Viver Cidades - Novembro

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Enxurrada leva parte das plantas inseridas para recuperar

a mata ciliar Grupo de pesquisadores coordenados pela professora doutora Elisete Maria de Freitas (foto) trabalha desde 2021 em nove áreas degradadas às margens de rios da região. Depois da enxurrada de setembro, equipe esteve em Travesseiro, na beira do rio Forqueta, para retomar as atividades e contabilizar as perdas. Mesmo com danos importantes, o trabalho será refeito até a restauração da mata ciliar. Páginas 2 e 3

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CADERNO ESPECIAL NOVEMBRO | 2023


Equipe de pesquisadores

Depois da enxurrada de setembro, equipe de pesquisadores avaliam os danos causados pela forte correnteza

Enxurrada no mês de setembro levou boa parte do plantio de mudas. Ação faz parte do projeto de restauração da mata ciliar

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obraram poucas mudas de herbáceas, nativas, trepadeiras e arbóreas plantadas às margens dos rios Taquari e Forqueta e arroio Forquetinha. O plantio serviria

para recuperar a mata ciliar em nove áreas nos municípios de Travesseiro, Marques de Souza, Lajeado, Encantado e Arroio do Meio. O trabalho é coordenado pela professora doutora Elisete Maria de Freitas e conta com a participação de mestrandos e bolsistas de iniciação científica. O Viver Cidades acompanhou uma saída a campo da equipe de pesquisadores para verificar duas áreas: uma na localidade de Tamanduá e outra em Travesseiro. Ao descer até a beira da água do rio Forqueta para verificar os possíveis impactos causadas pela enxurrada de setembro, Elisete lamentou: “Foi tudo embora.” A perda, de fato, foi grande. Muitas plantas ainda pequenas foram levadas pela água.

Características iniciais Quando começaram as intervenções, em janeiro deste ano, a área era formada por um grande barranco, com porções de grama e pedras muito grandes. A administração municipal de Travesseiro disponibilizou máquinas e mão de obra para fazer chanframento, adequando a inclinação, e deslocar as pedras para perto da margem. O intuito era segurar a terra. O primeiro plantio foi a inserção de estacas (consiste em escolher um bom galho e colocá-lo no solo. Desse galho irão surgir raízes e folhas, e logo se originará uma planta idêntica à planta mãe). “Agora, como o rio está alto,

elas estão submersas. Quando a água baixar, elas estarão cheias de brotos e vão proteger mais esta margens”, explica Elisete. A equipe contou com o auxílio de um morador local que tem barco. Enquanto alguns integrantes preparavam as estacas na margem, outro faziam o plantio na água, de dentro da embarcação. No total, foram 2 mil estacas. Na faixa pouco acima da margem, as opções foram inserção de mudas e semeadura de uma espécie usada em áreas degradadas. “Inserimos vegetação de cobertura e grande quantidade de sementes.” Em sistema de mutirão, o grupo conseguiu cobrir 200 metros na parte de cima. “Ficou totalmente coberto, deu esta proteção inicial, mas tivemos bastante


encontra cenário desolador EXEMPLO POSITIVO MOTIVA SEGUIR ADIANTE

A propriedade do agricultor Ireno Dammer, em Marques de Souza, se estende às margens do rio Forqueta. O plantio de pasto chegava bem próximo da água. O cenário da propriedade em Tamanduá é muito comum no meio rural. Seja para aproveitar o espaço com produção ou por desconhecer os benefícios da mata ciliar, muitas destas margens ficam expostas. A equipe da professora doutora Elisete Freitas escolheu a propriedade de Dammer para fazer o trabalho de recuperação. Hoje o local serve de modelo, porque se os pesquisadores tiveram a oportunidade de fazer o diagnóstico da área, escolher as espécies mais adequadas para fazer a reposição. Hoje, Elisete orgulha-se em dizer: “Aqui já temos florestas.” São vários núcleos de plantas que já têm uma boa altura e protegem a margem do rio.

Subsídios

O projeto faz parte de Programa de Reposição Florestal Obrigatória - RFO da Divisão de Flora/Departamento de Biodiversidade vinculada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura – SEMA/RS. Os recursos são provenientes da CEEE – Equaorial.

perdas. A cheia de julho deste ano levou quase tudo.”

Espécies adaptadas

A coordenadora da pesquisa destaca que não é qualquer espécie que se adapta às margens e cumpre a função de evitar erosão e desbarrancamento. “Não adianta vir na beira do rio e plantar qualquer espécie.” Conforme Elisete, elas têm que ter um bom sistema radicular (conexão da planta com o solo para absorção da água e dos nutrientes), bem desenvolvido, bem ramificado. E a parte aérea deve formar muitas ramificações. “A água vai passar por entre estes galhos fortes e vai perdendo a força.” As mudas e sementes escolhidas para restauração de matas ciliares são as mesmas que se vê nas margens de rios. “O problema tem sido as chuvas muito intensas. Agora é torcer para que as chuvas não as

Augusto Pretto Chemin, Alícia Maria Pereira e Mathias Hofstätler fazem parte do grupo de pesquisa da professora Elisete Freitas (D)

levem embora.” Um dos exemplos é o Sarandi Amarelo (terminalia australis), que ocorre em grande quantidade, tanto no rio Forqueta quanto no Taquari, sempre bem na beira do rio. “Ela vai ter formar inúmeras ramificações, já encontramos um indivíduo com 48 troncos. Ela é muito resistente, não quebra, protege a margem e ajuda a segurar a força da água.”

