Jornal a ilha 48

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Ano V - n 48 - marรงo de 2017 - Ilha de Paquetรก, Rio de Janeiro


Editorial O calendário pegou a gente no contrapé do samba. Carnaval nos últimos cinco dias do mês. Para manter a periodicidade do jornal, saindo na data certa, início do mês, e não deixar de falar de coisas que aconteceram em fevereiro, antes da folia, este ano dividimos nossas edições carnavalescas em duas. Este agora, número 48, mostra os blocos que saíram no pré-carnaval e anuncia a programação dos dias 24 a 28. E damos um mergulho no passado, aos carnavais de antigamente, quando nem existiam São Roque ou Silêncio do Amor, ouvindo de quem conhece as histórias de como surgiram. Hoje, esses grandes blocos que tanto marcaram Paquetá também não existem, e por isto é importante recordar a sua história. Por exemplo: muita gente ouve a respeito e pergunta – de onde veio esse nome tão lírico, que fala do silêncio do amor? A resposta está lá, nas páginas centrais, antes do Coqueiros entrar em nossa avenida comemorando suas balzaquianas três décadas. No próximo número, nova edição especial de carnaval, com praticamente todas as páginas dedicadas a mostrar a festa maravilhosa que se celebra por aqui, com tradições, novidades, blocos familiares, onde todos brincam juntos e curtem um carnaval feliz. Com uma imensa galeria de fotos retratando os foliões e as folionas, cada um dos 12 blocos, e as cenas mais interessantes dos festejos. Nem tudo, porém, é farra, e neste jornal prestamos homenagem ao compositor Tibério Gaspar, falamos de chatices e problemas da Ilha, dos assuntos que a nova Associação de Moradores está agitando, e comemoramos o golaço de Lucas Paquetá, que estreou no Mengão primeira divisão acertando a rede a uma distância de 34 metros. A bola foi longe e nosso craque vai mais longe ainda! (Pena que no Flamengo, né...) Enquanto o calor, a violência e a crise vão derretendo a cidade lá fora, a gente vai levando, nesse canto encantado onde até os cachorros – aliás, principalmente os cachorros – são personagens das reportagens.

O que v ai pela Ilha Cartas

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O Bloco incomoda quem nao gosta de carnaval.Porque querer acabar com um bloco que nao fomenta violência. Comportamentos diferentes se vivemos uma plena democracia.Ninguem e obrigado a olhar pra bunda de ninguém. Nao tivemos brigas alias nunca teve. Tem mais brigas em Paqueta do que em todos os desfiles do Perola. Deveriam acionar o MP pelos que privatizaram nossa agua. Por mais policiamento na Ilha. Pelos desmandos da CCR. Pelo esgoto que e jogado na Baia de Guanabara in natura. Que tal acionar o MP pra melhorar o ensino de nossas escolas e melhorar o salario de nossos professores que sequer sao pagos em dia? Me parece que discutir a bunda alheia é melhor que olhar a nossa.. (Mário Trindade) Que tal juntar o Unidos de São Roque com o Silêncio do Amor e se criar o Unidos do Silêncio, que desfilará dentro do Cemitério, silenciosamente, pra não incomodar as pessoas com essa coisa boba chamada alegria. (Dudu Castro) Uma salva de palmas pro "bloco da Comlurb" que as 7 da manhã já dá um show a parte...Chegamos no domingo de manhã para organizar a Corrida VIP e o São Roque parecia uma praça de guerra. Em uma hora e meia seria capaz de afirmar que nada aconteceu na véspera. Verdadeiros heróis, mal pagos e geralmente não reconhecidos...Muitos serviços públicos, como na cidade toda, são deficientes em Paquetá, mas não acho que haja no Rio uma equipe eficiente da Comlurb como a daqui. (Juliana Barbieri)

O que você achou desta edição do jornal? Qual a sua sugestão para o próximo número? Quer escrever sobre algum assunto de Paquetá? cartasjornalailha@gmail.com

(Ricky Goodwin)

Expediente A Ilha é um jornal comunitário mensal organizado, elaborado e mantido pelos moradores da ilha de Paquetá. Mentor e fundador: Sylvio de Oliveira (1956-2014) Equipe: Claudio Marcelo Bo, Cristina Buarque, Flávio Aniceto, Ialê Falleiros, Ize Sanz, Jorge Roberto Martins, Julio Marques, Marcelo Ficher, Mary Pinto, Ricardo Cintra e Ricky Goodwin, Taís Mendes. Programação Visual: Xabier Monreal Jornalista responsável: Jorge Roberto Martins - Reg. Prof. 12.465 As informações e opiniões constantes nas matérias assinadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores.

Eudúcio no Carnaval

O Bloco Serragens comemora neste carnaval dez anos de existência, homenageando o nosso querido Eudúcio, do bar na Praia da Moreninha.

Impressão: Gráfica e Editora Cruzado Ltda / Tiragem: mil exemplares Fale com a gente: cartasjornalailha@gmail.com Anuncie: comercialjornalailha@gmail.com Ano 5, número 48, março de 2017. Este número de A Ilha foi possível graças à participação dos anunciantes e às contribuições financeiras de

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Adilson Martins Ana Cristina de Mello Carla Renaud Cizinha e Bernardo Cristina Buarque Cristina Campos Cristina Monteiro Claudio Mota David Fichel Guto Piris Henriete Araujo Julia Menna Barreto Julio e Sandra Leonardo Couto

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Luisa Barreto Lu Iza Lula Mendes Maria do Carmo Maria Holanda Ferreira Marilia e Silvio Mary Pinto Marcio e Mari Angela Mello Menezes Nadja Mara Barbosa Padre Nixon Ricardo Saint Clair Sandra Souza Silvio e Marilia

Aqui sexo grátis Cantina Viracanto causando rebuliço no centro de Paquetá com esta promoção. Quem passa vê a placa e logo se assanha: “Aqui Sexo Grátis”. Mas a promoção completa diz: “AQUI na compra de uma pizza gigante e independente do seu SEXO uma pet de dois litros de refrigerante saem para você GRÁTIS”. Com este calor, ainda tem gente que fica feliz, preferindo ganhar refrigerante do que fazer sexo.


