Jornal a ilha N-25

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PMÉSDEO

Foto: Neuza Mattos

ano 3, N 25, outubro 2014


cartas

editorial Durante as semanas de agonia de Sylvio no hospital e nos dias que se seguiram a sua morte, a solidariedade e a dor compartilhada tanto por aqueles que lhe eram mais próximos quanto por todos que acompanharam sua trajetória na Ilha foi seguida por uma outra angústia: o que vai ser do jornal? Para muitos – entre os quais me incluo –, o fim de A ilha era uma decorrência óbvia da morte daquele que o concebeu e que o fazia praticamente só. Quem mais se lançaria a uma loucura como essa, a de fazer sozinho um jornal deficitário pela única razão de que ele se tornara uma referência para a própria identidade paquetaense? Sim, ele contava com a ajuda de muitos de nós, moradores, para redigir, fotografar e caçar notícias – sem essa ajuda, o jornal não teria existido, por mais heroico que fosse o nosso amigo. Não lhe faltou solidariedade nessa empreitada. Mas, na hora do pega pra capar, era ele & ele: cobrir os buracos de última hora – fotos que faltavam, informações incompletas, um colunista ou outro que atrasava a entrega do texto, uma pesquisa na internet para confirmar um dado etc. etc. –, e diagramar, administrar a produção gráfica, gerenciar o recolhimento de anúncios e até mesmo distribuir os exemplares (sim, ele saía pela Ilha num ecotaxi, depois de bufar e praguejar muito enquanto ensacava e etiquetava os jornais)... Sylvio morreu num domingo. Na noite da sexta seguinte, três dezenas de moradores foram beber juntos, em sua homenagem. Fez-se uma mesa grande, em forma de U, para que pudéssemos todos dividir aquela ausência. Conversamos, rimos, bebemos, falamos mal das barcas, apreciamos o luar de Paquetá. Teria sido uma noite completa, não fosse a incompletude que a havia gerado. Em algum momento, resolveu-se fazer uma vaquinha para o pagamento da última dívida do jornal, com a gráfica: o dinheiro arrecadado com a última edição estava bloqueado no banco, como manda a lei no caso do óbito do titular da conta. E, num momento seguinte, alguém tomou a iniciativa de propor a continuidade de A ilha. “Fazemos juntos”, “cada um fica com uma parte”, “eu posso fazer isso; você pode ajudar naquilo”. Houve um Sylvio de Oliveira ali; viramos todos Sylvio de Oliveira. No domingo, vários nos reunimos para avaliar a viabilidade daquilo. Foi feito um levantamento das tarefas, das etapas da produção, das competências e possibilidades de cada um, da grana necessária, do grau de comprometimento que um a um poderia dispor. E aqui está uma nova edição de A ilha. Não, ela não está sendo feita como uma homenagem a Sylvio – embora, no fim das contas, ele esteja sendo lembrado e naturalmente louvado da capa à contracapa. Esta edição está sendo feita para a permanência de um bem que se mostrou coletivo, produtivo, aglutinador – e querido e gostoso, como Sylvio o concebeu e levou à frente. Sim, uma atividade trabalhosa, mas gostosa. Como, afinal, foram todas as paixões inesquecíveis. Não é por ele que nós o fazemos; é por nós. A ilha já era um jornal essencialmente comunitário, embora tivesse um dono. Agora, seu dono é a própria população de Paquetá. Cabe a ela zelar por sua continuidade, com a mesma firmeza e a mesma alegria com as quais Sylvio nos encantou. André Villas-Boas.

No momento em que uma cruciante dor fere nossas almas, queremos externar nosso mais profundo agradecimento a toda a equipe da Unidade Integrada de Saúde Manoel Arthur Villaboim, que atendeu ao nosso amado filho Sylvio José de Oliveira nos instantes em que sua saúde foi afetada pelo mal que o vitimou fatalmente. Cabe aqui salientar a presteza e a eficiência com que o Dr. Pedro Jonathas, então plantonista do horário, e em seguida o Dr. Luiz Alberto atuaram até sua remoção para o hospital determinado pelo seu plano de saúde, não medindo esforços para oferecerem o melhor possível, apesar da luta inglória. Não existem palavras capazes de traduzir a extensão e a profundidade da mais sincera gratidão. Resta-nos pedir a Deus que os abençoe e que suas trajetórias continuem sendo revestidas desta somatória: ciência e humanismo de que só os privilegiados são capazes. Estendemos ao Dr. Afonso nossa gratidão pelo carinho com que nos honrou. Finalmente, a todas as equipes das diversas atividades deste hospital, nosso muito obrigado. Aonde quer que a vida os destine, guardaremos sempre em nossos corações o apreço que tem proporcionado alívioa quem vivencia, como nós, a perda de um ser tão amado quanto o nosso Sylvio. Maria José de Oliveira (mãe) Izabel Oliveira da Luz (tia)

Assassino de animais Há pouco tempo, três gatos e alguns gambás foram envenenados na Manuel de Macedo. Neste mês, dois cães no Campo: Pirulito e Pinduca, queridos por todos. Paulo Maia, presidente da ONG SOS Aves & Companhia, registrou queixa na delegacia e a polícia instaurou inquérito. Dar chumbinho é crime; comprar chumbinho é crime; vender chumbinho é crime. É bom a gente ficar de olho. Doutor Gustavo dá uma mão Falando em cães e gatos, todos sabemos que eles costumam reproduzir em quantidades prá lá de generosas. Está muito difícil resolver o problema de castração. Nosso veterinário, Dr. Rodrigo, não tem tempo de realizá-las todas de uma vez, pois há outras demandas. Dependemos de iniciativas individuais como a de Zenilda, trazendo seu amigo Dr. Gustavo para dar ma mão. Depois de um ano fora do Brasil, ele voltou à Ilha em setembro. Mas trata-se de um esforço enorme e não acontece com a frequência necessária. Cosme, Damião e Massinha

Envie sua carta pelo e-mail cartas@jornalailha.com

expediente A ilha é um jornal comunitário, de periodicidade mensal, organizado, elaborado e mantido pelos moradores da Ilha de Paquetá. Mentor e fundador Sylvio de Oliveira (1956-2014) | Equipe Ana Pinta, André Villas-Boas, Cristina Buarque, Flávio Aniceto, Jorge Roberto Martins, Júlio Marques, Leila Martins, Márcia Kevorkian, Mary Pinto, Regina Linhares, Ricky Goodwin, Ruth Coelho, Vilma Leocádio | Jornalista responsável André Villas-Boas. Reg. Prof. 18583 | As informações e opiniões constantes nas matérias assinadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores, e não necessariamente avalizadas pelo jornal | Tiragem 2.000 exemplares | Contato editoria@jornalailha.com Ano III, número 25, outubro de 2014.

A produção deste número de A Ilha foi possível graças à participação dos anunciantes e às contribuições financeiras de Afonsinho Agnaldo Wanderley Ana Cristina de Mello Ana Pinta AndréVillas-Boas Antônio Marcos Armando Klein Bernardo Karam Carlos Veras Chico Mendes Cláudio Marcelo Conceição Campos Cristina Buarque Eneida Virgílio Flávio Aniceto Ialê Faleiros Jim Skea & Celina Jorge Roberto Martins Júlio Marques Laize Senra Leila Martins Lilia Levy Lucy Linhares Lula Mendes

Márcia Bichara Marcílio Freire Márcio M. Ferreira Maria de Fátima Maria Holanda Mariângela de Sá Ferreira Marília Sá Mary Pinto Nadja Barbosa Padre Nixon Regina Linhares Ricardo Bichara Ricardo Cintra Ricardo Saint Clair Ricky Goodwin Rose & Venâncio Rubens Sousa da Silva Ruth Coelho Sylvio Sá Wanja Bastos Zeca Ferreira Zeca’s Bar Zezé Amorim

Véspera de Cosme e Damião e um grande o movimento na padaria do Manduca e no Joãozinho, ao lado. O DJ Joãozinho , nas carrapetas, atacou de Jamelão cantando Lupiscínio e Nelson Gonçalves. Casais dançavam. Num canto, Massinha sorria e chorava. A festa era para ele, o aniversariante (na foto acima). Massa! Ah, Paquetá!

Chá e alegria O Chá comunitário promovido na cantina da igreja do Senhor Bom Jesus do Monte está bombando. A edição de outubro, ocorrida no dia 14, foi concorridíssima. Novos quitutes serão oferecidos no próximo evento, marcado para as 17 horas de 11 de novembro, para acompanhar a confraternização.

SERVIÇOS

WALDERI MERCEARIA Frutas, legumes e verduras Congelados e laticínios em geral

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A falta que nos fazem Sylvio se foi e deixou muita gente órfã. Difícil o dia que a gente não lembre dele, não fale nele, não sinta sem querer a sua falta. Em poucos anos de Ilha, mexeu em muita coisa, inventou, fez amigos. Levou muita bordoada, também. Mas isso é mesmo assim.

Em setembro, perdemos também José Henrique, que deixava limpas as ruas do Campo. Sempre sorridente, passava bem cedo com sua vassoura e radinho. Dava um bom dia cheio de vontade, de verdade. Que falta faz esse Bom Dia! Na foto, José Henrique desentope um bueiro, fora de seu horário de trabalho. Um forte abraço em Cacá, a viúva, ganhadora do Troféu A Ilha de melhor atendente em 2014.

o que vai pela ilha São Roque... Queremos de volta para nós! O que salvou foi a tradicional encenação do Auto, como sempre lindo. Até o padre compareceu. Privatizaram São Roque e o carnaval de Paquetá! Pena. Farmácia Popular agora também em Paquetá A Farmácia Ametista faz parte do Programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde, que fornece remédio de graça para asma, hipertensão e diabete. Basta levar identificação e receituário médico. Para maiores informações, procure o atendente.

Luiz Pião e o novo samba do Salgueiro Nosso vizinho Luiz Pião, em parceria com Xandy de Pilares, Jassa, Betinho de Pilares e Miudinho, terá o seu samba defendendo a GRES Acadêmicos do Salgueiro em 2015. O enredo da escola é Do Fundo de Quintal: saberes e sabores na Sapucaí. Parabéns para ele e boa sorte para os salgueirenses de Paquetá!