O plantio das espécies corretas nas margens de um rio evita a erosa e o desbarrancamento no curso d’água

PRODUÇÃO

EXPEDIENTE

TEXTOS

Luciane Eschberger Ferreira

ARTE E DIAGRAMAÇÃO

Lautenir Azevedo Junior

COLABORAÇÃO

Eloisa Silva

Diretor Executivo: Adair Weiss Diretor de Mercado e Estratégia: Fernando Weiss Diretor de Conteúdo Editorial: Rodrigo Martini

IMPRESSÃO Grafica Uma/ junto à Zero Hora

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Futuro do clima depende das ações de agora

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nundações, vendavais, ondas de calor e secas prolongadas são reflexos da intensificação de eventos meteorológicos provocados pelas mudanças climáticas As previsões meteorológicas, especialmente no Rio Grande do Sul, estado com grande variação de temperaturas e estações mais definidas, fazem parte do cotidiano das pessoas. Seja consumindo notícias sobre o tema ou nas rodas de conversa onde o calor, o frio, a chuva são pautas permanentes. A tendência é estar cada vez mais em evidência, especialmente porque fenômenos meteorológicos tendem a acontecer com mais frequência e intensidade.

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Conforme a meteorologista Maria Angélica Ferreira, análises das últimas décadas apontam que nas próximas a temperatura da superfície da terra e dos oceanos deve aumentar, além de haver derretimento das calotas polares. Os reflexos serão inundações de áreas costeiras e cidades litorâneas, alteração na frequência e intensidade de chuvas, impactando a agricultura, e eventos meteorológicos mais severos, como tempestades, vendavais, ondas de calor e secas prolongadas. Num cenário mais avançado, migração de espécies animais e vegetais em razão das condições ambientais adversas. “Embora algumas pessoas queiram negar e não acreditar que isso vá afetá-las”, complementa.

Ela destaca que as evidências são claras, comprovadas pela comunidade científica internacional. “Servem de base para o planejamento, ações e decisões que os líderes precisam tomar para salvar o clima do planeta, sem esquecer as necessidades das populações.” Muitos países já estão com ações implementadas de redução das emissões dos gases de efeito estufa, com mudanças nos sistemas de energia de combustíveis fósseis para renováveis, como solar ou eólica. “Outros estão atrasados e existem alguns que vivem um retrocesso.” Para Maria Angélica, os governos têm de trabalhar para eliminar os combustíveis fósseis e proteger as comunidades vulneráveis e assim

bater as metas propostas no Acordo de Paris (veja CR Code). Maria Angélica destaca que o assunto é muito importante, porque impacta o dia a dia das pessoas. “Como a Terra é um sistema, onde tudo está conectado, mudanças em uma área influenciam em todas as outras. A mudança climática pode afetar nossa saúde, nossa capacidade de cultivar alimentos, habitação, segurança e trabalho.” Ela alerta que, embora o tema seja pauta de programas em rádios, televisão, jornais e até de filmes, às vezes parece que está longe da realidade. “Mas ao contrário, as mudanças climáticas e o aquecimento global já causam efeitos em diversos lugares do mundo, inclusive no Rio Grande do Sul.” Continua


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entrevista

Maria Angélica Ferreira - meteorologista

Viver Cidades - O que é aquecimento global? Maria Angélica Ferreira - O aquecimento global se refere ao aumento da temperatura média do sistema terrestre que ocorre em função do aumento da concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, que pode ser consequência de causas naturais e atividades humanas.