PROGRAMAÇÃO DO CARNAVAL PA Q U E T Á 2 0 1 7 DIA 24 – SEXTA – 20H – ABERTURA DO CARNAVAL DE RUA DE PAQUETÁ Troféu A Foliona! Categorias Individual e Grupo: Inscrições Gratuitas no local. Coroação do Rei Momo e da Rainha do Carnaval de Paquetá. DIA24-SEXTA–21H–PAQUETÁIATECLUBE–BAILEPRÉ-CARNAVAL2017 Baile com Grupo Senzala e Ensaios dos Blocos. D I A 2 5 – S Á BA D O – 1 2 H – B L O C O D O S E R R AG E N ’ S Concentração no Clube Municipal a partir das 12h, saída às 15h30. O valor do Abadá dá direito a bebida na concentração. DIA 25 – SÁBADO – 16H – BLOCO DO CORSO - BANDA A FOLIONA Concentração na Praça Bom Jesus do Monte. O bloco desfila às 18h, mas só dá uma volta no quarteirão e logo após tem bailinho na praça. DIA 25– SÁBADO – 16H – BLOCO DO CAMELO Concentração na Praia José Bonifácio, a partir das 16h, na altura da Colônia de Pescadores. DIA 26 – DOMINGO – 15H – BLOCO DOS COQUEIROS Praia dos Coqueiros D I A 2 6 - D O M I N G O – 1 4 H - B A I L E I N FA N T I L Paquetá Iate Clube D I A 2 6 – D O M I N G O – 1 4 H – B L O C O DA TA RTA RU G A Padaria do Manduca DIA 26 – DOMINGO – 18H – BLOCO TOMA UMA Praia da Moreninha D I A 2 7 – S E G U N DA - 1 5 H – S A M B A C O M C R I S TO Rua Furquim Werneck, em frente ao número 205 D I A 2 7 – S E G U N DA - 1 5 H – B A I L E I N FA N T I L Casa Flor – Rua Adelaide Alambari 725 D I A 2 7 – S E G U N DA - 1 6 H - B L O C O DA S P I R A N H A S Concentração no Iate , saindo até a Furquim Werneck D I A 2 7 – S E G U N DA - 1 7 H - B L O C O DA C O L O N I A C o n c e n t r a ç ã o e m f r e n t e à C o l ô n i a d e Pe s c a d o r e s .

DIA 28 – TERÇA – 15:30H – BLOCO DOS PRIMOS Concentração Praça de São Roque, saindo pela Moreninha DIA 28 – TERÇA – 16H – BANDA CERQUEIRÃO Padaria do Manduca DIA 28 – TERÇA – 18H – BLOCO FECHA BAR Concentração em frente ao Nativa, na Praia José Bonifácio.

Deu no Globo – Coluna do Calazans

O jovem Lucas Paquetá, de 19 anos, não é um Gustavo Scarpa (ainda), mas certamente se inspirou no gol do jogador do Fluminense que fez história, na vitória de 5 a 2 do meio de semana contra o Globo. Scarpa marcou por cobertura num chute do seu próprio campo, numa trajetória de cerca de 60 metros. Paquetá não chegou a tanto, mas fez o quarto gol do Flamengo, contra o Madureira, com (quase) a mesma categoria. Foi um chute de cobertura também, da intermediária do adversário, em torno de 35 metros. Uma feliz coincidência, quatro dias depois da obra de Gustavo Scarpa. Assim como o meia do Fluminense, Lucas Paquetá também merece homenagem em seu primeiro gol marcado no time principal do Flamengo. (Fernando Calazans)

Presença em Paquetá A atriz Bete Mendes esteve recentemente em visita à Ilha de Paquetá. Ela veio fazer doações para a Geloteca Anacleto. Essa Geloteca vem a ser uma geladeira que é também biblioteca. Tem livros, discos, DVDs, é só passar na Praça das Barcas e pegar emprestado o que lhe interessa. Ah, a Geloteca aceita sempre doações: se tiver um livro interessante que já leu, aquele DVD ao qual já assistiu, gibis que não lê mais, deixe com Dejane no bar Estrelinha do Mar.

E no Jornal Nacional ...

Pérola da Guanabara saiu até no Jornal Nacional. Uma repórter acompanhou a multidão vindo da Praça XV de barca para Paquetá e saiu no meio do bloco mostrando a imensa folia. A reportagem foi ao ar no próprio sábado à noite. Mas quem roubou a cena no JN foi nossa Dona Lair, num sucinto depoimento: “Eu gosto é de movimento. Sossego, deixa pra quando eu morrer. Vou ficar quietinha lá... “

O verão das charretes elétricas

As férias de verão chegam ao fim, e pela primeira vez turistas e veranistas não encontram aqui as tradicionais charretes e seus cavalos. A alta temporada de estreia das Charretes Elétricas foi, segundo os condutores, só alegria. Mais clientes, mais faturamento e melhores condições de trabalho. Mauro Nunes, um dos diretores da associação dos condutores, acrescenta que não só os visitantes aprovaram o serviço. Hoje muitos moradores, principalmente os idosos, vêm adotando os carrinhos. Bom para a ilha, que ainda conta com os ecotáxis, também muito importantes para o nosso dia a dia.


AMORES DA ILHA

Tibério Gaspar

Glênio Maciel Neusa Matos

corrida vip

vira internacional A corrida mais charmosa do Rio de Janeiro e quiçá do Brasil aconteceu na semana antes do Carnaval! Em um domingo lindo de sol forte, típico do verão Paquetaense, desembarcaram na Ilha 792 atletas para disputar a Corrida Paquetá VIP! A iniciativa do evento foi de Mario Junior, ex-atleta e apaixonado pelo esporte. A corrida Paquetá VIP teve a sua segunda edição já contando com atletas internacionais e brasileiros do esporte de ponta, além de moradores e atletas amadores.

TÚNEL DO TEMPO o passatempo deste mês

Dentre os atletas internacionais, podemos destacar Tamissu Demisse, atleta paralímpico da Etiópia que veio prestigiar a corrida e conhecer a Pérola da Guanabara. Por falar em Pérola da Guanabara, devemos fazer um agradecimento a Comlurb por ter limpado a Ilha com excelência para que a corrida acontecesse um dia depois do Pérola da Guanabara, bloco de muito sucesso na Ilha. Outra pessoa ilustre que veio participar de nossa corrida foi Adair dos Santos, campeão brasileiro dos 5 mil metros. Mas o grande destaque vem para o Jair! Morador de Paquetá, o atleta venceu todas as barreiras e em sua faixa etária, mostrou quem manda na Ilha! Parabéns, Jair! Você é grande! Parabéns também a toda equipe da Corrida Paquetá VIP! Que venham as próximas!

Aproveitando que neste número do jornal viajamos ao passasdo, com histórias dos carnavais antigos, mostramos aqui uma imagem de paisagens antigas. O desafio aqui consiste em você conseguir identificar: a) que curva é aquela no meio da fotografia? b) qual é a praia que aparece lá no fundo? c) de onde foi tirada esta foto? Sim, este mês o nosso desafio é triplo! Respostas para. cartasjornalailha@gmail.com

Resposta do mês passado: Praia da Moreninha. Foto tirada a partir da esquina com Ladeira do Vicente. Só havia esta casa. Mais à direita, encostada no morro, havia um hotel.

