AH - Você | 17 e 18 de setembro de 2016

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FIM DE SEMANA, 17 E 18 DE SETEMBRO DE 2016 EDIÇÃO Nº 47

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ANDERSON LOPES

Eu curto

Fernanda Marmitt, estagiária Por que pratica? Sempre fui uma pessoa muito criativa e quando produzo minhas peças a imaginação trabalha “a mil por hora”. Não deixa de ser uma válvula de escape. No momento de criação, nos desligamos um pouco da realidade. Ao fazer uma peça para uma criança, por exemplo, eu penso na infância, nas coisas boas da vida, na pureza e alegria que os pequenos têm. Isso deixa meus dias um pouco mais leves. O que proporciona? Procuro sempre prestigiar eventos na temática do artesanato e, quando possível, participar também. Até em outros municípios da região e na capital. Não somente pela venda

QUEM FEZ ESTA EDIÇÃO voce@jornalahora.inf.br

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e divulgação do meu trabalho, mas para conhecer pessoas com os mesmos interesses e fazer novos amigos. É interessante perceber que as pessoas não veem mais o artesanal como aquele estereótipo de “xale da vovó” e sim como uma coisa que pode ser moderna. Como iniciou a atividade? Quando tinha 8 anos, minha madrinha me ensinou a bordar ponto-cruz. Minha mãe sempre foi “tricoteira” dedicada, e eu via ela fazendo blusões e peças lindas e exclusivas para a família toda. Não demorou muito para me interessar pela técnica. O gosto pelo crochê veio depois dos 20 anos e hoje é o mais trabalhado nas minhas peças.

Como concilia com a rotina? Eu trabalho e estudo, então, sobra pouco tempo para o artesanato. Produzo bastante à noite, quando volto da aula, e em fins de semana. É necessário conciliar com o chimarrão com a família e os cadernos da faculdade. Para todo lugar que vou,

Para todo lugar que vou, levo uma sacola com algum artesanato em andamento.”

Artesanato A prática milenar do artesanato faz parte da cultura brasileira e revela as tradições e características de cada região. Essa forma de arte se modernizou ao longo dos anos e agora recebe influências da cultura pop. Assim é o trabalho da lajeadense Fernanda Marmitt, 31, estagiária na Univates. Sua empresa, Lhama Que Trama, oferece trabalho que foge do tradicional. Com inspiração em filmes, jogos e celebridades, seus bonecos, almofadas e chaveiros recebem formas que não se espera encontrar em crochê.

levo uma sacola com algum artesanato em andamento. Aconselharia outras pessoas a praticar também? Por quê? Super aconselho. É muito gratificante ver as pessoas elogiando seu trabalho. Por fazer um artesanato muito voltado às crianças, é delas que recebo os elogios mais lindos e sinceros. Para quem quer começar, a dica é ter paciência. Nem sempre as peças saem como se imagina logo na primeira tentativa. Para ter a “mão firme”, são necessários anos de prática. Mas nem tudo são flores no artesanato. Muitos não se dão conta de que os bonecos não são feitos em máquina, e sim teve a “receita” desenvolvida por uma pessoa que se dedicou aquilo.

Agenda de eventos 21/9 Espetáculo 40 segundos Local: Teatro do Sesc. Horário: 20h Criada por Fernando Tepasse e pelo grupo O Espanto XI, 40 segundos quer sensibilizar a plateia para o bullying. De forma simbólica, a peça mostra diversos tipos de agressões e foca no bullying virtual. Recentemente, participou do Festival de Esquetes Teatrais de Novo Hamburgo e conquistou prêmios, entre eles, de melhor espetáculo.

21/10 Show Duca Leindecker – Acústico Local: Teatro do Centro Cultural Univates. Horário: 21h30min O Teatro Univates recebe a turnê acústica de Duca Leindecker. Ele é compositor, instrumentista, cantor e escritor. Iniciou a carreira artística aos 13 anos, tocando na noite de Porto Alegre. Depois, formou a banda Cidadão Quem ao lado de irmão Luciano e do baterista Cau Hafner. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do Teatro Univates.

