Viver Cidaes - Fev e Mar/24

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CADERNO ESPECIAL

FEVEREIRO E MARÇO | 2024

Qualidade da água piora após enchentes no Vale

Monitoramento da água de rios e arroios da região chega à quarta etapa e revela queda nos índices. Os piores desempenhos são do Arroio do Engenho e na foz do Saraquá que passam da classifi cação ruim para péssima. Pesquisa também identifi ca erosão das margens dos principais mananciais da região.

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NOVA ETAPA DE PESQUISA INCLUI TESTE PARA METAIS PESADOS

Projeto Viver Cidades inicia novo ciclo de análises em rios e arroios da região. Nessa etapa, cinco pontos do Taquari serão testados para chumbo, mercúrio e cromo. Elementos podem estar presentes nos efluentes industriais.

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LUCIANE ESCHBERGER FERREIRA CÂMERAS FLAGRAM MAMÍFEROS SILVESTRES NA FLORESTA DA UNIVATES
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Viver Cidades ano III

Oprojeto Viver Cidades – como somos, o que temos e para onde vamos chega ao seu terceiro ano. Por meio de publicação impressa, debates, entrevistas, seminário, concurso estudantil e monitoramento da qualidade da água de boa parte da Bacia Taquari-Antas, tivemos a oportunidade de apresentar à comunidade regional um panorama da situação dos nossos rios e arroios e do meio ambiente como um todo.

Sustentabilidade como estratégia para o desenvolvimento municipal

OAbordamos questões delicadas, que urgem de atitudes concretas, como o tratamento dos resíduos sólidos e de efluentes, a preservação de espaços verdes, a sustentabilidade em instâncias públicas e privadas. Revelamos os danos ambientais deixados pela enchente histórica de setembro de 2023.

Mostramos a viabilidade da produção orgânica, as vantagens de ter energia limpa no campo e na cidade. Apresentamos a fauna escondida nas áreas de mata nativa, noticiamos resultados de pesquisas científicas importantes. Fomos às escolas conversar com os estudantes sobre os recursos hídricos. Reforçamos o conceito de sustentabilidade, a necessidade de progredir e preservar.

Neste terceiro ano de projeto Viver Cidades, seguiremos com o olhar para meio ambiente, sem perder de vista o desenvolvimento regional, que nos torna referência econômica. Queremos trilhar o caminho do turismo. Temos um grande potencial de belezas naturais, somos receptivos e temos um rica cultura deixada pelos nossos ancestrais.

Nesta edição

Especialista em Sustentabilidade e Presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lajeado

ARTIGO • Lucas Lengler longo

“Diferentemente do setor

privado,

percebemos que

As análises de água, principal ação do Viver Cidades, será ampliada. Além de testar as amostras para Índice de Qualidade da Água (IQA), vamos verificar a presença de três metais pesados: cromo, chumbo e mercúrio. E apresentaremos os resultados das coletas realizadas em dezembro de 2023. Uma reportagem sobre a presença de animais silvestres no campus da Univates, a mobilização para 17ª edição do Viva o Taquari-Antas Vivo e a produção de mudas em viveiro estão entre os demais conteúdos.

termo sustentabilidade é mencionado desde a década de 1980, porém, somente após a pandemia global de 2020 que os critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) e a sustentabilidade ganharam destaque. O mercado financeiro foi um dos primeiros a incentivar sua implementação, que, ao fim, inspiraram empresas de capital fechado a iniciarem a ‘jornada ESG’. Diferentemente do setor privado, percebemos que muitas cidades do Vale não desenvolvem estratégias de longo prazo que incorporem a sustentabilidade em sua gestão. Cada cidade tem seu nível de maturidade nesse tema, o que pode ser avaliado por meio do cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) no site do IDSC Cidades Sustentáveis. Lajeado, por exemplo, ocupa a posição 1624 de 5570 municípios, com um índice de desenvolvimento sustentável considerado baixo. Um dos principais impactos ambientais desse índice está relacionado ao saneamento básico, especialmente ao tratamento de esgoto, que, tendo baixa cobertura nos bairros, permite que os efluentes domésticos sejam despejados em nossos arroios e rios, impactando diretamente o objetivo 14 de proteção à vida marinha. Além disso, enfrentamos desafios nos objetivos 5, 9, 15 e 17, que abordam igualdade de gênero, indústria, inovação e infraestrutura, e parcerias para implementação, respectivamente. Em uma pontuação de 0 a 100, Lajeado está com 49,91, classificando-se como médio entre os 17 objetivos.

muitas cidades do Vale não desenvolvem estratégias de longo prazo que incorporem a sustentabilidade em sua gestão.”