FOTO DO MÊS

jorge de figueiredo


ardim de afeto

R u a s d e Pa q u e t á Jorge Roberto Martins

Há as que começam nas ladeiras. Já repararam a Manoel de Macedo e a Maestro Anacleto? E há as que nas ladeiras terminam como a Furquim Werneck e a Pinheiro Freire. Ruas de Paquetá, planas ou de ladeiras, além dos becos, praças e travessas são "assim-assim" com as praias. Cada uma, por modo próprio, nos observa com a quietude secular e com a inquietude dos tempos modernos. Elas testemunham o dia-a-dia paquetaense na placidez do "meio de semana" e o frisson dos visitantes aos sábados, domingos e feriados. Percorrê-las é uma atividade que a alma agradece. Pronunciá-las é uma delícia. Experimentem, lambendo as sílabas: Ma-no-el de Ma-ce-do, Ma-es-tro A-na-cle-to. Continuem com as que preferirem. Adelaide Alambari? Alambari Luz? Que tal Ladeira do Vicente? Nelas um cachorro se espreguiça, uma bicicleta faz

o seu tradicional traçado, principalmente nas de sua intimidade, e os pássaros, ah!, estes pintam e bordam no céu, a sua tela secular. Testemunhas do vai-e-vem são elas, as ruas, que começam e terminam no olhar da poesia, no sonho, na fantasia, na história e na tradição desta ilha iluminada e na linha do horizonte onde o prazer se acomoda.

Deu no

Mango é a lei Élcio Braga

Na Ilha de Paquetá, não tem chefe do tráfico ou rei da milícia. Quem manda é Mango. Com ele, não tem esse negócio de ‘nhenhennhen’. É ‘au, au, au’. Isso mesmo: Mango é um cão vira-lata, adotado pelos policiais do Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO). O animal, incansável, acompanha o carro da PM durante as ronda pela ilha. — É um hábito que ele (Mango) pegou. Cresceu aqui no DPO. E toda a vez que a viatura sai para fazer um patrulhamento, ele a acompanha — conta o capitão Ricardo Vidal, o responsável pela unidade do 5ºBPM (Praça da Harmonia). Policiais adotaram o cachorro depois de o encontrarem durante averiguação de uma denúncia. O comandante do DPO explica que o nome — Mango — é uma referência a um apelido tradicional entre os policiais, como tira ou Papa Mike.

— O Xerife ainda está por aí. Quando vê a gente, vem brincar, para perto da viatura, mas não fica mais no DPO — explica o PM Horst. Mango, porém, não tem medo de água. Todos os dias, ele espontaneamente vai à praia tomar banho. No DPO, tem tudo que precisa: ração e carinho. Por isso, não sai de perto dos fardados de azul. A adoção repercute positivamente na relação com os moradores. — Esta imagem do cão acompanhando as guarnições também serve como elo e ajuda a unir mais a comunidade de Paquetá com a polícia — observa o capitão Ricardo Vidal. Mango chega a participar até das reuniões do Conselho Comunitário. — No último conselho comunitário, estiveram presentes representantes da Guarda Municipal, Comlurb e Corpo de Bombeiro. Na mesa diretora, estávamos sentados para ouvir a comunidade. Para surpresa geral, ele (Mango) estava nos meus pés, dormindo sobre o meu coturno — destaca o comandante.

— Há cerca de mais ou menos um ano, quando a guarnição foi apurar um possível cometimento de um crime, numa comunidade conhecida como Praia do Buraco, encontrou um filhotinho abandonado. Nada foi constatado, mas a equipe resolveu trazer o cachorro até o DPO — recorda o capitão. O implacável Mango criou logo fama em Paquetá. — É o cachorro da polícia, da guarda. Fica atrás deles o dia inteiro — resume o empresário Conrado Moraes, de 26 anos, dono de uma pousada. O cão já conhece a rota do patrulhamento. Basta escutar o som do motor, para correr e ficar ao lado do veículo azul e branco. A ronda percorre as principais vias e tem, no mínimo, oito quilômetros de extensão. — Quando o motorista acelera, o engraçadinho gosta de ficar na frente da viatura, como que pedindo para andar mais devagar e seguir no ritmo dele — diverte-se o comandante. Com pena, os policiais já tentaram levar o cão dentro da patrulha. Mas não deu certo. No banco traseiro, ele passa mal. Só quer entrar no carro quando ouve trovoada. Antes de Mango, outro cão mandava no pedaço. Era Dunga, ou Xerife, alvo até de algumas reportagens. Mas Xerife se afastou do DPO depois que um soldado tentou lhe dar um banho. Hoje, vive na casa de um comerciante local.

Capitão Vidal e o sargento Horst fazem ronda pela Ilha de Paquetá acompanhados pelo vira-lata Mango


Batuquemos

Flavio Aniceto

Onde eu guardo a minha chatice? No meu quintal ou no do vizinho?

Cada um de nós tem as suas queixas, os seus incômodos, os sons, cheiros e tons que nos incomodam. Vizinhos que brigam o dia inteiro, crianças que berram “malcriações” o tempo todo, gente que geme alto (de dor, de muxoxo e de gozo), cachorros que latem, gatos que voam e invadem casas, o padeiro, o caseiro, o caminhão que corre mais do que devia e empoeira sua casa. “- Olh’aguaaaaaaaa!’ “- Essa bomba é muito ‘bomba’, incoooomoda muitooo!” “- Chegou o carro do gássssss... - Mas não pode armazenar gás na ilha... -Ah, é, Bebé, e cozinho como, na lenha? ”. “ - Nada contra, mas por que só ela pode vender café na barca? ” “ – Mas eles vêm lá da ‘casa do canário’ com aqueles isopores, não pooode! Tem que aumentar a passagem nos fins de semana, eu quero ir na praia da... e está

