CADERNO ESPECIAL NOVEMBRO E DEZEMBRO 2024
Aprendizado em meio à natureza
Jovens vencedores de concurso do Viver Cidades visitaram um dos maiores centros de lazer rural e ecológico do estado. Interação com animais exóticos e espécies ameaçadas de extinção ampliou o conhecimento e despertou a conscientização ambiental. Páginas 12 e 13
RIOS E ARROIOS
Análise mostra pontos críticos
A qualidade da água do Rio Taquari continua crítica e as enchentes influenciaram para a presença de substâncias inadequadas nos mananciais. Pesquisa indica também pontos hídricos com chumbo, cromo e mercúrio. Dos 14 locais monitorados nesta etapa, cinco foram classificados com contaminação por esgoto acima do limite da pior classe. Entre eles, o Arroio Saraquá (foto), em Santa Clara do Sul.
Páginas 4 e 5
PESQUISA ALERTA
RISCO À FAUNA NAS ESTRADAS
Bióloga alerta para a quantidade de atropelamentos de animais silvestres e o impacto ambiental.
Página 6
INSTITUTO EM TAQUARI
MOSTRA REVELA
97 TRABALHOS
Integração entre estudantes e comunidade incentiva ações pela sustentabilidade.
Página 15
EDITORIAL
Harmonia entre progresso e fauna
Encontrar animais mortos nas pistas e acostamentos tornou-se uma cena comum nas rodovias do Vale do Taquari. O crescimento urbano, embora necessário e positivo para os municípios, frequentemente ocupa espaços que não pertencem apenas aos seres humanos. Hoje, a fauna divide território com estradas e novas construções, ficando exposta a inúmeros perigos.
O desenvolvimento urbano deve ser pensado de forma sustentável, permitindo a convivência harmônica entre o progresso humano e a preservação da fauna.”
Muito se fala sobre a importância de trabalhar a educação ambiental nas escolas, e inúmeros projetos buscam despertar nos jovens um olhar mais atento para o meio ambiente. Mas não seria igualmente essencial reeducar o olhar dos adultos?
Estima-se que, no Brasil, 15 animais sejam atropelados por segundo. Essa alarmante estatística reflete não apenas a falta de cuidado no trânsito, mas também a ausência de espaços adequados para a circulação e sobrevivência das espécies.
Ainda persiste o hábito de transferir a responsabilidade ambiental para as gerações futuras, quando, na verdade, esse cuidado é dever de todos. Fazemos parte do meio ambiente e do ecossistema, e nossas ações têm impacto direto sobre ele.
O desenvolvimento urbano deve ser pensado de forma sustentável, permitindo a convivência harmônica entre o progresso humano e a preservação da fauna. Ao ocupar os habitats naturais, os animais perdem seus espaços e ficam mais vulneráveis.
Além disso, a natureza responde. Seis meses após eventos climáticos extremos, os problemas ambientais e ecológicos permanecem evidentes, e muitas consequências ainda virão à tona.
Nesta edição, o Educame propõe uma reflexão sobre as respostas da natureza e o papel de cada um de nós na construção de um futuro mais equilibrado e sustentável.
Aguiar Bióloga
Presidente do Conselho
O papel da comunidade na preservação ambiental no Vale
Omeio ambiente não deve ser visto como um simples pano de fundo para nossas vidas. Ele é um elemento fundamental que define nossa qualidade de vida e nosso futuro. Contudo, os recentes desastres ambientais, agravados pelas mudanças climáticas e pela ocupação inadequada do solo, acenderam um alerta: a preservação ambiental não é responsabilidade exclusiva do poder público ou de ONGs, é um compromisso coletivo que exige a mobilização de cada cidadão.
No Vale do Taquari os recursos hídricos desempenham um papel central para a economia e o bem-estar da população. Nossos rios e arroios não só fornecem água para consumo, agricultura e indústria, mas também moldam a paisagem e a cultura local. No entanto, a degradação das matas ciliares e o descarte inadequado de resíduos têm colocado em risco esses recursos tão valiosos.
A pergunta que devemos nos fazer é: como podemos, enquanto comunidade, agir para reverter esse cenário?
