Jornal A Ilha N-01

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Jornal A ilha - Ano 0 - N0 1 - Agosto 2012

Cultura

A força dos nossos pagodes

Grupos Nova Era e Muitos Amigos

Festa de São Roque

O que pensam os jovens da ilha?

Marcelo Cardoso

Fábio Borges

Das onças do sertão às garças de Paquetá

Neusa Mattos Lentes sobre a ilha

Esportes

70 Campeonato de futebol Rafael Coimbra

Saúde

Promoção da Saúde

Pedro Jonathas

Entrevistas

José Lavrador

O homem por trás da Casa de Artes

Ednard Pereira (Ed) O que será a cooperativa de táxis

Diversão

Programação A ilha não tem nada???

Roteirão

Emconversainformalcomquaseoitenta jovens entre 14 e 19 anos, moradores de Paquetá, podemos perceber que o despreparo e falta de informação são problemascorrentesnailha.Osassuntos abordadosforam:escola,relacionamento com os pais, sexo, drogas, diversão e idéias gerais sobre a comunidade. Em um primeiro contato com um grupo de quatrojovensoquesurpreendeéaforma natural com que eles discorrem sobre temaspolêmicoseaomesmotempotão banaisnessebairrodoRiodejaneiro.Dos quatro jovens (três moças e um rapaz) nenhum deles usa preservativo em suas relações sexuais.

“Acho desnecessário”, diz F, 16 anos. “Aqui na Ilha não tem perigo e, além do mais, eu só fico com meu namorado.”Já M.de14anos,costumanamorarnaPedra daMoreninha.Nãousapreservativopois “não faz nada demais”. O único rapaz do grupo, G., 17 anos, acha importante usar o preservativo, mas não usa porque “é caro e não é sempre que tem no Posto de Saúde”. Leia mais nas páginas 8 e 9

Educação O principal problema de Paquetá


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Cartas Editorial

Escreva para cartas@jornalailha.com.br

Amigos: CommuitasatisfaçãoapresentamosavocêsoprimeironúmerodeAIlha,jornaldirigidoàcomunidade paquetaense.Esperamos,sinceramente,queelecumpraumpapelimportanteemnossaqueridailha. Não há muito o que dizer nesse primeiro editorial, a não ser que estamos ansiosos pelos resultados, pela receptividade e pela integração da comunidade com o jornal. A presença em Paquetá de um veículo como A Ilha, certamente vai mexer com a auto-estima da população. A Ilha é um presente para todos nós. Agradecemos nominalmente a adesão dos comerciantes de Paquetá. Obrigado Bibi Lanches, PHC Fitness, Nativa, Meu Cantinho, Locadora de DVD, Eliane Machado, Hotel Lido, Tia Leleta, Zeca´s, Depósito Dois Irmãos, Recanto São Jorge, Pousada Acordes ao Luar, Seresta do Doutor, Lanchonete PontodeEncontro,SecerinoCabeleireiro,BazarSonhoMeu,LanchoneteSãoRoque,EdirCharreteiro, QuentinhadaCássia,SergioCasado,CarlosBria,JoãoBosco,Kikolândia,WalderiMercearia,Adenildo Cabeleireiro,MarceloChaveiro,NairaEventos,CharreteirosTiagoeRoberto,DomingueiradoDoutor. Açaí daTia Lloyde, Força e Brilho, Bar da Carminha, Bar do Manel, Hotel Farol, Dario Koplin, Empório Moda e Estilo, Atelier Feng Schui, Balneário Nacional, Padaria do Manduca, Bar da Dejane, Ilha dos Amores, PEC e Bazar da Vilma. Muito obrigado. Sylvio de Oliveira

Editor: Sylvio de Oliveira Projeto gráfico e diagramação Sylvio de Oliveira Fotografias Claudio Santos, Neusa Mattos, Fabio Borges

Pra frente, equipe! Que seja muito bom pra ilha o seu jornal. Rafael Padula Muitosanossepassaramdesdeoúltimojornalquea ilha teve até que nasceu essa iniciativa maravilhosa. Espero que o jornal cresça e ajude a ilha a crescer. Flávio Grandeabraçoeobrigadopeladivulgaçãodenosso trabalho. Marcos Santos Umjornalésempreútilparaqualquercomunidade.E a Ilha de Paquetá, com sua carência de coisas boas, vai ficar muito feliz com esse projeto. Maurício TorcendoparaojornalAIlhadeslancharetrazermuita coisa nova para Paquetá. Carlos Nem

Expediente JORNAL A ILHA Publicação mensal, número1, agosto/2012

Parabéns pela iniciativa. A ilha estava mesmo precisando de seu próprio jornal. Só sucesso! Sonia Santanna

Agradecimentos: Rosa Maria Corrêa Luã de Aquino Carlos Freitas Denise Reis Eneida Virgílio Maria José Amorim Irineu Lins Rafael Padula

Relações públicas Fatinha

Contatos Com o editor: sylvio@jornalailha.com

Organização de eventos Sonia Santanna

Para envio de correspondência: cartas@jornalailha.com

Jornalista responsável André Villas-Boas. Reg. Prof. n0 18583

Para envio de classificados classificados@jornalailha.com

Representante comercial Rafael Coimbra

Para anunciar comercial@jornalailha.com

Tiragem 2.000 exemplares

ACESSE NOSSO SITE www.jornalailha.com

Demorou!Viva Paquetá! Iniciativas como essa é que fazem um bairro crescer e melhorar. Luã Miranda

Profa Simone Villela Ginástica localizada - Jump - Step Rua Pinheiro Freire, 34

NATIVA

Bar e Creperia Sexta a domingo, das 19 às 02h Aos sábados, sessão de cinema

Praia José Bonifácio, 67


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Luar de Paquetá o que rolou na noite

Domingueira do Doutor fotos: Claudio Santos As Dominguetes: Thamirys, Aliny, Diene, Luana, Tuany, Joyce e Tatiane

Os Dominguetes: Felipe, Glênio, Luis, Diego, Kalunga, Sergio, Paulo e Thiago

Isolete, Carla e suas pupilas

Sr. Eudúcio e D. Ilma curtindo o som

Paulão e família curtindo a Domingueira

Carminha e Fábio, só alegria.

Dr. Pedro Jonathas e os artistas do Trinidance

Luis Cláudio e família

Inauguração do Arte Eclética fotos: Fabio Borges

Arraiá da Pérola da Guanabara fotos: Neusa Mattos (NM) e Fabio Borges (FB)

A decoração esotérica é um dos pontos altos do bar. Sempre elegante, o querido Alfredo (NM) A beleza das bandeirinhas e lanternas (NM)

Fatinha e família

O coreto de roupa nova (FB)

Ruth e o poeta Marcílio

A anfitriã, de dourado, degustava vinho e caviar


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NO GRAMADO

O que vai pela Ilha ESCOLA CHEGANDO Parece que agora sai. Depois de muitos anos de transtorno para pais, alunos, professores e para a população de maneira geral, a Escola Municipal JoaquimManoeldeMacedoDEVEserinauguradaem pouco tempo. A reforma da escola está em fase final de acabamento e as autoridades afirmam que estará pronta aindanestemês de agosto. O visual está bem interessante e as instalações são bastante modernas (foto: Fabio Borges) MANIFESTAÇÃO Manifestantes fizeram protesto dia 29 de junho em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),pedindopuniçãoparaoassassinatodeAlmire Pituca,doispescadores da ilha. O manifesto foi assinadoporinstituições dedireitoshumanos.No documento,osrepresentantesexigemaimediata investigação do assassinato.. Os pescadores eram integrantesdaAssociaçãodosHomensdoMar da Baía de Guanabara, entidadequedefendea pesca artesanal. A polícia investiga se o crime tem relação com o local onde as vítimas pescavam, uma região cheia de currais - armadilhas usadas para capturarpeixes..Amigosdospescadoressuspeitam queamortetenhasidocausadaporumadisputapor áreas na baía de Guanabara. A ILHA E A MÚSICA OViolinista Luca Kevorkian - 12 anos, aluno de Carla RincónnoProjetoBemMeQuerPaquetá,conquistou no último dia 03 de julho, o 2° prêmio no Concurso Internacional Cidade do Fundão - Portugal - Nível III. LucaéospalladaOrquestraJovemPaquetáeparticipa agora de seu primeiro Concurso Internacional. Bem Me Quer Paquetá é um projeto de capacitação pormúsicadeconcerto, artes integradas e cidadaniaparacriançasejovensdaIlhadePaquetá, A iniciativa é da Casa de Artes e o patrocínio, da Petrobrás. (foto: Neusa Mattos)

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES - MORENA

Timenovonailha.Trata-se doMoreninha,reuniãodo pessoalquejogavapelada na praia. O time começou bem. Apesar de ser seuprimeirocampeonato, classificou-se para a final. Promete dar trabalho no decorrer do campeonato. (foto: Claudio Santos)

O Diretor Geral da associação, tendo em vista um compromisso que tomará todo o tempo enãodispondodeumhorárioparasededicarà Morena,iránaconvocarumanovaeleiçãoainda este ano. Será criada uma comissão eleitoral que realizará todo o processo.

