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Caderno Especial
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Tradição que se garante!
Por Bruna Postiglione Wetternick
Sorrisos por todo o lado, regionais embalam romances, orgulho a flor da pele, o barulho das patas dos cavalos fazem o coração bater mais forte... Chegou o 20 de Setembro! Dia de deixar a alma gritar como é bom ser gaúcho! Como é bom fazer parte de um povo com uma cultura inigualável, uma história memorável e de tradições convictas. Somos herdeiros de uma terra com o mais lindo céu e os mais verdes campos. Somos gente que luta com garra pelos seus ideais e que a cada dia constrói sua história se orgulhando em dizer ao mundo: “Sirvam Nossas Façanhas de Modelo a Toda Terra”. No 20 de Setembro o dia já começa mais feliz: dia de euforia para quem desfila, honrando a memória de nossos heróis; dia de expectativa para aqueles que cevam o mate e levam sua cadeira para a Rua dos Andradas apreciar o mesmo. Tem aqueles que já esperam no galpão com o fogo pronto para o assado farroupilha; os bailados já chegam com as solas dos sapatos gastas de tanto mostrar através de sua dança o quanto é linda nossa tradição. Músicos, muitos cansados de tocar bailes durante toda a semana, seguem firmes animando a gauchada. Carregaram seus instrumentos contra o peito, extraindo deles o mais alegre som, fazendo assim, sua declaração de amor por esse pago sem igual. A verdade é que pra quem se orgulha em ser desta terra, é impossível não abrir um sorriso quando uma gaita se abre, não se emocionar ao ver um gaúcho bem pilchado a cavalo e sentir o coração bater forte ao cruzar a Andradas a contramão. Semana Farroupilha é verdade nos olhos, sorriso na boca e amor no coração. É o momento em que o Rio Grande esquece as diferenças e se une pela tradição. 20 de Setembro é Tradição que se Garante! Enquanto houver sentimento e luta, nossa cultura jamais terminará!
As crianças que estampam nosso Caderno Especial da Semana Farroupilha são filhas de pais que preservam a tradição gaúcha e lutam para que nossa cultura seja respeitada. As fotos foram tiradas por Marcelo Pinto, que retratou em seus ‘clicks’ a naturalidade desses pequenos no campo.
Feliz Dia, Gauchada!
Suplemento Especial do Jornal A Plateia, alusivo ao 20 de setembro de 2017. Encartado em edição impressa em Sant’ Ana do Livramento e Rivera.
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direcaocomercial@grupoaplateia.com Produção deste Suplemento Editoria, Pesquisa e Textos Bruna P. Wetternick
Jornalista – DRT 14.374 brunawetternick@yahoo. com.br Edição e Arte Final Maik Acosta
Comercialização: Departamento Comercial de A Plateia Diretora: Laura Saravia
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Uma família unida com a tradição “Quero gaita de oito baixos Pra ver o ronco que sai Botas feitio do Alegrete E esporas do Ibirocai Lenço vermelho e guaiaca Compradas lá no Uruguai Pra que digam quando eu passe sai igualzito ao pai” (Versos de João Batista Machado e Julio Machado da Silva Filho)
Priscilla Malcorra e Fernando Maria são os pais do Bento Renato Farias Maria de 10 meses, que desde antes do seu nascimento já tinham uma certeza: criá-lo ensinando os valores da
cultura gaúcha e no campo, pois acreditam que assim, o filho dará mais valor as coisas que conquistar e preservará o lugar de onde vem. “É muito importante incentivar as pessoas para que mantenham vivas as nossas tradições gaúchas. O povo não pode deixar morrer sua cultura, costumes e tradições que foram criados. Nossos pais nos criaram no meio da gauchada, incentivando a andar a cavalo e participar de provas campeiras. Temos
o orgulho de ser gaúchos e amamos o meio onde vivemos. Queremos mostrar para o nosso filho o quanto é bom e saudável conviver com os animais, amar sua cultura, encilhar um pingo e viver no campo”, conta Priscilla. “Meu filho Bento Renato Vou te deixar um legado Que represente teu pai Enforquilhado num cavalo.
Por onde for que tu passe Com essa estampa que brilha, Montado num colorado Na Semana Farroupilha”.
Acrescenta o pai, que é ginete e trabalhador rural. A tradição gaúcha quando preservada em família cria mais força e se eterniza.