Através das iniciativas locais, muitas vezes simples, geramos grande impacto. Um exemplo é a mobilização para o reflorestamento de margens de rios, algo que pode ser promovido por escolas, empresas e grupos comunitários. O plantio de árvores nativas não apenas recupera áreas degradadas, mas também fortalece o senso de pertencimento e cuidado. O acúmulo de resíduos nas margens e nos leitos dos rios
é outro problema persistente. É comum encontrarmos lixo nesses locais mesmo diante de campanhas de conscientização constantes. Precisamos transformar a relação com o nosso lixo através da mudança de mentalidade e compreender o impacto ambiental das nossas escolhas.
A educação ambiental é frequentemente associada às crianças, mas a conscientização dos adultos se torna crucial neste momento, pois são eles que tomam as decisões que moldam o futuro das nossas cidades e do nosso planeta. É fundamental compreender que o compromisso com a natureza deve ser constante, abrangendo todas as faixas etárias.
Claro que nada disso substitui a necessidade de políticas públicas. O poder público tem o dever de liderar, criando e fiscalizando leis ambientais, garantindo infraestrutura e apoiando financeiramente iniciativas de preservação. Mas a pressão para que essas ações aconteçam deve partir da organização popular.
A experiência de outras regiões mostra que as comunidades que mais avançaram na preservação ambiental foram aquelas em que a sociedade civil se organizou. Aqui, temos o potencial de fazer o mesmo, integrando nossos esforços e criando uma rede de cooperação entre cidadãos, governos e empresas. Cobrar as ações dos nossos líderes é garantir um futuro mais sustentável.
A participação da comunidade é essencial e a
A educação ambiental é frequentemente associada às crianças, mas a conscientização dos adultos se torna crucial neste momento, pois são eles que tomam as decisões que moldam o futuro das nossas cidades e do nosso planeta.”
união de esforços é a chave para garantir a preservação. Não é uma tarefa fácil, mas é indispensável. Todos nós podemos contribuir de alguma forma. O Vale do Taquari, com sua rica biodiversidade e seus recursos naturais, merece esse cuidado. E a melhor maneira de honrar essa terra é preservá-la para as próximas gerações que viverão neste vale que chamamos de lar. Que possamos agir agora, com a certeza de que as pequenas ações de hoje farão toda a diferença no amanhã.
Análise da água mostra pontos críticos nos rios e arroios do Vale
Estudos feito pelo projeto Viver Cidades e Univates identificou impacto das enchentes nos mananciais
Aqualidade da água do Rio Taquari continua crítica e as enchentes auxiliam para a presença de substâncias inadequadas nos mananciais. É o que afirma o relatório do projeto Viver Cidades, do Grupo A Hora, apresentado no fim deste mês, a partir de coleta e análises feitas por equipes da Univates. Nesta edição da pesquisa, ainda foram identificados pontos hídricos do Vale com a presença de chumbo, cromo e mercúrio. As substâncias estiveram presentes nos pontos 3 (Rio Taquari, antes da captação da Corsan, em Lajeado), 4 (Rio Taquari em Cruzeiro do Sul) e 26 (Rio Taquari em Mariante, Venâncio Aires).
O relatório apresenta a análise físicoquímica (10 pontos) e microbiológicas (14 pontos), a partir da coleta de água feita em setembro e outubro de 2024. No material, não foi feito o índice de Qualidade da Água de todos os rios e arroios como nos anteriores, porque não foi possível fazer a coleta dos 26 pontos do estudo, em função das chuvas. Novo relatório será divulgado assim que todas as coletas forem feitas.
Conforme o biólogo Cristiano Steffens, responsável por interpretar os dados do projeto Viver Cidades, neste material, os recursos hídricos foram classificados em classes, de 1 a 4, sendo que o maior número representa a situação mais crítica. Ainda, foi criada uma classe chamada “acima do limite da pior classe”.
