AH - Agronotícias | 23 de abril de 2016

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Especial do jornal A Hora

ABRIL | 2016

Circulação mensal ANDERSON LOPES

Profissionalizar é o caminho Buscar eficiência, qualificar as etapas produtivas, aliar qualidade e produtividade são estratégias para recuperar a credibilidade, elevar a oferta de matéria-prima e o consumo e também conquistar novos mercados.

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Qualidade é a solução

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uem não priorizar esse quesito, seja no campo, no transporte ou na indústria, ficará para trás. Além disso, é preciso ser cada vez mais eficiente, transparente e planejar a atividade a longo prazo. Onde queremos chegar? Como alcançar novos mercados? De que forma estimular o consumo? e O que o consumidor busca? são questões importantes a analisar. A profissionalização de toda cadeia produtiva e a remuneração por qualidade são os principais desafios a serem superados nos próximos anos. A desistência de produtores será algo inevitável. Seja por não se enquadrarem às exigências mínimas como higiene, quantidade, mão de obra, idade avançada ou investimento em infraestrutura. O controle precisa ser permanente, assim como a criação de condições para quem qui-

O leite é a âncora do desenvolvimento da agricultura familiar do estado. Se terminar o leite, termina tudo ser continuar e avançar na atividade. Cada um precisa fazer sua parte para oferecer segurança e ter possibilidade de buscar novos mercados, tanto no país como no exterior. Para acompanhar o mercado, é necessário incentivar a capacidade de gerenciamento da propriedade para conseguir desenvolver novas técnicas de produção, adotar melhores tecnologias e produzir com a qualidade exigida pela consumidor. O crescimento da população mundial em países da África e Ásia abre um novo leque de oportunidades. O leite, por seu potencial nutritivo, terá demanda assegurada, desde que seja saudável e com procedência garantida. É preciso buscar equilíbrio entre a oferta e a demanda. O setor leiteiro deve seguir os passos de outros segmentos do agronegócio brasileiro, como o de grãos, suínos e aves, em que somos competitivos, eficientes e conquistamos novos clientes a cada dia. Existe muito espaço para crescer e nossa maior oportunidade é o mercado internacional. Para isso, fazer um planejamento de cinco a dez anos é fundamental. Se esperar muito, pode ser tarde demais.

Índice

Editorial

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Cultivo adaptado às fases da lua

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Descascador de aipim facilita trabalho

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Entrevista com Jeroen Visscher, geneticista da ISA

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Especial: Leite, eficiência para manter rentabilidade

Tenho dito A seguir, a opinião sintetizada sobre este caderno dos integrantes do grupo de discussão, que participam a cada mês da elaboração das principais pautas e temas abordados.

O principal desafio do setor é melhorar a qualidade do leite e ampliar a produtividade para atender a necessidade do mercado consumidor. Precisamos viabilizar a produção no campo com mais tecnologia para buscar novos mercados por meio de um custo competitivo de produção. Acredito que uma das tendências do setor é o crescimento da produção de leite no Brasil, principalmente no RS. Por outro lado, o número de produtores deve reduzir. Ou seja, menos propriedades com um volume maior onde a estrutura e a tecnologia são fundamentais para produzir em escala. Nos próximos dez anos, haverá uma redução de 50% dos produtores. Wlademir Dall´Bosco– Presidente da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil)

O leite é um produto saudável, nutritivo e essencial ao desenvolvimento das crianças e um ótimo fornecedor de cálcio para os adultos. É importante ter atenção ao produzir e manusear a matéria-prima. Oferecer ao cliente um produto de qualidade depende da responsabilidade de quem produz, transporta, industrializa e vende. Se todos forem comprometidos com suas atividades e tiverem os cuidados necessários em todas as etapas, teremos tranquilidade em confirmar o leite como um produto saudável e nutritivo. Um trabalho de marketing é necessário para evidenciar ao consumidor a qualidade. Gilberto Moacir da Silva – Médico-veterinário e consultor técnico

A tendência para a produção leiteira é por profissionalização lização de. cada vez mais de ponta, pois a palavra-chave é qualidade. Já os desafios são como atingir esse resultado associado à rentabilidade na propriedade rural. O mercado oscila muito e o produtor é o primeiro que perde e o último a receber o reajuste. Os investimentos somados ao custo de produção são extremamente altos. Quanto ao consumo, a tendência é de aumentar desde que o cliente encontre confiança na qualidade em toda cadeia, incluindo a gôndola.

