Documento A Hora - 28 e 29/01/2023

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DESAFIOS DO ENSINO

Aproximar a formação das necessidades reais do mundo do trabalho, despertar nos jovens o apreço pelo aprendizado constante e auxiliar no desenvolvimento de habilidades socioemocionais. A sociedade contemporânea está em plena transformação e o sistema educacional precisa acompanhar essa mudança. No Vale, poder público, iniciativa privada e academia despertam para esta necessidade.

JANEIRO /2023

O DILEMA DA EDUCAÇÃO

Prioridade nos discursos e poucas ações na prática.

Por mais que a sociedade seja unânime em afirmar que o ensino e a aprendizagem são os propulsores da transformação, há lacunas em diferentes esferas, dos investimentos das gestões públicas ao engajamento das famílias.

Nos embates de como elevar a qualidade do ensino, em especial na rede pública do Estado, tentativas se somam ao longo das últimas décadas. Sem continuidade, muitas ações ficam pelo caminho.

Diante das gerações nativas digitais, gestores públicos, espe-

cialistas, diretores e professores se questionam: qual o modelo de ensino para esse momento?

Avanços tecnológicos, acesso instantâneo às informações e necessidade de equilíbrio entre o lúdico e o conteúdo – algo em curso antes de 2020 e acelerado pela pandemia – exigem adaptações e formas mais eficientes de transmitir o conhecimento.

Por parte do mercado de trabalho, um alerta: a falta de pessoas com qualificação dificulta o avanço para preencher vagas. Algo com impactos no desenvolvimento econômico e social do país, do estado e também da região.

ENSINO SUPERIOR À PROCURA DE ALUNOS

TRANSFORMAÇÃO

HÁ DEZ ANOS, UNISC TINHA QUASE 13 MIL ACADÊMICOS. NO ÚLTIMO SEMESTRE DE 2022, ERAM CERCA DE 8 MIL ALUNOS

Instituições de Ensino Superior verificam queda constante no número de ingressos. Fenômeno começou em 2015, a partir de mudanças no Financiamento Estudantil (Fies).

Nas duas universidades comunitárias dos vales do Rio Pardo e Taquari, essa redução também ocorreu.

Hoje, 52% dos contratos do Fies não foram pagos. Tendo em vista que 70% dos acadêmicos no país estão em universidades da rede particular ou comunitária, com as restrições do financiamento, estudantes no fim do Ensino Médio têm menos chances de acessar os recursos federais.

De 2015 para cá, a taxa de novos acadêmicos continua abaixo do esperado. Pelo Censo da Educação Superior, 42% das vagas em instituições de Ensino Superior estão ociosas.

Para o professor Rolf Fredi Molz,

pró-reitor Acadêmico da Unisc, esse é um dos motivos para a escassez de profissionais capacitados. “O equilíbrio entre formação e demanda do mercado passa pela necessidade da retomada de financiamento aliada a um trabalho no Ensino Médio, visando a redução da evasão e integrando ao Ensino Superior”, aponta.

É preciso mostrar as possibilidades de crescimento pessoal, associadas às oportunidades de carreira já na formação básica. Para tanto, o cenário macroeconômico precisa se equilibrar. “As crises políticas, institucionais, reverberaram sobre o mercado e afastaram os alunos. Com a necessidade deles ingressarem no trabalho, muitas vezes em postos precários e de pouca chance para avanço pessoal e profissional, a formação fica em segundo plano.”

A universidade é uma das instituições mais antigas da humanidade, data de 1080. Surgiu em Bologna, na Itália. Enquanto isso, as primeiras empresas nasceram pouco mais de 500 anos depois, em países como Holanda e Inglaterra.

Ao longo de mil anos, as escolas superiores precisavam se adaptar. Primeiro com a imprensa, invenção de Gutenberg. Ali se mudou a forma de armazenar o conhecimento. Em vez dos manuscritos, chegaram os livros e as bibliotecas passaram a ser a maior fonte de pesquisa da humanidade.

Hoje, quase todo esse conhecimento está na palma da mão. A internet, as ferramentas de busca, de armazenagem de con-

teúdos por meios digitais, trazem uma nova revolução, com interferência sobre a forma de ensinar, de aprender e de acessar informações.

“A universidade também está em um novo período de reinvenção. Não há uma resposta pronta. De como vai ser. E há muitas tentativas. Isso no mundo inteiro”, ressalta o ex-reitor, presidente da Fuvates, mantenedora da Univates, Ney Lazzari.

A aposta hoje é tornar as aulas um modelo híbrido. “Nem o presencial integral como foi até pouco tempo e nem o totalmente à distância. É uma mistura dos modelos, e com novas metodologias que incluem o trabalho em equipe. E que as pessoas aprendam e ensinem umas as outras.”

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TEXTOS Filipe Faleiro Bibiana Faleiro
PRODUÇÃO EXPEDIENTE COORDENAÇÃO EDITORIAL IMPRESSÃO ARTE E DIAGRAMAÇÃO Lautenir Azevedo Junior
Rodrigo Martini Filipe Faleiro Grafica Uma/ junto à Zero Hora
EM ANDAMENTO
UNIVATES CRIOU O “AULA+”, EM FORMATO PRESENCIAL E REMOTO, COM ANTECIPAÇÃO DE ATIVIDADES PRÁTICAS EM MEIO À TEORIA LUCAS GEORGE WENDT ROLF FREDI MOLZ PRÓ-REITOR ACADÊMICO DA UNISC NEY LAZZARI PRESIDENTE DA FUVATES, MANTENEDORA DA UNIVATES Silvia Marta de Vargasv Edi Fassini Confira a entrevista de

MÉDIA MENOR NO VESTIBULAR AMADURECIMENTO

Coordenadora dos cursos técnicos da Univates, Edi Fassini, acredita que muitas dificuldades emocionais passam pela relação familiar. “A juventude de hoje está adolescente durante mais tempo. A maturação é mais tardia. Muito por culpa nossa, de pais, avós, que protegemos muito e não deixamos eles escolherem, errarem e aprenderem. Só assim descobrimos nosso próprio caminho.”

TARDIO

TEMOS ALUNOS

EXÍMIOS NA TÉCNICA

NOTAS

Em dez anos, a Univates vê cair em quase 50% a nota média dos vestibulandos. Em 2012, os ingressos pontuaram 41,5. No processo seletivo da metade deste ano, foi para 26,8. Para além das mudanças no formato das provas e na avaliação, também há uma condição de perdas de aprendizagens, destaca Ney Lazzari.

“Há uma queda perceptível na qualidade dos egressos. Pegamos o curso de Medicina por exemplo. Todos entram pela nota do Enem. Há oito anos, a média era muito maior do que hoje.”

Para ele, não se trata só do conhecimento específico, mas também de um perfil geracional. “Há outras formas de encarar a vida e o mundo. Outras formas de lidar com as dificuldades. Junto com isso, os jovens hoje têm um número maior de possibilidades. Tem mais informa-

ção, algumas duvidosas, para não dizer falsas. Isso faz com que eles tenham mais dúvidas, mais incertezas, mais medos.”

As angústias aparecem nas escolhas, na falta delas, assim é necessário um acompanhamento maior desse acadêmico, afirma Lazzari. Ainda assim, realça que muitos estudantes se descobrem no curso superior. “Nem sempre a nota baixa vai representar insucesso na vida profissional futura. Agora, sem dúvidas, há lacunas que precisarão ser superadas.”

DESEMPENHO DO ENEM

O conhecimento, realça, vai além de saber Matemática, História ou Física. Há aprendizados vindos com a vivência, com a comunicação, com noções sobre onde está o indivíduo, o perfil geográfico, territorial e social. “Saber disso, saber observar a vida, ter condições cognitivas de se colocar naquela realidade, faz com que o indivíduo consiga dar conta, seja do seu propósito ou do sustento.”