Compreendendo este cenário, uma solução necessária para o desenvolvimento municipal é a criação de estratégias apolíticas baseadas em indicadores que orientem o desenvolvimento sustentável. Este planejamento deve partir do entendimento do que é material para o município, levando em consideração a opinião das partes interessadas dos 28 bairros. Além disso, é necessário alinhar estas expectativas com estratégias e os objetivos do desenvolvimento sustentável.

Seguir uma estratégia voltada à sustentabilidade traz diversos benefícios, tanto para o setor privado quanto para o setor público, pois auxilia na gestão de riscos, mitigando os impactos dos principais riscos globais que atingem nossa região. Essas ações, portanto, melhoram a qualidade de vida das pessoas, garantem direitos humanos E potencializam a inovação e novos negócios. A sustentabilidade veio para unir todas as estratégias para uma única direção, garantindo o desenvolvimento do presente e vislumbrando as necessidades futuras.Lajeado é uma ótima cidade para se viver, reconhecida nacionalmente por seu bom desempenho em inovação, junto ao programa

PROMOVE_LAJEADO. Precisamos, juntos com esse trabalho, desenvolver nosso município e região, levando em consideração os princípios globais e os princípios do desenvolvimento sustentável, que podem trazer ferramentas poderosas para nossa gestão municipal.

2 TEXTOS Luciane Eschberger Ferreira
Grafica Uma/ junto à Zero Hora PRODUÇÃO EXPEDIENTE FOTOS IMPRESSÃO ARTE E DIAGRAMAÇÃO Lautenir Azevedo Junior
Luciane Eschberger Ferreira
EDITORIAL ARTIGO

Rio Taquari será testado para metais pesados

No terceiro ano de monitoramento de água de rios e arroios da região, análise no principal manancial será ampliada

Aanálise de água do rio Taquari será ampliada neste ano. Além do Índice de Qualidade de Água (IQA-Fepam), as amostras passarão por testes para metais pesados – chumbo, cromo e mercúrio. Mestre em Avaliação de Impacto Ambiental e licenciada em Química, Simone Borges Rempel destaca que será possível reconhecer se estes elementos estão presentes no manancial e em quais quantidades. “A partir dos resultados haverá a possibilidade de analisar prováveis origens e estimar as consequências da contaminação para o meio ambiente aquático e para a comunidade.”

A ampliação do monitoramento das

Pontos de

no rio Taquari

Equipe do Unianálises vai coletar e analisar as amostras de água do rio Taquari

águas é uma iniciativa do Grupo A Hora, por meio do projeto Viver Cidades – quem somos, o que temos, para onde vamos. O trabalho começou em 2022, com 23 pontos de coleta nos rios Forqueta e Taquari, e em 13 arroios da região. No ano seguinte, outros três locais passaram a integrar o estudo: dois pontos no arroio Castelhano e um no rio Taquari, todos em Venâncio Aires. A partir deste ano, entram as análises de metais pesados em cinco pontos do rio Taquari, nos municípios de Encantado, Arroio do Meio, Lajeado, Cruzeiro do Sul e Venâncio Aires.

entrevista

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5–

Cada empresa deve seguir com responsabilidade a legislação

Viver Cidades: Os metais chumbo, cromo e mercúrio podem estar presentes em efluentes de quais setores produtivos?

Simone Borges Rempel - Efluentes e resíduos de indústria metalmecânica, indústria soda-cloro, materiais elétricos e eletrônicos, setor coureiro, galvanoplastia, cerâmico entre outras. Os etais pesados estão presentes em vários setores industriais e também nos aterros, que caso não sejam controlados poderão contaminar o solo e lixiviar (processo indesejado de lavagem do solo) até o lençol freático e mananciais, trazendo prejuízos econômicos e ambientais.

Viver - A contaminação de cada elemento pode causar quais consequências à vida aquática do rio?

Simone - Um tratamento ineficiente de efluentes poderá contaminar a biota (conjunto de todos os seres vivos) aquática pelos níveis tróficos (grupos de organismos que possuem hábitos de alimentação semelhantes). Tanto plantas como pelos peixes poderão ter o acúmulo desses metais em seus tecidos. dificultando a reprodução e diminuindo a diversidade. Também pode afetar a qualidade da água e os ecossistemas associados.

Viver - Pode ter reflexos na saúde das pessoas?

Simone - Sendo a pesca e consumo de peixes comuns na região, e os compostos metálicos apresentarem capacidade cumulativa, que se alojam nos tecidos de peixes, dessa forma temos o contato direto com esses metais, o que poderá causar sérios problemas de saúde.

Viver - A presença de metais

Simone Borges Rempel mestre em Avaliação de Impacto Ambiental

pesados em pontos de captação de água pode tornar o tratamento para distribuição mais caros?