Localidade
Arroio Lambari - Encantado
Arroio Grande - Arroio do Meio
Arroio do Engenho - Lajeado
Arroio Saraquá - Santa Clara do Sul
Arroio Encantado - Parque dos Dick, Lajeado
Coliformes termotolerantes por ml
O rio acaba sendo um ponto chave para o próprio desenvolvimento humano e posteriormente a atividades comerciais e fabris”
Matheus Mathias, amostrador do Unianálises
Nível de contaminação
Classe 1
Classe 2
Classe 3
Classe 4
Acima da pior classe
*Quanto maior a classe, pior a situação do rio segundo o parâmetro analisado
De modo geral, considerando, em especial, o parâmetro de coliformes termotolerantes, que indicam presença de resíduos de esgotos nos rios, os rios e arroios analisados se enquadram nas classes 1, 2 e “Acima do limite da pior Classe”, indicando pontos em que a água esteja livre desses rejeitos, e outros em que há forte presença das substâncias. Dos 14 pontos amostrados, cinco
pontos foram classificados como Classe 1 (36%), três pontos foram classificados como Classe 2 (21%), um ponto foi classificado como Classe 3 (7%) e cinco pontos foram classificados como “Acima do limite da pior Classe” (36%).
O relatório destaca, negativamente, o ponto 6, localizado no Arroio Lambari, próximo da ponte João Sena, no município de Encantado, no qual foi encontrado o número mais provável de 160 mil coliformes termotolerantes em 100 ml de amostra, sendo classificado como “Acima do Limite da Pior Classe”. Também foram classificados como “Acima do Limite da Pior Classe”, pontos no Arroio Grande, em Arroio do Meio, Arroio do Engenho, em Lajeado, Arroio Saraquá, em Santa Clara do Sul, e Arroio Encantado, no Parque Professor Theobaldo Dick, em Lajeado. Steffens afirma que as enchentes podem ter contribuído para o resultado, já que muita sujeira foi levada para dentro dos rios. Além disso, destaca que as chuvas também levam resíduos como fezes de animais dos campos para os recursos hídricos, contaminando alguns desses locais. Ao ser analisada a presença de chumbo, cromo e mercúrio, as amostras ficaram nas classes 1, 3 e acima da última classe.
Rios estão piores
Em relação ao relatório do projeto apresentado no fim de 2023, nos pontos dos rios em comum dos dois trabalhos, é possível identificar praticamente todos os rios e arroios, quando analisados no parâmetro de coliformes termotolerantes baixaram de classes neste ano. Em comparação com outras análises, de meses anteriores em 2023 e 2022, há uma
variação da qualidade da água. Steffens destaca que, em relação aos relatórios anteriores produzidos pelo Viver Cidades, permanecem pontos críticos como o Arroio Lambari, Arroio Encantado, Arroio Saraquá e Arroio do Engenho.
Conforme as análises e classificação em classes, ele afirma que as piores classificações não servem nem mesmo para irrigar plantas, apenas para a navegação, em que não há contato humano com o recurso hídrico. Nesses locais, seria necessário um tratamento intenso da água para ser possível o consumo.
Em alguns dos pontos que apresentam condições péssimas da água, também pode haver a morte de peixes, entre outros animais que vivem nos mananciais. Ainda, o biólogo comenta sobre os impactos das cheias. “A enchente teve um impacto super negativo. Quanto material sólido está dentro do rio, fora o material químico, areia, argila, dejetos, produtos de empresas que pararam no rio”. Já em arroios localizados em espaços urbanos, longe dos rios, quando há alta presença dos coliformes tolerantes, Steffens alerta para a falta de saneamento básico.
Importância do estudo
Um dos amostradores do Unianálises, da Univates, que faz a
Dos 14 locais monitorados nesta etapa, cinco foram classificados com contaminação por esgoto acima do limite da pior classe
coleta e análise da água, Matheus Mathias afirma que uma das principais razões para a humanidade constituir os primeiros assentamentos e depois a formação das cidades foram os leitos hidrográficos.
“O rio acaba sendo um ponto chave para o próprio desenvolvimento humano e posteriormente a atividades comerciais e fabris”, afirma. Por isso, destaca que o monitoramento periódico acaba sendo fundamental
para observar possíveis consequências que a atividade humana pode provocar nas águas e também proporcionar soluções na busca de preservar.
“As catástrofes climáticas que sofremos, acabou por levar todo tipo de substâncias pra dentro do leito, muitas bem nocivas. Em consequência disso, o monitoramento ganha ainda mais importância na preservação”, completa.