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Confira a ordem do Desfile Farroupilha 2017 01 – Brigada Militar 02 – CTG Fronteira Aberta 03 – CTG Princesa Izabel e Movimento de Arte e Folclore Herança Xucra 04 – CTG Rincão da Carolina 05 – CTG Presilha do Pago – P.T Maragatos e Chimangos, Invernada Campeira Passo do Guedes e Piquete Tradicionalista Poncho Crioulo 06 – CTG Crioulos da Fronteira, Piquete Tradicionalista Tropeiro Velho e Invernada Campeira Lanceiro Guapo 07 – PTG Jaime Caetano Braun 08 – Piquete Lanceiros do Ibicuí da Armada 09 – Fogão Negrinho do Pastoreio 10 – Movimento Nativo Coxilha de Santana 11 – PTG Tradição e Folclore da Mangueira Colorada 12 – Movimento Nativo Upamaroti 13 – CTG Sentinelas do Planalto 14 – Núcleo Santanense de Criadores de Cavalos Crioulos 15 – Galpão Crioulo Urutau e Os Desgarrados 16 – Galpão Crioulo Caudilhos da AABB 17 – Galpão Crioulo Malacara 7
18 – Invernada Campeira Chão Batido 19 – PTG Raízes Nativas 20 – CTG Sinuelo do Caverá 21 – PTG Tropeiros da Tradição 22 – Invernada Campeira Parceiros de Palomas 23 – Galpão Gaúcho Epopéia Farroupilha 24 – Galpão Crioulo Grito do Quero-Quero 25 – DTG Lenço Branco
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“O amor pelos cavalos nos move” “Bate no meu peito um coração Rio-Grandense, Gineteando me convence num corcóveo em apuro. Uma emoção eu procuro, um fandango de galpão. Sou a nova geração, sou gaúcha do futuro. Não vão pensar que sou grossa, o gaúcho tem cultura. Eu gosto das coisas puras, que tem o cheiro do chão. Eu amo o meu rincão e valorizo o que é nosso. E faço tudo o que posso, pela nossa tradição”. Finalistas por três vezes do Campeonato Nacional de Paleteadas e apaixonadas por cavalos, Nathiely da Costa dos Reis, 23 anos, e Laura de Mello Paulo, 25, em meio a uma rotina corrida, encontram tempo para diariamente se dedicar ao treino dos seus cavalos para os esportes que praticam, como Paleteadas e Hipismo. O amor pelos cavalos apareceu para as duas jovens desde cedo. Laura participava das Cavalgadas dos Piás e provas de tambor e estafetas, com seu primeiro cavalo: o Ricardão. Descobriu as Paleteadas aos 14 anos, quando passou a levar mais a sério os esportes com equinos, dedicando-se a eles. Nathiely andava a cavalo desde pequena, mas foi quando conheceu a Laura se entusiasmou com as paleteadas e não parou mais. “É o esporte que eu gosto. Quando estou estressada ando a cavalo e tudo melhora. O cavalo faz parte da minha vida”, declara Nathiely que cuida diariamente de dois cavalos e se dedica a treiná-los nos
intervalos do meio dia e finais de semana. Laura além das paleteadas, no ano passado descobriu um novo esporte também com equinos, ao qual se dedica diariamente também: o hipismo.
“Iniciei no hipismo como uma brincadeira, e hoje ele é o esporte que eu mais me dedico. Ainda participo das paleteadas porque a Nathy prepara os cavalos para eu participar das provas. Esporte com cavalos envolve muita dedicação, tempo e cuidados. E como nós praticamos como lazer, temos que conciliar com o trabalho no Escritório Contal”, comenta Laura que na Hípica, já conquistou algumas medalhas neste seu primeiro ano de esporte. “Os cavalos me fascinam pois eles proporcionam desafios diários a cada dia de competição. Eles nos movem e nos fazem
buscar melhorar. Nos faz ver nossas limitações, conhecer nossas emoções e aprender a lidar com elas tanto na vitória quanto na derrota”, acrescenta Laura. Nathiely e Laura também participam das festividades farroupilhas e desfilam pelo Grupo de Amigos “Os Desgarrados”. Sobre a preservação das tradições gaúchas, elas destacam ser algo muito importante, pois é quando o estado inteiro se une pelo mesmo motivo. É como se as pessoas ficassem mais simples na Semana Farroupilha.