Ensinar a aprender e a pensar. Para Edi, essa é a função primordial, tanto por parte da família, quanto do professor. “Quem não aprende a pensar, será um repetidor de tarefas. Isso eu, enquanto professora, não quero para meus alunos.”

Para haver capacidade em estabelecer relações, entre buscar conhecimento e aplicar no trabalho, é pre-

NÚMERO DE ALUNOS

Unisc

2022: 6.192 nos cursos de graduação na modalidade presencial e à distância. No total, são mais de 8 mil alunos em toda Apesc Educação.

MANUAL, MAS SE SURGE ALGO DIFERENTE DA SUA ROTINA, PRONTO, O EQUILÍBRIO EMOCIONAL ACABOU.”

• Em 2012: 11.308 alunos nos cursos de graduação na modalidade presencial e a distância. No total, eram mais de 12,5 mil alunos em toda Apesc Educação

Univates

2022: 9.135 alunos (4.026 graduação presencial/ 2.101 de graduação EAD/ 1.065 de pós-graduação/ 1.107 de cursos técnicos/ 836 de educação continuada)

ciso também treinar as condições emocionais. “Temos alunos exímios na técnica manual, na aplicação de alguma tecnologia, mas se surge algo diferente da sua rotina, pronto, o equilíbrio emocional acabou e ele não sabe mais o que fazer.”

2012: 13.384 alunos (8.765 alunos de graduação presencial/ 533 de pósgraduação/ 1.225 de cursos técnicos/ 2.861 de educação continuada)

ALIAR TEORIA E PRÁTICA

No centro das análises quanto a metodologias, duas reflexões parecem fazer sentido frente aos novos tempos. Começa por antecipar aspectos do mundo do trabalho em meio ao ensino básico e, a segunda, propor aprendizado por meio da solução de problemas.

Junto disso, é possível ramificar as experiências, com conteúdos inclusive sobre aspectos comportamentais, emocionais, a partir de um esforço cada vez mais presente para o trabalho em equipe, avalia Edi Fassini.

Em todos os setores, da área de saúde aos tecnólogos em informática, manutenção, construção civil ou mecânica, os educadores também têm a tarefa de potencializar atributos humanos, como relacionamento interpessoal, comunicação e escuta ativa, afirma Edi.

“Todos precisam compreender, empresários, alunos, famílias, que quem aprende a pensar, quem aprende a se comunicar, terá mais condições de atender as metas da empresa ou mesmo os próprios objetivos pessoais e profissionais.”

NAS DUAS MAIORES UNIVERSIDADES DOS VALES DO RIO PARDO E TAQUARI, METODOLOGIAS PASSAM POR REANÁLISE, COMO FORMA DE GARANTIR EQUILÍBRIO ENTRE PRÁTICA E TEORIA

VITÓRIA GIOVANELLA

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EDI FASSINI COORDENADORA DOS CURSOS TÉCNICOS DA UNIVATES
DA UNIVATES CAÍRAM PELA METADE EM DEZ ANOS
MÉDIAS NO VESTIBULAR
NATALIA NISSEN
Provas "Proficiência média" Nota mínima Nota máxima Linguagens 501,83 295,2 826,1 Ciências Humanas 519,61 311,6 846,9 Ciências da Natureza 491,05 307,6 867,1 Matemática 533,72 310,4 953,1 Redação 634,16 Zero (95,7 mil zeraram) 1.000 (22 conseguiram a nota máxima. Menor número desde 2013)
Provas "Proficiência média" Nota mínima Nota máxima Linguagens 520,5 287,5 802,6 Ciências Humanas 536 317,4 859,1 Ciências da Natureza 482,3 316,5 871,3 Matemática 493,9 309,7 991,5 Redação 541,9 Zero (mais de 290 mil zeraram) 1.000 (77 tiraram
máxima) 2021 2016
nota
Ney Lazzari Silvia Marta de Vargasv Edi Fassini Confira a entrevista de Edi

TEMPO DE FORMAÇÃO VERSUS RESULTADOS IMEDIATOS

Aduração dos cursos superiores, os anos de aprendizados até o diploma, parece se contrapor às necessidades do mundo moderno. Em nível global, os setores produtivos e as próprias sociedades questionam esses quatro, cinco ou seis anos de formação.

Inclusive, crescem movimentos para cursos livres, ou de curta duração, feitos pensados para determinado segmento produtivo, ou mesmo empresas.

Para a vice-reitora da Univates, Fernanda Storck Pinheiro, o imediatismo da vida moderna precisa ser questionado. “A gente vive um momento em que parece que todas as entregas têm de ser imediatas. O retorno de qualquer investimento, seja de tempo, de energia ou de dinheiro, precisa ser em curto prazo.”

Neste contexto, cursos livres surgem como alternativas para desenvolvimentos de habilidades específicas. “Precisamos entender o que o estudante quer. Se trata de uma rápida colocação no trabalho? Então os cursos livres são alternativas potentes para certas habilidades. Agora, se trata de profissão regulamentada? Então há uma formação mais aprofundada.”

Para ela, há expectativas dissociadas entre o mercado e o futuro trabalhador. Essas diferenças passam pelo tempo de formação e patamar

PRECISAMOS ENTENDER O QUE O ESTUDANTE QUER. SE TRATA DE UMA RÁPIDA COLOCAÇÃO NO TRABALHO? ENTÃO OS CURSOS LIVRES SÃO ALTERNATIVAS POTENTES PARA CERTAS HABILIDADES. AGORA, SE TRATA DE PROFISSÃO REGULAMENTADA?

ENTÃO HÁ UMA FORMAÇÃO MAIS APROFUNDADA.”

de remuneração. “Um profissional com mais formação está em outro patamar de faixa salarial. Agora, o mercado espera qualidade, mas o que está disposto a pagar?”. Apesar desse impasse, a vice-reitora da Univates afirma: “isso não quer dizer que as expectativas não possam ser atendidas. Para tanto, precisamos de clareza entre os lados.”

MAIS PONTES, MENOS MUROS

ATIVIDADES VOLTADAS

ÀS EXPERIÊNCIAS

ESTÃO NA BASE DA METODOLOGIA DO AULA+

TEMOS CINCO CURSOS DE TI. NENHUM DELES PREENCHE AS VAGAS ABERTAS EM CADA SEMESTRE. PARA CADA UM, SÃO ATÉ SEIS ANOS DE FORMAÇÃO. AS EMPRESAS NÃO PODEM ESPERAR ESSE TEMPO. ENTÃO, DE MANEIRA CONJUNTA, FORMULAMOS ESSE CURSO. ELE NÃO É SUPERIOR, NÃO DÁ DIPLOMA NO FIM, MAS UM CERTIFICADO DE CONHECIMENTO”

Aproximar setores produtivos das instituições de ensino. Manter um fórum permanente de diálogo tanto para acelerar oportunidades de trabalho quanto para dotar empresas da região de pessoas com mais qualidade.

Tais movimentos se mostram necessários tanto para a indústria, ao comércio e serviços. Um dos exemplos começou neste ano, por meio do CRIE Tecnologia da Informação. O curso intensivo de dez meses formou a primeira turma neste mês. Dos 32 estudantes que começaram, 24 concluíram. Todos foram absorvidos pelas empresas da região.

A ideia surgiu a partir de um dos braços do Pro_Move Lajeado. Empresários de TI junto com a Univates traçaram um diagnóstico sobre o segmento. Foi estimado um déficit de 550 vagas de trabalho sem pessoas com conhecimento para assumir.

FORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO FOI ORGANIZADA PELA UNIVATES JUNTO COM EMPRESAS DO SEGMENTO

“Temos cinco cursos de TI. Nenhum deles preenche as vagas abertas em cada semestre. Para

cada um, são até seis anos de formação. As empresas não podem esperar esse tempo. Então, de maneira conjunta, formulamos esse curso. Ele não é superior, não dá diploma no fim, mas um certificado de conhecimento”, conta o presidente de Fuvates, Ney Lazzari.

Até mesmo o formato de pagamento das aulas foi uma aposta. Os formados só começam a pagar pelo curso quando tiverem salário dentro da área. Um outro resultado foi a continuidade dos estudos. Metade dos formados se matricularam em cursos regulares. Vão aproveitar algumas disciplinas do CRIE TI para o superior em Engenharia de Software, Análise de Dados e outros na área de tecnologia. Esse modelo, conta Lazzari, será levado para outras áreas. Para empregos ligados à marketing, comunicação e publicidade. “Temos grupos estudando essas possibilidades. Será um pouco de tentativa e erro para buscar esses formatos, com um olhar de atender necessidades das empresas em menos tempo.”

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FERNANDA STORCK PINHEIRO VICE-REITORA DA UNIVATES DIVULGAÇÃO NEY LAZZARI PRESIDENTE DE FUVATES

OPORTUNIDADES AOS JOVENS

De acordo com a gerente de Recursos Humanos da Docile, Anete Diehl Martins, a empresa tem vagas permanentes e busca profissionais de diferentes perfis. “Gostaríamos do Ensino Médio completo, mas sabemos que não é uma realidade da nossa região”, destaca Anete.

A profissional observa dificuldades na hora de contratar funcionários de áreas técnicas como mecânicos, eletricistas, eletromecânicos, Tecnologia da Informação. Em geral, estudantes entram na empresa por meio de estágios ou pelo programa Jovem Aprendiz e podem, depois, serem efetivados. Esse público, diz Anete, querem avaliações mais constantes, optam por atividades ligadas a algum propósito pessoal. Além disso, são mais imediatistas.

Anete destaca uma parceria entre a Docile e o Senai com a formação de 50 aprendizes direcionados para a indústria de alimentos, que podem ser inseridos na empresa, no início, em vagas operacionais ou assistentes de produção.

O QUE DIZEM AS PROFISSIONAIS

Na Florestal Alimentos, há vagas abertas tanto para o setor produtivo quanto de apoio e administrativo. Nas qualidades, a busca por pessoas comprometidas, responsáveis e dispostas a aprender. “Avaliamos o perfil comportamental, pois conhecimento técnico é algo que conseguimos oportunizar”, destaca a supervisora de Recursos Humanos, Joice Carolina Markus Michels. De acordo com ela, é importante uma empresa buscar profissionais com experiências diferentes, para que ocorra a interação e criação de novas ideias e inovações. Joice percebe, hoje, um perfil de jovens diferente do passado. Hoje, eles são mais dinâmicos, com acesso a informação, e com facilidade em aprender.

INCENTIVO À FORMAÇÃO

Preocupada com a educação, a Florestal Alimentos possui um programa de auxílio aos funcio-

nários que cursam graduação, pós-graduação ou cursos técnicos. Além disso, são oferecidos cursos externos e dentro da companhia. A busca constante por conhecimento é importante para o desempenho diário das atividades e para o desenvolvimento do funcionário e da empresa, afirma Joice. Oportunizar acesso à educação é fundamental para oportunizar crescimento. “Investimos nessa área, pois entendemos que preparar nossos funcionários, além de promover o desenvolvimento pessoal, também torna o trabalho mais eficiente, contribuindo para a diminuição de rotatividade na empresa”, destaca. Hoje, a Florestal emprega 1,4 mil funcionários diretos em três unidades de produção e em lojas próprias no RS.

PLATAFORMA ONLINE DA DOCILE COMPARTILHA CONTEÚDOS DE ESTUDO PARA TÉCNICOS EM MECÂNICA, ELETRICISTAS, ELETROMECÂNICA E TI

UNIVERSIDADE DENTRO DA EMPRESA

A Docile empresa implantou em outubro de 2021 a Universidade Docile, uma plataforma de ensino online com trilhas de treinamentos obrigatórios para cada função. Há conteúdos sobre TI, negociação, vendas ou autoconhecimento livres aos funcionários. O acesso também pode ser feito fora da empresa.

TEM SIDO UMA

EXPERIÊNCIA

JOICE MARKUS MICHELS SUPERVISORA DE RH DA FLORESTAL

ENTENDEMOS QUE PREPARAR NOSSOS FUNCIONÁRIOS TORNA O TRABALHO MAIS EFICIENTE E DIMINUI A ROTATIVIDADE”

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“Tem sido uma experiência interessante, um engajamento crescente a cada mês, mas ainda é um desafio”, destaca Anete. A profissional acredita que mesmo quem já entra na empresa com experiência deve se manter atualizado e se qualificar. ANETE DIEHL MARTINS GERENTE DE RH DA DOCILE
INTERESSANTE, UM ENGAJAMENTO CRESCENTE A CADA MÊS, MAS AINDA É UM DESAFIO”
APRENDIZADO POR MELHORES RESULTADOS
FLORESTAL BUSCA POR PESSOAS COMPROMETIDAS, RESPONSÁVEIS E DISPOSTAS A APRENDER

ENTREVISTA ENTREVISTA

SILVIA DE VARGAS • psicóloga, especialista em desenvolvimento pessoal e corporativo

“UMA CARACTERÍSTICA DA INTELIGÊNCIA É A CURIOSIDADE”

Formação contínua, em diferentes fases da vida. Da infância à terceira idade. Essa é uma característica da sociedade digital. A psicóloga Silvia de Vargas detalha como fortalecer laços dentro das empresas por meio da troca de experiências e treinamento constante.

A Hora – Na sociedade da informação, o conhecimento se torna necessário por toda a vida. O lifelong and learning (conceito de educação continuada) está presente cada vez mais presente. Como se sustenta essa ideia para formação individual?

Silvia de Vargas – É algo que veio para ficar. O jovem, adulto e empresa que entender o que significa esse movimento terão diferenciais na vida produtiva. Precisamos entender, pela complexidade de hoje, o desenvolvimento pessoal estará presente sempre. Em cima disso, o indivíduo precisa entender que é ele que pode definir os caminhos e construir o seu conhecimento.

Por parte das empresas, criar um ambiente de aperfeiçoamento, de troca de experiências e de melhoria também auxilia neste processo.

– Há um crescimento naquilo que se convencionou chamar de universidade corporativa. Como isso pode contribuir tanto ao pessoal quanto às empresas?

Silvia – Esses movimentos de formação interna escuto faz pelo menos 20 anos. Por vezes com mais força, outras menos. Ocorrem de acordo com as necessidades das empresas. Se trata de um esforço muito importante. Vale a pena investir nisso.

Vamos pensar, cada empresa tem um planejamento estratégico, uma cultura organizacional e, temos as pessoas. Dentro deste ambiente há um conhecimento imenso. É muito rico. Às vezes fica ali, um pouco de lado, parado. Em vez disso, é preciso praticar, trabalhar as diferentes experiências e compartilhar essa inteligência.

A inteligência artificial nos traz um ensinamento. Para cada problema dentro do teu ambiente, a solução também está ali. Essa analogia não impede que se busque conhecimento fora. Que os profissionais façam cursos de aperfeiçoamento. O que chamo atenção é para a importância da empresa apoiar programas internos de formação. Isso sempre será positivo, pois fortalece as equipes, cria engajamento e faz com que as pessoas vivenciem na prática os conhecimentos.