cheia de farofeiros. - Eu já eu adoro, a farofa deles tem ovo, presunto, milho, ervilha, uva passas, petipoá e bacon. É servidona!” E tasca falação: é o gari que não varre aquele pedacinho, é o bar que coloca a mesa na calçada, e tem as casas que fazem eventos mas não são "legalizadas", mas tem também os apartamentinhos de fundos das casas grandes que também não são, e o samba alto, o culto berrante, o cocô do cachorro, o gato e o cachorro presos, as crianças soltas, o cara que “conserta diumtudo”, só que não, o cara que conserta bem mas não aparece pra consertar, o problema da servidão, o portão que deixam aberto, o portão que deixam fechado, o eco-táxi, o carrinho elétrico, a calçada ocupada, a rua aberta ou fechada... Ufa! “- Olha aquela reunião, conheço ninguém. Dizem que são moradores. Eu que nasci aqui em 1500 e desde então estou aqui não conheço ninguém... Moradores, hummm!” “-E aquela outra reunião? Quem deu poder de decisão praquelas senhoras?” “ – Eu já eu? Denuncio mesmo, é a norma!” “Eu já eu, da minha parte? Não reconheço a senhora, Dona Norma...” Cada um de nós é um chato de plantão. E cada um de nós é um burlador de plantão no que nos interessa. De modo que: menos, meu povo. Tomem uma limonada, um maracujá, uma Brahma, chupem um sorvete, sentem quinze minutos que seja na Moreninha e conversem um pouco – para se apropriarem da elegância, sabedoria e disposição pra vida do Seu Eudúcio.

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Jim Skea

P ÉR O L A DA G UA N A BA R A Pérola da Guanabara, em sua quinta edição, lotou Pré-Carnaval Oa Praça de São Roque no sábado, dia 18¸ com mais

de 15 mil pessoas vindo curtir na Ilha, apesar do calor forte e da longa fila no embarque na Praça Quinze.

Ricky Goodwin

Mauto Mattos

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Jim Skea

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Jim Skea

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Jim Skea

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Jim Skea


Carnaval de Antigamente Como foram fundados os blocos Silêncio do Amor e Unidos de São Roque Depoimentos colhidos por Júlio Marques Papo com Waltinho Antes de existir o São Roque, tinha o pessoal do Bug-Hug que fazia um carnaval. E o Nelson e a Magdala tinham um bloco lá deles, mas era coisa de rico, com o Coronel Barbosa, pessoal da ilha não chegava. Não tiveram nenhuma influência sobre o carnaval de Paquetá. Também não existia o Silêncio do Amor. Na Rua Doutor Lacerda, tinha umas famílias grandes, a família Domingos, a família do Catutinha. Foi lá que começou o carnaval mesmo, com um bloquinho, encostado no antigo Padilha. Pessoal achou que não ia dar certo, porque não tinha gente pra pular o carnaval na ilha. Aí disseram: “Ah, na hora aparece”. Então surgiu o Na Hora Aparece. Mas esse bloco não vingou muito. Aí veio o Nem Te Ligo, e depois o Só Pra Homem. Houve uma briga na família de Catutinha, Geraldo Macaca e Mingo, e as mulheres não quiseram sair no carnaval. “Ah, as mulheres não vão? Então vai ser Só Pra Homem.!” Com o tempo, o carnaval acabou de novo. Tinha aqueles bloquinhos de surdo, Valdir Mota fazia uns bonecos gigantes, era coisa de beberrão. Aí começou o banho de mar à fantasia. Tinha um bloco muito bonito chamado Império Romano, contando histórias de Roma, como “Louco, o Imperador Desalmado”. Foi quando Henrique Araujo, irmão de Dom Pedrito, tio de Duca, começou a fazer uns enredos mais elaborados. Formamos um bloco na Manuel de Macedo, em frente à casa dele, e isso veio a ser o Silêncio do Amor. O pai do Henrique passou um livro de ouro pra levantar dinheiro. Mas a polícia proibiu a gente de fazer o bloco ali, foi uma confusão. Era eu, Piti, Pingo Dágua, Dom Pedrito, Henrique... Por isso que eu digo que é o meu Silêncio, porque sou cria desse bloco, quando começou eu era moleque de dez anos. Foi fundado em 29 de junho de 1948. Tava acontecendo a Festa de São Pedro na praia. O Barreirinha só veio no ano seguinte, em 1949. Quem deu o nome de Silêncio do Amor foi o Silva e Chico de Berília, que era segurança do jogo do bicho. Campo Grande era um presidente muito ignorante, dava muito grito, qualquer coisa ele esculhambava. Dizia que o pessoal tava fazendo muito esporro e ficava gritando: “Silêncio! Silêncio”! Chico de Berília um dia falou: “Pô, mas silêncio sem amor não adianta. Eu faço silêncio... mas cadê o amor”? Chico era um mulato forte, gozado pra caramba. Usava uma calça bonita, mas não botava camisa. Botava sapato e meia mas não botava camisa! Parecia um índio, sabe. Tomava conta daquilo tudo. Quando o Silêncio saiu no primeiro ano de desfile, Chico que veio na frente. Mesmo com esse segurança, houve uma invasão, então nos anos seguintes saiu com corda. A concentração era na Pinheiro Freire, onde hoje é o bicheiro. O presidente era o Campo Grande. Os diretores eram Augusto Silva, Nini, o compositor, e Seu Ortiz, o

