OJB Edição 06 - Ano 2015

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ISSN 1679-0189

o jornal batista – domingo, 08/02/15

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Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira

Fundado em 1901

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Ano CXIV Edição 06 Domingo, 08.02.2015 R$ 3,20


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reflexão

EDITORIAL O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Luiz Roberto Silvado DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIA DE REDAÇÃO Paloma Silva Furtado (Reg. Profissional - MTB 36263 - RJ) CONSELHO EDITORIAL Celso Aloisio Santos Barbosa Francisco Bonato Pereira Guilherme Gimenez Othon Avila Sandra Natividade EMAILs Anúncios: jornalbatista@batistas.com Colaborações: editor@batistas.com Assinaturas: assinaturaojb@batistas.com REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Caixa Postal 13334 CEP 20270-972 Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.ojornalbatista.com.br A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Jornal do Commércio

Prover não é preparar para a vida

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onta-se a história de um pai que comprou uma pistola e, com alegria, mostrou-a para o seu filho adolescente. Comprometeu-se com o filho de ensiná-lo a utilizar a arma. Porém, os compromissos do trabalho nunca o permitiam cumprir a promessa. Com arrependimento e tristeza, ele foi – após ser chamado às pressas - para o hospital, quando o seu filho, por acidente, feriu-se mortalmente com a arma. Caminhando de um lado para o outro, ele dizia: “Como eu fui tolo. Eu planejei separar tempo para ensiná-lo a usar a arma. Eu planejei, mas eu estava tão ocupado...”. Talvez você nunca desse uma pistola para o seu filho e, muito menos, permitiria que ele utilizasse algo tão perigoso sem o devido treinamento. Contudo, eu creio que temos deixado de perceber que damos algo muito mais perigoso para os nossos filhos – a vida. Quantos pais estão tão ocupados provendo o sustento dos seus filhos que se esquecem de ensiná-los a viver a vida, de prepará-los para a vida adulta? Creio ser este um grande desafio para os pais de hoje – ser mais do que um provedor. É vital que pais prepararem os seus filhos para viver, para saber tomar decisões, para saber usar bem as oportunidades.

Três desafios estão diante de qualquer homem que deseje cumprir a missão da paternidade. Primeiro, dedicar tempo aos seus filhos – pequenos ou grandes, seus filhos precisam de você. Dedique-lhes qualidade e quantidade de tempo. As atividades da vida moderna tendem a separar a família. Conviver é mais do que ter o mesmo endereço. É necessário “investir” tempo para ter um relacionamento significativo. Dificilmente este tempo com os seus filhos ocorrerá por acaso. Conscientemente, agende um horário para estar com eles jogando bola, brincando, fazendo um lanche, lendo, etc. Construa memórias de vocês dois juntos. Qual foi a última vez que você fez alguma dessas coisas com os seus filhos? Muitos de nós estamos tão ocupados ganhando a vida que nos esquecemos de vivê-la. Certamente, estas memórias serão importantes para a estabilidade emocional deles na vida adulta. Em segundo lugar, viver como um exemplo para os seus filhos – seja exemplo até no reconhecer os seus erros e no pedir perdão. Seres humanos precisam de modelos para aprender. A melhor maneira de ensinar o caminho correto é andar neste caminho. Consistência entre o nosso

discurso e vida certamente terá um impacto positivo no caráter dos nossos filhos. Eles aprenderão a importância do amor, respeito, verdade, etc. Não existe nada melhor para enfrentar as incoerências da vida do que crescer em um lar onde existe coerência. “Faça o que eu digo e não faça o que eu faço” é um ditado popular. Identifique áreas da sua vida onde este ditado é verdadeiro. Procure eliminar estas inconsistências por amor a você mesmo e aos seus filhos. E, por último, desenvolver um conceito diferente de sucesso – você diria que um pai bem-sucedido é o que pode dar aos filhos roupa nova, casa rica, presentes, etc.? Ser um bom pai é dar-se a si mesmo aos filhos. A maior herança que você pode deixar para os seus filhos não tem registro de imóveis, nem pode ser declarada no imposto de renda. Esta herança é a certeza do seu amor e a capacitação para viver a juventude e a vida adulta em toda a sua potencialidade. A frase “Nenhum sucesso compensa o fracasso no lar” reflete convicção e prioridades na vida de um pai. Pais que investiram todo o seu tempo e energia na profissão para prover muitas coisas para os seus filhos, muitas vezes chegam a afirmar: “Eu daria