PRAIA LIMPA Segundo o boletim de balneabilidade daspraias,divulgado pelo INEA, 12 praias do Rio de Janeiro estão recomendadas para o banho: Barra, Recreio, Grumari, Pontal de Sernambetiba,Prainha, Arpoador, Diabo, Leblon, Ipanema, Copacabana, Leme eVermelha.NaIlhadePaquetá,foramrecomendadas: Imbuca e Moreninha. (foto: Fabio Borges) CEDAE AGILIZA OBRA Em andamento a ampliação do sistema de esgoto sanitáriodePaquetá,comacréscimode100litrospor segundo na vazão e investimentosdeR$ 19 milhões. A obra estaráconcluídaem 2 anos. É prevista a instalação de uma linha de recalque submarina de 9500 metros que levará o esgoto da ilha até a ETE São Gonçalo, onde receberá o tratamento adequado. MAIS DOIS ESPAÇOS GASTRONÔMICOS AIlhaganhoudoisnovosespaços.OArteEcléticaveio preencherumalacunanavidaculturaldePaquetá.Além de petiscos dos deuses e drinks especiais, o espaçoestáaberto a exposições, performances teatrais e música. Sob a direção de Fatinha, o espaço funciona na Rua Tomás Cerqueira, 80. O Bistrô eTorteria Doce Mel funciona na casa da Rua MaestroAnacleto,130.Embaixo,tortasesalgadinhos esplêndidosfeitospelaMariana,donadoespaçojuntamente com seu marido Paulo. Em cima um bistrô nomelhorestilo,comcardápiodiferenciadoemuita animação com videokê para a diversão dos clientes. (foto: Fabio Borges)

GostaríamosdedizeràcomunidadequeaMorenaquandoassumimosestavatotalmentesem representação.Hojeelaseencontraregistrada, sua luz foi restabelecida e conseguimos junto a Igreja o espaço “Levas meio”, para que ali se instale futuramente, se a população assim desejar, a nova sede. Agradeço o apoio de todos, desejando muito sucesso. Pensamento: “A política é do povo, como a praça, se o povo não faz política ela consegue fazer o povo” MORENACONVOCATODOSOSMORADORES PARA A CRIAÇÃO DE CHAPAS Edson Teixeira

NOTINHAS COM NOTAS NOTA ZERO - Para a administração do serviço de barcasesuasnovasnormasderepressãoàpopulação. Atualmente,nemcriançaspodembrincarnasbarcas. NOTA ZERO - Para a proibição dos bailes no Club Municipal. NOTA DEZ - Para o trabalho eficiente da Comlurb na Ilha de Paquetá

DIRETO DO FACE Nosso querido Zarur, que sofreu um acidente e está emrecuperação,estácom a maior torcida no Facebook para o seu breve retorno. Paulo, tu és forte, parceiro. Força! Ricardo Fontis Grande Zarur! Luiz Guilherme de Souza Elejáestáparavoltar,tudoestáseencaminhando melhor. Aline Durand Pois é, meu primo querido.Tá na hora de voltar. Tonho Duarte Estou rezando muito por você. Nós todos te amamos. Bjs de sua amiga de sempre e de tantos anos. Liliane Mundim Melhoras para você. Rosalina Soares

PAISAGEM DO MÊS Crepúsculo visto da Pedra da Moreninha, por Fábio Borges


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Fotografia

NEUSA MATTOS Neusa Mattos, a Neusinha, queridíssima na Ilha, é fotógrafa e das melhores. A fotografia é uma paixão antiga, de família. Seu pai já amava a arte de fotografar. Neusinha fotografa há muito tempo e teve sua formação pelo SENAC. Estudou desenhonoParqueLage,croqui,naturezamorta,corpohumanocommodelovivo e várias outras técnicas. Éprogramadoravisualedesenvolvelogotipos,folders,folhetosecartazes.Também trabalhacompinturaemodificaçãodemóveis,desenvolvendopeçascomcaixotes tais como estantes bares etc. Seutrabalhocomfotografiaébastanteeclético.Neusinhafotografapessoas,construções, animais, paisagens. As de Paquetá são impactantes.

Eventos A Festa de São Roque

Marcelo Cardoso

Segundo Monsenhor Pizarro, a devoção de São Roque foi introduzida em Paquetá por Manuel Ferreira Camelo,quefoiquemconstruiuacapelinhaoriginal dessesanto,em1698.Elafoiinauguradaebentanesse mesmoano,nodia24deNovembro,peloPadreManoel AntunesEspinha,queeraentãovigáriodaigrejadeN.S. da Piedade, em Magé, a qual, administrativamente, estava subordinada à Ilha de Paquetá. Conta-nosahistóriaqueSãoRoquenasceuemMontpellier, na França, no ano de 1295 e que era filho de um nobre fidalgo, chamado João, e de Libéria, mulheracostumadaalongasecontinuadasorações, que frutificaram na vocação religiosa e na prática da piedade do seu filho. S.Roque ficou órfão aos 20 anos de idade e desde entãodistribuiutodososseusbensentreospobrese dedicou-se a ajudar os enfermos e, em especial, aos atingidosporepidemias,comoapesteque,naquela época, se espalhava por toda a Europa. Consta que êle também veio a ficar doente e que para não ser molesto a ninguém, arrastou-se até um bosquepróximoaondehaviaumachoupanaabandonada e resolveu ficar ali até que aprouvesse a Deus restaurar-lhe a saúde. E foi então que aconteceu um fato surpreendente e que é considerado o primeiro grande milagre desse santo: Todos os dias um cão retirava da mesa do seu dono, Gotardo,umpão,quecarregavaentreosdenteselevavaparaS.Roque,paraquelheservissedealimento e,assim,asuasaúdepudesseserrestaurada.Umdia, Gottardoresolveuseguiroseucachorroefoientãoque encontrou S.Roque, a quem acolheu na sua casa até queêleserestabelecessecompletamente.Dizemque ondehouvessequalquerepidemia,asimpleschegada de S. Roque fazia com que ela fosse debelada e foi

por isso que êle ficou conhecido como protetor das doenças epidêmicas e, em especial, da peste. São Roque é comemorado no dia 16 de Agosto e a origemdasuafestaemPaquetáestátambémenvolta numa atmosfera lendária: SeManuelFerreiraCamelofoiointrodutordadevoção de S. Roque em Paquetá, consta que D. João VI, o Príncipe Regente de Portugal, teria sido o fomentador da sua festa quando, em 1808, vindo à nossa Ilha para fazer uma promessa a S. Roque, que era o santo da sua devoção, encontrou um grupo de fiéis, aoredordacapelinha,discutindoarespeitodecomo poderiamfazerparaconseguirosmelhoramentosde que ela precisava e consta, então, que D. JoãoVI, por essarazão,instituiuumDecretoRealpeloqual,todos os anos, naquela mesma data, deveria ser realizada uma quermesse cuja renda reverteria sempre para as benfeitorias necessárias para a preservação da capelinha do seu santo protetor e, desde então, tem acontecido assim. De um modo geral a Festa de São Roqueésemprerealizadanasemanade16deagosto, na Sexta, Sábado e Domingo daquela semana, mas muitas vêzes já aconteceu dela durar muito mais tempo como, p. ex., em 1979, quando foram 15 dias de festejos, com a participação de grandes nomes da música popular, como Silvio caldas, Elizete Cardoso,JoãoNogueiraemuitosoutros, alémdastradicionaisbarraquinhas comquermesses,prendas, rifas, gulozeimas, brincadeiras, corrida

de bicicleta, procissão e missa solene na capelinha do santo padroeiro: tudo com muita música e fogos de artifício. No século passado essa festa era uma das principais atrações populares do R.J., com afluência de centenas de barcos e de faluas embandeiradas e garridamente engalanadas com flores e folhagens, fazendoafluirgentedoslugaresmaisdistantes,mas hojeoscostumesmudarameaprópriafestatambém mudou. Mudaram o seu colorido, o seu ritmo e as suas atrações ... Mas ainda participam dela todos os saudosistas, curiosos e adeptos dessa devoção e ela continua a ser uma festa muito bonita e que concorre com as demais atrações da vida moderna. Este ano, a festa acontece nos dias 17, 18 e 19 de agosto.


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Artes Plásticas

FÁBIO BORGES Nasceuem4demaiode1959, em Nova Aurora -Goiás. A vocação para a pintura se manifestanosprimeirosanos de vida escolar. Vivendo em uma pequena cidade no coração do Brasil, seu primeiro contatocomahistóriadaarte foi através da série “Mestres da Pintura”, cuja chegada no jornaleiro era esperada com ansiedade. Um pouco “a la Gauguin”, pintou seus primeiros quadros inspirados nas belas índias Carajás, cuja tribo ficava a 80 quilômetros do lugar onde viveu dos 10 aos 15 anos de idade. Em 1978, muda-se para o Rio de Janeiro, onde participa de várias exposições coletivas, recebendo as primeiras premiações. Inicia o curso de Comunicação Visual na Faculdade da Cidade,queabandonaparairaoencontrodaobraseusgrandes mestres, nos museus parisienses. Matricula-se na“École Nationale Súperiéure des Beaux-Arts de Paris”apenas para ter o vistoderesidentenaFrança.Consideramaisimportantenasua formação,ocontatodiretocomasobras-primasdeLeonardoda Vinci,Rafael,Caravagio,Monet,Gauguine VanGogh,nosmuseusdoLouvreed’Orsay. Realiza exposições em Paris e no interior da França. É premiado pela “Societé Academique Française d’Arts, Ciences et Letres”, com medalha de Prata, por seu trabalho em Pintura. No Brasil, expõe no Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Brasília. Recebeu o Prêmio Aquisição na IIª Bienal de Artes de Goiás. Talvez pela similaridade com os“causos” ouvidosnainfância,inspira-senouniverso de Grande SertãoVeredas, de Guimarães Rosa, para criar sua obra. Onças, cobras e jacaréspovoamsuastelas,como“Jáouviu o senhor gargaragem de onça raivável pelos filhos?” e “Por lá sucurí geme”. (ver asobrasnositewww.fabioborges.org.br) Artista múltiplo, torna-se carnavalesco em 1990 na Estação PrimeiradeMangueira,tendopassadotambémpeloAcadêmicosdoSalgueiroeimportantesEscolasdeSambapaulistanas. Com as artistas Denise Torbes e Edineusa Bezerril forma o GRUPO PERIGO, que se une para trabalhar e expor obras em cerâmica. Nessa fase faz esculturas e cria a instalação “Boide-Piranha”: a bandeira do Brasil formada por piranhas de cerâmica esmaltada, uma crítica à corrupção no país. Emoutubrode2011transfereseuatelierparaaIlhadePaquetá, e imediatamente seu trabalho sofre os efeitos da mudança: desaparecemostonsverdes e terrosos do sertão, substituídos pelos azuis daBaíadeGuanabara.As “agressivas” formas de cobras e onças perdem lugar para a delicadeza dos movimentos das garças, as novas musas do artista. Colar Jararacussu (2012)

Baía de Guanabara (2012)

Catimbau (2012)

Já ouviu o senhor gargaragem de onça raivável pelos filhos? (2000)


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Música

GRUPO MUITOS AMIGOS

O grupo surgiu na Ilha de Paquetá. A turma do samba reunia-se toda semana, paratocarecantar.Logoogruposetornouconhecidonaregiãoeatraiuaatenção de todos. Foram várias as casas em que se apresentaram com o melhor do samba, como oNegafulô,HelenicoAtléticoClubeeoutras.Emmuitosdessesshowscontaram comparticipaçõesimportantesdecelebridadesdosamba,entreelasMarquinhos Satã, Jovelina, Reinaldo. MaistardechegaramaseapresentarnaRádioTropical,aprincipalrádiodesamba epagodedaépoca,ondeapresentavam-seosmelhoresgruposcomooFundode Quintal, Grupo Raça, Raça Negra , “Só Preto”, entre outros.