Sinal verde para as charretes Os desembargadores da 16a. Câmara Cível, do Tribunal de Justiça, decidiram manter em funcionamento o tradicional passeio de charretes aqui na Ilha. Como se sabe, o Ministério Público do Estado queria a suspensão imediata do serviço, alegando que os cavalos sofrem maus tratos. Mas os magistrados concluíram que a medida causaria prejuízo também a quem atua de acordo com o que determina a lei. A Charretur, empresa que explora o transporte, tem prazo de dez dias para apresentar toda a documentação dos animais.

Paquerioca Tuninho Silva, não satisfeito em aproveitar da dupla sorte de viver no Rio de Janeiro e, ainda mais, em Paquetá, resolveu transformar esse privilégio em uma imagem gráfica. Daí nasceu a marca Paquerioca, que está viralizando no Facebook dos paquetaenses. Na foto, ele mostra, como um bom paquerioca, quando finalmente conseguiu pegar um bom peixe. Histórias e músicas

Queremos de volta A notícia é velha mas vale registrar: foi linda a festa da Pérola da Guanabara. Parabéns aos organizadores e músicos. Já a de

Bosendorfer vai pra faxina O projeto Bem Me Quer Paquetá e a Orquestra Jovem Paquetá acabam de ser contemplados com o Prêmio Funarte de

Mittarakis na Anamaria

A revista feminina AnaMaria publicou, em sua seção Obra de arte da semana, um quadro de nossa Lia Mittarakis (1934 1998), moradora de Paquetá por décadas. A ilha foi sua principal inspiração. A pintora, inclusive, doou uma de suas obras para a Morena – e este é um dos maiores tesouros da associação de moradores. Na foto, o trabalho de Mittarakis que saiu na revista. Saudade da cervejinha... e dos amigos Com o fim do bar do Zarur, os frequentadores contumazes estão batendo cabeça pela Ilha. Batendo cabeça e perna! É um tal de marcar e desmarcar encontro, gente procurando gente...Tenho visto pessoas perdidas até na farmácia! Mas o bar deverá reabrir em novembro, sob nova direção – que promete manter o clima de boteco de cidadezinha do interior que o tornou famoso até no continente

Um monte de peixe morto nas praias

Puxão de orelha Muitos reclamam que a Ilha está abandonada, que a R.A. não faz nada... É preciso lembrar que Paquetá é um bairro. Não é um condomínio fechado e a administradora não é síndica. Como em qualquer bairro, precisa de verba da prefeitura para fazer qualquer obra – e com toda a burocracia que isso implica. Outros bairros do Rio estão abandonados, principalmente na Zona Norte. O que melhora a Ilha são as ações de grupos como o Plantar Paquetá, que arregaça as mangas e vai à luta.

Eleição no Conselho de Segurança Estão se aproximando as eleições para o nosso ilustre desconhecido Conselho Comunitário de Segurança. Sim, ele existe e está em funcionamento como manda a lei, embora pouca gente saiba o que tem feito de útil. Será que dessa vez ele engrena?

Apoio a Orquestras. A verba será utilizada para a compra de alguns instrumentos e cordas e... Isso não é pouca coisa: a reforma do piano Bosendorfer, um dos orgulhos da Casa de Artes – e da Ilha!.

As crianças do Preventório Rainha Dona Amália foram brindadas em setembro com as cantigas e as histórias contadas por Luciana Tenório. O evento ocorreu na Biblioteca Escolar Municipal Joaquim Manoel de Macedo, como parte do projeto Ponto com letra, do ponto de cultura Fazendo a diferença em Paquetá.

Carlos Coelho Nestes últimos dias, assistimos a mais uma mortandade de peixes nas águas da baía. Quando isto acontece, duas razões logo vêm em mente, apuradas em tempos passados. Uma é a pesca com bombas, comum antigamente. Neste caso, entre os peixes mortos são descartados aqueles muitos que não são desejados. A outra hipótese é a quantidade de oxigênio dissolvida na água. Tanto pouca quantidade quanto muita podem causar a mortandade, pois este descontrole faz com que algumas algas se desenvolvem em detrimento de outras. Quando há muito oxigênio (devido, por exemplo, à presença de muita matéria orgânica poluente), as algas verdes (aeróbias) se proliferam. Quando há pouco, são as vermelhas que se multiplicam. Ultimamente, temos visto os dois fenômenos: nas praias da Ilha, muitas algas verdes; em outras áreas da baía, o fenômeno da “maré vermelha”. Isso nos faz pensar que a razão esteja mesmo na quantidade de oxigênio disponível para os peixes.

PADARIAS & MERCADOS

Pães doces e salgados Refeições de seg a sex

Self Service aos sábados e domingos Rua Cerqueira, 74 – Campo


Domingueira do doutor : Trinidance toca The Beatles, no Carecão

foto do mês: Francisco Neto

Fonte: Facebook Almir Aranha

foto do mês: Francisco Neto

O grupo Trinidance animando ao ritmo dos Beatles Fonte: Facebook Almir Aranha

MODA Fonte: Facebook Almir Aranha

Cristina Estampas

Tel: 3397-1727 e 9766-7008 crisazevedo@uol.com.br FaceBook - Cristina Azevedo

Os reis do iê-iê-iê continuam brilhando...

Fonte: Facebook Almir Aranha

A&G Modas Galeria Paquetá SAÚDE & BELEZA

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Um salto para a dança

Cortes, penteados para casamentos, bodas, reflexo. Agora com manicure! (Martha) Comendador Lage, 93 apto. 101 cel: 96811.5582

Prof. Vera Castro Clube Municipal

Doutor Pedro arrasando na canja

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Rua Furquim Werneck, 31 loja B

No fim do show, a banda chamou ao palco organizadores e dançarinos mais animados

Na hora H, é com a gente

MISCELÂNEA DA VOVÓ

Dr. João Carlos Acupuntura

Shiatsu

Terças e quintas Tel: 7985 5049 e 8150 9882

GALERIA PAQUETÁ


Aniversário do Seu Eudúcio – Fotos: Cláudio Santos

pqt night

O aniversariante, entre Debbie Day e Anete Pinhel Irakitan Araújo no comando da galera

Andreza Boaventura e Fernando Silva

Baile do Copa 7, no Iate – Fotos: Cláudio Santos

Suely Araújo arrebenta na pista

William Moura e sua turma

UTILIDADES


Um herói “paquetaense” na I Guerra Mundial Cláudio Dantas (Sapatinho)* Em 2014, pelo mundo afora e, principalmente, na Europa, está sendo lembrado o centenário do início dos combates da I Guerra Mundial (28/07/1914-11/11/1918), primeiro confronto a nível global, de tão tristes recordações, como são todas as guerras. É assunto por demais noticiado em todos os meios de comunicação e sobre ele não quero tecer maiores comentários, já por si mesmo bem conhecido de todos, uns mais, outros menos. O que quero destacar, unicamente sobre o tema, é a presença de um “paquetaense” ilustre, com participação efetiva no palco da guerra, embora não tenha disparado um só tiro. Domingos João Poutou aparece no cenário paquetaense em 13/06/1909, vindo da Paróquia de São Cristóvão, sendo recomendado nada mais nada menos pelo próprio Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, o Cardeal Arcoverde, para assumir como Vigário da Matriz do Senhor Bom Jesus do Monte, em substituição ao estimadíssimo Padre Juvenal David Madeiro, falecido dias antes, em 03/06/1909. Em Paquetá, conforme prometeu aos paroquianos no dia de sua posse, Poutou teve atuação destacada nos serviços de ordem espiritual e sociais, principalmente na continuidade da Campanha de Reconstrução da Capela de São Roque, onde deixou seu nome indelevelmente marcado. Quando estrondaram os primeiros tiros da guerra, o Padre Poutou era vigário paquetaense há cinco anos. Ele era muito querido e estimado pelo seu rebanho, dada a sua seriedade na condução de seu trabalho como pároco, e por toda a população paquetaense não católica, por sua firmeza

ESPAÇO CULTURAL

de vocação, humildade, delicadeza, educação esmerada, inteligência invulgar e modo casto de viver. Bem no inicio do conflito, Poutou seguiu para o front de batalha, onde serviu nas fileiras do exército francês, com sacrifício abnegado e heróico nas funções de Enfermeiro e Capelão Militar. Teve destacada atuação em ambos os misteres, merecendo várias condecorações e recebendo brilhantes citações na ordem do dia. De retorno ao Brasil, após o fim da guerra, o querido vigário paquetaense foi transferido para um novo campo de trabalho apostólico, o Paroquiado da Lagoa Rodrigo de

Acima, ao centro, igreja francesa convertida em hospital militar. O “paquetaense” Poutou viu tudo isso de perto

Freitas, onde deu continuidade a sua vocação de fiel sacerdote. Lá, atuando junto com o Padre André Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, sobrinho do Cardeal Arcebispo, e com o mesmo brilhantismo que o fez ficar conhecido nos meios religioso e secular, em São Cristóvão, Ilha de Paquetá e nos campos de batalha da longínqua Europa. * Cláudio Dantas (Sapatinho) é Bibliotecário Documentalista formado pela Universidade Federal Fluminense e Membro Correspondente da Academia de Artes, Ciências e Letras da Ilha de Paquetá.