Rio em Taquari
Em uma análise paralela, feira em Taquari, a qualidade da água do Rio Taquari foi identificada como regular, em todos os parâmetros coletados. O trabalho é feito pelo biólogo Israel Santos Reis, também professor da Escola Estadual Pereira Coruja, na cidade, que considera os últimos resultados coletados positivos. Há dois meses, no entanto, ele destaca que os resultados foram piores,
“Uma sugestão é que após as enchentes piorou razoavelmente a qualidade da água. A água do rio está mais lenta, então arrasta menos o sedimento do fundo, a água fica mais clara. Quando acontece isso, os resultados seriam um pouco melhores mesmo, e aí se justifica esse resultado de agora ter dado bom”, afirma o biólogo. O profissional ainda alerta que o resultado regular deste trabalho de novembro, não significa que todos os próximos continuarão sendo positivos. Por isso, destaca a importância de continuar o monitoramento.
“A cada segundo, 15 animais são atropelados”, afirma pesquisadora
Embora a legislação tenha avançado, o Brasil ainda possui poucos corredores e travessias de fauna, o que limita a proteção efetiva dos animais
Ao percorrer as rodovias do Vale do Taquari, é comum avistar animais mortos tanto nas pistas quanto nos acostamentos. E este cenário está cada vez mais frequente, uma vez que o crescimento urbano, aliado à falta de espaços apropriados para a fauna, expõe os animais silvestres.
“No Brasil, estima-se que a cada segundo, 15 animais são atropelados”, afirma a bióloga, Edith Ester Zago de Mello. Segundo ela, esse dado é alarmante e evidencia a urgência de implementar medidas para proteger a biodiversidade e reduzir os impactos do tráfego rodoviário.
A bióloga ressalta que o comportamento dos animais varia conforme a espécie, tornando complexo identificar um único fator que os leve a cruzar rodovias. “Hoje temos ambientes bastante fragmentados e as matas e habitats estão fracionados. Então, de modo geral, os animais se deslocam para buscar alimentos e pares para reprodução”, afirma.
Os répteis e anfíbios são
os mais vistos às margens da rodovia. No entanto, nos últimos meses a quantidade de mamíferos atropelados chama a atenção dos pesquisadores.
“O atropelamento é uma das principais causas de mortandade de animais silvestres no Brasil, chega a superar a caça e o tráfico de animais”, ressalta Edith.
Em busca da preservação
A preservação da fauna exige atenção e implementação de medidas para reduzir os atropelamentos. Embora a legislação tenha avançado, fazendo com que as concessionárias implementem projetos de mitigação, o Brasil ainda possui poucos corredores e travessias de fauna, o que limita a proteção efetiva dos animais. Soluções como túneis sob as rodovias, adequados para espécies como tatus e tamanduás, e passarelas suspensas, ideais para primatas e marsupiais, são exemplos de sistemas construtivos que podem auxiliar na redução destes acidentes. Além disso, a sinalização e o controle de velocidade em áreas de intensa circulação das espécies são importantes para a conscientização dos motoristas.
Ainda assim, Edith destaca que a atenção deve se estender para dentro das cidades, uma vez que, nas vias urbanas, também ocorrem atropelamentos de animais silvestres. “Onde há pouco espaço e remanescente florestal, como dentro das
NÚMEROS
Segundo o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), a cada ano 475 milhões de animais são atropelados nas estradas brasileiras. Deste total:
430 milhões são pequenos animais (como sapos, pequenas aves, cobras, entre outros).
40 milhões de animais de médio porte (como gambás, lebres, macacos)
5 milhões são de grande porte (como onças-pardas, lobosguarás, onças-pintadas, antas, capivaras)
O atropelamento é uma das principais causas de mortandade de animais silvestres no Brasil, chega a superar a caça e o tráfico de animais”
Edith Ester Zago de Mell Bióloga
cidades, acaba ocorrendo um maior deslocamento dos animais, porque os fragmentos urbanos são menores”, explica. “Claro que os animais são de porte menor dentro da cidade, porém cabe chamar a atenção dos motoristas para essa situação.”
Recuperação das matas ciliares é pauta da 14ª Jornada Técnica Ambiental
Evento integrou a agenda de atividades da Expovale + Construmóbil 2024 e reuniu empresários, gestores e estudantes
Aprofessora e pesquisadora da Universidade do Vale do Taquari - Univates, Elisete Maria de Freitas, foi a palestrante da 14º Jornada Técnica Ambiental. Nesta edição, ela trouxe para o debate os desafios da recuperação das matas ciliares do Vale do Taquari. O evento foi promovido pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), através da Unidade Parceiros Voluntários (UPV) Lajeado, e fez parte do calendário de atividades da Expovale + Construmóbil 2024. Elisete começou sua exposição contextualizando o papel das matas no meio ambiente. Segundo a professora, uma das principais funções desta natureza é contribuir para a redução da força das águas e controlar a temperatura dos rios. Ao mantê-las preservadas, também é possível cooperar para o controle do aquecimento global.
