhano – 1

Santa Tereza – 1

No vale 41 mortes

MUÇUM – 15 mortes*

Sebastião Nunes de Oliveira (60), centro; Claire Bonatto (87), centro; Vagner Lourenzi (43) e seu pai Danilo Lourenzi (71); Macximiliano Ricardo Pietta (46) e seu pai Álvaro Pietta (75), centro; Zilda Bonatto Amaral (91), centro; Hedy Cattaneo (87), centro; Genecilde de Freitas (52), bairro São José; Sergio Zilio (66), São Leopoldo; Leonardo Menegildo (43), Canoas; Sueli Baldo Pereira (84), Bento Gonçalves;

ROCA SALES 15 mortes

Waldir Conzatti; Deiser Henning; Lincon Henning; Larah Henning; Joeci Maria Felicetti; Carlos Alberto Tremarim; Maciel de Souza (34); Marno Spellmeier; Vilmare Santiago; Doracy de Oliveira; Adila Weirich;

CRUZEIRO DO SUL quatro mortes*

ESTRELA – duas mortes

Zenaide Bueno (49);

Eurico

Na região alta, as informações podem ser obtidas junto ao Centro de Operações Emergenciais, pelo telefone (51) 9 9841-0235.

Evandro Bertoldi (68).

LAJEADO – três mortes*

Maria da Conceição Alves do Rosário (50);

Moacir Engster (58).

ENCANTADO – uma morte

IMIGRANTE – uma morte

Edi Tietz (92).

*Algumas vítimas ainda não foram identificadas ou divulgadas.

No vale, são 79 desaparecidos

Muçum – 60 Arroio do Meio – 8 Lajeado – 8

Roca Sales – 3 Rodrigo Martins Lopes; Joice Hunsche; Arthur Hunsche.

Vitor

Leda Ana Spessatto (65)

3.130 Resgatados 85 Municípios afetados

3.046 Desabrigados

7.781 Desalojados

135.088 Afetados

73 Feridos

Velório coletivo

Para homenagear as vítimas da enchente, um velório coletivo é organizado na cidade de Vespasiano Corrêa neste sábado, 9. São dez pessoas veladas, das 15 vítimas de Muçum. A cerimônia tem início às 7h, no ginásio da Escola Municipal Esperança. O momento é seguido por uma missa às 9h

A HORA | 11 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
CÁSSIO GENRO DE UMA VÍTIMA na sexta-feira, na comunidade de Fazenda Lohmann, em Roca Sales Helena Bonzanini (97); Dulce Scha er (81) Scha er (77) Gervázio Zanchetti (89) Hugo Pereira (48).
PEDERSINI
HENRIQUE
JHON WILLIAN TEDESCHI

As falhas e os aprendizados após a tragédia

Monitoramento eletrônico ficou fora de operação e criou vácuo de informações. As previsões das Defesas Civis quanto ao nível da água subestimaram intensidade da enchente. Especialistas alertam para necessidade de criar uma sala de situação regional, instalar mais réguas e melhor o sistema automático de monitoramento do nível dos rios

Pelo oficial, o nível da água alcançou 29,53 m em Lajeado (CPRM) e 29,62 m em Estrela.

VALE DO TAQUARI

Ainundação desta semana se tornou a maior tragédia natural da história do Rio Grande do Sul. Inclusive, existem registros concretos de que o nível do Rio Taquari tenha sido superior ao registrado na cheia de 1941.

É o que afirmam os pesquisadores Sofia Royer Moraes (Engenheira ambiental, Doutoranda em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental), e Rafael Rodrigo Eckhardt (Mestre em Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto), ambos professores da Univates. “Temos elementos que indicam que o nível da inundação do Rio Taquari superou, pelo menos, 50 centímetros a inundação de 1941”, realça Eckhardt.

Pelo impacto da destruição, ficaram claras as limitações dos alertas junto à população ribeirinha, o apagão de dados nos períodos críticos, além das deficiências quanto à comunicação e a previsibilidade da chegada da enchente nas áreas habitadas.

“Um ponto importante que influenciou bastante foi a diferença entre a chuva prevista e a que realmente aconteceu”, diz Eckhardt.

A percepção das pessoas sobre a chuva nas cidades de Muçum, Encantado, Roca Sales, Encantado, Lajeado e Estrela pareceu menor do que nas cabeceiras do rio.

“Isso criou uma percepção social equivocada e de menor risco. As pessoas não tinham ideia do total de precipitações nas cabeceiras e do tanto de água que iria descer”, destaca o professor. De acordo

com ele, a clareza na comunicação sobre os alertas de chuva e nível dos rios em tempo real é crucial, pois as pessoas muitas vezes não conseguem distinguir estimativas e o risco de eventos extremos reais. Isso tudo resulta em uma resposta inadequada diante do episódio, frisa.

Tanto Eckhardt quanto Sofia enfatizam como aprendizado fundamental a necessidade de melhorar os sistemas de monitoramento e de alerta. Até mesmo com instalação de sirenes em pontos habitados e das áreas de inundação. “Mais réguas em pontos acessíveis das cidades. Tanto para leitura manual

quanto nos sistemas eletrônicos, com mais de um formato de coleta, para caso a internet falhar, a telefonia sair do ar, haja ligação por satélite.”

Para Sofia, “precisamos ampliar e melhorar as informações sobre o comportamento do Rio Taquari e principais afluentes”. Também sugere investimentos em batimetria (levantamento do perfil da parte molhada do rio, com os sedimentos), da topografia e da ocupação do entorno do rio.

Do ponto de vista da organização regional, Eckhardt acrescenta a importância de um esforço conjunto para criação de uma sala de monitoramento regional. Em que haja presença de autoridades políticas, das forças de segurança, defesas civis e também de líderes comunitários e empresariais.

Cultura coletiva e efeito pedagógico

Os pesquisadores percorreram as áreas atingidas para entender até onde chegou a lâmina da inundação, para conseguir mapear e compreender as proporções desse episódio. Esse trabalho começou já na segunda-feira, momento em que a água começou a subir.

“Nos chegaram relatos de pessoas que foram avisadas que chegaria a no máximo 27 metros e foram dormir. Quando viram, estavam com água dentro de casa e com dificuldades de sair”, relembra Eckhardt.

Por outro lado, também relata ter visto famílias em áreas mais

afastadas que já estavam com os pertences em frente de casa aguardando a chegada do socorro. “Precisamos ser mais efetivos na comunicação com as famílias. Dotar as pessoas de informações e também de como proceder em episódios extremos.”

Sofia concorda e acrescenta: “Temos de criar uma cultura de prevenção e de que as inundações são frequentes, que algumas são excepcionais e muito perigosas. Dessa forma, as pessoas precisam estar preparadas para sair e procurar lugares seguros.”

“Essa enchente não pode cair no esquecimento”

A engenheira ambiental Sofia Moraes enfatiza a preservação da memória das inundações como uma forma de ajudar na formação de uma cultura social sobre os riscos dos desastres. Para ela, é fundamental criar marcos em lugares públicos, em escolas, parques, prédios, para que isso tenha um efeito pedagógico.

Em meio a esta enchente, a métrica usada após as medições eletrônicas falharem foi a régua instalada no prédio da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), instalado logo após a inundação de 2020. “Essa enchente não pode cair no esquecimento. Fizemos um grande movimento em 2020, após o rio alcançar 27 metros”. Mais réguas ajudariam no acompanhamento da subida do

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Filipe Faleiro filipe@grupoahora.net.br
SOFIA MORAES ENGENHEIRA AMBIENTAL
Temos de criar uma cultura de prevenção e de que as inundações são frequentes, que algumas são excepcionais e muito perigosas.”
Em Estrela, bairro das indústrias. Condições das casas terão de ser avaliadas antes do retorno dos habitantes FOTOS FELIPE NEITZKE

rio nas cidades, frisa.

Outra ideia apresentada naquela época foi construir um monumento das enchentes no Parque Professor Theobaldo Dick. A proposta foi feita pela Secretaria de Planejamento de Lajeado e bastante criticada nas redes sociais.

Para entender a extensão dessa enchente, Sofia destaca a ocorrência de eventos excepcionais ao longo da história, como as inundações de 1873 e 1941. “Temos dados para acreditar que essa foi maior” reforça.

Em relação ao impacto social, não há nenhuma dúvida. Na avaliação dela, passa por fenômenos naturais, como o ciclone extratropical que causou toda a chuva, a fenômeno do El Niño, o aquecimento global e as mudanças provocadas pela urbanização das cidades nas áreas de inundação do Rio Taquari.

“Essa seria uma medida muito importante. Todos os visitantes teriam o visual de até onde vão as

Pesquisadores a rmam que nível da água nesta cheia superou em 50 centímetros os registos da enchente de 1941

cheias”. De acordo com ela, a tragédia serve como um lembrete da necessidade de ações coordenadas e contínuas para mitigar os riscos de futuras inundações.

Interferência das barragens

Prefeitos dos municípios da região dos Rios das Antas questionam a operação em três barragens na localidade. O grupo quer informações sobre o funcionamento do Complexo Energético Rio das Antas e se existe a possibilidade das unidades terem interferido sobre a inundação, tanto na velocidade quanto na intensidade do fenômeno.

A administração de Bento Gonçalves notificou um pedido de explicações à Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) e também comunicou o procedimento ao Ministério Público Federal (MPF).

Por meio de nota, a Ceran nega que tenha ocorrido alguma interferência nas operações. No texto, a companhia informa que o Rio das Antas alcançou a vazão mais alta desde a construção das barragens.