A lenda vive no coqueirinho que geme Claudio Marcelo Absurdo? Crendice? Ignorância? Tudo isso junto? Pode ser. Mas quem morava ou passeava na ilha de Paquetá jura de pés juntos que o coqueiro gemia nas noites enluaradas. E uma onda de tristeza e melancolia varria as praias de Moema e de Iracema, antigos nomes das praias da Imbuca e dos Frades. Era um velho coqueiro, muito alto e solitário, que, fincado à beira do barranco, se inclinava abusadamente sobre a praia. E por que gemia o famoso coqueiro? Bem, aí a estória se mistura com a História. Por volta de 1567, nas sangrentas batalhas que se seguiram à fundação da cidade do Rio de Janeiro, uma lança atirada por um índio tamoio matou o militar português Estácio de Sá. Só que a vítima era nada menos que fundador da cidade e governador-geral da capitania do Rio de Janeiro! Ou seja, assim colado com o homem… o rei de Portugal! “Ai, Jesus! Ó pá, isto não vai a ficaire assim!”, bradou um dos comandantes dos soldados lusitanos. E partiram à caça dos indígenas, que bateram em retirada. Muitos deles vieram se refugiar nas ilhas do fundo da baía, Paquetá entre elas. Mas a ordem de vingar o governador era clara: não descansar enquanto não se eliminasse o último tamoio. Exímios nadadores e remadores, íntimos das pedras e matas das ilhotas, os índios não venderam barato a derrota. Mas ela veio. E teve seu dramático capítulo final aqui, bem próximo à praia da Imbuca. Cercado, cansado e sozinho em sua canoa, o corajoso tamoio acabou mortalmente abatido por um tiro. Num esforço heroico, conseguiu ainda chegar à areia. E o último tamoio deu seu último suspiro na ilha que tanto amava. Seus algozes logo chegaram para conferir se o serviço estava mesmo concluído. Sim, o corpo jazia inerte e sem vida na areia. Mas um detalhe os intrigou naquele fim de tarde cinzento e ventoso: onde estaria o cocar de guerra que, pouco antes, seu inimigo ostentava? Aliás, numa primeira inspeção à volta, observaram como as palmas de um coqueiro próximo se assemelhavam ao adorno de cabeça desaparecido. Mas eles tinham mais do que cuidar e partiram para uma primeira incursão pelas redondezas, inclusive para se certificarem de que não havia mais nenhum daqueles

bárbaros selvagens de pé. Felizes com a missão cumprida, quase caíram para trás quando retornaram à praia da Imbuca. Sem deixar pistas, nem mesmo marcas na areia, o corpo do índio havia simplesmente sumido! Evaporado! Isso num lugar onde, certamente, não havia mais vivalma.

Coqueiro sinistro Já era quase noite, o vento uivava, o mar se atormentava. E numa última espiada antes de embarcarem, os ressabiados marujos se arrepiaram diante da furiosa agitação com que as palmas do tal coqueiro se debatiam. Sim, aquele mesmo sinistro coqueiro, que parecia vestir o cocar desaparecido do índio, sugeria querer lhes dizer alguma coisa. Mas não lhe deram tempo. Partiram a toda vela, agora sem nem pensar em olhar para trás. A partir daí, quem conta são as várias gerações de paquetaenses, que, mal finalizava a fase lunar de quarto-crescente, já se assanhavam para uma visita ao “Coqueiro que Geme”. Queriam conferir se aqueles misteriosos sons eram mesmo da dor e do sofrimento do último tamoio. E não é que a árvore gemia mesmo! Ou não? O que não há duvida é que na noite de 11 para 12 de janeiro de 1975, sábado para domingo, uma forte rajada de vento sul partiu em dois nosso velho coqueiro, matando-o. Mas a lenda continua viva. E agora vai ficar mais viva do que nunca, com o plantio de uma nova muda de coqueiro, no mesmo local, feito pelo grupo Plantar Paquetá, no último dia 16 de agosto. Tomara que o “Coqueiro que Geme” cresça rápido e forte. E volte a gemer, nem que seja em lenda. Uma lenda linda como a nossa ilha de Paquetá.

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O nosso Sylvio

Há quem diga que Paquetá virou outra após Sylvio. É, provavelmente, um exagero. Mas sua atuação na Ilha foi, indiscutivelmente, marcante e decisiva. O jornal A ilha, o troféu, o concurso dos meninos e das meninas, o Domingo no Darke, o Abraço ao solar, o Batuque na cozinha, os livros da Poetas de Paquetá, seus shows na Fatinha, na Tia LLloydd nova e no Carecão: qualquer morador que curta Pqt tem boas lembranças de alguma dessas atividades. Mas não apenas aí residiu sua força: ele tomou posições públicas sobre pontos cruciais para os moradores, por meio da gestão na da Morena, e pôs a mão na massa para defendê-las: as barcas, a atuação da Região Administrativa, a manutenção das charretes, a situação do hospital. Sylvio viveu seu último mês em Paquetá como sempre disse imaginar seus últimos momentos: vivendo até o fim, aproveitando tudo o que fosse possível – embora nem tudo já lhe fosse possível. Sua presença não era mais a mesma: os gestos estavam contidos, o olhar era disperso, a alegria parecia esmaecida. Mas lá estava ele na Festa de São Roque compartilhando o prazer de beber com os amigos e ver o povo, ou fechando a duras penas a edição de agosto de A ilha (tornara-se difícil dominar os movimentos para fazer funcionar o mouse do computador). Foi internado na noite de uma sexta-feira, desacordado, após uma convulsão. Mas, na noite da véspera, após tomar uma sopa, quis mais uma vez sair para fechar o dia bebendo uma cervejinha. Foi numa mesinha na Praça Pedro Bruno. Só conseguiu tomar dois dedos da cerveja e pediu “aquela água meio doce”. A metástase no cérebro já lhe confundia as palavras, e ele não lembrava como chamar um suco. Foi de manga, embora lembrasse no final que o nome do que queria era maracujá. Conversou, embora estivesse difícil entender claramente o que falava. Quis combinar com um pescador como agregar seus companheiros às atividades da Morena. Tentou pensar como seria A ilha enquanto estivesse com dificuldade nos movimentos. Foi para casa com o andar meio frágil, na Furquim Werneck vazia às onze da noite. Mas foi para a sua própria casa, sozinho, sem ajuda, depois de dar um aceno sorridente. Não foi a melhor cerveja com aquele que sempre foi o melhor chope do Rio de Janeiro. Mas, ainda assim, foi uma cerveja com Sylvio de Oliveira, o melhor chope do Rio de Janeiro.

O Cais, o bar que abriu no Campo logo ao chegar à Ilha.

Paquetá urgente foi um grupo que formou junto a alguns moradores para discutir e encaminhar soluções para os problemas da Ilha, e que originaria algunsmeses depois a chapa que concorreu à diretoria da Morena. O grupo não chegou a ter grande atuação: ele logo concluiu que seria mais eficaz criar um jornal.

Domingo em Paquetá: churrasco no quintal dos amigos, o batuque no coração e a poesia do samba.

Show no Arte Eclética, o centro cultural da Fatinha, no Campo.

O escritório no apartamento do Ed. São Roque: daqui saíram quase todos os números do jornal.

A ilha: dois anos de edições ininterruptas. A população abraçou o jornal como seu – e todo mundo sempre quis sair bem na foto No Domingo no Darke: solidão que nada. Só uma pausa pra curtir todo mundo se curtindo

Entrega do Troféu A ilha: exigência de esporte fino, como merece o povo Ele gostava de dizer que havia sido feito em Paquetá, de Paquetá embora não tivesse nascido aqui. Com um sorriso, completava: “portanto, sou um paquetaense, e muito especial: vieram pra cá especialmente pra me fazer”. Não era bem assim. Na sua conta, a vinda dos pais para um carnaval romântico na Ilha resultara, nove meses depois, no seu nascimento, em novembro. O problema é que a estada ocorrera no réveillon, não no carnaval – e a conta, então, não batia. A mãe protestava, mas ele mantinha sua versão. Como todo bom contador de histórias – uns chopes à tarde bastavam para que conquistasse o ouvinte –, Sylvio não mentia, mas dava um jeito de fascinar a vida. E, afinal, “o que são dois meses diante da imensidão do mundo?”, provavelmente rebateria.

A homenagem dos fotógrafos Ele foi, provavelmente, a pessoa mais fotografada em Paquetá: estava presente em quase todos os eventos comunitários – de festas a protestos – e, em grande parte deles, em papel protagônico. A ilha não seria o mesmo jornal sem os fotógrafos que, voluntariamente, cederam nestes dois anos seus trabalhos para enriquecer os textos. Aqui está a homenagem de quatro deles, em

Neusa Mattos

Ricky Goodwin

fotos que retratam instantes de sua atuação: a preocupação de que tudo desse certo, a satisfação em agregar as pessoas, a alegria do dever cumprido e, claro, a cervejinha pra comemorar. Quando faz dia bonito na Ilha, céu azul e sol de praia, esse é um dia sylviodeoliveira. :)

Ana Pinta

Jim Skea


e o Sylvio d

Paquetá, por conta de sua delimitação geográfica e por ter uma população com um forte teor identitário e uma tendência à vida comunitária, foi provavelmente a experiência mais exuberante do ativismo social de Sylvio. Mas ela não nasceu espontaneamente, do nada: vindo morar na Ilha já na casa dos cinquenta anos, ele trazia uma longa bagagem de atuação em movimentos sociais. Ao lado de atividades nas áreas de música, literatura, design e teatro, Sylvio dedicou a vida às iniciativas coletivas de emancipação. Sua marca – longe do assistencialismo ou da simples caridade – foi a solidariedade para com o outro. Este outro, porém, não era qualquer um, mas sim aquele que ninguém quer ou o que vive nadando na contramão: os detentos, os garotos de programa, os gays, as prostitutas, os drogaditos, os jovens sem perspectivas, os que não têm fala. Não, Sylvio não era um santo – estava bem longe disso. Nem tampouco foi uma

unanimidade, ainda que tivesse bem mais amigos do que seus poucos inimigos. Mas, como qualquer pessoa que acredita nos seus princípios e briga por seus ideiais, ele tinha opositores. E, na Ilha, sofreu com alguns deles. Mas, no primeiro evento público realizado na Ilha em sua memória – a missa de sétimo dia –, houve quem tenha feito questão de comparecer para lhe prestar homenagem, mesmo tendo discordado veementemente de suas posições. Esta, talvez, tenha sido a maior comprovação de que a vida valeu a pena, e que vale mesmo a pena.

