AH - Pensar Teutônia | 24 de maio de 2016

Page 1

Especial comemorativo aos 35 anos de Teutônia. Maio de 2016

T E U T Ô N I A

O cooperativismo é a marca de Teutônia. Emancipado faz pouco mais de três décadas, o município desponta como uma das principais economias do Vale do Taquari. O agronegócio cresce a cada ano e assume protagonismo.


2

Editorial

MAIO DE 2016

T

Cooperativismo exala desenvolvimento

eutônia é a cidade gaúcha com o maior percentual de cooperativados em relação ao número de habitantes. Aos 35 anos, encontrou vocação no trabalho integrado, onde 82% da população está ligada a uma das cooperativas instaladas na cidade – Certel, Languiru, Sicredi, Cooperagri e Comatra. ­ Ƥ ± ǡ o município ocupa índices de desenvolvimento e evolução singulares. Em pouco mais de três décadas de autonomia política e administrativa, tornou-se uma das principais economias regionais, a frente de núcleos urbanos emancipados muito antes. Mais do que um município dividido em

três grandes centros, a cidade que canta e encanta – título que leva devido à cultura do canto coral e da orquestra – serve de referência para toda a microrregião, formada por sete municípios vizinhos. O agronegócio se consolida a cada ano como a principal motriz econômica e de desenvolvimento, alicerçado no Colégio Teutônia, o maior e principal da região, fundado há mais de 60 anos. Está condicionada sobre o setor primário a previsão de crescimento orçamentário, com destaque para as áreas leiteira, suinícola e avícola. Em paralelo, a indústria continua com papel social e de renda preponderante, em especial no bairro Canabarro,

onde o calçado é garantia de emprego para centenas de famílias. Mas nem tudo é motivo de comemoração. Teutônia sofre a pressão natural de qualquer centro urbano em desenvolvimento e, assim como na maioria das cidades, carece de planos e obras de infraestrutura para acompanhar o crescimento ordenado. A Via Láctea, que liga a Rota do Sol à BR-386, é o exemplo mais contumaz dessa fragilidade. A rodovia de pista simples e dezenas de acessos secundários ± Ƥ veículos diário. No perímetro urbano, o número de acidentes nas vias públicas continua a

Ƥ × reduzir os registros. Não menos necessária se faz uma revisão no Plano Diretor para ƪ ­ ­ urbano sobre as áreas rurais – principal vocação econômica do município. De um modo geral, Teutônia cresceu muito. Colhe frutos de parcerias público-privadas que despertam empreendedorismo e elevam a qualaidade de vida. Ao passo que consolida sua representatividade econômica e social para o Vale, precisa ampliar o debate para evitar contrastes limitantes. Se não planejar e ordenar a ocupação urbana e rural, eles tendem a se multiplicar.

ANDERSON LOPES

3X4 ATUAL População

30.170 Área territorial

178,460 km² Ƥ

152,68 pessoas por km² Renda per capita – Rural

R$ 706,67 Renda per capita – Urbana

R$ 767,67 Renda familiar rural

R$ 2.395,05 Renda familiar urbana

R$ 2.522,34 ȍ ǣ Ȏ

Fundado em 1º de julho de 2002

Publicação do jornal A Hora. Todos os direitos reservados Lajeado - Vale do Taquari - RS

Diretor-geral: Adair Weiss Diretor editorial: Fernando Weiss Diretor administrativo: Fabrício de Almeida

Redação Av. Benjamin Constant, 1034/201 Fone: 51 3710-4200 CEP 95900-000 - Lajeado - RS ahora@jornalahora.inf.br www.jornalahora.inf.br

Textos: Maciel Delfino Diagramação e layout: Fábio Costa e Gianini Oliveira

Tiragem desta edição: 10 mil exemplares. Disponível para verificação junto ao impressor (ZH Editora Jornalística) Proibida a venda avulsa



4

MAIO DE 2016

35 anos de Teutônia ARQUIVO A HORA

Campo e cidade garantem a Celeiro do agronegócio regional, Teutônia comemora crescimento do setor primário. Indústria