Pela posição oficial, a Ceran afirma que os complexos não têm capacidade de armazenar água, e isso impossibilita o controle da va-

zão natural do rio “que teria ocorrido independentemente da existên-

Balde d’água

Na avaliação de Sofia, as três barragens terem sido abertas ou não, têm relação mínima com a magnitude e o impacto da cheia. “É como derramar um balde d’água em um pires”, compara. De acordo com ela, um estudo de 2015 concluiu que a contribuição das barragens na região para o controle das inundações é insignificante. “A verdade é que as barragens questionadas têm pouca interferência sobre o fenômeno das enchentes e não conseguem contribuir no controle. Elas não ajudam e também não atrapalham”,

Obras, dragagem e áreas de preservação

A bacia hidrográfica do Rio Taquari-Antas é uma das mais complexas do RS e do Brasil, afirma a pesquisadora. De acordo com ela, existem áreas mais altas, geografias acidentadas e várzeas. Essas características interferem na velocidade do deságue e no acúmulo de

Com todos os rios que compõem a bacia hidrográfica até a ligação com o Rio Jacuí, a área pela qual passam os cursos d’água representam 9% do RS. As chuvas na cabeceira de sábado até segunda-feira passaram dos 200 milímetros, quando na nossa região choveu a metade.

“Qualquer obra para conter a água não seria uma solução. Seria transferir o problema para outras cidades. Colocar diques em Lajeado faria outras áreas de Estrela e de Cruzeiro do Sul inundar ainda mais”, afirma.

Para ela, ter mais estudos e conhecimentos sobre o comportamento da água, elevar as cotas de

áreas de inundação, além de preservar a mata ciliar, teriam mais efeitos do que grandes obras. A dragagem do rio, com elevação da profundidade também seria ineficiente, avalia Sofia. “É uma solução impraticável. Precisamos de uma abordagem multifatorial, com foco em monitoramento, alerta, educação e medidas estruturantes nas cidades”, reforça a pesquisadora.

Um dos impeditivos para tais investimentos está na legislação. Hoje a regra nacional prevê barragens apenas para geração de energia. Qualquer edificação para acumular água, para controlar níveis, não é vista como de interesse público.

Essa barreira legal cria insegurança jurídica para projetos neste sentido e inviabiliza os licenciamentos ambientais. Há um projeto no Senado para estabelecer critérios dessas intervenções, diz Floriano. “Temos diversos exemplos pelo mundo de sistemas que reduziram danos em fenômenos de enchentes. Nossa lei atual precisa ser atualizada para avançarmos nisso.”

Reconstrução do Vale

Na segunda-feira, Univates, autoridades públicas da região, líderes comunitários e empresariais, agendam uma reunião para avaliar as condições de infraestrutura das cidades após a enchente.

O encontro está pré-agendado para ocorrer das 16h às 18h na universidade. Conforme a coordenadora do curso de Engenharia Civil, Rebeca Jéssica Schmitz, é essencial avaliar as condições das edificações afetadas.

O professor do Curso Engenharia Civil da PUC e presidente da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (Núcleo RS), Cleber Floriano, tem uma visão diferente. Para ele, investimentos com construção de barragens em cascata, muros de contenção e até mesmo diques podem ser alternativas.

“A presença das cidades, da atividade humana, modifica o ambiente. O que vimos nesta enchente também é resultados dessas interações. Podemos criar meios de reter água para controle de cheias”. Para tanto, adverte: “qualquer obra neste sentido deve ser precedida de um grande estudo técnico sobre os efeitos que podem

“Não temos ideia de como estão as residências, as estradas, as pontes. Isso só após a limpeza para termos uma noção.”

Afirma que a universidade colocará técnicos e especialistas para contribuir na análise e diagnóstico das infraestruturas regionais.

“O governador falou em reconstruir o Vale. Mas, por onde vamos começar? Precisamos desses estudos para ter uma noção de como estamos e o que precisa ser feito.”

Neste sentido, a própria avaliação em termos de prejuízos econômicos será um dos aspectos verificados. “Ao que tudo indica, o governo federal e estadual farão aporte de recursos. Para termos claro o quanto foi o prejuízo, temos de partir de uma posição técnica.”

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“A engenharia tem soluções para mitigar impactos das cheias”
REBECA SCHMITZ ENGENHEIRA CIVIL
RAFAEL ECKHARDT MESTRE EM GEOPROCESSAMENTO
O governador falou em reconstruir o Vale. Mas, por onde vamos começar?“
As pessoas não tinham ideia do total de precipitações nas cabeceiras e do tanto de água que iria descer.”
Ponte histórica de Muçum, Brochado da Rocha, foi destruída no trecho rodoviário pela fúria do Rio Taquari
ALDO LOPES CONTINUA>>

Detalhes sobre o Rio Taquari

1Monitoramento e previsibilidade: Planejamento e ordenamento urbano 4

Aprimorar sistemas para avaliar o montante de chuvas e os níveis dos rios. Inclusive com réguas xas de leitura manual nos rios que deságuam no Taquari.

Investir em tecnologias de sensores e réguas para coleta de dados em tempo real.

Aumentar a frequência de atualização das informações para melhorar a resposta em situações de risco.

Considerar a implementação de sistemas de alerta sonoros para comunidades em áreas suscetíveis.

Estudo hidrológico detalhado 2

A bacia do rio se liga a Região Hidrográfica do Guaíba;

Ocupa uma área de 4,1 mil hectares;

Tem uma extensão de 156,65 quilômetros;

A largura média é de 150 metros;

A bacia hidrográfica Taquari/ Antas representa 9% da área do Rio Grande do Sul;

Passa por um total de 37 municípios (mais de 360 mil habitantes);

Nestas cidades, ocupa uma área aproximada de 486,9 hectares;

Pesquisa abrangente para compreender o comportamento do Rio Taquari e dos a uentes.

Batimetria do leito do Rio Taquari de Santa Tereza até Taquari. Com ela, é possível avaliar a topografia do fundo do rio, profundidade, volume de água e outras características.

Investigar as mudanças ao longo do tempo no curso do rio, incluindo seu alargamento e aumento de profundidade.

Comunicação e consciência coletiva 3

Criar uma cultura de conscientização sobre o risco de inundações em áreas habitadas.

Educar a população sobre como reagir a alertas e evacuações.

Trabalhar com escolas e comunidades para aumentar o entendimento das cheias e como conviver com elas.

Estabelecer cotas distintas em cada uma das áreas alagáveis.

Prever locais de risco ao longo do Rio Taquari.

Considerar medidas de restrição ou regulamentação para evitar construções em pontos suscetíveis.

Mais réguas e monumentos em locais públicos para ajudar no entendimento da sociedade sobre o histórico das enchentes.

Recuperação das matas ciliares 5

Promover a restauração e preservação das matas ciliares para funcionar como barreira natural nos períodos de cheias.

Entender o papel das matas ciliares na absorção de água e a importância para mitigar prejuízos em áreas urbanas.

Avaliação técnica de infraestrutura 6

Realizar inspeções técnicas em residências e edi cações após a limpeza para garantir a segurança estrutural.

Avaliar o estado de pontes, estradas e outras infraestruturas.

Considerar a necessidade de reconstrução ou reparo de edi cações, estradas e pontes.

Coordenação e Apoio Governamental 7

Estabelecer uma coordenação e caz entre os municípios afetados.

Buscar apoio nanceiro e logístico em níveis federal e estadual.

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O
Algumas medidas apresentadas pelos especialistas para reduzir o impacto social das enchentes:
que é preciso fazer
ALDO LOPES
Rio Taquari

Presidente em exercício vem ao Vale para anunciar medidas de apoio

Geraldo Alckmin vai percorrer a região neste domingo, acompanhado de pelo menos três ministros. União reconhece decretos de calamidade pública dos municípios para agilizar liberação de recursos

VALE DO TAQUARI

Quatro dias após a primeira agenda, uma nova comitiva do governo federal virá para a região. A visita está prevista para ocorrer neste domingo, 10, com sobrevoo das áreas atingidas. É aguardada a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. Outros três ministros devem se deslocar ao RS.

Detalhes da vinda da comitiva federal ainda estão em definição por parte da Secretaria de Comunicação Social (Secom), que tem o ex-prefeito de Taquari, Maneco Hassen, como secretário institucional. Alckmin atualmente responde pela presidência do país, em virtude da viagem do titular, Luiz Inácio Lula da Silva, à Índia.

Nessa sexta-feira, 8, Alckmin convocou diversos ministros para uma reunião, com objetivo de alinhar ações necessárias para o socorro aos municípios afetados pelo ciclone. São esperados anúncios por parte do governo federal durante a passagem da comitiva pelo Vale. Outras regiões do RS também serão vistoriadas.

“Fizemos uma reunião de avaliação, onde participaram dez ministérios. Levantamos o que já foi feito, as medidas que devem ser tomadas e a ida ao Rio Grande do Sul. O governo Lula dará todo o apoio necessário”, afirmou, em entrevista coletiva ontem, em Brasília.

A comitiva vai desembarcar em Canoas e, de lá, seguem de helicóptero para Lajeado, onde devem aterrissar às 9h, no Parque do Imigrante. Depois, irão vistoriar as cidades de Arroio do Meio e Roca Sales. No retorno a Lajeado, se reunirá com os prefeitos da região.

Municípios do Vale em situação de calamidade pública

- Arroio do Meio

- Bom Retiro do Sul

- Colinas

- Cruzeiro do Sul

- Encantado

- Estrela

- Lajeado

- Muçum

- Roca Sales

- Taquari

Cestas básicas

Os ministros da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, e da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, que estiveram na região na quarta-feira, 6, devem integrar a comitiva, bem como o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.

No mesmo dia, serão trazidas para o Estado as primeiras 5 mil cestas básicas enviadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A ajuda havia sido anunciada pelo presidente do órgão, Edegar Pretto, durante a semana.

Os alimentos chegam da unidade de Montes Claros, em Minas Gerais, pois os estoques gaúchos se esgotaram no último ciclone.

Na coletiva, Alckmin confirmou que mais cestas de alimentos serão

Novas ações do governo federal

– Criação de sala de situação permanente sobre a tragédia, com 10 ministérios trabalhando em força-tarefa;

– Ministério do Desenvolvimento Social encaminhará 20 mil cestas de alimentos;

– 15 mil kits completos de medicamentos, encaminhados pelo Ministério da Saúde;

– Ministério do Desenvolvimento Social está liberando R$ 800 por pessoa para as prefeituras, para ajudar os municípios a atenderem melhor a população.