Direção Editorial e Coordenação: Fernando Weiss - Produção: Tammy Moraes - Arte: Gianini Oliveira e Fábio Costa Foto de capa: Anderson Lopes - Tiragem: 7.000 exemplares. Disponível para verificação junto ao impressor (ZH Editora Jornalística)

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Fala Doutor

Relacionamentos virtuais: expectativas a distância ANDERSON LOPES

Sites e aplicativos para conhecer pessoas ajudam tímidos e facilitam a conexão entre pessoas LGBT. Mas a relação on-line deve ter diálogo e sinceridade

C

om o avanço da internet, as maneiras de buscar o “par perfeito” mudaram e se adaptaram às novas tecnologias. Aplicativos como o Tinder, que promove o encontro entre duas pessoas baseado na proximidade, tem dez milhões de usuários em todo o mundo. Segundo a psicóloga Rebeca Katz, os aplicativos e sites de relacionamento propiciam distância ao par. “Eles não se conhecem de verdade.” A maioria inicia a relação escolhendo a pessoa a partir de uma foto. “Significa que são obrigados a optar por alguém somente pelas características físicas.” Nas imagens, é comum estarem produzidas e utilizarem os ângulos que mais as favorecem. “Ninguém coloca uma foto sua depois de acordar.” Segundo Rebeca, pode

acontecer de as expectativas não serem supridas e é importante estar disposto a lidar com isso. As ferramentas on-line propiciam às pessoas não se conhecerem verdadeiramente. “Pode-se criar hipóteses de como é a pessoa, mas nada além disso.” Mas há quem queira se envolver sem aprofundar a relação. Outros colocam todas as expectativas de encontrar alguém nas conexões feitas por meio dos aplicativos e sites. A psicóloga diz que os rela-

Apoiadores

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cionamentos amorosos atuais estão reproduzindo um comportamento contemporâneo de ansiedade. “Levar a vida a mil por hora reflete em todos os âmbitos.” Mas basta deixar os extremismos de lado para possivelmente ter uma boa experiência com os aplicativos, acredita. “Com cautela, a investida vai da expectativa de cada um.” A Hora – Existem vantagens no uso de aplicativos e sites de relacionamentos? Rebeca Katz – Pensan-

Os aplicativos e sites de relacionamentos amorosos banalizaram a rejeição ao outro. A plataforma digital facilita a forma de terminar relações. Para lidar bem com isso, vai da autoestima de cada um

do em alguns pontos, o uso desses aplicativos é bastante válido. Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT), por exemplo, podem ter dificuldade em encontrar parceiros, principalmente em cidades pequenas. Correm o risco de se interessar por alguém e isso não ser recíproco. Além disso, em alguns casos, as pessoas abordadas podem se sentir ofendidas e serem agressivas. Porque o homem abordar uma mulher é socialmente aceito. O contrário está se tornando mais aceito. Mas pessoas do mesmo sexo se relacionarem não é. Então, esse indivíduo LGBT pondera muito antes de se colocar em uma situação de risco. Também penso nas pessoas que são rejeitadas e por conta disso ouvem piadas dos amigos. Com o aplicativo, elas têm uma forma de flertar sem se sentirem constrangidas. O aplicativo e site podem auxiliar no momento do flerte? Rebeca – O jogo da conquista é tentador. O aplicativo serve bastante para esse momento. Para quem gosta disso, é preciso se propor, se abrir às possibilidades. Quando alguém que quer isso encontra alguém que não quer,