A força dos nossos pagodes

Aolongodesuahistória,oGrupoMuitosAmigosmantevepraticamenteamesma formação.Atualmenteoscomponentessão:Cabral(noafoxéenavoz),Paulinho (no tantan de corte e na voz), Tonho Duarte (no tantan), Ivan (no repique e no pandeiro),Ney(noviolão),Marquinhos(nocavaquinho)eAlexBekão(nopandeiro e na percussão). Norepertório:FundodeQuintal,ZecaPagodinho, Jorge Aragão, Almir Guineto, Reinaldo, Marquinhos Satã, Jovelina, Grupo Raça, e por ai vai..... O grupo está sempre presente nos melhores pagodes da Ilha.

GRUPO NOVA ERA (

Desde2005,ogrupoNovaErafazsucessivasapresentaçõesnaIlhadePaquetá,comumrepertóriorepleto dos nossos bons pagodes e de sambas de raiz. DepoisdeumanoemcartaztodososdomingosnoextintoCaisBar,ogrupocomeçouafazerapresentações em clubes e bares da Ilha, em festas particulares e nastradicionaisfestasjuninasedeSãoRoque,fazendo

a moçada cair no samba. A formação atual do grupo traz no cavaquinho e na voz, Rafael Padula. No baixo elétrico, Jair. A percussão é muitíssimo bem dividida entre Ricardo Padula, Tiaguinho e o maravilhoso suingue de Mestre Tito. AtualmenteogrupoNovaEratemanimadoastardesdedomingonoClubMunicipal, duranteo20 turnodo70campeonatodefuteboldaIlhadePaquetá.Orepertório,

bastanteecléticomisturaZecaPagodinho,RaçaNegra,IvoneLara,BenitodePaula, Jorge Aragão e muitos outros. Destaque para os momentos relax com Rafael Padula na voz e Jair no violão. O grupo também pode ser visto aos sábados de tarde no Açaí da Tia Lloyde, ali pertinho da Colônia.

FOTO DO MÊS A estilosa Verônica, por Claudio Santos


8 Em conversa informal com quase oitenta jovens entre 14 e 19 anos,moradoresdePaquetá,podemosperceberqueodespreparo e falta de informação são problemas correntes na ilha. Os assuntos abordados foram: escola, relacionamento com os pais, sexo, drogas, diversão e idéias gerais sobre a comunidade. Em um primeiro contato comumgrupodequatrojovensoquesurpreendeéaformanaturalcomqueeles discorrem sobre temas polêmicos e ao mesmo tempo tão banais nesse bairro do Rio de janeiro. Dos quatro jovens (três moças e um rapaz) nenhum deles usa preservativo em suas relações sexuais.

SEXO

“Acho desnecessário”, diz F, 16 anos. “Aqui na Ilha não tem perigo e, além do mais, eu só fico com meu namorado.” Já M. de 14 anos, costuma namorar na Pedra da Moreninha. Não usa preservativo pois“não faz nada demais”. O único rapaz do grupo, G., 17 anos, acha importante usar o preservativo, mas não usa porque “é caro e não é sempre que tem no Posto de Saúde”. No entanto, dois integrantes da equipe do jornal estiveram no Posto 3 vezes com intervalos de 2 semanaseemtodasasvezeshaviapreservativosdisponíveis.Aquartajovemdo grupo, L., 16 anos, “fica” com G. e mantém relações sexuais com ele uma vez por semana, sem o preservativo. Questionadas as três meninas sobre possíveis riscos de gravidez, a resposta foi unânime: “não deixamos gozar dentro.” Essasquestõessobresexo,DSTs(DoençasSexualmenteTransmissíveis)egravidez foram abordadas com a quase totalidade dosjovenscomqueconversamos.Em termosestatísticos,podemoscolocarque65%dosentre-vistadosnãofazemuso da camisinha, o que é um problema grave não só no que diz respeito aos riscos a que esses jovens estão se expondo quanto a desinformação ou a propagação da informação equivocada. Quasetodosrelataramqueumououtroprofessorabordararamenteotema,mas não faz parte do curriculum escolar. Com os pais não existe diálogo relacionado a sexo. Porém, todos sabem dos riscos de gravidez e sabem “alguma coisa” sobre AIDS.SobreoutrasDSTsestãocompletamentedesinformadosconhecendoapenas gonorréia.Nenhumdosquaseoitentaentrevistadossabiaoqueécondiloma,cancro , ou herpes. Muitos lembraram de sífilis, como uma doença que não existe mais. Outro dado impactante é a relação dos jovens com drogas. Demaneirageraltodosjátiveramcontatocomalgumadroga, lícita ou ilícita. O álcool é ingerido por 90% dos entrevistados e as bebidas quentes são as preferidas. Num rol de cinco bebidas relatadas, a cerveja é a quinta na preferência dos jovens. Bebidas como Big Apple, vinho e batidas estão entre as preferidas.

DROGAS

A frequencia da ingestão também é alta: de 3 a 4 vezes por semana. Por conta da proibiçãodevendadebebidasamenores,asoluçãoépediraalguémmaisvelho que compre no mercado, o que não constitui dificuldade alguma. Ocigarroéadrogamenosconsumida:20%dosentrevistadosfumam.Noentanto amaconhaéconsumidapormaisde40%dosjovens.Afrequenciaémenorquea doálcool:normalmentefumammaconhanosfinsdesemana.Oíndiceébastante alto, visto que a ONU estima que menos de 1% da população mundial consome maconha diariamente.

A maioria dos entrevistados disse não ter conversas com os pais sobre sexo, sobre drogas ou sobre qualquer outro problema. Não os temem, mas não os procuram para conversar. J., 16 anos diz que quando soube que estava grávida foi procurar a mãe para conversar. A mãe estava em um bar, já meio alta e a menina preferiu deixar para odiaseguinte.Omesmoaconteceu com F., 17 anos. Muitos dos jovens reclamaram ou se mostraram preocupados com a frequencia com que os pais bebem.“Nada demais uma cervejinha, disse R., 15 anos, mas todos os dias encontrar seu pai chapado, é dose.”N., também de 15 anos, sempre vai ao bar em busca da mãe aposentada, que adora uma cerveja.“Se eu quiser falarcomelatenhoqueirparaobar poisquandochegaemcasaelavai direto pra cama”.

O que pensam os jovens da ilha? Sylvio de Oliveira

Realmente grande parte dos moradores bebe. Em pesquisa do jornal O Globo no ano passado, Paquetá ficou em segundo lugar entre os bairros do Rio onde a AMBEVmaisvendecerveja,sóperdendoparaCopacabana,bairrocujapopulação é 38 vezes maior que a de Paquetá.. Essa “cultura do álcool” é repassada aos adolescentes que, em sua maioria, desconhecem limites. Não é raro ouvir entre os adolescentes:“ontem eu chapei!”ou ainda“eu e mais dois destruímos duas caixas” (de cerveja).

O índice de uso da cocaína também é alto, levando-se em conta o tamanho da ilha: quase 20% relataram usar de vez em quando e 8% consomemadrogaregularmente.Atémesmoocrackentrou no rol das drogas consumidas, ainda que relatado por apenas dois jovens.

“A ilha não tem nada”. Essa frase, dita pela maioria dos jovensentrevistadosvirouachamadaparaaprogramação deagostonailha(verpágina11).Osadolescentesquerem shopping, cinema, McDonald´s. Internet, sempre, até mesmo via celular. O Facebook é a preferência de todos. PouquíssimosacessamoTwitter.Nãocurtemtelevisão,nemteatro.Nuncaleem jornais. Não compram CDs - baixam suas músicas via Internet. Games são uma febre, mas o celular é o que há de mais importante na vida dos jovens da ilha.

Questionadoscomoconseguiamdrogas,R.,16anos e L., 17 anos foram categóricos: “aqui só não usa drogaquemnãoquer”.Trêsoutrosjovensafirmaram queconseguemcomosprópriospaisemuitoscomentaramque,porseuspaisseremusuários,naotinham dificuldade em conhecer os fornecedores.

Pornãotermosshoppings,nemcinemasounenhumarededefastfood,osrapazes emoçasquevivememPaquetáinvariavelmentesedeslocamparaocontinente,a fim de diversão.“O maior problema é o horário das barcas”diz S.,18 anos, que há quase dois meses não vai a um baile, sua diversão predileta.“Não dá pra ficar na Praça XV até as 5 da manhã para pegar a barca. Por isso, desde que acabaram com os bailes do Municipal pra mim acabou a diversão”.