A família queria que fosse doutor: proibiu o curso de teatro. Ele obedeceu:fez o vestibular para medicina e voltou aprovado, o que não era fácil. A vingança veio logo: sequer fez a Era um chope animado, após um matrícula, para desgosto dia de trabalho na ONG Davida, que de todos. defende o direito das prostitutas e na qual Sylvio voltava a se engajar. Depois, por conta própria, quase completou a Lá pelas tantas, voltou-se a falar faculdade de fisioterapia e, mais à frente, quase da ideia de montar uma confecção completou a de comunicação. A primeira lhe foi para angariar fundos para a entidade, útil na militância no NOSS e no Davida, dando sem financiamentos desde que sua orientações básicas de saúde para a turma da presidente e integrante do Conselho prostituição. Asegunda ele aproveitou nos jornais Nacional de Aids, Gabriela Leite (com ele, que editou, como o Nós por exemplo e A ilha. na foto abaixo), fizera com que o Estado A falta de diploma nunca lhe deu dores de cabeça. brasileiro não aceitasse uma verba de No NOSS, conviveu com médicos, discutindo milhões de dólares do governo Bush com os avanços do combate à infecção pelo HIV – a condição de que não os aplicasse para a inclusive nas três Conferências Internacionais prevenção da aids junto a prostitutas. Sylvio de Aids das quais participou.Nos dois anos em era um dos maiores entusiastas da ideia da que esteve casado com a advogada Cristina, confecção e, numa de suas tiradas que enchia a debateu com bacharéis e juízes questões jurídicas mesa de gargalhadas, disse: “E já tem até nome: ligadas a populações marginalizadas (nas mesas Daspu!”, numa alusão à finíssima loja de roupas de bar, é claro). E nos quase dez anos na 2AB, Daslu, mais tarde condenada por contrabando. A sassaricou entre mestres e doutores (embora brincadeira passou, falou-se de outros assuntos, preferisse estar com estudantes), respeitdo por de um material que não podia deixar de ser integrar um projeto pioneiro na área do design. escaneado na manhã seguinte etc. etc. Nunca lhe perguntaram muito se ele era formado Dois dias depois, sai na coluna do jornal: prostitutas ou não em alguma coisa. Era óbvio que devia ser. da Glória estavam lançando um grife de moda, denominada Daspu, financiada por uma ONG escandinava. O teefone não parou mais de tocar e, às pressas, montou-se uma coleção, para aproveitar a onda. A Daspu teve um enorme impacto, pondo a discussão sobre os direitos das prostitutas e da sexualidade feminina na boca do povo, com seus desfiles concorridíssimos e suas camisetas estampando jogos de palavras maliciosos e bem humorados – a maioria deles bolados pelo nosso Sylvio. Ele foi o principal designer da griffe. E aí está: Daspu nasceu da boca do Sylvio.

Ao lado do psicólogo Paulo Longo, fundou nos anos 1980 o NOSS – Núcleo de Orientação em Saúde Social. O avanço da aids parecia incontrolável, os doentes eram discriminados e as mortes se multiplicavam. O NOSS foi uma das ONG-Aids mais ativas do Rio de Janeiro, no contexto de um movimento social que garantiu ao Brasil a proeminência mundial nas estratégias de prevenção ao vírus aliada à luta pelo resgate da cidadania – e que, alguns anos depois, daria consistência ao Programa Nacional de Aids como uma referência para outros países. O foco do NOSS eram as populações marginalizadas, com pouco acesso à informação e mais vulneráveis à discriminação. Sylvio participou diretamente de três projetos. No Programa Pegação, atuava como agente, indo diretamente aos pontos de michês para distribuir material informativo, camisinhas e orientações básicas de saúde – além do mais importante, que era se entrosar com os rapazes para que a iniciativa tivesse eficácia. No Projeto Tereza – do qual foi agente o atual deputado estadual Marcelo Freixo –, ele foi coordenador. Ele já tinha experiência com o trabalho social em presídios, após um bom tempo dedicado à promoção da cidadania entre os detentos por meio da música e do teatro. E, finalmente, foi o criador e editor do Nós por exemplo, um jornal voltado para a prevenção à aids entre homossexuais e que, na mesma lógica de enfrentar os entraves sociais que estavam embutidos na questão do vírus, defendia a cidadania, com estreita relação com a militância política gay. A atuação do NOSS e, especialmente, a experiência do jornal levaram à criação do Safe Bar, um bar na Glória também dedicado à prevenção: música, bebida, comidinhas e muita paquera em meio a cartazes, vídeos, folhetos e, por vezes, palestras incentivando o sexo seguro.


de todo mundo Outra música, de 2000, foi o projeto musical de maior repercussão. Sylvio investiu parte da pequena fortuna que acabara de receber para co-produzir um livro-CD, publicado pela 2AB, e um grande show de lançamento, realizado na W, uma das mais famosas boates da época. Uma profusão de misturas de ritmos e citações, interpretações coreografadas, um bloco afro ao gênero Olodum, duas backing vocals, dois go-go boys, duetos com convidados e o acompanhamento de músicos de primeira linha para uma estranhíssima releitura brasileira do repertório de Madonna, uma cantora pop cujo trabalho que ele pouco conhecia e não o atraía.

A ideia nasceu numa mesa de bar (lógico...) como uma brincadeira entre cantores, que apenas Sylvio levou a sério: produzir um show com as músicas de uma cantora estrangeira de sucesso. Escolheu Madonna como um desafio, e logo fez uma apresentação num pequeno centro cultural de um amigo. A receptividade foi tão grande que transformou-se num projeto editorial. Com prefácio de Heloísa Buarque de Holanda, ensaio de André Villas-Boas e trabalhos de 12 designers que ilustravam cada uma das faixas do CD que o acompanhava, o livro foi lançado numa W lotada numa noite de quarta-feira. As apresentações se sucederam e o show quase foi parar no Free Jazz Festival, um importante evento naquele tempo. Pela internet – quando ainda não havia redes sociais –, colecionou fans dos quatro cantos do planeta e, alçado à categoria de cult, teve algumas de suas faixas executadas em nightclubs europeus moderninhos. Outra música foi responsável pela retomada de sua carreira musical, desta vez em termos mais profissionais. Nos três anos seguintes, ela rendeu ainda mais dois espetáculos brilhantes: uma peça musical baseada na vida de Noel Rosa e um show com músicas de Vinícius de Moraes. A trajetória de Outra música foi interrompida após assinatura de contrato com uma gravadora que lhe prometera mundos e fundos – e que não apenas não cumpriu a promessa como o fez interromper a divulgação do trabalho, alegando que isso prejudicaria as vendas do CD que seria lançado logo depois.

Feinho, magrinho, era como se definia – embora tenha dado uma bela engordada em Pqt. Apesar disso e da informalidade das roupas – muitas vezes, descambando para um voluntário esculacho –, era vaidoso. Gostava de perfumes, mantinha as unhas milimetricamente aparadas e tirava fio a fio os pelos que teimavam em unir suas sobrancelhas. E sabia exatamente qual olhar fazer para seduzir o interlocutor – fosse para amizade, sexo ou amor. Ao arquivo de computador da foto acima ele deu o nome eubradpitt.jpg – ator pelo qual tinha uma enorme atração, numa de suas poucas tesões encruadas.

O bonequinho Sylvio, feito por um amigo no início dos anos 2000: a lata de cerveja na mão, o maço de Hollywood na outra. A calça vermelha ele não tirava, e o cavanhaque sem bigode era sua marca na época.

A 2AB era uma pequena editora que se lançava com uma proposta duplamente inédita: a de publicar livros sobre design e que fossem de autoria de brasileiros. Na época – fins dos anos 1990 –, não havia praticamente nenhum livro assim. Sylvio assumiu o projeto como sendo também seu e, embora se tratasse de uma empresa, pensava como se estivesse numa ONG. Nela, durante quase dez anos, publicou um livro e dois livrosCD, organizou três grandes eventos voltados para estudanes, cuidou da administração, gerenciou uma livraria, vendeu livros em congressos e ajudou a articular iniciativas para a renovação do pensamento sobre design no país. Desempenhou um papel decisivo – ainda que, na maioria das vezes, atrás dos holofotes. No fim dos anos 1970, ainda não eram comuns os shows de caricatas – transformistas dedicados ao humor, com maquiagem e figurinos cômicos. Sylvio foi um dos primeiros a explorar o gênero, na Zig-Zag, uma boate gay no Leblon. O esquete de maior sucesso era o da irmãs xipófagas, quando atuava com seu companheiro Osvaldo: elas alternavam consigo mesmas os solos das árias graças às duas cabeças. Mas sua apresentação de maior impacto (literalmente) foi um esquete no qual imitava Kátia, a cantora cega apadrinhada por Roberto Carlos. O públicou delirou. Embevecido pelos aplausos, Sylvio quis caprichar. Usando enormes óculos de neve para caracterizar a artista (bem mais escuros do que os comuns), ele foi indo no palco em direção à plateia, entusiasmado. E foi, e foi, e foi... Teve de suspender as apresentações e passou um mês de muletas, por causa da queda.

Foram cinco livros com contos, poesias e pequenos textos (na foto, no lançamento do último deles, em Paquetá), além de um guia sobre design e participação em coletâneas. Nunca se dedicou efetivamente à literatura, mas escrevia. A vida, de tão grande, não cabia em si mesma; transbordava para as letras.


comer bem

ARTICULANDO E DIVULGANDO NOSSAS INICIATIVAS CULTURAIS APOIANDO ARTISTAS LOCAIS PRESERVANDO NOSSO PATRIMÔNIO, MEMÓRIA E IDENTIDADE PROMOVENDO O TURISMO CULTURAL

A comunidade protagonista e beneficiária AÇÕES APOIADAS E INICIATIVAS DO PONTO: • DOMINGO NO DARKE – Próximo evento: 02 de novembro • CARNAVAL COMUNITÁRIO • POESIA NA PRAÇA (toda primeira segunda do mês – Carecão) • PLANTAR PAQUETÁ

Cristina Buarque também não gosta só de beber cerveja

“O

editor não gosta só de beber cerveja, como dizem. Adora comer, apesar de magro.” Assim começava a coluna de Sylvio e assim continua, abstraindo o quesito magreza. Mais uma dica de coisinhas diferentes e gostosas na Ilha. O nhoque de dona Ana, dia 29 de cada mês. É feito no próprio dia, nada de coisa congelada. Porção generosa, acompanhada de carne assada ou frango, de acordo com o gosto do freguês. É bom reservar, porque a quantidade é limitada. Se você quer levar para casa, melhor ir buscar com uma vasilha, porque a quentinha não resiste ao molho e fica todinha desmilinguida. E não convém ter pressa. Dona Ana atende com muito carinho, mas tem o tempo dela. Pode-se também fazer o pedido, beber uma gelada e bater um papo com quem mais estiver na espera. Bar do Manel, Rua Furquim Werneck, 86