Segundo Elisete, a degradação das matas ciliares na região fortaleceu os danos que foram causados pelos eventos climáticos que atingiram a região neste ano. Para evitar novas situações, a professora alerta que a região precisa estar organizada e trabalhar em conjunto para a restauração destes espaços. “Precisamos fazer um comparativo e ver que a interferência humana em alguns locais prejudicou. É necessário respeitar as matas e mantê-los preservados”.
Núcleo de ESG
Precisamos fazer um comparativo e ver que a interferência humana em alguns locais prejudicou. É necessário respeitar o espaço das matas e mantê-los preservados”
Seguindo com objetivo de levar conhecimento sobre a causa ambiental para o meio empresarial, a 14ª edição do evento contou com apresentação do case do Núcleo de ESG da Acil. A coordenadora do grupo, Patrícia Aguiar, apresentou, aos participantes, o trabalho que é desenvolvido pelo fórum. Ela comentou que, com objetivo de fomentar o conhecimento e a cultura do ESG em empresas de todos os portes da região, os integrantes reúnem-se periodicamente para explorar as melhores práticas de sustentabilidade e responsabilidade social, fortalecendo, nas empresas, o compromisso com um futuro mais sustentável.
Escola das Águas
No encerramento do evento, os participantes conheceram o projeto Escola das Águas. A apresentação foi feita pelos coordenadores Ana Cecília Togni e Gilberto Soares. Segundo eles, o objetivo da iniciativa é auxiliar os educandários na formação dos estudantes por meio da educação ambiental com ênfase na essencialidade da água para a vida no planeta.
Ainda de acordo com Ana e Soares, a Escola das Águas quer estimular os jovens de escolas da rede pública
e privada a adotarem ações que promovam a preservação do meio ambiente.
A 14ª Jornada Técnica Ambiental contou com apoio de Docile Alimentos, Fruki Bebidas, Jacques Imóveis, Grupo A Hora, Grupo Independente, Sorvebom, Sicredi integração RS/MG, Univates, Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo, Tabelionato Klein e Expovale + Construmóbil 2024.
EU SOU
“O
grande desafio atual é a busca da sustentabilidade”
A cada edição, o Viver Cidades apresenta uma profissão voltada à área ambiental. São histórias inspiradoras de quem tem no trabalho a missão de cuidar do ambiente natural.
Nome: William Bryan Marques
Idade: 35
Qual a sua profissão: Fiscal de Meio Ambiente
Por que você escolheu cursar Técnico em Meio Ambiente?
O curso me despertou interesse em razão da área ambiental ter se tornado de grande valor e responsabilidade para as empresas. Nesse sentido, projetei que o Técnico em Meio Ambiente seria um profissional valorizado e de grande relevância no mercado de trabalho.
Quais as áreas que você já atuou?
Atuei na iniciativa privada, na área contábil e de licenciamento ambiental. Além de ser servidor público comissionado na área legislativa e de carreira na área fiscal.
Em qual área você trabalha atualmente?
Atualmente, trabalho como Fiscal no município de Poço das Antas, sendo designado a área Ambiental e Sanitária, além de atividades correlatas nos setores tributário e de obras.
Quais as principais atividades do técnico em meio ambiente?
Dentre as principais atividades relacionadas ao curso destacam-se: elaboração de projetos de licenciamento ambiental, gestão de resíduos e regularização das empresas perante órgãos ambientais.
Quais áreas desta formação você considera promissoras profissionalmente?
As mudanças climáticas têm atingido as cidades com maior intensidade e em menores períodos de tempo. Com isso, fica evidente a necessidade de uma ocupação sustentável das áreas urbanas e rurais. Neste sentido, entendo que os estudos de ocupação de solo são de fundamental importância e relevância na prevenção de situações de calamidade como as enchentes ocorridas no ano de 2024.