De maneira geral, os jovens da Ilha tem boas relações com os pais. Há poraquiumtipodeliberdadeumpouco diferente, que promove um respeito entreelestambémdiferente.Écomo sehouvesseumacordoveladoentre pais e filhos - eu vivo a minha vida e vocêviveasua,desdequeninguém seaborreça.Nãosãocomunsproibições e castigos.Talvez porque a ilha não ofereça a maioria dos perigos do continente, como acidentes de carro e assaltos, os pais são mais liberados e transmitem essa liberdade aos filhos. O que seria, talvez, um ideal de educação, se fosse complementadocom umdiálogo mais eficiente entre pais e filhos.

AproibiçãodosbailesnoClubeMunicipaléalvoderevoltadamaioriadosjovens. “Já não tínhamos nada, agora temos nada menos um”diz R., 19 anos.“Enquanto nossos pais saem aos sábados pra se divertir, a gente fica de bobeira.

FAMÍLIA

DIVERSÃO

L., de 18 anos, foi sozinha a um baile na Tijuca. A festa terminou às 3 da manhã e a jovem se dirigiu à Praça XV para esperar o horário das barcas.“Fui assaltada! Levaramatémeucartãodapassagem.Ojeitoéesperarqueacabeessaproibição dos bailes na ilha”. J., 15 anos, é mais enfática e radical:“não tem nada mais pra se fazer no sábado a noite. Então, em vez de irmos dançar,a gente se reúne pra cheirar. Pormeiodessapesquisatraçamosumpequenoretratodopensamentodosjovens naIlhadePaquetá.Percebemosquealgonãovaimuitobemporaqui. Aquestão quedeixamosnoaré:seráque os pais percebem que algumacoisanão vai bem? Talvez tudo seja uma questão de orientação por parte dos pais e da escola. Educar está muito além de transmitir conhecimento. Educar é despertar aptidões naturais nas crianças e adolescentes e orientá-las, aprimorando-lhes as faculdades intelectuais, físicas e morais. A falta de educação nesse sentido mais amplo, pode gerar um comportamento desagregador e destrutivo em nossos jovens.


O que falta na ilha? Educação. André Villas-Boas Gentilezaeeducaçãonãosãosinônimos,nãodependemumadaoutraetampouco caminham sempre juntas. De falta de gentileza não se pode reclamar muito na Ilha: há pouco tempo, um problema de saúde me obrigou a procurar maior firmeza ao andar e, assim, tive que passar a utilizar as estreitas calçadas de Paquetá (algo, obviamente, raro e desnecessário entre nós). E, quando cruzava com alguém, bastava verem a minha figura manca para que, com um sorriso, me dessem passagem – sem que eu precisasse pedir licença ou mesmo lançar um olhar de coitadinho. No continente, bem diferente disso, cheguei a levar umas três trombadas de transeuntes apressados do Centro – uma delas, quase me desequilibrando. É apenas um exemplo, entre tantos outros que todos nós vivemosdiariamenteaqui,paramostrarquetemosumaconvivêncianomaisdas vezes gentil, e que, creio eu, é um de nossos orgulhos como paquetaenses. Não é de gentileza que estamos falando. A questão é que, mesmo gentil, boa parte de nós é mal educada. E falo aqui de educação no sentido de, como diria minha mãe,“ter modos”– ou, nos textos maisconservadores, “ter boas maneiras”. “Modos” ou “boas maneiras” não são frescuras: são formas convencionadas de se expressar a gentileza nos detalhes davidacotidiana.Eservem,também,parasinalizarmosatodomomentoquenão somos como os animais: poucos de nós odeiam os cachorros que vivem pelas ruas da ilha, mas a maioria de nós se irrita porque eles espalham o lixo pelo chão enquanto a Comlurb não vem. Mas sabemos que são animais e, então, é natural que tais quadrúpedes não abram os sacos de lixo com parcimônia e voltem a fechá-los após examinar o que podem aproveitar dali. É coisa de cachorro; não há como não compreender. O que não é muito compreensível é o porquê dos humanos deixarem tais sacos de lixo no chão. Todos sabem que, mais cedo ou mais tarde, os colegas caninos chegarãoeespalharãoolixotodonaviapública.Nãosendoquadrúpedes,nãome parececompreensívelquediariamenterepitamoprocedimentoanimaldelargar seusdejetosnarua–como,aliás,fazemospróprioscachorros(justamenteporque são cachorros, e não humanos). Caramba, na falta de um portão gradeado onde pendurarossacosdelixo,nãoésequerprecisoiraocontinentepara,porexemplo, comprar um gancho simples, mas resistente, para instalar no muro e resolver o problema. E, se for, o Palácio das Ferramentas fica a três quarteirões da Praça XV. Sim, o nome disso é educação: compreender que o espaço público não é a casa da sogra, mas sim o espaço compartilhado pela comunidade como um todo. Por que diabos alguém acha que, para se desfazer de seus restos, os demais paquetaenses tem que conviver todas as manhãs com eles? Assim pensam os quadrúpedes, mas não deveriam pensar os humanos.

Não entro no mérito de como se deve falar com uma criança de 6 ou 8 anos, nem de como uma mãe deve se relacionar com seu filho visando seu futuro, e muito menos se é adequado associar o peso da mochila ao “peso” de ir à escola (a mochilacomoestorvo,portantoasaulascomoestorvo).Pobremãeepobrefilho. Em vez disso, penso em mim e nas pessoas que ali também passavam: o que nós fizemos àquela mulher para sermos agredidos assim? Emtermosconcretos,quediferençafariaseeladissesse,irritada:“Meufilho,agora levavocêasuamochilaporqueeunãoagüentomaisficarcarregando”–elevantando um pouco mais o tom da voz: “E, se não carregar, não sai hoje pra rua pra brincar!” Para a criança, o resultado seria o mesmo – ou, talvez, mais eficaz – porque toda a ênfasedadapelamultiplicidadedepalavrõesseperdeunapequenezdasituação, enquantoaênfasedadapelapossibilidadedocastigoseriasentidanacarne(afinal, éumacriançaquenãoiapoderbrincar!).Apropósito:nopoucotempoqueolhei,a criança seguiu em frente, sem pegar a mochila. Mas,paramimeparaquemestavaemvolta,adiferençaseriaenorme:eunãoteria sidoagredidoporcontadeumabroncadeumamãe(quenãoconheço)numfilho (que igualmente não conheço) por conta de uma mochila (que sequer comprei). Mais uma vez, isso foi só um exemplo: cenas mais ou menos como essa se multiplicam diariamente nas ruas de Paquetá. Palavrões a torto e a direito, ênfases exageradassemqualquerobjetivo,berrosagressivossemqualquerrazão.Caramba,mesmoquemnãosabelernemescreverpossuiumvocabuláriomínimoque consegue discernir entre patife, ladrão, mesquinho e egoísta – para citar apenas quatropossibilidades–emvezdeoptarpelotermofilho-da-puta. Filho-da-puta expressaapenasduascoisas:umjulgamentonegativodapessoadequemseestá falando e a agressividade de quem fala. Mas não expressa o principal: a razão pela qual aquela pessoa está sendo condenada – e, caramba, é exatamente isso o que interessa para quem está ouvindo! Se alguém fala mal de outra pessoa, o que me interessa é saber o porquê daquele julgamento, para que eu possa me precaver. “Fulano é um ladrão” é uma frase que me interessa para que eu saiba que devo evitar fazer negócios com aquela pessoa, embora possa conviver com ela. Já “Sicrano é um egoísta” significa que devo ter outras restrições ao conviver com tal pessoa, porque ela fatalmente não será solidária comigo. Agora, o que faço com uma frase como “Beltrano é um filho-da-puta”? Nada, exceto saber que a pessoa que fala tem desavenças com a pessoa de quem ela está falando. Ou seja: me meter numa fofoca. Então, me pergunto: por que não dar os nomes aos bois, em vez de usar um termo genérico, abrangente, que a única coisa que expressa é agressividade? Falta de vocabulário? Não creio. Não falamos uma língua como o inglês, cuja pobreza de palavras é essencial e ótima para nos virarmos em viagens e eventos internacionais, mas que resume o mundo a meia-dúzia de palavras que não dão conta das nuances desse mesmo mundo (Quantos sentidos você conhece para play? E como saber se alguém é triste ou apenas está triste, se uma língua não consegue fazer a distinção entre ser e estar?).

Ora,palavrõesexistem–eeumesmoosuso–parademonstrarênfaseexagerada, seja como agressão, perplexidade ou mesmo satisfação. A razão de seu uso é o choque que ele causa em quem o escuta. Se ele é usado a torto e a direito, fica vazio, sem sentido: perde a sua força para expressar o que a pessoa está falando. Fica o choque, mas esse choque se torna gratuito: transforma-se em agressão sem qualquer razão. E, assim, agride desnecessariamente quem está passando ao lado e que nada fez para ser agredido.

A riqueza do português está no diaa-dia de qualquer um: conseguimos usarofuturodopretéritocomamaior naturalidadedomundo,eentendemos facilmente o que ele significa. Para quem não lembra daquelas chatíssimas aulas de português, “futuro do pretérito”é aquele tempo verbal que dizoquefizemosnopassadoquando pensávamosnofuturo(“Quiseraeuter feito aquela jogada!”). Cá entre nós, não há nada mais sofisticado do que umalínguaqueprevêumtempoverbal próprioparaalgotãoespecíficocomo falar no passado de algo que hoje é presentemasquenaquelemomento era futuro!

Uma de minhas lembranças recentes mais marcantes do convívio em Paquetá ocorreualinaFurquimWerneck,pertodomercado.(Eapartirdaqui,medesculpe o leitor, terei de usar alguns palavrões bem pesados para poder ser entendido; não há outro jeito) Manhã linda, aquele clima de cidadezinha do interior que tanto nos dá prazer na ilha, e então escuto:“Caralho, leva a porra dessa mochila que eu já tô de saco cheio de ficar carregando essa merda pra você!”. Era uma moça falando com seu filho de 6 ou 8 anos. Não me intrometi na história, apesar da vontade, porque certamente duas dezenas de palavrões sairiam em seguida da boca da pobre moça que se esquecia de sua condição humana e preferia se igualar aos quadrúpedes. Mas cheguei a perder o passo, e, poxa, minha linda manhã foi prejudicada.