– Como incutir no jovem essa mentalidade? Como as famílias, os professores, as escolas e as empresas podem contribuir para que esse aluno descubra suas aptidões e talentos?

Silvia – Eu acrescento os adultos também. Para mim, tudo começa dentro de casa. Na nossa criação, talvez, a gente também não gostasse de ler, de estudar. Mas éramos estimulados a isso. Quando há uma cultura dentro de casa, haverá um reflexo em toda a vida. Vai ser na escola, nos ambientes corporativos, quem tem o intelecto voltado ao conhecimento vai se destacar.

Com todos que converso do ambiente educacional, algo unânime é incorporar teoria e prática. Isso é inquestionável. Agora, uma percepção que tenho: qual a diferença entre uma pessoa inteligente e de quem tem sabedoria?

A pessoa inteligente tem respostas na ponta da língua. A sábia é aquela que estudou, que internalizou o conhecimento e, com muita naturalidade e audácia, sabe usar o repertório intelectual para solucionar impasses e fazer as melhores escolhas. Todos nós aprendemos com o ensaio e o erro.

Uma característica da inteligência é a curiosidade. E, o professor que marca na vida do aluno é esse, que instiga, que desperta a vontade, o desejo, de querer descobrir.

A PESSOA INTELIGENTE

TEM RESPOSTAS NA PONTA DA LÍNGUA. A SÁBIA É AQUELA QUE ESTUDOU, QUE INTERNALIZOU O CONHECIMENTO E, COM MUITA NATURALIDADE E AUDÁCIA, SABE USAR O REPERTÓRIO INTELECTUAL PARA SOLUCIONAR IMPASSES E FAZER AS MELHORES ESCOLHAS”

ANDREIA CRUZ E MARIA DE FATIMA DA S. HASSEN • responsáveis pelo setor de Gestão de Pessoas da Certaja

Profissionais resilientes, que tenham uma visão geral de mundo e sejam integrados à tecnologia, são o perfil de trabalhador procurado na Certaja. Para as responsáveis pela gestão de pessoas da cooperativa, funcionário engajado auxilia no desenvolvimento das empresas.

A Hora – Como está a busca por mão de obra na empresa hoje? Qual é o perfil do profissional que busca, e a necessidade da empresa nesse sentido?

– O mercado de trabalho atual exige características comportamentais e técnicas para que os profissionais se adaptem à empresa e, na Certaja, não é diferente. Como empresa do ramo de infraestrutura e distribuidora de energia elétrica, temos como missão e propósito satisfazer os mais de 28 mil cooperados e clientes, localizados em 19 municípios do Rio Grande do Sul fornecendo energia elétrica dentro dos padrões técnicos e de qualidade. Para atender todas as exigências que o ramo de negócio exige, buscamos profissionais que possam oferecer além do conhecimento técnico, profissionais que mostrem protagonismo, flexibilidade, proatividade e saibam trabalhar em equipe. Também é necessário ter uma visão geral de tudo que o cerca e estar inteirado da tecnologia.

– Como avaliam o conhecimento vindo com os novos trabalhadores?

– Nas entrevistas de seleção, é essencial observar a personalidade do candidato, o conhecimento técnico e ver se ele se adequa à vaga e à cultura da empresa. Procurar conhecer as experiências de trabalho anteriores e se o candidato busca aprender e se reciclar também é muito importante para agregar valor, oferecer soluções inovadoras e criativas aos processos e ambiente da empresa.

– Percebem que há mudanças no perfil do trabalhador, em especial, dos jovens, ao longo do tempo? Qual é o perfil desse trabalhador hoje?

– Atualmente, trabalham na empresa lado a lado, diferentes gerações, as quais variam de acordo com o modo de pensar, agir e se expressar. Isso porque cada uma das gerações cresceu e vivenciou realidades diferentes.

Os profissionais de cada uma delas acabaram por desenvolver um próprio padrão comportamental. A empresa oportuniza um ambiente saudável valorizando as habilidades e competências de cada um em prol de um mesmo objetivo que é buscar a

excelência dos serviços prestados aos nossos cooperados e clientes. Os jovens tem um perfil participativo, gostam de desafios, expõem suas opiniões, o que vem transformando o perfil profissional de forma geral, pois como dito anteriormente diferentes gerações trabalham lado a lado e compartilham experiências e expectativas.

– Nesse sentido de educação, vocês prestam auxílio aos funcionários, incentivando a educação técnica na área, certo? Pode comentar sobre essa e outras iniciativas semelhantes na empresa?

– Consciente de que profissionais capacitados e engajados favorecem o crescente desenvolvimento e qualidade de processos e indicadores da empresa, investimos em programas de capacitação e formação, proporcionando experiências, conhecimentos e autodesenvolvimento aos nossos profissionais. A Certaja tem uma Política de Auxílio Educação e estimulamos a participação e envolvimento dos profissionais em grupos de melhorias, no planejamento estratégico da empresa, participação de seminários e eventos ligados às áreas de atuação, bem como a visitas técnicas a outras empresas favorecendo a troca de experiências.

OS JOVENS TÊM UM PERFIL PARTICIPATIVO, GOSTAM DE DESAFIOS, EXPÕEM SUAS OPINIÕES, O QUE VEM TRANSFORMANDO O PERFIL PROFISSIONAL DE FORMA GERAL. POIS (...)DIFERENTES GERAÇÕES TRABALHAM

LADO A LADO E COMPARTILHAM EXPERIÊNCIAS E EXPECTATIVAS.”

Ney Lazzari Silvia Marta de Vargasv
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Edi Fassini
“A EMPRESA VALORIZA AS COMPETÊNCIAS DE CADA UM”
Confira a entrevista de Silvia

CONHECER O MUNDO DO TRABALHO

Ao mesmo tempo em que a Uni vates estabelece contato com o se tor produtivo e apresenta o CRIE TI, o Senai trouxe uma experiência. Na parceria com o governo de La jeado, o Trilhas da Inovação surge com a expectativa de antecipar o contato dos estudantes da rede mu nicipal com o mundo do trabalho. O Trilhas da Inovação é destina do para estudantes do 9º ano Ensi no Fundamental, com idade entre 13 a 15 anos. A iniciativa surgiu a partir dos debates do Pro_Move e do diagnóstico do vácuo existente para as empresas encontrarem mão de obra em áreas ligadas à tecnologia da informação, desenvolvimento de softwares, robótica e automação na indústria 4.0.

“Desde o início do projeto, percebemos a necessidade de ajudar os jovens a conhecer as próprias qualidades, gostos e aptidões. Fazer com que esse conhecimento seja antes do Ensino Médio, inclusive. Acreditamos que eles conseguirão ver as possibilidades em termos de trabalho e de oportunidades de carreira”, afirma o coordenador técnico de Educação

COMPORTAMENTO PARA GARANTIR OPORTUNIDADES

Gerente de operações da Unidade Senai do Vale do Taquari, Jerry Amarildo Hibner, destaca que a demanda mais latente nas indústrias da região se concentra na área de Automação, Tecnologia da Informação, Eletromecânica, Eletricidade Industrial, Soldagem, Eletricidade Predial, Manutenção Mecânica e Automotiva, Construção Civil, Metalmecânica, Alimentos, Vestuário, Calçados e Energia. A partir disso, busca-se fazer um mapa das necessidades e assim desenvolver cursos para essas carências. Justo pelas questões comportamentais, toda a metodologia do Senai também passa por habilidades e atitudes esperadas no ambiente de trabalho.