dos 15°C que temos hoje, ou seja, 33°C menor. Para entender o efeito estufa, pense em um ônibus parado sob a luz do sol. Os raios chegam como radiação solar visível, passam pelos vidros e aquecem o interior (calor). Esse calor (radiação infravermelha) procura sair pelos vidros, mas tem dificuldade de passar por eles. Ou seja, uma parte fica presa dentro do ônibus, aquecendo-o. O Maria Viver - Qual a definição de mesmo ocorre com a atmosfera mudanças climáticas? da Terra. Alguns gases, como Maria - O termo refere-se vapor d’água e gás carbônico às mudanças de longo prazo que vem (CO2), funcionam como o vidro do ônibus, sendo observadas (ao longo das últimas deixando entrar a radiação ultravioleta, décadas) e projetadas (em décadas mas dificultando o retorno do calor para o futuras) em diversas variáveis climáticas, espaço. Quando aumenta a concentração tais como padrões de precipitação, de gases na atmosfera (por exemplo, do temperatura e vento. Estas mudanças gás carbônico), o efeito estufa fica mais decorrem tanto de fatores antropogênicos intenso e, portanto, fica mais difícil o calor - causados pelo homem - quanto naturais, ir para o espaço. Essa diferença causa o como variabilidade climática interna na aquecimento da baixa atmosfera, elevando Terra. O termo mudança climática tem a temperatura média da Terra e causando um significado mais amplo, enquanto mudanças climática. aquecimento global refere-se mais especificamente ao aumento médio da Viver - Quais continentes ou temperatura na superfície do planeta. . países estão à frente no combate ao aquecimento global? Por que? Viver - Quais são as principais causas Maria - Países europeus dominam da mudança climática? uma lista, segundo o Good Country Index Maria - As mudanças climáticas (Índice dos Bons Países, em tradução antropogênicas, ou seja, aquelas causadas livre), que mede o impacto de cada país no pelo homem, estão associadas ao mundo, como uma marca ecológica em aumento da emissão de gases de efeito relação à economia e às porcentagens de estufa por queima de combustíveis energia reutilizável utilizada. Felizmente, fósseis (dos automóveis, das indústrias, em todos os continentes medidas vêm usinas termoelétricas), queimadas, sendo desempenhadas para salvar o desmatamento, decomposição de lixo etc. planeta. Os três primeiros da lista são: Finlândia, Viver - O que é o efeito estufa? Suécia e Suíça. O Uruguai é o primeiro da Maria - O efeito estufa é um fenômeno América do Sul na posição 25, e o Brasil natural que faz com que a temperatura está da 41ª posição. da superfície da Terra seja favorável à existência de vida no planeta. Se ele Viver - O que os três primeiros países não existisse, a temperatura média da melhor colocados estão fazendo? superfície da Terra seria -18°C, ao em vez Maria - Esses países se destacam por

utilizarem e incentivarem a utilização de carros elétricos, incentivo aos seus cidadãos a instalarem painéis solares e energia renovável com preços mais baixos, as sacolas e canudos plásticos foram banidos dos supermercados e bares. E quase todos os países têm compromissos governamentais de serem neutro ou chegar muito próximo em emissão de carbono até 2030 – 2050. Viver - Por que o Uruguai tem destaque? Maria - O Uruguai se tornou um líder global de energia sustentável. O Uruguai não possui reservas de petróleo e tinha altos gastos financeiros na importação. Em razão disso, começou a substituir combustíveis com base de petróleo pelos de energia limpa, o que foi conquistado em menos de uma década. Hoje, cerca de 95% da eletricidade vêm de fontes renováveis, a maioria de hidroelétricas, mas também de energia solar, eólica e bicombustíveis. O transporte público (a maior parte dele mantido por eletricidade) pode ser encontrado nas grandes cidades. O Aeroporto Internacional de Carrasco, na capital de Montevidéu, também está próximo de ser totalmente sustentável com uma instalação de energia solar fotovoltaica — será o primeiro país da América Latina a ter essa estrutura. Viver - No Brasil, o tema é uma prioridade? Maria - O tema é uma das prioridades do atual governo, tanto que anunciou uma ampliação da meta de redução de emissão de gases de efeito estufa. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, falou que amplia de 37% para 48% a meta brasileira de redução de emissões até 2025 e de 50% para 53% até 2030. Segundo ela, não basta zerar o desmatamento para resolver a questão da mudança do clima. O mundo requer uma transição energética mais ampla. Além disso, em 2021, o Brasil ainda se comprometeu a alcançar emissões

líquidas neutras até 2050, ou seja, tudo que o país emitir deverá ser compensado com fontes de captura de carbono, como plantio de florestas, recuperação de biomas ou outras tecnologias. Viver - Quais seriam as ações necessárias nas esferas nacional, estadual e municipal? Maria - Algumas ações governamentais são necessárias para diminuir a emissão de gás carbônico, como: políticas governamentais mais rígidas para o controle da emissão de gás carbônico; implantação de energia renovável; incentivo a alternativas de transporte e a veículos menos poluentes; incentivo ao reflorestamento; redução do desmatamento e queima das florestas; incentivo à agricultura sustentável e à diminuição do uso de agrotóxicos. Viver - Qual o maior desafio brasileiro? Maria - Frente a essas possíveis ações do governo para diminuir a emissão de CO2, um dos grandes desafios para o Brasil é conter o aumento das queimadas. Um dos maiores desafios do MMA, e que interfere diretamente na questão das mudanças climáticas, é o desmatamento. Quando olhamos para os biomas, especialmente para a Amazônia, o desmatamento tem um papel preponderante nas emissões brasileiras. A Amazônia sozinha representa 77% das nossas emissões no setor de mudança de uso da terra. Sssas emissões, 92% estão diretamente associadas a alterações de uso da terra, que transformam a floresta em agropecuária. Então, de fato, combater o desmatamento é a maneira mais barata e eficiente de reduzirmos as emissões brasileiras de gases de efeito estufa. No setor industrial, algumas empresas estão se adequando as normas mais “amigas do meio ambiente” com programas de tecnologias limpas, mas ainda temos um longo caminho a percorrer.