E nós usamos sofisticações como essa sem qualquer dificuldade – seja qual for nosso nível de instrução. Então, não é a falta de vocabulário ou a dificuldade da língua que faz com que se prefira a imprecisão do filho-da-puta em vez da clareza do egoísta ou do patife. O que motiva esse uso é o desconhecimento de que, no espaço público, é preciso levar em conta que há um público. E que este público (a comunidade, a população, as pessoas que estão em redor) tem seus direitos (como o de não ver meu lixo, ou não receber uma agressão gratuita). Ou seja: o que motiva esse uso é a “falta de modos”, a falta de “boas maneiras” ou, simplesmente, a falta de educação. Ou, mais simplesmente ainda, o que o motivaéaconfissãopúblicadealguémque,emboragentil,prefereagircomoum quadrúpede, que espalha dejetos pela rua sem se dar conta disso.

No espaço público, há de se levar em conta a pluralidade de pessoas e o direito que cada uma delas tem de conviver neste mesmo espaço – e o respeito a esse direito se chama, mais uma vez, educação. Quando alguém diz um palavrão aos berrosemplenarua,dasduasuma:ouelaestáquerendodizerquenãoseimporta com mais ninguém exceto ela mesma (e aí, sem perceber, está deixando de ser gentil) ou ela está dizendo, de forma simbólica, que considera a si mesma como um quadrúpede.

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ROTEIRÃO

BARES E RESTAURANTES

CLUBES 1

Barreirinha Futebol e Regata Rua Pinheiro Freire, 20

2

Iate Clube de Paquetá Praia das Gaivotas S/N°

3

Municipal Paquetá Clube Rua Adelaide Alambari, 85

4

Paquetá Esporte Clube Rua Cmte Guedes de Carvalho, 39

HOTÉIS E POUSADAS 1 HOTEL FAROL DE PAQUETÁ

Praia das Gaivotas, 796/816 Telefones: 3397-0402 e 3397-0445

2 HOTEL LIDO

Praia José Bonifácio, 59 Telefones: 3397 0377, 3397 0182

3 HOTEL MEU CANTINHO

Rua Dr. Lacerda, 63 Telefone: 3397 0405 e 3397 2596

4 POUSADA ACORDES AO LUAR

Endereço: Praça Bom Jesus, 15 Telefones: 3397 2024 / 9936 2122

5 RECANTO SAO JORGE

Rua Maestro Anacleto, 258 Telefone: 3397 2007 e 9719 5447

PONTOS TURÍSTICOS 1 Caramanchão dos Tamoios

1

Manduca Endereço: Rua Cerqueira, 74

2

Restaurante Tia Leleta - ZaruR Endereço: Rua Dr. Lacerda, 18 Telefones: 3397 0656

2 Canhão de Saudação a D. João VI 3 3 Árvore Maria Gorda 4 Parque dos Tamoios 5 Preventório Rainha Dona Amélia

4

BALNEÁRIO Nacional Endereço: Praia José Bonifácio, 135

5

Bar Miramar - Bar da Carminha Endereço: Rua Domingos Olímpio, 12

6 Poço de São Roque 7 Coreto Renato Antunes 8 Pedra da Moreninha 9 Ponte da Saudade 10 Pedra dos Namorados 11 Casa de José Bonifácio 12 Cemitério de Paquetá 13 Cemitério dos Pássaros 14 Parque Darke de Mattos

Zeca´s Bar e Restaurante Endereço: Praça Bom Jesus, 12

6

Bar do Sr. Eudúcio Endereço: Praia José Bonifácio, 89

7

Lanchonete Estrela do Mar Endereço: Praia Grossa, 20

8

Boteco do Manel Rua Furkim Weneck,86

9

BIBI LANCHES Rua Príncipe Regente, 85

PRAÇAS 1

Pedro Bruno

2

Fernão Valdez

3

Atobás

4

Tiês

5

Lívio Porto

6

Mestre Altinho

7

Bom Jesus do Monte

8

Manoel de Macedo

9

São Roque

10 Ex-Combatentes 11 Alfredo Ribeiro dos Santos

10 DEPÓSITO DE BEBIDAS

12 Pintor Augusto Silva

11 PONTO DE ENCONTRO

IGREJAS

Rua Pinheiro Freire, 53 A Rua Comendador Lage, 42

12 AÇAÍ DA TIA LLOYDD

1

Bom Jesus do Monte Praia dos Tamoios, 45

2

Capela de São Roque Praça de São Roque

Praia José Bonifácio, 181

13 NATIVA

Praia José Bonifácio, 67


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A ILHA NÃO TEM NADA??? QUEM DISSE??? PROGRAMAÇÃO AGOSTO 15 Grupo de Caminhada 01 Grupo de Caminhada 22 08 Grupo de Caminhada Grupo de Caminhada Saída do hospital, das7 às 8h Saída do hospital, das7 às 8h Saída do hospital, das7 às 8h Saída do hospital, das7 às 8h

29 Grupo de Caminhada Saída do hospital, das7 às 8h

Horta terapia Horta terapia Horta terapia Horta terapia Horta do Preventório, às 9h. Grátis Horta do Preventório, às 9h. Grátis Horta do Preventório, às 9h.Grátis Horta do Preventório, às 9h. Grátis

Horta terapia Horta do Preventório, às 9h. Grátis

QUA Audit. do hospital, das 15 às 17h Audit. do hospital, das 15 às 17h Audit. do hospital, das 15 às 17h Audit. do hospital, das 15 às 17h

Oficina de alimentação saudável Oficina de alimentação saudável Oficina de alimentação saudável Oficina de alimentação saudável

Oficina de alimentação saudável Audit. do hospital, das 15 às 17h

Grupo Teatro Dentro da Ilha Grupo Teatro Dentro da Ilha Grupo Teatro Dentro da Ilha Grupo Teatro Dentro da Ilha Audit. do hospital, das 16 às 18h Audit. do hospital, das 16 às 18h Audit. do hospital, das 16 às 18h Audit. do hospital, das 16 às 18h

Grupo Teatro Dentro da Ilha Audit. do hospital, das 16 às 18h

Aula de dança de salão Iate Clube, das 19 às 21:30

Aula de dança de salão Iate Clube, das 19 às 21:30

Aula de dança de salão Iate Clube, das 19 às 21:30h

Aula de dança de salão Iate Clube, das 19 às 21:30h

Aula de dança de salão Iate Clube, das 19 às 21:30

16 Aula de Yoga e Meditação 23 02 Yoga e Meditação 09 Yoga e Meditação Yoga e Meditação Iate Clube, 7 às 8h e 17 às 18h. Iate Clube, 7 às 8h e 17 às 18h. Iate Clube, 7 às 8h e 17 às 18h. Iate Clube, 7 às 8h e 17 às 18h. Coral Pacantá Coral Pacantá Coral Pacantá Audit. do hospital, das 18 às 20:15 Audit. do hospital, das 18 às 20:15 Audit. do hospital, das 18 às 20:15h Audit. do hospital, das 18 às 20:15

Coral Pacantá Audit. do hospital, das 18 às 20:15

Aula de Capoeira Aula de Capoeira Aula de Capoeira Aula de Capoeira Clube Municipal, das 18 às 20:30h Clube Municipal, das 18 às 20:30h Clube Municipal, das 18 às 20:30h Clube Municipal, das 18 às 20:30h

Aula de Capoeira Clube Municipal, das 18 às 20:30h

QUI Coral Pacantá

03 Grupo de Caminhada

Grupo de Caminhada Saída do hospital, das 7 às 8h

10

Saída do hospital, das 7 às 8h

17

Grupo de Caminhada Saída do hospital, das 7 às 8h

24

Grupo de Caminhada Saída do hospital, das 7 às 8h

SEX Oficina de artesanato e pintura Oficina de artesanato e pintura Oficina de artesanato e pintura Oficina de artesanato e pintura

Audit. do hospital, das 15 às 18h Audit. do hospital, das 15 às 18h Audit. do hospital, das 15 às 18h Audit. do hospital, das 15 às 18h Festa de São Roque Praça, São Roque, às 17h

04 Jantar dançante Duo Bretas Kevorkian Casa de Artes, 17h . Entr.franca Iate Clube, às 21h SAB

DOM

11 1a Corrida da Cerveja

Clube Municipal, 10h

18 Show Ithamara Koorax Casa de Artes, 17h

Cinema no Nativa Nativa, às 19h

Cinema no Nativa Nativa, às 19h

Patescaria - Regata Iate Clube, às 13h

Pagode: grupo Nova Era Açaí da Tia Lloyde, às 13h

Seresta do Doutor Paquetá Iate Clube, às 20h

Pagode: grupo Nova Era Açaí da Tia Lloyde, às 13h

Cinema no Nativa Nativa, às 19h

Cinema no Nativa Nativa, às 19h

Pagode: grupo Nova Era Açaí da Tia Lloyde, às 13h

Festa de São Roque Praça, São Roque, às 17h

Orquestra Jovem Paquetá 05 70 Campeonato - 20 Turno 12 Casa de Artes, às 12h. Ent. franca P. do Campo X Morro, às 10:30 Moreninha X Cocheirinha, às 12:30 70 Campeonato - 20 Turno Tudo Nosso X Colônia, às 14:30 Colônia X Cocheirinha, às 10:30h Pagode: grupo Nova Era, às 13h MoreninhaXP.docampo,às12:30h Clube Municipal. Entrada franca Tudo Nosso X Morro, às 14:30h Pagode:grupo Nova Era, às 13h Domingueira do Doutor Clube Municipal. Entrada franca Iate Clube, às 17h

Patescaria - Regata Iate Clube, às 13h

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19 70 Campeonato - 20 Turno

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Colônia X Moreninha, às 10:30 TudoNossoXP.doCampo,às12:30h Domingueira do Doutor, às 17h Cocheirinha X Morro, às 14:30 Iate Clube, às 17h Pagode: grupo Nova Era, às 13h Clube Municipal. Entrada franca Festa de São Roque Praça, São Roque, às 17h Domingueira do Doutor Iate Clube, às 17h