Boa leitura

Lauro Baum – Presidente do STR de Lajeado o

Fundado em 1º de julho de 2002 Vale do Taquari - Lajeado - RS

DIREÇÃO EDITORIAL Fernando Weiss

COORDENAÇÃO Giovane Weber

Diretor Geral: Adair Weiss Diretor de Conteúdo: Fernando Weiss Diretor de Operações: Fabricio Almeida

PRODUÇÃO Giovane Weber

ARTE Gianini Oliveira e Fábio Costa

Tiragem desta edição: 10.000 exemplares. Disponível para verificação junto ao impressor (ZH Editora Jornalística)



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Agricultores apostam no estímulo da lua para garantir grãos maiores e animais saudáveis. Pesquisadores confirmam que a luz desse satélite natural ajuda a planta. Tradição perde força com o avanço da tecnologia e a genética das sementes e apenas é preservada na agricultura familiar.

Cultivo adaptado às fases da lua

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á muito tempo, a lua aguça a curiosidade do agricultor. Por gerações, o cultivo de alimentos é baseado nas fases desse satélite natural, orientando-se no aproveitamento correto da sua luminosidade. Embora menos intensa do que a do sol, penetra mais fundo no solo e pode acelerar o processo de germinação das sementes. Mesmo localizada a 384 mil quilômetros de distância da Terra, a lua influencia na vida de produtores como Bruno Guillante, 73, de Arroio do Meio. Ele aprendeu a observar a lua com os avós. “Se colher sorgo-vassoura no primeiro dia da lua nova ele é atacado por pragas. Só corto três dias antes ou depois.” Por ciclo, produz 500 vassouras, vendidas ao preço médio de R$ 21 a unidade. Segundo ele, o aipim plantado na lua nova, apesar de produzir mais, tem gosto amargo. “Também dá quando se planta em dias de vento norte.” A fase, porém, é ideal para o nascimento de leitões, outra atividade exercida na propriedade pelo filho Ilson. “Para castrar é melhor na minguante”, explica. Isto porque, segundo o agricultor, nessa fase, o animal não ‘incha’ e, dependendo da lua em que os leitões nascem, podem ficar até mais fortes. As luas nova e crescente são boas para podar o parreiral de uva. O milho que for plantado nesse ciclo fica mais bonito. De acordo com Guillante, na lua cheia dificilmente chove. “Se houver precipitação, será

GIOVANE WEBER

O segredo da lida com a terra é respeitar o tempo: o tempo de plantar e de colher. Muitos acham isso uma bobagem, mas influencia. Assim como as fases da lua para muitos é uma crença, mas basta observar para ver que modifica as formas de produzir. Bruno Guillante, produtor

intensa. Em época de seca, a lua nova sempre é a esperança de chuva. Se passar, teremos uma seca.” Ele observa as condições meteorológicas faz 15 anos e anota tudo em um caderno. “Hoje a tecnologia está avançada, mas a lua continua influenciando muito as condições do tempo e a produção aqui no campo”, afirma. Quando era mais novo, Guilante também se baseava pelo sol. Sem relógio, era pela sombra do corpo que ele e a mulher se guiavam. “Quando a sombra da cabeça chegava aos pés, era hora de ir para casa almoçar.”

Guillante planta e corta o sorgo-vassoura de acordo com a fase da lua. Além de melhorar a produtividade, influencia na durabilidade das vassouras

Tradição é superada pela genética A ciência explica que durante o dia é a vez do sol iluminar e dar força para que as plantas possam crescer. Durante a noite, é a vez da lua iluminar. Um equilíbrio importante para as culturas. “É o deslocamento da energia da luz. Então ela se propaga na atmosfera e chega aos níveis do subsolo”, aponta o engenheiro agrônomo


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Nilo Cortez. De acordo com os pesquisadores, assim que anoitece, a luz que vem da lua ajuda na circulação da seiva que existe na planta, permitindo que cresça forte. Segundo Cortez, essa tradição preservada por gerações perde força. É seguida apenas pelos agricultores familiares com idade mais avançada, que produzem apenas para subsistência. Na opinião do agrônomo, todo esse conhecimento deve ser respeitado, embora muitas vezes seja difícil plantar na fase da lua mais adequada devido às variações do tempo que não permitem o preparo do solo ou mesmo a semeadura. De acordo com Cortez, antigamente, quando as sementes não eram adaptadas às condições meteorológicas de cada região, o produtor seguia rigorosamente as fases da lua para plantar. “Hoje existem ciclos. A falta de mão de obra, cultivo em grandes áreas e uso de sementes modificadas superam a tradição.”