presidente da Colônia, além de outros. Outro compositor – um grande letrista – era Fernando Milionário. O primeiro samba foi “Ciganinha”. Teve muitas músicas maravilhosas. Teve um ano em que o Jorginho Roberto Martins, que era conhecido pra caramba, trouxe um grande compositor do Império Serrano pra julgar o samba, junto com Áurea e Domício Proença. Ganhou um samba muito bonito, do Gino, o cantor. Outros compositores foram Baby, Aníbal e Zezé Trombone. Bené não compôs para o Silêncio do Amor, mas corrigiu muita letra. Ele trabalhava na Imprensa Oficial e levava as letras pra passar no mimeógrafo. Se via alguma coisa, corrigia. O diretor da bateria era Osmar Corda Lisa, que trabalhava na delegacia, e o mestre de harmonia era Bianco Osvaldo de Souza, meu colega no estaleiro. No primeiro desfile já tinha 300 pessoas. A bateria tinha uns 30 homens. Eu e Zezinho Ferreira batíamos frigideira. Aí matei um gato e inventei um tamborim. Tinha carpintaria no estaleiro e eu tinha facilidade de fazer. Manuel da Resistência tinha três filhos que pareciam touros. Eles eram da Ponte mas saíam no Silêncio. Um batia surdo, outro batia caixa e outro batia tarol. Não existia repinique, mas surdo de segunda. Depois comecei a pegar também num surdão. A bateria era também Pau Preto, Nilo Crioulo, Zezinho, Natinho, Calica, Saquarema, era boa pra caramba. Osmar me colocava pra desfilar perto, falava pro meu pai que eu ia ser um bom mestre, e dizia: “Não pode vacilar comigo não”. “Pô, Osmar vou vacilar com você, um negão desse tamanho.” Ele foi um dos autores da briga contra o pessoal do Campo, e bateu num bocado aquele dia. Aí o Silêncio começou a levantar e ganhou um montão de carnaval. Eu nunca perdi carnaval pro São Roque . No primeiro desfile, em 1948, com “Ciganinha”, já tinha carro alegórico. Uma charrete com coisas de cigano penduradas. As mulheres todas vestidas de cigana. A bateria de vermelho e preto, lenço no pescoço, como ciganos. Guardei por muitos anos essa fantasia. Quando meu neto fez 10 anos, vestiu essa roupa de cigano. Fiz muita fantasia também aqui dentro de casa. Mais da metade das fantasias do Silêncio eram feitas aqui. Minha mulher bancava roupa, comprava tecido, pano, e isso aqui virava um inferno. O ensaio era no Barreirinha mas minha casa era chamada de Sede do Silêncio do Amor. Campo Grande tinha morrido e convidei Ivo – pai do Ivinho – para ser presidente. Ele jogava futebol comigo no Barreirinha. Nós estávamos sem sede, ensaiavamos na rua, perto da Colônia, e ele era presidente do Barreirinha. A[ passamos a ensaiar ali, num salão. O Barreirinha antes era na Dona Adélia, lá no Darke. Enquanto isso, o pessoal do Campo, que tinha um bloquinho no Condomínio Bug-Hug, inventou o Unidos de São Roque, dentro do Municipal. Essa turma começou a querer disputar com o Silêncio. Perderam cinco anos seguidos! Aí teve um ano que armaram, botaram a Magdala como jurada, mas nós armamos de volta: botei o Estéfano, gerente do banco, como presidente do júri. E botamos o padre também como juiz. Na hora do desfile, Magdala deu 10 para o enredo do São Roque e 8 para a gente. Eles não tinham enredo nenhum! O padre então deu 10 em fantasia pra gente e zero pro São Roque. Ela ficou maluca e deu um bololô danado. Teve um ano que eles trouxeram um carro bonito pra caramba, que vinha uma ostra abrindo e fechando, com Joel lá dentro. Deu uma merda e a ostra não abria mais, quase mataram o Joel sufocado! Deu seis horas, sai, não sai, abre-alas parado, o carro não saía do lugar, os caras da RioTur chamaram a PM, que mandou entrar então o outro bloco. “Deixa São Roque pra lá!”


Rafael Brunhosa

Ricky Goodwin

Ricky Goodwin

Ouça as marchinhas cantadas por Hudson no Face do Jor nal A ILHA

Naquele ano a gente tava bancado por um bicheiro da Ponte – aquele da Saenz Pena – e a gente entrou massacrando. Os caras do São Roque tentaram entrar de qualquer maneira, empurrando o carro, mas naquele ano tomaram uma porrada! Acabou, nunca mais desfilaram no carnaval. Ficaram numa bronca do caramba. Nos continuamos fazendo o carnaval, mas sofrendo pra caramba pra botar o bloco na rua. Era difícil. O comércio não ajudava. Depois, pra frente, é que chegaram Ademir e Adeir, do Carecas. Em nosso último carnaval a gente tava devendo 900 contos pra costureira. Eu, minha mulher e o Raimundo, da padaria, compramos 4500 contos de instrumentos pra bateria. Acabou o carnaval, acabou a galinha, acabou o resguardo. Ficamos os três otários pagando 450 merréis em dez prestações. Por isso é que hoje nego não tem coragem de se meter com carnaval. Ninguém tá com dinheiro pra jogar fora. Eu tenho pena. Sinto falta. Se a gente botasse o Silêncio do Amor na rua... Com a experiência que meu filho tem lá embaixo, a gente viria como uma grande escola. Os carnavalescos gostam dele e dariam material. Mas tem que ter patrono.

Walter Francisco Junior

Papo (cantado) comn Hudson O bloco do Municipal era o União Campista. Saímos de índios. Todos pintados de vermelho, com os lábios pintados de branco. Viemos cantando essa marchinha: Quem é que viu uma índia por aí? Não é Bororó, Tupiniquim nem Guarani É é é é uma pele-vermelha Da cor do caqui A coitadinha está perdida por aí Sumiu faz um mês Pois não fala o português Só faz assim Ulululululu! Quem encontrar faz favor de me avisar O bloco da Ponte era os Rachudos. Veio cantando uma marchinha bonita: O Rei Zulu, o Rei Zulu Paga casa e comida e anda nu Pode não ter dinheiro pra gastar Mas tem mulher pra chuchu Rei Zulu não precisa de comida pra viver Tem casa pra morar , dinheiro pra gastar, Mulher pra namorar... Isso foi em 1948, 1949, por aí... Pô, era dez vezes melhor do que agora! Na rádio tinha uns programas de calouro muito legais. “A Hora do Pato.” “Calouros em Desfile – com Ary Barroso.” “Pescando Estrelas.” Aqui em Paquetá eu gostava do Bené, que gravou com Quatro Ases e um Coringa:

O maior ritmista que conheci em Paquetá era Dom Pedrito. Batia caixa, tamborim, repinique, marca de primeira segunda e terceira... no final batia até cuica. Outro que era bom era Jorge Gomes, mas muito rebelde. César Costa Filho levou a gente pra fazer um show na Tijuca Tênis Clube. Tinha Ivan Lins, Gonzaguinha, Oswaldo Montenegro, que estavam começando. Levei surdo de marcação, uma caixa, repinique, tamborim, chocalho, agogô, reco-reco. Fomos ensaiando na barca. Quando começaram a tocar “Upa, Neguinho”, nós entramos. Os caras ficaram malucos! O teatro veio abaixo. Convidaram a gente pra outros shows, mas como não davam cobertura, não pagavam a barca, era só na bilheteria... Foram Carlinhos, Hiram, Ivan, eu, Dom Pedrito, Zé Mona, a rapaziada que eu criava. Ensinei muita gente a bater bateria. Botei Thor na bateria com seis anos. Gostava de aprender e tinha o dom. Dava um show! Bate muito. Eu cobrava muito deles, me achavam autoritário, tinham um pouco de medo de mim. Tem que bater direito, pô! Na bateria, você tem que ter confiança nos seus componentes. Todo mundo vai em cima da marcação. Se a marcação parar, caixa não entra, repinique não entra, não se escuta ninguém. Bateria, tem que ter carinho, respeito. Peço licença ao Salgueiro Mangueira e Estácio de Sá Para apresentar este samba Feito só por gente bamba da formosa Paquetá Gravou essa também: Vou convidar meu camarada Pruma peixada lá em Paquetá Jorge Carreira também era bom. Eu e ele fizemos uma marchinha falando de Brocoió. Carlos Lacerda era um governador que não saía de lá. E nosso sambinha era assim: Eu queria ser girafa Pra ter um pescoço maior Só pra ver o que se passa Na Ilha de Brocoió Lá a boca é boa É boa, é de chuá Tem uísque, tem champanhe Mulher pra se farrear Doutor, pra que serve a sentinela? Eu queria ser colher pra mexer nessa panela Cantamos essa marchinha quando eu e meus primos fundamos o Unidos de São Roque. Começou no Bug-Hug. Nosso bloco era pequeninho e a gente saía do Manduca. Só tinha o pessoal do São Roque, do Bug-Hug e umas meninas da rua Dr. Aristão chamadas Irani e Cecília. Quando a gente passava em frente ao Municipal, aquele pessoal todo nem dava bola. Nossa bateria era saco de cimento com cola, quando chegava na Ponte tinha que acender jornal pra esquentar. Magdala me chamou e perguntou: “Por que vocês não fazem um livro de ouro? Sou a primeira a assinar”. Então todo sábado e domingo saímosa eu e Darcy passando nos comércios. Aí compramos uma bateria e o Unidos de São Roque começou a crescer.