“Percebemos que a indústria es-

pera um profissional com sólida formação técnica e com competên cias comportamentais, busca contí nua pelo aprendizado, capacidade de trabalhar em grupo, também conhecimento sobre tecnologias, resiliência e ser proativo”, afirma o coordenador das unidades do Senai na região, Jerry Hibner. Nas duas unidades pertencen tes ao Vale do Taquari, Guaporé e Lajeado, por dia são mil alunos em cursos. Por ano, 1,5 mil se formam em alguma qualificação. São dois cursos credenciados de nível médio (Técnico em Automação Industrial e Técnico em Eletroeletrônica). Além desses, são 12 de evolução profissional, oito de aprendizagem industrial básica, além de diversos cursos customizados feitos dentro das empresas.

PERCEBEMOS QUE A

INDÚSTRIA ESPERA UM PROFISSIONAL COM SÓLIDA FORMAÇÃO TÉCNICA E COM COMPETÊNCIAS COMPORTAMENTAIS, BUSCA CONTÍNUA PELO O APRENDIZADO”

DESDE O INÍCIO DO PROJETO, PERCEBEMOS A NECESSIDADE DE AJUDAR OS JOVENS A CONHECER AS PRÓPRIAS QUALIDADES, GOSTOS E APTIDÕES. ACREDITAMOS QUE ELES CONSEGUIRÃO VER AS POSSIBILIDADES EM TERMOS DE TRABALHO”

PRO_MOVE INSPIRA O RS E LAJEADO RECEBE

ESCOLA DO SESI

As iniciativas voltadas à formação dos jovens no Vale do Taquari chamam atenção pelo estado. Nos últimos anos, investimentos para abertura de cursos e premiações, como a da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o Pro_Move Lajeado, na categoria Ecossistemas de Inovação em De-

senvolvimento.

Pela atuação da quádrupla hélice (poder público, instituições de ensino, empresas e sociedade civil organizada), a cidade foi escolhida pelo Serviço Social da Indústria (SESI) para receber uma das escolas de Ensino Médio.

A escola ficará no bairro Uni-

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JERRY HIBNER GERENTE DE OPERAÇÕES DA UNIDADE SENAI DO VALE DO TAQUARI FILIPE FALEIRO
FILIPE FALEIRO
MARCELO SCHEDLER COORDENADOR TÉCNICO DO SENAI TRABALHO EM EQUIPE ESTÁ ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DA METODOLOGIA DO SENAI Profissional, Marcelo Schedler. Em dois anos, o Trilhas formou mais de 200 alunos. TRILHAS DA INOVAÇÃO COMEÇOU EM 2021. FORAM MAIS DE 200 ALUNOS DO FUNDAMENTAL DE LAJEADO QUE PASSARAM PELOS CURSOS

DETALHES DO MÉTODO

· Escola de Ensino Médio do Sesi ocorre de modo integral, em que os alunos desenvolvem projetos relacionados a temas atuais, com vistas a tecnologia, ciências e artes;

· As atividades pedagógicas partem do pressuposto que os alunos têm condições de aprender mais. Por meio de situações-problemas, são estimulados a buscar alternativas para soluções;

versitário e terá 4,3 mil metros quadrados, com salas de aula, laboratório, ginásio de esportes, biblioteca e espaço para traba lhos com tecnologia. Conforme o superintendente do Sesi-RS, Ju liano Colombo, há um distancia mento da educação com o mundo do trabalho. “Se não mudarmos a educação pública, nunca teremos o país do futuro.”

Frente ao diagnóstico de neces sidade de mudar o modelo tradicional de ensino, o Sesi começou a elaborar um novo formato para preparar os jovens. “Desde 2013 estudamos os movimentos sobre o impacto da tecnologia por uma demanda da própria indústria.”

Esse formato de unir teoria e prática já no Ensino Médio foi implantado em 2014 em Pelotas. Passados oito anos, a metodologia inclusive foi reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC).

Depois do projeto piloto, outras cidades gaúchas foram contempladas pelas escolas do Sesi. De acordo com Colombo, o intuito é transferir essa metodologia para se tornar uma alternativa à rede pública. “Desenvolvemos esse sistema para ser propagado pelo país. O objetivo é tornar a educação atrativa para o aluno ver que é

EDUCAÇÃO TAMBÉM

PARA OS ADULTOS

Em todo o país, mais de 80% dos estudantes estão nas redes públicas. “Defendemos a lógica de uma educação pública de qualidade. É ela que poderá dar conta dos desafios que a nossa sociedade enfrenta”, afirma Juliano Colombo.

Junto com isso, aponta para a necessidade de um esforço para os adultos também. A partir dos relatórios do Fórum Econômico Mundial, tem-se um indicador das necessidades do mundo do trabalho para o futuro.

“Temos de reeducar quem já está trabalhando. Temos gerações analógicas em um mundo cada vez mais digital”, argumenta. De acordo com ele, 40% dos trabalhadores que estão na indústria gaúcha hoje

não tem nem mesmo o Ensino Médio. Isso representa em torno de 300 mil adultos trabalhadores. Frente à tendência de envelhecimento da população, Colombo frisa a importância de olhar à educação em todos os níveis e para todas as faixas etárias. Pelas previsões populacionais do Departamento de Economia e Estatística (DEE), do governo do estado, até 2040, serão em torno de 700 mil jovens de 15 a 19 anos e mais de 3 milhões acima dos 60 anos. “Não adianta pensarmos que a nova geração vai chegar e substituir esses trabalhadores. Há um gap muito grande. Por isso, temos de pensar em como qualificar essas pessoas também.”

· A partir do 2º ano, os alunos têm o primeiro contato com o mundo do trabalho. Os jovens ingressam no curso de Aprendizagem Industrial Básica;

· São mais de 14 mil alunos matriculados;

· 50% da carga horária: Matemática e Ciências da Natureza;

• Objetivos voltados ao trabalho coletivo.

O OBJETIVO É TORNAR A EDUCAÇÃO ATRATIVA

PARA O ALUNO VER

QUE É BOM APRENDER.

NÃO QUER DIZER QUE

SEJA A CORRETA, A MELHOR, MAS É UM JEITO DIFERENTE.”

ENTRE O DESEJO DO JOVEM E O MUNDO DO TRABALHO

O Grupo A Hora, por meio da Macrovisão, apresentou a maior pesquisa já feita na região sobre mercado de trabalho. “RUMO – O Futuro da Mão de Obra na Região” ouviu mais de 240 empresários e 600 estudantes para traçar oportunidades e carências do mercado de trabalho no Vale do Taquari.

bom aprender. Não quer dizer que seja a correta, a melhor, mas é um jeito diferente.”

As unidades do RS são pioneiras no Brasil e atendem mais de 14 mil estudantes. A duração do curso de Ensino Médio é de três anos, com um total de 4,6 mil horas/aula.

Os resultados foram apresentados no dia 2 de maio de 2022, em seminário no teatro do Colégio Gustavo Adolfo. Nas mais de 400 páginas do estudo, destacam-se as áreas com mais dificuldade para encontrar trabalhadores, avaliação dos empreendedores sobre chegada dos novos trabalhadores e as expectativas dos estudantes sobre carreira profissional.

Entre os dados, uma das necessidades chamou atenção da unidade regional do Senai. Tanto que os dados serviram de embasamento para a abertura do curso de Eletrotécnica. De acordo com o gerente do Senai no Vale do Taquari, Jerry Amarildo Hibner, por meio da pesquisa foi possível elaborar o projeto e conseguir os recursos pela central do serviço no RS.

“Com os resultados do RUMO, vimos que a Eletrotécnica era a sexta entre as necessidades apontadas pelas empresas. A pesquisa do Grupo A Hora foi fundamental para conseguirmos estruturar o curso. Serviu como termômetro sobre a realidade da nossa região.”