O plantio em cada fase

O agrônomo destaca que na lua minguante a energia ou força

contida na terra tende a descer. O período é ideal para cultivar raízes: rabanete, beterraba, cenoura, inhame, batata, cebola de cabeça (bulbos) e outras. A planta absorve menos quantidade de seiva no caule, nas folhas e nos ramos. É uma fase boa para tirar bambus, madeiras para construção e cabos para ferramentas. A durabilidade é maior e são mais resistentes ao ataque de pragas. O período também é bom para fazer desbrota (porque a plan-

As quatro fases da lua são: minguante, nova, crescente e cheia. Cada uma dura sete dias.

ta está menos concentrada de seiva, cicatriza mais rápido os ferimentos e dificulta a penetração de parasitas). Na lua nova, a seiva está em maior quantidade no caule, em direção aos ramos. Nessa fase, planta-se mais couve-comum, almeirão, cebolinha, espinafre, plantas medicinais e outras. Bom para plantar árvores destinadas à produção de madeira. A lua crescente exerce influência muito boa sobre as plantas, com isso, a seiva está presente em maior quantidade no caule, nos ramos e nas folhas. Fase boa para plantar tomate, pimentão, jiló, quiabo, berinjela, feijão – vagem, pepino, abóbora, milho, arroz, feijão e outras, sejam frutíferas, legumes ou cereais. O tomate plantado nesse ciclo produz mais, as pencas ficam mais próximas, com mais frutos. Bom para fazer enxerto e poda. A lua cheia é a fase em que a influência sobre a terra chega ao ponto máximo, mas só nos primeiros dias, pois depois sofre efeito da minguante. Planta-se: repolho, couve-flor, alface e outras. Além das hortaliças, a fase é ótima para o plantio de flores. No período, a seiva se concentra na copa da planta (ramos e folhas).

Fases da lua Lua Lua Lua cheia minguante nova

Lua crescente

A melhor fase para colher frutas é a lua cheia, pois estão mais suculentas devido à maior quantidade de seiva encontrada nos frutos.

Milho, arroz, abóbora e outros para armazenamento devem ser colhidos na minguante porque resistem mais ao caruncho. Os insetos surgem mais na lua forte.

A madeira cortada depois da lua cheia seca depressa e rende boa lenha. Na nova, não seca tão rápido, mas é mais durável e serve para os trabalhos de marcenaria.

Para ter flores bonitas, as sementes ou as mudas devem ser plantadas quando a lua estiver no signo de Libra e estiver entre a lua nova e o quarto-crescente.


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Empresário de Vera Cruz inventou máquina de descascar mandioca e conquistou o 1º lugar na categoria empresa do Prêmio Afubra/Nimeq de Inovação Tecnológica em Máquinas Agrícolas para Agricultura Familiar. Produtores aprovam iniciativa. Equipamento custa R$ 25 mil e pode ser financiado pelo Programa Mais Alimentos.

Descascador de aipim facilita trabalho C

omo forma de incentivar empresas e produtores a encontrar soluções para facilitar a vida no campo, a Afubra, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), promoveu a 3a edição do Prêmio Afubra/Nimeq de Inovação Tecnológica em Máquinas Agrícolas para Agricultura Familiar – categoria inventor – e o 2º na categoria empresa. Campeã na categoria empresa, a máquina de descascar mandioca atraiu atenção de visitantes e produtores. Desenvolvido pela Usitec, de Vera Cruz, o equipamento custa R$ 25 mil e pode ser financiado pelo Programa Mais Alimentos. Descasca até mil ramas por hora, o equivalente a 200 quilos de mandioca. “As vantagens são o baixo custo, a quantidade de material processado por dia e até a questão de higiene, pois não há contato manual”, diz André Luciano de Oliveira, empresário na área de usinagem industrial. Antes de serem descascadas, a raízes são lavadas. Depois, uma a uma é colocada na máquina. As facas se moldam de acordo com o formato. O aparelho funciona com um motor de 1cv. “A raiz sai limpa, se acumula num tanque com água e está pronta para ser embalada.” O agricultor José Adriano Bergenthal, de Venâncio Aires, aprovou o invento. “Vendemos toda produção in natura, pois descascar à mão é muito trabalhoso. Uma pessoa leva um dia para chegar ao montante da máquina em uma hora.”

