Revista Infraestrutura

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logística,

Potenciais, fragilidades e o futuro

Conexões digitais e telefônicas inoperantes. Energia elétrica interrompida. Sem água, sem pontes nem estradas. A tragédia de maio de 2024 reforçou a necessidade do Vale do Taquari investir e melhorar sua infraestrutura em todos os segmentos que a compõem. Jamais as fragilidades logísticas, de abastecimento e de comunicação ficaram tão extenuadas.

O abalo provocado nas três áreas é – ou ao menos deveria ser – suficiente para colocarmos em prática velhos movimentos e projetos que já poderiam nos favorecer em tempos de crise. Da pavimentação de rodovias históricas, como a ERS-129 de Colinas a Roca Sales, de novas pontes sobre o Forqueta e o Taquari, da instalação de antenas de internet via satélite em locais estratégicos, da qualificação do sistema de abastecimento de luz e água. Enfim, uma agenda extensa e indispensável se impõe sobre uma região com potencial singular e localização estratégica no mapa gaúcho.

Para nortear caminhos, apontar saídas e provocar debates e investimentos necessários, o Grupo A Hora apresenta edição inédita

COORDENAÇÃO

EDITORIAL

Felipe Neitzke

Fernando Weiss

PRODUÇÃO

Filipe Faleiro

Jéssica R. Mallmann

sobre a infraestrutura do Vale do Taquari. Por meio de um apurado trabalho jornalístico, mergulha nos temas relacionados a comunicação, logística e abastecimento O tamanho das perdas – humanas e financeiras –precisa ser suficiente para jamais passarmos por nova tragédia (sempre estamos sujeitos) errando nas mesmas coisas.

COMUNICAÇÃO - Quando o rio Taquari, e seus afluentes, atingiu pico de elevação, apenas o rádio à pilha funcionou. Ainda que importante, é insuficiente para garantir um enfrentamento à altura que uma enchente exige. Para milhares de pessoas, o rádio foi a única fonte de informação e de guia nos momentos de pânico e incertezas. A falta de conexões telefônicas e de internet isolou famílias e comunidades, alimentou incertezas e dificultou repasse de informações básicas nos momentos de crise.

LOGÍSTICA - A fúria das águas levou algumas de nossas fortalezas logísticas e expôs feridas abertas e negligenciadas faz tempo. Da queda das pontes entre Lajeado e Arroio do Meio; do

CAPA Estúdio Alfa

FOTOS

Aldo Lopes

Fábio Kuhn

Filipe Faleiro

Felipe Neitzke

Jéssica R. Mallmann

A tragédia de maio de 2024 reforçou a necessidade do Vale do Taquari investir e melhorar sua infraestrutura em todos os segmentos que a compõem. Jamais as fragilidades logísticas, de abastecimento e de comunicação ficaram tão extenuadas.”

desmoronamento na ERS-129 entre Muçum e Vespasiano Corrêa; do colapso da ERS287 entre Venâncio Aires e Taquari; da queda da ponte entre Marques de Souza a Travesseiro. Foram dezenas de outras pontes e pontilhões, pinguelas e estradas devastadas em todas as cidades do Vale.

pontes sobre o rio Taquari,

Um prejuízo que só não foi ainda maior porque as duas pontes sobre o rio Taquari, na BR-386

Uma publicação do Grupo A Hora Av. Benjamin Constant, 1034 Centro | Lajeado/RS centraldejornalismo@ grupoahora.net.br 51 3710-4200

resistiram à força das águas. E se tivesse sucumbido também?

ABASTECIMENTO - Primeiro caiu a luz. Depois faltou água. É a combinação dramática que sucede eventos climáticos extremos. Foram dezenas de dias sem o abastecimento básico. Empresas como a Dália Alimentos ficaram três semanas com o serviço suspenso por falta de energia elétrica, enquanto no interior o drama foi ainda mais longo. Nas cidades que têm sistema próprio de abastecimento de água, a falta de luz impediu o bombeamento. Para quem tem sistema atendido pela Corsan, o colapso foi geral, especialmente nas regiões mais devastadas, onde as estruturas ficaram inundadas e inoperantes.

Por tudo isso, o Vale do Taquari se movimenta e articula obras e ações estruturais nas três áreas. Negligenciar a comunicação, a logística e o abastecimento não provoca apenas prejuízos econômicos, mas ameaça o crescimento ordenado e acelerado que a região experimentou nos últimos anos.

4 comunicação, logística e abastecimento

SUMÁRIO

LOGÍSTICA

Páginas | 6, 7 e 8

Ligação do Vale com a capital refém de apenas uma ponte

Páginas | 12, 13 e 14

Rodovias precárias atrapalham desenvolvimento econômico

Páginas | 16, 17 e 20

Inundação provoca setor público para obras com mais resiliência

Páginas | 22, 23 e 24

Catástrofe exige mudanças para hidrovia, ferrovia e aeródromo

Páginas | 25, 26 e 27

Vale aguarda estudo sobre concessão das rodovias

Páginas | 28 e 29

Vale tem o segundo polo logístico mais importante do RS

ABASTECIMENTO

Páginas | 30 e 31

Mais opções para o captar e reservar água

Páginas | 34 e 35

Marco legal exige 90% do esgoto tratado até 2033

Página | 36

Municípios revisam planos de drenagem

Páginas | 38 e 39

A força do cooperativismo volta a iluminar a região

Páginas | 40 e 41

Cidades mais inteligentes, conectadas e sustentáveis

COMUNICAÇÃO

Páginas | 46 e 47

Fragilidade da estrutura deixa a região vulnerável

Páginas | 48 e 49

Rompimento da fibra óptica silencia o Vale

Páginas | 50 e 51

Redundância e caminhos da internet

Páginas | 54, 56 e 57

Meios alternativos para manter a comunicação na crise

Páginas | 58 e 59

Sinal 5G avança, gargalos seguem

Páginas | 42 e 43

Redes subterrâneas: alternativa viável?

DO ABALO ÀS SOLUÇÕES

Como a tragédia expôs a fragilidade de infraestrutura no Vale do Taquari

Ligação do Vale com a capital refém de apenas uma ponte

Os danos após a enxurrada de maio comprometeram os pilares da estrutura sobre o Rio Taquari entre Lajeado e Estrela . Reforma vai até o primeiro trimestre de 2025. Enquanto isso, motoristas convivem com engarrafamentos na principal ligação com a Região Metropolitana

Alimitação de tráfego sobre a ponte do Rio Taquari, entre Lajeado e Estrela, reacende a necessidade de mais ligações entre os municípios da região. Depois da inundação de maio, a CCR Viasul constatou danos que comprometeram a estrutura e trazem risco aos motoristas.

O prazo previsto para a reforma vai até o primeiro trimestre de 2025. Enquanto isso, muitos transtornos. Com poucas rotas alternativas, Estradas vicinais em Estrela, Colinas, Imigrante registram aumento de fluxo e danos nas passagens devido ao excesso de peso.

A única possibilidade para desviar é por Taquari, depois pela ERS-453, em Venâncio Aires, para depois se dirigir a Lajeado. Um trajeto que aumenta em mais de 120 quilômetros a viagem, em rodovias de pista simples e com limitação para caminhões pesados.

Vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística do RS (Setcergs), e diretor de uma transportadora na região, Diego Tomasi, destaca: “desde maio os desafios têm sido muito grandes. As entregas estão sempre atrasadas devido aos congestionamentos. Há mais consumo de combustíveis, gastos com mecânica, pneus e

Desde maio os desafios têm sido muito grandes. As entregas estão sempre atrasadas devido aos congestionamentos.”

horas extras dos motoristas.” Com engarrafamentos em horários de pico que passam de cinco quilômetros, o trecho entre as duas maiores cidades da região testa a paciência dos motoristas. “O problema é que nunca sabemos como está. Não há uma informação prévia da concessionária, dizendo os horários de interrupção do trânsito”, reclama o motorista de aplicativo, Wiliam Corrêa.

Caminhoneiro autônomo, Claudio Bartz, transporta tintas e materiais de construção. “Fiquei mais de 50 minutos parado entre Lajeado e Estrela. São pelo menos dois anos de problemas nessa BR-386. Começam as

obras, em seguida param. Nunca termina”, critica.

De acordo com a CCR ViaSul, há três frentes de trabalho. São duas equipes nas pontes (do Arroio Boa Vista e sobre o Rio Taquari), para obras de recuperação dos pilares para

contenção e aumento no volume de concreto e base de aço. A concessionária venceu o leilão para gerir as BRs 386, 101, 290 e 448 em novembro de 2018. O contrato faz parte do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Pelo

contrato, a CCR ViaSul terá que investir mais de R$ 7,8 bilhões em 30 anos de concessão.

Impacto para 70% das operações no RS

O início da duplicação da BR-386, em 2021, trouxe uma injeção de ânimo para o setor logístico regional, lembra Diego Tomasi. “No início, vislumbramos um cenário muito positivo, pois se tratava de um avanço considerável nas condições da rodovia. Agora, depois de tantas interrupções, são pelo menos três anos de problemas no transporte regional.”

De acordo com ele, o RS está atrasado em relação a logística. “Temos poucas rodovias duplicadas. Com pistas simples, o risco de acidente é maior.”

Com as reformas nas pontes e a continuidade da duplicação no trecho urbano de Lajeado, a insatisfação aumenta, destaca Tomasi. “Estamos bastante

LOGÍSTICA

O desenvolvimento acelerado do Vale, o crescimento das cidades acima da média, junto com a geração de riquezas exigem opções para desafogar o trânsito. Precisamos de mais pontes para reduzir a dependência da 386.”

Mobilização regional por mais uma ponte

Engarrafamentos testam a paciência de motoristas. Região cobra projeto para nova ponte sobre o Taquari

preocupados, porque a BR386 é um eixo logístico muito importante. Essa rodovia junta toda a movimentação que vem do norte, como Passo Fundo e Carazinho, além do próprio Vale do Taquari. Infelizmente, o que temos visto é um atraso constante nas obras, e isso está impactando quase 70% das operações no estado”.

Tomasi destaca que os custos com mais tempo e consumo no transporte representam um acréscimo de 20% na despesa das transportadoras. “Estamos perdendo oportunidades. Muitas empresas que têm origem aqui no Rio Grande do Sul começam a abrir unidades em outras regiões do Brasil. Isso significa que novos investimentos deixam de ser feitos aqui”, adverte.

Os prejuízos para a logística do RS e do setor produtivo do Vale fazem com que líderes locais reivindiquem do poder público mais pontes. O Conselho de Desenvolvimento da região (Codevat), junto a governos municipais e associações comerciais, industriais e de serviços, cobram o início de um projeto de viabilidade para construção de uma segunda ponte sobre o Rio Taquari e de um anel viário entre rodovias do Estado com a 386.

No fim de setembro, as representações locais entregaram um ofício à CCR ViaSul onde reafirma a necessidade da obra e enumera os prejuízos decorrentes da interrupção da passagem na BR386 entre Lajeado e Estrela.

O documento relembra o acidente de 2021, quando um caminhão carregado com combustível tombou. O fato trouxe engarrafamentos e dificuldades similares ao visto após a enxurrada de maio de 2024.

No documento, as instituições locais afirmam: “esses fatores

A ponte é primordial. Não só para o Vale, mas para o estado e para o país. Essa é a solução que precisa ser mais rápida de ser feita. Já o anel viário é outra grande necessidade, mas precisa de mais tempo.”

Leandro Eckert Diretor da CIC-VT

dificultam enormemente a circulação das pessoas, das mercadorias, aumentam os custos e promovem transtornos de grande monta, tanto para a população e aos negócios da região.”

Palavra da CCR ViaSul

Tanto a ponte sobre o Rio Taquari, quanto sobre o Arroio Boa Vista apresentam avarias. Para isso, uma equipe especializada em trabalho dentro de embarcações instala mais estacas na fundação. O projeto consiste em ampliar o bloco para que possa suportar a transferência dos tabuleiros.

Nesta etapa, serão usadas balsas de apoio, perfuratrizes e equipe de mergulhadores especializados. A parte mais danificada fica na pista Norte (sentido Capital/Interior).

“Todas essas atividades têm como intuito principal garantir a segurança das pessoas. Sabemos da importância da ponte para o Vale do Taquari e, justamente por isso, não estamos medindo esforços para garantir que ela esteja íntegra e assim permaneça”, afirma Fernando de Marchi, diretor da CCR ViaSul.

LOGÍSTICA

O plano inicial da CCR ViaSul era concluir a reforma até o fim do ano. No entanto, o prazo foi estendido. Em cima disso, há momentos em que a pista precisa ser totalmente interditada.

Por conta da interdição, o trânsito na rodovia ocorre em sistema de contrafluxo, sendo uma faixa em cada sentido e uma terceira operando de forma reversível, conforme o movimento mais intenso, ora sentido capital, ora sentido interior.

Mobilizar todas as regiões

Os benefícios de investir em mais rotas de ligação, com nova ponte sobre o Rio Taquari e um anel viário para desviar o trânsito leve dos caminhões, traria resultados para além dos limites da região.

“Temos que plantar a semente para colher no futuro”, frisa o diretor de Infraestrutura da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Nilto Scapin.

Neste sentido, tudo começa pela pressão política. Tanto que a organização regional mobiliza líderes de outras localidades gaúchas, para mostrar que se trata de uma reivindicação de todo o Rio Grande do Sul.

Em paralelo, há reuniões previstas com deputados, busca de agenda com os ministros da Comunicação, Paulo Pimenta, e dos Transportes, Renan Filho.

Todas essas atividades têm como intuito principal garantir a segurança das pessoas. Sabemos da importância da ponte para o Vale do Taquari.”

Fernando de Marchi

da CCR ViaSul

Duplicação no primeiro semestre de 2025

Em paralelo à recuperação da ponte, equipes trabalham na área urbana de Lajeado, na duplicação da BR-386. Com mais de 90% das obras concluídas, o novo cronograma é entregar o trecho de 20 quilômetros até o primeiro semestre de 2025.

Conforme o setor de Engenharia da CCR ViaSul, até lá podem ocorrer entregas parciais, em especial quando forem finalizados viadutos e acessos vicinais.

De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a duplicação deveria ter sido entregue em fevereiro do ano passado. Há dois formatos de cobrança pelo descumprimento. O primeiro é a revisão da tarifa de pedágio.

O outro mecanismo é por meio dos autos de infração. Cada obra tem um cronograma próprio de término, seja viadutos, passarelas, vias paralelas e a própria duplicação.

Abre-se um processo para cada entrega. Em caso de comprovação da responsabilidade da concessionária no descumprimento do contrato, ela pode receber uma multa com teto de R$ 10 milhões.

E-Log aguarda a liberação de recursos da União para reconstruir área

RA Empresa Pública de Logística de Estrela, E-Log, desempenhou um papel significativo no desenvolvimento do município nos últimos dois anos

esponsável pela reativação do porto, a empresa conquistou a municipalização das áreas do Porto e Aeródromo, além de ter modernizado as estruturas dos imóveis, como pavilhão e espaços administrativos que se encontravam parcialmente desativados desde 2014, convertendo-os em espaços para eventos de grande relevância, como o Congresso de Logística e a Multifeira. Além disso, a E-Log impulsionou as operações do Aeródromo Regional do Vale do Taquari. As cheias de setembro e novembro de 2023 que atingiram ás áreas portuárias e do aeródromo fizeram com que as estruturas fossem danificadas, quando se iniciou as melhorias dos espaços. Já com a enchente ocorrida em maio que afetou de forma intensa as estruturas da empresa, um dos pavilhões destinados a eventos foi completamente destruído, enquanto o outro sofreu danos severos, bem como todas as demais edificações. Atualmente, a E-Log aguarda a liberação de recursos da Defesa Civil da União para reconstruir uma área de 49,99ha, com o intuito de atrair empresas regionais junto ao Porto.

Atração de empresas

A diretora-presidente Elaine Gorgen Strehl e os conselheiros, que são membros indicados pela Cacis, CIC Regional, Poder Legislativo e Governo Municipal estão projetando as

E-Log administra a área do Porto transformações na área do porto. O objetivo é utilizar essa área de forma sustentável, respeitando as questões ambientais. “Após uma reforma nas estruturas, planejamos atrair empresas que possam contribuir para o desenvolvimento do Vale, aproveitando o espaço disponível e adaptando-se às mudanças climáticas”, enfatiza Elaine.

A atração de empresas para Estrela é fundamental para o desenvolvimento da região. Na área do porto, o amplo espaço da E-Log pode atrair uma diversidade de empresas, especialmente aquelas que buscam soluções logísticas eficientes e se beneficiam da localização estratégica do local. Atualmente as empresas Nutritec e Thamil Minérios estão desenvolvendo atividades junto ao Porto.

O porto está situado nas proximidades do Aeródromo Regional, que também é gerido pela E-Log e está passando por um processo de evolução.

Ampliação do aeródromo

Além das melhorias realizadas no Porto de Estrela, a E-LOG também implementou uma reestruturação significativa no Aeródromo Regional do Vale do Taquari, assegurando sua continuidade como um relevante campo de aviação. Destinado a voos executivos e ao transporte de cargas leves, a E-LOG projeta a ampliação da pista para mil metros, o que possibilitará a operação de aeronaves de maior porte. Essa expansão tem o potencial de atrair empresários

e investidores para a região, assim como fomentar o turismo. De acordo com Elaine, existe a perspectiva de que, ao longo do tempo, o aeródromo possa evoluir para um aeroporto de médio porte, ampliando assim as oportunidades econômicas e a conectividade da localidade com outros centros. “Com essa ampliação, o Vale poderá receber aeronaves com intenções turísticas e fomentar os negócios”, afirma Elaine. Com o progresso dos planos de expansão e a visão estratégica da E-LOG, o Aeródromo Regional de Estrela pode se consolidar como um pilar essencial para o crescimento econômico sustentável do Vale do Taquari.

Ferrovia

A E- LOG foi criada em 2022 para administrar o Porto de Estrela, o Aeródromo e a ferrovia, gerenciando os três modais da região. Segundo Rafael Fontana, do conselho administrativo da empresa, a ferrovia é um importante passo para o estímulo ao turismo regional. O setor é uma peça-chave para desenvolver o Vale.