EM DOMICÍLIO

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LANCHONETE SÃO ROQUE (Sr. Eudúcio)

cantinho da vovó

Maria do Carmo Zerbinato é poetisa

SAUDADES DE VOCÊ

Seu sorriso é cativante... Yes, você pode acreditar! Lembra a noite, e lembra o dia... Você é peculiar Ignorar sua alegria, e O seu valor... NEM PENSAR! Nota da autora: Este acróstico foi feito para Sylvio de Oiveira para o seu aniversário, 18 de novembro de 2014.

culinária da vilmex Vilmex é a mulher do ouro

Quibe de abóbora Ingredientes 3 xícaras (chá) de abóbora descascada, cozida e amassada 2 xícaras (chá) de trigo para quibe 2 e 1/2 xícaras (chá) de água fervendo 1/2 cebola bem picadinha 2 dentes de alho bem triturados Temperos (hortelã, salsa, cebolinha, etc) Sal a gosto Queijo ralado Ricota ou outro tipo de queijo para o recheio Modo de fazer Coloque o trigo na água fervendo, misture bem e deixe descansar por 30 minutos. Depois desse tempo, acrescente os temperos verdes, o sal, a cebola, o alho e a abóbora. Unte com manteiga um pirex ou tabuleiro e coloque metade da massa, por cima, a ricota amassada, e depois o restante da massa. Salpique com queijo ralado e leve ao forno quente a 180º por cerca de 20 minutos. Retire do forno e cubra com um fio de azeite. Se for cortar em pedaços, deixe esfriar. Obs: Pode-se fazer também com abobrinha verde, sem necessidade de descascar. É bom!

Bar da Dejane

Almoce em frente ao mar A melhor sardinha da Ilha Praia da Moreninha, 5 Tel: 3397 2199

Praia Grossa, 20 loja A em frente às Barcas


roteiro

signo com humor Madame Sanz. Ariana, metida a engraçada, quase cigana, astróloga, numeróloga e alcoólatra

O lado negro de cada signo Áries Um signo irritante. Barraqueiro, mandão. É o primeiro signo do zodíaco, então é a criança, dá o impulso e seu elemento é o fogo. Por ser a criança é o pentelho, o birrento. Muito fácil fazer um ariano de bobo. Basta dar a ilusão dele estar no comando, no poder. Finja que ele está certo e aja do seu jeito, pelas costas. Os homens arianos são os reis das cantadas no trânsito e das encoxadas nos ônibus. As mulheres são bravas e donas de si. Profissionalmente, podem ser muito competitivos. Quando contrariados, costumam meter a mão na cara. Touro Meu irmão, meu sócio e quatro bons amigos são taurinos. Então posso dizer que conheço a raça. E que raça! A amizade de um taurino é sólida. A primeira coisa que me vem à cabeça é a teimosia. É demais!!! Só consegue ver as coisas sob o seu ponto de vista. E pronto! Ele está certo, sua opinião tem mais peso. E o pior é que não costuma mudar de idéia. Touro ama sexo, comida e dinheiro. Um taurino sem sexo fica amargo. Um taurino sem dinheiro fica mau humorado. E um taurino sem janta, quebra a casa toda. Ah, grandes gigolôs e cafetinas são de Touro. Só perdem para o povo de Peixes. Gêmeos Eu quase não consigo escrever sobre este signo. Isto porque me lembrei de dar um pulo no banco e que hoje é o dia da feira. Mas, caraca, eu precisava ver um apartamento com um corretor antes do meio dia...Ufa! São exatamente assim a personalidade, o ritmo e o cotidiano do geminiano. Pensa mil coisas ao mesmo tempo. É capaz de parar o sexo com você só para ver o novo clip da Amy Winehouse, e depois volta com o mesmo fogo de antes, enquanto você esta ainda enxugando as lágrimas. Ele está na festa dançando, pulando e do nada fica quieto, sério, e vai embora… Oh signo TPM! Câncer Vamos chorar? Câncer se magoa com facilidade. É um signo da água, regido pela lua, um signo

feminino. Está sempre cobrando. Manipulador. É capaz de no meio de uma feijoada com amigos, soltar o verbo: “Aquele dia você não me ofereceu pastel. Egoísta, não pensa nos outros”. E você fica ali pasmado, tentando entender aquilo. Também é mestre em soltar a frase: “Depois de tudo o que eu fiz por você…” E pra gente resta o peso na consciência, se sentindo personagem do filme ‘O Albergue’. Justamente aí reside a força do canceriano, a força da manipulação... É ligado à família e ao romantismo. Resumindo: uma caretice só.

Leão É líder, mas inseguro, precisa de mimos, do contrário sua autoestima se iguala a uma ameba na quaresma. Quer levantar um leonino? Elogie-o, finja que sem ele sua vida seria uma vida vulgar e miserável, típica de personagem secundário de novela do SBT. Quer derrubá-lo? Ignore-o. Não aceite suas verdades e verá este felino chorando pelas selvas da vida. Leão quando decide conquistar algo ou alguém é um inferno, porque ele consegue. Sabe aquele magrelo galanteador que te liga toda hora e se acha? É um leão… Aí, de raiva e cansaço, você cede só um pouquinho e descobre que o beijo dele é bom, que ele é carinhoso e quando você percebe… É toda dele, “MEDA”! É ciumento e dramático, também. Virgem Hum… Minúcias, detalhes. Anotam tudo para obedecer a rotina. Agenda de um virginiano típico: 07h15min – despertador toca e ele reza, não se esquecendo de agradecer os 3 gramas que conseguiu perder; 07h20min – entra no chuveiro, passa o shampoo e enquanto o shampoo age, escova os dentes. E repete as duas operações (cabelos e dentes) por mais uns minutos e novamente enxágua. Esfrega com a esponja as partes mais ásperas e depois com o sabonete antibacteriano as axilas e as partes pudendas. Lava o restante do corpo com o sabonete liquido hidratante e enxágua tudo com a água fria porque tonifica os músculos. Depois... E por aí vai… A Sandy, cantora, é deste signo, viu gente?

Seu signo não está aqui? Aguarde a próxima edição. Tua batata tá assando...

Segundas 03/11 - Oficina Teatral Dentro da ilha Carecão, 17h. 03/11 - Poesia na praça - Carecão, 20h

Terças Escola de Futebol (12 a 17 anos) - Municipal, 15h Dança - Zouk, hip hop, balé infantil - das 17 às 22h, Carecão. Aula de Capoeira - Barreirinha, 18 às 20:30h Aula de Jiu-Jitsu - Iate Clube, às 18:30 28/10 - Cinema para a terceira idade Auditório do hospital (UISMAV), 9h. 28/10 - Palestra para os idosos - Auditório do hospital (UISMAV), 10h. 11/11- Chá comunitário - Cantina da Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte, 17h. Quartas Yoga e Meditação - Carecão, às 17h Escola de Futebol (7 a 12 anos) - Clube Municipal, 15h

Sextas 24/10 - Show-baile de forró com Toninho de Recife - Hotel Farol, às 22h.

31/10 - Plenária da Academia de Artes, Ciências e Letras de Paquetá - Hotel Farol, às 20:30h. Sábados 25/10 - Grupo de estudo O que é o espiritismo (16:45) e palestra kardecista (18:45) - Hotel Farol. 15/11 - III Festival de Troca de Mudas (feira de trocas de mudas de plantas) - Praça Pedro Bruno, 11h. 22/11 - Show com o violonista Turíbio Santos - Casa de Artes Paquetá, 17h.

Teatro Dentro da Ilha - Audit. hospital, às 18h

Quintas Coral ViraCanto - Casa de Artes Paquetá, 17:30. Coral Pacantá - Audit. do hospital, às 18:30h Dança - Zouk, hip hop, balé infantil - das 17 às 22h, Carecão. Escola de Futebol (12 a 17 anos) - Clube Municipal, 15h

Domingos Ilha do Jazz (jam session) - Nativa, 16h 2/11 - Orquestra Jovem Paquetá - Casa de Artes Paquetá, 11:30. 2/11 - Domingo no Darke (festival de eventos culturais) - Parque Darke de Mattos - 12h às 17h. 9/11 - Windsurf: Circuito Paquetá Wind 2014 (6a. etapa) - Praia da Guarda, a partir das 14:30 (horário da largada).

Aula de Capoeira - Barreirinha, 18 às 20:30h Aula de Jiu-Jitsu - Iate Clube, às 18:30 23/10 - Palestra sobre hipertensão e diabetes - Auditório do hospital (UISMAV), 10h. 30/10 - Palestra Dicas de hábitos saudáveis, com o Dr Afonso - Auditório do hospital (UISMAV), 10h.

BARES Largura = 5,7 BAR Altura = 6,0 MIRAMAR

(Carminha)

A melhor batida e o melhor Feijão Amigo da Ilha Rua Domingos Olímpio, 12

Tel: 3397 2472

AÇAÍ DA TIA LLOYDD O melhor açaí da Ilha Petiscos Peixe frito Açaí Bebidas em geral Sorvete Picolé

Praia José Bonifácio 181

Estrelinha do campo A sua nova opção de bar no Campo!

Alambari Luz, 436 (em frente à Pedra)


esportes

meio ambiente

Rafael Coimbra é árbitro da FERJ, cursando Educação Física

Carlos Coelho é professor e músico

Paquetá Wind 2014 Gabriel Praça, professor da escola de vela Paquetá Wind, destaca a programação para os últimos meses do ano: no dia 9 de novembro, acontece a 6ª etapa do circuito Paquetá Wind 2014, com largada às 14h30; e no dia 13 de dezembro, têm regata, também às 14h30, e confraternização de fim de ano, com luau a partir das 21h. Nos seus dois anos de funcionamento, a escola de vela já revelou muitos talentos, alguns com grande possibilidade de disputar campeonatos juvenis internacionais em 2015. Para ajudar a custear essa participação, estão à venda camisetas da equipe, com uma linda estampa, por R$ 50,00 a unidade. Paquetá tem um grande potencial náutico e o professor Gabriel garante o primeiro velejo e manobras em apenas uma hora de aula. Então, galera, bons ventos para todos!!!