A

extinção do limite de expansão urbana possibilitou aos produtores a continuidade do trabalho no campo. Também resultou na abertura ǡ ƪ e retraiu em 146 hectares a zona rural. Mesmo assim, o agronegócio cresce e já responde por 23,3% do valor adicionado. Em 2012, era 17%. Ƥ programas de incentivo à produção

primária, visando contribuir com as 1,5 mil famílias que mantêm minifúndios. Entre as principais atividades, destaca-se a criação de gado leiteiro, suínos e aves. O plantio de grãos como milho, feijão e soja ocorre em concomitância, ocupando um espaço menor nas propriedades. O Colégio Teutônia é fundamental Ƥ ­ Ǥ meio do curso Técnico de Agropecuária e especialização em Agroecologia, leva

inteligência e inovação ao campo. Em março, com a parceria da Languiru, o educandário lançou o curso inédito no país: o Aprendiz do Campo. O programa realizado por meio do Jovem Aprendiz serve como base para iniciação de conceitos técnicos e práticos da agricultura. A família de Adelar Riva, 54, é reconhecida no setor primário pela alta produção. Faz 28 anos que mantém criação de vacas e aves. No ano passado, foi

homenageado por ser líder em produção de leite: 1,2 mil litros por dia. Conforme Riva, jamais pensava que fosse um dos maiores produtores. “Achei que tivessem outros que produzissem mais. Isso é só consequência de muito trabalho.” ǡ ² Ƥ a propriedade com 80 vacas e 40 mil frangos. A quantidade de leite coletado subiu para 1,7 mil. “A ideia é sempre crescer, não podemos parar. Temos que pensar sempre pra frente, ampliar e


35 anos de Teutônia

Importância de cada setor 11,4%

18,2%

47,11%

23,29%

Indústria Agricultura Comércio Serviços

renda mantém referência produzir mais. Aumentar a produção Ƥ Ǥdz Em Linha Ribeiro, Celso Drebes, 50, acompanha o avanço urbano sobre o meio rural. Faz quatro anos que o primeiro loteamento próximo da propriedade da família foi aberto e já tem mais de cem moradias. Fazendo divisa com a plantação de milho, uma loteadora ofertou terrenos. “É o progresso, não temos mais o que fazer, já estamos no perímetro urbano.”

Indústria oscila, mas projeção é positiva Enquanto a agricultura cresce, o setor industrial apresenta baixa desde 2012. ͡​͡ǡ͠τ Ƥ ǡ caiu para 47,1%. Mesmo assim, continua com maior percentual de arrecadação. As fábricas de calçados e indústrias de laticínio são as protagonistas. A produção de sapatos enraizada principalmente em Canabarro garante mais de 3,5 mil empregos, divididos pelas 20 unidades de produção e ateliers. Em época de pico, Teutônia chega a produzir 60 mil pares de sapatos por dia. A instalação da Frigovale, em Linha Clara, é uma promessa que deve elevar ainda mais o valor adicionado. O frigo ÀƤ ͟͜͝ 400 bovinos por dia. Com um complexo amplo, possibilitará o atendimento dos mercados interno e externo.

MAIO DE 2016

5

MACIEL DELFINO

Jeferson Luís da Silva, 28, é outra história de sucesso no empreendedorismo Ǥ Ƥ × sfutebol regional e trabalhar como instrutor na escolinha Juventus, “Black”, como é conhecido, decidiu mudar. Ingressou na faculdade de Educação Física e projetou trabalho na área. O primeiro investimento, de R$ 12 mil, saiu das economias dos pais Pedro Orlando e Eva Bela. Com o recurso, comprou os primeiros equipamentos para academia e alugou sala de 40 metros quadrados no bairro Canabarro. Na época, registrava 80 alunos e o espaço estava pequeno. Com o lucro, mudou para outra sala com 105 metros quadrados e comprou mais aparelhos. Em janeiro deste ano, passou para outra sala, com 600 metros quadrados, onde oferta musculação, aeróbico, muay thai, com instrutor graduado pela Federação Gaúcha de Muay Thai Esportivo, e avaliação nutricional gratuita. “Investi em área para descontração e os alunos tomarem um café, porque a academia é composta por amigos. Nossa meta hoje é ver as pessoas felizes e conseguindo resultados.”

Micro e pequenas empresas crescem Em 2015, o número de microempreendedores individuais (Meis) aumentou 10% em relação a 2014. A categoria abrange construtores civis, diaristas, pintores, ǡ Ƥ Ø Ǥ Daiane Blatt Gross, 28, vendia roupas de porta em porta, sem registro. Buscou clientes e atraiu revendedoras. Resolveu abrir a própria loja em 2014. “No início tive medo por estar investindo e não saber se teria retorno. Mas fui persistindo.” Em dezembro do ano passado, Daia Ƥ de Souza e juntas buscam o crescimento da loja. Por meio de pesquisas na internet, procuram modelos e looks diferentes para se tornar referência.

MACIEL DELFINO

Aos 22 anos, Elisandro Wahlbrinck o. decidiu investir no negócio próprio. Vendeu um carro, pediu empréstimo aos pais, reuniu cerca de R$ 15 mil para iniciar a produção de pizzas. Transformou a garagem de 15 metros quadrados onde produzia sozinho 30 unidades por semana. Em setembro do ano passado, aos 26 anos, Wahlbrinck inaugurou a Pizzaria tendim to a clienli do Nono, ao lado da casa dos pais. O espaço para atendimento tes e produção foi ampliado para 150 metros quadrados. A demanda também aumentou. Vende 320 pizzas por semana e fornece para seis supermercados. “Fiz tudo com os pés no chão”, diz.