Hudson Rosa


Bloco dos Coqueiros - 30 anos Lucy Linhares O Bloco dos Coqueiros surgiu em 1987 da vontade de amigos que tinham casas no Campo de brincarem o carnaval sem precisarem vir à Ponte. Tínhamos crianças pequenas e naquela época não existiam alternativas de transporte em Paquetá. Ou se pedalava ou se pedalava. Beber e pedalar com crianças na garupa das bicicletas não parecia ser uma boa idéia, e a perspectiva de ir para a Ponte e voltar de lá trazendo no colo as crianças também não. Então nos reunimos, compramos um tecido de oncinha no Saara e fizemos uns pareôs que vestiam jovens, crianças e velhos. Nesse primeiro ano, literalmente batemos latas e estabelecemos o percurso que mantivemos todo esse tempo: saíamos da Praia dos Coqueiros, que frequentávamos no dia a dia, e íamos adiante pela Padre Juvenal até a casa da Magdala, na Praça dos Combatentes, onde éramos recebidos com jatos d'água de mangueiras que nos esperavam em cima do muro. Dali entrávamos pela Alambari Luz até virar no Manduca, saudar o Antonio e a Maria e terminar na praia dos Coqueiros, onde mergulhávamos no mar. Virou tradição os moradores nos esperarem com as mangueiras prontas, refrescando os foliões.

Bloco dos Coqueiros

Tivemos pareôs por três anos, e nossa primeira camiseta foi feita em 1990. Aos pouquinhos fomos comprando os instrumentos e por muito tempo a caixa de som e a cerveja eram transportados em cima de um carrinho de mão, que era revezado entre os foliões. A maior alegria sempre foi fazer os sambas, que durante algum tempo foram fortemente políticos. Depois as letras que falavam da ilha, de seus encantos e suas mazelas, ou de amor, pediram o seu espaço. Refrão do samba de 1991: "Coqueiro vai, Coqueiro vem E na poupança nem mais um vintém... Zélia, amor de miséria Será que você é séria? Como em toda parte, muita coisa mudou no Bloco dos Coqueiros nesses trinta anos. Dos fundadores, permaneceu na ilha apenas o Bernardo Karam. Morreram alguns de nossos foliões mais animados, como Luiz Augusto Kuhnert, um dos fundadores, e Beto Barbosa, nosso puxador. Beto, ainda menino, já participava também como compositor. Ficamos mais velhos, reduzimos nossas saídas de dois para apenas um dia, e algumas vezes cortamos caminho no percurso, mas sempre fizemos nosso carnaval no Campo, sem nunca atender ao apelo da turma que queria ir até a Ponte! E fizemos mais um belo carnaval este ano, no Campo da Ilha de Paquetá!

Nosso primeiro desfile em 1987

Alguns de nossos fundadores Camiseta 2012

Camiseta 2010

Estandarte 2015

Nossa primeira camiseta

Collor na campanha eleitoral.


Tibério Gaspar, Tibério e Tiba Antonio Carlos da Silva

Cláudio Motta

Tibério Gaspar Entre aplausos, gritos de torcida e opiniões; entre disparadas, bandas e flores; entre bancas de revistas, sabiás e domingos, andava um Tibério Gaspar. Deve ter sido assustador, mas também deve ter sido mágico estar entre todos esses sonhadores, artesãos de nossas memórias. Desde os anos 30, não se via momento tão criativo na música brasileira. É óbvio que essa capacidade criativa nunca havia parado. Antes a Bossa Nova, os sambas canção, plenos baiões , xotes infinitos, letras imagistas, geleias gerais, gostos e perfumes. Mas, na década de 60, nos festivais, houve uma onda absurda de novos: Edu, Chico, Ben, Gil e até um meio esquecido Ataulfo Alves, como se fosse um prêmio, um imenso gole de água, um Oasis para suportar um possível deserto futuro... Entre novos e remidos estava Tibério Gaspar!

Tibério “Tem um cara novo na Ilha, é o Tibério!” Acho que foi o Tainã quem me falou sobre isso a primeira vez, foi há muitos anos e não me lembro exatamente como o conheci, nem quem me apresentou. O que lembro é que, como muitos de nós, ele chegou aqui com o coração cheio de projetos de melhorias para o bairro, de apoio aos artistas locais e, com infinitas falas, tentava arregimentar parcerias para a delicada empreitada de “mudar as coisas”! De melhorar o samba! Não posso afirmar que tenha conseguido, acho que não!

Tibério Gaspar e outros meninos e meninas, de alguma forma, inventaram que a velha toada poderia ser uma música para jovens, uma toada moderna, tocada em bailes, rádios, festas, com grande alegria e delicada poesia, e isso em plena ação da Jovem Guarda e explosão do Tropicalismo. Acertaram em cheio! Esse movimento repercutiu, paradoxalmente, de forma silenciosa... Não foi discutido como o tropicalismo, nem, que eu saiba, virou tese de mestrado, mas se manteve vivo e creio que trabalhos como os do Boca Livre, Céu da Boca e muitos outros receberam essa influência, creio mesmo que, até hoje, essas toadas modernas influenciem compositores começando agora, e os com estrada também.