O grande desafio atual é a busca da sustentabilidade, ou seja, o desenvolvimento econômico, social e ambientalmente correto”
Como os técnicos podem fazer a diferença no meio ambiente e na sociedade?
O grande desafio atual é a busca da sustentabilidade, ou seja, o desenvolvimento econômico, social e ambientalmente correto, garantido a esta e as futuras gerações um legado ambiental saudável e pleno.
Quem quiser seguir esta carreira deve buscar formação aonde?
A possibilidade de cursar o Técnico em Meio Ambiente é bastante vasta. Existem instituições de ensino com curso presencial, além de uma enormidade de possibilidades de cursá-lo de maneira EAD, através da internet.
Servidores de Lajeado participam de capacitação
Atividades são conduzidas de forma interativa, promovendo a troca de experiências entre os participantes por meio de exposições dialogadas e exercícios práticos
Aprefeitura de Lajeado, por meio de servidores do município, participou nessa segunda, 25, e terça-feira, 26, do curso “Capacitação para a Atividade de Proteção e Defesa Civil: Estruturas Municipais de Proteção e Defesa Civil”, realizado pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). Participam do evento, que ocorre em Porto Alegre, o coordenador da Defesa Civil de Lajeado, Luis Marcelo Maya, o diretor da Secretaria de Segurança Pública de Lajeado, Jeferson Scheeren, e os servidores administrativos da Defesa Civil, Nathaly Rocha e Regis Martins.
Com carga horária de 14 horas, a capacitação tem como objetivo proporcionar aos participantes o conhecimento necessário para estruturar e fortalecer as ações de proteção e defesa civil nos municípios, em especial no que se refere à gestão de riscos e ao gerenciamento de desastres. O curso aborda temas como estruturação sistêmica da Defesa Civil, conceitos fundamentais de proteção e defesa civil, estratégias para prevenção e resposta a desastres, e cumprimento das diretrizes da Lei da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil.
As atividades são conduzidas de forma interativa, promovendo a troca de experiências entre os participantes por meio de exposições dialogadas
e exercícios práticos. Maya destacou a importância do evento para o fortalecimento da atuação da Defesa Civil em Lajeado.
“Esta capacitação é uma oportunidade de ampliar nossas habilidades técnicas e promover uma gestão de riscos mais eficiente no município. O conhecimento adquirido será fundamental para prevenir e minimizar os impactos de eventos adversos na comunidade”, disse Maya. O evento, que reúne gestores públicos e agentes da Defesa Civil de diversas cidades, busca disseminar as melhores práticas para a prevenção e o enfrentamento de desastres, contribuindo para estruturas mais resilientes e preparadas nos municípios gaúchos.
Esta capacitação é uma oportunidade de ampliar nossas habilidades técnicas e promover uma gestão de riscos mais eficiente no município”
Luis Marcelo Maya, coordenador da Defesa Civil de Lajeado
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Viver Cidades leva ganhadores para experiência imersiva à natureza
Estudantes do Vale do Taquari visitaram um dos maiores centros de lazer rural e ecológico do estado. Interação com animais exóticos e espécies ameaçadas de extinção ampliou o conhecimento e despertou a conscientização ambiental
O2º Concurso Viver Cidades proporcionou uma experiência única aos ganhadores desta edição. No dia 19 de novembro, os alunos vencedores do projeto foram convidados a participar de um dia de aventuras e aprendizados na Quinta da Estância, em Viamão, um dos maiores centros de lazer rural e ecológico do estado. Entre as atividades, o destaque ficou para a visitação do viveiro de aves exóticas e a prática de esportes radicais.
A Quinta da Estância abriga um dos maiores viveiros de aves exóticas do Rio Grande do Sul, com mais de 60 espécies, incluindo pavões, faisões, araras e tucanos. Durante o passeio, os alunos também visitaram o criadouro conservacionista, idealizado em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Brigada Ambiental, que abriga diversas
espécies de animais silvestres, incluindo algumas ameaçadas de extinção. O local contribui para a preservação e conscientização sobre a fauna local, bem como despertou a conscientização ambiental dos jovens.
Desafiando os limites
Os alunos também tiveram uma experiência repleta de adrenalina e superação. Eles foram desafiados a passar por uma bateria de esportes radicais e testar suas habilidades em uma estrutura com obstáculos, de nove metros de altura e uma vista para toda paisagem natural da região. O dia encerrou com banho de lama e de açude.