Domingueira do Doutor, Iate Clube, às 17h

20 Grupo de Caminhada 27 13 Grupo de Caminhada 06 Grupo de Caminhada Grupo de Caminhada Saída do hospital, das7 às 8h Saída do hospital, das7 às 8h Saída do hospital, das7 às 8h Saída do hospital, das7 às 8h SEG Aula de Capoeira

Aula de Capoeira Aula de Capoeira Aula de Capoeira Clube Municipal, das 18 às 20:30h Clube Municipal, das 18 às 20:30h Clube Municipal, das 18 às 20:30h Clube Municipal, das 18 às 20:30h Poesia na Praça Praça Bom Jesus, às 20h

TER

30 Yoga e Meditação Iate Clube, 7 às 8h e 17 às 18h.

21 Yoga e Meditação 07 Yoga e Meditação 28 14 Yoga e Meditação Yoga e Meditação Iate Clube, 7 às 8h e 17 às 18h. Iate Clube, 7 às 8h e 17 às 18h. Iate Clube, 7 às 8h e 17 às 18h. Iate Clube, 7 às 8h e 17 às 18h. Aula de Capoeira Aula de Capoeira Aula de Capoeira Aula de Capoeira Clube Municipal, das 18 às 20:30h Clube Municipal, das 18 às 20:30h Clube Municipal, das 18 às 20:30h Clube Municipal, das 18 às 20:30h

Grupo de Caminhada Saída do hospital, das7 às 8h

31

Oficina de artesanato e pintura Audit. do hospital, das 15 às 18h


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Esportes Rafael Coimbra O futebol em Paquetá vem evoluindo. Estamos no sétimo campeonato de futebol amador. O campeonato é equilibrado, seis campeõesdiferentes.Tenhoprazer de estar trabalhando pela terceira vez. Esse ano, seis times: -Tudo Nosso, Morro, Cocheira, Colônia, Praça do Campo e o estreante Moreninha. Dos seis times, trêsjáforamcampeôes:OPraçadoCampoem2006, O Morro, em 2010, o Tudo Nosso em 2011. OTudoNossoéumtimejovem,muitosjogadoresdo continente, sendo dois profissionais em atividade Jonas e Flávio. O técnico, Bid, também joga. As cores originais do time são o azul e o branco, mas seu novo uniforme é laranja. O Morro é um time mais experiente, também com algunsjogadoresdeoutrosbairroscariocas.Otécnico é André Lacerda e é um dos dois times com maior torcida. Os jogadores destaque são o Bruninho e o CaioSouza.Suascoressãopretoebrancoeoescudo, uma caveira. OtimedaCocheiraéumtimemesclado,comjogadoresexperientesejogadoresbemjovens.Disputamo

Saúde Dr. Pedro Jonathas As bases conceituais da Promoção da Saúde se fazem presentes desde ostemposmitológicos,integradasà cultura, fazendo parte da formação dopovogrego,dasuasaúdefísica,mentaleespiritual. Apolo, o Deus das artes, da música e da poesia, sob a denominação de Akésios,“o que cura”, precedeu em Epidauro, como médico, a seu filho Esculápio, quefeztantosprogressosnamedicina,praticoucom tanta habilidade e êxito a arte de curar as feridas e as doenças, que foi considerado o Deus da medicina. A cidademédicadeEsculápioemEpidauroeraalémdo maisumcentroculturaledelazer.Láencontramosum Odéon,pequenoteatrofechado,ondeseouviamúsica eseouviampoetas;umEstádioparaascompetições esportivas, que se realizavam de quatro em quatro anos; um Ginásio para exercícios físicos; um Teatro, o mais bem conservado do mundo grego e que foi construído no século IV a.C; uma Biblioteca e numerosas obras de arte. O ritmo e a harmonia da música, da poesia e da dança eram utilizados por seu alto valortranqüilizanteeseuefeitoterapêuticoimediato sobre a alma e o corpo, contribuindo para aumentar a espiritualidade e purificar a alma. A ginástica e as disputas atléticas disciplinavam os movimentos e o ritmointeriordocorpo,multiplicandoaspossibilidades físicas e psíquicas do ser humano. A contemplação

Campeonato pela segunda vez. Seu técnico é Edir e suacoressãovermelhoebranco.esseanotemcomo destaqueumjogadorprofissional-ViniciusPaquetá.

dascompetições.AmantedaIlhaedofutebol,Gutinho está presente todos os domingos, e disponível para atender a quaisquer demandas.

Colônia é um time experiente, que contrata muitos jogadores de fora. Tem como atração os três filhos doDr.PedroJonathas,médicoconsideradonaIlhae, porisso,éoúnicotimequetemmédicodisponível.O Colôniaéumtimebastantefesteiro.Seustécnicossãoo MarquinhoeoLuísCláudioesuascoresverdeepreto.

Cabe a mim fazer contato com os árbitros para participaremdoscampeonatos,todos,comoeu,árbitros da Federação Carioca de Futebol - FERJ.

O time da Praça do Campo tem poucos jogadores residentes em Paquetá. A maioria não mora mais aqui, apesar de serem ilhéus.Tem um bom toque de bola, e o destaque é o conjunto. O técnico, Guinho, tambémjoga.Ascoresdotimesãooazuleoamarelo. O mais novo time da Ilha, o Moreninha, tem como base os jovens que jogavam pelada na Praia da Moreninha.Éotimecomjogadores demenosidade. Odestaquedo timejogatambémnojuvenildo Olaria, e se chama Matheus. O técnico do time é o Silvino, que tambémjoga,assessoradopelo FilipeepeloJonilson.Ascoresdo time são o verde e rosa. Vale a pena salientar que o campeonatoéorganizadopelo Gutinho, que joga pelo Praça do Campo. Bastante metódico, Gutinho estabelece as regras e aspuniçõesdoscampeonatose agita as massas para o sucesso

Os campeonatos acontecem sempre no Clube Municipal, aos domingos, com no máximo 3 partidas, das 10:30 às 16:30, sempre ao som doo Grupo Nova Eraanimandoasmassascomumexcelentepagode. RafaelCoimbraéárbitrodaFederaçãoCariocadeFutebol-FERJ,cursandofaculdadedeEducaçãoFísica.

PS- No fechamento desta edição, em 29 de julho, o time Moreninha se consagra vencedor do 10 turno

Tudo Nosso e Moreninha em campo. (Foto: Cláudio Santos)

Promoção da Saúde: um caminho de Epidauro à Paquetá. artística e o fruir da beleza de tantas obras de arte tinham por finalidade a elevação, a espiritualização e humanização do pensamento. Enfim, todo esse conjunto,espiritualeculturaltinhaumcaráterpurificador,depromoçãodasaúde,numaépocaemquea medicinaeaarteencontravam-seligadaspelosprincípios de uma vida em que o cultivo da saúde estava intimamenterelacionadoaosentidodeumaevolução espiritual. Foi esse legado que Hipócrates, o mestre de Cós, considerado o Pai da medicina, aprendeu, praticou e deixou para a humanidade. Objetivando estabelecer um sistema sustentável de proteção coletiva e cuidado individual e integral da saúde da população, de abrangência nacional, o Ministério da Saúde implanta em 1994 o Programa de Saúde da Família, hoje reconhecido como uma estratégia de reorientação do modelo de atenção à saúde do nosso País. A primordial e mais sublime missão da Estratégia Saúde da Família é evitar que as pessoas tenham somente a via da medicalização crescente e sofram com enfermidades que poderiam ser evitadas com as práticas e o estímulo da Promoção da Saúde, que nostemposatuaisretornacomoumimportantefoco das políticas públicas, que vêem nela, além de um movimentonecessárioàmanutençãodasaúde,um aliado para economia de custos, visto que os gastos com a medicina hospitalar, com foco na doença e na medicalização, crescem astronomicamente. O SUS é uma conquista do povo brasileiro. Uma conquista da democracia, e democraciaésinônimode saúde, porque a opressão adoece.Aparticipaçãoativa dacomunidade,difundidaa partirdaConstituiçãode1988 e do SUS, que se expressa nos Conselhos de Saúde é umconceitofundamentalna promoção da saúde. No dia a dia, os vínculos de confiança, de afeto e de respeito,estabelecidosentre as equipes da Estratégia Saúde da Família e a comunidadepropiciamumespaço adequado para a prática da

promoção da saúde. Em fevereiro deste ano, ao me aposentar como médico plantonista na Unidade Integrada de Saúde de Paquetá, entreiemcontatocomojovemedinâmico Secretário Municipal de Atenção Básica, Promoção e Vigilância à Saúde, Dr. Daniel Soranz, que já conheciaomeutrabalhodepromoçãodesaúdecomo coordenadordoTeatroDentrodaVida,naFundação Oswaldo Cruz, de onde também me aposentara e o meutrabalhodeprevençãodadengue,comoBloco Dengue 40 graus aqui no Hospital Villaboim, já há quatro ou cinco carnavais. Nesse contato com o Dr. Soranz ficou acertado que eu deixaria as UPA’s de ManguinhosedoComplexodoAlemão,eassumiria a Estratégia Saúde da Família de Paquetá. EmmarçodesteanoinicieinaEstratégia,sendomuito bem recebido pelo nosso Diretor da Unidade, Dr. Lourenço,queconhecemeutrabalhodepromoção da saúde há muitos anos e fui recebido de braços abertos pelo nosso Gerente da Saúde da Família, o jovemDiegoWiller,enfermeirodeformação,idealista e entusiasta da promoção da saúde, que já vinha desenvolvendoalgunsprojetoscomsuasduasequipes desaúde.Etiveoimensoprazerdeapresentaronosso “prezadoamigoAfonsinho”,oDr.AfonsoCelsoGarcia Reis, para o Diego completar as suas duas equipes de saúde da nossa Estratégia. Com a experiência da promoção da saúde vivenciada na Fiocruz e na tese de mestrado: A poética da promoção da saúde e o teatro do oprimido, as idéiassomaram-seeforambemrecebidasportodos da nossa Unidade (Saúde da família e Hospital). E os projetos foram se formatando e sendo praticados. Comovocêsleramnodecorrerdoartigoquepublico neste oportuno e bem vindo jornal“A Ilha”, nada do que estamos fazendo é inédito. Tudo vem de lá, do início, do nosso distante e tão presente passado mitológico,deEpidaurodiretopraPaquetá.Estádando certoecomoapoioeengajamentodosprofissionais dasaúde,dacomunidadeedaminhafamília,onosso projeto vai se fortalecer ainda mais. Com muito Axé e com a graça a Deus. Napróximaediçãodojornalvoudetalharnossoprojeto.Masaprogramaçãovocêpodeveraquimesmo na página 11. Namastê!