Há uma característica da Ilha, os moradores antigos sabem disso, eu aprendi há algum tempo, é o seguinte: se melhorar estraga! O Tibério não sabia e foi com sede ao pote apresentando seu pacote de projetos! Conversei muito com ele nessa época e até me empolguei com seu discurso, era fácil se empolgar, as idéias eram muito boas... o tempo foi passando e o Tibério, vindo de navegações políticas, de engajamentos na luta, foi virando um ilhéu, como todos nós: não desistiu de suas metas, mas colocou a pelota no chão.

Depois de um grande sucesso nos festivais, a carreira de Tibério Gaspar ficou, como a de todos os outros novos nomes, muito difícil... Sim, difícil! Quem via essa turma nas revistas, jornais, TV e rádio, naturalmente imaginava que tudo era lindo, mas, música no Brasil é pra especialistas em sobrevivência, e tudo é muito, muito difícil, fato reconhecido por quem é do meio! Não foi diferente para o rapaz de longos cabelos e olhar gentil, exceto pelo fato de que ele era um dos especialistas em se manter ativo e assim foi. Compositor de inúmeros sucessos, suas músicas foram gravadas pelos mais importantes intérpretes, alguns de renome internacional. Teve inúmeros parceiros e produziu muitos artistas em início de carreira e alguns já consagrados, dirigiu shows, gravou discos solo, compôs trilhas sonoras de filmes e novelas, compôs jingles, foi produtor de TV, e, principalmente, escreveu com seus parceiros uma grande parte da trilha sonora de nossas vidas.

Lembro das crianças chamando ele de “Seu Tibério”.

Ele morou por um bom tempo no Hotel Farol, compôs muitas canções com o Carlos Veras e foi se apaixonando de vez por essa ilha estranhamente encantadora.

Tiba Caro amigo, por aqui é carnaval e o movimento na Ilha aumentou com a vinda do Pérola, há muita alegria misturada na poeira, há muitas cores e cantoria nos botequins... Tudo se enche de festa, tudo brilha e salta próximo às marolinhas das praias. Ontem cantamos suas impressões da vida... lá na Regina: Jorge Som, Veras, Edinho, Isa e Luiza cantaram... Acho que é uma tentativa de te permanecer. Eu não consegui ir ao palco, me desculpe, fiquei ali pela calçada vendo a saudade dos outros, a minha ficou guardada... por usura mesmo, pra não gastar! Às vezes olhava na esperança de que você viesse descendo a Rua da Ladeira, a do Lacerda, era sem pensar... Que tolice! Não sei nada de nada, mas desconfio de que essas tolices, por ingênuas, se tornam tão saborosas. A turma, a rapaziada noturna, está se fortalecendo com umas cachacinhas. Que novidade, não? Mas não tem outro jeito, você deu uma bagunçada na cabeça de todos. O Adônis, nem precisa dizer, tem os olhos e ouvidos voltados para dentro, deve estar revirando as gavetas de suas histórias e festas; a Luiza, é uma menina ainda, e, como quem não aceita, faz birra, chora o tempo todo, vai passar...; o Jorge Som, é outro menino, não entendeu ainda muito bem o que houve e, sem explicação pra porra nenhuma, explica muito bem tocando seu violão; Edinho tenta tapear a turma com um certo racionalismo, um pragmatismo profissional, não engana ninguém, está lascado também; Veras canta suas parcerias, Isa cantou lindamente uma música sua, Juliana; enfim, todos tentam te lembrar e manter. Para bagunçadas cabeças, nada melhor do que deliciosas cachaças... Assim vamos! Alguns estetas da vida defendem que não se deve ser emocional, sem choros. Velas, só se faltar luz! Pode ser ridículo, pode pegar mal... Ah, as opiniões! Eu fico meio dividido sobre isso; temo o ridículo, mas dou uns vôos por saudades e choros, gosto das palavras e mais ainda de seus significados, caro amigo. Devo, então, dizer: Tiba, obrigado por sua amizade! Por afeições, imperfeições, convicções, aulas de malabarismo, parcerias ao telefone, aprovações e desaprovações musicais... Obrigado, meu amigo! Deixo aqui, registrado e publicado, um imenso vazio!

Grande profissional esse tal de Tibério Gaspar! Cláudio Motta & Tibério Gaspar


Vem aí a segunda edição do Festival da Guanabara A primeira edição aconteceu em novembro de 2015 como ampliação das atividades do evento Domingo no Darke (realizado regularmente entre abril de 2013 a setembro de 2016, no parque Darke de Mattos e no Paquetá Iate Clube) O festival, naquela ocasião, ocorreu tendo como base o PIC e ainda na Casa Flor, Casa de Artes Paquetá, Municipal F.C e Praça Pedro Bruno, apresentando atrações “locais”, como o Coletivo Cantareira, o Joao Guedes, o Bambo de Bambu e convidados “de fora”, como Tia Surica da Portela, o diretor teatral Amir Haddad e outros. Nessa segunda edição, prevista para acontecer entre os dias 28 de abril e 01 de maio de 2017, tendo como foco os patrimônios cultural e ambiental da Ilha de Paquetá, queremos discutir o que é viver, conviver, ser e estar em um território que é uma Área de Proteção do Ambiente Cultural - APAC. Quais são as oportunidades, os benefícios e também as eventuais limitações que essa condição nos traz. E, ao mesmo tempo, no feriado de primeiro de maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, como encerramento do festival, discutir o que é ser trabalhador nessa ilha – social

e culturalmente e na Baía da Guanabara. As duas principais mesas do festival terão essas questões na agenda. Ainda pensando no que é viver e fazer em uma APAC, optamos por focar as atividades principais nas “casas culturais”, integrando um movimento que não é novo, mas que tem crescido na ilha, de utilização cultural e comercial alternativas de domicílios e outros espaços. O que passa também por discutirmos autonomia e cidadania culturais, temas sempre relevantes no fazer cultural, turístico e ambiental. E “casar” essa discussão nos dois temas acima descritos.

Contribuição solidária Falando em autonomia e no fortalecimento dos espaços criados e mantidos pela cidadania paquetaense, a proposta é que o festival seja viabilizado pelas contribuições solidárias dos agentes e realizadores culturais da ilha: ateliês, casas, comerciantes formais ou informais, moradores. As reuniões de organização do festival têm acontecido todas as quartas-feiras, às 20h, na Casa Flor – Rua Alambari Luz, 725 – Campo. E são abertas para todos que quiserem chegar e ajudar.


Jim Skea

Bloco Paz e Amor Pré-Carnaval

Ricky Goodwin

Ana Pinta

Ricky Goodwin

Jim Skea

O estreante Paz e Amor abriu a temporada de blocos em Paquetá, no último dia 11. No estilo hippie, foliões se concentraram na Praça Pedro Bruno e desfilaram pelas ruas da Ponte, com repertório de músicas dos anos 60 e 70.