Simone - A Corsan, por exemplo, segue a legislação com agências controladoras. Análises periódicas são realizadas para acompanhar a qualidade da água. Acredito que no caso de confirmação de determinado metal seria necessário implementar medidas adicionais de monitoramento e tratamento específico, assim encarecendo o serviço.

Viver - O que pode ser feito para evitar as contaminações e remediar, caso seja necessário?

Simone - Cada empresa pública ou privada deve seguir com responsabilidade a legislação para o tratamento de seus resíduos, ao passo que os órgãos de fiscalização devem acompanhar periodicamente. O objetivo desse trabalho conjunto é manter a integridade e segurança dos mananciais.

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Venâncio Aires
– antes do ponto de captação da Corsan
- antes do ponto de captação da Corsan
- antes do ponto de captação da Corsan
– acesso da Santinha, em Mariante
logo depois do conglomerado urbano 1 2 3 4 5
análise
pesados
de metais

Qualidade da água piora em três pontos após enchentes

Coleta realizada em dezembro revelou a maior queda de IQA na foz do arroio do Engenho, passando da classificação ruim para péssima

Omonitoramento da qualidade da água de dois rios e 13 arroios da região foi impactado pela enxurrada de setembro passado. As etapas de coleta foram realizadas em março e outubro de 2022 e março de 2023. Por conta da enchente de setembro que arrasou o Vale do Taquari, a quarta etapa precisou ser postergada para dezembro. A decisão foi orientada pelos técnicos do laboratório Unianálises, responsável pela coleta e análises das amostras.

As características dos mananciais influenciam nos resultados. O volume, tanto maior quanto menor, altera a diluição dos parâmetros, como coliformes termotolerantes, oxigênio dissolvido, fósforo total e outros que compõem o Índice de Qualidade da Água (IQA).

Além da enxurrada de setembro, o nível dos rios Taquari e Forqueta voltaram a subir na enchente de novembro passado. Só em dezembro, entre um período e outro de precipitação foi possível coletar as amostras em ponto com acesso de barco para fins comparativos às outras três etapas anteriores.

O índice que mais chama a atenção é o registrado no ponto 5, foz do arroio do Engenho em Lajeado. O IQA passou da classificação ‘ruim’ para ‘péssimo’, e o índice de 25,39 para 15,88, em uma escala de zero a 100 (veja quadro).

Comparativo

Este manancial, desde o início do monitoramento, é o que apresenta a pior qualidade. Também teve queda significativa na qualidade da água a amostra da foz do arroio Saraquá, que estava ruim (28,82)

em março de 2023 e passou para péssimo (20,42) em dezembro passado. Os demais mananciais testados permaneceram na faixa ruim, com destaque para o rio Forqueta, que elevou IQA de 27,72 para 33,28.

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12/2023 03/2023 10/2022 03/2022 Curso de Água Localidade Município Resultado IQA Classificação Rio Taquari Antes da Captação da junção com o Rio Forqueta Arroio do Meio 33,47 Ruim 31,43 ruim 30,81 Ruim 17,2 Muito ruim Rio Taquari Antes da Captação da Corsan Lajeado 31,98 Ruim 29,14 ruim 31,48 Ruim 21,8 Muito ruim Rio Taquari Depois da cidade de Cruzeiro do Sul Cruzeiro do Sul 31,31 Ruim 29,21 ruim 30,38 Ruim 20,12 Muito ruim Rio Forqueta Ao lado da Ponte de Ferro Arroio do Meio 33,28 Ruim 27,72 ruim 32,77 Ruim 23,32 Muito ruim Arroio do Engenho Antes da junção do Arroio com o Rio Taquari Lajeado 15,88 Péssimo 25,39 ruim 23,39 Muito ruim 15,31 Muito ruim Arroio Boa Vista Antes da junção do Arroio com o Rio Taquari Estrela 32,69 Ruim 29,72 ruim 31,75 Ruim 22,18 Muito ruim Arroio Saraquá Próximo da Ponte da Av. Beira Rio Lajeado 20,42 Péssimo 28,82 ruim 27,43 Ruim 19,15 Muito ruim Arroio Estrela Antes da junção do Arroio com o Rio Taquari Estrela 27,77 Ruim 26,18 ruim 27,41 Ruim 27,8 Ruim Arroio Sampaio Antes da junção do Arroio com o Rio Taquari Cruzeiro do Sul 29,27 Ruim 30,33 ruim 30,38 Ruim 22,72 Muito ruim
ÓTIMA - IQA 91 a 100 BOA - IQA 71 a 90 REGULAR - IQA 51 a 70 RUIM - IQA 26 a 50 PÉSSIMA - IQA 0 a 25
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Milhares de voluntários e mais de 60 toneladas de lixo recolhidas