Coluna

pode criar um entrave. É necessário saber lidar com isso. Os aplicativos e sites facilitam na questão de lidar com a rejeição? Rebeca – O próprio sistema faz com as pessoas não lidem com a rejeição: basta passar para o lado, excluir, não responder. É uma forma absurda de escolher alguém. O que está sendo dito nessas entrelinhas? Do outro lado, a pessoa ser rejeitada é uma situação muito mais fácil do que se ocorresse pessoalmente, por exemplo. Não há problema em fazer isso, mas se a cada vez que o outro demora a responder no chat a pessoa entra em crise, pode ter algo errado. Saber lidar com isso tem muito a ver com a autoestima. Mas as pessoas podem ser afetadas de maneira muito forte, mesmo por uma relação por meio de um aplicativo. O quanto a clareza e o diálogo são importantes em relacionamentos por meio de aplicativos e sites? Rebeca – A “armadilha” ocorre quando uma pessoa está disposta a uma coisa, e a outra não. Elas não estão em sintonia, e não estão prontas para se darem conta do que podem fazer uma com a outra. Quando começam a utilizar aplicativos de relacionamento, se está focado em seus próprios interesses. O diálogo é importante. Você não tem como saber qual é a expectativa do outro. Por isso, começar conversando é bom. As pessoas dispostas a terem somente uma noite de sexo conseguem logo

expor isso, enquanto as que querem algo sério têm receio de dizer. O medo da rejeição é tamanho a ponto de mentirem para si. Esse impasse é autodestrutivo. Parece que a autoestima está sempre por um fio. É preciso se perguntar o motivo de a expectativa estar tão alta. O porquê de projetar tanto em um aplicativo de celular esperando que aquilo de alguma maneira “salve” sua vida amorosa. A dica para encarar com

As pessoas podem ser afetadas de maneira muito forte, mesmo por uma relação por meio de um aplicativo.” Rebeca Katz, psicóloga

tranquilidade é ver alguém que considera interessante se propor a conhecê-la e ser claro sobre seus sentimentos. Quando o uso do celular é contínuo por um dos lados de um relacionamento pode criar algum atrito a ponto de terminá-lo? Rebeca – Nesses casos, as pessoas podem estar culpando muito o aparelho. Se a relação não suporta isso, então o problema não é o celular. Agora, se a pessoa está comprometida com você e mesmo assim em busca de pessoas novas por meio de aplicativos ou sites, então não precisa que termine com você. Você mesmo pode fazer isso. E essa é uma queixa muito comum hoje. Eu chamaria de uma necessidade promíscua. Não no sentido de estar com várias pessoas, mas de ter a necessidade de não saber o que quer. Os relacionamentos hoje estão refletindo a forma como a vida é levada. As pessoas estão cada vez mais intolerantes, com frustrações nas questões cotidianas. Estão atrapalhadas para descobrir o que querem e por quanto tempo. A tecnologia propicia aquela ideia do “escondido é mais gostoso”. Porque a pessoa está com o celular e pode fazer isso do lado do parceiro, não precisa necessariamente ir a uma festa, por exemplo. Mas se a pessoa que está no celular, onde só se vê uma foto dela, ficou mais interessante que a pessoa que está do lado, pode ter algo errado. Nesses casos, é comum que a busca seja por algo mais simples e efêmero.

Entendendo um pouco sobre o exame PET CT Muito se comenta sobre o exame chamado PET CT. Algumas pessoas, inadvertidamente, pensam que ele é capaz de fazer aquele tão sonhado “chekup” capaz de diagnosticar pequenas lesões malignas ou pré-malignas. Essa talvez seja a grande expectativa da comunidade médica mundial e da própria sociedade civil. Do ponto de vista prático, esse exame realmente representa um grande avanço em algumas condições clínicas, sobretudo, no que diz respeito ao câncer. Vou tentar explicar um pouco sobre o exame e quando ele pode ser feito de forma a realmente ajudar no enfrentamento do câncer. Uma característica das células tumorais é a sua grande avidez por glicose (um dos seus principais alimentos), muito maior do que aquela das células normais do nosso corpo. Aproveitando essa peculiaridade, os cientistas desenvolveram uma estratégia: injetar no corpo do paciente essa mesma glicose, agora conectada a uma molécula de flúor; tornando-a assim brilhante para o aparelho de tomografia. O tomógrafo comum é capaz de ver apenas lesões, alterações passíveis de mensuração, e não necessariamente malignas. Aqui já temos uma grande diferença entre a tomografia convencional e o PET CT: a tomografia mede apenas lesões, enquanto o PET CT pode medir grupamentos de células, ainda não adequadamente mensuráveis. Afinal de contas, quando há indicação do PET CT? Primeiramente, deve ficar claro que esse exame NÃO deve ser feito como um exame de chekup, jamais. Em segundo lugar, temos de dividir as suas indicações naquelas em que a Agência Nacional de Saúde regulamentou junto aos planos de saúde ou até mesmo junto ao SUS, e naquelas em que há algum fundamento técnico médico, mas ainda não há cobertura pela lei. Para finalizar, reflexões científicas à parte, me pego mais uma vez em devaneios sobre as relações entre o médico, os pacientes e as suas famílias. Tarefa por vezes simples e por vezes extremamente complexa. A verdade é que tudo é um aprendizado. Tenho mudado a minha percepção sobre o câncer: seria ele um tipo de aprendizado forçado para a evolução da humanidade no seu sentido maiss espiritual ou sentimental? Não sei, mas que isso tem me intrigado não tenho dúvidas. Agora de volta com a coluna, fraterno abraço braço a todos leitores.