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“O Campo me deu a alma, razão, vida e sentimento...” Delci de Mello, 56 anos, mais conhecido como “Neco”, está em nossas páginas representando todos os homens do campo, que dedicam sua vida ao cuidado dos animais, estâncias e fazem de sua profissão o seu grande legado. Neco iniciou no Tradicionalismo aos 10 anos, quando o “Tio Nico” tradicionalista reconhecido em Livramento, desfilava na Avenida Tamandaré e o Lenço Branco montava o galpão no Parque Internacional durante a Semana Farroupilha.
Como perdeu o pai aos sete Seu Neco já trabaanos, Neco se espelhou muito no lhou como peão, capataz seu Odi Larruscaim, que trabalha- e também formou sua va na Bela Vista. Participou muitos família com Carmen Tâanos da Invernada Campeira Chão mara, com quem teve Batido com seu Prado, Carla Mar- cinco filhos: Giliard, Jéstins, Alfredo e Fernando. sica, Gian, Giovane e JoAtualmennat han te é capataz Tâmara de Mello. da Cabanha Na criação de seus “O Rio Grande me criou, é São Pedro e filhos, primou meu mundo é meu destino. carrega um para que todos Por isso razões me sobram amor muito fossem engajados pra meu viver campesino. forte pela trano meio do tradiSobre o lombo de um cavalo, dição gaúcha. cionalismo. Hoje de menino me criei. “Nossa todos seus filhos Coração sempre campeiro, tradição é a são ligados ao deste jeito, morrerei...” nossa granmeio rural, sendo de marca. também destaAproveitem que em rodeios de a Semana Farroupilha pois além laço, entre outros. de preservarmos a nossa cultura, Entre os momentos mais martambém é uma oportunidade óticantes de sua vida no tradicionama de encontrar grandes amigos lismo, seu Neco destaca o Acame companheiros de profissão”, pamento Farroupilha no Parque destaca Neco. Harmonia em Porto Alegre, por
ser muito bem organizado e por ser dentro da cidade, o que valoriza ainda mais nossa cultura. Sobre sua vida e seu ofício, o capataz ressalta que a cada dia vivido é um novo aprendizado. “Tudo o que aprendi, foi olhando os mais velhos e pegando pra mim o que servia para a vida. No campo todo o dia é um aprendizado”, ressalta ele. Como recado para a gauchada neste 20 de Setembro, seu Neco diz: “Não briguem e tomem com moderação. Façam um bom desfile, aproveitem a festa e boa sorte a todos. Estendo meu abraço a todos os amigos e tradicionalistas”.
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O Rio Grande se renova a A melhor herança que se pode deixar para as gerações futuras é a tradição gaúcha, pois todo aquele que valoriza o lugar de onde vem e sua cultura, com certeza torna-se um ser humano de bem, uma pessoa de princípios e de garra. Em nossa capa contamos hoje com nove gaúchos e prendas que incentivados pelos pais já estão inseridos no meio tradicionalista, onde vem sendo plantada uma semente de amor pelo Rio Grande que irá crescer cada vez mais. Nossa capa conta com: Maria Clara Godoy Machado, filha de Jéssica Godoy e Nelson Machado; Manuella Braz Trindade, filha de Jaqueline Braz e Edson Trindade; Isadora Machado de Mello, filha de Lisie Dutra e Daniel de Mello;
Guilherme Santana Apolo, filho de Joanna Santana e Filipe Apolo; Barbara e Joana Ponche Bevilacqua, filhas de Fernanda Ponche e Antônio Bevilacqua; Vicente Zabalveytia Lampert, filho de Clarissa Zabalveytia e Pedro Lampert; Antonio Maciel Suarez, filho de Marcia Maciel e Alex Suarez; Manuella dos Reis Acosta, filha de Shayane dos Reis Acosta e Gabriel da Silva Acosta; Luiz Pedro Esteves Mota Simões, filho de Mariana Esteves Ortiz e Ricardo Simões; Helena Kluwe Hernandez, filha de Monique Kluwe e Lucas Hernandez. Assim como nossos pequenos modelos, tem muitas crianças em nossa Fronteira que são incentivadas a cultivarem o amor pelas tradições do seu estado e a se sentirem felizes por serem
Barbara Ponche Bevilacqua
Joana Ponche Bevilacqua
gaúchas. O que faz com que a nossa cultura se eternize a cada gaúcho que nasce.
