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Mostrar-se ao mundo

Tornar-se visível, sabendo que o tempo não faz escolhas, talvez seja uma das maiores dificuldades encontradas pelo ser humano. Enquanto alguns são venerados, elogiados e tornados famosos; outros vivem em total esquecimento. Estará o mundo conspirando contra eles? Haverá alguma razão, quiçá desculpa, para isso? Responder tais perguntas, não pode ser uma decisão impetuosa. Pelo contrário, uma vez que nem sempre o inadequado é ruim, exige muita reflexão.

Na normalidade das pequenas ações do dia a dia, a fim de tornar nossas escolhas mais adequadas, temos de treinar nossa musculatura. A partir disso, assumir o papel de vítima, pode ser devastador para a nossa vida. Pergunto: por que tantas pessoas preferem culpar as circunstâncias e os outros pelos problemas de suas vidas? Desejar visibilidade e mostrar-se ao mundo, não pode estar vinculado, apenas, com a necessidade de fazer escolhas. Diria: temos o direito - talvez o dever - de nos insurgirmos contra a situação, mas jamais contra as circunstâncias e as pessoas.

O fato de muita gente ter orgulho de se vitimizar, a fim de não se mostrar ao mundo, chega a ser irônico. Dentro de uma bolha, isso pode até parecer interessante. Mas está longe de ser algo inteligente. Embora o mundo frenético em que vivemos nos desencoraje, se não quisermos prejudicar nossa visibilidade frente aos outros; é necessário, tal virtude do discernimento, tolerar pequenos contratempos.

Gostos, sejam quais forem, podem ser refinados. Dividir nosso caminho com quem divergimos, tem grande potencial de nos fazer crescer. A partir dessas afirmativas, questiono: as pessoas, muitas vezes rotuladas como inimigas, merecem elogios? Poderão ser responsabilizadas por tornarmo-nos mais visíveis? Queiramos ou não, é nesse espaço/tempo, onde o nosso ‘eu’ se curva ao imenso oceano das diferenças; que podemos governar a nossa liberdade. Uma vez educado o ‘eu’, fica facilitado o processo de treinar a musculatura para suavizar nosso tirano interno. A partir disso, aquele suposto inimigo, no imaginário responsável pela nossa invizibilização; passa a ter seu valor. Sejamos venerados, elogiados, famosos - ou não; viver é uma eterna luta contra o desconforto. Bem como, entre eu devo e eu quero. Esse cenário, se bem compreendido, nos faz descobrir o mistério que os outros representam. Não lhes responder no mesmo tom significa dizer: esse problema é seu, não meu. Portanto, se você considera calúnia aquilo que o outro lhe diz, talvez ainda não consiga se mostrar ao mundo como gostaria. Se for verdade, é hora de repensar suas ações.

Enfim, entendendo que nossas práticas do dia a dia devam ser mais duradouras e menos fugazes, apresento um último questionamento: dificilmente nos zangamos com o nosso mau humor. Por que o fazemos com o dos outros? Entendendo que sentimentos desconfortáveis fazem parte da vida, que o silêncio pode ser uma grande arma contra a mediocridade, tomo a liberdade de afirmar: é preciso ter a sabedoria de ignorar a ignorância e se mostrar ao mundo sem vitimizações. É simples assim!

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