Leandro Brust oncologista

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Sociedade FOTOS TAMMY MORAES

Veganismo: estilo de vida A terceira edição da Feira Vegana em Lajeado ocorreu no sábado passado. No evento, estiveram à mostra alimentos e cosméticos veganos, além de livros, DVDs e bolsas. A feira contou ainda com a apresentação do documentário Sons Que Falam, de Natasha Erthal. Após a exibição, ocorreu roda de conversa sobre o filme com Jane Mazzarino. Apresentações musicais animaram os visitantes durante todo o dia.

João Pedro da Silveira e Sophia Schneider

Natasha Erthal e Jane Mazzarino

EDUARDO AMARAL

Arte no espaço público Mais uma edição do Arte na Praça, evento que se consolidou em Lajeado, ocorreu no domingo, 11. A novidade foi o espaço dos colecionadores que trocaram objetos e experiências. Entre os músicos que animaram a tarde, estiveram Emerson & Edelmir, Kelly Carvalho e Daniel Schaeffer e a banda About Owls & Folks.

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FOTOS TAMMY MORAES

Adriana Frozza e Wanderlei Frozza

Luísa, Simone e Sergio Schneider

Noite de música A banda General Rock animou o público com o melhor do rock nacional e internacional nessa quarta-feira. O Pratas da Casa ocorreu no teatro do Sesc Lajeado. Os ingressos foram trocados por um quilo de alimento não perecível, em prol do Mesa Brasil.

Raquel, Tutti e Sérgio Stagemeier

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DIVULGAÇÃO

Moda

Traços singulares: óculos ideal Rosto quadrado e retangular – Tem o maxilar largo, quase do mesmo tamanho da testa. Óculos aviador O modelo aviador é o óculos ideal para esse formato de rosto. As extremidades arredondadas ampliam a área dos olhos e suavizam os contornos mais rígidos do rosto. A dica é deixar as sobrancelhas aparentes.

Rosto redondo – Sem ângulos definidos, é largo na linha das maçãs e tem cantos suavizados.

Rosto oval – Largo na linha das maçãs, é estreito em direção ao queixo e à testa. Todos os modelos de óculos O rosto oval não tem restrições e pode usar qualquer modelo de óculos. A forma harmoniosa não evidencia testa, queixo e maxilar. Mas é preciso atentar ao tamanho do rosto para não perder a expressão facial com óculos muito grandes ou muito pequenos. Para adeptos de um visual discreto, as armações de cor próxima à tonalidade de pele são apropriadas.

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Óculos quadrado e retangular Um dos formatos de rosto mais difíceis de encontrar o óculos ideal, o segredo para combinar com o rosto redondo é usar armações mais retas, retangulares e quadradas. Evite linhas arredondadas, para não acentuar os traços. Dessa forma, as áreas da testa e do queixo ficam equilibradas. O modelo gatinho, que combina com todos os formatos de rosto, também é indicado.