tudo que tenho para ter uma família diferente”. José, o pai de Jesus, temente a Deus como ele era, buscou a sabedoria divina para ser o pai que o seu filho precisava. Ele foi um pai que recebeu a aprovação de Deus e serve de exemplo hoje. A Bíblia fala do seu trabalho como pai, ao afirmar: “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52). Como é possível, em meio às pressões da vida moderna, ser um pai assim? Creio só existir uma maneira: buscando a ajuda de Deus. Afinal, não foi ele quem planejou a existência da família como o centro de treinamento para a vida? Não foi Deus quem criou o ser humano como um dos “filhotes” mais dependentes de toda a criação? Busque em Deus a sabedoria necessária para ser o pai que os seus filhos precisam. A Bíblia diz: “Se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e ele dará porque é generoso e dá com bondade a todos” (Tg 1.5). Deus deseja ajudá-lo a ter um conceito diferente de sucesso, a investir qualidade e quantidade de tempo na vida dos seus filhos para que eles aprendam com o seu exemplo de vida. Luiz Roberto Silvado, presidente da Convenção Batista Brasileira


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bilhete de sorocaba Julio Oliveira Sanches

Um, dois e...

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aqueline, vou contar até três. Caso você não obedeça, a mamãe vai colocá-la de castigo. Jaqueline já ouviu esta “lenga-lenga” da mãe centenas de vezes em diferentes situações. Entre obedecer e continuar vendo desenhos horrorosos, prefere os desenhos. Vou contar, repete a mãe, que há muito tempo perdeu a autoridade e que nunca leu um livro sobre como educar filhos. Não devia ter casado. Não devia ter gerado. E não devia ser chamada de “mãe-educadora”. Um, dois...E o irmão menor grita da sala, sem retirar os olhos do Ipad. Quatro! Apesar da tenra idade, ele aprendeu que os pais não sabem exercer a autoridade. “Não vai ter refrigerante no almoço”. “Não vai ganhar presentes”. “Não vai comer sobremesa hoje”. “Vai ficar

de castigo”. “O Ipad está proibido”. O “não” se repete centenas de vezes durante o dia. Um, dois e...São ameaças que jamais ocorrerão na prática educativa. Logo cedo a criança aprende que não precisa obedecer. Isso fará dela um adulto inseguro, incapaz e de comportamento desequilibrado. A vida ao longo de sua jornada exige obediência em várias situações. A não obediência às regras e leis estabelecidas pela sociedade gera a morte prematura. Não compensa desobedecer; isso se aprende na tenra infância. Pais que não estabelecem limites para os filhos cometem alguns erros irreparáveis. Não assumem a sagrada função da paternidade. Os pais existem para amar os filhos. Isso significa educá-los para a vida em comunidade. Ensinar a respeitar as leis estabelecidas pela nature-

za e pela sociedade. A vida adulta é imposta obediência a horários preestabelecidos. Aprendemos esta verdade na infância com os horários para as refeições, para dormir, estudar e brincar. Os exemplos trágicos se repetem todos os dias. Alguém resolveu não levar em consideração a lei estabelecida pela Indonésia para os traficantes de drogas. Pagou com a vida por não obedecer. Mesmo arrependido e com “clamores” de muitos no mundo a fora, a lei foi cumprida. Se deve ou não ser aplicada a pena capital, é outro assunto. Lá, a lei existe para ser cumprida, diferente do Brasil e da cultura brasileira, onde a lei existe para ser burlada e oferecer ao infrator o status de herói. Quando condenado, persiste a certeza da progressão da pena, uma aberração jurídica, que

dá ao infrator a certeza da impunidade. Os pais que não educam com seriedade pecam contra o que Deus estabeleceu em sua Palavra: “Educa a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22.6). Pecam contra a formação da personalidade dos filhos. Nada mais triste do que um adulto desequilibrado. Por desconhecer os limites impostos pela vida, termina por sofrer reveses desnecessários. Envolve-se em situações conflitantes. O preço exigido pela insegurança gera tristeza e lágrimas a muitos. Criança mal direcionada tem problemas com os coleguinhas de classe. São péssimas alunas e levam os professores a tentar fazer o que deveria ter sido aprendido no lar com os pais.