Empresa busca expandir pista do Aeródromo

LOGÍSTICA

Rodovias precárias atrapalham

Setor produtivo alerta para as perdas devido a situação das estradas. Malha gaúcha está entre as piores do país

Estimativas apontam que o custo logístico se aproxima dos 21% de tudo que é produzido no país. A título de comparação, nos Estados Unidos é 7%. “Temos 15% a mais do que deveríamos. Para a competitividade, é um custo muito elevado. E o pior, não conseguimos nem estancar, quem dirá reduzir.”

A afirmação do presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel, é compartilhada por líderes regionais e indica o tamanho do desafio para o setor produtivo. “Temos a pior malha rodoviária do Brasil. Antes da inundação tínhamos um cenário ruim. Agora, piorou”, destaca o vice-presidente da Câmara

da Indústria e Comércio do Vale (CIC-VT), o presidente da cooperativa de transporte Valelog, Adelar Steffler. Buracos, estradas mal sinalizadas, esburacadas e pistas simples. Tudo isso interfere no atendimento dos prazos de entrega, no custo do frete e da mecânica dos caminhões, realça. “Pegamos a ERS-130 como exemplo. Um volume enorme de produtos passa por essa estrada. Não há nenhum quilômetro duplicado e, para piorar, nem a ponte temos mais.”

De acordo com ele, a ligação comprometida entre Arroio do Meio e Lajeado e as incertezas quanto ao futuro dos investimentos na infraestrutura das rodovias estaduais elevam

Estamos com muitos problemas e bastante sérios. Hoje, para todos os lados há dificuldades. Nossa mobilidade está comprometida.”

Adelar Steffler, Presidente da Valelog

a pressão econômica sobre o setor produtivo regional. Steffler afirma que a região corre o risco de perder o interesse de empresas de outras regiões

e também de ver negócios hoje instalados deixarem o Vale. “Estamos com muitos problemas e bastante sérios. Hoje, para todos os lados há dificuldades. Nossa mobilidade está comprometida”, adverte. Apesar da localização privilegiada da região, de estar próxima aos grandes centros consumidores e com maior PIB do RS, o tempo de percurso tem interferido tanto na chegada de insumos às indústrias quanto no transporte dos produtos para venda.

Reconstrução da ponte da ERS-130 é uma urgência para mitigar prejuízos econômicos à região

LOGÍSTICA

desenvolvimento econômico

“Frete não agrega valor ao produto”

Empresário do ramo alimentício, com fábrica no Distrito Industrial de Cruzeiro do Sul, às margens da RSC-453, Cristian Bergesch, diz que os custos logísticos triplicaram desde a inundação. “Tudo o que vendemos é transportado por rodovia. Temos sérias dificuldades em chegar nos destinos com um custo logístico competitivo.”

O transporte é feito pela própria empresa. A frota tem 23 caminhões, com trajetos dentro do RS. “O que temos de tangível é um aumento com os custos de manutenção dos veículos em função dos buracos

nas rodovias gaúchas, mesmo pagando pedágio.”

Em uma das rotas, na direção de Cachoeira do Sul, Bergesch relembra: “começamos a entregar naquela região em 2000. Passados 24 anos, a rodovia é a mesma, com a diferença das condições da pista e do número de veículos.”

Desde maio, a interrupção de rotas obrigou a retirada de dinheiro do caixa da empresa para manter clientes.

Na região central, a estrada para Santa Maria foi uma das mais atingidas. Ainda assim, foram mantidas as entregas. “Não podemos cobrar mais, o cliente não vai aceitar. Para nós, o frete não agrega valor ao produto.”

Cobrança

Desde 2010, líderes do Vale reivindicam a duplicação da ERS-130. “Pedimos providências e agilidade. Não sabemos por quanto tempo as empresas vão aguentar operar com tantos prejuízos. A retomada econômica e produtiva tão falada está muito distante”, avalia Adelar Steffler. No ramo dos transportes, os gargalos no trânsito regional fazem com que os caminhoneiros evitem a região. Integrante da Federação das Indústrias do RS (Fiergs), o presidente do conselho administrativo da Dália Alimentos, Gilberto Piccinini,

Tínhamos a perspectiva de aumentar o abate de frango no frigorífico de Palmas, em Arroio do Meio. Não dá, infelizmente. Há muita demora.”

Gilberto Piccinini, Presidente do Conselho da Dália

SEGUE >

LOGÍSTICA

alerta às dificuldade nas entregas de insumos, em especial à alimentação animal.“

Os caminhoneiros que trazem milho do centrooeste não querem mais aceitar entregas para o Vale do Taquari”. De acordo com ele, o tempo de percurso torna a viagem mais demorada que de costume. “Se pudessem escolher, os motoristas deixariam a carga no máximo em Lajeado”.

Como o milho é básico para a alimentação de frango, gado leiteiro e suínos, a produção da cooperativa de Encantado está com custos mais elevados. “Tínhamos a perspectiva de aumentar o abate de frango no frigorífico de Palmas, em Arroio do Meio. Não dá, infelizmente. Há muita demora, não tem caminhão, são poucos transportes e custam muito”, frisa Piccinini e complementa: “não é só a Dália. Estamos falando de um corredor importante à economia gaúcha. Tudo isso vai interferir na arrecadação de impostos e no desenvolvimento do Estado.”

Pontos críticos

Há diversos trechos com problemas na malha rodoviária do Vale. No acesso à microrregião de Encantado, devido à queda da ponte da ERS-130, o trecho entre Colinas e Roca Sales, em Fazenda Lohmann, virou a principal rota à parte alta. São sete quilômetros de chão batido. “Esperamos que a promessa do secretário Costella (Juvir, secretário de Transportes do Estado. Ele afirmou ser possível entregar a nova ponte da 130 até o fim do ano) seja cumprida. Pois o trecho de Roca está muito ruim. Seguido temos que mandar socorro para desatolar veículos carregados de frango”, destaca Piccinini. “O motorista está levando cinco horas de Pouso Novo até Estrela. No máximo levaria uma hora e vinte. Há um prejuízo econômico e também na saúde do trabalhador”, destaca Adelar Steffler.

Espera de duas horas

Sem a passagem pela ERS-130, veículos pesados usam a ponte do Exército. Motorista que carrega produtos de limpeza em Arroio do Meio, Alex Soares, aguardou duas horas para conseguir atravessar o Rio Forqueta. “Tomara que terminem logo. Vai chegar o calorão. Se ficar assim, vai ser difícil aguentar. Imagina esses que transportam animais.”

Esse alerta está entre as preocupações da CIC-VT. “Temos o transporte de frangos e suínos. Imagina lá em novembro e dezembro, com 36 graus de temperatura. Os animais vão morrer antes de chegar na indústria”, frisa o vice-presidente.

O governo do Estado, por meio do contrato com a empresa responsável pela reconstrução da ponte sobre a ERS-130, almeja entregar a obra até o fim de dezembro. No fim de outubro, em reunião com líderes da região, o vice-governador, Gabriel Souza, apresentou um relatório de todas as obras. Segundo ele, há recursos garantidos para o recapeamento asfático da ERS 332 e para melhorias na ERS-129.

Prioridades da região

Em documento entregue à Secretaria Estadual de Transportes, a CIC-VT enumera os trechos prioritários de rodovias do RS para melhorar a logística regional. Confira os cinco principais:

Ponte na rodovia ERS-130, entre Arroio do Meio e Lajeado;

Asfaltamento do acesso da ERS-129, Colinas/Roca Sales;

Recuperação da ERS-332, de Encantado a Soledade (rota alternativa à BR-386);

Recuperação do trecho entre Muçum e Vespasiano Corrêa, na ERS-130;

Conexão entre a Serra e o Vale do Taquari via Ponte Santa Bárbara (em São Valentim do Sul e Santa Tereza, ERS-43).

Arroio do Meio e Lajeado abriram novas ruas para que o Exército pudesse instalar uma passagem para caminhões entre as duas cidades

ANimec Logística: 50 anos de excelência no transporte B2B

Às vésperas de completar cinco décadas de experiência, a Nimec Logística combina tradição e inovação, oferecendo soluções personalizadas e seguras para a indústria nacional

Nimec Logística, fundada em 1975 por Reni Nicaretta, tem uma história que remonta a 1945, quando a família Nicaretta iniciou suas atividades no transporte de cargas. Hoje, sob o comando de Fábio Nicaretta, a empresa é referência no transporte B2B (empresa para empresa) de cargas fracionadas e completas, atendendo a diversas regiões do Brasil, especialmente no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná.

Com matriz em Estrela (RS) e filiais em Curitiba e São Paulo, a Nimec oferece uma estrutura inovadora e uma frota de alta performance, equipada com tecnologias avançadas de rastreamento e segurança. Segundo Fábio, a credibilidade construída ao longo dos anos é o maior diferencial da empresa.

“Vamos completar 50 anos no mercado e isso só foi possível graças ao nosso compromisso com a melhoria contínua dos processos, equipamentos e infraestrutura. Oferecemos um atendimento personalizado, onde cada carga é tratada com o máximo de cuidado e segurança. O objetivo, no final, é dar cada vez mais competitividade para os produtos dos nossos clientes no mercado”, avalia.

Foco em segurança e tecnologia

Um dos pilares da Nimec é a segurança. Com um robusto sistema de gerenciamento de risco, a empresa garante a integridade das mercadorias durante todo o processo, desde a coleta até a entrega.

Nosso foco é sempre a eficiência.”
Fábio Nicaretta, Diretor da Nimec

“Nossa frota está equipada com modernos sistemas de rastreamento, capazes de monitorar não apenas a posição geográfica dos veículos, mas também a forma como estão sendo conduzidos. Isso é fundamental para oferecer um serviço de alta qualidade e confiabilidade”, destaca Fábio.

Além disso, a empresa oferece soluções online, que permitem aos clientes rastrear suas mercadorias, emitir notas fiscais eletrônicas (XML) e realizar a reemissão de faturas de forma ágil e integrada, através da tecnologia EDI.

A Nimec conta com uma estrutura inovadora, frota de alta performance e tecnologias avançadas

Crescimento contínuo e sustentável

Ao longo dos anos, a Nimec tem mantido uma estratégia de crescimento sustentável. “Nosso foco é sempre a eficiência. Crescemos na medida certa, com investimentos sólidos em tecnologia e infraestrutura. Acreditamos que o equilíbrio entre crescimento e gestão financeira responsável é essencial para garantir a longevidade do negócio”, afirma Fábio.

Com planos de crescer 20% no próximo ano, a empresa segue firme em seu propósito de inovar e entregar soluções logísticas cada vez mais eficientes. “Nosso compromisso é com a eficiência e a segurança. Estamos aqui para oferecer a solução certa, no tempo certo”, conclui Fábio.

Quer conhecer um pouco mais sobre a Nimec? Acesse o Qr-code

LOGÍSTICA

Inundação provoca setor público para obras com mais resiliência

Quedas de pontes, desmoronamentos, rodovias interditadas. Saldo de maio faz com que infraestrutura viária precise mudar projetos frente às novas cotas impostas pela inundação

Oepisódio extremo de maio expôs fragilidades da malha rodoviária gaúcha. Seja em estradas administradas pelo Executivo do RS ou mesmo concedidas pela União. Duas vias fundamentais para a mobilidade, chegada de insumos e escoamento das produções estão entre as mais prejudicadas: a ERS-130 e a BR-386.

Com poucas rotas alternativas em condições de absorver o aumento de carga, empresas de transporte sustentam a cobrança sobre os setores públicos. Como movimento paralelo, equipes de engenharia das secretarias de Transporte, Planejamento e, por parte dos ministérios do governo federal, terão o desafio de rever projetos de rodovias e encontrar soluções para mitigar os efeitos em novos casos de inundações.

Para estabelecer os formatos das obras de infraestrutura, o governo do Estado almeja enquadrá-las no conceito de resiliência climática. O escopo destas intervenções está dentro do Plano Rio Grande.

O responsável por enquadrar as prioridades é o secretário da Reconstrução, Pedro Capeluppi, com apoio do comitê científico, coordenado pela secretária da Inovação, Simone Stülp.

O Plano Rio Grande estabelece

O que o Rio Grande do Sul enfrentou faz parte de um contexto global. Por acaso aconteceu dentro dos limites do nosso estado. Mas poderia ser entre países ou na divisa de outros estados.”

Simone Stülp, Secretária de Inovação do RS

um contexto global. Por acaso aconteceu dentro dos limites do nosso estado. Mas poderia ser entre dois países, entre mais unidades da federação.”

Por este motivo, avalia Simone, a busca por soluções precisa ser conjunta, inclusive com atuação de organismos internacionais, seja para ajuda em projetos quanto para acesso a recursos. “Nós, enquanto sociedade, não podemos permitir que o Plano Rio Grande

Enxurrada foi o marco para mudança nos patamares dos projetos de infraestrutura na região

seja uma política de governo, por que não é nesta gestão que vai se resolver. Precisamos de uma política de Estado, algo que perdure.”

R$ 13 bilhões em três anos

Com a suspensão do pagamento da dívida do Estado com a União, serão R$ 13 bilhões em três anos. Este dinheiro irá para um fundo,

medidas e ações de médio e longo prazo para adaptação climática. “O problema que estamos enfrentando é complexo. Infelizmente, soluções simples não dão conta de resolver”, diz a secretária Simone Stülp.

Deste modo, todos os encaminhamentos precisam dar conta das complexidades do enfrentamento às mudanças climáticas. “O que o Rio Grande do Sul enfrentou faz parte de

onde se estabelecerão obras de infraestrutura voltadas à resiliência climática. “Não será uma gestão simples. Por isso, será feito por meio de um conselho, com participação popular, conversa entre o Executivo gaúcho e o federal, pois se trata do não pagamento de uma parte da dívida”, diz Simone.

Essas organizações coletivas entre especialistas, representantes da sociedade civil e governos, diz a secretária, farão a análise das características dos projetos contemplados. São quase 200 membros, entre eles, representantes do Vale do Taquari. “Nosso olhar vai no sentido de áreas prioritárias, entre elas estão a logística, a proteção do meio ambiente e os sistemas de monitoramento.”

Esses encaminhamentos, destaca Simone, podem ser tanto para uso do fundo, como para acionar recursos dos bancos e instituições internacionais. “Precisamos tanto neste momento para pensar em ativação econômica, na construção de novas cadeias produtivas. Muito disso vamos ter que nos reinventar, com projetos inovadores ligados ao futuro.

Nos primeiros dias da crise de maio, única ligação com Arroio do Meio era por meio de barcos

Cotidiano desafiador

Uma das alternativas para a ligação da parte baixa do Vale com a microrregião de Encantado é a ERS-129, entre Colinas e Roca Sales. Entre idas e vindas, são mais de dez anos para conclusão de sete quilômetros de asfalto.

Entre 2021 e 2022, o Estado e o município de Roca Sales tinham um convênio em vigor

LOGÍSTICA

para fazer a obra. “Foi feita toda a preparação do terreno. A cancha estava pronta, era só colocar o asfalto. De uma hora para outra, retiraram as máquinas. Se perdeu tudo”, conta o morador, Rodrigo Alex Silva.

Ele é um dos organizadores dos protestos feitos na rodovia ao longo do segundo semestre deste ano. Foram dois atos para chamar atenção das autoridades sobre a necessidade de terminar o asfaltamento. Hoje, pelas más condições, a estrada se alterna entre barro e poeira, diz Silva. “É muito caminhão. Um movimento que nunca tinha visto aqui.

Quando não tinha a Ponte do Exército, os carros e caminhões ficavam duas horas parados ali.”

Um serviço de recuperação foi iniciado. Foram colocadas pedras no trecho de chão batido. “Tem que ver o tamanho. É normal rasgar o pneu ali”, diz o morador. “Não dá para entender. Parece que estão nos enrolando. É uma obra de sete quilômetros de asfalto. Não é nada tão complexo. Não tem necessidade de ponte ou galeria. A comunidade é que paga o pato pela morosidade”, critica.

Palavra do Estado

O governo do Estado

reconhece as dificuldades. Conforme o secretário dos Transportes, Juvir Costella, o asfaltamento do trecho é uma das prioridades.

De acordo com ele, a obra integra o Plano Rio Grande. Junto com a rodovia entre Colinas e Roca Sales, há outras 29 pavimentações previstas. O programa faz parte dos planos de adaptação e resiliência climática.

“Essa rodovia é fundamental para o escoamento dos produtos da região. As obras de manutenção devolverão as condições de trafegabilidade da via”, acredita Costella.

Para os trabalhos de reconstrução da ERS-129, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER) já fez um anteprojeto, que está em análise do conselho gestor do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs).

Nova ponte da ERS-130

A força do Rio Forqueta destruiu estradas e pontes. As duas com mais movimento entre Lajeado e Arroio do Meio. Estão nesta lista a histórica Ponte de Ferro e a passagem da ERS-130.

SEGUE >

ERS-129 foi a principal ligação entre o Vale durante a crise climática. Estado promete concluir asfaltamentopara chegar a região alta do Vale

Grupo Scapini investe em inovação para faturar R$ 1 bilhão até 2030

Com presença internacional e foco em tecnologia, a empresa amplia serviços, moderniza operações e se consolida como referência em transporte e logística no mercado

Fundado em 1977, em Lajeado, o Grupo Scapini trilhou uma trajetória marcada por inovação, resiliência e expansão estratégica. Ao longo das últimas décadas, a empresa se destacou na América do Sul e atualmente opera em cinco países, incluindo o Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, mais recentemente, os Estados Unidos. Esse avanço não apenas ampliou a presença da marca como também impulsionou seu faturamento, que hoje chega a R$ 400 milhões, e deve alcançar R$ 1 bilhão até 2030, segundo projeções internas.

Segundo o CEO Lucas Scapini, a estratégia de expansão internacional do Grupo Scapini é uma das principais razões para seu crescimento acelerado. O acesso a novos mercados diversifica os riscos, ao mesmo tempo em que

fortalece a competitividade da empresa. “Ampliar nossa atuação em mercados como o Paraguai e o Uruguai nos permite acompanhar de perto as demandas regionais, mantendo o padrão de qualidade que nossos clientes esperam”, destaca Lucas.