6

MAIO DE 2016

35 anos de Teutônia

Cooperativismo: base sólida Veia cooperativista é referência. Mais de 80% das pessoas estão ligadas a uma das cinco

O

pórtico da cidade, pela Rota do Sol, anuncia a terra do cooperativismo. Entre as cinco em funcionamento na cidade, três (Languiru, Certel e Sicredi) são protagonistas no cenário estadual. Cooperagri e Comatra completam o conjunto. Elas formam a base na produção de alimentos, energia, provedor de internet, artefatos de cimento, crédito Ƥ ǡ estado. A Languiru começou atividades em 1955 a partir de um plantel com 174 agricultores, visando a venda de alimentos estocados. Hoje são seis mil famílias associadas, gerando 2.850 empregos diretos e indiretos. Cinco supermercados, dois em Teutônia, um em Poço das Antas, Bom Retiro do Sul e o mais recente, adquirido em Arroio do Meio. Também oferta ferramentas e insumos por meio de agrocenters, que totalizam três unidades. O resultado na cadeira produtiva do leite, aves e suínos no Vale ultrapassou as fronteiras por meio de exportação para 40 países do Continente Africano, Leste Europeu, Extremo Oriente e Caribe. No ano passado, a Languiru apresentou patrimônio líquido superior a R$ 11 milhões, 16% a mais em relação a 2014. A Hora – Qual a principal conquista da Languiru na cidade? Dirceu Bayer – Foram várias conquistas nestes 60 anos de existência, mas talvez duas tenham sido marcantes para o desenvolvimento da Languiru e de Teutônia: a construção da primeira indústria de laticínios no bairro Languiru na década de 1960 e a construção do complexo formado pelos prédios do atual Agrocenter, antiga sede administrativa e pavilhão social também no bairro Languiru no ano de 1975 e inaugurados pelo então presidente da República, Ernesto Geisel.

“A relação do Sicredi com Teutônia é muito forte”

A

Sicredi Ouro Branco é outro pilar econômico. Com 19 unidades de atendimento no estado, reúne mais de 55 mil associados e garante que os recursos administrados permaneçam em cada comunidade. Hoje a cooperativa de crédito administra R$ 1,2 bilhão e tem patrimônio líquido superior a R$ 126 milhões. Conforme o diretor-executivo Neori Ernani Abel, a economia da cidade cresce e a instituição Ƥ Ǥ

Qual a meta da cooperativa para os próximos anos? Bayer – Consolidar os investimentos realizados ao longo dos últimos anos e buscar alternativas para o crescimento do quadro social, gerando renda e emprego em toda a região. Especial atenção está sendo dada para atender a demanda do mercado consumidor e a viabilidade da pequena propriedade rural. A Languiru tem apostado na sucessão familiar para a permanência do jovem no campo. Desde a iniciativa, qual o resultado dessa aposta? Bayer – Os programas desenvolvidos para manter os jovens nas propriedades rurais têm possibilitado que a produção e a produtividade aumentassem muito. Registramos uma dimi ­ Ƥ ± ǡ suínos e leite e especialmente o planejamento ordenado da ǡ ƪ gerações e consequente abandono dos negócios da família. ² ­ Ƥ abastecer as novas plantas industriais que foram erguidas recentemente e dessa forma estão garantindo a continuidade das propriedades e da cooperativa.

A Hora – O que a Sicredi espera da projeção econômica de Teutônia? Neori Ernani Abel – Acreditamos que Teutônia continuará sua trajetória de destaque na região como uma das principais economias do Vale. Em virtude de sua di Ƥ ­ ǡ é competitiva, com condições de enfrentar eventuais adversidades. Uma economia alicerçada em um setor industrial bem desenvolvido, com produção agropecuária que é capaz de alcançar índices de produtividade excelentes, aliada a um setor de prestação de serviços competitivo, indica que Teutônia continuará em desenvolvimento. A Sicredi Ouro Branco é uma cooperativa que cresceu em paralelo com o município. Qual o segredo para o


35 anos de Teutônia

MAIO DE 2016

7

impulsiona o desenvolvimento instituições estabelecidas no município. Presidentes realçam o valor das parcerias Certel: cooperativa que iluminou a emancipação

A

sucesso conjunto? Abel – A relação do Sicredi com Teutônia é muito forte, pois a fundação da cooperativa foi no mesmo ano da emancipação do município. Estes 35 anos marcam a união de forças em prol da comunidade. Uma história de muito trabalho, desenvolvimento e prosperidade escrita por muitas mãos. De que forma a Sicredi Ouro Branco contribui para a comunidade? Abel – A Sicredi, como sociedade de pessoas, tem no cumprimento de sua missão contribuir para uma sociedade melhor e mais justa, por meio do relacionamento e ­Ù Ƥ gar renda e assim efetivamente contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos associados e da sociedade.