Medidas emergenciais em andamento

– 450 militares estão presentes na região trabalhando;

– Comando conjunto das forças armadas foi acionado pelo Comandante Militar do Sul;

– Marinha e Exército encaminharam botes solicitados pelo governo do estado;

– Oito helicópteros das Forças Armadas trabalham no local;

– Batalhão de Engenharia também está presente com tratores e máquinas;

– Ministério da Saúde deu retaguarda para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, e acionou a força nacional do SUS;

– O Ministério das Comunicações encaminhou 13 antenas digitais para restabelecer a conexão de internet na região.

destinadas ao RS. “Serão 20 mil, no total. A primeira etapa será com essas 5 mil”. Ainda, o Ministério da Saúde encaminhou kits de medicamentos para 15 mil pessoas. O material inclui seringas, remédios, antibiótico e soros.

Por fim, outra confirmação foi a liberação de R$ 800 por pessoa, às famílias atingidas pelo ciclone. O recurso será destinado diretamente

reconhecido também no âmbito da União. A lista inclui 79 cidades.

O decreto estadual e, na sequência, o reconhecimento de modo sumário pelo governo federal garantem a celeridade necessária para que os municípios possam receber recursos federais para as ações de resposta, restabelecimento e reconstrução.

A solicitação de recursos financeiros federais deve ser encaminhada pelos municípios, via protocolo no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), com as informações a respeito dos eventos adversos que atingiram seus territórios – como danos humanos e danos materiais em infraestrutura, por exemplo.

Na região, este trabalho será liderado pelas associações de municípios do Vale do Taquari (Amvat) e do Alto Taquari (Amat), em parceria com a Univates. Uma reunião com os prefeitos ocorrerá às 16h de segunda-feira, 11, na universidade. A ideia é que a instituição faça os laudos técnicos necessários para que os recursos sejam liberados de forma ágil.

“Vamos ouvir os prefeitos e os engenheiros dos municípios e as Defesas Civis sobre as necessidades deles para conseguimos apoiar nos projetos de reconstrução de tudo o que se perdeu. São diversos diagnósticos a serem feitos”, observa a gerente comercial da Área de Relacionamento com o Mercado da Univates, Cintia Agostini.

A Central de Projetos e o Núcleo Jurídico da Univates devem participar da reunião para que possam se inteirar das principais demandas das cidades. “Vamos ajudar com a elaboração de diagnósticos técnicos qualificados para que os municípios consigam encaminhar aos órgãos competentes e obtenham os recursos. Todas as nossas equipes estão a disposição”, ressalta Cintia.

às prefeituras, que farão o repasse.

Calamidade

O governo federal reconheceu sumariamente o estado de calamidade pública de municípios afetados pelas consequências das chuvas. Após o governo gaúcho declarar a gravidade da situação na quarta-feira, o quadro, agora, foi

16 | A HORA Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
GERALDO ALCKMIN PRESIDENTE EM EXERCÍCIO
Fizemos uma reunião de avaliação, onde participaram dez ministérios. Levantamos o que já foi feito, as medidas que devem ser tomadas e a ida ao RS”
Novas ações foram anunciadas em coletiva de imprensa nessa sexta-feira, 8, para socorro às famílias atingidas LUCAS LEFFA/DIVULGAÇÃO

RETRATOS DA TRAGÉDIA

CRUZEIRO DO SUL

Município está entre os mais atingidos pela enchente. Em busca de doações, governo mobiliza empresas e voluntários. Famílias devem fazer cadastro para acessar auxílios governamentais.

Óbitos: 4

Desalojados: 1,3 mil pessoas

Voluntários auxiliaram na retirada de moradores em áreas alagadas de Cruzeiro do Sul

RETRATOS DA TRAGÉDIA

ARROIO DO MEIO

A rápida elevação do nível do rio surpreendeu moradores que não conseguiram retirar seus pertences em tempo.

Desabrigados: 600 famílias

Desalojados: 2 mil pessoas

A HORA | 17 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
Alojamento improvisado pelo Exército auxilia famílias no bairro Navegantes. Entre os locais mais afetados também estão o Aimoré, São José, Tiradentes, Palmas, Dona Rita, Glória e Bela Vista. Cidade necessita de donativos e apoio de voluntários.

RETRATOS DA TRAGÉDIA

ENCANTADO

Óbitos: 1

Desabrigados: 13,8 mil pessoas

BOM RETIRO DO SUL

Pessoas desalojadas: 40 pessoas

Administração municipal decretou situação de emergência. Assistência Social centraliza donativos para auxiliar famílias afetadas pela enchente.

Mais de mil pessoas precisaram ser abrigadas em prédios públicos por conta da cheia do Rio Taquari. A cidade também concentra o ponto de credenciamento dos voluntários que atuam em Muçum e Roca Sales.

TAQUARI

Cerca de 450 militares atuam na região para auxiliar atingidos pela enchente e contribuir na reconstrução de estruturas

Famílias atingidas: 121

Casas destruídas: 2

Taquari foi um dos últimos municípios do Vale a ver o nível da água baixar. Cerca de 450 pessoas foram atingidas e precisaram deixar as residências.

18 | A HORA Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
DIOGO FEDRIZZI DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO

RETRATOS DA TRAGÉDIA

ESTRELA

Óbitos: 2

Desabrigados:

600 pessoas

COLINAS

Feridos: 30

Desabrigados: 320 pessoas

Governo municipal estima que 65% da cidade foi impactada pela enchente. Pelo menos duas pessoas morreram durante o desastre natural e outras 23 integram lista de não localizados. Bairro das Indústrias e Marmitt estão entre os mais atingidos. Trabalho de limpeza dos imóveis iniciou na quinta-feira, 7.

Força das águas do Taquari destruiu casas ribeirinhas. Município suspendeu programações

Cheia no Rio Taquari deixou mais de 320 pessoas fora de casa, além de perdas econômicas em diferentes setores. Asfalto da ERS-129 também possui trechos destruídos. Município precisa de doações de alimentos, material de higiene e limpeza, móveis e eletrodomésticos. Eventos na cidade foram cancelados.

Autoridades locais estimam que enchente destruiu pelo menos cinco casas e deixou centenas de pessoas fora das residências

A HORA | 19 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
FELIPE NEITZKE ANGELICA POTT/DIVULGAÇÃO

RETRATOS DA TRAGÉDIA

MUÇUM

Óbitos: 15

Desaparecidos: 60 pessoas

Um dos municípios mais atingidos no Vale do Taquari. Com força e rapidez, água levou casas, comércios, estruturas públicas e estradas. Forças do estado confirmam 15 mortes devido à cheia. Acessos à cidade foram bloqueados para priorizar a limpeza e organização, antes de receber doações.

Em meio à triste notícia das mortes e desaparecidos, Muçum une forças para se reconstruir. Mão de obra é a principal demanda do município. Doações devem ser encaminhadas a cidades vizinhas. Famílias se solidarizam entre si e buscam apoio para recomeçar.

20 | A HORA Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023

RETRATOS DA TRAGÉDIA

ROCA SALES

Óbitos: 15

Desaparecidos: 3 pessoas

Força das águas devastou a cidade e deixou 15 pessoas mortas. Relatos de moradores é de desespero e gritos por socorro. Município ficou sem luz e água e fecha acessos para garantir eficácia na organização da área atingida.

Cidade cou debaixo da água e apresenta, agora, um cenário de destruição. Sentimento dos moradores também é de luto pelas vítimas da enchente. Município recebe maquinário e mão de obra para auxiliar na reconstrução. Estradas também foram perdidas.

A HORA | 21 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023

RETRATOS DA TRAGÉDIA

LAJEADO

Mais de 900 pessoas foram acolhidas em ginásios e pavilhões de Lajeado. A remoção de ribeirinhos foi necessária diante da elevação do nível do Rio Taquari no início da semana. Expectativa é que possam iniciar o retorno para casa no fim de semana.

Óbitos: 3

Desabrigados: 990 pessoas

Cinco tendas foram erguidas pelo Exército no Parque do Imigrante. Pro ssionais atuarão no local 24h por dia. Expectativa é que famílias acolhidas nos pavilhões em Lajeado possam iniciar o retorno no m de semana. Máquinas também atuam na remoção de entulho.

22 | A HORA Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023

Tragédia no Vale é notícia na imprensa internacional

Principais veículos de comunicação do mundo repercutiram a destruição da enchente na região

Grandes portais de notícia, no mundo inteiro, repercutiram a tragédia que assola o Vale do Taquari. Considerada a maior catástrofe natural da história do Rio Grande do Sul, os acontecimentos dos últimos dias foram amplamente noticiados.

Entre os veículos que divulgaram a situação da região está o The New York Times (Estados Unidos), que inclusive publicou um vídeo nas suas redes sociais.

O The Guardian (Inglaterra) também se manifestou, assim como o Washington Post (Estados Unidos), o Le Monde (França) e até o

Tragédia na região foi noticiada em jornais dos Estados Unidos, França, Inglaterra e Índia

The Times of India (Índia).

O The Guardian cita “Ciclone extratropical mata pelo menos 31 no Brasil e deixa mais de 1,6 mil

desabrigados”.

A manchete do The New York Times diz “Inundações causadas por ciclone no sul do Brasil ma-

tam pelo menos 37”.

O Le Monde noticia “Pelo menos 36 mortos no ciclone no Brasil, com mais de mil pessoas ainda

esperando por resgate”. “Enchentes no Sul do Brasil deixam pelo menos 31 mortos e 2,3 mil desabrigados” é a manchete do Washington Post. Enquanto que o The Time os India disse na quarta-feira “Ciclone deixa 21 mortos no Sul do Brasil”.

O Al Jazeera, principal veículo de comunicação do Oriente Médio, relata que o balanço de mortos vem aumentando e cita o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que disse na terça-feira que cerca de 60 cidades haviam sido atingidas pela tempestade. “O número inicial de mortes de 21 pessoas já era o mais alto do estado devido a um evento climático”, apontou Leite, ao anunciar mais 15 óbitos.