CIDADÃO PODE COLABORAR A solução para as alterações climáticas não depende apenas de grandes pactos internacionais ou dos governos de cada país, é preciso mudar os hábitos e costumes no dia a dia. “É claro que uma pessoa só não faz a diferença, mas o conjunto faz. Pequenas mudanças no nosso cotidiano podem ajudar”, afirma Maria Angélica. • Evite o uso do plástico • Busque formas alternativas aos combustíveis fósseis. • Mude o meio de transporte - deixe o carro em casa e caminhe ou pedale sempre que possível. • Se a distância for muito grande, opte pelo transporte público. • Controle do consumo de água e energia - apagar a luz quando sair do quarto, fechar a torneira enquanto escova os dentes. • Consuma produtos sustentáveis e de origem local - além de estimular a economia local, o consumo de produtos locais reduz as emissões de carbono gastas no transporte dos produtos. • Plante árvores e ajude a restaurar áreas degradadas. As árvores ajudam a sequestrar o carbono emitido pelas indústrias. As áreas verdes são muito importantes para reduzir as temperaturas máximas. As árvores trazem sombra e frescor ao ambiente próximo a elas, sem gasto de energia (como ocorre com um ventilador ou ar condicionado). • Reduza a geração de resíduos e estimule medidas de reciclagem. Estas ações diminuem a poluição e a emissão de gás metano, muito comum em áreas de aterros sanitários • Faça compostagem do lixo orgânico, separe o lixo reciclável e dê destino correto a pilhas, remédios, eletrônicos, etc.

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Saiba mais • O Brasil é o único país que fabrica automóveis flex, ou seja, que funcionam com álcool ou gasolina. O álcool é menos poluente do que a gasolina, dê preferência a esse combustível. No Brasil, 58% das emissões de gases de efeito estufa são provenientes de queimadas e desmatamento. Desde 1950 vimos que os El Niño e os La Niña mantiveram a frequência, mas aumentaram intensidades e efeitos. É uma combinação preocupante, porque a mudança climática mais essas variabilidades naturais se combinam e podemos ter eventos extremos.

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Corte não é poda

Ao plantar, informe-se sobre o tamanho que ficará a árvore da fase adulta para que futuramente não interfira em rede elétrica

Cartilha elaborada pela secretaria do Meio Ambiente de Lajeado tem a intenção de orientar sobre podas de árvores em áreas urbanas

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preservação ambiental, seja na cidade ou em áreas rurais ou de floresta, é hoje, um tema universal, de interesse coletivo. Por isso, o corte de árvores e podas radicais geralmente causam descontentamento das pessoas. Algumas vezes, a prática

é necessária, outras, não. Quem o fizer sem a devida autorização ou em desacordo com a legislação pode ser penalizado. Em áreas públicas, incluindo as calçadas de passeio, somente as equipes da administração municipal são autorizadas ao trabalho. Nas áreas particulares, como pátio de casa, há critérios a serem seguidos. Para tanto, a administração de Lajeado dispõe de uma cartilha para orientar os cidadãos. A Secretaria do Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade (Sema), de Lajeado, elaborou o Minimanual de Podas Urbanas. De acordo com a coordenadora do Centro de Educação Ambiental de Lajeado, a bióloga Edith Ester Zago de Mello, a elaboração do material tem o intuito de informar a

população sobre como fazer a poda, quem pode fazer e como solicitar. “É uma forma de tornar as informações mais acessíveis.” Edith destaca que muitas pessoas fazem por conta própria, seguindo costumes aprendidos, mas que nem sempre são benéficos para as espécies de árvores. “Por isso, quem quiser fazer uma poda correta nas árvores do seu pátio, pode entrar em contato com um técnico da área. O Centro de Educação Ambiental também fica à disposição

para dar orientações.” Conforme a engenheira florestal da Sema, Sabrina Wolf, dentro do pátio o responsável pela poda é o proprietário ou morador do imóvel. “Geralmente, quando o munícipe possui dúvidas de como executar a atividade, ele liga para nós e é orientado.” Na calçada, quem deve realizar a poda é a equipe da administração municipal, inclusive há legislação: “As podas em árvores públicas somente poderão ser efetuadas por equipe de funcionários habilitados e devidamente treinados da secretaria municipal responsável e seguindo os critérios técnicos atualizados e conforme a legislação vigente, sendo vedado aos munícipes efetuar tais podas.”, determina uma resolução do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente e Saneamento (Condemas). “O ideal é solicitar à Secretaria de Obras e Serviços Urbanos (Sosur) uma avaliação”, ressalta Sabrina. “As árvores das calçadas são parte do patrimônio público e merecem ser tratadas como tal, afinal nos proporcionam muitos benefícios” acrescenta Edith. Na visão da bióloga, fazer a poda correta é quase mais importante que plantar novas árvores, pois aumenta a longevidade das existentes e já desenvolvidas.” Conforme o Plano Diretor da Arborização Urbana, é proibida a poda excessiva ou drástica de árvores localizadas em vias ou áreas públicas, salvo quando os técnicos da Secretaria Municipal competente determinarem. Se o munícipe realizar a poda excessiva, pode ser enquadrado em infração contra a arborização urbana, podendo, dependendo do dano causado à árvore, receber um auto de infração com penalidade de advertência ou de multa. Continua