Quem já não foi vítima de um adolescente desequilibrado que crê ser senhor do universo? É possível encontrá-lo na rua, nas reuniões familiares, nas igrejas, e a perambular pelos shoppings da cidade. Com tampões nos ouvidos, jamais obedecem ou conseguem conviver com os demais. É só aproximar e você verá um bebê que ouviu milhares de vezes a maldita “ameaça” do vou contar até três. “Quem ama educa”, diz com sabedoria Içami Tiba. Antes, porém, do grande educador expor esta verdade, a Bíblia sentenciou: “Quem não educa o filho não o ama. Quem ama o filho castiga-o (educa-o) enquanto é tempo” (Pv 13.24). Não é preciso contar um, dois e...Basta educar seguindo as orientações bíblicas. Nunca ameace seu filho com algo que você não vai cumprir.

Integralmente submissos a Cristo e libertos através do preparo espiritual

Levir Perea Merlo, pastor da Primeira Igreja Batista em Belo Jardim – PE

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aulo, porém, se fortalecia cada vez mais e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que Jesus era o Cristo” (At 9.22). Assim como um bom atleta - seja de que modalidade for - precisa viver em constante preparo, o que exige também disciplina, para lograr êxito na sua modalidade, um autêntico discípulo de Jesus Cristo precisa estar em

constante preparo espiritual. Paulo faz uma alusão nessa questão em I Coríntios: “Ora, tudo faço por causa do Evangelho, para dele tornar-me co-participante. Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta, exerce domínio próprio em todas as coisas; ora, eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu cor-

po, e o reduzo à submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado” (I Co 9. 23-27). Para vivermos integralmente submissos ao senhorio de Jesus Cristo temos que viver em constante preparo espiritual, o que implica em fortalecimento. Quando Paulo se entregou a Jesus Cristo, ele “Se fortalecia cada vez mais e confundia os judeus (…) provando que Jesus era o Cristo” (I Co 9.22). Em que consiste o preparo espiritual de um cristão discípulo?

Vive pela fé - “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). Vem de Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, a fórmula ou receita para uma vida integralmente submissa e fortificada no Senhor. “E, por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude (poder), e à virtude a ciência (conhecimento), e à ciência o domínio próprio, e ao domínio próprio a per-

severança, e à perseverança a piedade (bondade), e à piedade a fraternidade (amor ao próximo), e à fraternidade o amor. Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (II Pe 1.5-8). Eis o segredo. Mas exige disciplina, dedicação e compromisso. O beneficio é sempre uma vida vitoriosa, mesmo diante dos percalços da vida. Que o Senhor nos ajude a sermos integralmente submissos à sua vontade.


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GOTAS BÍBLICAS

Deus é bom

Cleverson Pereira do Valle, ao nosso lar, é porque fomos protegidos. colaborador de OJB Q u em es tá na direção ada dia da nossa de cada detalhe da nossa vida é um presen- vida? Deus está no controte de Deus; cada le e, se não fosse Ele, não hora, minuto, se- teríamos saúde para trabagundos e milésimos de se- lhar. Se não fosse Ele, não gundos. Tudo está no con- teríamos emprego. Se não fosse Ele, não teríamos um trole dEle. D e v e m o s s e m p r e e n - teto, enfim, Deus é bom. O c a r a r a v i d a c o m o u m a próprio Senhor Jesus Cristo dádiva de Deus, não pode- chegou a afirmar que Deus mos esquecer jamais que, é bom. A vontade de Deus para as até aqui, a mão do nosso b o n d o s o D e u s t e m n o s nossas vidas sempre foi boa, g u i a d o . S e s u s t e n t a m o s agradável e perfeita. Deus é a nossa família é porque bom e o desejo dEle é que uma porta de emprego foi cada um de nós vivamos aberta. Se saímos para tra- uma vida plena, uma vida balhar, é porque estamos completa, uma vida cheia com saúde. Se retornamos de significado.

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NA ATUALIDADE

OLAVO FEIJÓ Pastor, professor de Psicologia

Honestidade mais sinceridade e confiança

Deus é bom e enviou o seu filho amado para dar a sua vida por nós. Jesus Cristo veio a este mundo para buscar e salvar o que se havia perdido. Deus é bom e deseja ter um relacionamento de pai e filho conosco. Deus é bom e cuida de nós diariamente. Não deixe de ser grato a Ele sempre. A bondade de Deus dura para sempre, um dos seus atributos é a sua imutabilidade, Ele não muda. Agradeça sempre a Deus pela sua bondade e cuidado constante. Se Deus é por nós, quem será contra nós? Obrigado Senhor por tudo de bom que o Senhor tem nos proporcionado a cada dia.