A formação foi a segunda de ní-

vel médio na unidade de Lajeado. A duração é de dois anos, com 30 matriculados. As aulas são híbrido, com conteúdos remotos e um encontro presencial por semana às atividades práticas.

O profissional de Eletrotécnica trabalha com manutenção predial, projetos de engenharia, instalações elétricas nas indústrias e também sobre sistema de distribuição de energia. Segundo Hibner, existe uma demanda constante desse trabalhador tanto nas indústrias quanto nas concessionárias de energia.

Para atender essa oferta, a unidade recebeu um investimento de R$ 1,5 milhão em equipamentos, adaptação de estrutura física e materiais didáticos.

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JULIANO COLOMBO SUPERINTENDENTE DO SESI-RS PREVISÃO POPULACIONAL MOSTRA QUE, ATÉ 2040, RS TERÁ EM TORNO DE 700 MIL JOVENS DE 19 A 19 ANOS. POR OUTRO LADO, SERÃO MAIS DE 3 MILHÕES DE PESSOAS COM MAIS DE 60 ANOS. DESAFIO É MANTER DIFERENTES SISTEMAS DE FORMAÇÃO PARA CADA FAIXA ETÁRIA ATÉ 2024, LAJEADO SERÁ MAIS UMA CIDADE GAÚCHA COM A ESCOLA DO SESI

PARA OS ESTUDANTES

Dos 604 estudantes ouvidos na pesquisa, 59,6% consideram-se aptos para o trabalho.

CONECTA EDUCAÇÃO VENÂNCIO AIRES

Os recursos digitais no ensino e na aprendizagem são a aposta do projeto “Conecta Educação”, desenvolvido em Venâncio Aires. De acordo com o Secretário de Educação, Émerson Eloi Henrique, a ideia é apresentar à comunidade uma educação humana, tecnológica e empreendedora. Com mais de R$ 3,5 milhões

investidos desde 2021, a iniciativa busca a formação de professores na área da tecnologia.

“Tivemos a aquisição de chromebooks, notebooks, kits de robótica e criação de clubes de robótica”, destaca o secretário.

Além disso, foi criada a 1ª Olimpíada de Robótica de Venâncio Aires (Orva), com pesqui-

sas voltadas ao meio ambiente, sustentabilidade e busca de soluções para problemas regionais. Émerson acredita que as escolas do município atingiram outro patamar na educação a partir da iniciativa e observa resultados em relação à autonomia e colaboração dos estudantes na construção da aprendizagem. O projeto foi o primeiro colocado no 4º Prêmio Boas Práticas na Gestão Pública Municipal, promovido pela Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) em 2022.

COOPERATIVAS ESCOLARES

Para a Cooperativa Sicredi Ouro Branco RS/MG, a educação cooperativista é uma ferramenta essencial para que os futuros cooperados compreendam a gestão, os benefícios e as responsabilidades diante de um empreendimento coletivo.

Por isso, o Sistema Sicredi promove um programa de educação cooperativa com vivências práticas em escolas, as Cooperativas Escolares. Elas são associações de estudantes que desenvolvem atividades econômicas, sociais e culturais em benefício dos associados. Em sua essência, buscam

formular uma proposta pedagógica com a participação dos estudantes.

Os encontros ocorrem no contraturno escolar, na forma de capacitações, reuniões, assembleias, intercâmbios e oficinas para construir um processo de aprendizagem consolidado, incluindo a elaboração de objetos de aprendizagem que podem ser comercializados na comunidade escolar.

O objetivo do programa é formar futuros líderes, gestores, empreendedores e cidadãos mais participativos.

A iniciativa está presente em

cinco municípios: Estrela, Montenegro, Nova Santa Rita, Poço das Antas e Teutônia. Em 2022, estavam organizadas 32 Cooperativas Escolares que, juntas, somavam mais de 1,2 mil associados. Para 2023, a instituição expandirá a atuação do programa para novos municípios e novas escolas.

“Um ambiente como este contribui com a educação e oportuniza vivências com base nos valores da cooperação e cidadania”, destaca o presidente da Sicredi Ouro Branco RS/MG, Neori Ernani Abel.

PARA OS 188 EMPRESÁRIOS, HÁ CARÊNCIA DE PROFISSIONAIS TÉCNICOS. EM ESPECIAL NAS ÁREAS:

9 NÃO ESTÁ DE ACORDO COM AS NECESSIDADES DAS EMPRESAS SIM SIM 59,6% (360) SIM, EM PARTE 36,4% (220) NÃO 4% (24)
APTO PARA O TRABALHO?
EMPRESÁRIO A MÃO DE OBRA OFERTADA ESTÁ ADEQUADA? 27,2% (56) 72,8% (150)
ALUNO, VOCÊ SE CONSIDERA
A VISÃO DO
DIVULGAÇÃO OLÍMPIADA DE ROBÓTICA DE VENÂNCIO AIRES APRESENTA PESQUISAS DOS ALUNOS. MÉTODO VISA GARANTIR MAIS PROTAGONISMO DO ESTUDANTE NO PRÓPRIO APRENDIZADO fonte: Pesquisa RUMO

NO BÁSICO, DIFICULDADE NAS EXATAS E NA INTERPRETAÇÃO

Avaliações sobre o desempenho dos estudantes mostram lacunas na aprendizagem. Pelo principal indicador, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a média do estado no Ensino Médio foi de 4,1 pontos. A meta era 6.

No Vale do Taquari, das 48 escolas com Ensino Médio, 13 foram avaliadas. Apenas uma conseguiu ultrapassar a pontuação desejada. Se trata do Instituto Sul Riograndense (IFSul) de Lajeado, com 6,3.

As 12 escolas da rede estadual avaliadas variaram de 4,3 até 5,6 pontos. A avaliação deste ano foi a primeira feita após dois anos de pandemia. As provas avaliam a qualidade da educação básica. Para os resultados, são contabilizados desempenho dos alunos em Português e Matemática, além das taxas de presença e de aprovação.

OLHAR DENTRO DA SALA DE AULA

As lacunas no conhecimento se intensificaram com a chegada da covid-19. “O principal foco nos últimos dois anos foi de manter vínculo com o estudante. Sabemos que há realidades em que a escola não consegue manter contato com a família. Na pandemia, adotamos estratégias híbridas, aulas remotas, tudo exigiu uma nova rotina aos estudantes”, avalia a professora de Inglês da rede pública, Laiane Lengler.

Neste contexto, realça que houve alunos com dificuldade de acompanhar os conteúdos, muito pelas condições sociais, por não terem equipamentos e internet. Tudo isso interferiu sobre o aprendizado. Inclusive foi necessário rever conceitos em termos de avaliação e de evasão escolar.

Cresceu a aprovação compulsória e, ao mesmo tempo, houve queda no desempenho das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Para ela, os desafios vividos comprovam que o desempenho dos alunos não dependem apenas das escolas ou dos professores. “A sociedade, muitas vezes, se nega a encarar problemas da educação e prefere encontrar culpados. Dificil olhar um todo e ver que as famílias também têm responsabilidade.”

Dentro da sala de aula, com o retorno presencial em 2022,

A SOCIEDADE, MUITAS VEZES, SE NEGA A ENCARAR PROBLEMAS

DA EDUCAÇÃO E PREFERE ENCONTRAR CULPADOS. DIFICIL OLHAR UM TODO E VER QUE AS FAMÍLIAS TAMBÉM TÊM RESPONSABILIDADE.”