ANDERSON LOPES

R$ 30 mil numa estufa elétrica para secar fumo, talvez compraria uma máquina e industrializaria a matéria-prima em casa.”

Recolhedor de pedras

De Protásio Alves, o produtor de soja Francisco José Defaveri conquistou o primeiro lugar na categoria inventor com a máquina de recolher pedras. Conforme Defaveri, que também atua na gerência de uma unidade dos Correios, a pesquisa para o desenvolvimento da novidade durou cerca de três anos. Após, mais sete meses foram necessários para a montagem. Outros inventos foram premiados. A serraria móvel, de Dilson Miguel Wiebbelling, de Gramado Xavier; o canteirador, de Camilo Kuiava, de Casca; o secador graneleiro com ar aquecido, da Rovler Indústria de Agroequipamentos, e o eletrificador para cerca rural, da Zebu Sistemas Eletrônicos.

Batata-doce

Por ciclo, cultiva 55 mil pés de aipim em cinco hectares. A produção média é de 500 caixas (22 quilos cada) por hectare. Considera o aparelho uma forma de agregar valor à matéria-prima e aumentar a rentabilidade da lavoura. “Se não tivesse investido

Bergenthal aprovou o invento. É possível descascar até 200 quilos de aipim por hora

Outra novidade foi apresentada pela Embrapa Clima Temperado. Trata-se da variedade de batata-doce que produz até 80 toneladas por hectare. Importante para a produção de biocombustível, uma tonelada do tubérculo produz até 158 litros de etanol, enquanto a cana-de-açúcar faz cerca de 80 litros. De acordo com a engenheira agrônoma Andrea Becker, a batata pode alimentar tanto pessoas quanto animais.


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ISA-Hendrix aumenta vida produtiva da ave em até cem semanas de idade. Meta da empresa de genética é alcançar a produção de 500 ovos por ave, num ciclo de 700 dias de idade, sem mudança forçada.

Entrevista com Jeroen Visscher, geneticista sênior na ISA

“Até 2020, cada galinha produzirá 500 ovos em 100 semanas”

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eroen Visscher, geneticista faz 18 anos e responsável por todas as linhagens de poedeiras no mundo distribuídas pela empresa, afirma que o melhoramento animal tem sido fundamental nos últimos 60 anos para ampliar a produtividade. “Nossa meta é chegar à produção de 500 ovos por lote alojado em cem semanas. Em 1970 essa quantidade chegava a 250 unidades em 85 semanas.” Tudo é feito por meio de um programa genético que precisa ser bem balanceado para manter o desempenho das linhagens, o que permite ao produtor ter aves de alta performance e, assim, estender o ciclo de produção. O geneticista holandês visitou a granja Cageri, de Lajeado, para apresentar as tendências de mercado. A Hendrix Genetics, com sede na cidade de Boxmeer - Holanda, é uma empresa líder em desen-

volvimento genético primário de múltiplas espécies: aves de postura, perus, suínos, peixes e crustáceos. Oferece expertise e recursos para os produtores em mais de cem países, com operações e joint ventures em 24 nações e mais de 2,5 mil funcionários no mundo todo. A Hora – Como é feita a escolha das linhagens? Jeroen Visscher – Dentro de uma linha de animais, são sempre escolhidos os dez

É um aliment alimento fantástico – delicioso e nutritivo.”