Óculos da Chilli Beans


Duas mulheres no altar Dionara e Paula tiveram o casamento dos sonhos. Durante o namoro, enfrentaram juntas as adversidades. O casal foge do padrão de família tradicional e sente um amor sem distinções

O

cenário está pronto. Convidados esperam a cerimônia. Flores, enfeites brancos. Tudo remete a um casamento tradicional. O diferente é que se tratam de duas noivas. Paula Bagatini, 37, e Dionara de Lima, 24, se casaram em um dos pontos mais bonitos de Colinas em um sábado de sol. “É um laço forte, para a vida toda”, reforça Paula. De conversas despretensiosas pela internet, nasceu um amor que foge aos padrões estabelecidos pela sociedade. Do início do romance, veio a certeza de terem interesses em comum e a necessidade de ficarem juntas. O primeiro encontro ocorreu semanas após a aproximação pelo Facebook. “Foi em uma segunda-feira, no Parque dos Dick”, relembra Dionara, sem especificar data. Na ocasião, uma sensação única. Parecia que se conheciam há muito tempo. Disso veio a certeza. Nasceram para ficar juntas. Para tanto, precisavam mostrar esse sentimento à sociedade. O casamento era questão de tempo. Começaram a organizar a cerimônia no fim do ano passado. A iniciativa veio de

Paula, que propôs o noivado à namorada. Dionara pensou se tratar de uma brincadeira. Mesmo assim, resolveu levar a proposta adiante e surpreender Paula com as alianças. “Fui até ela com os anéis em uma caixinha e disse para levar a ideia a sério.” O noivado oficial ocorreu em agosto de 2015 e em outubro iniciaram os preparativos da cerimônia do casamento. Dionara ficou encarregada de organizar o evento, enquanto Paula ajudou nas decisões. O documento de homologação, necessário para oficializar o relacionamento, foi obtido com três meses de antecedência. Durante o casamento, o protocolo civil ficou a cargo de um juiz de paz. O casal e os padrinhos assinaram o restante dos documentos necessários. Católicas, Paula e Dionara fizeram questão de ter também uma cerimônia religiosa, feita por um ministro.

Família não tradicional Em sua família, Paula sempre encontrou apoio. Quando se assumiu gay, na adolescên-

cia, teve acompanhamento psicólogo e apoio das madrinhas e da mãe. “Minha família é tradicional, e tudo isso os ajudou a lidar mais facilmente.” Desde então, resolveu não esconder quem realmente é. “Me recusei a viver um personagem para agradar a sociedade.” Hoje, a relação entre todos é boa. “Minha mãe considera Dionara como uma segunda filha.” Filho de Dionara e fruto do primeiro relacionamento, Gabriel, 5, considera Paula uma segunda mãe. Todos moram na mesma casa e a convivência se tornou parte da rotina. Para Dionara, o conceito de família é de quem cria e educa, sem importar a orientação sexual. Como a educação começa em casa, não falta amor nem orientação ao pequeno Gabriel. Ainda que fujam do padrão, acreditam que os laços familiares são essenciais para a vida da criança. Por sempre ter sido independente da família, Dionara não deixou os pais influenciarem na vida amorosa. Quando se assumiu lésbica, a família não aceitou. “Minha mãe sempre soube. Mas ela não me levava a sério por eu ter me relacionado com um homem e ter tido um filho.” Com o tempo, a convivência melhorou e hoje Paula é bem-vinda na casa dos parentes da companheira.

Preconceitos e preocupações Me recusei a viver um personagem para agradar a sociedade.” Paula Bagatini

Dionara conta que, apesar de não esconder o relacionamento, o casal prefere não fazer demonstrações de afeto em público. Só o fato de serem lésbicas atrai atenção. “Também é uma questão de respeito. Qualquer excesso