TEREMOS UMA GERAÇÃO DE PESSOAS QUE SAIRÃO DA ESCOLA SEM OS CONHECIMETNOS BÁSICOS NECESSÁRIOS”

ZILENI LONDERO DE SOUZA PROFESSORA DA REDE PÚBLICA

DIAGNÓSTICO: DESINTERESSE

IDEB MELHORA, MAS SEGUE ABAIXO DA MÉDIA

afirma que há uma postura distante e de pouco interesse por parte de muitos alunos. “Talvez o principal seja de que a atenção deles esteja mais voltada para a internet e para os jogos. Durante o período da pandemia, assim como o professor, o aluno precisou adaptar-se à nova forma de estudo, ganhando destaque o método de pesquisa, em que hoje é nítido o engajamento quando se trata de atividades de pesquisa que os desafiam a buscar o conhecimento a partir de uma orientação prévia.

A professora Zileni Londero de Souza, da disciplina de História, tem uma visão semelhante. O desinteresse e os baixos resultados acontecem por vários fatores. “Pouco apreço pelo conhecimento, pouco investimento em educação por parte dos governos, desvalorização dos professores, falta de estrutura nas escolas, desinteresse dos estudantes e também das famílias.”

Na avaliação dela, também há uma perda de vínculo. “O aluno frequenta pouco a escola. Quando vai, não faz as atividades e tem muitas chances para avançar de nível. Isso desmotiva os bons alunos, aqueles comprometidos e também os professores. Por isso teremos uma geração de pessoas que sairão da escola sem os conhecimetnos básicos necessários.”

Dos três níveis avaliados (Anos Iniciais e Anos Finais do Fundamental, além do Ensino Médio), a região ficou acima da média gaúcha em dois. O pior desempenho foi do 6º ao 9º ano. Dos 38 municípios do Vale, cinco alcançaram 6 pontos, média prevista pelo Ministério da Educação. Colinas e Marques de Souza ficaram acima, com 6,3. As demais são Travesseiro (6,1), Poço das Antas e Relvado (ambas com 6 de média).

Entre os estados do país, o RS teve 5,9 de pontuação, a 10ª posição. De 31 cidades da região com avaliação no Ideb 2021, 27 ficaram abaixo desse resultado.

Ainda que haja alguma evolução sobre os indicadores de 2019, o formato de cálculo é feito sobre um momento de ensino remoto, em que a taxa de aprovação foi perto de 100% e a de evasão praticamente nula. Significa que os exames de proficiência foram insatisfatórios.

Doutora em Letras e professora da Univates, Kári Lúcia Forneck, aponta a necessidade dos gestores conhecerem essas avalições e desenvolverem estratégias para reverter esse cenário. “É um dever para todos profissionais ligados

à educação. Analisar os dados, verificar relatórios de cada escola e conhecer com propriedade os critérios dessa avaliação. Em cima disso, é possível estabelecer linhas de ação e intervenção para superar as dificuldades.”

DETALHES DO IDEB

O Ideb é feito a partir dos resultados sobre taxas de evasão escolar, aprovação e testes de proficiência. Para os anos iniciais, com faixa etária dos 6 aos 11 anos, o exame apura elementos da alfabetização. Nos demais níveis (Anos Finais e Ensino Médio), se avalia o conhecimento em Linguagem e Exatas. O índice varia de 0 a 10. É considerado o principal condutor de política pública à educação, como uma ferramenta para acompanhamento das metas de qualidade. A meta para 2022 era alcançar média 6.

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LAIANE LENGLER PROFESSORA DA REDE PÚBLICA

IDEB DOS ANOS INICIAIS NOS MUNICÍPIOS

IDEB DOS ANOS FINAIS NAS ESCOLAS PÚBLICAS

ENTRE AS CINCO MELHORES ESCOLAS DO RS

No Ensino Médio, o Vale também teve médias maiores. Das 48 instituições públicas com Ensino Médio no Vale, 13 tiveram avaliação do MEC. O IFSul, no bairro Olarias ficou com 6,3 pontos, 5ª melhor média entre todas as escolas do RS.

O IFSul de Lajeado tem 331 alunos matriculados concomitantes do Ensino Médio com curso técnico (Automação Industrial e Administração. São 43 servidores, entre docentes e técnicos administrativos em educação. Dos 26 professores, 16 tem doutorado e nove com mestrado.

ENTREVISTA

A Hora – A que se deve o resultado de destaque no Ideb? Cláudia Schwengel – É fruto de um conjunto de fatores. Quando falamos em educação, é sempre um somatório: instituição de ensino (sua qualidade e formação de docentes, equipe de apoio e infraestrutura); engajamento das famílias e condições socioeconômicas; empenho dos estudantes e outros aspectos. Ou seja, exige trabalho coletivo. IFSul Campus Lajeado conta com docentes dos quais 96% têm mestrado ou doutorado. Buscamos desenvolver um trabalho focado na tríade do ensino, da pesquisa e da extensão.

Como é possível equilibrar as necessidades do mercado com uma formação?

Cláudia – É uma questão muito complexa e acredito que não haja uma única resposta. Afinal, as necessidades do mercado são as mais variadas. Cada segmento possui as suas especificidades. Por outro lado, mesmo com um mercado com demandas diversas, quanto mais o estudante tiver uma formação sólida, integral, melhor suas chances. Aí me refiro não apenas a conhecimentos técnicos, mas a competências socioemocionais. Cabe, portanto, a necessidade de desenvolver tanto os conhecimentos basilares, de formação geral e técnica, quanto as demais competências.

Os melhores alunos se tornam os melhores profissionais?

Cláudia – Nem sempre. São muito os fatores que podem interferir. Para ter consciência do caminho a seguir precisa-se dar o pontapé inicial: conhecer-se. E isto é uma busca constante e individual. Não há um modelo que sirva para todos. Precisa buscar conhecimento sempre, das mais diferentes formas e ser seletivo, priorizando e focando naquilo que faz sentido para cada um, de acordo com suas potencialidades, fase da vida e objetivos. A instituição de ensino, os professores, a família podem e devem auxiliar, instigar e estimular para que os jovens possam se empoderar e ir em busca de seu caminho. Mas a decisão, o agir é de cada um. Ninguém percorre o caminho do outro.

Quando o retrato vai do 1º ao 5º ano, a maioria dos municípios da região ficaram acima dos 5,9 pontos do RS e da média o país (5,8 pontos). Do total de 38 cidades, 28 tiveram notas avaliadas pelo MEC. Do total de 145 instituições com este nível na região, 105 foram avaliadas no Ideb 2021.

PELO VALE

As notas do Ideb 2021 foram divulgadas em setembro do ano passado pelo Ministério da Educação (MEC).

Notas de proficiência em Português e Matemática reduziram índice de qualidade da educação e o Vale não repetiu o desempenho satisfatório visto no Ensino Médio e nos primeiros anos de alfabetização. Dos 38 municípios da região, cinco atingiram a meta do MEC.

NO RIO GRANDE DO SUL

ENSINO FUNDAMENTAL (anos iniciais) Entre 27 estados, o RS ocupa a 10ª colocação com média 5,9

ENSINO MÉDIO

Das 48 instituições públicas com Ensino Médio no Vale, 13 participaram da avaliação do MEC.