Antônio Maciel Suarez
Vicente Zabalveytia Lampert
Guilherme Santana Apolo
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cada criança que nasce “Eu nasci e fui criado, numa pátria muito grande com a sorte de morar num pedaço do Rio Grande... No território Gaúcho tem um povo hospitaleiro, e dessa extensão de terra cada gaúcho é um herdeiro!” (Vanoci Marques) Manuella Braz Trindade
Helena Kluwe Hernandez
Isadora Machado de Mello
Manuella dos Reis Acosta
Maria Clara Godoy Machado
Luiz Pedro Ortiz Simões
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Bar do Barreto: o ponto de encontro da gauchada “Vamos encilhar hoje? Nos encontramos no Barreto!”
Esta é uma das frases mais frequentes mencionadas pelos tradicionalistas em Livramento na Semana Farroupilha. Há mais de 30 anos, o Bar do Gaúcho Barreto é referência quando o assunto é reunir os amigos a cavalos e cultuar as tradições. Antonio Carlos Guedes Barreto, 78 anos, é natural de Alegrete, mas possui seu bar em Livramento (em frente a Praça Artigas) há 40 anos, onde é o cozinheiro. “Eu me sinto emocionado em receber os amigos na frente da minha casa. Tem muitos que co-
meçaram a vir aqui meninos e hoje são pais de família e trazem os filhos. Fico esperando o ano todo por esta semana. Acolho aqui estancieiros, capatazes, peões e os filhos de todos. Pra mim é uma alegria ser o esteio dos gaúchos de Sant’ Ana do Livramento”, revela Barreto, que ressalta sobre seu ofício de cozinheiro que este é um papel para principalmente o homem desenvolver: “Mulher é para bonito e cheirosa. O homem é quem tem que feder a graxa”. O Gaúcho Barreto tem 35 anos de cavalgada, sendo 32 delas no Rio Grande do Sul, uma no Paraguai, uma no Chile e uma na Argentina.
Sua primeira cavalgada foi em 1971 com o Coronel da Brigada Militar Orlando Menezes da Silveira, com a Tropilha Testamento do Tio Lula, com o ginete Rasga Diabo. Após esta cavalgada foi inaugurada a estância da Brigada e iniciaram as famosas domas naquele espaço. Com uma história carregada de tradição, o Gaúcho Barreto é uma lenda viva da história de Sant’ Ana do Livramento, sendo o ponto de encontro da gauchada.
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Confira aqui alguns depoimentos de santanenses sobre ser gaúcho e mensagens para a gauchada neste 20 de Setembro:
Ser gaúcho... “Essa legenda, essa história Essa história, essa legenda Desta rústica vivenda Da luta demarcatória Da luta emancipatória Da velha pátria comum Não há preconceito algum No velho galpão campeiro Ao pé de cujo braseiro Sempre há lugar pra mais um
Porém te resta o encargo Velho galpão ancestral Legendária catedral De pátria e de pampa largo No ritual de mate amargo Ainda existe cevadura És um templo na planura De paz, amor e carinho Pra iluminar o caminho Da grande pátria futura
Tribunal e refeitório De maulas e milicianos De charruas e milicianos Sem pátria nem território Hoje és, galpão, repertório Daquelas charlas fraternas E das lembranças eternas Das saudades que ficaram Dos centauros que matearam Nos teus cepos de três pernas
Mas se não houver campo aberto Lá em cima quando eu me for Um galpão acolhedor De santa fé bem coberto Um pingo pastando perto Só de pensar me comovo Eu juro pelo meu povo Nem todo o céu me segura Retorno a velha planura Pra ser gaúcho de novo”
(Trecho da poesia “Galpão Nativo” de Jayme Caetano Braun)
“É lindo fazer parte de um povo guerreiro que honra a tradição. Sempre desfilo no 20 de Setembro pelo Catalino Martins e é uma alegria poder participar mais uma vez”. Helvis Gabriel Vargas Mendes, 22 anos.
“O 20 de Setembro representa para mim e para todos os gaúchos e prendas um dia muito especial. Desejo a todos uma ótima Semana Farroupilha e que sigam sempre preservando a nossa cultura”. Ricardo Rodriguez “Castelhano”, 55 anos.
“Ser gaúcho é acima de tudo amar o Rio Grandedi Sul, preservar suas origens e difundir sua cultura. É reverenciar a memória de nossos heróis farrapos que nos deixaram de herança o melhor lugar para se viver. Em qualquer pago que se ande, devemos carregar no peito a bravura e os ideais que forjaram esta raça e o orgulho de ter nascido gaúchos. VIVA A REPÚBLICA!” Carla Martins, artesã.