13 Em entrevista ao jornal A Ilha, José Lavrador explica o funcionamento e fala das atividades da Casa de Artes, um dos orgulhos de Paquetá A Ilha: Qual o objetivo principal da Casa de Artes? JL: Conforme nosso estatuto, o objetivo social da instituição é promover a revitalização cultural e socialdailha,respeitandoseu patrimôniomaterialeimaterial,valorizandosuaidentidadeúnicaepromovendo o turismo de base local, tendo a comunidade como principalprotagonistaebeneficiáriadesseprocesso. Buscar práticas de gestão participativa e inclusivas com o poder público. A Ilha: Quais as suas atividades à frente da Casa de Artes? Fale um pouco de sua trajetória enquanto diretor do espaço. JL: Formalmente sou o diretor presidente da instituição. Na prática, em nossos 12 anos de existência, somosumpoucodetudo,comonamaioriadasinstituiçõesdepequenoporte.Nossaestruturadegestão tem que ser bastante simplificada devido a falta de recursos e dessa forma o trabalho prático é bem diversificadoeparticipamostantodaelaboraçãodos projetos,processodecaptaçãoderecursos,execução dos projetos e prestação de contas; além da gestão do dia a dia da instituição, questões administrativas, financeiras, contábeis, etc. A vantagem dessa limitação é a proximidade com que administramos nossos projetos e monitoramos os resultados e seus impactos na ilha. A Ilha: Apesar das antigas e tradicionais dificuldades do ensino de música no Brasil, você vê tal atividade com otimismo? JL: O momento é sim de otimismo, não só com o ensino formal da música nas escolas que está a caminho, como pela série de projetos sociais que tem levado o estudo de música a regiões e populações quenormalmenteeramexcluídastotalmente,pelas limitações da políticas públicas. A Ilha: Como avalia a receptividade do público às apresentações da orquestra? JL: Existem duas respostas a essa pergunta. Uma é a receptividadedopúblicoemgeraleaqueledailha,que prestigiaeseemocionacomotrabalhodascrianças.

Todos os espetáculos cênicos que montamos, de Maestro Anacleto de Paquetá em 2006 a Lendas de Paquetá em 2012, tiveram público acima de 1200 pessoasentrepaquetaensesepúbliconospalcosda cidadeepodemosdizerquecomexcelenteaceitação eenvolvimentoemocional.Sãoespetáculosquefalam denossahistóriaeidentidade,elevandoaautoestima detodaacomunidade.Sãobemproduzidosetrazem informaçõesimportantesdeformalúdicaeartística. Mastemoutraavaliaçãobastanterelevantetambém, queéareceptividadedomeiomusical,maiscríticoe atentoaotrabalhodeformaçãoquedesenvolvemos. Nessecampo,quedecertaformacriagrandeexpectativaemnossaequipetécnica,somostambémvencedores. As apresentações são sempre prestigiadas pelo meio musical erudito e o trabalho da orquestra reconhecido por sua técnica e interpretação. Vale ressaltar que os principais compositores brasileiros vivos já escreveram peças dedicadas a nossos espetáculos: Tim Rescala, João Guilherme Ripper, Edino Krieger e Villani- Côrtes. A Ilha: Uma das atividades da Casa de Artes é oferecer aos alunos cursos livres de formação. Qual a sua opiniãosobreaimportânciadestetipodeformação para aqueles que desejam caminhar rumo à profissionalização na música? JL: A pedagogia que usamos para os alunos do Bem Me Quer Paquetá vai além da aula de determinados instrumentos.Acriançaquandoentraparaoprojetoé encaminhadaaváriosnúcleosdepreparaçãoantesde escolheruminstrumentodeorquestra,comoviolino ou clarineta. São aulas de musicalização, iniciação ao teatro, iniciação artística e coordenação motora emuitapráticadeconjunto.Aulasindividuaisouem grupo, ensaios de naipes, etc. Esse preparo é para o cidadão e vai com ele para onde ele for, inclusive paraamúsica.Quandoumacriançadenossoprojeto chegaaOrquestraelatemumbomcaminhotrilhado no sentido de ser um bom profissional da música. E já temos alunos cursando música na UFRJ e outros fazendo vestibular esse ano. A Ilha: Qual o trabalho que você gostaria de fazer daquiprafrente?Estátrabalhandoemalgumprojeto? JL: Acho que estamos no caminho certo. Em2011recebemosoPrêmioCulturadoGovernodo EstadodoRiodeJaneironacategoriaEmpreendedorismo. Esse ano recebemos o Prêmio Procultura Palcos Musicais Permanentes do Ministério da Cultura. Com esse prêmio estaremos a partir de agosto mais estruturados para a continuidade da Série Confraria Paquetá, e todo primeiro sábado do mês teremos nossa série de música de concerto e todo primeiro

O que será a Eletro Táxi

A Ilha: O que você acha que vai mudar no transporte da ilha? Ed: Principalmente a imagem do taxista. Hoje nossa imagem anda denegrida, por contadoabusodevelocidadeedaaparência desleixada de alguns taxistas.

O homem por trás da Casa de Artes

domingo do mês apresentação de nossa Orquestra JovemPaquetá.Pelomenostrêssériesmusicaisfuncionandoregularmenteapartirdosegundosemestre. Muitos outros trabalhos estão em andamento ou em fase de captação de recursos através de editais públicos ou de patrocínio direto e espero que boas notícias surjam sempre. Nosso projeto do Centro de Memória da Ilha de Paquetá(quejáfunciona)foiaprovadoparasetornarum Ponto de Cultura e o processo tramita na Secretaria de Estado de Cultura. OBemMeQuerPaquetáestáemfasederenovaçãode contratojuntoàPetrobras,maséimportantedestacar que a qualidade desse trabalho de formação vem permitindo sua expansão para fora da ilha. Desde maio de 2011 estamos trabalhando no núcleo Bem Me Quer Xerém, com mais de 100 alunos, a convite do Instituto Zeca Pagodinho. Em agosto estamos iniciandoomesmotrabalhodeformaçãoorquestral no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, no Centro do Rio, em projeto aprovado em edital da Secretaria Municipal de Cultura. EmagostotambémrecomeçamosoprojetoSegundo TurnoCultural,ClássicosemPaquetá,oficinasdemúsicaparaalunosdaescolaJoaquimManueldeMacedoe PedroBruno.UmaparceriacomaSecretariaMunicipal de Educação e Secretaria Municipal de Cultura. TambémemagostoiniciamosocicloConcertosDidáticos para escolas da rede pública do Rio de Janeiro, incluindo as três de Paquetá, projeto aprovado em edital da FUNARTE. Mas tem uma outra abordagem a sua pergunta que gostaria de provocar, que é a necessidade desse trabalho de revitalização e preservação da ilha ser mais articulado entre nossas instituições. Acho que muito poderia ser alavancado com melhor entrosamento e trabalho em conjunto. O envolvimento do poderpúbliconessesentidotambéméfundamental paraalinharmosexpectativas,entendimentoseações inclusivasededesenvolvimentosustentável,derespeito a legislação de preservação da ilha que é uma APAC - Área de Preservação do Ambiente Cultural. Essedeveserumcompromissodetodopaquetaense.

A Ilha: Quantos táxis existem hoje em Paquetá? Ed: Hoje temos em torno de 150 táxis

AMORES DA ILHA Xuxa

A Ilha: E quantos concordaram com a cooperativa? Ed:São46agoraosqueserãocooperados. A Ilha: Por que você acha que a maioria não aderiu? Ed: Não é que eles não tenham aderido. Eles não acreditaram na nossa proposta detrabalho.Masagora,estãocomeçando avirpegarinformaçõeseacreditoqueesse número vá aumentar. A Ilha: Há um boato de que quem não aderiracooperativanãopoderátrabalhar. Até que ponto isso é verdade? Ed: Vai haver um decreto que proibirá o trabalhoparanãocooperativados.Masnão quer dizer que tenham que se associar à nossa cooperativa. Podem formar outras, cada uma com suas características. A Ilha: Quando efetivamente iniciará o trabalho da Eletro Táxi? Ed: Até o final de agosto.

Foto: Fabio Borges

Ailha: Quais são as principais normas da Eletro Táxi? Ed: A padronização dos táxis, nas cores azul e amarelo e a obrigatoriedade da maioridadeparapodertrabalhar.Também pretendemosestenderotrabalhoatéazona sul do Rio, Barra e outros locais.

JOSÉ LAVRADOR KEVORKIAN

SÉRIE RETRATOS

EDNARD PEREIRA (ED) VemaíaEletroTáxi,aprimeiracooperativa de táxi de bicicleta de Paquetá. Ednard Lima Pereira, o Ed, explicou que a formação da cooperativa modificará a imagem dos taxistas da ilha. Mas Ed tem um sonho ainda maior: levar este trabalho para a Zona Sul do Rio de Janeiro e para a Barra da Tijuca. Foi marcada para o dia 1º de agosto a criaçãodoEstatutoeaprovaçãodadiretoria daEletroTáxi.Edinhodeveráseroprimeiro presidente,ePauloCesarSousaGrande,o vice-presidente.