melhores exemplares. Aqueles com as melhores características – produtividade, viabilidade, comportamento, qualidade interna do ovo, da casca e a cor dela, além do consumo de alimentos. Com ajuda da tecnologia de informática, os dados de cada indivíduo são pesquisados e os melhores machos serão utilizados para se fazer o cruzamento e chegar à linhagem de descendentes que se busca obter. Em 1970, as aves produziam 250 ovos por ciclo (85 semanas). Até 2020, a nossa meta é produzir 500 ovos num ciclo de cem semanas sem fazer a muda forçada. É pelo melhoramento genético que alcançamos isso. Obter produtividade aliada a uma qualidade de casca significa dizer que a ave terá condições de esticar seu período de postura, nunca esquecendo também de cuidar da ambiência e da alimentação do plantel. Este trabalho ajuda a aumentar a durabilidade do produto nas prateleiras? Visscher – Geneticamente se trabalha a qualidade da casca. Ela é formada por paliçadas de cálcio. Nesses, existem poros e eles interferem com o intercâmbio de gases da parte interna com a externa do ovo. Pela genética, se consegue uma melhor

uniformidade dessas paliçadas. Com a melhora da altura do albume, parte transparente do ovo, com certeza conseguimos aumentar em muito a durabilidade dos ovos nas prateleiras e teremos mais tempo para que o produto chegue ao consumidor final sem correr riscos de perdas, por exemplo quando exportamos o produto de um continente ao outro. Como incentivar o consumo? Visscher – É preciso trabalhar o marketing. A população vai crescer – eles precisam de um produto, de uma proteína que seja de baixo custo, totalmente nutricional como a do ovo. Ele é tão nutritivo que é capaz de produzir um pintinho. Já ficou comprovado que o colesterol do ovo não fica retido no sangue nem no organismo. Muito pelo contrário – comer um ovo por dia lhe mantém afastado do médico, diz um ditado americano. O produto é saudável e pode ser consumido em todas as fases da vida – criança, jovem, adulto e idoso – a propaganda será fundamental para elevar o consumo – destacar as qualidade nutricionais e saudáveis. O ovo não tem restrições religiosas como a carne suína e bovina. É um alimento fantástico – delicioso e nutritivo.

Jeroen Visscher Vi Visscher se formou em 1997 como master scientist em Reprodução & ma Genética Animal na Universidade de Ge Wageningen. É geneticista sênior,

trabalha no Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento P & D do Grupo Hendrix Genetics na Unidade de Negócio das Poedeiras ISA.


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Despreocupação na hora de colher e ausência de áreas produtivas podem fazer a marcela desaparecer nos próximos anos. Especialistas destacam cuidados necessários para manter a planta e aproveitar os benefícios medicinais.

Marcela corre risco de extinção “É difícil O tradicional rito de colher marcela na Sexta-Feira Santa pode estar com os dias contados. É o que aponta estudo feito por um grupo de professores da Ufrgs sobre uma parcela das plantas medicinais mais utilizadas no estado. No livro Plantas da Medicina Popular no Rio Grande do Sul, foram catalogadas 56 espécies distintas (34 delas nativas), e a tradição de colher a marcela no feriado santo foi apontada como uma das principais causas de sua provável extinção. Segundo a técnica social e instrutora especializada no cultivo de plantas medicinais e homeopatia, Rogéria Flores, do escritório de São José do Sul, a colheita indiscriminada e a despreocupação quanto ao plantio deixa a cultura na eminência de desaparecer. “As pessoas apanham ela no período de floração, sem estar madura e o ciclo não se completa. Além de estragar, seu poder medicinal será menor.” O ideal é colher no fim de março. O fato do feriado em alguns

anos ser mais cedo e outros mais tarde influencia na preservação da planta. “Nesse ciclo a maioria das flores foi colhida verde.” O ideal, de acordo com Rogéria, é colher no fim de março, deixando algumas flores para criar sementes e possibilitar a germinação no ciclo posterior. Em 2008, a Emater lançou a Campanha Plante Marcela – A Planta Medicinal Símbolo do Rio Grande do Sul. No entanto, os resultados ficaram abaixo do esperado. “É uma planta espon-

As pessoas apanham ela no período de floração, sem estar madura e o ciclo não se completa. Além de estragar, seu poder medicinal será menor.” Rogéria Flores, técnica

tânea. Gosta de solos empobrecidos. Muitos adubam, o que não é aconselhado. Poucos têm o hábito de cultivar na horta.” A recomendação é evitar a colheita em áreas de plantações onde são aplicados agrotóxicos. Rogéria pede que as pessoas evitem apanhar as flores em beira de estradas. As plantas colhidas nesses locais acumulam altos índices de chumbo e outros metais expelidos pelos veículos.