Atualmente, o grupo conta com três empresas de transporte, que operam com uma frota moderna e tecnologicamente equipada para oferecer soluções logísticas e de armazenagem integradas. “Nosso planejamento é audacioso, mas estamos confiantes que a nossa estrutura e dedicação nos permitirão superar esse marco,” afirma Lucas.

Tecnologia e eficiência como diferenciais

Nosso planejamento é audacioso, mas estamos confiantes que a nossa estrutura e dedicação nos permitirão superar esse marco.”

Para sustentar o crescimento e manter-se à frente da concorrência, o Grupo Scapini investe em tecnologia de ponta.

Desde sistemas de rastreamento em tempo real até automação de processos logísticos, a empresa adota ferramentas que otimizam a eficiência e garantem segurança e confiabilidade em suas operações. “A inovação é um valor essencial para nós; permite que nossos clientes acompanhem suas entregas

em tempo real e confiem no nosso compromisso com a transparência”, reforça o CEO. Esses investimentos em tecnologia também estão alinhados ao compromisso com a sustentabilidade, uma prioridade crescente para o grupo. A modernização da frota com veículos menos poluentes e a otimização de rotas para reduzir o consumo de combustível são algumas das práticas que colaboram para minimizar o impacto ambiental das operações.

Além disso, o Grupo Scapini participa de programas de compensação de carbono e promove ações de conscientização ambiental. “Queremos contribuir com a preservação dos recursos naturais e garantir um futuro melhor, não só para os nossos negócios, mas também para as próximas gerações”, explica Lucas.

Para sustentar o crescimento, empresa investe em tecnologia de ponta

Integração logística e soluções completas

Outro diferencial importante do Grupo Scapini é a oferta de soluções completas que integram logística e transporte, um dos principais pilares de sua atuação. Essa integração permite atender às diversas necessidades dos clientes de maneira personalizada, facilitando a gestão de cadeia de suprimentos e proporcionando maior agilidade e flexibilidade no transporte de mercadorias. Com isso, a empresa se consolida como parceira estratégica para empresas de diferentes setores, entregando soluções que agregam valor e reduzem custos.

Compromisso local e responsabilidade social

Apesar da expansão internacional, o Grupo Scapini mantém fortes laços com a comunidade local em Lajeado, onde está sua sede. O grupo desenvolve ações de responsabilidade social que beneficiam a região, apoiando projetos educacionais, culturais e ambientais. “Estar presente na nossa comunidade é uma forma de devolvermos tudo o que ela nos proporciona. Investimos no futuro do lugar que foi o berço da nossa trajetória”, conta Lucas.

Perspectivas de futuro

Com 1.200 colaboradores e três empresas de transporte, a meta é atingir R$ 500 milhões em faturamento até 2026 e R$ 1 bilhão até 2030. Para isso, o grupo pretende explorar novas regiões e serviços, sempre com um olhar voltado para a excelência e para as demandas do mercado em constante evolução.

“Nosso objetivo é expandir sem perder a essência. A inovação, a sustentabilidade e o compromisso com a qualidade são o que fazem do Grupo Scapini uma referência. Continuaremos investindo para oferecer serviços de ponta e superar as expectativas dos nossos clientes”, conclui Lucas Scapini, confiante no futuro da empresa.

Atualmente, o Grupo Scapini conta com três empresas de transporte, que operam com uma frota moderna e tecnologicamente equipada

O projeto em execução estabelece que a nova ponte ficará cinco metros acima da estrutura anterior, devido ao novo patamar imposto pela tragédia climática. A nova ponte terá 172 metros de extensão, com duas faixas de rolamento e espaços destinados à travessia de pedestres e ciclistas.

O investimento previsto alcança R$ 14 milhões, pagos a partir da arrecadação dos pedágios da Empresa Gaúcha de Rodovias.

Cobrança regional

Faltam menos de 100 dias para o fim do prazo previsto no contrato da obra. A ligação é considerada fundamental para a melhoria logística entre a parte alta do Vale com os centros consumidores. Empresas como a Baldo, Dália, Fontana, Divine, e toda a cadeia industrial da erva-mate, forças econômicas da microrregião de Encantado, operam com dificuldades devido ao comprometimento das vias de acesso.

“O percurso ficou mais longo. As entregas mais caras e com prazos mais elevados”,

reforça o presidente da CIC-VT, Angelo Fontana. “Ter a ligação com capacidade para veículos pesados, sem restrições e engarrafamentos, representa um alívio às empresas.”

“Pelo que temos visto, a chance de entregar na data prometida pelo governo é difícil”, acredita. “Agora temos é que fazer pressão. Nossas empresas com enormes dificuldades, muitas não receberam nenhum apoio governamental, nenhum crédito, e ainda arcando com mais despesas para seguir em atividade.”

Cronograma

De acordo com a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), começou a produção das estruturas metálicas que serão colocadas nos vãos. A ponte ruiu em 2 de maio, durante a maior inundação da história do RS. Com isso, o Estado publicou a licitação, cerca de 28 dias após o episódio. A empresa Engedal venceu a concorrência.

Em seguida, com a assinatura da ordem de serviço, a empresa responsável pela obra iniciou os levantamentos topográficos, coleta de amostras de solo e análises geológicas e hidrológicas.

Em agosto iniciou a instalação

do parque fabril no canteiro de obras, onde serão fabricadas as vigas e peças pré-moldadas. O espaço de 500 metros também abrigará áreas administrativas, operacionais e de convivência para os trabalhadores.

Parceria com os municípios

Campanha da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT), em parceria com a Federasul e com os institutos

Ling e Floresta, garante a reconstrução de dez pontes internas. As empresas parceiras pagam 50% dos custos das obras.

A Serão cinco pontes para municípios da microrregião de Encantado e outras cinco para a parte baixa do Vale do Taquari.

A contrapartida dos governos municipais é fornecer as cabeceiras, licenciamento, sondagem de solo e topografia. Cada uma delas terá 12 metros de cumprimento.

Chuva incessante gerou deslizamentos. Alguns atingiram rodovias e áreas habitáveis

Entre o fim de abril e início de maio, o nível do Rio Taquari se aproximou de 34 metros e atingiu a ponte

Magma Transportes: excelência no transporte rodoviário de cargas

Referência em segurança e qualidade, a empresa se destaca no mercado nacional com uma atuação focada em proximidade com o cliente e alta tecnologia

Fundada em março de 2002, na cidade de Estrela, no Rio Grande do Sul, a Magma Transportes atua no transporte rodoviário de cargas perigosas e não perigosas, atendendo diversas regiões do Brasil. Sob a liderança de Maurício Guerra Scapin, a empresa se consolidou ao longo de 22 anos como um nome de referência em credibilidade, inovação e experiência, se posicionando como uma solução confiável para seus clientes.

“Nós atuamos em dois grandes segmentos: o transporte de produtos não perigosos e o transporte de produtos perigosos, que é nosso atual carro-chefe. Temos uma abrangência nacional e estamos presentes, com mais força, nas regiões Sul, Sudeste e CentroOeste”, explica Maurício Guerra Scapin. Além de sua matriz em Estrela, a Magma conta com filiais em Santa Catarina, Paraná e São Paulo, reforçando sua presença estratégica no Brasil. O compromisso da Magma com a segurança e a qualidade é refletido nas certificações que a empresa ostenta, como o SASSMAQ, desde 2007, e a ISO 39001, conquistada em 2023, que garantem padrões rigorosos de qualidade e segurança viária. Elis Fabiana da Silva, coordenadora administrativa,

explica que esses sistemas de gestão trazem um diferencial para a empresa. “Eles garantem alinhamento de processos e excelência operacional, além de aumentar nossa competitividade no mercado”, avalia.

A empresa opera com uma frota moderna e de baixa idade média, equipada com sistemas de telemetria embarcada, monitoramento por câmeras de segurança e câmeras de fadiga, garantindo a segurança das operações e a integridade das cargas transportadas. “Nos últimos 36 meses, temos o orgulho de manter um certificado de acidente zero. Isso é um diferencial, porque segurança, é o nosso foco principal”, acrescenta Mauricio.

Parceria estratégica

A Magma se destaca também pela sua proximidade com os clientes e pela capacidade de adaptar suas operações de

forma ágil e eficiente. Além disso, sua estrutura permite oferecer soluções rápidas e personalizadas. “A logística está em tudo, e nosso objetivo é ser um elo importante no sucesso de nossos clientes, garantindo que eles não precisem se preocupar com suas necessidades logísticas”, afirma o diretor.

quadrados de estrutura própria, a empresa conta com uma equipe qualificada, que gerencia desde a parte administrativa até a manutenção dos equipamentos, garantindo a qualidade e a eficiência das operações.

A Magma Transportes continua a expandir suas operações e a investir em tecnologia

Em um cenário econômico que exige inovação e competitividade, a Magma Transportes continua a expandir suas operações e a investir em tecnologia para garantir um atendimento diferenciado, mantendo sua posição como referência no transporte

de anos de experiência no setor, um diferencial que, nem sempre é percebido pelo mercado. “Às vezes as pessoas associam a marca a uma empresa nova, mas já temos mais de 20 anos de caminhada no setor, o que nos dá uma expertise significativa. Nosso time, tanto interno quanto de motoristas, é o nosso principal diferencial. São eles que garantem o bom atendimento dos nossos clientes”, conclui.

Temos uma abrangência nacional e estamos presentes, com mais força, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste”

Mauricio Guerra Scapin, Sócio-Administrador
Conheça melhor a MAGMA Transportes

LOGÍSTICA

Catástrofe exige mudanças de rumos para hidrovia, ferrovia e aeródromo

A tentativa de aproveitar o Porto de Estrela como um entroncamento multimodal passa por uma revisão de estratégias. Governo federal investe em estudos para recuperar hidrovia. No transporte ferroviário, muitas dúvidas.

Já no aeródromo regional as ampliações estão em análise

Parte menos danificada pela inundação foram os silos. Empresa Nutritec retomou operações no local

Aideia de tornar o Porto de Estrela em um entreposto multimodal, para recebimento e estoque de cargas, acabou. Pelo menos no curto e médio prazo. As inundações danificaram todo o local e comprovaram um temor. A cota de onde está o porto desaconselha investimento e instalação de empresas.

O governo municipal e a E-Log, empresa pública constituída para administrar as áreas do complexo portuário e do aeródromo, encaminharam à Defesa Civil Nacional um projeto para reestruturação dos pontos destruídos pelas enxurradas.

Pavilhões, salas administrativas, toda a fiação elétrica e hidráulica foram destruídas. O que resistiu foram os silos para estocagem de insumos agropecuários. A empresa Nutritec, inclusive, voltou a operar no Porto.

“Não sabemos como e quando o Porto será reconstruído, nem mesmo se ficará na mesma área. O projeto que temos em Brasília dá conta de uma reestruturação aos moldes do que tínhamos”, conta a presidente da E-Log, Elaine Strehl.

O Porto de Estrela ocupa uma área de 50 hectares. A municipalização do terreno começou de maneira temporária em 2017, como uma forma de dar autonomia ao governo local para projetos para uso da propriedade. Em abril de 2024, foi concedida a licença integral para gestão do município.

Discussão regional e interesse empresarial

A prefeita eleita de Estrela,

Não tem como pensar apenas em Estrela. Quem vai usar o porto, a hidrovia, a ferrovia, é a região. Pretendemos liderar esse processo de debate regional transformando esse assunto de conceito para a prática.”

Carine Schwingel, Prefeita eleita de Estrela

Carine Schwingel, afirma que o uso dos modais de transporte e retomada do Porto de Estrela devem passar por uma ampla discussão regional. “Não tem como pensar apenas em

Estrela. Quem vai usar o porto, a hidrovia, a ferrovia, é a região. Pretendemos liderar esse processo de debate regional transformando esse assunto de conceito para a prática.”

Na avaliação dela, esses projetos para se tornarem realidade tem de ter interesse tanto das representações locais quanto das empresas. “São decisões que vamos tomar em conjunto”, reforça. A partir disso, também fazer pressão política sobre os governos do Estado e do país. “Sozinhos não temos como investir nestas estruturas. É preciso de aporte dos demais entes da federação.”

Hidrovia: refazer os estudos

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) havia concluído a batimetria (avaliação por sonar do terreno submerso) do Rio Taquari e confirmada as

condições de navegabilidade por 90% do ano.

No fim de outubro de 2023, a empresa CHD – Cartografia, Hidrografia e Digitalização de Mapas – apresentou o relatório sobre as condições da hidrovia. Cinco dias depois, veio a enchente de setembro, a maior na história até aquela data. Pelo documento, se tinha o aval para navegação e se estimava o retorno do transporte

Apesar de estar em área alagável, município aguarda resposta da Anac para ampliação da pista de pouso

pelo rio dentro de um até dois anos, pois dependiam da modernização da Eclusa de Bom Retiro do Sul.

Há um contrato em vigor e também será aberta uma nova licitação para reabertura dos estudos sobre as condições da hidrovia, é o que afirma o diretor de Infraestrutura Aquaviária, Erick Moura de Medeiros. “Há muitos detritos na calha do rio. Temos de ver onde estão esses acúmulos”.

De acordo com ele, o reaproveitamento do Porto e da hidrovia faz parte das estratégias do Dnit. “Está no nosso radar, estendemos o contrato vigente, mesmo que neste momento, não seja para a volta das navegações. Isso será no médio e longo prazo”.

Projeto para o futuro

Em conversa com líderes da região, os ministros Paulo Pimenta e o de Transportes, Renan Filho, afirmaram durante a reabertura do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, o intuito do governo federal em criar um modelo de concessões para exploração das hidrovias. Funcionaria aos moldes dos projetos de rodovias e ferrovias. Conforme os representantes da

presidência da República, o projeto está em fase de estruturação para a Região Sul do país.

No país, foram apresentados os planos para os rios Tocantins e Madeira. Eles percorrem o cinturão da soja no centro do país. Partem de estudos da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a partir do Plano Geral de Outorgas, com diretrizes para esses procedimentos.

Ideias e execução

Doutor em Ambiente e Desenvolvimento, engenheiro e ex-presidente da CIC-VT, Ivandro Carlos Rosa, liderou durante quatro anos as iniciativas para aproveitamento dos modais de transporte no Vale do Taquari.

“Para fazer esses investimentos na retomada, não basta só vontade política. É preciso viabilidade econômica. O que tivemos foram ideias. De prático, precisamos ser realistas, não há nada.”

Para ele, o pós-catástrofes faz com que os planos tenham de ser revistos. Em âmbito estadual, a Federação das Indústrias (Fiergs) defende a construção de um porto em Arroio do Sal. Conforme a entidade, esse é um projeto estratégico com potencial de transformar a logística e a economia do RS. O presidente, Cláudio Bier, aposta que esse investimento poderia diversificar o embarque e desembarque de produtos à exportação e importação, diminuindo a dependência do Porto de Rio Grande.

Seriam necessários mais de R$ 1,3 bilhão para construir o complexo. Na primeira fase, o governo federal aprovou o projeto. “A logística é um dos principais fatores que impactam a competitividade da nossa indústria. Com a adição de mais uma alternativa portuária, podemos fortalecer ainda mais nossos laços com o mercado internacional e facilitar a importação de insumos essenciais para o processo produtivo”, afirma Bier.

Conforme Ivandro Rosa, caso se confirme, esse novo porto modificaria a dinâmica da logística regional. Arroio do Sal fica a pouco mais de 260 quilômetros de Lajeado e Estrela. Hoje, as empresas da região embarcam produtos para exportação em Santa Catarina, no Porto de Itajaí. É quase três vezes a distância na comparação com Arroio do Sal.

Aeródromo

Voltado para viagens de executivos, instrução de voos e atendimentos de saúde de alta complexidade, o aeródromo regional fica em Estrela, em área alagável e passa por uma reforma. Com a limpeza da pista, pequenas aeronaves voltaram a pousar e decolar do local. Em média, são pelo menos cinco viagens por semana, conta a presidente da E-Log, Elaine Strehl.

Marcas da destruição causada pela enxurrada ainda podem ser vistas nos pavilhões do Porto

São 24 hectares de área, nas proximidades da ERS129, em Linha São José. “O aeródromo ainda tem um grande potencial. Temos um projeto protocolado para aumentar a pista para mil metros e a gente pretende buscar uma futura pavimentação.”

Ferrovia: o modal mais distante

A volta do transportes de cargas por locomotivas nos ramais da região não tem prazo. Por esse motivo, a concentração do esforço do Vale é o trem turístico. A Associação dos Municípios de Turismo dos Vales (Amturvales) sugere assumir a gestão de 46 km da ferrovia.

A proposta foi apresentada ao governo federal e visa garantir a retomada dos passeios entre Guaporé e Muçum. “Ainda não tivemos resposta. Nossa proposta é fazermos a reforma, por meio de parceria entre setor público e privado”, diz o coordenador do Trem dos Vales, Rafael Fontana.

Em agosto, foi formado um grupo de trabalho entre a equipe da ANTT, Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes (DNIT), governo do RS e da Rumo Logística. Conforme levantamento prévio na região, o trem turístico teve menos avarias na comparação com a ligação com Santa Catarina e na Serra gaúcha. Dos 46 quilômetros, houve 60 deslizamentos, com uma estimativa para retirada de 50 mil metros cúbicos de material. O percurso soma 20 quilômetros, com oito pontos com necessidade de aterro, reparo em três viadutos e reconstrução de sete quilômetros de trilhos. No documento regional entregue à Secretaria Nacional de Ferrovias, também foi pedido para incluir na próxima concessão a exploração turística e cultural das ferrovias. “Queremos discutir como será o processo das novas concessões, porque do jeito que está, ficamos à mercê da concessionária, como se fosse um favor. A concessionária não dá o valor adequado para o uso turístico da ferrovia”, frisa Fontana.

avaliadas mudanças no mapa ferroviário. Faz pelo menos dez anos que um novo traçado do projeto Ferrovia Norte-Sul foi proposto pelo governo federal.