“Desejo a todos os gaúchos um feliz dia e que sigam sempre preservando a nossa cultura e o amor por esta terra”. Julia Birnie Farias, 22 anos, universitária.
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Quando uma gaita ronca a alma do gaúcho se alegra... “Se foi domando assim no más, lenço pra trás num retrato de Fronteira. Aqui é assim e sempre será: Lombo de potro, gente campeira!” Com os versos de Leonardo Borges, que foram musicados por Marcelo de Araújo Nunes é que contamos um pouco da história deste gaiteiro que marca sua história através da sua música. Não há gaúcho que não se alegre ou sinta o coração bater mais forte quando escuta uma gaita roncar. Presente nas rodas de mate, regionais, bailes e em muitos outros momentos, esse instrumento embala as tradições gaúchas sendo indispensável em qualquer palco. Marcelo de Araújo Nunes, 41 anos, descobriu seu dom para a gaita através de seu avô Marcírio Nunes, mais conhecido como “Gadea”, que era gaiteiro, e de quem herdou uma gaita de oito baixos por ter sido o primeiro neto a aprender a tocar. Aos 14 anos iniciou aulas de gaita com Leonel Gomez e em seguida recebeu convite para participar da 12ª Gauderiada da Canção com Adair de Freitas e desde então não parou mais. Em seguida, começou a tocar com Ricardo Martins que o convidou para tocar no Grupo de Dança “Os Pampeanos”, acompanhou também Volmir Coelho, entre outros
nomes da música nativista. Tocou bailes durante aproximadamente 10 anos, iniciando no grupo “Dele Gaita” e em seguida “Fandango Nativo”, “Grupo Fronteira”, “Tapejaras” de Quaraí e “Sul Em Canto” de Porto Alegre, onde teve a oportunidade de acompanhar José Cláudio Machado. Faz oito anos que o gaiteiro voltou para Livramento e segue sua carreira na linha Nativista, acompanhando Leonel Gomes e outros artistas em festivais. E está com projeto de lançar seu primeiro CD.
Marcelo de Araújo Nunes possui diversas premiações como melhor instrumentista, é também compositor com músicas premiadas em alguns festivais. “Gosto de pegar a gaita e sentir o que vem dela. A inspiração vem do nada, até em sonho. Minha primeira melodia surgiu quando simplesmente peguei a gaita e deixei fluir”, conta o gaiteiro. Como mensagem para a gauchada neste 20 de Setembro, Marcelo destaca a importância
do incentivo à música da Fronteira que é diferenciada. “A gauchada mais velha deve incentivar os filhos, ensinando nossos costumes e cultura para que não morra a nossa tradição. Na música, gostaria que tivesse mais incentivo para projetos culturais como para escolas de música. Pois temos um estilo inconfundível de fazer música que é marca da nossa terra. O pessoal de fora fala que nossa música é diferenciada, temos que valorizá-la”, destaca Marcelo.
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“Cantar, sempre cantar...”
“Por este homem, pampas, milongas e rios é que faço meu canto...”
Maria Alice Rosa da Silva, filha de Lisyara Giribone e Fernando da Silva, é a intérprete mirim que conquistou Livramento, Rio Grande do Sul e o Brasil com sua voz. Descobriu seu talento ao ver seus pais ensaiando para tocar na Igreja, quan-
do cantou uma música no tom certo aos 4 anos. Desde então, participou de vários festivais nativistas, sendo o primeiro deles o 8º Pastoreio da Canção. Hoje, aos 12 anos já contabiliza mais de 66 conquistas e teve a oportunidade de mostrar ao país inteiro seu carisma, voz e autenticidade no programa The Voice Kids, do qual se despediu entoando “Diário de um fronteiriço” em homenagem a todos os santanenses e gaúchos. Criada no ambiente tradicionalista, Maria Alice conta com o apoio incondicional de seus pais em todos os passos que dá, que se orgulham por inserir a filha em locais que cultuam a tradição e com pessoas de bem. “É muito importante cultuarmos nossas tradições. Além de gostarmos muito deste ambiente tradicionalista, acompanhar a Maria Alice nos seus compromissos de prenda e como cantora é um lazer para a nossa família”, revelam Lisyara e Fernando. Como mensagem a todos os gaúchos neste 20 de Setembro, Maria Alice diz: “ Não deixem a nossa divina tradição morrer! Carreguem em seus corações o orgulho de ser gaúcho!”.