inauguração da quarta hidrelétrica da cooperativa Certel marcou o aniversário de 60 anos. No distrito de Cazuza Ferreira, em São Francisco de Paula, expandiu a área de atuação. Hoje são 48 municípios com infraestrutura energética e 70 mil pessoas Ƥ ­ Ǥ Além de ser referência no abastecimento de energia, a cooperativa ampliou os serviços para distribuir sinal de internet em 95% da cidade. Cerca de 4.250 clientes estão conectados à rede por meio da CertelNet. A Certel Artefatos de Cimento, além de produzir e vender postes de concreto com até 40 metros de altura para o mercado gaúcho de energia, disponibiliza blocos de concreto, pisos intertravados para a pavimentação, construção civil e postes para loteamentos. No varejo, as três lojas em Canabarro, Languiru e Teutônia ofertam móveis, eletrônicos e permitem aos associados realizarem cadastros. A Hora – Qual a ligação entre Teutônia e a cooperativa que expandiu-se para 48 municípios? Erineo Hennemann – É com muito carinho que avaliamos esta relação duradoura entre a Certel e o município. A energia elétrica que passou a ser fornecida pela Certel, inicialmente aos moradores de Teutônia e, depois, a outros foi essencial por possibilitar o crescimento e a alavancagem da região. Aliás, Teutônia tem uma acentuada vocação para o cooperativismo, tendo em vista que cooperativas de outros ramos também se desenvolveram e hoje representam importantes mecanismos de pujança, como a Languiru, no ramo agropecuário, a Sicredi Ouro Branco, no crédito rural, entre outras mais recentemente constituídas.

Quais são os projetos da Certel? Hennemann – A cooperativa pretende manter-se Ƥ to de energia elétrica e seus demais serviços aos seus associados. Existem outros projetos de usinas a serem construídas, cinco somente no Rio Forqueta, onde já temos duas. A situação econômica propõe mudanças. A dire­ Ƥ ­ ǫ jamento para equilibrar? Hennemann – É necessário, mesmo diante dos maiores obstáculos, acreditar, lutar e jamais desistir.

Ƥ ǡ ± timos os efeitos da economia instável que assola o país. Com uma crise econômica, política e moral de demasiada proporção, é importante jamais perder o foco, acreditando e agindo, de fato, para o regresso da estabilidade.


MAIO DE 2016

35 anos de Teutônia MACIEL DELFINO

8

Formando o eixo municipal, o bairro Teutônia é considerado residencial e mantém marcas históricas

Administrar três Teutônia é o único município do Vale do Taquari a concentrar

D

esde a emancipação, os gestores públicos con Ƥ ordenar três grandes centros com características e demandas distintas. O plebiscito de 24 de maio de 1981 uniu três distritos de Estrela para formar Teutônia. A Couros Bom Retiro foi uma das primeiras empresas a se instalar em Canabarro. A oferta de emprego atraiu mão de obra de cidades vizinhas e caracterizou o bairro como o mais heterogêneo. O setor calçadista impulsionou a indústria local e o crescimento pôs Canabarro entre os maiores do Vale em número de moradores. Languiru teve um dos primeiros centros comerciais instalados na rua 3 de Outubro. O armazém também deixou a marca que persiste faz 35 anos. O bairro concentra lojas, hotéis

e as sedes administrativas das cooperativas Languiru e Sicredi. Também foi escolhido pelo setor imobiliário. O Edifício Imperador faz jus ao nome. Tem dez andares, o mais alto da cidade. O Centro Comercial Sollus é construção recente na rua 3 de Outubro e demonstra crescimento e inovação arquitetônica. Povoado por imigrantes alemães, o bairro Teutônia é residencial e foi constituído a partir da produção primária. A Fundação Agrícola Teutônia foi a Ƥ ­ para o trabalhador e hoje é mantenedora do Colégio Teutônia. A localidade também é sede da Cooperativa Certel. O prédio do Hospital Teutônia Norte é um dos monumentos históricos do bairro. Com início de atividades em 1936, funcionou até 1975, quando foi fechado. Hoje, a casa de saúde está abandonada. O Executivo desapropriou


Â? ƒÂ?‰—‹”—ǥ ĥ ‡†‹Ƥ…ƒ­Ă™Â‡Â• †‡•’‘Â?–ƒÂ?Ǥ ‡•‡Â?˜‘Ž˜‹Â?‡Â?–‘ Âą Â…ÂƒÂ”ÂƒÂ…Â–Â‡Â”Ă€Â•Â–Â‹Â…Âƒ †‡•†‡ ƒ ‡Â?ƒÂ?…‹’ƒ­ Â‘