A ideia, seria usar parte deste estudo, de Lages (SC) até Passo Fundo. A ferrovia seria mais moderna, para garantir

locomotivas mais velozes. Conforme Ivandro Rosa, essa é uma alternativa viável para tornar o transporte mais racional. “Hoje os caminhões precisam ir até os estados do centro do país. Caso houvesse esse ramal, se reduziria o custo e a distância para distribuição de grãos.”

Diagnóstico do trecho turístico

Conforme levantamento das prefeituras municipais, dos 46 km de ferrovia menos de 50% do trecho tiveram impactos significativos.

Rota a Passo Fundo

Diante do alto investimento na recuperação da ferrovia, são

com a Secretaria de Gestão do Patrimônio da União, com a superintendência de Transporte Ferroviário e com a Secretária Nacional de Ferrovias. “Queremos discutir como será o processo das novas concessões, porque do jeito que está, ficamos à mercê da concessionária, como se fosse um favor. A concessionária não dá o valor adequado para o uso turístico da ferrovia”, avalia Fontana. De acordo com o coordenador do Trem dos Vales, a pessoa chave em Brasília é o secretário Nacional das Ferrovias, Leonardo Ribeiro. “Por ele passa todo o trabalho que vem sendo feito para análise da situação da malha gaúcha. Queremos apresentar nosso trecho, entre Guaporé a Muçum, porque temos um levantamento prévio que mostra que boa parte está intacta.”

Ferrovia está bloqueada.

Região tenta assumir 46 quilômetros para fazer reforma e voltar com os passeios

Impactos econômicos

70% dos bilhetes vendidos por 214 agências

30% de venda direta ao público Passeio vendido por RS: 195 agências

Vale do Taquari: 19 agências Demais regiões gaúchas: 176 agências

Santa Catarina: 17 agências Paraná: 2 agências

Vacaria até Roca Sales Ramal é a única ligação com Santa Catarina. Maior uso é para transporte de etanol produzido em São Paulo. Trecho muito degradado. Deslizamentos destruíram a ferrovia em diversos pontos.

Roca Sales a Garibaldi Trecho sem condições de uso. Muitos deslizamentos. Perda da base dos trilhos.

Tudo terá de ser refeito.

Roca Sales a Canoas Uma reforma foi feita e uma viagem teste ocorreu faz cerca de 45 dias. Canoas a Santa Maria Trecho muito usado para levar combustíveis produzidos na Refap para o centro e o Norte gaúcho. Três pontes caíram. Não há condições de uso.

Vacaria até Roca Sales Ramal é a única ligação com Santa Catarina. Maior uso é para transporte de etanol produzido em São Paulo. Trecho muito degradado. Deslizamentos destruíram a ferrovia em diversos pontos.

Roca Sales a Garibaldi Trecho sem condições de uso. Muitos deslizamentos. Perda da base dos trilhos.

Roca Sales a Canoas Uma reforma foi feita e uma viagem teste ocorreu faz cerca de 45 dias.

Cruz Alta a Santa Maria Trecho em condições de uso.

Santa Maria ao Porto de Rio Grande Ligação do centro ao sul do RS não teve prejuízos. Estimativa é que possa ser usado o ramal de Cruz Alta até o porto para exportação de grãos.

Canoas a Santa Maria Trecho muito usado para levar combustíveis produzidos na Refap para o centro e o Norte gaúcho. Três pontes caíram. Não há condições de uso.

Cruz Alta a Santa Maria Trecho em condições de uso.

Santa Maria ao Porto de Rio Grande

Ligação do centro ao sul do RS não teve prejuízos. Estimativa é que possa ser usado o ramal de Cruz Alta até o porto para exportação de grãos.

RAIO-X DA MALHA GAÚCHA
RAIO-X DA MALHA GAÚCHA

LOGÍSTICA

Vale aguarda estudo sobre concessão das rodovias

Estado pretende fazer leilão do Bloco 2 até o fim de 2025. Dúvidas sobre parâmetros das construções após catástrofe de maio, com necessidade de mudança no nível e traçado da ERS-130, gera dúvidas sobre apetite da iniciativa privada e da fonte de investimentos

Opacote de concessões das rodovias estaduais do Bloco 2 estava no forno. No fim de abril, a chuva em grande volume trouxe a maior enchente da história do país. Os primeiros dias de maio exigiram mudanças profundas em todo o cronograma do governo do Estado.

Neste contexto, o novo modelo dos pedágios precisou esperar. A prioridade passou a atender o que era mais urgente.

A equipe do governador Eduardo Leite também foi reestruturada.

A Secretaria de Parcerias se transformou em Reconstrução Gaúcha. Pedro Capeluppi assumiu a função de organizar todos os setores do Piratini. Deste movimento nasceu o Plano Rio Grande.

No pós-enchente, o assunto pedágios retornou à pauta do governo. Pelo alto volume de investimentos, uma certeza do Executivo gaúcho é a busca de parcerias com a iniciativa privada. O modelo considerado mais assertivo é a concessão.

Estimativa da Secretaria de Transportes e Infraestrutura aponta que em torno de 70% da malha rodoviária gaúcha teve algum tipo de avaria. Entre trechos administrados pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e da Empresa Gaúcha de Rodovias, são quase 12 mil quilômetros de estradas.

Os danos mais significativos foram em 95 trechos de 41 rodovias. Entre elas estão a RSC-287, entre Tabaí a Santa Maria, e a ERS–130, em especial

no trecho Arroio do Meio a Encantado.

“Temos a certeza de que as concessões são o melhor caminho para garantir os investimentos necessários para retomada do Estado”, afirma o secretário Pedro Capeluppi. “Não desistimos do leilão dos trechos do Vale. Mas precisamos refazer parte dos estudos”, complementa.

De acordo com ele, as análises de viabilidade técnica e financeira para o plano de concessões estão em fase final. Foi necessário, assegura Capeluppi, incluir conceitos de infraestrutura resiliente, como forma de antecipar projetos capazes de suportar grandes inundações.

“O parâmetro das obras

O parâmetro das obras mudou. Em fóruns sobre concessões pelo país, o que mais se debate é a inclusão de projetos com condições de resistir aos extremos climáticos.”

Pedro Capeluppi, Secretário Estadual da Reconstrução

mudou. Em fóruns sobre concessões pelo país, o que mais se debate é a inclusão de projetos com condições de resistir aos extremos climáticos. Claro que não é para toda a rodovia, mas olhando para os trechos em que houve mais danos”.

Neste olhar sobre resiliência, entram os 23 quilômetros da ERS-130 de Arroio do Meio a Encantado. Uma avaliação prévia indica que o projeto anterior de duplicação precisa mudar. Em alguns pontos, é necessário mudar o traçado e elevar o nível da rodovia.

Essas informações e propostas de obras prioritárias farão parte da consulta pública, patamar inicial de discussão sobre a modelagem do novo plano de pedágios. O Estado pretende abrir essa fase até o fim do ano, assegura Capeluppi.

“Nosso plano é ainda neste ano fazermos a apresentação e os debates com a comunidade”, ressalta. A partir de janeiro de 2025, são incluídos os pedidos e estudadas adições a partir das propostas da população. A segunda etapa são as audiências públicas e análise jurídica para leilão.

No entendimento do secretário é possível cumprir essas fases e lançar o leilão no segundo semestre de 2025. Caso esse prazo seja possível, tendo interesse da iniciativa privada, o contrato poderia ser assinado até dezembro. Com isso, a nova empresa poderia assumir os pedágios no primeiro trimestre de 2026.

Modelagem estabelece cobrança a partir de pórticos de free flow. Ideia é encerrar polêmica das praças físicas

LOGÍSTICA

Tarifa: a 1ª preocupação

Na primeira análise, o preço pago pelo condutor no quilômetro rodado de estrada concedida variava de R$ 0,23 a R$ 0,26. O temor dos líderes regionais é que essa tarifa básica possa subir para além dos R$ 0,40, valor inviável, pois excede toda a média do pago em todas

Não pode ficar só para o usuário pagar. O Estado também tem participação (...). O governo tem R$ 13 bilhões pela suspensão da dívida com a União. Parte deste dinheiro é para ser usado nisso (...)”

as rodovias pedagiadas do país. Dentro do Conselho de Desenvolvimento (Codevat) foi formado um grupo de trabalho. Como o assunto foi postergado devido às inundações, a retomada das discussões depende da apresentação do governo estadual sobre a modelagem.

Em um primeiro momento, a representação local concorda com a leitura do Estado, de que a concessão é a forma mais ágil de garantir investimentos. Porém, o contrato precisa estabelecer investimentos consistentes. Além disso, o pagamento das obras deve ter mais de uma fonte de receita.

“Não pode ficar só para o usuário pagar. O Estado também tem participação. É preciso equilíbrio entre tarifa e obras”, diz a presidente do Codevat, Cintia Agostini. “O governo tem R$ 13 bilhões pela suspensão da dívida com a União por três anos. Esse dinheiro é para ser usado nisso, pois faz parte do fundo de reconstrução”, ressalta.

Modelo

de cobrança: a 2ª preocupação

O governo afirma que há

segurança jurídica para o início da cobrança ser por meio do free flow (cobrança automática). Seria o fim das praças físicas de pedágio e, por consequência, da polêmica sobre a divisão de municípios e comunidades.

Um passo importante, pois na análise do grupo regional, tem-se uma melhor distribuição da cobrança, com aumento de arrecadação a partir da cobrança em pontos descobertos. A instalação dos pórticos ainda está em análise. Estima-se entre 15 a 17 estruturas.

Caso a inadimplência seja elevada, há risco das métricas de arrecadação da futura concessionária não ser atingida. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático à Mobilidade (Abepam), mostram que há uma elevação no número de condutores que optam por tags de pagamento é de 57% no país. No RS, esse percentual cai para 20%.

É mais difícil cobrar daquele sem registro eletrônico. Pois é a operadora que precisa formular a notificação e a cobrança. No mundo, estudos mostram que a proporção ideal para garantir uma aplicação eficiente do free

da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR)

flow seria de 80% de adesão, com pagamento automático. Os 20% restantes, seriam daqueles com cobrança pela placa.

Inclusão da ERS-332: a 3ª preocupação

A resposta mais recente do Estado sobre a inclusão da ERS-332, entre Encantado e Arvorezinha, é colocar um dispositivo no contrato para que cobrança e investimento seja possível de fazer após os cinco primeiros anos de concessão. Com a enchente de maio, a importância da rodovia como rota alternativa se comprovou. Para o Codevat, o novo plano precisa considerar os investimentos na estrada.

Concessão prevista para o fim de 2025 ou início de 26 marca o fim

“Existe apetite do mercado nas rodovias da região”

A Hora – O Estado mantém a concessão? Será possível dentro dos últimos dois anos deste mandato?

Pedro Capeluppi – O governo entende que as concessões das rodovias são o melhor caminho tanto pelo volume de investimentos que são capazes de trazer quanto pela velocidade das obras na comparação com o poder público. Para se ter uma ideia, nos blocos em análise, estimamos mais de R$12 bilhões em investimentos. A experiência tem mostrado que esses processos funcionam. Por exemplo, na ERS-287. Uma das estradas mais atingidas. Temos a Sacyr como gestora. Foi uma das rodovias mais atingidas pela catástrofe. Mesmo assim, houve reformas, mesmo que emergenciais, suficientes para o retorno do trânsito. Na Serra, a Caminhos da Serra, também foi assim. Foram trechos inteiros perdidos e, com agilidade, refeitos.

– E com relação aos trechos do Vale do Taquari?

Capeluppi – Temos de aprofundar os estudos. Concluímos a primeira parte, de estradas onde não houve avarias estruturais. Para trechos em risco, a equipe do BNDES faz um novo diagnóstico, para implementar um projeto de resiliência climática. Estamos trabalhando com a possibilidade de apresentar os resultados e fazer a apresentação pública ainda neste ano.

O que afasta o investidor é a insegurança jurídica. É preciso incorporar riscos, perspectiva de arrecadação e exigências nos contratos.”

– O investimento e as dificuldades das obras aumentaram. Como está o interesse do mercado em assumir rodovias gaúchas, em específico do Vale?

Capeluppi – Sem dúvida, o desafio é grande, pois teremos rodovias que precisam ser reestruturadas. Mas veja só, esse desafio não é só para o Rio Grande do Sul. Essa é uma realidade para todo o país. Em concessões de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Santa Catarina, os editais e contratos estabelecem obras de resiliência prevendo riscos para eventos extremos. O mercado sabe disso.

Posso antecipar, há interesse de grupos de investidores. Temos um trabalho reconhecido no mercado, no aprimoramento dos contratos e temos sido referência para o Brasil.

O que afasta o investidor é a insegurança jurídica. É preciso incorporar riscos, perspectiva de arrecadação e exigências nos contratos.

– Quais são os prazos?

Capeluppi – Queremos fazer as primeiras consultas públicas ainda neste ano. Em paralelo, temos de mandar os estudos e um esboço do edital para o Tribunal de Contas, para estudo jurídico dos parâmetros da concessão. Esse processo leva em torno de 90 dias.

Vamos ouvir a comunidade, conversar com líderes da região, escutar quais as prioridades e definir a modelagem econômicofinanceira do contrato. Esperamos finalizar o edital no primeiro trimestre de 2025. Em seguida, lançar o edital, colocá-lo para leilão. Correndo tudo dentro do previsto, até o fim do próximo ano teremos a homologação do resultado e a assinatura do novo contrato de concessão.

– Quer dizer que a EGR acaba em 2026?

Capeluppi – No que depender de mim, com certeza. Precisamos melhorar a prestação de serviços. Se a população quer assim, que assim seja. Nós temos de pensar na comunidade, nas empresas e encontrar formas de desenvolver o Rio Grande do Sul.

Cronograma

Consultas públicas

Os encontros estão previstos para neste ano. Em paralelo, modelagem é entregue ao Tribunal de Contas.

Modelo de edital

Após analisar os pedidos da população e de representantes regionais, a Secretaria da Reconstrução estabelece o modelo final do edital. Previsão para o primeiro trimestre de 2025.

Audiências públicas

O texto final ainda passa por uma segunda rodada de participação social. Perspectiva de encerrar esta parte entre abril e julho de 2025.

Leilão

Entre agosto e dezembro de 2025.

Contrato e fim da EGR

Homologação e definição da nova responsável entre o fim de 2025 e início de 2026.

LOGÍSTICA

Vale tem o segundo polo logístico mais importante do RS

Nas seis maiores cidades, são quase 1,6 mil empresas ligadas ao transporte, com um total de 7,9 mil placas entre veículos e implementos voltados à atividade. Na empregabilidade são pelo menos cinco mil trabalhadores formais ligados ao setor logístico rodoviário

Alocalização geográfica próxima das localidades mais mais industrializadas do RS, o entroncamento de rodovias importantes e a diversidade econômica do Vale fazem com que a região tenha uma posição importante no segmento logístico gaúcho.

“Temos empresas que são referência, reconhecidas pela inovação, qualidade e pioneirismo. O Vale do Taquari tem o DNA do transporte. Pelas dificuldades de hoje, temos de defender os interesses do setor e cobrar ação dos governos”, diz o presidente do Sindicato das Transportadoras do RS (Setcergs), Sérgio Gabardo.

De acordo com ele, pela região passam cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho. “A BR-386 é uma artéria fundamental na logística. Com um trânsito internacional do Mercosul. Temos a ligação com Porto Alegre, com a Argentina, com o Paraguai e com Santa Catarina.”

Do ponto de vista estratégico, o consultor de empresas, Fernando Röhsig pontua: “em um raio de 200 quilômetros é possível alcançar 70% da população do estado”. Essa localização, avalia, representa oportunidades.

“Para tanto, as rodovias

precisam estar em condições. Pela BR-386, e pelas ERSs 130, 453 e 287, tem-se a possibilidade de chegar a diversas regiões gaúchas e também para outros estados. “ Por isso, o Vale do Taquari desempenha um papel estratégico para todo o RS. Pelas principais rodovias da região (BR-386, e as ERSs 130 e 453), o trânsito passa de 50 mil veículos por dia. Partindo do Vale do Taquari, é possível ir de caminhão em pouco mais de um dia até São Paulo e alcançando regiões que correspondem a mais de 60% do PIB do país.

Importância econômica

Conforme dados da Federação das Transportadoras do RS (Fetransul), são mais de 1,3 mil empresas nas seis maiores cidades (Lajeado, Teutônia, Estrela, Encantado, Arroio do Meio e Taquari). Isso significa algo em torno de 7,3 mil

Temos empresas que são referência, reconhecidas pela inovação, qualidade e pioneirismo. O Vale do Taquari tem o DNA do transporte.”

Sérgio Gabardo

Estamos no coração industrial do Rio Grande do Sul. Talvez o momento em que estamos é o mais complexo que já enfrentamos. Mas vamos superar.”

Fábio

veículos de transporte de cargas em operação.

Com o acréscimo de Venâncio Aires, esse número salta para 1.599 CNPJs ativos no transporte rodoviário de cargas e 7,9 mil placas, entre caminhões e implementos.

Na economia, em todo o país estima-se que 12% do PIB seja do setor logístico. “É um cálculo complexo, pois envolve o transporte, a estocagem, armazenamento e o administrativo”, destaca Röhsig. No PIB do Vale do Taquari, baseado nos dados nacionais, o segmento seria responsável por cerca de R$ 2 bilhões como participação do transporte de cargas na economia.

Com relação a toda riqueza gerada, a participação do Vale na economia gaúcha representa cerca de 3%, algo em torno dos R$ 17,8 bilhões. No RS, o total aproximado do PIB supera R$ 590 bilhões.

Superar as dificuldades

“Somos muito resilientes.

Nossas empresas enfrentam condições adversas e seguem em crescimento”, avalia o diretor da Nimec, Fábio Nicaretta.

“Estamos no coração industrial do Rio Grande do Sul. Talvez o momento em que estamos é o mais complexo que já enfrentamos. Mas vamos superar”, acredita.

A empresa está instalada na Trans Santa Rita, em Estrela. Em um ponto onde há outras grandes transportadoras, como a Magma, a Tomasi, Montanha,

Vale está a um raio de 200 quilômetros dos grandes centros industriais do RS

a poucos quilômetros da Giovanella.