A HORA | 23 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023 REPERCUSSÃO MUNDIAL
EDUARDO LEITE GOVERNADOR
O número inicial de mortes de 21 pessoas já era o mais alto do estado devido a um evento climático”

Muçum e Vespasiano Corrêa podem ficar duas semanas sem energia

Danos causados à rede elétrica dificultam retomada do serviço segundo coordenação regional da RGE

VALE DO TAQUARI

Nas redes sociais, o prefeito de Vespasiano Corrêa e presidente da Amat, Tiago Michelon, repassou um importante comunicado à população nessa sexta-feira, 8. O município ficará sem energia elétrica por tempo indeterminado.

Michelon explica que todas as redes que fornecem energia para o município são oriundas de Encantado ou Muçum. Essas redes foram completamente danificadas

pela enchente. “Em alguns pontos da cidade, temos energia elétrica provisória, vinda de Dois Lajeados”, diz.

O prefeito pede compreensão da população. “Sabemos que a falta de luz acarreta na falta de água e é um grande problema para os produtores rurais. Mas estamos sem previsão para normalizar. As companhias elétricas estão trabalhando em força máxima para resolver a situação”, destaca. Michelon também explica que várias equipes de Vespasiano Corrêa estão em Muçum para ajudar a restabelecer a ordem por lá primeiro. “O parque de máquinas dessa cidade e as equipes estão defasadas. Assim que a situação de Muçum melhorar, vamos atuar no nosso município”, garantiu. Conforme o prefeito, geradores estão sendo providenciados para os poços artesianos e assim garantir água para o interior de Vespasiano.

Sem previsão também em Muçum

Após a baixa do nível do Rio

Taquari em Muçum, poços artesianos estão funcionando com a ajuda de geradores que foram disponibilizados pelos municípios vizinhos, além da colaboração estadual e nacional. Já o fornecimento de energia deve levar de 10 a 15 dias para retornar devido aos danos significativos causados à rede elétrica. A informação foi repassada pela coordenação regional da RGE para as autoridades do município.

Fornecimento total de energia deve levar de 10 a 15 para retornar em Muçum

A empresa ressalta que segue monitorando a situação nas regiões para restabelecer a energia. Ainda, alerta que ninguém toque em fios partidos ou galhos de árvores que estejam caídos sobre a rede elétrica. A orientação nesses casos é acionar imediatamente a RGE e o corpo de bombeiros e aguardar o atendimento.

24 | A HORA Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
Felipe
Neitzke

Encantado centraliza credenciamento de voluntários que atuam na região

Medida foi tomada para tentar agilizar o trabalho de limpeza das cidades

Os acessos aos municípios de Roca Sales e Muçum foram interditados na sexta-feira, 8. Voluntários que tiverem interesse em ajudar deverão se dirigir para o centro administrativo de Encantado, para passar por um processo de triagem.

Somente veículos autorizados, militares e de emergência podem entrar nas cidades. A restrição de veículos também se impõem aos moradores. As medidas foram adotadas pelo excesso de pessoas que acessam os municípios atingidos pelas cheias, boa parte curiosos.

A decisão foi tomada para tentar agilizar a limpeza das vias e casas, e recolocar as famílias de volta nas residências, tendo em vista a previsão de chuvas entre quinta-feira e sábado.

Prefeito de Vespasiano Corrêa e presidente da Associação dos Municípios do Alto Taquari (Amat), Tiago Michelon destaca que a ci-

dade precisa primeiro se reorganizar para depois poder receber as doações, para ter onde armazenar as roupas e mantimentos. Por isso, pede para que a comunidade não tente entrar no município. As doações são recebidas nas cidades vizinhas, como Encantado. Depois três dias de trabalho de remoção dos entulhos, ele diz que, apesar da quantidade de móveis e restos das residências, a expectativa para os próximos dias e a reconstrução é positiva.“Começamos a ver uma luz no fim do túnel”, destaca.

Roca Sales e Muçum adotaram medidas mais restritivas ao acesso de pessoas para viabilizar um processo de remoção dos escombros da devastação acusada pela enchente. Medida similar foi cobrada por moradores atingidos pela cheia do Rio Taquari em Lajeado, Estrela e outras cidades ribeirinhas. Como forma de conscientizar quem faz “turismo”, colocaram placa no acesso ao bairro Conservas.

A HORA | 25 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023 RECONSTRUÇÃO
VALE DO TAQUARI
Decisão foi tomada para tentar agilizar a limpeza das vias e casas, e recolocar as famílias de volta nas residências Mateus Rois

“Uma madrugada de terror”

As horas entre a noite de segunda-feira e manhã de terça-feira foram longas para quem viveu a enchente de perto. Os relatos são de moradores que se agarraram em galhos de árvores e nos próprios telhados para sobreviver

Poucos dias depois da segunda maior enchente do Vale atingir os municípios, a comunidade ainda vive cenários de dor. A perda de bens materiais e, principalmente, vidas, é lamentada. Os sobreviventes também não esquecem tão rápido os momentos de terror.

A madrugada de terça-feira, 5, traduziu as horas de maior tensão. Aqueles que não conseguiram sair de suas casas se agarraram ao que sobrou das residências. Outros foram levados com elas.

“Terrível, foi a pior noite da vida. A água veio não como uma enchente normal que sobe devagar. Tinha correnteza no meio das ruas”, conta Ismael Bastiani, 45, que descreve o cenário da tragédia em Muçum. A cidade, assim como Roca Sales, foram as mais devastadas.

Ele também integra as dezenas de histórias semelhantes, em que os telhados se transformaram em abrigos. “Foi uma madrugada de terror. Era apavorante, todo mun-

do pedindo socorro. Ao nosso redor, Graças a Deus, todos ficaram vivos”.

Bastiani conta ter subido nas telhas às 19h de segunda-feira e foi resgatado às 6h da manhã de terça. Ele acredita que a água tenha atingido mais de três metros do nível do chão. Morador da cidade há 14 anos, diz nunca ter visto nada parecido.

Resgate no escuro

Na madrugada de terça-feira, Dirceu Becker, 63, foi um dos primeiros voluntários a se dirigir a

Mariante, distrito de Venâncio Aires, também atingido pela cheia, para iniciar os resgates. Com um barco, entrou na água e, até o fim do dia, tinha retirado pelo menos 20 pessoas das áreas inseguras. Quando o sol começou a baixar, ele finalizava os trabalhos, mas com o auxílio de um barqueiro com experiência, ainda atravessou a enchente para resgatar mais um morador. A noite escura atrapalhou o retorno e o motor parou de funcionar em uma parte do rio com correnteza. Quando a embarcação virou, o colete salva vidas garantiu que não afundassem.

Dirceu Becker se disponibilizou a auxiliar nos resgates, e também passou por momentos de tensão ao cair do barco e car abrigado em uma árvore

A correnteza os levou até que encontraram uma árvore para se segurar. Os companheiros conseguiram, ainda, passar pela água até chegar em terra firme. Becker não tinha forças e preferiu esperar.

“Fui enfermeiro do exército e minha vivência me fez começar a esfregar meus pés, minhas mãos, para me aquecer. Eu não podia ficar com hipotermia. E então comecei a pedir por socorro”.

Além de gritar, ele também fazia sinal de luz com o celular que tinha ficado no bolso interno do casaco

Depois de ser resgatado, Giovane dos Santos cou na espera da esposa e da lha que caram ilhadas

impermeável. Quando a boca secava, ele tinha que pegar um pouco da água do próprio rio. Não tinha outra opção. Precisava continuar gritando.

Becker foi socorrido por moradores da localidade, com um barco à remo. A casa para onde o levaram tinha pelo menos 30 pessoas abrigadas. Já em segurança, conseguiu

ligar para o filho, que o procurava, para avisar que estava bem.

Susto no Navegantes

Os resgates também foram intensos em Arroio do Meio. Morador do bairro Navegantes, Giovane Scherer dos Santos, 63, foi um dos sobreviventes. Ele conta que a água já chegava na altura da barriga quando viu a lancha de resgate. Ele, a esposa e a filha estavam ilhados desde a noite de segunda-feira, 4, gritando por socorro. Eles não eram os únicos da localidade em áreas de risco. Mas, apesar da altura da água, ainda estavam em menor perigo do que os vizinhos. Assim, viram a lancha passar por eles para salvar, primeiro, as famílias em maior risco.

Ele diz que quando viram a água subir, a correnteza já estava forte na rua, e não foi possível sair da residência. “Me tiraram pela porta da frente da casa. Minha filha e esposa ficaram presas ainda. O pessoal teve que retornar. Tiveram que estourar o telhado para tirar as duas”, conta.

Fazia cerca de uma semana que a família morava na residência. Nunca tinha passado por uma enchente antes. Hoje, apesar do choque, Gilmar agradece pela vida da filha e da esposa.

26 | A HORA Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
VALE DO TAQUARI Ismael Bastiani cou cerca de 11 horas em cima do telhado até ser resgatado ISMAEL BASTIANI MORADOR DE MUÇUM
Era apavorante, todo mundo pedindo socorro. Ao nosso redor, graças a Deus, todos ficaram vivos”
Fui enfermeiro do exército e minha vivência me fez começar a esfregar meus pés, minhas mãos, para me aquecer. Eu não podia ficar com hipotermia. E então comecei a pedir por socorro”
DIRCEU
BECKER MORADOR DE VENÂNCIO AIRES
ARQUIVO PESSOAL
FELIPE NEITZKE GABRIEL SANTOS Bibiana Faleiro bibianafaleiro@grupoahora.net.br Colaboração Matheus Laste

Perdas em Encantado

O nível do Rio Taquari chegou a 21 metros e 79 centímetros, em Encantado, 1 metro e 59 centímetros a mais do que a cheia de 2020. A prioridade foi o resgate de famílias ilhadas. A energia elétrica retornou ao município na noite de terça-feira, 5. Segundo levantamento da prefeitura, 23 mil habitantes foram atingidos, 13,5 mil pessoas desalojadas e mais de mil desabrigadas.