Ação Viva o Taquari-Antas Vivo chega à 17ª edição com a permanente missão de conscientizar para preservação dos mananciais. Mais do que isso, chamar a atenção das comunidades a olhar para rio Taquari

Oprojeto Viva o Taquari-Antas Vivo, iniciado em 2007, contabiliza o recolhimento de 60 toneladas de resíduos das margens do principal manancial do Vale. E mobilizou mais de 7 mil voluntários. O ato simbólico de limpar as margens do Taquari se transformou em um movimento regional com a adesão de Lajeado, Estrela, Arroio do Meio, Bom Retiro do Sul, Cruzeiro do Sul e Venâncio Aires. Ampliou sua atuação, com a realização de Seminário e Jornada Técnica Ambiental, levou as águas por meio de exposição fotográfica itinerante, a Mostra Espelhos.

Neste ano, chega a 17ª edição, além do recolhimento de resíduos, foca em educação ambiental e conscientização sobre as águas. A programação, como nos anos anteriores, é organizada pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) por meio da Unidade Parceiros Voluntários (UPV).

Ao longo de 17 anos, diversas atividades foram integradas à ação principal de recolhimento de resíduos nas margens do rio

““Começamos o Viva o Taquari Vivo como um projeto singelo que chamasse a atenção para a gravidade crescente da agressão coletiva ao rio Taquari.

A ideia gerada pelo voluntariado da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) foi logo compartilhada com a Cacis de Estrela, com as prefeituras de Lajeado e Estrela e compartilhada com a sociedade.

Começamos com um mutirão de limpeza em 2007. Éramos pouco mais de uma centena de voluntários nas duas margens do rio. Uma representação variada da sociedade, que reunia empregado e patrão, estudante e professor, profissionais liberais, funcionários públicos, adolescente e crianças. Todos recolhendo lixo.

Participo do programa Viva o Taquari –Antas Vivo, desde 2012 quando assumi a coordenação da Parceiros Voluntários de Lajeado. Deste então, coordeno todos os subprojetos deste programa. Esse período me ajudou a lidar com pessoas e situações diferentes, saber identificar e resolver os problemas do programa. Ajudou-me a escrever projetos, correr atrás de recursos, mas principalmente lidar com problemas, porque o Viva Taquari – Antas Vivo, assim como outros projetos, precisa buscar recursos, material etc. Fiz amigos que levarei para a vida toda e sinto-me orgulhosa por fazer parte de uma rede que se fortaleceu e cresceu dentro deste programa de conscientização ambiental e preservação do Rio Taquari. É gratificante, no decorrer dos 17 anos de atividades do programa, encontrar pelo caminho voluntários que participaram, cresceram ouvindo, estudando e, por vezes, pesquisando sobre e sendo, por fim, inspiração para linha de pesquisa de Mestrado que estou cursando. É o maior movimento voluntário já conhecido a nível nacional. Só orgulho!”

Evoluímos com os projetos voltados para as escolas até o reconhecimento como programa oficial da bacia hidrográfica – como Viva o Taquari-Antas Vivo. Sinto-me privilegiado pela convivência com pessoas enriquecedoras, pela oportunidade de aprender continuamente e mudar para melhor.”

Gilberto Soares Idealizador do programa
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“Na sua

Julio Cesar Salecker vice-presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas

17ª edição, o movimento Viva o Taquari-Antas Vivo tem o total apoio do Comitê de Bacia Hidrográfica Taquari-Antas. Na mesma data da ação, o Comitê Taquari-Antas incita todos os seus membros, representantes dos 119 municípios, a fazerem atividades semelhantes.

Na nossa leitura, este movimento é de extrema importância, pois gera uma grande modificação no comportamento das pessoas. De fato, quando se realiza atividades culturais, educacionais e de conservação, a grande função que elas têm é mudar comportamentos. As pessoas só vão preservar os recursos naturais, no nosso caso, as nossas águas, quando tiverem consciência do impacto que causa jogar um detrito no chão, poluir as águas, jogar efluentes não tratados nos cursos d'água, etc.

Este grande projeto é reconhecido pela Agência Nacional das Águas (ANA). Nossa região realmente está muito engajada nisso, cada município já faz suas programações. Este ano, teremos uma grande oportunidade de estarmos juntos ao nosso recurso hídrico principal, que é o rio Taquari, conscientizando as comunidades pela preservação.”

“O Viva o Taquari-Antas

Vivo representa a força e a união da comunidade em prol dos recursos hídricos. O que inicialmente era uma singela ação de recolhimento de resíduos, hoje se perpetua como um grande movimento voluntário que objetiva chamar a atenção para a importância da preservação e restauração do rio e de suas faixas marginais. Sou muito grata por fazer parte dessa história.”