“Temos um olhar estratégico sobre o Vale do Taquari. Acreditamos que esse diferencial logístico tende a atrair cada vez mais empresas”, realça Nicaretta. Hoje a Nimec tem 70 caminhões e cerca de 120 funcionários. “Nossa região tem potencial

Transporte se adapta aos novos tempos. Tecnologia obriga profissionais para a requalificação

LOGÍSTICA

para crescer. Não sabemos o que será o futuro, mas estamos olhando muito para as melhorias que precisamos em termos de infraestrutura.”

Apresentar aos governos do Estado e federal todo o potencial de desenvolvimento econômico e social. Esse é um dos deveres da Fetransul. O presidente da federação, Francisco Cardoso, destaca: “a nossa atenção está com o Vale do Taquari. Neste momento, precisamos de melhores condições de infraestrutura. Mantemos um diálogo permanente com as autoridades e com os líderes da região.”

Superar as adversidades faz parte do perfil da comunidade, avalia o CEO da Transportes Scapini, Lucas Scapini. “Temos uma veia empreendedora e de se desafiar. Se pegarmos no histórico, empresas daqui começaram a romper barreiras. Começamos por São Paulo, depois o Centro Oeste do país, Minas Gerais, em seguida tínhamos caminhões de empresas do Vale na Argentina, no Uruguai e Chile. Essa capacidade de inovar, de buscar oportunidades é parte da nossa identidade enquanto região.”

Formação

Garantir trabalhadores, formação, qualidade de vida e atendimento completo em lazer, saúde e assistência. Entre os desafios do setor está o envelhecimento dos profissionais.

De acordo com pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o motorista de caminhão no país tem em média 44,8 anos. Com a construção da nova unidade do Sest/Senat em Lajeado, a estratégia é garantir mais treinamentos, tanto para requalificação profissional, quanto para formar mais motoristas.

O complexo está orçado em mais de R$ 20 milhões. “A região representa muito para o nosso

Nas maiores cidades, dados da Fetransul mostram:

LAJEADO

Empresas: 482

Veículos: 2.174

Implementos: 1.491

Total de placas: 3.665

ESTRELA

Empresas: 206

Veículos: 771

Implementos: 580

Total de placas: 1.351

VENÂNCIO AIRES

Empresas: 293

Veículos: 541

Implementos: 203

Total de placas: 744

ENCANTADO

Empresas: 167

Veículos: 499

Implementos: 193

Total de placas: 692

TEUTÔNIA

Empresas: 214

Veículos: 481

Implementos: 178

Total de placas: 659

ARROIO DO MEIO

Empresas: 144

Veículos: 420

Implementos: 120

Total de placas: 540

TAQUARI

Empresas: 93

Veículos: 190

Implementos: 141

Total de placas: 331

TOTAL

Empresas: 1.599

Veículos: 5.076

Implementos: 2.906

Total de placas: 7.982

estado. Tem crescido em todas as áreas e o transporte faz o papel de integrar esses setores e o público consumidor. Por isso, precisamos atender os profissionais”, diz o presidente da Fetransul, Francisco Cardoso.

Metanox: de sonho empreendedor a referência nacional em inovação

Desde sua fundação, a empresa com sede em Estrela (RS) se tornou uma potência no mercado de tanques de aço inox, impulsionada pela inovação e pelo compromisso com a qualidade

Um dos líderes de venda é o Semi-Reboque 4 Eixos de Inox para transporte de combustíveis

para cada cliente.

Fundada em 2008, em Estrela, no Vale do Taquari, a Metanox nasceu do desejo empreendedor de dois ex-colegas de trabalho, Ismael Müller e Joel Luis Fritzen. A jornada começou com a manutenção de tanques de aço inox, seguindo com a fabricação do seu primeiro tanque completo em 2010. A partir daí, a empresa não parou de crescer, hoje conta com um quadro de funcionários de cerca de 250 pessoas. A Metanox cresceu de forma exponencial nos últimos cinco anos - cerca de 33% ao ano, em média, com dados de 2024 sendo recolhidos até agosto. Tem como meta um crescimento anual de, no mínimo, 20%. O foco em materiais nobres, soluções inovadoras e responsabilidade ambiental levou a Metanox a desenvolver tanques mais leves e eficientes, que proporcionam

maior capacidade de carga.

“Nós sempre buscamos trabalhar com qualidade, pensando em reduzir o pósvenda. Os nossos produtos duram mais, param menos e transportam mais carga. Um bom exemplo é o Semi-Reboque 4 Eixos para transporte de combustíveis”, afirma Ismael.

Crescimento e presença no mercado

Consolidada em todo o

Brasil, a Metanox expandiu sua presença para mercados internacionais, como Uruguai, Paraguai e Argentina, fazendo com que atualmente a empresa seja líder de mercado no segmento de tanques de Inox.

No mercado exigente e competitivo, uma das prioridades está na gestão da qualidade dos processos, qualificando operações e colaboradores para produzir o melhor. Por isso, a empresa investe em tecnologia e inovação, entregando produtos personalizados e qualificados

Para os próximos anos, a meta é ampliar ainda mais a atuação da Metanox no mercado nacional e internacional, além de lançar produtos que possam transformar o setor com projetos transformadores ainda não fabricados.

“Queremos continuar ajudando o país a crescer, desenvolvendo tecnologias que façam diferença para nossos clientes e para o mercado, afinal sabemos que estamos presentes indiretamente no dia a dia de milhares de famílias”, afirma Joel.

Lançamento 2024/2025:

Tanque com painel solar

No mais recente lançamento da Metanox, os painéis solares serão responsáveis por carregar as baterias acopladas no implemento. Posteriormente, serão utilizadas para acionar o recolhedor de mangueira e a bomba de captação de líquidos. Este método diminui o consumo de combustível e o ruído durante a operação de carga e descarga, já que não precisa manter o caminhão ligado.

Supreflex

Um exemplo da expansão da Metanox é a criação da Supreflex, uma fábrica de mangueiras de borracha atóxicas para condução de alimentos líquidos (leite, suco, vinho, cerveja, entre outros) e também de mangueiras para óleo e combustível. Criada em 2019 para atender a demanda interna de mangueiras para o setor leiteiro, hoje está consolidada como importante fornecedora no mercado nacionalmente.

Compromisso social e comunitário

Além da inovação tecnológica, a Metanox tem um forte compromisso com a comunidade. Prestou ajuda e solidariedade aos afetados pelas enchentes, apoia eventos comunitários, como a Semana Farroupilha de Estrela e o Projeto + Paradesporto da APAE de Teutônia, que promove a inclusão de pessoas com deficiência no esporte. Participa e apoia circuitos e campeonatos esportivos regionais, como Circuito dos Vales e Lapidar Craques (Campo Bom-RS), assim como contribui para o projeto FORÇA TOTAL - Programa de Incentivo ao Aparelhamento da Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul e o Fundo Comunitário PRÓ-SEGURANÇA da Brigada Militar de Estrela. Está em andamento um projeto para abrir um loteamento de moradias, com a doação de uma área para

O futuro da Metanox

Referência para o setor

Referência em todo o Brasil, a Metanox sempre marca presença em feiras e eventos do setor, como Fenatran (SP), Seminário Mais Negócios (MS), entre outras.

a construção de uma creche, beneficiando famílias da região.

Além disso, a empresa valoriza seus colaboradores e familiares com eventos como a Festa de 15 anos e o Dia das Crianças Metanox, promovendo integração e bem-estar.

Para Ismael, cuidar das pessoas é fundamental para o sucesso: “A gente chega onde chega porque sabe dar valor às pessoas. O crescimento da Metanox se deve à nossa visão de mercado e às pessoas capacitadas ao nosso redor”, conclui.

A empresa conta com a certificação ISO 9001 e está comprometida com a sustentabilidade e o meio ambiente. Por isso, conta com um conjunto de medidas responsáveis, como uso de matérias-primas com selo verde, grande infraestrutura de placas solares, separação e destinação correta dos resíduos, área verde e sistemas de exaustão. Até 2027, busca o ISO 14.001 - norma internacional que estabelece requisitos para a gestão ambiental de uma organização. A Metanox tem uma trajetória de compromisso com a qualidade

Me parece que houve uma escolha equivocada de iniciar a implantação do modelo em um bairro de classe média baixa e com muitas famílias em vulnerabilidade social.”

João Pedro Togni, Promotor de Justiça

Os municípios da região passam por um período de adaptação nos serviços de saneamento básico. A privatização da Corsan trouxe à tona discussões sobre investimentos, tarifas e a busca por soluções sustentáveis para além da captação de água do Rio Taquari.

Um dos desafios é a integração com as associações de água locais. Esses grupos atendem áreas rurais e comunidades mais afastadas. Nas cidades que assinaram o aditivo, a nova gestão da Corsan precisa negociar com essas entidades e assumir o serviço. Na região, o entendimento é que a dependência do Rio Taquari para a captação de água precisa ser revista. Neste sentido, a Corsan/Aegea pretende explorar mais os sistemas a partir de poços artesianos e a construção de novos reservatórios. Essas ações visam garantir o abastecimento mesmo em períodos de seca ou outras adversidades climáticas.

Em Estrela, são 18 poços operacionais e outros oito serão perfurados em áreas sem risco de alagamento. A ação da Corsan é mais em resposta às exigências do município diante dos períodos de cheias, devido a perda de qualidade e disponibilidade de água potável.

Mais opções para o captar e reservar água

Em meio a polêmica sobre aditivos, lei estabelece que o abastecimento e a distribuição serão exclusivos da Corsan/Aegea em cidades com contrato. Municípios querem mais alternativas, com aberturas de poços artesianos em áreas livres de inundações

Resposta na crise

Na inundação de maio, a combinação da falta de energia e abastecimento de água foi comprometida. Lajeado foi uma das cidades mais atingidas. Como 70% das moradias são atendidas pela Corsan, os bairros ficaram mais de dez dias sem água. Tudo por conta dos danos na central de captação de água. A Corsan precisou implementar um plano de contingência e colocou em prática uma força-tarefa complexa. Foram chamados 5 mil profissionais para o RS. Foram necessários recuperar 67 sistemas. Em menos de

14 dias, todas as estações de captação, tratamento e distribuição de água voltaram a operar. Conforme a companhia, foram necessários chamar mergulhadores para consertar sistemas submersos, fazer o deslocamento de geradores por helicóptero, usar retroescavadeiras anfíbias, além da perfuração emergencial de poços e interligação de adutoras para manobrar água entre estações.

Contrato Lajeado

O Ministério Público (MP) recebeu uma série de

reclamações dos moradores do Bairro Moinhos. Há um inquérito em aberto.

Conforme o promotor

João Pedro Togni, o formato implementado se tornou uma experiência negativa. “Me parece que houve uma escolha equivocada de iniciar a implantação do modelo em um bairro de classe média baixa e com muitas famílias em vulnerabilidade social. Temos uma situação muito complexa. Passa pela precariedade do contrato entre Corsan e o município.”

O modelo do contrato foi assinado em 2008. Antes do leilão. Com isso, a prestadora

Contrato atual não prevê a universalização do tratamento de esgoto até 2033

O diretor de Relações Institucionais da Aegea Saneamento e Participações, Fabiano Dallazen, realça que o aditivo é uma decisão da municpalidade. Ainda assim, afirma que as alternativas do grupo apresentam relatórios equivocadas.

“São parâmetros comparativos de quem fez licitação. Tratam-se de municípios que não tinham nenhum contrato e fizeram uma nova concorrência. Aqui, existe contrato em vigor.”

Segundo ele, qualquer iniciativa de romper o contrato abriria um procedimento administrativo e a Corsan teria de ser indenizada.

Esgoto

Das duas ETEs na região,, apenas a de Lajeado está em funcionamento. A rede coletora passa pelo bairro Moinhos e em parte do Florestal. Com o início do tratamento, surgiu outra dificuldade: a ligação das casas na rede coletora.

Houve aumento na conta dos moradores. Dos R$ 70 de tarifa, o aposentado Jorge Ribeiro, passou a pagar mais do que o dobro. “Já tive boleto de R$ 300”.

No abastecimento de água, municípios querem mais opções para reduzir risco das inundações

Detalhes dos sistemas

Os três modelos de tratamento do esgoto para Lajeado estabelecem:

1 – ABSOLUTO

Sistema de coleta de esgoto que transporta os efluentes domésticos para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Modelo mais comum para áreas centrais e mais densamente povoadas.

do serviço e administração municipal negociam o termo aditivo deste acordo.

Embate público

Para o Fórum das Entidades, seria possível levar o contrato para licitação, com uma estimada maior arrecadação de outorga, além de redução na tarifa paga pela população.

O estudo do grupo compara as tarifas médias de água e saneamento em Lajeado e em outros municípios que passaram pelo processo de licitação. Em resumo, o documento afirma que os dados revelaram que as tarifas em Lajeado são mais altas, sugerindo que a licitação poderia resultar em uma redução considerável nos custos para os cidadãos.

Esse adicional representa 120% a mais para quem não usa a rede coletora. Prevista em lei, a regra estabelece que havendo condições técnicas de conexão do imóvel à rede coletora, será feita a cobrança pela disponibilidade do serviço.

Proposta em análise

Conforme o prefeito Marcelo Caumo, houve avanços nas negociações, mas a decisão não foi tomada. O objetivo da Corsan/Aegea é cumprir os 90% de coleta e tratamento até 2028. Para tanto, serão três sistemas diferentes (confira ao lado).

A ideia é garantir esses modelos até atingir a exigência nacional para depois estabelecer em toda a cidade o modelo absoluto.

Sobre o bairro Moinhos, o governo pede a suspensão da taxa de esgoto até 2028.

A rede de tubulações é direcionada para a estação, onde passa por processos de tratamento antes dos efluentes serem lançados nos mananciais.

2 – SISTEMA MISTO (COM USO DA REDE PLUVIAL)

Sistema combina a coleta de esgoto doméstico com a água da chuva (rede pluvial).

Usado em áreas onde a infraestrutura permite a integração dos dois tipos de efluentes.

O processo faz com que a água da chuva e o esgoto doméstico sejam levados para a estação. Após o tratamento, os efluentes são lançados de forma segura no meio ambiente.

3 – SISTEMA DE FOSSA SÉPTICA

Sistema de tratamento individualizado. É o mais comum em Lajeado. O problema está na falta de limpeza dos reservatórios. A Corsan/Aegea assumiria a coleta pelo menos uma vez por ano.

O modelo fossa, filtro e sumidouro é estabelecido como forma destinada para áreas mais afastadas ou rurais.

Os efluentes domésticos são direcionados para uma fossa séptica, onde passam por um processo de sedimentação e digestão anaeróbia. O lodo acumulado passa a ser removido por serviços de limpa fossa a cargo da Corsan.

ABASTECIMENTO

Marco legal exige 90% do esgoto tratado até 2033

Índice de coleta e tratamento dos efluentes domésticos é mínimo na região. Investimento previsto supera os R$ 15 bilhões no RS, estima a Corsan/Aegea. Das 38 cidades do Vale, 14 tem contrato ativo com a prestadora do serviço

Coleta de lixo, drenagem urbana, abastecimento de água e tratamento de esgoto. Esses quatro aspectos conceituam o chamado saneamento básico. Para os futuros prefeitos, uma das missões será liderar a busca por soluções para atender a exigência do marco regulatório nacional.

Pela lei, dois temas têm metas estipuladas. Alcançar 99% de abastecimento de água potável nas casas. Objetivo possível tendo em vista a universalização do serviço ao longo das últimas quatro décadas.

O problema é o esgoto. Pelo marco regulatório, os municípios têm até 2033 para coletar e tratar 90% dos efluentes nas residências urbanas. Pelas experiências atuais, essa meta parece distante de ser cumprida.

“Não acredito que esse prazo será mantido. Entre as autoridades, já se fala em prorrogação. Mesmo assim, é preciso um esforço muito grande pelo menos para reduzir o déficit de hoje”, diz o doutor em saneamento básico, Tiago Luis Gomes.

Essa análise pode ser vista na prática. Desde 2014, ano em

que o tratamento de esgoto passou a ser exigido nos contratos com a Corsan, duas obras foram feitas na região.

Na época, a estatal construiu uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETEs) em Lajeado e outra em Encantado. O investimento em cada uma delas se aproximou dos R$ 4 milhões.

Erros nos projetos, dificuldades em termos de nivelação do solo, rochas nos trechos das redes de coleta e outros problemas tornaram a implementação do serviço longa e pouco eficiente.

Números pouco confiáveis, diz pesquisador

Nos últimos 50 anos, houve poucos avanços no tratamento de esgoto, alerta o professor e pesquisador, Odorico Konrad. “Estamos muito distantes. Gostaria de estar errado, mas pelo que sei, não temos nem 2% do esgoto tratado na região.”

Os números de tratamento dos efluentes são poucos confiáveis, admite. Por um lado, o IBGE aponta para quase 90% do esgoto tratado no RS. O governo estadual tem outra observação, cerca de 32%.

Algo mais próximo da realidade está na análise do Conselho de Desenvolvimento Regional

(Codevat), que aponta o máximo de 11% de residências com algum tipo de tratamento dos efluentes.

Para explicar essas contradições, é preciso olhar para as diferentes metodologias de análise. O IBGE tem como base a consulta domiciliar. O Estado considera tratamento com fossas rudimentares, já o Codevat usa como base as informações regionais, com base no modelo de fossa séptica, com filtro e sumidouro.

Para o doutor em saneamento básico, Tiago Luis Gomes, além da complexidade dos projetos e da adesão da população,

Codevat considera que 11% das moradias na região tem algum tipo de tratamento de efluentes

Durante a enchente, centro de captação da Corsan foi danificado. Equipe do Rio de Janeiro foi chamada para retomar o abastecimento

existe uma necessidade de alto investimento.

“Temos diversos municípios em que o serviço é mantido por um departamento interno ou por associação. A cobrança das tarifas cobrem despesas operacionais e manutenção. Não há dinheiro para investimento. Me pergunto, como será viável assim? As associações não têm condições de garantir esse atendimento”.