MAIO DE 2016

9 MACIEL DELFINO

ANDERSON LOPES

35 anos de TeutĂ´nia

O bairro Canabarro ĂŠ o mais populoso do Vale do Taquari. Oferta de mĂŁo de obra atrai os moradores

centros urbanos desafia a gestĂŁo trĂŞs bairros com caracterĂ­sticas de centro. Eles mantĂŞm peculiaridades que identificam as culturas e hĂĄbitos de cada um ƒ ž”‡ƒ ‡Â? ͜͞Í?Í ÇĄ Â?ĥ ƒ‹Â?†ƒ Â? Â‘ †‡ƤÂ?‹— o que fazer com o local. A estrutura corre o risco de desabar e nĂŁo pode ser reaproveitada. Uma das sugestĂľes ĂŠ transformar o local em ĂĄrea de lazer.

Demanda maior para Canabarro Apesar da intenção de investir os recursos públicos de forma homogênea, o bairro Canabarro recebeu atenção especial nos últimos anos. O crescimento populacional demandou ampliação de escolas como Teobaldo Closs, que atende 650 alunos. No loteamento 8, a expansão foi intensa com a construção de 128 casas populares no residencial Morada do Sol, pelo Programa Minha Casa Minha Vida. O número de estudantes na escola 24 de Maio disparou para 450 matrículas, o segundo maior quadro de alunos

Espero que possamos construir mais um trecho da avenida 1 Leste em direção a Canabarro como alternativa. Quem sabe construir um viaduto sobre a ferrovia e chegar atÊ a Vila Esperança. Renato Altmann Prefeito

na cidade. O bairro tambĂŠm recebeu uma das trĂŞs equipes de EstratĂŠgia de SaĂşde da FamĂ­lia distribuĂ­das em Canabarro. Em todo municĂ­pio, hĂĄ trĂŞs Unidades BĂĄsicas de SaĂşde e um Centro Avançado. “Proporcionalmente, tem muito mais ruas, pessoas e demanda. Por isso precisou de mais recursos. Mas buscamos ser justos com a distribuição dos investimentosâ€?, destaca o prefeito Renato Altmann. No bairro TeutĂ´nia, a construção do posto de saĂşde ĂŠ um marco, assim como a retomada da distribuição de ĂĄgua. “Assumimos da Corsan e passamos a ofertar ĂĄgua com tarifa mais baixa que a anterior.â€?

Mobilidade urbana ĂŠ a pedra no caminho Conforme o prefeito Altmann, no

cargo por dois mandatos, alĂŠm dos pilares bĂĄsicos como educação, saĂşde e segurança, a mobilidade urbana ĂŠ o ’”‹Â?…‹’ƒŽ †‡•ƒƤ‘Ǥ ’‡Â?ĥ †—ƒ• ˜‹ƒ• Ž‹‰ƒÂ? aos trĂŞs principais bairros. A Via LĂĄctea e o trajeto pela Carlos Arnt em Canabarro, Estrada Velha e Estrada da VĂĄrzea que ligam a Languiru e TeutĂ´nia. “Em 2009 inauguramos a ligação de Canabarro e Languiru pela Estrada Velha e foi uma obra histĂłrica. Acabou melhorando, mas tem muito a se fazer. Espero que possamos construir mais um trecho da avenida 1 Leste em direção a Canabarro como alternativa. Quem sabe construir um viaduto sobre a ferrovia e chegar atĂŠ a Vila Esperança.â€? Sobre pavimentação, o Executivo criou lei obrigando as loteadoras a calçarem as ruas com paralelepĂ­pedo ou blocos. A medida polĂŞmica gerou crĂ­ticas, mas “—ƒŽ‹Ƥ…ƒ ĥ ‡•–”ƒ†ƒ• ƒÂ?–‡• †ƒ ˜‡Â?†ƒ ‡ ocupação dos moradores.


10 MAIO DE 2016

35 anos de Teutônia

Frota aumenta e número de acidentes dispara Na área urbana, acontece ao menos um acidente por dia. A maioria, em cruzamentos

N

o ano passado, o Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA) emplacou em média 38 carros por mês, totalizando 466 no ano. Nos primeiros três meses de 2016, foram 121 cadastros. Conforme o Detran, o total de veículos no município alcança 20.999. A infraestrutura despreparada para a crescente quantidade de veículos obriga as administrações públicas a traçar novos objetivos. O erro histórico de adotar o sistema rodoviário como principal meio de transporte provoca a saturação das ruas nas cidades. Enquanto motoristas do eixo Rio-São Paulo perdem até 46 minutos por dia em congestionamentos, no RS as rodovias e vias municipais têm um tempo menor, mas já dão mostras de saturação. Um pouco distante desse cenário, no Vale do Taquari, os mais de 213 mil veículos nos 36 municípios representam 4% da frota estadual. Os dados recentes endossam a análise sobre o crescimento da frota. Fenômeno visto em todo o país, em especial após os incentivos com redução de ǡ Ƥ ciamento e com o aumento no poder ­ ǡ Ƥ ƪ ï Ǥ ǡ