O aposentado Albino Castoldi,

76, faz parte do grupo de famílias que tiveram suas residências engolidas pela água. Natural de Arroio do Meio, ele mora em Encantado há 45 anos, junto da esposa, na Avenida Antônio de Conto, no centro do município.

“Pela manhã eu já esperava que a água fosse subir, mas não tanto. Não me preocupei porque não pensei que ia alcançar a casa. Estava no trabalho e um colega me

disse para voltar para casa porque subia muito rápido”, conta.

Quando retornou à residência, a água já estava no asfalto. Um sobrinho e mais oito pessoas foram ajudar a retirar os móveis, com um caminhão. “Quando terminamos, a água começou a entrar na residência. Perdi três ar condicionados, o resto deu pra salvar”.

Apesar da casa ter ficado submersa, Castoldi acredita não ter muitos danos. “Dou graças a Deus que estamos vivos. Foi a pior cheia da minha vida, na de 2020 a água chegou até metade da casa, essa cobriu totalmente”.

Sem tempo para retirar pertences

No bairro Lago Azul, em Encantado, poucos moradores conseguiram salvar seus pertences. Relatos como o de Valério Reginatto, 59, demonstram a velocidade com que a água chegou nas residências. Morador da cidade há dois anos, ao lado da esposa e do filho, conta nunca ter passado por situação semelhante.

“É difícil de acreditar, mesmo vendo minha casa debaixo da água, é complicado pensar que perdi tudo. Não sobrou nada, documento, comida, geladeira, freezer, foi tudo”.

Reginatto diz que quando a água começou a subir, não se assustou, porque pensou que ia dar tempo para retirar os móveis. “Tivemos que correr para nos salvar, não foi fácil. Meu filho não conseguiu,

então chamei os bombeiros para resgatá-lo”.

Também moradora do bairro Lago Azul, a encantadense Vilma Irga, 55, conseguiu salvar parte dos pertences antes da casa ser tomada pela força das águas. “Já passei por outras cheias mas nada como essa. Nas outras vezes a água não cobriu minha casa, não me fez perder quase tudo que eu tinha”. Ela conta que o filho mora nas proximidades, e também perdeu a casa.

“A água foi tão rápida que não deu tempo nem do caminhão chegar para começarmos a mover o que tínhamos”, comenta.

Marcas nas edificações

Os relatos são semelhantes em praticamente todas as cidades do Vale do Taquari. O medo foi um sentimento compartilhado mesmo por aqueles que não tiveram suas casas atingidas, mas que já sofreram com outras cheias ou viram de perto a tragédia. Outro ponto comum entre os municípios é a surpresa com a altura que a água chegou.

Rosani Schwartz, 55, mora no Centro de Colinas desde os 10 anos, e lembra que o pai construiu a casa da família, há mais de quatro décadas, em uma área não alagável do município. Na época, as cheias que atingiam a cidade só chegavam até a rua, ainda distantes da estrutura. Mesmo assim, o pai fez um fundamento alto na residência,

para garantir que a água não chegasse. Nesta semana, a enchente passou do telhado da edificação. Rosani vive hoje em outra casa, que não foi atingida, mas cita o tamanho do fenômeno, que tomou a antiga residência da família. Agora, presta auxílio às pessoas desabrigadas. “É muito triste o que aconteceu aqui. Simplesmente fechou a rua de um lado ao outro. Alagou grande parte da cidade. Tem casas que foram levadas pela correnteza”.

A moradora diz que em meio a tragédia, Colinas também vê solidariedade e muitos voluntários se mobilizam para reerguer a cidade.

A HORA | 27 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
Albino Castoldi faz parte do grupo de famílias que tiveram suas residências destruídas em Encantado Valério Reginatto perdeu tudo o que tinha dentro de casa no bairro Lago Azul, em Encantado Vilma Irga ainda conseguiu salvar os pertences antes da água chegar VALÉRIO REGINATTO MORADOR DE ENCANTADO
MATHEUS LASTE MATHEUS LASTE
É difícil de acreditar, mesmo vendo minha casa debaixo da água, é complicado pensar que perdi tudo. Não sobrou nada, documento, comida, geladeira, freezer, foi tudo”
MATHEUS LASTE

Famílias buscam apoio para reconstruir

Passado o medo, a cena de devastação toma conta das famílias. O que sobra é a construção de uma casa do zero, a limpeza do que sobrou, ou a mudança para áreas mais seguras. O primeiro passo é a organização das cidades, que conta com voluntários de todo o estado

Mudança programada

VALE DO TAQUARI

Os momentos que seguem a tragédia são de muito trabalho.

Enquanto famílias ainda procuram algum parente, outras lidam com a destruição de suas casas. O primeiro passo é a limpeza. Depois, a reconstrução.

Algumas residências foram tomadas inteiras pelas águas. Aquelas que ainda estão de pé, aos poucos, tem seus inquilinos retornando para recomeçar. No bairro Conservas, em Lajeado, o cenário é parecido.

Morador da Avenida Beira Rio, Fábio Gerevini é um dos sobreviventes da enchente e relata a madrugada de terça-feira. Ele conta ter ficado em cima do telhado de casa por cerca de 14 horas, ao lado da família.

Sem ter pego uma cheia antes, diz ser comum os vizinhos deixarem os carros no pátio da residência dele. O próprio veículo dele estava no local, e todos ficaram debaixo da água.

“Começou a subir água, subir água. A gente achou que não ia vir mais. Quando vimos, não

deu tempo de sair”, conta. O morador ainda diz que amarraram os carros para não serem levados pela correnteza.

A porta da garagem foi destruída e Gerevini conta ter perdido, ainda, dois veículos de coleção: uma kombi e um fusca.

“A gente ouvia o pessoal gritando, pedindo socorro, apavorados. E não tinha o que fazer, foi terrível mesmo”.

Agora, um novo movimento está sendo feito por ele e pelos vizinhos, para limpar o local. A tarefa é árdua, já que a sujeira e entulhos deixados pelas águas tornaram o lugar irreconhecível.

Na mesma rua, mora o irmão dele, Alex Gerevini, 35, que também enfrenta a limpeza da residência. “Tá meio difícil, mas fazer o quê? Os amigos vêm ajudar, muita gente passando com água, bastante doação com lanches, é importante, mas tá indo bem”. Ele conta que antes da enchente atingir a casa, ergueu os móveis. Mas a água chegou até o telhado. “Acho que só depois

que tudo estiver limpo vamos sentar e a ficha cai de verdade. Agora estamos naquela adrenalina, limpando, ajeitando”. Os prejuízos ainda não foram contabilizados por ele. Agora, tudo o que restou está sendo colocado na rua.

Ele, os irmãos e a mãe ficaram juntos durante a madrugada de terça-feira, no telhado, até a água baixar. “Poderíamos ter ido no resgate, mas preferimos deixar para aqueles que mais necessitavam. Ficamos toda a enchente ali no telhado. Levamos casacos, bolachas, mas nem fome dá nessas horas”.

Depois do trauma do ocorrido, a ideia é se mudar. “Vamos limpar, alugar e sair daqui, procurar outro lugar para morar”.

Para conter os prejuízos

O sentimento de insegurança é compartilhado por Janei Muniz. O barbeiro mantinha dois estabelecimentos, um em Lajeado e outro em Roca Sales, que foi tomado pela enchente. A barbearia de Lajeado, na rua Bento Gonçalves, também foi atingida. “Moro em Roca Sales há mais de 25 anos. Já passei por várias enchentes, mas nunca vi um cená-

Os muros em torno da residência alugada por Pedro Elias Rodrigues se foram. O locatário vai enviar materiais para buscar reformas

rio desses. Tinha a barbearia no centro, destruiu tudo”.

Algumas máquinas foram retiradas. Mas é preciso reconstrução para continuar o trabalho na cidade. “Não sabemos o que fa-

28 | A HORA Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
Fábio Gerevini iniciou a limpeza da casa no bairro Conservas, atingida pela cheia O bairro Conservas foi um dos mais atingidos em Lajeado
Não sabemos o que fazer, se alguma empresa vai voltar para cá”
ALEX GEREVINI MORADOR DO BAIRRO CONSERVAS
CAETANO PRETTO CAETANO PRETTO
Vamos limpar, alugar e sair daqui, procurar outro lugar para morar”
Bibiana Faleiro bibianafaleiro@grupoahora.net.br Colaboração Matheus Laste

zer, se alguma empresa vai voltar para cá”, destaca.

Por hora, ele concentra os esforços em viabilizar o serviço em Lajeado, para correr atrás dos prejuízos. Ele conta ter investido pelo menos R$ 80 mil em cada estabelecimento.

No bairro das Indústrias

Em Estrela, a prefeitura estima que 65% do município foi afetado pela inundação. As doações de mantimentos e roupas são feitas em postos montados

nos bairros mais atingidos, como Moinhos e Indústrias. Além disso, o Centro Comunitário Cristo Rei recebe e organiza donativos.

A avaliação é de que serão necessárias de duas a três semanas para a limpeza total nos locais

Neorides da Silva e o marido estão abalados com a situação no bairro das Indústrias

afetados. Segundo o secretário de Infraestrutura Urbana, Osmar Müller, o principal trabalho agora é o do recolhimento da parte mais pesada do lixo, tais como os móveis destruídos nas casas e depositados nas vias públicas, bem como a limpeza das ruas.

No bairro das Indústrias, a maioria das pessoas afetadas têm relatos parecidos. Pertences perdidos, casas danificadas e o desespero diante da rápida subida das águas no local.

Moradias afetadas

Pedro Elias Rodrigues, 71, mora em uma casa de madeira no bairro das Indústrias há quatro anos e precisou ser socorrido de barco. Além de perder quase todos os móveis da casa, dois muros em volta da residência cederam, e ele perdeu toda a criação de galinhas, além de uma cachorra de 14 anos.