Investimentos de R$ 1,5 bi por ano

Nos contratos maiores, como é o caso da atuação Corsan/ Aegea, presente em mais de 310 municípios gaúchos, o volume de redes coletoras e a necessidade de estações de tratamento são desafios difíceis de cumprir até 2023. Pelos cálculos da companhia, seriam necessários cerca de R$ 15 bilhões em investimentos para atender a meta do marco regulatório. O gestor regional de relações institucionais da Corsan/Aegea, Lutero Cassol, reconhece o tamanho do desafio no tratamento do esgoto.

Pelo plano da companhia, está separado um investimento de R$ 1,5 bilhão por ano para os municípios com contrato em vigor.

Sobre o Vale do Taquari, afirma que a ETE de Encantado começa a funcionar até o fim do ano. “Em todos os municípios que temos contratos temos um cronograma atualizado de serviços, obras e investimentos.”

Saneamento no Vale

Conforme o IBGE, mais de 85% das residências estão ligadas à rede geral de abastecimento de água.

95% dos domicílios têm coleta de lixo.

Pelo Censo de 2022, 58% das moradias do país estão ligadas na rede de esgoto ou na pluvial. Especialistas alertam que isso não significa tratamento dos efluentes.

Relatório do Codevat aponta para 11% de tratamento dos efluentes na região. Neste cálculo, estão incluídas residências com fossa, filtro e sumidouro.

Os serviços de água e esgoto são prestados pela Corsan/Aegea em 14 dos 38 municípios da região.

Situação no RS

De 2005 a 2021, o investimento anual em saneamento foi de R$ 305,5 milhões. Representa R$ 40,30 por habitante. Menos da metade da média nacional (R$ 82,71);

No RS, só 25,3% do esgoto gerado é tratado. Metade da média brasileira.

Na área da Corsan, 84,4% do esgoto coletado foi descartado sem tratamento na natureza;

41,6% da água tratada é perdida antes de chegar nas casas.

A Aegea se compromete em aplicar R$ 15 bilhões em dez anos;

Cenário Nacional

Estimativa de que seja necessário investir R$ 500 bilhões para que os serviços de água e esgoto cheguem a toda a população.

A falta de saneamento básico interfere na saúde e provoca pelo menos 15 mil mortes e 350 mil internações por ano no país.

Conforme o Censo 2024, quase 50 milhões de pessoas vivem sem acesso a saneamento básico (sem água potável, sem tratamento de esgoto)

Recursos hídricos

A falta de tratamento dos efluentes domésticos e rurais, aliado ao descarte de resíduos industriais, ocasiona a poluição de mananciais. Como resultado:

Nível da qualidade da água na região está entre os piores do RS. Foram classificadas como tipo 3 ou 4. Significa alto índice de contaminação.

Uso da água do Rio Taquari é desaconselhada para pesca, banho, inclusive como fonte de irrigação para frutas e hortaliças.

Estima-se que 35% das doenças de transmissão hídrica no RS ocorrem no manancial do Rio Taquari.

Marco legal do Saneamento

Aprovado em 2020, o texto estipula metas para o saneamento básico nacional para os próximos 20 anos. Objetivos centrais:

Meta de 99% da população com água potável em casa até 31 dezembro de 2033.

Meta de 90% da população com coleta e tratamento de esgoto até 31 dezembro de 2033.

Estímulo ao investimento privado por meio de licitação e parcerias públicoprivada.

Fim da preferência para prestação dos serviços por empresas estaduais.

Se as metas não forem cumpridas, as empresas contratadas podem perder o direito dos contratos.

Aumentar a capacidade de escoar a água requer um diagnóstico sobre a rede atual dos municípios

Municípios revisam planos de drenagem

Troca de tubulações para dar mais vazão e evitar alagamentos. Governos municipais iniciam estudos para mitigar efeitos em áreas urbanas

Os planos de drenagem urbana são instrumentos essenciais para a eficiência no escoamento da água. Podem minimizar impactos dos alagamentos na área urbana.

Na região, as gestões das seis maiores cidades admitem: é necessário investir e ampliar o tamanho das tubulações.

A série de inundações fez com que as redes acumulassem resíduos. Como consequência, basta uma chuva pouco mais forte para aparecerem os transtornos. “Vamos contratar um estudo para avaliar a capacidade de escoamento. Nossas redes são antigas e já não dão mais

Vamos contratar um estudo para avaliar a capacidade de escoamento. Nossas redes são antigas e já não dão mais conta.”

Marcelo Caumo, prefeito de Lajeado

conta. Sabemos que precisamos aumentar a capacidade de escoamento”, frisa o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo. Assim como Lajeado, Estrela, Arroio do Meio, Teutônia, Encantado e Taquari estão na mesma etapa. Conforme o Ministério das Cidades, esse é

Fases do Plano de Drenagem

Conforme o Ministério das Cidades, são quatro etapas:

Diagnóstico Inicial: O primeiro passo é um diagnóstico detalhado da situação atual da drenagem no município. Isso inclui a análise da infraestrutura existente, a identificação de áreas críticas sujeitas a inundações e a avaliação das condições hidrológicas e hidráulicas locais.

Planejamento e projetos: Com base no estudo, são desenvolvidos projetos específicos para a melhoria do sistema de drenagem. Isso pode incluir a construção de novas galerias pluviais, bacias de retenção, canais de drenagem e outras infraestruturas necessárias para o controle das águas.

o primeiro passo para acessar recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Nas cidades em que o governo permaneceu, o processo está encaminhado para inícios dos estudos nos primeiros meses de 2025. Em Teutônia, Arroio do Meio e Estrela, depende dos futuros gestores dar continuidade aos planos de drenagem.

O prefeito de Taquari, André Brito, elabora o projeto de contratação do estudo. Serão cerca de R$ 1 milhão para o diagnóstico.

Geradores

Durante a inundação, o sistema de energia colapsou, deixando regiões inteiras sem luz por mais de 20 dias.

Os municípios precisaram recorrer a sistemas de geradores de energia. “Nunca vai ser suficiente. Tínhamos um contrato

Implementação: A fase de implementação envolve a execução das obras planejadas, que devem ser de acordo com as normas técnicas e ambientais vigentes.

Monitoramento e manutenção: Após a implementação, é necessário um monitoramento contínuo do sistema de drenagem para garantir o funcionamento adequado.

prévio com prestadores de serviços. Tivemos de optar entre abrigos e atendimento”, relembra o prefeito de Arroio do Meio, Danilo Bruxel. Entre os prefeitos, se estabeleceu uma discussão: O que é melhor: comprar ou ter contratos para geradores? “Os equipamentos têm de ser ligados a cada três meses no mínimo, e passar por revisão e reforma. O melhor é ter contratado o serviço para quando precisarmos”, acredita Bruxel.

A força do cooperativismo volta a iluminar a região

Empresas de eletrificação têm demonstrado melhorias significativas na região. Desafio atual é recompor a estrutura de energia, considerando que o Vale pode enfrentar outros eventos extremos semelhantes a setembro de 2023 e maio de 2024

Ao analisar a infraestrutura energética do Vale do Taquari, nota-se que o fornecimento de energia é dividido entre cooperativas de eletrificação e grandes companhias. Segundo a presidente do Codevat, Cintia Agostini, essas empresas têm demonstrado melhorias significativas na região. “As cooperativas de eletrificação têm um compromisso social, uma lógica diferente. Vemos que o processo de inovação, estruturação e qualidade de entrega estão cada vez melhores”, comenta Cintia. Apesar das diferenças

operacionais, companhias como a CPFL, RGE e outras organizações internacionais também apresentaram avanços. Essas empresas passaram a ser mais cobradas e precisam demonstrar conformidade com normas, regras e leis, o que impulsiona melhorias em compliance.

Contudo, a real dificuldade da região, segundo Cintia, está nos fatores externos e na resposta a situações extremas. “Nossa infraestrutura não estava preparada para o que enfrentamos. A grande questão agora é como recompor ou reformar a estrutura de energia,

considerando que podemos enfrentar outros eventos extremos.”

Ela ressalta a necessidade de desenvolver uma infraestrutura energética resiliente e tecnologicamente avançada. “Uma infraestrutura mais robusta não só garantirá melhor resposta a adversidades futuras, mas também beneficiará outras áreas”.

Padronização do método

Ao integrar a Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs), a Certel Energia firma parcerias que permitem a troca de conhecimento e a padronização de métodos de montagem e recuperação de infraestrutura entre as

cooperativas de eletrificação do RS. Sistema que fortalece a resposta rápida e coordenada em situações de crise. Há quase 70 anos no mercado, a Certel é a maior e a mais antiga cooperativa

ABASTECIMENTO

Nossa infraestrutura não estava preparada para o que enfrentamos. A grande questão agora é como recompor ou reformar a estrutura de energia.”

de eletrificação do país. “O nosso trabalho em relação às cheias começa bem antes. Por sermos uma cooperativa de infraestrutura a gente sabe que postes e fios estão expostos a esses tipos de catástrofes que podem acontecer”, conta o vicepresidente, Daniel Luis Sechi. Nos episódios das grandes cheias, a Certel Energia foi severamente impactada. “Estamos acostumados com temporais que quebram de 70 a 80 postes. Neste último foram quebrados 1,2 mil postes”, revela Sechi. No entanto, com o apoio da Fecoergs e a aplicação do Plano de Contingência, equipes de cooperativas vizinhas,

Mais da metade dos associados da Certaja foram afetados durante as cheias

incluindo unidades de Santa Catarina, aumentaram a força de trabalho da Certel, que passou de 150 para 400 profissionais no pico da cheia.

Redundância e comunicação

Para manter a equipe organizada e ativa, a comunicação foi essencial e, ao mesmo tempo, um dos maiores desafios, segundo o coordenador de planejamento técnico, Cezar Siebel. “Usamos radioamadores, uma ferramenta muito segura”.

Com esse sistema, somado ao auxílio dos delegados que atuam como representantes em diversos municípios e o apoio das prefeituras, a empresa conseguiu chegar mais rápido aos associados e restabelecer a iluminação do Vale.

Um ponto crucial nas ações da Certel para a reconexão da região, foi o investimento em tecnologias de redundância de rede e em Inteligência Artificial (IA). “A cada ano, a cooperativa tem ampliado o uso de religadores automáticos por meio da IA, dispositivos que permitem à equipe monitorar e restabelecer o fornecimento de energia de forma remota.”

Além disso, como parte do plano de melhoria e expansão,

A enchente foi no final de abril e começo de maio, mas terminamos a recuperação dessas medições apenas em setembro.”

MATEUS MAY Gerente de distribuição da Certaja

a cooperativa fará uma nova sede em Lajeado, posicionada estrategicamente para facilitar o atendimento aos associados na região. “Fizemos uma permuta da área de terras ao lado da subestação de energia da Certel, envolvendo a Imojel e prefeitura, tem projeto de lei aprovado. Trocamos por uma área que é logisticamente mais estratégica para nós. No dia 19 de fevereiro de 2025 vamos fazer o lançamento dessa obra que está em trâmite de projetos”, revela Sechi.

Cinco meses para restabelecer a conexão

Os investimentos em melhorias

Para manter a equipe organizada e ativa, a comunicação foi essencial

energéticas também fazem parte da rotina da Certaja Energia, cooperativa responsável por distribuir energia elétrica para mais de 30 mil cooperados e clientes, localizados em 20 municípios do Rio Grande do Sul. Com a enchente de maio, a empresa teve 50% dos consumidores afetados e cerca de 10% dos medidores danificados.

“A enchente foi no final de abril e começo de maio, mas terminamos a recuperação dessas medições apenas em setembro. Foram cinco meses para restabelecer todo o sistema de medição”, conta o gerente de distribuição da cooperativa, Mateus May.

Assim como a Certel, a cooperativa teve desafios na comunicação entre a equipe e com seus associados. Por isso, agora ela está investindo em serviços de internet por satélite para manter contato. “Estamos testando em algumas viaturas a antena da Starlink Móvel e tivemos uma resposta bem interessante. Com ela, percebemos que durante o temporal a internet sai um pouco do ar, mas logo volta”, afirma o vice-presidente da Certaja Energia, Ederson Madruga.

O caminho para cidades mais inteligentes, conectadas e sustentáveis

Relação entre infraestrutura elétrica e arborização urbana voltou a ser alvo de questionamentos no Vale do Taquari. Projeto da Arborização, idealizado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado, surge como uma das respostas às emergências climáticas e as necessidades da população

Outra questão abordada após os eventos climáticos de setembro de 2023 e maio de 2024 foi o impacto das árvores na segurança energética. Devido a ventanias e tempestades, postes e árvores foram derrubados, o que acarretou no rompimento de fios e consequente interrupção de serviços básicos à população,

Os eventos climáticos extremos evidenciam a urgência de um planejamento mais eficiente. Queremos evitar que novos vendavais provoquem apagões.”

como fornecimento de energia, água e comunicação.

Nesse contexto, a relação entre infraestrutura elétrica e arborização urbana voltou a ser alvo de questionamentos: é possível garantir segurança energética sem comprometer o ambiente? Como encontrar o equilíbrio entre vegetação e desenvolvimento urbano sustentável?

O projeto da Arborização surge como uma das respostas às emergências climáticas e as necessidades da população. Elaborado pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), após os temporais de janeiro de 2024 na região Metropolitana, a proposta estabelece novas diretrizes para o manejo da vegetação (nativa e exótica) próxima às redes de energia. O intuito é promover mais segurança elétrica e

Voltado a cidades acima de 20 mil habitantes, PL define responsabilidades entre poder público, concessionárias e cidadãos

conforto ambiental.

Voltado para cidades acima de 20 mil habitantes, o plano apenas define responsabilidades entre poder público, concessionárias e cidadãos, também incentiva a criação de planos municipais integrados entre sustentabilidade e planejamento urbano.

Segundo a secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura do RS, Marjorie Kauffmann, a iniciativa reforça ainda as Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBRs).

“Os eventos climáticos extremos evidenciam a urgência de um planejamento mais eficiente para evitar que novos vendavais provoquem apagões. Queremos garantir uma ‘sinergia amigável’ entre arborização e rede elétrica.”

Expansão inteligente

O projeto estabelece diretrizes para que municípios com mais de 20 mil habitantes desenvolvam, em até cinco anos, os Planos Municipais.

Segundo Marjorie, a intenção é garantir um olhar funcional e técnico sobre o verde urbano, indo além da romantização da arborização.

“Precisamos dissociar o conceito de floresta densa do espaço urbanizado”, destacou, explicando que árvores plantadas em áreas urbanas devem ser cuidadosamente selecionadas e planejadas para evitar interferências na rede elétrica.

A arborização urbana desempenha um papel fundamental na adaptação às mudanças climáticas e traz benefícios que vão além da beleza paisagística.

As árvores não apenas melhoram a qualidade do ar ao absorver poluentes e liberar oxigênio, mas também atuam como isolantes naturais. Elas podem, inclusive, controlar a erosão e a infiltração de água, o que contribui para a gestão das águas pluviais e reduz o risco de alagamentos.

Economicamente, a arborização é uma estratégia inteligente para cidades sustentáveis. Segundo Marjorie, ambientes urbanos com vegetação bem planejada têm maior potencial de valorização imobiliária, atraindo investimentos e visitantes.

Ao proporcionarem mais sombra, elas também reduzem custos com energia elétrica.

Ou seja, investir em arborização não é apenas uma questão ambiental, mas também uma maneira eficaz de impulsionar a economia local e promover o bem-estar da população.

Compensação ambiental

Uma das inovações mais significativas do projto da arborização é a possibilidade de criar mecanismos para compensar perdas ambientais e indenizar o poder público. Ao invés de obrigar o plantio de novas mudas como contrapartida ao corte de árvores, a nova lei permitirá que os recursos gerados por essa conversão sejam direcionados a fundos municipais específicos.

De acordo com a secretária, esses recursos poderão ser utilizados para financiar projetos de recuperação ambiental, adquirir mudas de reposição e realizar a manutenção das áreas verdes já existentes nos municípios.

“Essa conversão já acontece em alguns lugares, mas queremos consolidá-la e incentivar a criação de fundos específicos para manejo e arborização. Assim, as prefeituras terão condições de manter e expandir seus projetos de forma sustentável”, destaca Marjorie.

Com os recursos financeiros disponíveis, programas de reflorestamento e educação ambiental poderão ser implementados pelas prefeituras, como parte das iniciativas de conscientização à população. A criação do fundo permitirá que a comunidade se engaje de maneira ativa na preservação do meio ambiente, aproximando-a do poder público.

Plano busca práticas sustentáveis sem que oferençam riscos ao sistema de distribuição de energia

ABASTECIMENTO

Redes subterrâneas: alternativa viável?

Sistema dá seus primeiros passos no país, com iniciativas que demonstram na prática o potencial e os benefícios desta mudança de infraestrutura, que vão muito além de questões estéticas

Inspiradas em grandes centros urbanos internacionais como Londres, Buenos Aires e Nova Iorque, as principais cidades brasileiras começam a vislumbrar uma alternativa moderna e eficaz para melhorar a infraestrutura elétrica e de telecomunicações: a implantação de redes subterrâneas.

Ao usar este sistema, cidades reduzem os impactos sobre o abastecimento de energia frente a desastres naturais, como ventos fortes, enchentes e quedas de árvores. Isso porque os fios de luz, internet e telefonia ficam menos expostos, ao serem instalados no subsolo, o que proporciona mais segurança, estabilidade e eficiência no fornecimento de energia e serviços de comunicação.

No Vale do Taquari, essa tecnologia também dá seus primeiros passos, com iniciativas que demonstram na prática o potencial e os benefícios desta mudança de infraestrutura, que vão muito além de questões estéticas. Um projeto recente, no Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), em Lajeado, comprovou o potencial dessa mudança.

Ao adotar a rede subterrânea no quarteirão da Bento Gonçalves, onde está localizado o prédio histórico da escola, a instituição aliou duas necessidades: lidar com parte dos impactos das enchentes, que afetam a escola e iniciar o projeto de revitalização do antigo prédio.