Sobre as podas • Nas vias públicas, praças e parques, a poda pode ser realizada apenas pela Prefeitura e por órgãos autorizados pela administração municipal, como a companhia de fornecimento de energia. • Em propriedades privadas é responsabilidade do proprietário fazer

a poda, se desejar. Importante ressaltar que é proibida a poda drástica (aquela que remove mais que 50% do volume da copa de uma árvore ou arbusto). Caso tenha dúvidas de como realizar a poda correta, contrate um profissional habilitado. Companhia de energia elétrica e administração pública fazem a poda de conformação, quando interfere em rede elétrica, por exemplo

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Dicas ao leitor - Poda de conformação ou livramento - Serve para a retirada de galhos e ramos que interferem em edificações, telhados, iluminação pública, derivações de rede elétrica e telefônica, levando em consideração o equilíbrio da planta. - Poda de formação ou condução - É realizada na fase jovem da árvore para a condução do formato adequado do crescimento por meio do corte dos galhos mais finos e remoção de galhos inadequados, pensando no futuro da árvore. - Poda de emergência - É empregada para remover partes da árvore que colocam em risco iminente a integridade física das pessoas e do patrimônio público ou particular, como ramos que se quebraram durante chuva ou vento forte.

Informações gerais com o Centro de Educação Ambiental (51) 3982-1099 e Sema 3982-1100

Antes de podar ou cortar, certifique-se se a espécie é protegida ou não

- Poda de limpeza e manutenção - É utilizada na fase adulta da árvore. A poda de manutenção é feita quando se deseja fazer a retirada de galhos vivos, mortos, velhos, com ataque de parasitas ou inadequados. As árvores que mais necessitam deste tipo de poda são as que não passaram pela poda de formação adequadamente. - Corte - Se você deseja cortar uma árvore nativa na sua residência, é necessário fazer uma solicitação na Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade (Sema) para obter o licenciamento florestal. Para mais informações entre em contato pelo telefone (51) 3982-1100. - Denúncias - Em caso de poda irregular, a comunidade pode denunciar pelo telefone (51) 3982-1238 ou pelo e-mail sema.fiscalizacao@lajeado. rs.gov.br

entrevista

Palavra de especialistas Viver Cidades - Uma crença popular diz que se faz podas nos meses que não tem a letra “r” na sua grafia, ou seja: maio, junho, julho e agosto. Há alguma verdade nisso? Bióloga Edith - De forma geral sim, pois são os meses em que muitas árvores entram na dormência. Mas é importante entender a fenologia da árvore. Árvores que perdem totalmente as folhas, ou seja as decíduas entram no que chamamos de dormência "verdadeira", sendo o melhor período de poda do meio ao final do inverno. No final do inverno elas aumentam o metabolismo, o que facilita a produção de compostos que auxiliam na defesa do vegetal evitando que fungos e bactérias ataquem os ferimentos. Árvores que perdem as folhas, mas florescem no inverno, chamamos de "falsa dormência,” e o melhor período é no final do florescimento. Viver - Muitas pessoas podam árvores para pegar mais sol na casa ou pátio. Geralmente o fazem no início do outono, pra voltar a crescer na primavera. Esta é uma boa prática? Edith - Nem toda árvore precisa de poda. Precisa ter ter um objetivo bem definido, por exemplo, levantar a copa, remover galhos mortos ou doentes, direcionar o crescimento... É importante manter a estrutura natural da copa, as podas drásticas ou que cortam mais de 50% da copa são proibidas, pois

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danificam a estrutura original da árvore, que não é bom para a espécie. A poda deve ser feita quando há necessidade, mas hoje vemos que muitos casos são feitas por "costume" e não porque é preciso. Viver - Quais os principais cuidados nas podas de frutíferas? Tem diferença entre as que Edith frutificam no verão e as que frutificam no inverno? Sabrina - A poda de árvores frutíferas é bastante utilizada, principalmente em pomares comercias. Essa prática permite a ventilação e entrada de luz entre os ramos, por isso é importante que seja praticada regularmente. Alguns exemplos: poda de condução e poda de limpeza que nas regiões de clima temperado se dá normalmente na saída do inverno, quando as plantas ainda estão no período de dormência. Vale ressaltar que cada espécie tem suas particularidades, portanto, para maiores esclarecimentos deverá ser consultado um responsável técnico da área. Viver - Poda desnecessária ou mal feita causa quais os impactos ambientais? Edith - A poda desnecessária causa estresse para planta. O ferimento causado pela poda pode se tornar um local de entrada de patógenos que causam danos à saúde planta, podendo