O Paquetaense está de volta A briga pela liderança do Paquetaense 2014 está quente, com dois times, Tudo Nosso e Eu+10, encostados no primeiro lugar, seguidos de perto pelo Itaoca. O tradicional campeonato amador de futebol da ilha, disputado no Municipal Futebol Clube, começou no dia 24 de agosto, com seis competidores: Tudo Nosso, Eu+10, Praça do Campo, Colônia, Itaoca e Moreninha. A baixa este ano foi a saída do Morrão. O torneio já teve como campeões o Tudo Nosso (duas vezes), Praça do Campo (duas vezes), Morrão (uma vez), Itaoca (uma vez), Gás (uma vez) e Bug Hug (uma vez). Quem será que vai levantar a taça de 2014?

Falta pouco para sabermos. O campeonato, que acontece aos domingos, tem como fórmula de disputa jogos de ida e volta em 10 rodadas, depois semifinal e final em partida única. Até o fechamento desta edição, chegamos à 6ª rodada e a pontuação estava assim: 1º lugar: Tudo Nosso – 13 pontos 2º lugar: Eu+10 – 13 pontos 3º lugar: Itaoca – 11 pontos 4º lugar: Moreninha – 7 pontos 5º lugar: Colônia – 5 pontos 6º lugar: Praça do Campo – 1 ponto

Mudança no comando O Paquetaense 2014 começou sob a organização de Guto, mas, por motivos pessoais, ele foi obrigado a deixar o cargo, assumido por Nelson e Glênio, que estão levando bem o campeonato. Na 5ª rodada, houve um incidente na torcida e a diretoria da competição teve uma reação firme, eliminando um jogador do Paquetaense e suspendendo outros quatro por cinco jogos. Pelo terceiro ano consecutivo, tenho o prazer de ser o representante da arbitragem no torneio, trazendo árbitros para as partidas disputadas no campo do Municipal. Enfim, viva o futebol de Paquetá e o fair play futebolístico. Obs: Essa reportagem não tem fotos, como um protesto pessoal meu quanto à falta de valorização do trabalho de Claudio Santos, um amigo que sempre fotografou o campeonato, que atua em prol do seu desenvolvimento e não está recebendo o devido reconhecimento. Está aí a demonstração de minha indignação. Pensem bem nisso, dirigentes dos times!!!

Entrevista Nelson Paulo Nelson Paulo, que assumiu a administração do Paquetaense, junto com Glênio Maciel. Nos últimos três anos, Guto foi o administrador do campeonato. O que provocou a saída dele e o que acha dessa nova administração?

Nelson: O Guto saiu por problemas pessoais. Ele tem grande valor por ter iniciado todo o trabalho. Assumimos para dar continuidade. Vamos tentar fazer com que todos os representantes participem mesmo da organização. Chegamos à sexta rodada. O que me diz do campeonato até agora? E as punições impostas a alguns jogadores na confusão da quinta rodada?

Nelson: Creio que a partir de agora os times virão com força total e os jogos, que já estão em alto nível, tendam a melhorar mais. Não estamos felizes com as punições, mas elas possuem cunho educativo e serão fundamentais para manter a ordem. Todos os atletas envolvidos não têm histórico de problemas no clube, porém não iremos tolerar qualquer tipo de indisciplina em nossas dependências. O que representa o campeonato para você?

Nelson: Olha, eu fui criado no Municipal e tive o privilégio de participar de vários campeonatos organizados pelo grande Maneco, uma ótima pessoa, que segurava os torneios sozinho, e pelo Sr. Altamiro, com o qual minha geração aprendeu muito. Chegou a hora de eu me doar um pouco e, se eu conseguir transmitir 10% do que aprendi com o Mestre Altamiro, vou me sentir muito realizado. Mande uma mensagem para todos os envolvidos com o campeonato.

Nelson: Primeiro, agradeço o apoio e respeito da maioria. Vocês têm minha admiração. O campeonato é nosso e sei que, mais uma vez, faremos um grande Paquetaense. Grande abraço e obrigado!

Amigos do Cantinho do Ambiente, neste número iremos conversar mais sobre alguns pontos que já tocamos, mas que precisam ser revistos sempre. Chegou a hora da revisão!

A Cedae e suas obras

Um assunto recorrente que gostaria de abordar novamente e mais profundamente são as intermináveis obras da Cedae. Já falamos várias vezes e o amigo que escreve para o Cantinho acompanhou (enquanto houve acompanhamento) as obras, o andamento, e, inclusive, relembrando, foi feito um trabalho “paralelo” de levantamento de pontos de lançamento de esgoto que não estavam incluídos no projeto e/ou outros críticos. Pois bem, as obras pararam em determinado momento, bem como o acompanhamento, por pura e simples vontade da empresa, que nunca mais entrou em contato oficial com as pessoas que participavam das reuniões. Como estamos em ano de eleições federais e estaduais, esferas responsáveis pela problemática do esgoto tanto na ilha quanto na baía de Guanabara como um todo, temos visto, mesmo que timidamente, a empresa se comunicar, por vias não oficiais, com a “comunidade”, mas é muito anúncio e pouca ação, já que quem sabe mais ou menos o que iria acontecer foi deixado de fora, talvez para não criar mais problemas.... Ainda assim, aguardaremos as informações relevantes sobre a obra, que, parece, vai atravessar outra mudança de governador e de secretários!

Sustentabilidade com critérios

Outro assunto que o amigo gostaria de debater é mais geral: é sobre a sustentabilidade. Temos que voltar neste assunto pois a palavra é usada muitas vezes sem conhecimento de grande parte do povo, e, o que é pior, até por técnicos da área!!! É muito fácil e simples ter-se ideias. Ideias, todo mundo as tem. O problema é transformá-las em projetos, projetos estes que têm que ter pé e cabeça, ou seja, início, meio e fim. Muitas ideias são apresentadas como se fossem projetos e não vêm acompanhadas do “Como Fazer”. Aí, podem até ser boas, mas algumas não têm o mínimo de executabilidade.

Os projetos, principalmente os que se relacionam ao ambiente (todo, não só meio), devem obedecer a critérios que se relacionem ao próprio ambiente, e não a partes dele apenas. Devem ser abrangentes como é o ambiente. Não adianta ser tecnicamente perfeito se não estiver inserido em um contexto, se é apenas uma boa ideia. Um gestor público (ou mesmo privado!!!) precisa observar o contexto onde seu projeto está inserido e não apenas cumprir protocolos, porque isso pode gerar coisas indesejáveis, como ideias tecnicamente perfeitas, mas que não servem, na prática, para nada! Deve ser por isso que muitas vezes os técnicos acham que tiveram uma ideia excelente, e as vezes é mesmo, mas daí a ser um bom projeto há uma distância gigantesca. E aí a gente os assiste nesta situação reclamarem que os gestores não são muito inteligentes só porque não adotaram a sua “brilhante ideia”. Muitas vezes os gestores realmente não adotam por falta da famigerada “vontade política”, por diversos interesses que podem estar em jogo, mas em outras é simplesmente porque as coisas não são resolvidas apenas na canetada de um mandatário: falta também o mágico estalar os dedos e a ideia virar projeto e se materializar em poucos segundos na sua frente.

Reciclagem da Baía?

Um exemplo disso é a reciclagem. Como se fala nisso faz algumas décadas, os leigos (e muitos técnicos!) acham que tudo é reciclável, que podemos continuar gerando lixos (de vários tipos, orgânicos ou não), que depois é só reciclar. Sim, em tese é, mas e na prática? Será que a quantidade e o tipo de lixo são compatíveis com a tecnologia existente e até mesmo com a quantidade gerada? Falam, por exemplo, que a baía de Guanabara tem uma boa capacidade de, naturalmente, ir se “limpando” a cada dia. É verdade, sim, é verdade, ela tem. Mas será que esta capacidade é verdadeira para todo e qualquer tipo de lixo? E para qualquer quantidade? E para lançamentos ininterruptos?

RESTAURANTES


A garotada em festa! Tradição viva de Paquetá, que alegra não só as crianças mas também os adultos fascinados pela animação da criançada, a distribuição de doces no Cosme & Damião não ficou nada a dever aos anos anteriores. Desta vez, também foi um pretexto para os marmanjos matarem a saudade do bar do Levas-Meio, fechado há dois meses, com a distribuição de cachorro-quente e guaraná feita por Zarur em frente à Padaria do Manduca, no Campo (nas fotos abaixo, à esquerda). Enquanto a gurizada fazia o lanche e colhia mais guloseimas nas casas da vizinhança, os boêmios se encantavam com a bagunça tomando uma gelada. Mas a festa não acabou aí. Duas semanas depois, a abertura das festividades do Dia da Criança, no sábado, teve cinema e o balé de Vera Castro na Praça Pedro Bruno. E, no domingo, Alfredo – que não perde a animação nem mesmo quando quebra o braço –, ofereceu um grande evento dedicado a elas, que se iniciou cedo e só acabou à tardinha. De novo, a praça ficou lotada. Além de brincadeiras, música, refeições e missa, a festança contou com oficinas de pipas, pintura corporal, máscaras de maquiagem, fantasias, desenho, pintura e de caricaturas (com Nélson de Sá). O organizador contou com diversos apoios, tanto de instituições quanto de comerciantes, além do entusiasmo da população. Mas teve um que foi fundamental para o sucesso do evento: o das alfredetes, as moradoras que o ajudaram na preparação dos quitutes e que, em meio a toda bagunça, ficaram na barraquinha para garantir que ninguém ficasse com a barriga vazia.

Domingo no Darke começa ao meio-dia

A edição deste mês do Domingo no Darke começa em novo horário: a partir do meio-dia, os portões do Parque Darke de Mattos serão abertos para mais uma tarde com atividades culturais gratuitas. Shows, venda de artesanato, atividades de recreação infantil, aula de dança, exposições, roda de samba e até um bloco carnavalesco farão a festa. O Domingo no Darke acontece a cada três meses e é um evento do ponto de cultura Paquetá na rede e da Morena, com apoio do jornal A Iiha e da Região Administrativa. 12h – Nelson Muniz, o cabeleireiro das estrelas, muda o visual de quem quiser. 12 às 14h – Brincadeiras, pescaria de livros e contação de histórias.