ANDERSON LOPES

Comportamento

Paula e Dionara tinham o sonho de oficializar o relacionamento por meio do casamento. Para elas, o ato é um compromisso para a vida toda

em público é ruim. Inclusive de casais heteros”. A preocupação com a imagem é constante. O preconceito faz parte da rotina. Para romper essa barreira, optam pelo diálogo. Dionara conta que é comum ouvir que “é bonita demais para ser lésbica”. “Essa ideia machista não tem coerência. Não escolhemos a quem amar.” Paula ainda complementa: nascemos assim. Os comentários pejorativos também recaem sobre Gabriel, como se a relação entre Dionara e Paula pu-

desse influenciar a orientação do menino quando crescer. “Isso é um absurdo porque eu sou lésbica e não fui criada por duas mulheres”, diz Dionara. Segundo ela, o preconceito enfrentado por pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) faz parte de um pensamento arcaico da sociedade, perpetuado entre gerações. “Existem muitos jovens que reproduzem esses ideais porque aprenderam com os pais e avós.” Segundo Paula, os casais heteros que costumam ser infiéis ajudam a alimentar a ideia intolerante. São pessoas que têm casamentos “de fachada”, mas têm amantes do mesmo sexo. “A vida é muita curta para viver de aparências.”

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CARLOS DULLIUS/ARQUIVO PESSOAL

Na cozinha

Produção de queijos artesanais vira tema de curso Alunos aprendem sobre a história dos queijos e forma de fazer a iguaria

A

fabricação de queijos artesanais será o foco de um curso de extensão oferecido na Faculdade La Salle, em Estrela, nos dias 23, 24 e 30 deste

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mês, com previsão de novas turmas para outubro e novembro. Segundo o ministrante do curso e microbiologista Carlos Dullius, a ideia está ligada à necessidade do desenvolvimento

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de produtos lácteos na cadeia leiteira do RS. Dullius acredita que a transformação da matéria-prima do leite é uma das melhores maneiras de agregar valor ao produto final. Dessa forma, o curso busca dar conhecimento para produtores rurais interessados em ampliar a renda por meio do empreendedorismo. Mas todos são bem-vindos na cozinha: desde amantes de queijo a interessados por gastronomia. “Além do prazer da degustação, a prática pode incentivar novos negócios dentro da linha gourmet.” Para o microbiologista, os municípios de Estrela, Teutônia e Lajeado carecem de lugares especializados em queijos para atender a quem vem de fora. “Anualmente, mais de dez mil turistas vindos da Região Metropolitana passam pelo local.” Segundo ele, esse é um nicho que pode se tornar rentável ao envolvidos na rota turística. A experiência de Dullius veio enquanto fazia doutorado em Microbiologia pela Universidade de Konstanz, na Alemanha. Durante o período que morou lá, fez cursos de fabricação de queijos artesanais e finos na região de Allgäu, uma das mais tradicionais produtoras de queijo do país. “Morei lá por sete anos e durante esse tempo experimentei e aprendi sobre uma variedade de queijos.” O curso ministrado na La Salle será teórico e prático. Durante os ensinamentos, Dullius aborda aspectos his-

tóricos da origem dos queijos e processos que compreendem as etapas da produção. Depois, cada aluno faz um queijo e leva para casa para degustar com a família. Apesar de ser um módulo básico, dá a base para quem tem interesse em iniciar um negócio no ramo. “A mistura de ervas e temperos vai da imaginação do aluno.” O microbiologista ensina também tipos de ingredientes e fermentos a serem utilizados. Aborda o tema das bactérias lácteas, que desenvolvem funções de dar sabores e aromas diferentes ao queijo. Dullius conta que haviam entraves aos produtores de queijos artesanais. “Existiam problemas no passado pois a legislação vigente no país contemplava empresas que processam grandes quantidades de leite por dia.” A legislação foi ampliada e atualmente permite também que pequenos produtores, certificados pelos órgãos competentes, possam entrar no ramo. Estes precisam ser submetidos ao processo de maturação, que é o caso da maioria dos queijos artesanais e queijos finos. Módulos seguintes que abordam a fabricação de queijos artesanais finos, como camembert e gorgonzola, estão sendo estruturados. Dullius já pensa em novas parcerias. Quer conquistar o público que gosta de vinhos e cervejas artesanais. “As combinações possíveis entre o alimento e a bebida são muitas.”






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