Números Novos veículos 2015 – 466 2016 (janeiro a abril) – 163 Frota total (conforme o Detran)

20.999

Acidentes 2015 – 359 2016 (janeiro a abril) – 151

Mortes 2015 – 7 2016 – Nenhuma

Acidentes e mortes no perímetro urbano, atendidos pela Brigada Militar até o dia 11.

as melhorias em infraestrutura viária não acompanharam essa tendência. Ø ± Ƥ Ƥ ² o Departamento de Trânsito. Com equipe defasada, busca meios de orientar e conscientizar os motoristas, com objetivo de proporcionar mais segurança. Hoje, é composto pela responsável Margrit Grave e três servidores que também trabalham para a Secretaria de Obras. Com população estimada em 30 mil habitantes e três grandes bairros, o setor é responsável por manter a sinalização das vias do perímetro urbano. Renová-la com frequência é uma tarefa difícil. Na rua Carlos Arnt, em Canabarro, e na Três de Outubro, em Languiru, semáforos são aliados na organização do trânsito. A administração tentou licitar outro equipamento para a rua Major Bandeira, mas não obteve êxito. Ƥ esses problemas, reduzir o número de ± Ƥ Ǥ do perímetro urbano, atendido pela Brigada Militar, em 132 dias, foram 363 colisões. A maioria em curvas ou cru Ǥ Ƥ ­ ǡ a maior parte dos acidentes é motivada pela falta de atenção dos condutores. No ano passado, aconteceram sete mor-

Cidade lidera as estatísticas em quantidade de acidentes.

tes na área urbana. Em fevereiro de 2016, Alice Wendel, 19, seguia para casa com o namorado, de carona em uma Biz, na rua Dom Pedro II, em Canabarro. Um ciclista cruzou sem sinalizar e o motociclista perdeu o controle do veículo. Eles caíram, e Alice morreu no local.

Ensinando na base Em parceria com a Secretaria de Educação, o Departamento de Trânsito tenta ensinar os alunos desde a Educação Infantil. Os princípios de direção defensiva e ensinamentos básicos, como parar antes da faixa de pedestres, respeitar


35 anos de Teutônia MACIEL DELFINO

Município busca medidas para reduzir as ocorrências, mas esbarra na falta de planejamento duradouro

limites de velocidade e semáforos, são acentuados em toda a rede municipal. Paralela à Semana Nacional do Trânsito, a mobilização em prol da conscientização é intensa. Palestras, simulação de acidentes e distribuição de ƪ urbano. Em 2015, foram instaladas sete cruzes pretas em frente ao Centro Administrativo, no intuito de alertar os condutores para as mortes no trânsito.

Incômodos sobre a pista Desde 2013, quando o Departamento de Trânsito começou a contar o

número de redutores de velocidade, foram 14 instalados. Na extensão de 3,5 quilômetros da rua Carlos Arnt, desde a rua Guilherme Trenepohl até a Estrada Velha, são oito. A medida se repete nas principais avenidas. Em ruas ƪ À ǡ lação ocorre com base na requisição do Legislativo a pedido da comunidade e análise do departamento. Além das ondulações sobre a pista, quatro interseções no acesso aos bairros Canabarro, Languiru e Teutônia pela Via Láctea apresentam maior incômodo aos motoristas em horário de pico. O trajeto é importante e o congestionamento se torna inevitável.

MAIO DE 2016

11


12 MAIO DE 2016

35 anos de Teutônia ARQUIVO A HORA

Colonizadores ensinaram a cantar e encantar Cidade quer título de Capital Nacional do Canto Coral

T

eutônia é palco de diversas manifestações artísticas. Do ǡ Ƥ ram-se as expressões. Entretanto, as tradições alemãs caracterizam a cidade e rendem prêmios nacionais e reconhecimento internacional. O título de Capital Nacional do Canto Coral é o mais expressivo pleiteado desde 2012. A solicitação aguarda aprovação Ƥ Ǥ À a colonizarem a localidade se reuniam e cantavam para se distrair em meio aos problemas da época. A tradição se mantém nos 50 corais ativos que integram mais de cinco mil cantores. O Coral Municipal formado há 32 anos gravou o primeiro CD em dezembro do ano passado. O álbum com 12 canções demorou seis meses para ser concluído. Os 20 cantores gravaram as vozes separadas em estúdio. O investimento para as mil cópias foi de R$ 15 mil.