Chá milagroso

Por mais de 50 anos, Iara Maria Mallmann (foto), 71, de Cruzeiro do Sul, segue o mesmo ritual toda Sexta-Feira Santa. Acorda de madrugada e vai em busca dos ramos que combatem má digestão, pressão alta, dores de cabeça e até queda de cabelos. A regra é sagrada: a planta não pode ser colhida depois dos primeiros raios de sol. O orvalho, ressalta, também deve se fazer presente sobre as flores para que o chá não perca parte do poder curativo. “Se essas coisas não forem respeitadas, nem adianta tomar”, garante. GIOVANE WEBER

cultivar”

Laura Ludwig, de Harmonia, mantém um dos únicos hortos de plantas medicinais do estado. Entre as mais de cem variedades cultivadas, está a marcela. Segunda ela, a planta precisa de dois anos até poder ser colhida. Cresce bem em áreas de vegetação baixa, em solos poucos adubados. “É difícil cultivar. A cada ano reduz o número de plantas, muito pelo uso demasiado de agrotóxicos nas lavouras.” Integrante de uma rota turística do Vale do Caí, recebe visitantes de todo país. A oferta do chá sempre é menor do que a demanda. Por 10g, cobra R$ 3. Conforme Laura, é preciso ter consciência e responsabilidade na hora de colher. “Pode apanhar quando a flor estiver bem amarela. Muitas vezes no feriado ela já passou do ponto ou ainda está verde. Isso compromete seus princípios ativos e sua existência.” O ideal é colher de manhã após o secar do orvalho. Não é recomendado apanhar na lua nova, pois seus benefícios medicinais estariam contidos na raiz e o chá faria menos efeito.


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CAPA

Oferecer um produto de qualidade será o passaporte para conquistar novos mercados e estimular o consumo de leite. Qualificar o processo produtivo, desde o campo até a indústria, planejar os investimentos e investir em orientação técnica são estratégias importantes para tornar o setor mais competitivo e evitar a exclusão de milhares de produtores.

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Eficiência para manter rentabilidade S

er mais eficiente, garantir máxima qualidade, fortalecer a imagem, aumentar o consumo e planejar o avanço da produção de leite para abrir novos mercados são algumas metas listadas por especialistas para a atividade crescer com segurança, equilíbrio e rentabilidade. Conforme o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, mais de cem mil famílias dependem da

renda gerada pelo leite. “Precisamos criar novos hábitos de consumo junto ao nosso consumidor. Hoje no Brasil se consome cerca de 178 litros por pessoa/ano, sendo que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 220 litros por pessoa/ ano”, expõe. Destaca a implantação de projetos de rastreabilidade e georreferenciamento para identificar a origem e levar à indús-

Precisamos criar novos hábitos de consumo junto ao nosso consumidor.” Alexandre Guerra, presidente do Sindilat

tria e aos mercados um produto mais saudável. Cita a necessidade de controlar e erradicar doenças como a tuberculose e brucelose, além de habilitar novas plantas para o comércio internacional, com foco em países como Rússia, China, Ásia e África. O RS registrou, nos últimos dez anos, crescimento de 103%, o dobro do Brasil, que aumentou 56%. A produção gaúcha de leite correspon-

de a 13% da produção brasileira. Hoje, 60% da produção gaúcha é vendida para outros estados. De acordo com o secretário-executivo da Apil, Alexandre Rota, o número de pequenos produtores reduziu nos últimos anos por motivos como dificuldade de muitos adaptarem as propriedades às necessidades técnicas da atividade, envelhecimento e falta de interesse dos