3º Edição
Para 2025, o Concurso Viver Cidades vem com novidade. Na sua terceira edição, o projeto terá a participação
ampliada para estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental. O anúncio ocorreu durante a cerimônia de premiação do 2º concurso, realizada
no dia 15 de outubro. A intenção é propor desafios às crianças, aos préadolescentes e aos adolescentes e incentivar a educação ambiental.
“A viagem foi excelente, com experiências únicas que vão ficar sempre marcadas na memória. Tudo saiu como planejado, podendo curtir cada espaço do local. Parabéns à equipe do Grupo a Hora que foi bastante prestativa e garantiram uma viagem incrível”.
“Foi uma experiência incrível, diferente e gostosa de se viver. O lugar, as pessoas, o ambiente, tudo estava ótimo. Vivemos hoje, o que ficará lembrado conosco ao longo dos anos como um dia de diversão e aprendizados”.
Vestígios das cheias trazem uma ameaça silenciosa
Ainda que inevitável, contaminação ambiental pode ser reduzida com o correto direcionamento dos entulhos acumulados
Adestruição e os resíduos deixados pelas enchentes no Vale não são os únicos vestígios dos últimos desastres. Um problema menos visível, mas igualmente preocupante, é a contaminação ambiental. Quando as águas recuam, substâncias tóxicas, como metais pesados e alguns hidrocarbonetos, são dispersados no ambiente e infiltram-se nos solos, rios e lagos. O que coloca em risco o ecossistema e a saúde humana. O engenheiro químico e professor Gustavo Reisdörfer, 46, explica que parte dos contaminantes encontrados após as cheias têm origem em materiais presentes nas próprias casas. A exemplo dos alvejantes, herbicidas, soluções de limpeza e até mesmo medicamentos. Da mesma forma, em indústrias e comércios, uma ampla variedade de produtos levados pelas águas contêm substâncias tóxicas que contribuem para a contaminação ambiental.
“Ainda temos os resíduos domiciliares e industriais, fossas sépticas e sistemas de tratamento de esgoto e efluentes industriais. O que a água das enchentes acaba fazendo é carregar e distribuir todos esses materiais e produtos, que estavam depositados ou acumulados, para outros locais”, relata.
O engenheiro destaca que a contaminação ambiental é uma consequência inevitável das enchentes, mas o problema está no tempo que os
Gustavo Reisdörfer engenheiro químico
“[…] é um problema de longo prazo e que a população vai acabar sofrendo os efeitos dessas contaminações”
Governos municipais, em parceria com o governo do estado, têm destinado os materiais para a CRVR, em Minas do Leão, e para um depósito licenciado na Linha Santa Terezinha
resíduos permanecem no solo. Quanto mais prolongada essa exposição, maior será o impacto dos contaminantes no ambiente. “Essa questão fica em segundo plano frente a todas as primeiras necessidades da população e das cidades. Mas é um problema de longo prazo e que a população vai acabar sofrendo os efeitos dessas contaminações”, ressalta.
Como identificar
A presença de metais pesados e substâncias tóxicas não é facilmente reconhecida, sendo possível encontrar contaminação até mesmo em águas consideradas cristalinas. Isso porque alguns metais não conferem coloração em contato com o líquido. Um sinal de alerta pode ser a presença de cheiros fortes ou odores não característicos do ambiente.
Na dúvida, o engenheiro recomenda não consumir águas ou mesmo vegetais, sem a devida higienização, de áreas que sofreram com a inundação. E ao ter contato com contaminantes, procurar orientação médica.
Manejo e descarte corretos
O gerenciamento dos entulhos é complexo, devido a sua grande quantidade e a ausência de locais adequados na região para armazenálos em segurança. Hoje, os governos
municipais, em parceria com o governo do estado, têm destinado os materiais para a Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), um depósito em Minas do Leão, e para um depósito licenciado na Linha Santa Terezinha.
Descontaminzação
Reisdörfer afirma que o ambiente é dinâmico e se recompõem com
facilidade. Mas manter a vegetação nas áreas afetadas pode ser um diferencial no processo de recuperação. “Ela auxilia na fixação de alguns compostos e diminui a mobilidade de alguns contaminantes”. Para ele, também é importante evitar atividades em áreas que sofrem constantemente com as inundações. “Se mantivéssemos essas áreas vegetadas e desocupadas, evitariamos e muito a contaminação”.