“No projeto a gente tem uma

ligação dos blocos da escola (antigo e novo) por meio de uma passarela. Porém, ia ficar muito arriscado ter essa rede aérea próximo, devido ao risco de descarga ou algum tipo de contato direto. Além, claro, da questão visual”, conta o engenheiro civil responsável pelo projeto do Ceat, Robledo Müller.

Tecnologia resistente

Segundo o engenheiro, os cabos usados em redes subterrâneas são projetados para serem mais resistentes e seguros do que os cabos aéreos convencionais. Eles são mais robustos, revestidos por várias camadas de proteção, tendo em vista que também estão suscetíveis a prejuízos .

A norma determina que a rede de energia de média e baixa tensão enterrada tem que estar envelopada de concreto para uma proteção mecânica”

“A norma determina que uma rede de energia de média e baixa tensão enterrada tem que estar envelopada de concreto para uma proteção

mecânica. Ou seja, se alguém faz uma escavação, bate antes na proteção e não direto nos cabos”, destaca Robledo. Os cabos também ficam protegidos contra acidentes causados por terceiros, como quedas de árvores e acidentes de trânsito que comumente afetam postes e interrompem o fornecimento de energia e comunicação em massa.

Investimentos

Embora as redes subterrâneas representem uma solução segura, há desafios a serem considerados. A exemplo, o custo inicial de instalação é mais alto do que as redes aéreas tradicionais, o que representa um investimento dez vezes maior. Segundo o coordenador de planejamento técnico da Certel Energia, Cezar Siebel, o custo se deve à necessidade de projetos e ao uso de materiais mais resistentes. “Quando se fala em rede subterrânea, isso envolve poder público e proprietários, porque é uma obra bem complexa”. Em frente a subestação da Certel, foi realizada uma obra

Ruas sem fios aparentes é realidade em alguns condomínios

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Custo de instalação subterrânea pode ser dez vezes mais alto do que de redes aéreas

subterrânea de baixa tensão, para teste. O investimento incluiu a reforma da calçada, a revitalização do asfalto e as

ligações das casas, todas com custeio da empresa. Comparado a uma obra de rede aérea, o custo foi 20 vezes maior. “Enquanto no

aéreo a gente tem uma poda para fazer, no chão, muitas vezes, há uma pedra para quebrar”, ressalta Siebel. “É uma realidade viável,

mas que acredito que precisa baratear e poderia estar mais próxima de nós”.

Outro ponto de atenção é o tempo de realização das obras. Robledo revela que, apesar da execução ser rápida, a aprovação do projeto pelas concessionárias elétricas e de comunicação pode demorar, o que exige planejamento prévio e negociação com todos os envolvidos. “No Ceat, entre projeto, aprovação e execução, foram seis meses”.

Como alternativa para o Vale do Taquari, Robledo sugere um modelo híbrido, combinando redes aéreas subterrâneas.

“Quando a gente pensa em retirar a rede aérea, não quer dizer que você precise enterrar toda ela. Podemos priorizar áreas mais vulneráveis para a instalação de cabos subterrâneos, enquanto regiões de menor risco podem manter redes aéreas bem estruturadas”, propõe.

COMUNICAÇÃO

Fragilidade de uma estrutura deixa a região vulnerável

Enquanto o barulho da chuva caía lá fora, um silêncio profundo dominava o Vale do Taquari. Mas não se tratava de um silêncio causado pela ausência de som, mas sim pela falta de comunicação.

Dependência tecnológica de pessoas e empresas se tornou evidente durante a inundação. Queda de sinal durante desastres revela gargalos dos sistemas ativos no Vale Nós constituímos uma sociedade que precisa dessas ferramentas para ser mais produtiva e ágil, garantindo educação, saúde e tantos outros recursos básicos.

Famílias isoladas encaravam a angústia de não poder sair de seus lares, ao mesmo tempo em que sentiam incertezas sem ter acesso a informação de como estão amigos e familiares. Por muitos dias, o ritmo frenético do mundo moderno parecia distante.

A dependência tecnológica de pessoas e empresas se tornou evidente durante a tragédia, revelando as fragilidades de uma estrutura que sustenta o dia a dia de toda a comunidade.

Diante deste cenário, Cíntia Agostini, presidente do Codevat, destaca que os desafios enfrentados pela população nas catástrofes não são exclusivos deste período, mas um problema recorrente em várias localidades do Vale do Taquari.

“Costumo dizer que, enquanto mundo afora se fala que há tecnologia 6G, aqui ainda há locais que não há nenhum G. Simplesmente porque não há sinal, não tem acesso”, relata. “O problema não é uma questão tecnológica, porque tecnologia existe e das mais diversas. Desde um satélite baixo, até as antenas de alta estrutura. A questão é como as operadoras são obrigadas a entregar esse serviço”.

Agostini

do Codevat

Viabilidade

A falta de acesso aos serviços de internet e telefonia, dificulta a implementação de práticas essenciais para o desenvolvimento dos pequenos e médios negócios,

Moradora do bairro Planalto, Adriana Silva (d), assim como os vizinhos, só consegue usar o wi-fi em casa. Para ligações por operadoras, precisa andar algumas quadras na rua

especialmente em regiões que enfrentam desafios geográficos, como os morros. A exemplo, Cíntia aponta que não adianta exigir que produtores rurais adotem soluções modernas, como nota fiscal eletrônica e gestão tecnológica, se os mesmos não têm acesso à infraestrutura necessária. Essa realidade revela uma disparidade significativa entre as áreas urbanas, onde a comunicação é facilitada, e as regiões mais afastadas, que ainda lutam contra a falta de sinal e serviços básicos. Regiões em que o sinal de telefonia móvel e 5G é o primeiro a cair e um dos últimos a retornar, por exemplo.

Embora os serviços de telefonia atendam aos índices exigidos por lei, não representam a realidade do Vale

Embora os serviços de telefonia e comunicação atendam aos índices exigidos por lei e mostram que 85% da população do estado está coberta pela tecnologia, Cíntia explica que este dado não reflete a realidade do Vale. Ao fazer a avaliação do sinal, ela revela que muitas operadoras se baseiam em dados de regiões com grande densidade populacional,

como as capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. “Por si só, em termos de população, elas cumprem a exigência de abrangência a ser atendida. Então, quando eles dizem que atenderam 85% da sociedade, está correto”.

O desafio do Vale do Taquari é viabilizar esta tecnologia em toda a região e não há dúvidas para o Codevat de que é preciso movimentar entidades e empresas de comunicação para ampliar os sinais de cobertura. “É uma situação que vivenciamos em vários municípios menores. Mas de novo, com a enchente, a gente se pegou sem nada de jeito nenhum, em nenhuma condição. Foi uma situação atípica, mas que nos deixa em alerta”.

Período de retrocesso

A comunicação, seja através da internet ou do telefone, é crucial para o funcionamento de qualquer negócio, assim como para o setor da saúde e à vida das pessoas. Sem essa conexão, Cíntia reflete sobre os riscos de retroceder o Vale a uma sociedade de 100 anos atrás, que não tinha o potencial

mercadológico atual e possuía uma expectativa de vida de 40 anos.

“Nós constituímos uma sociedade que precisa dessas ferramentas para ser mais produtiva e ágil, garantindo educação, saúde e tantos outros recursos básicos. Precisamos delas para atender às necessidades da população”.

Modelo atual mostra disparidade significativa entre as áreas urbanas, onde a comunicação é facilitada, e as regiões mais afastadas

Equilíbrio tecnológico

Cíntia acredita que não exista uma única regra quando o quesito é se comunicar. Para ela, o verdadeiro equilíbrio tecnológico reside na capacidade de compreender e atender às necessidades da sociedade

conforme seu contexto. Durante as enchentes, ficou evidente que tecnologias mais antigas, como rádios a pilha e radioamadores, eram essenciais, pois as demais comunicações se tornaram inviáveis. Mas isso não pode ser encarado como solução para qualquer adversidade.

“Não podemos impor a dinâmica do que achamos que vai acontecer a toda a sociedade de forma uniforme. Tenho que entender a sociedade, no momento em que ela está”, destaca. “E naquele momento, era o rádio a pilha que atendia a demanda das pessoas. Mas também preciso reconhecer quando ela vai precisar de um 6G para fazer uma cirurgia delicadíssima”.

A presidente do Codevat reforça que a comunicação é uma ferramenta de pessoas para pessoas. Não se pode impor uma solução linear para toda a sociedade, pois cada local e circunstância exige um tipo específico de tecnologia.

Enquanto de um lado do mundo a conexão chega na palma da mão, ainda existem cantos do Vale em que o pouco sinal preocupa o desenvolvimento regional.

Rompimento da fibra óptica silencia o Vale

A falta de conexões de internet isolou famílias e comunidades, alimentou incertezas e dificultou repasse de informações básicas nos momentos de crise. Apesar dos avanços tecnológicos, a maioria dos sistemas fica refém da conectividade por cabos

Oavanço tecnológico no Vale do Taquari impulsiona a economia e mantém a região conectada e em constante desenvolvimento. Hoje, a região conta com uma estrutura robusta de provedores de internet e uma extensa rede de cabos que atravessa as cidades para garantir a conectividade com o mundo. No entanto, o rompimento das fibras ópticas, revelou um Vale refém desta tecnologia e trouxe desafios significativos. Embora planos de ação e gestão de crise tenham sido acionados, a situação inesperada mostrou áreas para aprimoramento e reforçou

a importância de investir continuamente em resiliência e inovação.

“Esse cenário não vimos acontecer em outro lugar de maneira tão rápida e abrupta. Foi devastador”, relata o gerente comercial da Brasrede, Marco Antônio Barth. A BrasRede, que atende a 12 municípios no Vale do Taquari, já trabalhava com redundância de rotas de fibra óptica e de energia para garantir que o serviço de comunicação se mantivesse ativo ou, em casos de queda de sinal, o sistema fosse restabelecido de maneira rápida. Para isso também utiliza baterias e geradores. “Tenho

que ter sempre equipamentos prontos e às vezes até ligados de maneira paralela para que, em qualquer problema, um outro equipamento assuma”, explica Marco.

Por mais que estivessem preparados para as adversidades do dia a dia, as enchentes de setembro e maio fizeram com que a empresa adotasse novas diretrizes de segurança. “Tudo o que era realidade, em questão de prevenção, passou a não ser. Não existia mais”, conta.

Dificuldade de reconexão

Das sete rotas de fibras

ópticas da BrasRede que ligavam o Vale e passavam pelos rios Taquari e Forqueta, todas foram rompidas. E a reconexão era dificultada pela queda e estragos das pontes. “Após setembro, já havíamos feito algumas redistribuições logísticas na região para atender a demanda. Mas ninguém imaginava que a ponte iria cair. Isso complicou muito a retomada do sinal”. À medida que as águas dos rios foram se acalmando, com

Sistemas via satélite são alternativas para situações de emergência

Atravessamos de barco e com radioamador, porque não tinha comunicação de outra maneira. Passamos o primeiro cabo que conectou Lajeado a Arroio do Meio e ligamos boa parte da infraestrutura.

Marco Antônio Barth, gerente comercial da BrasRede

o apoio da Defesa Civil de Arroio do Meio e da equipe do Corpo de Bombeiros de Lajeado, a empresa atravessou novos cabos e reconectou o Vale. “Atravessamos de barco e com radioamador, porque não tinha comunicação de outra maneira. Passamos o primeiro cabo que conectou Lajeado a Arroio do Meio e ligamos boa parte da infraestrutura. Mas isso só foi possível porque antes da ação houve um planejamento e estruturação”.

No total, foram 80 km de rede reconstruída, sem contar os cabos ligados às casas dos

clientes.

Redistribuição logística

Para enfrentar os desafios pós-enchentes, a BrasRede implementou mudanças significativas em sua estrutura. “Aumentamos a altura das travessias e a robustez dos equipamentos. O que era considerado seguro antes não é mais suficiente. Estamos prevendo cotas de 40 metros de altura para nossa infraestrutura”, detalha Marco.

No que diz respeito à gestão, a empresa adotou uma abordagem mais organizada. Dividiram a equipe em células autônomas, permitindo uma resposta mais ágil e eficaz às emergências. “Nosso estoque, que sempre esteve concentrado em Arroio do Meio, agora foi replicado em Lajeado, no São Cristóvão. Dessa forma, conseguimos atender os diferentes lados do Forqueta, criando pontos de apoio estratégicos”, afirma. Hoje, a BrasRede estuda colocar mais um ponto de apoio em Teutônia.

Alternativas de conexão

Segundo Marco, a fibra óptica é uma tecnologia com alto potencial no mercado da comunicação, pois é rápida,

Entre as vantagens da fibra óptica, o alto potencial de transmissão. Conexões por satélite são alternativas emergenciais

segura e flexível. Embora existam alternativas, como os sistemas por satélite, ele ressalta que mesmo esse modelo ainda depende da fibra óptica para transmitir o sinal de internet até o satélite, que então o distribui de volta à Terra.

“A vantagem é uma cobertura maior e talvez um proteção a esse tipo de problema. Se tu olhar do ponto de vista da tragédia, água e cheias não afetam os satélites”, afirma Marco. “No entanto, se fossemos usá-lo no dia a dia, veríamos que ele tem problema e é mais instável. Todas tecnologias têm suas limitações”.

As tecnologias 4G e 5G fazem sua transmissão de dados por meio de torres de comunicação, que também são alimentadas por fibra. “No final, o backbone• do mundo inteiro vai rodar em cima de fibra. A diferença é a maneira como se entrega a última milha, que é a forma como chega até o cliente. Esta pode ser por fibra, túnel de celular ou satélite”.

• backone é uma infraestrutura que conecta as centrais das operadoras de internet a servidores externos, permitindo o envio e recebimento de dados entre diferentes computadores

COMUNICAÇÃO

Redundância e caminhos da internet

Dos cabos submarinos aos centros de dados, infraestrutura da fibra óptica é a mais utilizada no mundo e mantém a internet conectada

Pensar no funcionamento da internet pode parecer complexo e abstrato, uma vez que ela não possui um ponto de início ou fim. Essa estrutura global é uma extensa teia de conexões e interações, onde cada dispositivo conectado contribui para o desempenho da rede. “Quando você conecta seu celular à internet, ele passa a ser parte dela, atuando tanto como cliente (ao acessar informações) quanto como servidor (ao fornecer informações para outros)”, explica Junior Bohn,

diretor da FB Net.

Para transportar os dados de um lugar ao outro, são utilizados cabos de fibra óptica, que são como estradas digitais, que podem ser submarinas ou terrestres. No primeiro cenário, os cabos atravessam o oceano e ligam os continentes, enquanto que a rede terrestre é responsável por conectar países ou regiões.

A transmissão dos dados por essas estradas digitais começa ao acessar um site. Eles partem de grandes centros de dados

que encaminham a informação aos provedores de internet. “Existem locais que concentram grandes volumes de informação como os datacenters do Google, Amazon ou Meta, onde grande quantidade de dados são processados e armazenados”, afirma Bohn.

Por meio dos provedores de internet, como a FB Net, a internet é enviada até as residências e empresas, permitindo que as pessoas assistam vídeos, acessem sistemas e naveguem por inúmeros sites. Essa transmissão de dados ocorre com auxílio de cabos e equipamentos e a rota pode

Quando você conecta seu celular à internet, ele passa a ser parte dela, atuando tanto como cliente (ao acessar informações) quanto como servidor (ao fornecer informações para outros)

variar. Segundo Bohn, o caminho que os dados percorrem até chegar a casa do cliente depende do que está sendo acessado.

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“Por exemplo, ao acessar a Netflix, contamos com servidores próprios dedicados a esse serviço e mantemos até cinco conexões diferentes com a plataforma”, salienta. “A fibra óptica é hoje o meio mais eficiente para uma conexão rápida, estável e de baixa latência”.

Importância da redundância

Para garantir a continuidade operacional e a confiabilidade de uma rede, os provedores de fibra óptica utilizam sistemas de redundância. Isso significa ter várias rotas de acesso a uma plataforma ou serviço. Esse esquema assegura que, em caso de falha em uma rota, a rede permaneça ativa por outra.

No caso da FB Net, o anel óptico de 100 Gbps conecta dois datacenters por rotas independentes: uma passando por Santa Clara do Sul até Lajeado e a outra de Lajeado a Venâncio Aires, via Bom Retiro do Sul. Essas rotas são projetadas para não se cruzarem, assegurando a continuidade do serviço. Segundo Bohn, “essa configuração foi fundamental durante as recentes enchentes, permitindo que permanecessemos operacionais.”

Status das conexões

Para monitorar a qualidade da conexão, Bohn explica que as empresas podem utilizar diversas ferramentas. “Monitoramos a disponibilidade dos principais sites e aplicativos, identificamos ataques externos de DDoS (tentativas de sobrecarregar a rede) e acompanhamos nossas rotas e contratos de troca de dados.” Além disso, na rede interna, todos os pontos da rede são verificados em tempo real, avaliando estabilidade, tempo de resposta, disponibilidade e volume de tráfego.

Qualquer anomalia dispara alertas para o Centro de Operações de Rede (NOC), que prontamente inicia o processo de resolução. Esse monitoramento contínuo, realizado 24 horas por dia, 7 dias por semana, garantem que problemas sejam solucionados o mais rápido possível.

Internet via rádio

O sistema de internet via rádio ainda é amplamente utilizado, embora a fibra óptica predomine no Vale do Taquari. Mas esta não é a realidade em todo o Brasil. Bohn explica que a conexão via rádio é comum em áreas rurais, pois sua estrutura é de instalação rápida e, quando bem implementada, oferece uma conexão estável. “Entretanto, esse tipo de conexão geralmente não alcança as altas velocidades disponíveis nas tecnologias atuais”.