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Foco na credibilidade

Fell prioriza bem-estar para elevar a produtividade e a qualidade da matéria-prima entregue à indústria

herdeiros em dar continuidade ao trabalho. “Estamos excluindo a metade deles de forma muito rápida devido a idade, baixa oferta e falta de investimentos, que muitos vezes passam por ajustes simples na higiene e formas de produzir.” Com 97% da produção de leite vinda da agricultura familiar, em áreas

de até 20 hectares, o RS pode ter perdido mais de 20 mil produtores nos últimos cinco anos, estima a Fetag. Até 2019, outras 30 mil podem abandonar a produção porque os laticínios deixaram de recolher o leite naquelas que entregam menos de 50 litros ou onde o acesso é difícil. O desestímulo dos

produtores decorre da baixa remuneração do trabalho e do aumento dos custos de produção, agravados por falta de pagamento e falência de empresas, algumas envolvidas em fraudes. Em dois anos, 13 indústrias de leite deixaram de operar ou entraram em recuperação judicial no estado.

Campanhas publicitárias, treinamento técnico, censo e projetos para coibir fraudes estão entre as ações do Instituto Gaúcho do Leite (IGL) para contornar a crise e recuperar a credibilidade do setor. Conforme o diretor-executivo do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), Ardêmio Heineck, como o RS absorve apenas 40% da matéria-prima e o restante precisa ser vendido para outros mercados, existe a necessidade de expandir a área de atuação. Em 2016 serão atendidas quatro mil propriedades. Outra meta é diversificar a produção leiteira e elevar o número de derivados, que hoje chega somente a 50. Segundo dados da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), a comercialização de leite, queijos e derivados corresponde por 11% dos produtos vendidos. “Precisamos focar o consumidor e destacar os valores nutricionais do leite. Ter cada vez mais opções para atender diferentes gostos. ” Ao longo do ano, o IGL lança programas focados na qualidade beneficiando produtores, transportadores e indústria. Buscará a implantação de selos de qualidade, de denominação de origem e de indicação de procedência, além de projetos estruturantes nas áreas da genética, qualidade do leite e de saneamento quanto à tuberculose e brucelose bovina.



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Organizar a cadeia produtiva O presidente do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), Gilberto Piccinini, alerta que, sem uma ação organizada, induzida pelo Estado e em parceria com o setor privado, haverá uma seleção natural na atividade. Como resultado, haverá um grande movimento de exclusão de produtores que não tiverem condições de se adequar às novas exigências de mercado. Hoje, a produção de leite abrange cerca de 200 mil produtores gaúchos, dos quais 85 mil vendem o produto para a indústria, quatro mil comercializam direto para o consumidor e oito mil utilizam o leite para a produção de derivados dentro da propriedade rural. Levantamento realizado pelo IGL, Emater e Famurs revela que 60,7% dos produtores realizam a atividade em local adequado, 29,9% têm sala de ordenhas, 72,4% têm resfriado-

res e apenas 38% contam com aquecimento de água para a higienização dos equipamentos. Há deficiência de mão de obra em 46% das propriedades, reduzida escala de produção em 29,5% e restrições no fornecimento de energia elétrica em 22,8% dos estabelecimentos rurais. “Precisamos superar estes gargalos, aliando tecnologia e qualidade para conquistar o público consumidor”, apontou. O desafio nos próximos três anos, segundo Piccinini, é expandir a presença no mercado interno em 20% e começar a buscar consumidores fora do país. O presidente manifesta preocupação com a imagem negativa do leite gaúcho em virtude da Operação Leite Compen$ado. “Temos o melhor e mais fiscalizado leite do Brasil, mas com uma imagem terrível pela exposição midiática que ocorreu.”

“Pagamos o rancho do mês” O casal Lori Baron, e Laurindo Kamphorst, de Arroio do Meio, comercializa 40 litros por dia. São apenas seis vacas em lactação. Aposentados, com o preço baixo e sem oferta de mão de obra, mantêm a atividade apenas para

obter um rendimento extra no fim do mês. “Paga o rancho”, comenta Lori. Segundo ela, nos últimos anos, apenas um resfriador a granel foi comprado, por exigência do transportador. “Se precisar reformar o galpão e comprar

máquinas, desistimos amanhã.” Devido às exigências da integradora, o mesmo ocorreu com a avicultura, atividade abandonada após 12 anos. “Não garantem valor mínimo. Na nossa idade não tem mais como arriscar”, comenta Laurindo.