inclusive causar apodrecimento preservação, manejo e expansão e perdas de galhos e até da arborização. A poda e morte da árvore. Por isso, a supressão total (corte) poda deve ser feita apenas fazem parte do manejo da quando necessária. O ideal arborização urbana e são é realizar no vegetal ainda utilizados a partir de critérios jovem, podando os galhos técnicos específicos, por enquanto ainda possuem exemplo. Árvores situadas menor diâmetro/espessura, em áreas públicas que direcionando o crescimento estão comprometidas Sabrina adequado de acordo com fitossanitariamente e que local que a árvore se encontra. podem vir a tombar sobre a Muitas árvores ficam via pública são licenciadas totalmente comprometidas pela poda para corte pela equipe técnica da realizada de forma irregular durante anos. Sema, por meio da elaboração de parecer técnico e emissão de alvará de Viver - Os bombeiros fazem podas em licenciamento para serviços florestais. árvores em quais situações? Há a previsão de compensação Sabrina - Geralmente, os bombeiros ambiental com o replantio de novas são acionados em caso de risco à vida, mudas, preferencialmente no mesmo como, por exemplo, quando há queda de endereço de corte. galhos em rodovias ou árvores instáveis. É realizado o procedimento de emergência Viver - Quem está habilitado a fazer e, em seguida, comunicado o órgão estes cortes? ambiental, no caso, a Secretaria do Meio Sabrina - As equipes de poda e corte Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, da Secretaria de Obras e Serviços para que este verifique o licenciamento Urbanos executam a atividade e florestal da atividade pertinente ao caso. procede-se com o plantio de novas Lembrando que dentro de terrenos mudas. Destaca-se que a Sema realiza particulares, a responsabilidade pela vistorias periódicas para fiscalização vegetação é do proprietário. do plantio. Além disso, a fim de realizar as compensações relativas aos alvarás Viver - A administração municipal florestais de responsabilidade do próprio pode fazer poda ou supressão total? Em município, criou-se, no ano de 2017, o quais circunstâncias? Programa Lajeado Mais Verde. Até 2022 Sabrina - Conforme o do Plano foram plantadas três mil e três mudas Diretor da Arborização Urbana em áreas públicas diversas. Este ano, de Lajeado, cabe ao município a foram plantadas 233 em escolas, áreas implantação da política de plantio, verdes e calçadas de passeio.


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ESG propõe um novo olhar ao ambiente e às pessoas Práticas reconhecidas no mundo refletem uma melhor forma das instituições serem vistas pelos públicos interno e externo e pelo mercado

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sigla ESG, environmental, social and governance, corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. Mais do que isso, é impactar positivamente a vida das pessoas, o meio ambiente e a sociedade. O termo surgiu nos anos 2000 em uma publicação do Pacto Global, da Organização das Nações Unidas (ONU), e está diretamente relacionado aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O ESG é uma jornada de transformação dos negócios e envolve a construção de um mundo inclusivo, ético e ambientalmente sustentável, que garanta a qualidade de vida para todos. A ousada meta depende da habilidade das empresas em desenvolver e implementar práticas de negócios que alinhem lucro, propósito e transparência. A empresa Reinigend Tecnologia em Higienização, sediada em Teutônia, tem desde a sua fundação, em 2000, uma preocupação com as questões ambientais. “Pelo tipo de atividade que temos, viemos desde a constituição da empresa atendendo às exigências legais, que só foram sendo ampliadas ao longo do tempo”, conta Gicele Mylius, sócia-administradora. Gicele destaca que a governança e a

Gicele Mylius Sócia-administradora da Reinigend

“Eles entendem a importância do que fazem, sabem da necessidade de uso de EPIs e que a empresa está cumprindo com todas as normas para que estejam seguros.”