Carin Taiara

Gomes

Engenheira Química, Fiscal de Meio Ambiente em Venâncio Aires

“O Rio Taquari faz parte da minha história, pois tive o privilégio de conhecer o antes e depois da Barragem. Pude aproveitar os seus "melhores momentos" e com isso aprendi a respeitar e cuidar desse manancial. E a Ação Viva o Taquari-Antas Vivo faz com que as pessoas tenham um novo olhar sobre o nosso Rio e comecem a cuidar e respeitar as suas limitações. Com o passar dos anos, a ação foi crescendo e tendo envolvimento dos municípios que margeiam o tio, sociedade, empresas, voluntários.

Durante o ano, são feitas Ações que se originaram como a Mostra Espelhos, Seminário Ambiental, Jornada Técnica, Oficinas nas Escolas e todas abordando o rio Taquari e a importância de cada um nessa caminhada. Como diz o Gilberto Soares, idealizador de todo esse movimento, “queremos poder sentar de frente pro rio e aproveitar essa maravilha que a natureza nos deu, sabendo que fizemos a nossa parte cuidando e preservando o seu entorno”. Como agora estou aposentada, continuarei a ser voluntária, pois acredito nos objetivos da ação e vou fazer a minha parte.”

“ENGENHEIRA AMBIENTAL

BRUNA ANGELA

DADALT

Por que você escolheu cursar engenharia ambiental?

Bruna - A escolha pela Engenharia Ambiental foi impulsionada pela convicção de que podemos construir um mundo mais sustentável.

Em qual área você trabalha atualmente?

Participo do Viva o Taquari-Antas Vivo desde o segundo ano, em 2008. A ação de limpeza das margens do Rio Taquari-Antas vai além do simbolismo do ato, é um convite à reflexão sobre a importância do nosso patrimônio hídrico. Ao longo dos anos, a quantidade e a característica dos resíduos coletados evidencia, um pouco, o amadurecimento da nossa conexão com o rio. E toda essa vivência reforça meu comprometimento em preservar e cuidar ativamente do ambiente que é fundamental para a vida de nossa comunidade.”

Atualmente, atuo como coordenadora ambiental e de sustentabilidade em uma indústria. Também presto serviços de assessoria e consultoria em licenciamento ambiental.

Quais outras áreas da engenharia ambiental você considera promissoras?

Os engenheiros ambientais, como profissionais multidisciplinares, se envolvem em aspectos ambientais, econômicos e sociais, podendo atuar em diversas áreas, como gestão e licenciamento ambiental, laudos hidrológicos, plano de gerenciamento de resíduos sólidos, tratamento de água e efluentes, auditoria ambiental, entre outras.

Como o engenheiro ambiental pode fazer a diferença no meio ambiente e na sociedade?

Com as questões climáticas em destaque, o papel do engenheiro ambiental tornase ainda mais crucial. Somos profissionais fundamentais para acelerar a busca por soluções nesse cenário, destacando-nos como agentes de mudança capazes de fazer a diferença na construção de um futuro mais sustentável e equilibrado para todos. Contribuímos ativamente para a preservação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida, abordando desde o controle da poluição até a gestão eficiente de recursos naturais e a conscientização por meio de licenciamento ambiental, educação ambiental e pesquisa inovadora.

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Malta Fluck até 2023, representante da Corsan no comitê e agora, aposentada, voluntária
EU SOU
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Viveiro produz mudas próprias à recuperação da mata ciliar

Em suas atividades anteriores, sócios da Arvorecer Mudas Nativas perceberam a pouca oferta de plantas para compensação ambiental e espécies adequadas à barranca de rios

Uma pequena estufa de 48m² abriga 20 espécies entre arbustos, arbóreas, frutíferas, todas nativas, com a capacidade de iniciar a recuperação trechos de mata ciliar. Dali, do Alto do Parque, em plena área urbana de Lajeado, também saem plantas para viabilizar processos de compensação ambiental.

O trabalho desenvolvido na Arvorecer Mudas Nativas começou em agosto de 2022. Naquele período, o proprietário Augusto Pretto Chemin, 31, cursava mestrado em Sistemas Ambientais Sustentáveis. A sócia, Amanda Janner Marques, 21, atuava em laboratório de Botânica, na Univates. Ambos perceberam a escassez de espécies adequadas para recuperação da mata ciliar e decidiram iniciar o negócio.

Hoje, os principais clientes buscam orientação à preservação, serviço de fornecimento e reposição de mudas, além de roçadas e plantios. Para manter a estufa, Chemin e Amanda buscam as sementes na própria natureza, em florestas ribeirinhas.