“Guardem-me a sinceri- religioso aparece quando as dade e a retidão, porquanto coisas não vão muito bem e a gente tem a impressão de espero em Ti” (Sl 25.21) que nossas orações não estão A expressão chave do Sal- sendo atendidas pelo Senhor. Honestidade e sinceridade mo 25 é “Eu confio em Ti”. No tempo do salmista, tanto são atitudes características do como nos dias de hoje, o que comportamento com coerênnão faltam são pessoas que cia espiritual. Nosso pacto apregoam sua fé em Deus. com Deus é honesto e sinceSó que, ao examinar a vida ro quando não se baseia em diária deles, o que se encon- exceções. Ou cremos sempre tra é um comportamento que ou o que chamamos de fé se mistura medo, desonestidade transforma em amuleto gose negociatas. Davi nos alerta: pel. Confiar em Deus com “Que a minha honestidade e honestidade e sinceridade é sinceridade me protejam, por- ler o livro de Jó e orar como que confio em Ti” (Sl 25.21). o antigo patriarca: “O Senhor É fácil “confiar em Deus” deu e o Senhor tirou – bendiquando estamos vendendo to seja o nome do Senhor” (Jó saúde. É fácil “confiar em 1.21). Porque o Senhor quer Deus” quando, aparente- nos ensinar a confiar nEle, o mente, Ele está garantindo Senhor permite testes e promeu emprego e meu salário. vações em nossa vida cristã. É fácil “confiar em Deus” Esta é a razão porque Tiago quando não somos pressio- 1.2-4 nos ensina a agradecer nados pela injustiça dos nos- ao Deus em quem confiamos sos colegas ou dos nossos as muitas provações da vida familiares. Nosso problema diária.

O preço da ambição Manoel de Jesus The, colaborador de OJB

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lguns estrangeiros eram tolerados em Israel por ordem divina. A razão dessa ordem era que Israel fora estrangeiro no Egito. Um desses estrangeiros ficou sabendo da morte de Saul, rei derrotado em

batalha contra os filisteus. Saul não que ria ser humilhado pelos soldados inimigos, então pediu que seu pajem de armas o matasse. O jovem negou-se a fazê-lo, então Saul jogou-se sobre sua espada. Vendo isso, o pajem fez o mesmo. O estrangeiro estava no acampamento de Saul, e viu como ele morreu.

O tal estrangeiro correu para dar a notícia ao rei Davi, a quem Saul por várias vezes tentara matar. Julgando ser premiado por dar a notícia a Davi, o estrangeiro correu a sua presença, apresentou alguns pertences do rei Saul ao sucessor Davi. Mentiu dizendo que Saul, vendo-se perdido, pediu-lhe que o matasse, evitando a

humilhação nas mãos dos inimigos. Depois que Davi lamentou a morte de Saul, e de seu filho Jonatas, de quem era muito amigo, em vez de premiar o mensageiro da falsa notícia, mandou um dos seus oficiais matá-lo, punindo-o pela morte do rei Saul. Não matou a Saul e morreu por mentir em busca de prêmio.

O preço da ambição é sempre amargo. O ambicioso mente, dramatiza, busca agradar o coração dos outros. Coração esse que o ambicioso ignora, e sempre tem um fim desastroso. Os jornais de nossos dias vivem noticiando o mesmo fim dos ambiciosos dos nossos dias. Leitor, examine o teu coração. É um perigo deixá-lo dominar-te.


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A coisa mais importante da vida

Paulo Francis Jr., colaborador de OJB

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m cidadão fez voto de desapego e pobreza. Dispôs de todos os seus bens e propriedades, reservou para si apenas duas tangas e saiu Índia afora em busca de todos os sábios, medindo, na verdade, o desapego de cada um. Levava apenas uma tanga no corpo e outra para troca, sempre que necessário. Estava convencido de não encontrar quem ganhasse de si em despojamento, quando soube de um velho guru, bem ao norte, aos pés do Himalaia. Partiu ao encontro do velho sábio. Quando chegou lá, tristeza e decepção. Encontrou terras bem cuidadas, um palácio faustoso, muita riqueza, muita pompa. Indignado, procura pelo guru. Um velho servo lhe diz que ele está na “Ala dos Magníficos Jardins” com seus discípulos, estudando desapego. Como era costume da casa ter gentileza para com os hóspedes, o servo convida o andarilho para o banho, repouso e refeição, antes