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transparência fazem parte da cultura da empresa. “Hoje falamos em ESG, mas várias práticas ambientais e em recursos humanos já vinham sendo feitas. Só que tudo isso foi colocado sob um guarda-chuva.” Na visão da empresária, implementar ESG deve partir da direção das empresas. “Se não for de cima para baixo, não vai funcionar. Tem que começar com uma vontade sincera da direção.” A equipe, complementa, percebe quando é feito algo simplesmente visando o comercial ou se realmente existe o intuito de mudar. “O colaborador está ali. Ele é o teu contato mais fiel, é o teu cliente mais fiel. Ele sabe exatamente o que está ocorrendo ali dentro”, destaca. “Então, se você diz uma coisa que você não está praticando, o teu colaborador é o primeiro que vai dizer ‘não é bem assim como estão falando’. Tem que vir da empresa e ser verdadeiro”, complementa Gicele. Em todo o processo, a Reinigend deu uma passo importante, há dez anos, ao usar o termo “química do bem”. A intenção era quebrar o paradigma de que química representa algo ruim, tóxico. “Não escovo os dentes sem química, não fabrico uma mesa sem a química. Ela está presente em tudo.” O debate e a desmistificação começaram dentro da empresa, por meio de ações capitaneadas pelo setor de recursos humanos. Uma delas é o café da manhã para celebrar os aniversários. O momento serve para conversar sobre temas pertinentes – tanto referentes aos colaboradores quanto à empresa. A cada ano, a organização elege um objetivo, como por exemplo a segurança. Treinamentos, palestras e outras atividades vão abordar a segurança dentro da empresa, no trânsito, em casa e até a segurança financeira. Para tanto, conta com parceiros, como o Sesi, e profissionais de fora que dão palestras e treinamentos, além das ações diretas do RH da Reinigend. “Temos 40 funcionários e dois profissionais de RH. Parece muito, mas precisamos destes dois profissionais para o tanto de ações e projetos que desenvolvemos”, observa Gicele. Outro ponto de destaque é a integração entre setores, tendo em vista a importância de cada funcionário saber o que os outros fazem e desenvolvem. “Isso é a transparência da governança.” Gicele entende que este trabalho com a equipe é contínuo. “Tivemos um retorno muito positivo, conforme avaliação de ambiente feita pelo Sesi com os colaboradores. Os dados orientam temas que serão trabalhados no próximo ano. “O que nos chamou

Desenvolvimento de produto com alta biodegradabilidade é um dos focos da empresa

a atenção é que eles sabem que trabalham em uma indústria química e sentem-se 100% seguros. Eles entendem a importância do que fazem, sabem da necessidade de uso de EPIs e que a empresa está cumprindo com todas as normas para que estejam seguros.”

Pandemia mostrou a necessidade Depois passar pelo período de convencimento de que a química não é ruim, veio a pandemia. E ratificou a importância de segmento. “Como tu irias combater algo sem a química naquele momento? A vacina passa pela química, o álcool gel, os produtos desinfetantes...” A própria empresa, há mais de 20 anos, escolheu a higienização antes da química. No desenvolvimento de um um produto, a busca é ter uma solução que seja menos agressiva ao meio ambiente, que utilize menos recursos naturais, como água e energia – preceitos ESG.

Inovações técnicas e equipe qualificada A Reinigend desenvolveu um produto 90% biodegradável, que faz melhor a higienização se comparado com um alcalino e 34% de biodegradável. Os reflexos positivos aparecem no tratamento de efluentes e na economia de água, além da eficiência. O desenvolvimento de um produto que atenda a demanda do mercado passa pelo olhar ao cliente, além da pesquisa. Para tanto, é fundamental ter uma equipe qualificada. Gicele lembra que a empresa viveu um período de rotatividade no quadro pessoal. Mas hoje, destaca, sabendo dos propósitos da empresa, os colaboradores permanecem por muito mais tempo. Quem deseja estudar – curso técnico ou superior – recebe um salário/ano de abono. A empresa ainda disponibiliza vagas para estágio e flexibiliza os horários de trabalho. “Quanto mais o colaborador tiver conhecimento, melhor para Reinigend.” Continua


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Cada um precisa fazer a sua parte O ESG está nos processos e produtos da Reinigend, assim como em muitas outras empresas. “Mas percebemos que ainda não chegou na outra ponta.” Gicele Mylius refere-se ao poder público. “Na enchente, a comunidade foi acionada, e sobraram donativos. As pessoas estão dispostas a fazer. E o poder público está preparado para o ESG?” Na visão da empresária, não basta a iniciativa privada agir, se o poder público não tiver atitude. Ela cita como exemplo o uso da água. A Reinigend tem um tanque para atender a demanda dos bombeiros em caso de algum sinistro na empresa. “Mas não posso usar água de reciclagem, tem que ser água potável.” Gicele chegou a oferecer água para carregar o caminhão dos bombeiros para uso nas ocorrências, mas o entrave foi o mesmo. “Eu queria doar a água que coletamos para o

Corpo de Bombeiros, mas não posso porque é de reciclagem. Usamos para molhar a grama, lavar os caminhões.” Na opinião de Gicele, se o ambiente público não olhar para o ESG, será o mesmo que ter os bolsos cheios de dinheiro no meio do deserto. “Precisamos abrir a mente de quem está no poder público. O privado, o particular, a comunidade respondem muito rápido quando são solicitados.”

Tempo

A empresária entende que as escolas estão ensinando ESG. As crianças vão crescer, se formar e serão os futuros políticos. “Mas nós temos todo este tempo?, questiona. Ela ressalta que as empresas vão fazer, seja por interesse genuíno ou financeiro. “É um caminho sem volta, mas vamos precisar

encontrar apoio para essas ações, mais do que temos agora.”