Pelas previsões iniciais, Pedro imaginava que a água chegaria ao começo das paredes da residência, mas foi tudo coberto pela cheia do Rio Taquari. "Aqui é alugado. O dono da casa vai nos trazer madeiras para reformar. Felizmente conseguimos sair

antes", aponta. Ele afirma que o pior problema para muitas pessoas é ter onde morar durante o processo de reconstrução.

Danos materiais e psicológicos

Também moradora do bairro das Indústrias, está Neorides da Silva, 51. Ela vive na localidade há 30 anos, já passou por três grandes enchentes, mas diz que nenhuma teve essa proporção. "Quando voltamos na quarta-feira, vimos um cenário de guerra. Ninguém em suas casas, tudo devastado. Quem já tinha voltado colocou todos os seus móveis na rua. Cena de filme de terror", descreve. Além dos danos materiais, a moradora diz que o psicológico de todos está abalado. "Todo mundo se abraçou e chorou, porque a gente convive há muitos anos. Todos aqui trabalham e correm atrás. Estamos todos abalados", lamenta Neorides. Apesar de perderem tudo, ela e o marido tentam ver o lado positivo. "Tem famílias que sumiram. Outras perderam entes queridos. Felizmente nada disso aconteceu com a gente, mas é tudo muito complicado", aponta.

A casa de Neorides ficou totalmente submersa. Está inteira, mas precisa de reparos. Mesmo colocando móveis e pertences em cima da residência ou na casa de vizinhos, tudo foi levado.

A HORA | 29 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
PEDRO ELIAS RODRIGUES MORADOR DO BAIRRO DAS INDÚSTRIAS
Aqui é alugado. O dono da casa vai nos trazer madeiras para reformar.
Felizmente conseguimos sair antes”
KARINE PINHEIRO KARINE PINHEIRO

Estamos todos atordoados. O gaúcho, mais uma vez, precisa se levantar. Desta vez não em uma guerra, mas em busca de paz com a natureza, pois o que nos atingiu ainda não sabemos. Muitas vidas foram ceifadas, muitos sonhos morreram. A alegria de se comemorar está anestesiada. Não temos força para pensar. Só podemos agir, ajudando, sendo resilientes, e lembrar de agradecer por quem

sobreviveu, chorar e lamentar os que se foram. O Rio Grande do Sul está ferido, machucado, com uma ferida aberta e ainda sangrando. Mas vamos nos curar, levantar, viver. Não temos escolha, só seguir em frente. Obrigado a todos que fazem ou fizeram algo pra aliviar nossa dor e aos nossos prefeitos por cancelarem todos os eventos. ExpoCruzeiro será cancelada e o dinheiro arrecadado até agora, será doado a quem precisa.

30 | A HORA Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
Atordoados
divulgação

A dor não pode ser pretexto.

Quem são os responsáveis?

Governador, presidente e prefeitos. Nesta ordem. Por aí começa a apuração sobre a responsabilidade de cada um nesta tragédia. O fenômeno natural foi intenso, nunca visto e trágico. Nisto todos concordam.

Neste momento de feridas abertas, a primeira ação é cuidar das pessoas. Aspecto pertinente nas falas do chefe do Executivo gaúcho. Ainda assim, palavras bonitas e discursos emotivos estão muito longe das explicações que a sociedade merece.

São centenas de desaparecidos, pelo menos 36 mortes confirmadas (número que cresce a cada momento), famílias inteiras despedaçadas e tantos outros que perderam tudo o que tinham. Por esse conjunto, jamais poderemos nos abster de apurar onde foram os erros nos momentos cruciais.

Dois aspectos saltam os olhos. Primeiro: quando os planos de contingência foram colocados em prática? Depois: o tempo de resposta para acelerar a retirada das famílias. Neste sentido, o governo do Estado falhou. O próprio governador disse que não havia informações de que a chuva provocaria tal estrago.

Ledo engano. Havia informações sim, e muita. Desde segunda-feira ao meio dia, para ser preciso. O acumulado de chuva chegou a 300 milímetros nas cabeceiras de domingo até segunda. Inclusive os especialistas da Metsul advertiram nas postagens de que seria uma enchente extrema. O Estado não viu? A Sala de Situação e seus boletins às Defesas Civis não deram conta dessas condições?

A redação do A Hora recebeu vídeos de pontes sendo arrancadas pela força da água em municípios, como Nova Roma do Sul. Isso dava um indicativo muito claro do que estava por vir. Nada foi obra do acaso.

Previsões falhas e comandos que subestimaram o impacto da cheia, em resumo. Também precisamos falar: as defesas civis por muito tempo foram negligenciadas pelas administrações públicas. Esse organismo do Estado precisa de um olhar mais profissional.

Colocar um responsável, como cargo comissionado pela escolha do prefeito, é no mínimo duvidoso. Com todo respeito aos

servidores, não é só deles o peso dessa tragédia. Está mais em quem decide. Quanto ao governo federal, é outro elo que precisa ser cobrado. Pergunto: será que se houvesse mais envolvimento dos três entes (União, Estado e municípios), uma comunicação mais efetiva, o envio das tropas do exército e de aporte aéreo poderia ter sido antes? Ter os botes presentes em meio a elevação das águas poderia ter poupado muitas vidas.

Dezenas de famílias atingidas pela cheia relataram demora para carregar e descarregar os caminhões até os veículos fazerem o caminho de volta. Um tempo precioso. Os veículos do Exército e a presença dos soldados teriam sido fundamentais para melhorar o tempo de resposta. Faltou prevenção e trabalho em conjunto.

O assunto é muito delicado, ainda assim, explicações dos governantes são essenciais. Acredito, inclusive, que em um futuro breve, teremos movimentos do próprio Ministério Público em relação a isso, com uma investigação aos moldes do que aconteceu no incêndio da Boate Kiss.

São centenas de desaparecidos, pelo menos 36 mortes con rmadas (número que cresce a cada momento), famílias inteiras despedaçadas e tantos outros que perderam tudo o que tinham. Por esse conjunto, jamais poderemos nos abster de apurar onde foram os erros nos momentos cruciais”

A HORA | 31 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023 FILIPE
FALEIRO

ÁRIES: Controle seu lado esquentadinho e reativo para não dar ruim com ninguém. Ainda bem que o clima melhora e tudo será superado.

TOURO: Convívio com parentes, primos, irmãos e pessoas próximas vai ficar mais animado e você fará sucesso em qualquer roda.

GÊMEOS: Não espere as mesmas vibes sortudas à tarde, quando sua impulsividade vai aumentar e há risco de gastar o que não pode ou não tem.

CÂNCER: Seu charme e as suas principais qualidades vão ficar tinindo e sua estrela guia promete sucesso absoluto nos contatos.

LEÃO: Perrenguinhos e aborrecimentos não estão descartados depois do almoço e podem testar a sua paciência, pedindo mais calma e menos irritação.

VIRGEM: Se tem planos de fazer uma viagem ou quer apenas passar um dia diferente, vai com tudo! Seu astral estará bem mais descontraído e receptivo.

Pivô brasileiro que atua na NBA

Conjunto de leis sobre a 3ª idade

Horós C opo

LIBRA: As relações pessoais e amorosas podem ficar em segundo plano e os contatos sociais não estarão tão intensos.

ESCORPIÃO: Não importa onde esteja, você vai irradiar simpatia e fará um tremendo sucesso.

SAGITÁRIO: Pessoas experientes e bem relacionadas podem somar contigo e dar sporte aos seus planos.

CAPRICÓRNIO: Aproveite essa onda benéfica para animar seus contatos, atrair novas amizades e ampliar sua rede de relações.

AQUÁRIO: Sua vitalidade fica no topo e será bem proveitoso em suas atividades. De quebra, ainda pode ter boas novas nas finanças.

PEIXES: Nos assuntos do coração, seu carisma e sua comunicação ficam na melhor forma e você pode encantar o crush já no primeiro encontro.

Cruzadas

Navegador web da Microsoft

Homem, em espanhol (?) loco: no lugar (latim)

Diretor do Grupo Conceição, Gilberto Barichello fez anúncio em entrevista exclusiva à Rádio A Hora

Profissão de Nicolau Copérnico

Célebre compositor de "Aquarela do Brasil" e "Na Baixa do Sapateiro"

Boné militar Fazer versos

Que tem muitos habitantes

Formato da bifurcação

O 1º embate do galo de briga

Pedro (?), ex-apresentador do "BBB"

Louvado Trending Topics (Twitter)

Prato que compõe a bateria (Música)

Saudação a César (Ant.)

Planta usada na coroa dos heróis gregos e romanos Bolo fino e enrolado com recheio

Palco de exibição do festival "Anima Mundi" (red.) Corajoso; valente

Estado da cidade de Bonito (sigla)

Faixa de rádio

Atração de "Transformers" (Cin.)

Restrição imposta pelos EUA a Cuba

Certo (abrev.) (?) Francisco, cidade da Ponte Golden Gate (EUA)

Sufixo de "infantil"

Opinião pautada na intuição

"(?)-Man", jogo de videogame

Pedro Nava, autor de "Baú de Ossos"

Marajó, Bananal e Me

Nascido em Trípoli Clarão noturno Compaixão; pena Canalha; súcia

Antônimo de "duro" Joule (símbolo)

(?) Airlines, companhia chilena

Praia paradisíaca em Beberibe (CE)

Olavo Bilac, poeta parnasiano

Fora da (?): bandido; criminoso

Cedida gratuitamente Única letra com cedilha

Omunicípio de Roca Sales receberá um hospital de campanha em resposta às enchentes no Vale do Taquari. O diretor do Grupo Hospitalar Conceição, Gilberto Barichello, confirmou a notícia em entrevista à Rádio A Hora nessa sexta-feira, 8. Barichello informou que equipamentos médicos essenciais estão a caminho. A montagem do hospital começa neste sábado, 9, com o uso de instrumentos clínicos do Hospital Conceição.

O serviço de atendimento hospitalar e pré-hospitalar deve começar no fim de semana. Embora a capacidade exata da instalação não tenha sido especificada, Barichello garantiu que atenderá à demanda regional.