Ricky Goodwin

Jim Skea

Jim Skea

Ana Pinta

Jim Skea

Jim Skea

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crônicas de paquetá A VIDA É COMO ELA É Julio Marques "Deixando versos na partida e só cantigas prá se cantar, naquela tarde de domingo fez o povo inteiro chorar". Repito o que as redes sociais repetiram e, como disse o Aldir : " é o tempo ..." ou "é o vento". Talvez devesse escrever uma carta... Talvez devesse escrever uma carta à Luz Del Fuego para que ela recebesse o Tibério com todas as honras, afinal a fada madrinha da Ilha dos Amores fez jus à fama e, apesar disso, morreu por ela. Espero que não queiram, do alto de um púlpito, fazer o mesmo com o Perola da Guanabara. Nesse verão da crise e da arrogância só enxergo dois caminhos e um deles, como avistou o filho da Marília, é catar bananas, botar penas na cabeça e ficar esperando os gringos descerem das charretes elétricas, rezando prá

Outro caminho seria mergulhar nas minhas lembranças vendo se acho alguma lição para sair dessa impotência. L e m b r o, d e p a s s a g e m , d o s documentos do VAR que sempre acabavam com o "Ousar lutar, ousar vencer". O certo é que ora me sinto triste, ora feliz. O Perola me alegra. Bundinhas felizes prá tudo que é lado, tudo criativo e bonito, gente solta que parece não ter nada a ver e que só está a fim de se beijar. Porque não se no fundo a vida é isso. Entendo que seja desagradável para alguns, homem com homem e mulher com mulher ou mesmo homem com

mulher, mas é melhor do que alguém dando porrada na mulher ou chutando a cabeça do vizinho e sem tirar as crianças da sala. E é só não olhar. Salve as religiões que mandam " amai-vos uns aos outros". Dentro do espírito do Perola, vejam vocês que a Marta, quase destroçada por um transatlântico que ia espalhar pernas e outras coisas por toda a Praia de S. Roque, apesar dos clarins do Bola Preta, viu que a Inês soprava em vez de chupar.

Mas a vida é assim e lá vai ele prá batucada, embora não fosse a sua praia, desfilando com a Nega Luiza nesse bloco que não para de passar. Vai lá, Tibério, que em algum lugar nós todos nos encontraremos de novo. Julio, perplexo, triste e feliz mas bradando ainda mais alto : VOLTA DILMA

um passeio em pqt

O contorno do litoral pode ser feito a pé em 45 minutos, sem correria nem paradas. De bicicleta, leva cerca de 25 minutos. AÇ

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Logo na saída da estação das barcas na ilha, à direita, um painel oferece algumas opções de roteiros turísticos.

Paquetá > Praça XV

Pontos turísticos

E lá se foi Tibério, feliz que estava na noite anterior, sacaneando o Adônis prá ele beber e namorar sei lá quem.

PR

Paquetá está no município do Rio: não é preciso DDD nas ligações para a capital.

receber espelhinhos em troca da pose prá foto.

Dias Úteis 05:30 > 06:20 06:30 > 07:20 07:30 > 08:20 09:30 > 10:20 11:30 > 12:20 14:30 > 15:20 16:30 > 17:20 18:30 > 19:20 19:30 > 20:20 21:00 > 21:50 23:10 > 00:00 FdS e feriados 06:00 > 07:10 08:30 > 09:40 10:00 > 11:10 11:30 > 12:40 13:00 > 14:10 14:30 > 15:40 16:00 > 17:10 17:30 > 18:40 19:00 > 20:10 20:30 > 21:40 22:00 > 23:10 23:30 > 00:40

Praça XV > Paquetá Dias Úteis 05:30 > 06:20 06:30 > 07:20 08:30 > 09:20 10:30 > 11:40 13:20 > 14:10 15:30 > 16:20 17:30 > 18:20 18:30 > 19:20 20:00 > 20:50 22:15 > 23:05 00:00 > 00:50 FdS e feriados 04:30 > 05:40 07:00 > 08:10 08:30 > 09:40 10:00 > 11:10 11:30 > 12:40 13:00 > 14:10 14:30 > 15:40 16:00 > 17:10 17:30 > 18:40 19:00 > 20:10 20:30 > 21:40 22:00 > 23:10 00:00 > 01:10

Igreja Bom Jesus do Monte Caramanchão dos Tamoios Canhão de Saudação a D. João VI Árvore Maria Gorda Praças e parques Preventório Rainha Dona Amélia Pedro Bruno Escola Pedro Bruno Fernão Valdez Telefones úteis Poço de São Roque Atobás (Quadrado da Imbuca) Barcas (estação de Paquetá) - 3397 0035 Coreto Renato Antunes Tiês Barcas (central de atendimento) - 0800 7211012 Capela de São Roque Lívio Porto (Ponta da Ribeira) Bombeiros - 3397 0300 Cedae - 3397 2143 (água) / 3397 2133 (esgoto) Casa de Artes Mestre Altinho Comlurb - 3397 1439 Pedra da Moreninha Bom Jesus do Monte Farmácia - 3397-0082 Ponte da Saudade Manoel de Macedo Gás (fornecimento de bujão) - 3397 0215 Pedra dos Namorados São Roque Hospital (UISMAV) - 3397 0123 / 3397 0325 Casa de José Bonifácio Ex-Combatentes Light - 0800 282 0120 Mirante do Morro da Cruz Alfredo Ribeiro dos Santos Oi Telemar - 3397 0189 Cemitério de Paquetá Pintor Augusto Silva PM - 3397 1600 / 2334 7505 Em negrito, horários com barcas Cemitério dos Pássaros Parque Darke de Mattos Polícia Civil - 3397 0250 abertas (tradicionais). Em itálico, os horários previstos de chegada. Farol da Mesbla Parque dos Tamoios XXI R.A. - 3397 0288 / 3397 0044

Localidades

Viracanto Levas-Meio Rua dos Colégios Ladeira da Covanca Morro do Buraco

(Morro do Gari)

Pau da Paciência Árvore do Sylvio Colônia Cocheira Morro do Pendura Saia Morro do PEC

(Morro da Light)

Rua Nova Colônia da Mesbla Curva do Vento Beco da Coruja

Serviços

Banco Itaú Banco do Brasil e Caixa Econômica (Loja lotérica)

Hospital (UISMAV) (3397.0123 / 0325)

Aparelhos de ginástica (jovens e maduros)

Aparelhos de ginástica (idosos)

Mesas para pic-nic ou jogos Mictórios Farmácia (3397.0082) Brinquedos infantis


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