Evolução

Em menos de um ano e meio, Chemin e Amanda avançaram no modelo de produção. Os tradicionais tubetes e saquinhos plásticos estão sendo substituídos pelo paper pot. A tecnologia sustentável usa papel biodegradável envolvendo o substrato, evitando a produção de lixo, porque é enterrado junto com a muda, e preservando totalmente a raiz.

No viveiro localizado no bairro Alto do Parque, em Lajeado, Chemin e Amanda atualizam métodos a fim de preservar e recuperar a flora. flora.

“Manter as florestas ribeirinhas é essencial para preservar seus ecossistemas”

Em pouco mais de um ano, sistema de produção mudou dos antigos sacos plásticos para o paper pot, plantado junto com a muda direto no terra.

Mata ciliar

Entre os clientes da Arvorecer Mudas Nativas estão produtores rurais que precisam recuperar áreas degradas. A região do Vale do Taquari é caracterizada pelas pequenas propriedades. A legislação determina que o proprietário da área mantenha uma faixa de terras às margens dos mananciais. “Quanto mais largo for o rio, maior será a faixa de preservação”, destaca Chemin. Deixar uma faixa sem plantio, pode parecer perda de produção. No entanto, uma área bem protegida de cobertura vegetal serve para evitar o assoreamento. Amanda cita as enxurradas de setembro e novembro do ano passado que expuseram as barrancas, causando um grande impacto ambiental. Se a cobertura fosse adequada, é muito provável que o impacto teria sido menor. Amanda destaca que casos extremos, como esses ocorridos no Vale, exigem projetos de bioengenharia para recuperar as margens. Entretanto, ressalta a importância das medidas preventivas. “Manter as florestas ribeirinhas é essencial para preservar seus ecossistemas. Um exemplo de sucesso, cita Chemin, que é biólogo e mestre em Sistemas Ambientais Sustentáveis, é uma propriedade rural submetida ao trabalho de pesquisadores da Univates. “Utilizando técnicas e espécies adequadas, apresentou um andamento significativo na recuperação do local.”

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Sócia
Arvorecer Mudas Nativas
Amanda Janner Marques
da
FOTOS LUCIANE ESCHBERGER FERREIRA
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NA ESCOLA

Tem macaco, paca e serelepe no campus? Tem sim!

Estudantes do 9º ano da Escola Municipal Bela Vista, orientados pelo professor doutor Luiz Liberato Corrêa, instalaram armadilhas fotográfi cas e fl agraram estes e outros mamíferos silvestres do campus da Univates

Otrabalho de pesquisa “Mamíferos silvestres no campus da universidade” revela a presença de diversas espécies de animais, algumas ameaçadas de extinção, nas áreas de floresta da Univates. O doutor e professor de biologia Luiz Liberato Corrêa propôs ao seus alunos do 9º ano um estudo diferente dos convencionais: descobrir quais animais habitam o campus. Os resultados foram surpreendentes e renderam uma exposição do Museu de Ciências da universidade.

Os estudantes do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Bela Vista, de Arroio do Meio, sob orientação de Corrêa, colocaram armadilhas fotográficas - equipamentos particulares do docente - em pontos estratégicos nas áreas de floresta da Univates. O grupo contou com a colaboração do curso de Ciências Biológicas, por meio da professora doutora Liana Johann, e bolsista de iniciação científica e graduando de ciências biológicas Mathias Höfstatter. As armadilhas fotográficas equipadas

com sensores de movimento foram distribuídas em diferentes áreas do campus. A escolha dos locais, segundo o professor, levou em conta marcas de trilhas possivelmente de animais. O grupo utilizou iscas (frutas), dispostas próximas das câmeras para facilitar a captura de imagem. A cada 15 dias, os alunos verificavam a carga das pilhas e baterias e trocavam os cartões de memória. O trabalho durou quatro meses.

Depois que todos os dados foram coletados, o trabalho geral foi fracionado entre grupos de alunos. “Um grupo escolheu a ecologia do tatu-galinha, outro sobre a paca. A equipe que escolheu o mão-pelada como tema ficou em 1º lugar na Feira da Univates, no ano passado.

“As atividades de campo com estudos da fauna silvestre na disciplina de ciências proporcionaram distintas abordagens investigativas que vêm ao encontro com a educação ambiental, conscientizando e motivando os alunos para a pesquisa no ambiente esco-

Nova etapa

A intenção é seguir os estudos com borboletas, águias noturnas e pássaros. “É necessária toda uma logística, buscar autorizações, tudo precisa ser pensado e bem planejado antes de executar”, destaca o professor.