Entrevistas


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Boca no trombone Carlos Silva

“Paquetá é um céu profundo Que começa neste mundo Mas não sabe onde acabar...” Hermes Fontes

Somente a Prefeitura do Rio de Janeiro pode responder à estrofe de Hermes Fontes pela forma covarde e desrespeitosacomquevemtratandoaIlhadePaquetá. Há muito venho falando sobre os remendos que“ela” vem fazendo na Ilha. É o caso da orla. Entra ano e sai ano e o que vemos é a falta de vontade em resolver os mais simples problemas. A obra, em pedras portuguesas, na calçada da Praia dos Tamoios é um bom exemplo disso. Iniciada nos meados de março de 2011 parou antes de chegar a grande amendoeiradaLadeiradoVicenteeatéhojenãoterminada. Outraobraquepensávamosque,porserpequena,iriamaté o fim é a da calçada da Praia Pintor Castagneto (Coqueiros). Mais uma vez começaram e não acabaram. Plantam várias matérias em nossas mídias somente para darumasatisfaçãofajuta,quandoosmoradoresreclamam.

Na Praia das Gaivotas, um ano após fazerem umremendo,acalçadaafundou.Maisumavez usaramamídiaparaenganaraopiniãopública e, quando procuramos explicações na Administração Regional, só encontramos evasivas. O cais do Caramanchão, obra de Pedro Bruno, está caindo aos poucos e, apesar de várias solicitações,continuadesabandosemquealguém tome qualquer providência. Em todos os lugares no mundo as prefeituras fazem questão de mostrar o que há de mais bonito no local. É através de sua entrada principal que as belezas locais começam a ser descortinadas e em Paquetá nem isso acontece. A Praça Pedro Bruno, porta de entrada da Ilha, em homenagem a uma figura ilustre que viveu por décadas lutando pela preservação da Ilha e um dos artistas brasileiros mais renomados mundialmente, é a mais abandonada de toda a Ilha. Não existe nenhum projeto arquitetônico sendo usada somente para estacionamento de bicicletas, desrespeitando as leis com a complacência das autoridades locais e que também as desrespeitam.

BARCAS: A HORA DO CONTROLE André Villas-Boas

Há poucos dias, numa viagem na barca, notei que a área para passageiros – mais precisamente, o segundo andar daVital Brazil – estava com todos os seus monitores de LCD em funcionamento. Muitos filmes publicitários, imagens em movimento, cores e efeitos de computação ali, naquela embarcação cheia de janelas das quais se via o céu azul, o mar não tão azul mas com aquela imensidão que deslumbra a nós, aos socós e às gaivotas, os gigantescos navios fundeados na baía que pareciam passear, o torpor da passagem sob uma massa de concreto a mais de 50 metros de altura. Sorri para mim mesmo, divertido pelo absurdo da situação: um monte de aparelhinhosinúteiscompetindoinutilmentecomjanelascinqüentenárias.Maslogo fechei a cara: estava ali, patente, o modelo do“novo passageiro”a ser implantado pela atual empresa que administra o transporte marítimo. Este“novo passageiro”deve agir como se estivesse em casa alheia e na presença de seu dono – embora as embarcações sejam um patrimônio público e sua passagem seja custeada pelos impostos que ele mesmo paga ao poder público. Deve entrar, sentar-se, assistir à TV sem falar muito, ser ostensivamente monitorado por vigias pagos pela administradora e, ao fim da viagem, levantar-se ordenadamente sem maior possibilidade de surpresas. A isso tem-se dado o nome de“ordem”.“Eles estão querendo pôr ordem nas barcas” é uma das frases mais ouvidas nas últimas semanas. O problema é que não se está querendo“pôr ordem”, porque já havia uma ordem – uma ordem bastante clara e, que eu saiba, satisfatória para a imensa maioria dos passageiros. A questão não é de implantar“uma ordem”, mas sim uma outra ordem, uma ordem determinada – e determinada certamente por quem acha que a vida é ter um carrão para deixá-lo paradooitohoraspordianagaragemdoprédioondeestáseuescritóriorefrigerado – e, certamente, em ordem. Os colegas refrigerados que gostam de“pôr ordem”também certamente se incomodaram com dois componentes de fundo da ordem que imperava nas barcas até algumas semanas. O primeiro é que a ordem das barcas pressupunha o contato cordial entre os passageiros. O segundo é que ela era determinada pelos próprios passageiros (e não por uma autoridade baseada no poder econômico). E uma coisa estavaligadaàoutra:erapelocontatocordialqueaordemtevecomoserestabelecida e era mantida, e era a autodeterminação dessa ordem que mantinha a necessidade docontatocordial–epermanente.Dequebra,estaordemproduziauma“culturade viagem”que tornava a barca uma extensão da própria ilha: ou seja, fazia com que todossesentissememcasa,àvontade,transformandoaobrigatoriedadedaviagem num momento de interação coletiva. Explico melhor. Que ordem é essa que havia?Todo paquetaense sabe: uma divisão informaldoespaçodospassageirosemquatrosetoresfísicosqueequivaliamaregras de conduta diferentes entre si, para que todos tivessem uma viagem confortável e, para muitos, divertida. Os setores se baseavam na divisão natural entre primeiro e segundo andares e na divisão convencionada entre“a parte da frente”e a“parte de trás”, delimitadas pelas escadas de acesso de um andar ao outro. Na parte da frente, o primeiro andar era ocupado por aqueles

quepreferemumambientemaistranqüiloeumcomportamentomaiscomedido–o queserepetia,comumpadrãomenosrígido,napartedianteiratambémdosegundo andar. Estar sem camisa não era bem visto no primeiro andar, ainda que um pouco maistoleradonosegundo.Nãoeradebomtomfalarmaisaltoeeramenoscomuma formaçãodegrupos,aindaquenosegundoandartalatéocorresse.Emambos,nãoera toleradofumar.Note-sequeasomadessessetores–delimitadosespontaneamente, sem necessidade de qualquer autoridade refrigerada, volto a ressaltar – significa a metade de todo o espaço destinado aos passageiros (incluindo o terraço, extensão da dianteira do segundo andar, onde estas regras se mantinham). Apartedetráspermitiacomportamentosmaisexpansivoseregrasmenosrígidas.No primeiroandar,gruposdeconversaçãoemtonsumpoucomaisaltos,jogosdecarteado, fumantes, trânsito livre de descamisados. No segundo andar, uma festa só – ou bagunça,paraquempreferianãoestarlá:poucosfumantes(queemgeralutilizavam o terraço contíguo), mas volumes mais altos de voz, grupos mais numerosos (e com comportamentovoluntariamenteexuberante,comoosestudantes)eoonipresente barulhodecaixasdesom,demaioroumenorpotência.Aportaencostadadoterraço funcionava como código entendido – e respeitado – por todos. Assim,davelhinharabugentaquenãogostadefalarcomninguémaopós-adolescente mané que precisa se exibir, todos tinham seu espaço garantido e ninguém brigava com ninguém.“Muito moderno”, como me disseram alguns alunos com os quais comentei em sala de aula sobre essa surpreendente autogestão.“Cada um na sua e todos numa, não é isso?”, como escutei de um amigo do continente. Porém,modernodemaisparaosrefrigerados,paraquemeste“todosnuma”ésempre perigoso.Ora,ondejáseviudarpoderdedecisãoaumbandodegentequenemcarro tem?Quevivenumlugarsemasfalto?Quereclamado“conforto”doscatamarãs?Que temcarinhoporembarcaçõesantiquadasquetrazemtodososperigosdanatureza? Não, isso não podia continuar. E é por isso que os vigias troncudos que aceitaram ser pagos para infernizar a vida alheia tem escrito“controle”em suas camisas-uniforme. Sociedade de controle é uma expressão criada por um filósofo francês chamado Gilles Deleuze (morto nos anos 1990) para descrever uma forma de repressão que começou a ser implantada no final do século XX. Na sociedade de controle, o cidadão se submete à repressão aparentementeporsuaprópriavontade.Elepreferesehipnotizarporummonitorde TV do que olhar sem objetivo para a paisagem e ser levado a refletir (e, com isso, questionar...),ouconversareserlevadoatrocaridéiasesentimentosperanteomundo (e, com isso, se defrontar com outros mundos...). Prefere o ambiente controlado e monitoradodeumshoppingcenterdoqueaspossíveissurpresasqueumacaminhada na rua pode lhe trazer. Prefere se sufocar num carro fechado por vidros, escondido porpelículasescuraseblindadodequalquerbrisa,somexternooucontatohumano do que interagir com o mundo lá fora. Na sociedade de controle, não é preciso disciplinar: basta monitorar. Assim, a uma primeira fase da implantação da nova ordem, inicia-se a segunda. Na primeira, ainda em andamento, vigias determinam:“não pode fumar”,“não pode andarsemcamisa”,“nãopodevenderalimentos”,nãopodeisso,nãopodeaquilo. Sabemosqueocigarro,acamisaouoambulantenãotemamenorimportância: são apenas pretextos para a mensagem maior:“você não manda nada aqui e tem que se submeter à nossa disciplina, porque nós somos os donos, porque nós temos a grana”. O ambiente fica pesado (basta observar o silêncio e a falta de movimentação que, agora, marca as viagens) e sem surpresas. Agora, vem a segunda fase:“jáquietinhos,vamosagoradeterminaroque eles vêem, o que pensam, o que querem”. E tome monitor deTV com cores e propaganda! Daqui há pouco, tchan, tchan... câmeras! Claro, “para seu conforto e sua segurança”. E, mais tarde, o grande apogeu: catamarãs envidraçados e refrigerados. Pronto:comunidadecontrolada,autogestãodizimada,comportamentoprogramado,distânciado mundo “perigoso”. Controle. O que atrapalha é que esse bando de gente mora num lugar sem asfalto porque quer.


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