13:30 – Aulão de dança com a Professora Wanja Bastos. 14h – Angélica Ventura canta Aracy de Almeida 14:30 às 17h – Lançamento do Projeto Encontros Cariocas: cultura da paz, concedendo o título de Bairro-irmão de Paquetá ao bairro da Glória. Homenagem a Sylvio de Oliveira. Roda de samba e apresentação do grupo/ bloco carnavalesco Arteiros da Glória. Exposições: fotografia, arte, moda. Feira: Artesanato, comidinhas, publicações, acessórios.

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cultura

amores da ilha: Aílton Braga, por Flavio Aniceto

Flavio Aniceto é produtor cultural e cientista social

Sylvio de Oliveira: jornalismo comunitário e cidadania Das muitas heranças que o Sylvio deixou em Paquetá, uma das mais marcantes foi a criação do jornal A Ilha, fato que é reconhecido por muitos moradores, desde os mais antigos ou nascidos aqui como entre os que passaram a morar na ilha nos últimos anos (como este que escreve e outros colaboradores da publicação). O jornal foi responsável por juntar moradores de origens, experiências, crenças, atitudes, gostos, times, “lados” e “praias” diferentes. E trouxe um impacto que, acredito, será sentido ainda por muitos anos. Sem muito alarde – mas fazendo, mesmo que na miúda – e sem muitos discursos ou conversas, Sylvio de Oliveira o criador e editor, foi tecendo página a página, foto a foto, edição a edição um grande jornal comunitário com uma clara intenção política. A melhor das políticas. Não a eleitoral ou partidária (respeitando a todos que a exercem, e esta tem um papel fundamental nas nossas vidas), mas a política do cotidiano, a comunitária, do comportamento, do “café pequeno”, mas que dá resultados. O jornal A Ilha foi – a exemplo de outros jornais engajados que Sylvio fez ou colaborou ao longo dos anos – um gesto político. Dos melhores. Deu voz as reivindicações da comunidade, firmou bandeiras, gerou polêmicas, foi xingado, desacatado e questionado ao vivo e nas redes sociais, e, com a redentora morte, passou a ser, – verdade ou mentira, ou verdade emocionalmente momentânea – inquestionável e “interminável”. Um jornal comunitário, segundo os que estudam Comunicação/Jornalismo, Ciências Sociais e outras áreas de conhecimento, tem como função comunicar os fatos que acontecem em determinado lugar, assim como é livre e independente dos jornais e outros meios tradicionais que, em sua maioria defendem os setores economicamente mais privilegiados, governos e grandes anunciantes. E tem também uma função educativa e de cidadania, incentivando a leitura, o conhecimento e que todos os que o leem possam não só ser leitores, mas também criadores e colaboradores. No jornalismo comunitário os redatores e os personagens das matérias são figuras conhecidas da maioria dos moradores, até porque são moradores. Ora podem ser “notícia”, ora “jornalistas”. E o jornal A Ilha usou e abusou destas possibilidades. Fruto da sensibilidade e atitude do saudoso Sylvio de Oliveira.

A notícia de e para todos Desde as primeiras edições, alternou o foco entre temas espinhosos, como o crescente uso de drogas ilícitas, das doenças sexualmente transmissíveis às questões culturais e sociais da Ilha e, principalmente, mostrando Paquetá como ela é. Com as

suas belezas, mas também com as suas mazelas. Mostrando ainda que reivindicar melhorias não significa praguejar o tempo todo contra tudo que acontece ou esquecer que moramos em um lugar bonito, com níveis de tranquilidade e qualidade de vida superiores a outros bairros da cidade etc. Uma das maiores contribuições que o jornal e o Sylvio deram foi mostrar os moradores “comuns” ou mais “simples” em suas festas, suas celebrações, suas reclamações e em seus cotidianos.

Bom dia, homem! túnel do tempo

A “coluna social” retratava nos primeiros números justamente os moradores que jamais estariam em colunas sociais tradicionais, mesmo se pensando em uma ilha na qual a maior parte da população está provavelmente na classe média baixa. Mas também aqui existiam e existem preconceitos e discriminações variadas, que o jornal A Ilha buscou desde o início diminuir e chamar a atenção. Sejam aquelas de naturezas sexuais, raciais, de idade, assim como as de origem – os “filhos” da Ilha versus os “outros” (sejam os que vieram de Siriji, Machados, São Vicente Férrer, Macaparana, todas em Pernambuco ou os que têm outras origens, todos tidos como “estrangeiros”) ou moradores versus veranistas.

Diferenças e convivências O jornal, assim como outras ações que vieram em acordo, apoio ou a partir dele, buscou juntar as pessoas. Mostrar que algumas diferenças fazem sentido, uma vez que é saudável a defesa das tradições, das origens e dos costumes, pois são estas que dão sentido ao lugar, fazendo parte da sua cultura. Por exemplo, as salutares disputas entre os dois bairros, Campo e a Ponte, as duas escolas de samba, Unidos de São Roque e Silêncio do Amor, ou entre os dois clubes, Municipal e Barreirinha. Mas devem se limitar às pequenas provocações, piadas, brincadeiras, pequenos desacatos etc. O jornal sempre fez lembrar que as diferenças não podem tornar impossível a convivência. E neste momento no qual os preconceitos e a intolerância estão justificando tantas desgraças, – sejam brigas entre comunidades e bairros na cidade, ou a violência física e moral contra as crianças, as mulheres, os gays, as lésbicas, os idosos, entre outros e, no limite, as guerras entre países em função de diferenças culturais ou disputas econômicas –, propor que pessoas “diferentes” possam brincar uma ciranda no Parque Darke de Mattos ou posar para uma foto juntos ou tomar umas cervejas com pessoas que “não são da mesma turma”, é ou não é uma grande atitude política? Viva o Sylvio de Oliveira. #Batuquemos

Que parte da ilha é essa? A foto é muito, muito antiga. Mas quem viveu, lembrará. Se souber, envie a resposta para o jornal, pelo e-mail tunel@jornalailha.com. Mas não se esqueça de dizer como você percebeu. Adivinhação não vale... Tem que explicar o que lhe deu a pista para acertar! A resposta será publicada na próxima edição, junto com o nome do ganhador (ou ganhadores!).

O barquinho do Sylvio Ricky Goodwin

Rick Goodwin

Sylvio de Oliveira era uma pessoa original. Assim, com tantas celebrações pela sua vida, tinha que ter uma despedida diferente. Sylvio era alegre. E, carregados de tristeza e de saudades, seus amigos pensaram numa celebração alegre, com cantoria, todos se abraçando. Sylvio tinha virado um paquetaense. Aqui, na ilha, os paquetaenses convivem com o mar. Nossa vida é a paisagem marinha. E assim, partindo da vida, as lembranças do Sylvio navegaram também mar adentro. Num final de tarde tão chuvoso quanto belo, um barquinho chamado Morena foi posto nas águas na Ponte da Saudade, pegou a correnteza e sumiu no entardecer. Vários amigos enfeitaram o barco. Coisinhas de Sylvio, recortes do jornal A ilha, flores colhidas pela ilha. Um cigarro, uma cerveja, bilhetes de despedida, fotos da Madonna e de Carmen Miranda, o texto da coluna do Júlio, um postal do Chagall com um homem sobrevoando sua aldeia. Todo mundo cantou, todo mundo chorou, todo mundo sorriu, todo mundo lembrou. Inclusive o Sylvio, que estava lá. E há quem jure que, no caminho para casa, viram o barquinho parado na praia da Moreninha, em frente ao Eudúcio, tomando a saideira.


Informativo da Morena Este espaço é uma cortesia do jornal A Ilha à Associação dos Moradores, que é inteiramente respónsável por seu conteúdo. As informações e opiniões não são necessariamente apoiadas pelos editores do jornal.

E vamos em frente! Regina Linhares

Amigos moradores de Paquetá,

padaria, a sorveteria, as praias e as praças são freqüentados igualmente por todos, sejam doutores, operários, charreteiros, comerciantes, ecotaxistas ou simplesmente aposentados. É disso que gostamos. É disso que gostava o Sylvio.

Estamos de luto pela perda de nosso Diretor Geral e amigo Sylvio. A baixa ocorrida na Associação de Moradores foi grande, mas não é justo desistir. A busca de soluções consensuais para os problemas da Ilha e um trabalho com o objetivo de dar voz à nossa comunidade foram a meta da Associação de Moradores sob a regência do Sylvio e seus colaboradores. Entretanto, para se ter êxito nessa proposta, é fundamental a efetiva participação de todos os interessados em manter a qualidade de Vamos, criatura! vida em Paquetá. Penso que tudo ficaBuscar projetos ria melhor se cada um, dentro de suas possibilidades, desse um pouquinho de com vistas à preservação das coisas si para favorecer a comunidade. boas e que melhoResmungar dá coceira rem aquilo que posÉ essencial uma associação de mo- sa estar desandando radores mais organizada e combativa deve ser o objetivo para o êxito de qualquer reivindicação da Associação. E da comunidade, para a preservação trabalhar é a paladaquela que chamo de “um verdadeiro vra de ordem. Era paraíso” se é que existe paraíso. Como assim que pensava disse minha amiga Conceição, “é pre- o Sylvio e assim o fazia. Trabalhava. ciso diagnosticar os problemas que Assumiu a Associação e se esforefetivamente existem e encontrar solu- çou para que ela efetivamente existisse. ções”. Reclamar, criticar, seja na rua Todos os meses promovia reunião ou no face, é compreensível, mas não aberta para quem quisesse chegar, se basta. Por que não reservar, também, colocar, reclamar, sugerir, participar. uma horinha por semana ou mesmo por Junto com os companheiros-moradores mês para encontrar soluções? que participam e apóiam a Associação, Nosso bairro não é tão desfavorecido como dizem alguns. Pelo contrário, ainda é um bom lugar para se viver, apesar das dificuldades. Nós que aqui moramos sabemos disso. Há paz, encantamento, muita amizade, companheirismo e igualdade. Os poucos bailes, assim como os bares, o único mercado, as vendinhas, a Quer se associar? Ficar em dia?