Em 112 dias, foram detectamos 11 registros de mamíferos silvestres

• Ouriço-cacheiro (Coendou spinosus)

“As atividades de campo com estudos da fauna silvestre nos proporcionaram distintas abordagens investigativas que vêm ao encontro com a educação ambiental.”

lar, evidenciando o conhecimento da natureza e seus processos ecológicos”, destaca Corrêa.

Surpreendente

O flagrante, em especial, surpreendeu o professor Corrêa. Foi o registro de paca, que na integra a lista de animais ameaçados de extinção no Rio Grande do Sul. “Aparentemente é um casal”, diz o professor a partir dos registros fotográficos.

Outra curiosidade é que haviam marcas de pegadas nas câmeras, mas não fotos. “Alguns passavam pelos equipamentos, mas não eram flagrados, embora a lente captasse movimento em um raio de 10 metros. Pelas imagens, os estudantes conseguiram diferenciar, por exemplo, o graxaim do mato do graxaim do campo.

• Serelepe (Guerlinguetus ingrami)

• Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris)

• Preá (Cavia aperea)

• Furão (Galictis cuja)

• Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus)

• Graxaim-do-mato (Cerdocyon thous)

• Mão-pelada (Procyon cancrivorus)

• Paca (Cuniculus paca)

• Bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans)

*Gato-do-mato (Leopardus sp.)

* Considerados ameaçados de extinção no RS.

Obs. Relatos de locais e contatos indiretos foram considerados.

Exposição no Museu de Ciências

Além dos banners informativos com as imagens registradas, a exposição no Museu de Ciências da Univates conta com itens do seu acervo sobre a fauna local, como animais taxidermizados.

A exposição tem como objetivos proporcionar ao público o conhecimento das diversas espécies que compõem a fauna local e conscientizar as pessoas sobre a importância da proteção dos animais. A paca, o bugioruivo e o gato-do-mato, exemplos flagrados durante a observação, são considerados animais ameaçados de extinção no Rio Grande do Sul.

O Museu fica na sala 100 do prédio 8. A exposição pode ser prestigiada por todos os interessados e a visitação é gratuita. A sala está aberta de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30min e das 13h às 17h, sem necessidade de agendamento.

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Luiz Liberato Corrêa Professor doutor de biologia
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Certel: energia limpa, envolvimento comunitário e modelo cooperativista

Três pilares – ambiental, social e governança – fazem parte do modelo de gestão da cooperativa que chega aos 68 anos

Opróprio modelo de negócio da Cooperativa Certel corresponde aos preceitos da gestão ESG, sustentada pelos pilares Environmental, Social e Governance –ambiental, social e governança. “Somos uma cooperativa, temos uma sociedade de pessoas, o primeiro ponto é mostrar sempre a transparência, aquilo que o nosso associado espera da cooperativa”, destaca o vice-presidente Daniel Luis Sechi.

Nos últimos anos, a Certel avançou em relação à representatividade e na participação dos associados. São 48 municípios de abrangência, divididos em seis microrregiões. Os 75 mil associados são representados por 207 delegados, que elegem o conselho fiscal. A escolha dos delegados também ocorre por votação. “Com isso a cooperativa vai ao encontro da comunidade, e não ao contrário.”

A Certel faz reuniões periódicas com os delegados para prestar contas dos investimentos, das decisões gerais. “Respondemos perguntas e demandas que venham a surgir. É um avanço muito significativo, principalmente de participação do associado”, observa o

vice-presidente.

A formação do conselho fiscal ocorre por meio das representações dos delegados. Eles participam de cursos de formação e se preparam para função. Os delegados elegem o conselho fiscal, que se renova a cada ano.

“Precisamos olhar as organizações e a cooperativa com as tendências de futuro, precisamos cada vez mais preparar a governança para estar estruturada para as mudanças pois elas acontecem muito rápido”, observa Sechi.

Para Rainer Büneker, secretário da Certel, falar em ESG é pensar em cooperação e parcerias estratégicas. É ter,

por exemplo, um plano de contingência. “Assim agimos de forma conjunta quando acontecem, por exemplo, fenômenos climáticos, uns apoiam os outros.”

Atendimento

Os canais de comunicação vão desde o atendimento virtual, pelo Instagram e Facebook, passa pelo presencial, mais humanizado, pelo programa de rádio “Contato direto”, de segunda a sexta-feira em 12 emissoras, entre elas a Rádio A Hora 102.9, e chega ao jornal impresso, com edição mensal distribuída a todos os associados.

Social

Criado

em 2021, o Programa de Incentivo às Entidades (PIE) doa parte do resultado da Certel a instituições que inscrevem seus programas. Um comitê interno, sem a participação da direção, avalia os pedidos e necessidades, seja de creches, hospitais, bombeiros entre outras organizações.