Provedores possuem diferentes rotas para garantir conexão em caso de danos na rede aérea

Rotas de fibra para o Vale

Porto Alegre - Bento Gonçalves - Encantado

Porto Alegre - Paverama - Guaporé

Taquari - Lajeado

Santa Maria - Venâncio Aires

Santa Cruz do Sul - Boqueirão do Leão

Venâncio Aires - Lajeado

Bom Retiro do Sul - Lajeado

Porto Alegre - Lajeado

Principais rotas que interligam e garantem redundância aos sistemas de provedores da região

FB Net: Conectividade de alto padrão. Expansão e inovação constante

Desde 2006, empresa fundada por Junior Bohn transforma o acesso à internet no meio rural e investe em infraestrutura robusta

Fundada em 2006, em Venâncio Aires, para suprir a carência de conexão nas áreas rurais do Vale do Taquari e Rio Pardo, a FB Net construiu uma trajetória inovadora sob a liderança de Junior Bohn. Desde a instalação da primeira torre, a empresa cresceu, investindo em tecnologias de ponta para levar internet de alta qualidade a regiões urbanas e rurais. Hoje, a FB Net cobre 15 municípios e projeta um crescimento ainda mais abrangente, se destacando como referência em infraestrutura de internet no interior do Rio Grande do Sul.

Entre as principais iniciativas recentes está a ampliação da rede de fibra óptica direta para os assinantes (FTTH), oferecendo conexões robustas e confiáveis, e a expansão de seu anel óptico entre Lajeado e Venâncio

Aires, com capacidade de 100 gigabits. “Temos investido para assegurar que nossos clientes, independentemente da localização, tenham acesso aos mesmos serviços que oferecemos nas áreas urbanas, sem distinções de velocidade ou preço. Assim, promovemos inclusão digital com justiça”, afirma Junior Bohn, diretor da FB Net.

A empresa também reestruturou sua operação técnica, inaugurando uma unidade dedicada para o Centro de Operações de Rede (NOC),

Em 2023, FB Net inaugurou sua nova sede, com 1 mil metros quadrados, em Venâncio Aires

operante 24 horas por dia, junto ao suporte técnico. Essa divisão permite um atendimento rápido e eficiente, além de maior controle e segurança sobre os serviços oferecidos. “Com o NOC e suporte funcionando em sinergia, conseguimos antecipar incidentes e atuar com agilidade, proporcionando uma experiência superior aos nossos assinantes”, completa Bohn.

Crescimento e inovação

Nos últimos anos, a FB Net aumentou sua frota de veículos em 30% e ampliou o quadro de colaboradores em 20%, reforçando o compromisso com um atendimento próximo e qualificado. “Esse investimento em capital humano e recursos tecnológicos assegura a continuidade e a segurança dos serviços, refletindo diretamente na confiança dos clientes, desde residências até empresas”, pontua o diretor.

Somos apaixonados pelo que fazemos e acreditamos na importância de trazer o que há de mais moderno para a nossa região.”

Bohn, diretor da FB Net

Atenta às inovações do setor, a empresa participa de eventos e missões internacionais em busca de tendências, como a viagem recente a Dubai e à China, que trouxe novas perspectivas para a conectividade. “Somos apaixonados pelo que fazemos e acreditamos na importância de trazer o que há de mais moderno para a nossa região”, comenta Bohn.

Com uma infraestrutura sólida, a FB Net atende a áreas remotas com a mesma tecnologia aplicada nas cidades, oferecendo pacotes que incluem internet de alta velocidade, Wi-Fi corporativo, telefonia, automonitoramento por câmeras e, em breve, TV por assinatura. A cobertura da empresa é uma das mais abrangentes do interior do Vale, com melhorias constantes para enfrentar desafios naturais e proporcionar estabilidade a todos os clientes.

Essa dedicação à qualidade e inovação coloca a FB Net em posição de destaque, garantindo aos assinantes uma conexão estável e acessível, mesmo em áreas historicamente desatendidas.

Junior
Liderada por Junior Bohn, ao lado da esposa Graziela, responsável pela parte contábil do negócio, a empresa ampliou a carteira de clientes e serviços

COMUNICAÇÃO

Meios alternativos para manter a comunicação na crise

Estruturação dos novos planos de ação e defesa contra enchentes é inspirada nas medidas adotadas por Blumenau (SC). Um dos desafios centrais do Vale do Taquari é educar a população para reagir às situações de desastre e melhorar o sistema de rádio amador na região

Ovolume de água registrado em setembro de 2023, e maio de 2024, trouxe desafios à Defesa Civil local, pois revelaram a necessidade de uma revisão dos protocolos de emergência e a adoção de novos meios de comunicação entre os principais agentes de salvamento e proteção, que incluem a Brigada Militar e Corpo de Bombeiros.

Acostumados a lidar com alagamentos de menor intensidade - que embora prejudiciais, não causavam danos irreversíveis - desta vez, as equipes locais enfrentaram uma realidade sem precedentes: com os sistemas de comunicação fora do ar, a previsão meteorológica instável e um volume de água muito superior ao esperado, a resposta emergencial foi comprometida.

“Toda a expertise que a gente tinha antes foi prejudicada”, comenta o tenente-coronel Luís Maya, responsável pela Defesa Civil em Lajeado. “Tínhamos a predição meteorológica do estado, mas nem sempre ela se confirmava. E tudo foi muito rápido. O cenário de hoje é bem diferente do que tínhamos no passado”.

A gravidade dos eventos impulsionou a busca por

soluções mais robustas, junto às administrações municipais, estaduais e federais. Principalmente soluções que dizem respeito à comunicação, tanto entre os agentes de defesa quanto entre esses agentes e a população.

O potencial do rádio amador

A primeira ação, segundo Maya, foi o reforço imediato da comunicação por rádio. Por meio de investimentos do estado e municípios, recursos foram destinados a um novo sistema de radiofrequência para o Vale do Taquari, que resultou na instalação de uma antena junto ao prédio “São Cristóvão”, da Lyall Construtora e Incorporadora, em Lajeado. Desta forma, a região terá um repetidor que possibilita a comunicação mais eficiente entre os serviços de emergência: Brigada Militar,

Ao reposicionar a repetidora de Lajeado na Lyall, vamos melhorar o ponto de Lajeado”

THALYS STOBBE, Comandante do Corpo de Bombeiros de Lajeado

Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. “Ao receber uma repetidora de sinal de telecomunicação, aconteça o que acontecer no Vale do Taquari, as três instituições não vão ficar sem contato”, reforça Maya. Comandante do Corpo de

Sistema de rádio permite a comunicação direta entre as viaturas, embarcações e equipes de resgate

Bombeiros de Lajeado, Thalys Stobbe explica que o sistema permite a comunicação direta entre as viaturas, embarcações e equipes de resgate. Além disso, ressalta que os repetidores estarão ligados a geradores, o que permitirá que a comunicação permaneça ativa até mesmo quando houver queda de luz.

“Não é uma ação nova para Lajeado, pois o município já possuía uma antena. O que é novo é que o estado instalou repetidores também em Encantado, Estrela, Taquari e Venâncio Aires, então conseguimos fechar o circuito”, afirma Stobbe. “Ao reposicionar a repetidora de Lajeado na Lyall, vamos melhorar o ponto de Lajeado”.

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A necessidade gerou importância

Após as duas catástrofes, uma pergunta eclodiu pelo Vale: Por que medidas mais eficazes de comunicação e de defesa não foram implementadas antes? Maya acredita que a resposta está na necessidade. A exemplo de Porto Alegre, que agora investe em novas bombas de água, na recuperação dos diques e do Muro da Mauá.

“Agora se justifica todo o investimento. Antes, para as pessoas não era claro que isso era importante, mas agora a necessidade mostrou que sim, é importante. Então, obviamente, que todo mundo está investindo em estruturar melhor as Defesas Civis”, ressalta.

Para Stobbe, essa reestruturação da Defesa Civil estadual, que pretende investir em uma estruturação regional em breve, influencia diretamente no trabalho de todos os agentes de segurança e será fundamental para a reconstrução do Vale. “Entendo que não havia isso antes porque é complexo, mas temos evoluído e muito”, afirma.

Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros, o próprio evento de setembro de 2023 fez com que a corporação estivesse

Antes, não era claro que isso era importante, mas agora a necessidade mostrou que sim. Então, obviamente, que todo mundo está investindo em estruturar melhor as Defesas Civis.”

melhor preparada para encarar os desafios de maio de 2024, tanto em comunicação quanto em logística. No primeiro episódio, ele relata que teve dificuldades para montar uma base de trabalho.

“Em maio as instituições funcionaram melhor, o estado já estava investindo na região. Talvez, se não tivesse acontecido a catástrofe anterior, o cenário de 2024 seria muito pior”, ressalta.

O futuro da corporação

Para melhorar a resposta no atendimento de emergência, o governo de Lajeado provoca o Executivo gaúcho para instalar um batalhão dos bombeiros na cidade. “Precisamos de um comando regional que esteja aqui. Assim como temos na Brigada Militar e na Polícia Civil”, destaca o prefeito Marcelo Caumo.

Hoje, há cinco unidades dos bombeiros militares na região. Além de Lajeado, os quartéis ficam em Estrela, Encantado, Taquari e Venâncio Aires. São pouco mais de 100 bombeiros distribuídos nestas unidades. O comando das operações parte do batalhão de Santa Cruz do Sul.

Blumenau: um modelo para fortalecer o Vale

Ao falar em estrutura de comunicação e fortalecimento dos agentes de defesa, a cidade de Blumenau (SC) inspira o modelo de resposta que os municípios do Vale buscam para reestruturar as Defesas Civis. A cidade catarinense é conhecida nacionalmente pela eficiência de seu sistema de prevenção e manejo de inundações, bem como pelo fortalecimento da segurança local e aumento da resiliência frente aos desastres naturais.

Em 1983, Blumenau enfrentou uma grave enchente, o que levou à implementação de

Nos bairros, líderes comunitários e agentes e reúnem para debater ações que possam melhorar os planos de ação

práticas específicas da Defesa Civil. No entanto, um evento ainda mais severo em 2008, que incluiu deslizamentos fatais, lançou um novo olhar para a cidade. “Tudo o que eles vinham pensando desde 83, tiveram que fazer funcionar naquele ano”, conta Maya.

A partir dessa tragédia, Blumenau iniciou a formação de uma equipe técnica, incluindo meteorologistas, hidrólogos e geólogos, cuja expertise tem sido essencial para gerar alertas precisos e garantir respostas rápidas em emergências.

Este modelo despertou a curiosidade de uma comitiva de Lajeado que, em outubro de 2024, se deslocou até a cidade catarinense. A equipe, composta pela vice-prefeita Gláucia Schumacher, vereadores e secretários municipais, viajou a Santa Catarina com o objetivo de conhecer e entender os planos de contingência implementados por Blumenau. Durante a estadia, o grupo se reuniu com o prefeito da cidade catarinense, Mário Hildebrandt,

a vice-prefeita Maria Regina de Sousa Soar, o secretário da Defesa Civil, Coronel Carlos Menestrina, e técnicos da equipe local.

De acordo com o tenentecoronel Maya, a estrutura de Blumenau contempla soluções avançadas que permitem à população enfrentar períodos críticos com mais segurança e eficiência. São sistemas de alerta antecipado, planejamento de evacuação, além de uma estrutura de abrigos para acolher os afetados.

Ainda assim, embora Blumenau sirva como uma referência valiosa, o tenente observa que é crucial que cada município do Vale do Taquari atente para as particularidades de sua própria região. O que funciona em Blumenau pode não ser plenamente aplicável ao Vale, uma vez que aspectos como a geografia, o tempo de resposta e a dinâmica das bacias hidrográficas são distintos.

“Eles mesmo nos alertaram sobre a importância de um olhar exclusivo para o Vale, adaptando as estratégias às nossas especificidades”. Isso inclui, por exemplo, ter meteorologistas, hidrólogos e geólogos capacitados

Núcleos de Proteção fortalecem e educam a comunidade

A experiência em Blumenau evidenciou ainda a importância da preparação da população para responder de forma autônoma e coordenada aos riscos de inundação. Para o secretário de Segurança Pública

de Lajeado, Paulo Locatelli, essa é uma das grandes transformações que o Vale do Taquari precisa implementar, uma vez que a população ainda lida com o paradigma de não deixar seus lares, até o último instante. “Muitas vezes, isso compromete o resgate e coloca em risco as próprias famílias e equipes de socorro”, explica. Inspirada pelo programa

COMUNICAÇÃO

Os núcleos comunitários vão permitir uma organização maior. É um trabalho devagar, mas que traz resultados”

“Defesa Civil na Escola”, a Defesa Civil de Lajeado planeja a implantação de iniciativas de conscientização nas comunidades. O objetivo é criar uma cultura de segurança e preparação para enchentes, em que os cidadãos estejam prontos para agir preventivamente e colaborar com as equipes de emergência. “Temos que mudar a forma de pensar, não só dos agentes que atuam nas catástrofes e

eventos adversos, mas das pessoas também”, afirma o tenente-coronel Maya.

Em Lajeado, a Defesa Civil já deu início aos Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdecs), em bairros vulneráveis da cidade. Neste grupo, líderes comunitários e agentes de ação se reúnem para debater ações que possam melhorar os planos de ação de cada região. O conceito é de que cada bairro seja uma célula organizada e informada, capaz de mobilizar os moradores para agir de forma rápida e ordenada. Dos resultados dos primeiros encontros, já foi possível organizar uma ação de evacuação inicial no bairro Conservas e verificar que em bairros como o Praia, a presença de curiosos e a falta de planejamento dificultaram o trânsito dos caminhões de resgate. “Os núcleos comunitários vão permitir uma organização maior. É um trabalho devagar, mas que traz resultados. O que não podemos é baixar a guarda.”, esclarece Locatelli.

COMUNICAÇÃO

Sinal 5G avança, gargalos seguem

Operadoras investem para qualificar a conectividade móvel, ainda assim, localidades sofrem com a ausência de conexão

Arede de internet móvel, seja por meio do sinal 4G ou 5G, tem um impacto direto na economia das cidades e na comunicação da população. Além de impulsionar setores fundamentais como educação, saúde e transporte, a conectividade é essencial para o avanço da automação industrial, que melhora a eficiência e a competitividade das empresas. Com a população cada vez

mais dependente da tecnologia, cidades e operadoras unem forças para expandir essa cobertura, garantindo que a transformação digital alcance todas as regiões.

No Vale do Taquari, o compromisso de implantar o sinal 5G até 2026 foi antecipado por algumas operadoras de telefonia móvel. A oferta do serviço na região, até o momento, é por meio de duas

Encantado

O 5G será a melhor opção de conectividade para celular e dispositivos móveis, com uma rede nova, moderna e com planos bastante competitivos.”

Lajeado é uma das primeiras cidades do Vale a receber cobertura 5G. Por outro lado, há bairros com áreas sem sinal móvel

Lajeado

Cinco torres instaladas pela operadora Vivo para cobertura da área central da cidade.

Taquari

Cidade marcou a liberação do sinal 5G para a Unifique. Equipamentos estão instalados em torre no centro.

Vencedora do leilão 5G para o Sul do país, a Unifique instalou a primeira ERB no centro (em teste).

Fabiano Busnardo um dos fundadores da Unifique

empresas: a Vivo e a Unifique. Em Lajeado, a operadora do grupo Telefônica implantou cinco torres de transmissão do 5G, todas na área central com alcance médio de 3km de cada Estação Rádio Base (ERB). As estruturas ficam nos bairros Centro, Americano, Floresta, Moinhos e Montanha.

“A expansão da rede 5G para outras regiões é gradual e evolui de acordo com capacidades técnicas, demandas e autorizações para instalações de antenas”, informa a Vivo. Por via de regra, a empresa disponibiliza a tecnologia de quinta geração para todas as cidades acima de 200 mil habitantes. Mas o recurso já se encontra em pontos do Vale do Taquari.

Em Encantado e Taquari, o sinal 5G oferecido pela Unifique está em fase de testes. A empresa, que já atuava no segmento de fibra óptica, é estreante na área móvel e possui o compromisso de levar o sinal

às demais cidades da região até o fim de 2029. Além da internet da quinta geração, ela também opera com 4G em cobertura nacional por meio de parceria com outras operadoras. “O 5G será a melhor opção de conectividade para celular e dispositivos móveis, com uma rede nova, moderna e com planos bastante competitivos, o que certamente aumentará a produtividade de várias empresas locais e trará inovações para diversas áreas”, pontua Fabiano Busnardo, um dos fundadores da empresa.

Desafios de conexão

Apesar da expansão das redes móveis no Vale do Taquari, alguns municípios ainda enfrentam desafios, principalmente em áreas afastadas dos centros urbanos. Em Lajeado, moradores de localidades como o bairro Planalto relatam a dificuldade em efetuar ligações por meio de planos das companhias telefônicas, além de ficarem sem sinal de internet. A comunicação

só funciona quando os aparelhos estão conectados ao wi-fi.

Os desafios do dia a dia

ficaram ainda mais evidentes durante as cheias, uma vez que o sinal de celular e internet

móvel foi um dos primeiros a ser interrompido e um dos últimos a se estabilizar. Em resposta a esse cenário, as operadoras intensificaram esforços para melhorar a infraestrutura nos municípios da região.

A exemplo, a Vivo dedicou suas equipes a monitorar a infraestrutura local e analisar opções de novos locais para instalação de equipamentos e repetidores para minimizar os danos em intempéries de setembro de 2023 e maio de 2024. “Cerca de 300 km de cabos de backbone foram trocados e mais de 150 técnicos atuaram para reduzir os danos e manter a estabilidade do serviço no estado”, revela a empresa.

Por sua vez, a TIM, que ainda não oferece sinal 5G no Vale do Taquari mas já opera a tecnologia em 19 cidades gaúchas, iniciou melhorias para restabelecer rapidamente a conexão em situações de emergência e, no futuro,

implementar o 5G na região.

Após as enchentes, a TIM restabeleceu o sinal em todas as cidades atingidas e anunciou que planeja a criação de um grupo técnico permanente, “ a fim de assegurar o atendimento emergencial, e de forma imediata, para calamidades públicas”.

Frentes adotadas

- Redundância nas ERBs: além da alimentação por fibra óptica, sistema de comunicação por satélite.

As operadoras Claro e Tim iniciaram a instalação dos dispositivos;

- Fonte alternativa de energia nas torres de transmissão, com uso de placas solares e geradores;

- Compartilhamento automático de rede em caso de crise climática.

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