Ser referência é a meta As principais aspirações da Reinigend são conquistar a autoridade da marca e ser líder em inovação. A construção da nova fábrica, no Distrito Industrial

A partir de um tema norteador, colaboradores participam de treinamentos, capacitações e eventos de integração de Teutônia, vai corroborar para alcançar os objetivos. O laboratório será mais amplo e permitirá pesquisas e desenvolvimento de produtos. O caminho será trilhado considerando os preceitos ESG.

entrevista

“O planeta terra não cresce de tamanho, ao passo que a sua população vem crescendo de maneira exponencial” O empreendedor e educador Lucas Fontes aborda, em entrevista a seguir, os passos para implementar o ESG em uma organização e como mobilizar seus colaboradores. Diretor de negócios na Urteco - Urban Technologies, curador do Green Thinking Project, coordenador do Laboratório Resíduo Zero POA, ele destaca que buscar a sustentabilidade é um caminho sem volta, tendo em vista, por exemplo, as mudanças climáticas provocadas pelo comportamento da sociedade moderna. Viver Cidades - Qual o primeiro passo para uma empresa começar a implantar os conceitos de ESG? Lucas Fontes - É o despertar da consciência, que passa por todos os colaboradores, mas que começa pela gestão. É querer que a organização dê um passo e rume para práticas sustentáveis. Como ESG é uma pauta relativamente nova, é necessário ter pessoas para aplicar as práticas sustentáveis, e todos os colaboradores tomarem ciência de quais ações serão implementadas no dia a dia a curto médio e longo prazos. Viver - Como engajar colaboradores – que podem atuar em diferentes áreas? Lucas - O ESG é transdisciplinar. Ele abrange todas as áreas da organização, sejam elas técnicas, administrativas ou

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humanas. Parte de conseguir educar e ter ambientes educacionais que provoquem um pensamento crítico, que estimule o senso de comunidade, de pertencimento da natureza, como parte de um ecossistema que é o planeta terra. Formar por meio de cursos, de workshops ou até ações mais descontraídas, Lucas com vivências, visitas. Fontes Celebrações de ciclos também são oportunidades de para engajar os colaboradores e promover uma cultura socioambiental mais apurada. . Viver - É fácil de convencê-los sobre a importância de práticas sustentáveis, tendo em vista que gerações passadas não tinham este tema em sua pauta de vida? Lucas - Depende muito de pessoa para pessoa. Precisa ter um trato humano para não apenas convencer, mas mudar um comportamento – de consumo e produção - seja qual for a atividade fim daquela empresa. “A palavra convence, mas o exemplo arrasta”, disse Confúcio, filósofo chinês. Há muito mais a mostrar pelo exemplo, do que apenas impor uma decisão, uma prática. A alta gestão tem que provocar isso pelo exemplo. A gestão de resíduos é um bom exemplo de como mostrar na prática e engajar a organização.

Viver - Na tua opinião, o engajamento das empresas decorre da conscientização ou para ter um argumento de venda? Lucas - Acredito que ambos têm importância – da empresa desenvolver uma cultura socioambiental mais profunda e mais genuína de conscientização de sensibilização da sociedade, mas também como um diferencial de argumento de venda. E aí a gente mostra que, sim, é possível gerar valor para negócio trabalhando com práticas sustentáveis, como ESG. Viver - ESG é um caminho sem volta? Lucas - O ESG é um caminho sem volta, porque o planeta terra não cresce de tamanho, ao passo que a sua população vem crescendo de maneira exponencial. Nós vivemos num planeta que tem a maior parte de água. A população cresce de maneira desordenada. Tem lugares com muita gente, pouco espaço de terras e até recursos escassos – isso é um dos maiores problemas da nossa sociedade. A pobreza e a fome cada vez maiores vão ser latentes. Os efeitos climáticos já são sentidos. A globalização, as tecnologias e o acesso à informação de maneira instantânea nos faz perceber muito rápido os impactos. Então o ESG é um caminho sem volta, é uma necessidade cada vez mais latente de todos os países, de todos os cidadãos do planeta terra. Viver - Em qual velocidade as pessoas,

de um modo geral, estão adotando práticas sustentáveis, seja em suas vidas, em suas empresas, em seu trabalho? Lucas - Esta velocidade tem diferentes pontos de vista . A gente pode ver do prisma de que hoje, no Brasil, 72% da população tem interesse por práticas sustentáveis. Por outro lado, no Brasil, a taxa de reciclagem não passa de 3%. Tem óticas e perspectivas diferentes. O mais importante é que o Brasil, como nação, tenha lá adiante um comportamento coletivo alinhado com o planeta, com nosso ambiente. Todos nós temos que ter cada vez mais práticas sustentáveis, seja por meio de empresas, leis , projetos de governo, projetos de educação. A educação ambiental hoje é uma, senão a mais importante, ferramenta neste movimento de desenvolvimento do planeta como um todo. É uma revolução que busca uma evolução planetária, de consciência e de comportamento.

Saiba mais sobre os ODSs e o Pacto Global da ONU




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