Para o público interno, entre os programas está o Inspire, focado em saúde mental. Trabalhar o estresse e comportamento em grupo para ter um clima mais saudável e feliz no ambiente profissional.

Meio ambiente

A Certel, assim como outras distribuidoras de energia, tem licença permanente da Fepam para corte e supressão de árvores, por meio de avaliação técnica e identificada a necessidade, como por exemplo, risco de queda sobre rede. E para toda ação de impacto, há sistema de compensação.

Em Pouso Novo, a cooperativa projeta construir a Usina Vale do Leite. O complexo manterá um corredor ecológico. As áreas de entorno adquiridas pela cooperativa têm em sua matrícula a indicação de área de preservação permanente (APP). Outro projeto futuro é a geração de energia eólica.

As estratégias de investimentos e o próprio sistema cooperativo resultam em “energia renovável, limpa e 30% mais barata que as outras distribuidoras”, conclui Sechi.

Precisamos cada vez mais preparar a governança para estar estruturada para as mudanças pois elas acontecem muito rápido.”
Luis Sechi vice-presidente
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Case ESG

DESCUBRA COMO O VALE DO TAQUARI

SE DESTACA NO SETOR DA RECICLAGEM ANIMAL

SAIBA COMO O GRUPO FASA, SEDIADO EM CRUZEIRO DO SUL, CONTRIBUI PARA A SUSTENTABILIDADE

E ABRE NOVOS MERCADOS PELO MUNDO

OBrasil é o segundo maior fabricante de produtos de reciclagem animal no mundo, segundo a ABRA (Associação Brasileira de Reciclagem Animal). O Rio Grande do Sul também está entre os Estados que melhor realizam aproveitamento de resíduos de abates. O fato do Grupo FASA ter sua sede em Cruzeiro do Sul ajuda a entender esse dado. Afinal, cerca de 12% de toda a reciclagem animal no país é feita pela empresa.

suínos e pescado) como animais de companhia (cães e gatos). Outro uso da farinha é como fertilizante, principalmente para hortas.

Segundo Robinson Huyer, Diretor Comercial do Grupo FASA, a Reciclagem Animal é um importante nicho de produção do agronegócio brasileiro e essencial para os processos de sustentabilidade tão necessários para o país. “Esta é uma prática sustentável dentro da pecuária e uma fonte de nutrientes essenciais para a alimentação pet e de outros animais. Além disso, esta é a única indústria 100% reciclável da região”, explica.

Anualmente, cerca de 13 milhões de toneladas de resíduo animal são recolhidos pelo setor. Disso, são produzidas 5,7 milhões de toneladas, entre farinha e gordura.

A partir da farinha, são fabricadas rações que alimentam tanto animais de produção (aves,

As gorduras também são utilizadas como matéria-prima para as rações, mas, em maior parte, para a produção de biodiesel e para as indústrias de saboaria, higiene e limpeza e cosméticos.

Novos mercados

Além de abastecer o mercado interno, o Grupo FASA tem expandido suas vendas para o Mercado Externo, que em 2023 representou 47% do volume total. Os principais destinos foram o Leste Asiatico - Indonésia, Malásia, Tailândia, Vietnã e Camboja -, África do Sul, Estados Unidos e América do Sul - Chile, Colômbia, Equador, Peru, Argentina e Venezuela.

Recentemente, o setor de reciclagem animal celebra uma importante abertura de mercado no sudeste asiático esta semana: as Filipinas. “É a peça que faltava para, após pouco mais de um ano de negociações com as autoridades brasileiras, o país receber os produtos do setor”, informou a ABRA em comunicado à imprensa.

Huyer também comemora essa nova janela de oportunidade. “É fundamental que possamos trabalhar juntos para destravar questões e ampliarmos o ciclo de desenvolvimento que o setor traz. Afinal, como um todo, contribuímos com cerca de R$ 25,8 bilhões para o PIB nacional”, conclui.

Por que a reciclagem animal é importante?

• Hoje, são abatidas cerca de 85 milhões de cabeças de bovinos,caprinos, ovinos e suínos;

• Enquanto isso, de frangos e perus são 5,9 bilhões de cabeças;

• Deste total, 34% não chega ao consumidor e segue direto para a reciclagem;

• A carcaça de uma vaca, em média, libera 1,2 tonelada de gás carbono na atmosfera;

• Este montante equivale a 6.025.557 carros em circulação;

• Com a reciclagem, essas substâncias são transformadas em fonte de matéria prima segura para utilização em outras cadeias;

• Assim, a reciclagem animal retira da natureza nutrientes como carbono, nitrogênio e fósforo, que em excesso contaminam o meio ambiente.

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