Defasagem muda compasso da Orquestra Considerada principal produto artístico por representar o município fora do país, a Orquestra Municipal é composta

por 19 instrumentistas e dois vocalistas sob a regência do maestro Astor Dalferth. Por ano, realizam em média 60 apresentações. Até o início de 2016, o grupo era subsidiado pelo Executivo. Entre 2009 e 2015, recebeu mais de R$ 1 milhão para manutenção e pagamento aos músicos No entanto, a Orquestra anunciou desligamento da administração em abril deste ano, por considerar o valor do Ƥ Ǥ ͟​͟ anos de trajetória, o grupo realizou mais de mil espetáculos, gravou seis CDs e dois DVDs. Além disso, representou a cidade duas vezes na Alemanha e uma no Uruguai. A Hora – Qual a importância da Orquestra para o município? Astor Dalferth – A Orquestra de Teutônia é um dos maiores patrimônios da cidade. É um verdadeiro embaixador de Teutônia. Ao longo dos anos, tornou-se ² ǡ ͟​͟ anos de trabalhos, realizou espetáculos para um público superior a um milhão de ouvintes, seus CDs e DVDs rodam o mundo, e estima-se que mais de cinco milhões de pessoas já ouviram ou viram

Mais de 50 grupos de canto coral multiplicam a cultura trazida pelos imigrantes germânicos

a Orquestra por meio desses produtos. Ȃ Ƥ enfrentada com o grupo? Dalferth – Quando uma crise se instala num país, um dos primeiros setores a ser atingido é o de shows e entretenimento. Nesse sentido, está um ano muito complicado, mas estamos correndo atrás da máquina, buscando colocar o grupo a trabalhar. Como ocorreu o polêmico desligamento com a administração municipal? Dalferth – Foi unânime, com todos os músicos votando pelo desligamento. E eu sei quanto esses valores fazem falta a vários deles, mas a ética e a verdade falaram mais alto. Faltou sensibilidade e respeito por parte do prefeito, vice e secretário da Cultura. A Orquestra sempre esteve à dis-

posição. Desde a sua criação, os músicos recebiam um salário mínimo. O músico não é um super-herói, também pode adoecer, precisa pagar escola para seus Ƥ ǡ ǡ Ƥ ǡ ± humano normal que busca na música, Ƥ ǡ mento em todos os sentidos. Espero que o próximo prefeito e secretário da Cultura sentem conosco, para que possamos elaborar um projeto diferenciado.

Orquestra Jovem assume os palcos O Centro Cultural 25 de Julho prepara jovens para tocar instrumentos diversos. As aulas realizadas em Languiru garantiram que 16 alunos estivessem prontos para formar a Orquestra Jovem. Desde a ruptura da Orquestra Municipal com o Executivo, o grupo representa o


35 anos de Teutônia

MAIO DE 2016

13

MACIEL DELFINO

A Lagoa da Harmonia é o principal ponto turístico da cidade e um dos mais visitados em toda região. Ela integra a rota turística Delícias da Colônia

município sob a coordenação de William Bayer, 25. Segundo ele, os ensaios foram ampliados. “Passei a mensagem para eles que tocaríamos em mais eventos, mas nada de extraordinário. Continuamos com nosso × Ƥ Ǥdz

Vocação turística Composta por 13 pontos, a Rota Turística Delícias da Colônia colocou Teutônia no mapa regional como uma das cidades mais visitadas. A Lagoa da Harmonia, a 593m de altitude, atrai boa parte dos visitantes. Com oito hectares, trilha ecológica e rampa para salto de asa delta, proporciona passeio bucólico para quem deseja esquecer das atribulações

diárias. O local oferece cabanas e suítes para hospedagem. Ƥ Lagoa, Campeonato Gaúcho de Canoagem e o inédito Fun Run Rock Beer tornam o local ainda mais visitado. O automobilismo também escolheu a Harmonia como ponto para Encontro de Carros Antigos e Importados. O Centro Administrativo atrai visitantes pelo estilo enxainel. No complexo, também está localizado o Museu Henrique Übel com artefatos históricos da colonização alemã e os instrumentos do Homem-Orquestra. A Antick Haus Bergann, Restaurante Matinho, Engenho Quatro Ventos,

Pesque e Pague Stahlhofer e Artesanato Sapato de Pau são pontos que destacam a cultura germânica e as atividades locais.

Festa de Maio O evento organizado desde a primeira administração para comemorar a emancipação de Teutônia é outra marca. Nos primeiros anos, os dias de festa reuniam competições, motocross, apresentações musicais, de escolas e sindicatos. Na última edição da Festa de Maio, as atrações reuniram mais de 70 mil pessoas nos três dias de evento. Para este ano, a organização espera superar as visitas de 2014. A Festa de Maio ocorre de 25 a 29 de maio, no Centro Administrativo.