Feprotec aborda tecnologias para o futuro
Estudantes do Instituto Pereira Coruja apresentaram à comunidade 97 trabalhos. Participaram alunos do Ensino Médio, Técnico em Meio Ambiente, Técnico em Química e do Magistério
Oginásio do Instituto Pereira Coruja, em Taquari, ficou lotado com os estandes para apresentação dos 97 trabalhos inscritos na Feprotec – Feira de Projetos Técnicos e na Feira do Conhecimento. Com o tema “Inovando para Construir o Amanhã –Tecnologia, Sustentabilidade e Desenvolvimento”, o evento ocorreu nos dias 12 e 13 de novembro e reuniu alunos do ensino médio, técnico em Meio Ambiente, técnico em Química e do magistério. As feiras ocorrem anualmente no Instituto e, a cada ano, uma nova temática é escolhida para ser trabalhada ao longo do período letivo. “Em 2024, o tema foi Tecnologia, Sustentabilidade e Desenvolvimento. A partir daí, os alunos criam projetos para serem desenvolvidos ao longo do ano e muitas vezes com continuidade no ano seguinte”, conta a professora
e coordenadora do curso Técnico em Meio em Meio Ambiente, Aline Rosa de Almeida.
Ela destaca que o evento visa a integração entre comunidade, empresas e escola, principalmente aos cursos técnicos. Isso porque os avaliadores da feira são
convidados das empresas locais e, na maioria das vezes, ex-alunos que cresceram a partir dos cursos técnicos. “Temos como objetivo, que os alunos, por meio da pesquisa, desenvolvam autonomia e capacidade de criar, sendo capazes de tomar decisões com responsabilidade”,
Técnico apresenta projetos para dentro e fora da escola
Os estudantes do curso Técnico em Meio Ambiente apresentaram na Feprotec trabalhos que podem ser aplicados na escola e fora dela. Entre os professores que apoiaram os alunos estão Israel Santos Reis e Sabrina Gravina.
A implementação da coleta seletiva em instituições de ensino no Rio Grande do Sul: um guia para a sustentabilidade propõe um programa descarte correto de resíduos. Os futuros técnicos
ambientais pretendem estimular a separação além do trivial seco e orgânico. Eles estão dispostos a avançar e aprofundar a gestão dos resíduos gerados na escola, podendo abranger diversas esferas da geração, caracterização e destinação ambientalmente adequada. Também têm a intenção de capacitar agentes nas comunidades.
Cultura da Laranja
Os estudantes Jenefer Machado da Silva, Maciel Silva de Castro e Ruan Pablo Defante estavam no estande para explicar sobre o projeto socioambiental sobre a cultura da laranja no município de Taquari. Além de ter sido importante produtor até meados dos anos 1990,
Miniempresas apresentam inovação e sustentabilidade
Os jovens do 3º ano do Ensino Médio levaram para feira três miniempresas. Com apoio de professores, entre eles, Renilda Scherer da Silva, Israel Santos Reis, Susana Becker, Luciane Martins Freitas e Mariane da Silveira Leite, os estudantes criaram os setores, como RH, MKT, produção e vendas. A partir de então desenvolveram o produto e a marca. Veja quadro:
Xampu em barra
A Eco Essence desenvolveu um xampu em barra, com o objetivo de reduzir o desperdício em relação aos produtos líquidos. Os próprios colaboradores testaram o xampu. A equipe apresentou diversas fragrâncias, além de desenvolver as embalagens sustentáveis.
Embalagem orgânica
A Bío Guard partiu da preocupação dos danos à saúde causados pela ingestão de microplásticos para criar o seu produto. As embalagens para alimentos a partir da fécula de mandioca tem outras duas vantagens: ajuda a reduzir a produção de plástico e o pote é apropriado para ser descartado como resíduo orgânico.
Turismo ecológico
A empresa Eco Tour teve sua origem na preocupação com o meio ambiente, a fim de preservá-lo e de levar as pessoas do Rio Grande do Sul a refletir sobre o tema. Além disso, propõe passeios que valorizem as belezas naturais do estado destacando polos com objetivo de mudar o mercado do setor turístico.