O hospital de campanha tornouse possível devido ao apoio da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) em parceria com o Grupo Hospitalar Conceição, após solicitação conjunta dos prefeitos da região por meio da Famurs. Atualmente, 18 profissionais da Força Nacional estão na área, e mais cinco farmacêuticos estão a caminho de Roca Sales.

O secretário de Comunicação Institucional do governo federal, Emanuel (Maneco) Hassen de Jesus, e o vereador de Lajeado, Sérgio Luiz Kniphoff (PT), participaram da entrevista na qual foi feito anúncio.

32 | A HORA Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023 Hospital de campanha atenderá atingidos em Roca Sales PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS Solução www.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL BANCO 44 3/lan. 5/líbio — revoo. 6/hombre. 7/címbalo. 11/morro branco — nenê hilário. IB NENE HI LA RI O AS TR ON OM OI TE MU BC AR YB AR RO SO TN R E V OO AT QU EP EC IN E TT BI AL E PO ET AR M P A C DX CI MB AL O POPU LO SO PN IL HA SL I B IO DO MO LE TM CO RJ AU LE I SE DOADA C MO RR OB RA NC O
21/03 a 19/04 20/04 20/05 21/05 20/06 21/0622/07 23/0722/08 23/0822/09 19/0220/03 20/0118/02 22/12 19/01 22/1121/12 23/1021/11 23/09 22/10
Gilberto Barichello, diretor do Grupo Hospitalar Conceição Leonardo Schneider/divuLgação

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AH
A HORA | 33 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023

Como auxiliar em cada cidade:

Vale do Taquari

aCIC Vale do Taquari Pix CNPJ 09.650.289/0001-69

aRotary Club de Lajeado Integração recebe pix para a aquisição de mantimentos aos desabrigados (PIX: Cnpj 03.567.081/0001-02)

aSupermercados Imec do Vale do Taquari: doações de roupas, cobertores, materiais de limpeza e higiene pessoal, alimentos e água.

aAssociação Amigos de Cristo de Encantado (PIX: executivo@cristoencantado.com.br)

Lajeado:

aPavilhão 2 do Parque do Imigrante. Os itens de maior necessidade no momento são: Fraldas infantil e geriátrica, absorventes, sabonete, roupas, colchões e, em especial, toalhas de banho.

aPonto de Coleta: Sede da FB Net (roupas, roupas de cama, cobertores, travesseiros, colchões, materiais de higiene e limpeza, alimentos e móveis).

aPonto de Coleta: Sede da Draco (AV. dos quinze n. 469) Diretório Acadêmico da Univates ( DCE), Pix 90.803.552/0001-20.

aPonto de Coleta de carnes:

CTG Tropilha. aPonto de coleta de eletrodomésticos, itens para casa, roupas, cobertores, banho, alimentos e itens de higiene, na empresa na Brenner Agro no antigo prédio da Nimec.

Bom Retiro do Sul

a Secretaria da Saúde, na Rua Senador Pinheiro Machado, 879;

a Postos de Saúde; aCras;

aHospital Sant’Ana; aParóquia Sagrada Família; aCervejaria Salva também está aceitando doações.

Encantado (as doações também vão para Muçum e Roca Sales)

aRoupas e cobertores podem ser doadas no parque João Batista Marchese. Um carro de som também coleta doações pelos municípios;

aAssociação Cultural, Pix CNPJ 11.330.190/0001-21;

aDoações de alimentos entre 7h e 19h, no Salão da comunidade Lambari; aDoação de roupas, colchões e cobertores, no pavilhão do CTG Anita Garibaldi;

aDoação de produtos de limpeza e higiene pessoal, no palco do Acampamento Farroupilha, Móveis e demais utensílios, na Secretaria de Obras; aMedicamentos, na Farmácia Municipal, no Posto Central, Centro, ao lado da Brigada Militar; aÁgua e alimentos perecíveis, nos fundos do ginásio de esportes.

Cruzeiro do Sul

aSede esportiva Lauro Hauschild, no Bairro Vila Célia e no ginásio do Centro da cidade a Bairro Glucostark, equipe da prefeitura recebe doações - Salão da Comunidade Católica.

Venâncio Aires

a Os contatos para doações são o Whatsapp: – Prefeitura: 51 99910-9500 e – Defesa Civil: 51 93505-5953. Elas podem ser feitas na prefeitura ou no Cras;

a Ponto de Coleta: Sede da FB Net (roupas, roupas de cama, cobertores, travesseiros, colchões, materiais de higiene e limpeza, alimentos e móveis);

aCâmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (CACIVA). Chave Pix CNPJ 87.334.496/0001-18.

Arroio do Meio

a Sede do Cras, na Rua Gustavo Wienandts, 485, no Centro;

a Salão Paroquial.

Estrela

aGinásio Ito João Snel, no Bairro Oriental; aA Defesa Civil criou uma chave PIX para receber doações: CNPJ 16.790.700/0001-67; aA prefeitura também precisa de itens descartáveis, como talheres e pratos.

Teutônia

a Ponto de Coleta: Câmara de Vereadores; a Ponto de Coleta: Supermercado Zart; a Ponto de Coleta: Sede da FB Net, Supermercados Languiru, Colégio Teutônia, CIC Teutônia; a Languiru também realiza campanha de arrecadação de donativos em seus supermercados.

Taquari a Hospital São José recebe doações no centro de emergência; aCras.

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A HORA | 35 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023

CONSEQUÊNCIAS

CHEIA DO RIO TAQUARI ADIA

EVENTOS ESPORTIVOS NO VALE

Circuito dos Vales, Regional Aslivata e jogos nos clubes sociais estão entre os eventos cancelados

Acheia do Rio Taquari que assola cidades da região fez com que organizadores de eventos transferissem as competições para uma nova data. Circuito dos Vales, Regional Aslivata, jogos nos clubes sociais estão entre os eventos que foram adiados.

A diretoria da Aslivata adiou os jogos que iam ocorrer neste domingo válidos pelas Séries A, Veteranos e Vale do Boa Vista. A decisão foi comunicada no início da noite dessa quarta-feira, 6. A transferência dos jogos para o fim da primeira fase é em respeito às vítimas da enchente. Este será o segundo domingo consecutivo sem jogos pelo Campeonato Regional – no dia 3, a transferên-

cia ocorreu pela intensa chuva. A próxima rodada será apresentada pela Aslivata nos próximos dias.

CLUBES SOCIAIS

O Clube Sete de Setembro promoveria neste sábado a final da

Taça Sete 89 anos. Os jogos foram transferidos para próxima quarta-feira, 13. A partida de ida da final da Taça de Inverno da Soges será no próximo sábado, 16, bem como o jogo de abertura da segunda fase da Copa CTC, no Clube Tiro e Caça.

CAMPANHAS DE ARRECADAÇÃO DUPLA GRE-NAL UNIDA

PELA SOLIDARIEDADE

Arena e Beira-Rio são pontos para recebimento de doações na capital

Caetano Pretto caetano@grupoahora.net.br

Grêmio e Internacional deixam a rivalidade de lado e estão mobilizados para receber doações que serão destinadas às pessoas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

O Tricolor disponibilizou um espaço na Arena para a chegada de contribuições, enquanto o Co-

lorado convocou sua torcida para coleta de alimentos no jogo contra o São Paulo, pelo Brasileirão, na próxima semana.

O Grêmio disponibilizou a sede do departamento consular e a GrêmioMania da Arena como o centros de coleta das doações. Em conjunto com o Banco de Alimentos, o Inter terá três pontos para recebimento de donativos. Além de alimentos, itens de higiene e roupas serão recebidos nesses locais.

“O Inter manifesta seu profundo pesar pelas vítimas fatais da passagem do ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul, e segue à disposição das autoridades

CIRCUITO DOS VALES

A quarta etapa do Circuito dos Vales, programada para ocorrer neste domingo, 10, em Travesseiro/Marques de Souza, foi adiada. Uma nova data para a realização da quarta etapa será anunciada

nos próximos dias, assim que a situação do Vale do Taquari estiver mais estável e segura. A comissão organizadora também reiterou o compromisso de entregar um evento de alta qualidade aos participantes e de contribuir de forma positiva para a região.

PATINAÇÃO

A Federação Gaúcha de Patinagem transferiu para outubro o Torneio Estadual Iniciantes e Básico de Patinação, que seria realizado no Ginásio Poliesportivo, do Parque Municipal do Chimarrão, em Venâncio Aires, neste fim de semana. A decisão de adiar o evento foi tomada em decorrência das fortes chuvas que afetaram o Rio Grande do Sul. O torneiro ocorrerá de 27 a 29 de outubro.

OUTROS EVENTOS

A Copa dos Vales de Futsal, que teria mais uma rodada neste domingo no ginásio do Mellinho, em Lajeado, foi transferida para o dia 17 de setembro. Já a Avates cancelou a participação no torneio Internacional Ruta del Voley, que ocorre em Minas, Uruguai.

para auxiliar o povo gaúcho da forma que for possível”, emitiu em nota o Colorado.

“Solidariedade em jogo. Tu pode ajudar as vítimas atingidas pelas fortes chuvas no RS. Um pouco de cada para muito de todos”, compartilhou o Tricolor nas redes sociais.

O Juventude também disponibilizou o Estádio Alfredo Jaconi e o seu centro de treinamentos como pontos de coleta de doações.

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Clubes chegaram a trocar mensagens nas redes sociais FOTOS DIVULGAÇÃO Ezequiel Neitzke ezequiel@grupoahora.net.br Jogos do Regional Aslivata devem retornar no próximo domingo com a disputa da quinta rodada EZEQUIEL NEITZKE

Gauchão de Futsal

Liga não aceita adiamento e AlAf vAi A PAsso fundo

equipe de lajeado não conseguiu treinar na semana e precisa vencer para sair da zona de rebaixamento

Nem a calamitante situação vivida no Vale do Taquari fez com que a Liga Gaúcha de Futsal adiasse a rodada do fim de semana do Gauchão. Com isso, a Alaf tem uma importante partida neste sábado, às 19h, contra o Passo Fundo. A partida ocorre na Arena Clube Comercial com transmissão da Rádio A Hora.