A Associação Recreativa Cultural Artística (Arca), em parceria com a administração municipal, iniciou passo importante para o desenvolvimento da cultura na cidade. O governo cedeu terreno de 2,1 mil metros quadrados próximo ao novo prédio da câmara de vereadores onde será construído o Centro Cultural. A Arca apresentou as demandas como camarins individuais, salas para Ƥ ǡ ǡ ǡ secretaria e mezaninos a alunos da Univates. Eles farão o anteprojeto que será avaliado pela comissão julgadora. A segunda etapa é a captação de recursos para construção do prédio. O orçamento ainda não foi estipulado, mas a verba deve vir de emendas parlamentares e incentivo federal pela Lei Rouanet. O atual prédio do Centro Cultural 25 de Julho está defasado e não recebe melhorias.


14 MAIO DE 2016

35 anos de Teutônia

Via Láctea não Precariedade da rodovia motiva mobilização de

F

az cinco anos que o movimento Duplica Via Láctea luta pela ­ Ƥ ­ Ǧͤ͝͞Ǥ Ø Ǧͤ͟͢ ± Ǧ͟͠͡ ȋ Ȍ recebeu melhorias compatíveis com o Ǥ ǡ Ø ȋ Ȍ ï ï ȋ ȌǤ Ǧ ­ Ǥ À ­ ± ± ǡ ǡ Ǥ ǡ ï ƪ À ­ À × corta o perímetro urbano. Ǧ ± ǡ ǡ ­ ± ï ­ Ǥ Dz ǡ × Ƥ ­ ǡ ǡ ­ Ǥ ­ Ƥ Ǥdz À ǡ garante que a Via Láctea receberá melho-

ǡ

rias. Mesmo assim, Cypel reconhece que Ǥ Dz ­ À Ǥdz ͜͜͞͝ǡ ­ ǡ Ǥ ȋ Ȍ Ǧ ǡ ǡ Ǥ -


35 anos de Teutônia

15

MAIO DE 2016

acompanha desenvolvimento líderes locais faz cinco anos. Campanha Duplica Via Láctea nasceu em 2011, mas custa a sensibilizar ANDERSON LOPES

outro veículo. O impacto foi tão forte que o casal teve fraturas e o veículo, perda total. Embora acredite que a imprudência seja a principal causa de acidentes, Luana sente falta de melhoria na sinalização. “Deveria ter mais placas e principalmente acostamento em toda via.” Depois do acidente, o casal tem receio de dirigir. Luana teme até andar na carona. O atendente Jocelir José da Silva, 32, trabalha próximo à rótula em Linha Ribeiro. Segundo ele, acontecem muitos acidentes no local, a maioria causada pelo excesso de velocidade. “É um ponto que permite que os motoristas andem mais rápido nos Ǥ ƪ veículos, principalmente nos horários de entrada e saída das fábricas.” A sugestão de Silva é a instalação de lombadas eletrônicas como em Estrela e

Venâncio Aires, obrigando os condutores a reduzirem a velocidade. Outros proble Ƥ de quem faz o contorno. O pintor Ivan Silva de Souza, 45, utiliza a Via Láctea todos os dias. É o principal acesso para chegar ao bairro Canabarro, onde trabalha. Quando tem serviço em outros bairros, o percurso permite cruzar a cidade. Embora tenha se acostumado com os problemas da via, Souza acredita que as rótulas de acesso deveriam ser fechadas. “Como trabalho sempre na rua, penso positivo para que nunca aconteça nada.” ǡ Ƥ ǡ glas, 24, bateu o Fiat Punto em um Uno. Ao fazer o contorno, o veículo não parou e aconteceu a colisão. Apenas danos matérias foram registrados. EDERSON KÄFFER

o risco de quem trafega pela rodovia. Duplicação é urgente, mas inexiste previsão para sair do papel

lerar o processo e atender a principal demanda, os projetos estão sendo elaborados, mas sem previsão de execução, nem orçamento. “Ainda não se fez estudos de viabilidade técnica. O que solicitamos, com mais urgência, é a construção de rótula fechada no acesso à Major Bandeira e próximo à empresa de laticínios, mas tudo demanda tempo”. Representantes da EGR e administração municipal se reúnem na Câmara de In-

dústria, Comércio e Serviços para discutir o assunto e buscar agilidade. Segundo Ivandro, algumas mudanças na legislação podem ajudar no pleito. “Como as regras mudaram um pouco estamos em fase de reestruturação.”

Necessidade latente Luana Carneiro, 28, e o namorado de Poço das Antas se acidentaram na rodovia. Em janeiro, colidiram de frente com

Via Láctea apresenta um dos maiores índices de acidentes em rodovias estaduais da região



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.