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FERREIRA Batendo na mesma tecla

CEO do Grupo Scapini e diretor da Fetransul

Cooperativismo: a chave da mudança no Vale Taquari

Andando pelas cidades do Vale do Taquari, é possível notar muitas coisas além do aspecto cultural vindo dos povos de descendência alemã, italiana e açoriana, pude encontrar diversas cooperativas. E pesquisando foi possível encontrar um leque diversificado de cooperativas nos 40 municípios que compõem o Vale, as quais são destinados aos mais variados setores da economia. Desde cooperativas agrícolas, até infraestrutura e saúde, o cooperativismo aqui se manifesta em diferentes formas e propósitos.

Tentando entender um pouco mais sobre esse mundo, descobri que apenas no Rio Grande do Sul, houve um salto no número de associados das 423 cooperativas gaúchas, passando de 3,01 milhões para 3,2 milhões em 2021, o que reforça a confiança da sociedade nesse sistema. No Vale, durante o mesmo período, a quantidade de integrantes cresceu 11% e chegou a 439.937.

No entanto, o cooperativismo no Vale do Taquari vai além. Ele se insere no tecido social da região. Ao todo são 18 cooperativas, que somaram um faturamento de R$ 6,5 bilhões, em 2021, um pouco mais do que 1% do PIB do Rio Grande do Sul.

Otema lixo – separação, descarte, coleta e reciclagem – é uma pauta permanente. E é importante que assim seja. Na sexta-feira, o presidente da Cooperativa de Recicladores do Vale do Taquari, Diogo Couto, e a bióloga coordenadora do Jardim Botânico de Lajeado, Edith Ester Zago de Melo, participaram do quadro meio ambiente no programa Vale em Pauta da Rádio A Hora 102.9. Conforme os relatos, boa parte dos cidadãos lajeadenses não separa os resíduos e não observa o dia da coleta seletiva. Os resíduos misturados reduzem muito o volume a ser reciclado. Vale lembrar que toda a separação no aterro sanitário é feita de forma manual pelos cooperados da Coorevat. Embora usem os equipamentos de proteção individual, estão expostos ao mau cheiro e ao manuseio de todo o tipo de lixo. A cada dia chegam, em média, 57 toneladas de resíduos sólidos ao aterro sanitário. Desde total, entre 3% e 5% são reciclados. Se as pessoas fizessem a separação e descarte corretos, 75% poderia ser reaproveitado e apenas 25% seria o rejeito.

De olho no óleo

A campanha “De olho no óleo: uma receita sustentável”, fez a entrega dos primeiros selos Estabelecimento Verde. Criada pela administração municipal de Venâncio Aires, reconhece as empresas que repassam o óleo saturado para escolas municipais. As instituições, que também recebem óleo de cozinha, viabilizam a reciclagem e recebem recursos para investir nas escolas.

Pomar urbano

Mais de 50 mudas de árvores frutíferas foram plantadas no bairro São Bento, em uma área verde na rua Décio Martins de Azevedo. A iniciativa Pomares Urbanos faz parte do Programa Mais Verde da administração municipal de Lajeado. Em um futuro não muito distante, os moradores poderão colher bergamotas, goiabas e uvaias.

Por

Arroio do Meio lançou o projeto Resíduos pela Vida. O objetivo é conscientizar a comunidade sobre a importância e necessidade do descarte correto. O ponto de coleta está instalado em frente à secretaria de Educação e recebe plástico e papelão. O valor arrecadado com a venda dos recicláveis será destinado à Liga Feminina de Combate ao Câncer.

Investir para colher

O Centro Municipal de Ensino Fundamental Leonel de Moura Brizola (Cemef), de Teutônia, foi uma das instituições de ensino ganhadoras do prêmio Viver Cidades. Por meio de votação, com participação dos alunos, ficou decidido investir o prêmio de R$ 1 mil em ferramentas, utensílios e mudas para melhorar ainda mais a horta, o jardim e o pomar. A instituição foi selecionada com o projeto Cemef sustentável: cuidando e preservando vamos escrever um novo futuro.

Pelos animais

A ong Os Salvadores, de Taquari, divulgou a agenda de castrações para julho. Os atendimentos serão nos sábados de julho, dias 1º. 8, 15, 22 e 29. Outras informações acesse o site www.salvadores.com.br ou entre em contato pelo e-mail salvadoresdeanimais@ gmail.com

Assim como em qualquer movimento social, há desafios e contradições a serem enfrentados. Tenho informações que o acesso ao crédito é limitado, e a burocracia que existe nos processos ainda são obstáculos recorrentes para o desenvolvimento dessas cooperativas. Além disso, a diversidade de interesses e visões entre os membros pode levar a conflitos internos, exigindo habilidades de mediação e liderança por parte dos gestores.

Apesar de algumas dificuldades, o cooperativismo segue firme, sustentado pela convicção de que juntos somos mais fortes. Essas cooperativas são verdadeiras protagonistas de uma transformação silenciosa, mas poderosa, que ocorre entre as cidades dessa região tão importante.

O que pude perceber é que o cooperativismo aqui não se resume apenas a números e resultados econômicos, embora eles sejam impressionantes. É uma filosofia de vida que valoriza a cooperação, a solidariedade e a responsabilidade social. É um movimento que coloca as pessoas em primeiro lugar e que busca construir uma sociedade mais justa e igualitária.

Às 18 cooperativas se dividem em 5 ramos: o Agropecuário, com 6 cooperativas; o de Crédito, com 4; o de Transporte e Infraestrutura, ambas com 3; e o ramo da Saúde, com 2. Além de tudo, apenas em 2021, o número de carteiras assinadas nas cooperativas do Vale do Taquari cresceu 8,3%. Respectivamente, os ramos agropecuários e crédito, cresceram 51% e 24%, no mesmo período.

Por ser um empresário do ramo de transportes, pude identificar e sentir afinidade com algumas delas, principalmente as de transporte e de crédito. Quero destacar a iniciativa da Transpocred, que atua de maneira forte dentro do setor de transporte rodoviário de cargas, oferecendo linhas de crédito para eles. Atualmente, ela está presente em toda região sul brasileira e possui mais de 40 mil cooperados.

O cooperativismo não é uma simples prática econômica, ele representa só no Rio Grande do Sul um pouco mais que 12% do PIB gaúcho (2021: R$ 582,968 bilhões), com um faturamento de R$ 71,2 bilhões. No cenário econômico do Vale do Taquari, as cooperativas desempenham impulsionam o desenvolvimento local e proporciona inúmeros benefícios para a comunidade. Elas oferecem oportunidades de trabalho digno e remunerado, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população local. Assim, criando um ciclo virtuoso de prosperidade.

A valorização dos produtos locais é outro benefício que não apenas ajuda os cooperados, com a garantia de melhores condições de comercialização, mas também fortalece a imagem da região como um polo de excelência em diversos setores. Durante as minhas pesquisas, não pude ficar mais satisfeito com as informações que pude absorver, o cooperativismo se revela como uma alternativa promissora para a construção de uma economia mais justa, inclusiva e próspera. Que as sementes plantadas pelas cooperativas de todo país continuem a florescer, trazendo frutos abundantes e duradouros para todos nós.

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