As direções da Alaf e do Passo Fundo tentaram junto à Liga adiar o confronto, mas não tiveram sucesso. O argumento é de que não há datas disponíveis, uma vez que as duas equipes ainda estão na disputa da Copa dos Pampas e o Gauchão também logo entrará nas fases de mata-mata.

A equipe de Lajeado até foi pega de surpresa, pois praticamente descartava a chance de jogar no fim de semana. “Nem treinamos desde o jogo da quarta-feira passada, dia 30, pois não tivemos ginásio nesta

atletIsmo

Restando quatro jogos para o fim da primeira fase, Alaf se encontra na antepenúltima posição e atualmente estaria rebaixada à segunda divisão

semana em função das enchentes”, diz o presidente Alexandre Heisler.

Com o jogo confirmado, a Alaf precisa urgente de vitória. Restando quatro jogos para o fim da primeira fase, se encontra na antepenúltima posição e atualmente estaria rebaixada à segunda divisão.

A equipe do técnico Leandro Luciano tem 9 pontos. A disputa contra o rebaixamento é contra Afucs (11 pontos), Santa Rosa e AMF (12 pon-

tos). A vantagem da Alaf é que Afucs e AMF já disputaram uma partida a mais. Adversário deste sábado, o Passo Fundo Futsal é quarto colocado, com 26 pontos.

transmissão

A Rádio A Hora transmite a partida direto de Passo Fundo. O Concentração inicia às 18h30min e a Jornada Esportiva às 18h45min.

FutsaL unido PeLas FamíLias gaúchas

Em mobilização rápida e uniforme, todas as principais equipes do futsal gaúcho vestiram a camisa da solidariedade e iniciaram uma ação beneficente que terá toda arrecadação destinada às famílias atingidas pelas fortes chuvas que atingem o

estado. São 61 prêmios. Cada rifa é vendida a R$ 5 no rifei.com.br/rifasolidaria-enchente-rs.

coLégio teutônia ConquistA MedAlHAs no estAduAl

barreiras e medalha de bronze nos 250m e no revezamento 4x75m. Valentina Barth, que ainda é da categoria de 13 e14 anos, foi a atleta revelação da competição Sub16, conquistando três medalhas de bronze, com ótimas marcas para a idade: 1000m rasos, 1000m com

obstáculos e revezamento 4x75m. Entre os medalhistas teutonienses também estiveram Enzo Hauschild, prata no lançamento de martelo; Caíque Hergemoeller, prata no lançamento de disco e bronze no lançamento de martelo; Diogo Rodrigues, bronze nos 100m com barreiras, nos

300m com barreiras e no revezamento 4x75m; Caroline Kowalski, bronze nos 80m com barreiras e no revezamento 4x75m; Sofia Scherer, bronze no revezamento 4x75m; Sofia Bayer, bronze no revezamento 4x75m; e Cristiano Rothmund, bronze no revezamento 4x75m.

Medalhas e boas marcas foram conquistadas pelo time, com destaque para Gustavo Rothmund, campeão estadual nos 1000m rasos com o tempo de 2min44seg, quarta melhor marca do ranking brasileiro

em 2023. O jovem ainda conquistou a medalha de prata nos 1000m com obstáculos e o bronze no revezamento 4x75m.Destaque também para Miguel Janke, campeão estadual dos 75m rasos e dos 300m com

A HORA | 37 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
equipe Pg V e d gm gs sg ACBf 37 12 1 2 58 29 29 Atlântico 35 11 2 1 73 25 48 Aeu 34 11 1 2 58 31 27 Passo fundo 26 8 2 5 45 41 4 AGe 22 6 4 4 40 31 9 Horizontina 21 6 3 4 43 26 17 lagoa 20 5 5 4 49 52 -3 Guarani 19 4 7 3 33 36 -3 Assoeva 16 5 1 7 33 33 0 sercca 16 4 4 6 38 42 -4 Guarany 15 6 3 5 52 42 10 Yeesco 15 4 3 5 26 28 -2 AnBf 15 3 6 4 26 32 -6 AMf 12 3 3 8 22 40 -18 santa Rosa 12 3 3 7 32 44 -12 Afucs 11 3 2 9 22 45 -23 Alaf 9 2 3 8 29 44 -15 Avf 1 0 1 12 14 72 -58 classIFIcaÇão
Luis FeLipe Amorin Equipe de Atletismo Colégio Teutônia disputou o Campeonato Estadual Sub-16 no sábado, na Sogipa, em Porto Alegre DivuLgAção

E a enchente de 2010?

Diante de uma das maiores cheias da história do Vale do Taquari, a memória também retorna ao ano de 2010, quando a enchente dos Rios Forqueta e Fão devastou as cidades de Marques de Souza e Travesseiro.

O dia era 4 de janeiro de 2010, por volta do meio-dia, quando o nível da água começou a subir de forma rápida.

Relatos da época contam que a água invadiu as casas em menos de 1h e impossibilitou a retirada de materiais. As chuvas

vieram à noite e pela madrugada, conforme explica a edição de 6 de janeiro de 2010 do Jornal A Hora.

O grande volume de precipitações aumentou o nível dos rios que arrastaram casas. Apesar dos prejuízos, nenhuma morte foi registrada. Relatos falam que só não houve óbitos porque a enchente veio durante o dia.

Os campings, famosos em Marques de Souza, ficaram irreconhecíveis. Uma das cenas mais chocantes foi o Cemitério Católico de Tamanduá, onde as covas

Rainha da Uambla

A antiga Associação de Moradores de Bairros de Lajeado (Uambla) elegia a Rainha de 2003. A vencedora foi Giovana Beuren, do bairro Bom Pastor. O evento ocorreu no ginásio do Montanha, junto às comemorações dos 18 anos da Uambla.

Como 1ª Princesa ficou Adelaide

Klein, de Olarias, e como Simpatia, Daiana Hessler, da Cohab Moinhos. Ao todo, participaram 21 candidatas. Além da escolha da rainha, também foram organizados jogos de futsal, damas, canastra e vôlei. O bairro Florestal ficou com o título de campeão geral.

Escolinha Especial da Apae

O Jornal de Lajeado fazia um apelo à comunidade lajeadense há 50 anos. Naquele tempo, a instituição funcionava em um prédio de madeira e tinha duas professoras para atender as crianças com necessidades

especiais. Vera Lúcia Amaral e Ivone Stange Elz eram responsáveis por todas as atividades na Apae. Na época, a instituição buscava fundos para construir o prédio próprio e aprimorar o atendimento.

foram reviradas. Crânios e ossos estavam espalhados pelo terreno. Na época, os governos municipais falavam que eram necessários mais de R$ 20 milhões para recuperar pontes, estradas e pinguelas afetadas pela cheia.

Em entrevista, uma moradora de Travesseiro, Amanda Nied, de 79 anos, relembrava a enchente de 1956, que também devastou a comunidade. “Naquela época, muitos pensaram que tudo estava acabado e, no entanto, as pessoas se reergueram”.

Sábado

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é Domingo é Dia do Médico Veterinário Dia da Velocidade Dia do Cachorro-Quente Dia do Administrador Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio Dia do Gordo Santo do dia 9: São Pedro Claver Santo do dia 10: São Nicolau Tolentino
ARQUIVO A HORA ARQUIVO A HORA
ARQUIVO MUNICIPAL/JORNAL DE LAJEADO

A FORÇA DO VOLUNTARIADO

FABIANO CONTE

Jornalista e radialista

O Rádio salvou vidas

Nos momentos mais sombrios de caos e desespero, o rádio emerge como um herói silencioso, uma voz que guia, informa e une comunidades inteiras. É através das ondas sonoras desse meio de comunicação atemporal que as pessoas encontraram salvação e orientação em meio ao caos que se abateu sobre o vale. Foi pelo rádio que muitas vidas foram salvas. Quando a comunicação tradicional falha, quando a eletricidade se vai e a internet se desconecta, o rádio continuou a transmitir. Neste momento, enviamos um abraço caloroso a todos os nossos companheiros da Rádio A Hora durante o trabalho de cobertura da enchente. As fotos são a representação de nossa audiência regional. Muito obrigado.

Em meio à tragédia das cheias que assolaram o Vale do Taquari, a força do voluntariado nos dá esperança. Em um momento de profunda tristeza e desespero, está sendo possível testemunhar a capacidade incrível das pessoas de se unirem e se dedicarem à causa

da reconstrução da região. Fico emocionado em ver como indivíduos de todas as partes do estado e do Brasil se mobilizaram para ajudar. Seja através de doações de alimentos, roupas, água potável, ou, ainda mais importante, oferecendo seu tempo e trabalho voluntário, as pessoas se uniram em

uma demonstração impressionante de empatia. A força de nossa gente se tornou o alicerce sobre o qual a reconstrução do Vale será efetivada. Parabéns a todos os voluntários que se uniram para ajudar, e que essa força coletiva continue a iluminar o caminho da reconstrução e da esperança para o Vale do Taquari.

A imagem do sinal de esperança

Em momentos de adversidade e sofrimento, a religião e a fé têm o poder de unir comunidades, oferecer consolo e inspirar esperança. A imagem de uma santa, encontrada completamente intacta em meio aos destroços em Roca Sales

mostra isto. A religião desempenha um papel significativo na vida de muitas pessoas, proporcionando um senso de propósito, direção e conforto em momentos de crise.

A descoberta da imagem da santa intacta é mais do que um simples

acontecimento. É um símbolo de esperança e um testemunho da capacidade humana de encontrar conforto e inspiração na religião. Que a imagem da santa intacta continue a ser um símbolo de esperança e inspiração para as pessoas.

A HORA | 39 Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
MÍN: 13º | MÁX: 18º
Fim de semana, 9 e 10 setembro 2023
Fechamento da edição: 19h
O sábado começa com muitas nuvens e ainda há condições para pancadas de chuva, principalmente durante a madrugada e manhã.

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