Nota passou de média 4 para 4,1

No país, o RS está na 7ª posição

11 Nova Bréscia 6,8 Mato Leitão 6,7 Westfália 6,7 Colinas 6,6 Dois Lajeados 6,6 Vespasiano Corrêa 6,6 Capitão 6,5 Poço das Antas 6,5 Lajeado 6,4 Marques de Souza 6,4 Travesseiro 6,4 Encantado 6,3 Imigrante 6,3 Teutônia 6,3 Arroio do Meio 6,2 Ilópolis 6,2 Muçum 6,1 Putinga 6,1 Relvado 6,1 Canudos do Vale 6,0 Estrela 6,0 ESTADO (média) 5,9 Forquetinha 5,9 Progresso 5,9 PAIS (média) 5,8 Bom Retiro do Sul 5,7 Fazenda Vilanova 5,5 Cruzeiro do Sul 5,4 Taquari 5,1 Paverama 4,8
Colinas 6,3 Marques de Souza 6,3 Travesseiro 6,1 Poço das Antas 6,0 Relvado 6,0 Forquetinha 5,8 Teutônia 5,7 Bom Retiro do Sul 5,6 Canudos do Vale 5,6 Capitão 5,6 Vespasiano Corrêa 5,6 Westfália 5,6 Nova Bréscia 5,5 Santa Clara do Sul 5,5 Arroio do Meio 5,3 Encantado 5,3 Imigrante 5,3 Lajeado 5,3 Anta Gorda 5,2 Canudos do Vale 5,2 Sério 5,2 Taquari 5,2 Cruzeiro do Sul 5,1 Ilópolis 5,1 Progresso 5,1 Arvorezinha 5,0 Estrela 5,0 Fazenda Vilanova 4,9 Mato Leitão 4,9 Doutor Ricardo 4,5 Roca Sales 4,5 Paverama 4,3 Coqueiro BaixoDois LajeadosMuçum
Pouso Novo
Putinga
Tabaí
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“NÃO HÁ UM MODELO QUE SIRVA PARA TODOS”
CLÁUDIA SCHWABE • diretora do IFSul Lajeado
Cidade Escola Lajeado IFSUL - CAMPUS LAJEADO (Federal) 6,3 1º Westfália ESC WESTFALIA 5,6 2º Travesseiro ESC MONSENHOR SEGER 5,2 3º Poço das Antas ESC POCO DAS ANTAS 5,1 4º Cruzeiro do Sul ESC SAO MIGUEL 5,0 5º Anta Gorda SAO CARLOS 5,0 5º Pouso Novo ESC POUSO NOVO 4,9 7º Paverama ESC PAVERAMA 4,8 8º Doutor Ricardo ESC DR RICARDO 4,8 8º Sério ESC PEDRO ALBINO MULLER 4,7 10º Capitão ESC CAPITAO 4,7 10º Forquetinha ESC FORQUETINHA 4,4 12º Canudos do Vale ESC HUGO OSCAR SPOHR 4,3 13º

ARTIGOARTIGO

PARA ALÉM DOS

MUROS DA ESCOLA

Ao longo da história, a educação passou por diversos processos de transformação impulsionados pela necessidade de adaptar-se ao contexto social, econômico, entre outros. É fato que todas as mudanças geram desafios, uma vez que a educação é a base de construção da sociedade.

Um dos grandes desafios da educação na atualidade é proporcionar ao aluno aprendizagens significativas que despertem o interesse pelo conhecimento, experiências que lhe permitam compreender as relações com o mercado de trabalho, bem como despertá-lo para a construção de um projeto de vida, com autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

A própria legislação educacional passou por mudanças expressivas, a fim de contemplar tão importante necessidade: preparar o aluno para o mundo do trabalho.

Contudo, para que essa necessidade seja suprida, são necessárias algumas estratégias, como por exemplo, o investimento nas estruturas físicas, o acesso às diversas tecnologias, a formação continuada dos profissionais e o envolvimento das famílias.

No aspecto pedagógico, é essencial adotar metodologias que possibilitem ao aluno o pensar científico, o despertar da curiosidade, o desenvolvimento de competências como a criatividade e a resolução de problemas. Neste contexto destaca-se o trabalho através de projetos de pesquisa, onde o professor passa a ser mediador do conhecimento, partindo de temas de interesse do aluno, porém contemplando todas as áreas do conhecimento, e o mais importante, instigando o aluno a encantar-se pelo saber.

Salienta-se que a metodologia de projetos de pesquisa é uma abordagem inovadora e oferece experiências sociais e emocionais muito importantes para os alunos, até porque o incentivo à conexão com o mundo é constante, assim como a busca por resolução de

ELISANGELA MENDES SECRETÁRIA DA EDUCAÇÃO DE ESTRELA

É ESSENCIAL ADOTAR METODOLOGIAS QUE POSSIBILITEM AO ALUNO O PENSAR CIENTÍFICO, O DESPERTAR DA CURIOSIDADE, O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS COMO A CRIATIVIDADE E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS”

algumas demandas, mas especialmente a possibilidade de “abrir horizontes” dos alunos, apresentando um mundo de oportunidades e de prosseguimento nos estudos, bem como o desenvolvimento de habilidades e competências para potencializar e aproximar os alunos da inserção do mercado de trabalho.

A educação precisa transpor os muros da escola, estabelecer conexões com o mundo, e o mais importante, estabelecer conexões significativas entre as diversas etapas e modalidades de ensino, fomentando o processo criativo da Educação Infantil ao Ensino Superior, especialmente porque este processo criativo vai resultar em inovação, em novos ramos de trabalho e até mesmo, no surgimento de novas profissões.

Enfim, necessitamos de educação como política pública onde todas as esferas administrativas tenham o mesmo objetivo.

PALAVRA DO

TODOS PRECISAM FALAR PELOS PROFESSORES

Aeducação como verdadeira prioridade parte de uma sociedade engajada. De ver além do óbvio, das respostas imediatas e certezas absolutas. Para serem efetivos, métodos, conceitos e práticas dependem de pessoas.

Quando a carreira de professor deixa de atrair as mentes mais inquietas, a sociedade falha.

Seja por não valorizar a práxis, tanto na questão salarial quanto na infraestrutura das escolas, ou por acreditar que apenas o esforço individual será capaz de garantir ascensão, pois ninguém vence sozinho.

Como mais de 85% dos estudantes no país estão na rede pública, e por mais que se tenham experiências positivas, as condições básicas aos mestres são, no mínimo, questionáveis.

Quando um professor deve atuar por 60 horas na semana, sendo 40 horas em sala de aula, há poucas condições para esse profissional alcançar a essência dos alunos, em conseguir desenvolver esse indivíduo, em mostrar caminhos e ajudá-lo a conhecer as próprias aptidões.

Em meio às horas em aula, nas atividades de preparo, correção, qualificações constantes e obrigatórias, cabe lembrar que esses professores atuam em diferentes escolas.

Em meio a realidades tão distintas, como criar sintonia com cada turma? Esse docente consegue, de fato, exercer algum efeito sobre o aluno?

Pensar nessas diferentes nuances ajuda a explicar o déficit na rede estadual. Em sete anos, será preciso repor 23,6 mil docentes nas escolas públicas do RS.

Sem professor não há ensino. Sem escola pública de qualidade, o futuro de qualquer nação está ameaçado.

Agora, o que fazer para reverter esse quadro? Passa por mudar a visão da carreira no magistério para atrair as novas gerações ao ofício. Dos governos darem melhores condições de trabalho e também da sociedade defender a educação

FALAR PELOS PROFESSORES

SIGNIFICA ASSUMIR UMA RESPONSABILIDADE. DE DEFENDER A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL. UM COMPROMISSO COM O FUTURO, PARA ALÉM DO IMEDIATISMO IMPOSTO PELA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA.”

como prioridade.

Todos devem falar pelos professores. É dever das famílias se posicionarem por um ensino público de qualidade. Saúde, segurança, emprego e renda. Todas as áreas dependem da base escolar. Os avanços tecnológicos, a criatividade e as soluções perpassam intelectualidade, troca de experiências, tentativa e erro.

Falar pelos professores significa assumir uma responsabilidade. De defender a educação como ferramenta de transformação social. Um compromisso com o futuro, para além do imediatismo imposto pela sociedade contemporânea.

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FILIPE FALEIRO, JORNALISTA

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