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criou projetos que estimulavam a interação entre os moradores, valendo citar O Menino e A Menina da Ilha, o Troféu A Ilha, o Batuque na Cozinha e o Domingo no Darke. Juntou-se a outras lideranças de Paquetá para estimular e realizar o Carnaval Comunitário, a Festa de São Roque, o Auto de Natal, o Ponto de Cultura Paquetá na Rede. Apoiou as brigas pela recuperação do Solar d’El Rei, legalização dos ecotaxis, manutenção das charretes, melhoria do serviço de barcas e, mais que tudo isso, deu asas à autoestima dos moradores de nossa ilha. Com seu jornal A ilha, a comunidade passou a ter voz. Nas páginas abriu espaço para nossos artistas – fotógrafos, poetas, cozinheiros. Mostrou o lu-

Domingo no Darke, maio de 2013: Na ciranda, a alegria, a união.

gar lindo em que vivemos publicando fotos que nos encantam e mostram o quanto devemos nos orgulhar de nosso bairro. Expôs as diferenças e enfrentou as críticas sempre com serenidade.

Por enquanto fica de fora o Zarur, que está em obras.

Vamos fazer uma bela reunião e dessa forma homenagear o Sylvio. Ele ficará feliz de ver que a batalha O Sylvio se foi, mas nos deixou um não foi inútil. belo legado. A amizade, a paciência, a A diretoria que ficou espera por sua capacidade de ouvir, de aglutinar vocês para conversar sobre os rumos em volta de si pessoas das mais varia- de nossa Associação de Moradores. das tendências foram qualidades que, Eu, Júlio, Flavinho e Vilma, direaliadas ao seu jeito de falar pouco, fizetores, assim como aqueles voluntários ram a Associação, moribunda quando que contribuem para que permaneça assumiu, persistir em não morrer. Morexistindo a Associação, precisamos reu ele!!! A nós que ficamos não nos é do apoio de todos os moradores para permitido desistir. Vamos em frente! conduzir o processo de encontrar substituto à altura de nosso Diretor Geral. Dia 25 é o dia Viva o Sylvio!!! Coube a mim, a segunda na hierarquia da diretoria, levar o barco adiante ASSEMBLÉIA MORENA até que encontremos novo comandante. Vamos fazer como o Sylvio e receber a quem queira chegar à reunião no dia 25 de outubro, às 10h:00, no Clube Municipal. A convocação é preciso post na Internet e afixar na Maria, nos Carecas, no Zeca, no Manuel, na Tia Loyde, na Dejane, no Hospital, (SÁBADO) no Quadro de Avisos e onde mais der. 10h – Clube Municipal

associacao@morenadepaqueta.org.br

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OUTUBRO


crônicas de paquetá a vida é como ela é julio marques Fala, Sylvio. Faz mais de mês que você não aparece e uma mistura de saudade e desamparo toma conta de toda a Ilha. Sei que a vida a gente a leva sozinho por mais que tenhamos companheiros de viagem, mas incomoda a poltrona do lado vazia. Não se esqueça que foi você quem inventou o jornal A ilha. A paisagem aqui continua bonita, mesmo com esse frio chato que espanta o calor necessário. Não chove, mas o sol anda escasso. É verdade que a Bundinha Feliz continua zanzando pela Furquim Werneck, embora pareça meio acabrunhada como se faltasse a alegria de antigamente. Até a Beldade da Comlurb não desfila com tanto garbo e a Moça da Saia Curta não tem aparecido. Os bares não estão vazios, contrariando um samba famoso, mas o Zarur fechado é um breve contra a luxúria da vida. Tua falta é sentida em toda roda de cerveja. Não se bebe com a mesma volúpia; carecemos da liga necessária. Só o contraditório gera a harmonia. Mas o verão está chegando e eu tenho certeza que, com o calor e a multidão de gente que se prenuncia, você vai aparecer, pelo menos de vez em quando. Vamos combinar o seguinte: no primeiro final de semana depois do reveillon, com o Zarur aberto e assim que o sol se por, todos, com nossas melhores roupas, nos encontraremos nas mesas espalhadas pela Rua dos Colégios. Eu vou de D. João, Regina

de Carlota Joaquina, André com o smoking que usa no Oscarilha, Veras de Papai Noel, a Carla de Nossa senhora. O Cantareira vai desfilar sua apoteose servindo de abertura para o magnífico show produzido pela Fatinha. Carlos Veras com seu cavaco, Mauro na percussão e o Iran no violão ocuparão o palco improvisado no muro em frente ao bar. Não custa imaginar um naipe de sopros com destaque para o K-ximbinho e o Louis Armstrong que, dizem, esteve aqui com a Claudia Cardinale que, dizem também, deu para o Carlinhos, figura iconoclasta da Ilha. Aí você surge no ecotaxi do PC, cantando junto com a Clara Nunes (não se esqueça de chamá-la). Todos vão dar canja. Cristina, saudosa, vai recitar “Quantas lágrimas”, com o Pedrinho Amorim chorando Anacleto e o Bolão na bateria. A Angélica, o Tainã, a Irinéa, o Tibério Gaspar e o Bambo de Bambu vão fazer backing para você solar Fim de semana em Paquetá. No fundo, sobre o muro descascado, um painel do Fabio Borges e uma escultura do Valter Lano. Um conjuntão de rock com a Lili, o Coelho, Ricardinho Magrela, Nando, Bria, quem sabe o Claudio Marcelo, vai tocar Beatles até o sol raiar, entremeados, às vezes, com o Samba da Portela cantando Candeia em tua homenagem. Aí, quando o sol aparecer, a Orquestra Jovem Paquetá vai atacar um Bach, o Bruno Jardim sambando à frente, despedindo-se

de um dia inesquecível que, como todo dia, um dia passa. Não se esqueça de avisar a Yara para trazer o estandarte do São Roque, a Nega Luiza o do Silêncio do Amor, lembrando o Januário de tocar repenique. Não deixe de falar com o Birulinha. Todos sabem que, no mundo do “se”, tudo pode ser invertido, como os espelhos da Alice no país das maravilhas. Se o Lott tivesse sido eleito ao invés do Jânio, o Marechal poderia ter evitado o golpe militar de 64. Sem a ditadura brasileira, seria pouco provável a ditadura chilena e por conseqüência a argentina. A América Latina não teria ficado de joelhos, a CEPAL seria uma entidade respeitada e o Fernando Henrique, não podendo renegar o que escreveu, já que o mundo caminhou para outro lado, seria um sociólogo respeitado dessa entidade, podendo sentar ao lado de Ariano Suassuna. O mundo teria avançado por outros caminhos, o padrão ouro de Bretton

Woods ainda persistiria. O neoliberalismo seria o liberalismo ridicularizado por Keynes e mera lembrança do início do século XX. Vidas teriam sido poupadas, melhor o mundo estaria. Ou não. Tudo poderia ter sido mais violento ainda, como na Faixa de Gaza. O Rio bombardeado, de Buenos Aires não ficaria pedra sobre pedra, Santiago arrasada seria substituída por Arica como capital do Chile. Sábio nosso amigo Ricky quando afirma que não há fato, só boato. Vejam Paquetá. O que seria dessa Ilha se limpássemos os boatos, ficando os fatos, nus e crus ? Por isso, Sylvio, não se esqueça do que o Ricky sempre diz: A vida é um boato, seja aqui na ilha, seja em qualquer lugar.

Julio, um pouco desconcertado com essas esquinas da vida

um passeio em pqt

Telefones úteis Barcas (estação de Paquetá) - 3397 0035 Barcas (central de atendimento) - 0800 7211012 Bombeiros - 3397 0300 Cedae - 3397 2133 (água) / 3397 2150 (esgoto) Comlurb - 3397 1439 Farmácia - 3397-0082 Gás (fornecimento de bujão) - 3397 0215 Hospital (UISMAV) - 3397 0123 / 3397 0325 Light - 0800 282 0120 Oi Telemar - 3397 0189 PM - 3397 1600 / 2334 7505 Polícia Civil - 3397 0250 XXI R.A. - 3397 0288 / 3397 0044

Previsão de horários das barcas

LOCALIDADES 1 Viracanto 2 Levas-Meio 3 Morro do Buraco

PONTOS TURÍSTICOS 1 Caramanchão dos Tamoios 2 Canhão de Saudação a D. João VI 3 Árvore Maria Gorda 4 Parque dos Tamoios 5 Preventório Rainha Dona Amélia 6 Poço de São Roque 7 Coreto Renato Antunes 8 Pedra da Moreninha 9 Ponte da Saudade !J Pedra dos Namorados !A Casa de José Bonifácio !B Cemitério de Paquetá !C Cemitério dos Pássaros !D Parque Darke de Mattos !E Igreja Bom Jesus do Monte !F Capela de São Roque

(Morro do Gari)

PRAÇAS

1 Pedro Bruno 2 Fernão Valdez 3 Atobás (Quadrado da Imbuca) 4 Tiês 5 Lívio Porto (Ponta da Ribeira) 6 Mestre Altinho 7 Bom Jesus do Monte 8 Manoel de Macedo 9 São Roque !J Ex-Combatentes !A Alfredo Ribeiro dos Santos !B Pintor Augusto Silva

4 Pau da Paciência 5 Árvore do Sylvio 6 Colônia 7 Cocheira 8 Morro do Pendura Saia 9 Rua Nova !J Morro do PEC

SERVIÇOS

!A Curva do Vento

4 Aparelhos de ginástica

CLUBES

5 Aparelhos de ginástica

1 Barreirinha Futebol e Regata 2 Iate Clube de Paquetá 3 Municipal Paquetá Clube 4 Paquetá Esporte Clube (PEC)

6 Mesas para pic-nic ou jogos 7 Mictórios 8 Farmácia (3397.0082) 9 Brinquedos infantis

(Morro da Light)

1 Banco Itaú 2 Banco do Brasil e Caixa Econômica (Loja lotérica)

3 Hospital (UISMAV) (3397.0123 / 0325)

(jovens e maduros) (idosos)


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