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CAPA

FELIPE NEITZKE

MARÇO/2016

Mecanização avança Genética, boa alimentação, cuidados sanitários e instalações modernas. Na propriedade da família Fell, em Estrela, tudo é planejado para que as vacas produzam com qualidade e em quantidade. O rebanho chega a 140 animais, sendo 120 em lactação. Por dia, são entregues à indústria 4,5 mil litros. O valor pago por litro chega a R$ 1,30. São realizadas três ordenhas em 24 horas. Parte do rebanho fica confinado no sistema chamado free stall. Nele, a vaca fica alojada em galpões com piso de concreto, revestido de borracha e dividido em baias individuais. O local também é equipado com ventiladores e aspersores que refrescam o ambiente. Para aumentar o conforto e a produtividade, a família aplicará R$ 300 mil no sistema americano de confinamento total compost barn. “Melhora o bem-estar dos animais e os índices reprodutivos e de produtividade”, afirma Rodrigo, 27. A falta de mão de obra qualificada para auxiliar no trabalho diário fez a família investir em novas tecnologias, máquinas e terceirizar serviços como a confecção de silagem. O sistema de ordenha foi importado da Alemanha. Cada animal é ordenhado em seis minutos. Na tela do computador, Rodrigo acompanha o rendimento, alterações no comportamento e doenças. “Com a mecanização, conseguimos suprir a falta de trabalhadores, elevar a produção e a qualidade.” Critica a ausência de cursos profissionalizantes voltados para o agronegócio em áreas específicas nas instituições de ensino do Vale do Taquari. “A gente não consegue encontrar profissionais com perfil que buscamos. Tem que operar máquinas, fazer contas, saber aplicar medicamentos, elaborar a dieta alimentar. Sem mão de obra qualificada, muitos produtores desistem da atividade.” Rodrigo, que cursa Administração, projeta instalar robôs para fazer a ordenha e a alimentação do rebanho até 2026. O irmão Leandro, estudante de Veterinária, retorna à propriedade para ajudar a desenvolver o projeto após a formatura. Hoje, estagia em uma das maiores fazendas leiteiras do país, em São Paulo. Há 1,6 mil animais alojados e a produção diária é de 60 mil litros. A meta com o sistema robotizado de confinamento é elevar a produtividade para 40 litros por animal — a média estadual é de 12 litros por animal.

Para Heisler, é fundamental cuidar da alimentação e melhorar a genética do rebanho para aumentar os ganhos

Qualidade e investimento garantem melhor retorno

A melhora na infraestrutura há cinco anos garante maior qualidade e reduz a queda no preço pago nas horas de crise Moisés Heisler, produtor

Enquanto alguns pensam em desistir, há quem tenha otimismo. Moisés Heisler, de Boqueirão do Leão, trabalha com produção leiteira faz 30 anos. Em 2010, a família investiu R$ 50 mil na construção de uma nova sala de ordenha e resfriador a granel, adaptando o sistema às normas vigentes. “Cuidamos da qualidade e não somente da quantidade.” Incentivados pela cooperativa, investiram também em genética e renovação das pastagens.

O valor recebido pelo litro em março foi de R$ 1,06, com projeção de chegar a R$ 1,20 em maio. Com 28 vacas em lactação, o volume captado por dia é de 400 litros. “O preço pago não acompanha os custos. Demora para obtermos retorno, mas a gente gosta da atividade e por isso não abandona. É um salário mensal.” Heisler pretende manter a aplicação constante de recursos em máquinas e infraestrutura, além de cuidar da sanidade do produto produzido.

Perfil da cadeia no RS – Segundo maior produtor do país – 94% dos municípios gaúchos produzem leite – Existem 198,4 mil propriedades – A produção diária chega a 13 milhões de litros – Volume produzido aumentou 24,07% entre 2010 e 2013 – Setor representa 7% do PIB – Apenas 62,4% da capacidade instalada de industrialização é utilizada

Com a mecanização, conseguimos suprir a falta de trabalhadores, elevar a produção e a qualidade. Rodrigo Fell, produtor

– São 2,1 mil empresas atuantes no beneficiamento ou processamento – Vale do Taquari tem mais de sete mil produtores – É responsável por 8% da oferta gaúcha – Consumo per capita no país é de 172 litros (200 milhões de pessoas) Fonte – Emater, IGL e Mapa


MARÇO/2016

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