de se dirigir à presença do sábio. Achando tudo muito estranho, o desapegado aceita a sugestão. Toma um bom banho, lava a sua tanga usada, coloca-a para secar no quarto e sai em busca do guru. Completamente injuriado, queria contestar e desmascarar aquele que julgava um impostor, pois em sua concepção desapego não combinava com posses. Aproxima-se do grupo, que ouve embevecido as palavras do mestre e fica ruminando um ardil para atacar o guru, quando, correndo feito um doido, chega um dos serviçais gritando: “Mestre, mestre, o palácio está pegando fogo, um incêndio tomou conta de tudo. O senhor está perdendo uma fortuna!”. O sábio, impassível, continua sua prédica. O desapegado viajante das duas tangas dá um salto e sai em desabalada carreira, gritando: “Minha tanga, minha tanga, o fogo está destruindo minha tanga”. Fiz uma enquete rápida e curiosa há pouco tempo. Ouvi várias pessoas e questionei: onde está o seu coração? Qual a coisa mais

importante? Qual é a sua maior riqueza da vida? Na verdade, no fundo, o mistério estava em saber: o que dá felicidade às pessoas? Além disso, procurei pelos jornais elucidar o mesmo enigma. Por dedução, me inteirei de algumas respostas: descobri que para parte considerável dos jovens de uma grande universidade de São Paulo a felicidade era fumar maconha, afinal, alguns até foram presos fumando dentro do campus. O restante havia invadido o prédio da organização, provocou a polícia, a justiça e a sociedade. Para outro cidadão aqui no interior de São Paulo, sua “felicidade” maior era matar um cão. Assim, puxou com um carro um Rottweiler pelas ruas, judiando imensamente do animal. Depois, ainda inconformado, deduzi que a felicidade de uma mãe é ver o filho vencer de todo jeito. Uma delas foi até a escola e deu uma surra em uma professora porque “A sua criança tirou nota baixa em uma prova”. Procurando novas respostas, vi um político acusado de corrupção, afirmando que a sua

“felicidade” era derrubar a cúpula da Polícia Federal. Que coisa! Buscando esclarecimentos maiores, li na Coluna de Oscar Quiroga, em um Jornal da capital paulista, que estamos em meio a uma rápida mudança. Diz ele: “Está em andamento uma revolução silenciosa como nunca antes nossa humanidade experimentou, pois é desprovida de tiros, sangue e quebra-quebra. A reforma é no íntimo das pessoas. Nesse processo, os valores que serviram para emitir julgamentos e tomar decisões são rejeitados e substituídos por outros. A realidade é uma esponja quântica que reorganiza suas moléculas ao sabor da percepção mental e não é difícil concluir o tamanho da revolução que está em andamento. Quando for atingido o número, oculto e misterioso, de seres humanos que tiverem posto em andamento essa revolução íntima, então dormiremos à noite com uma realidade e despertaremos no dia seguinte com outra completamente diferente”. Será?

Também encontrei uma boa resposta na história. No epitáfio de um bispo anglicano na abadia Westminster, do século XII, está escrito: “Quando era jovem e livre, sonhava em mudar o mundo. Na maturidade, descobri que o mundo não mudaria. Então resolvi transformar o meu país. Depois de algum esforço, terminei por entender que isso também era impossível. No final de meus anos, procurei mudar minha família, mas ela continuou a ser como era. Agora, no leito de morte, descubro que minha missão teria sido mudar a mim mesmo. Se tivesse feito isso, teria sido capaz de transformar a minha família. Então, com um pouco de sorte, esta mudança afetaria o meu país e - quem sabe - o mundo inteiro”. Viemos à terra para sermos mudados. Viemos para nos tornar novas criaturas. Esse é o passaporte para a eternidade. Jesus já havia antecipado isso. Quem compreende suas palavras, entende o sentido da vida e o que realmente é importante.


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missões nacionais

Mais uma turma conclui o Curso de Formação de Líderes para o Ministério com Surdos

Sétima turma formada

Redação de Missões Nacionais

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oi realizado na Igreja Batista Missionária do Maracanã - RJ o culto de formatura da 7ª turma do Curso de Formação de Líderes para o Ministério com Surdos. “Estamos visualizando o que Deus fará por intermédio daqueles que se colocam à disposição dele”, declarou Marília Manhães, coordenadora nacional do Ministério com Surdos da JMN, referindo-se à turma que esteve em treinamento pelo período de 21 dias.

Durante a mensagem aos formandos, o pastor Fernando Brandão, diretor-executivo da JMN, falou sobre o investimento de Missões Nacionais neste ministério: “Fomos chamados para nos envolver com os objetivos do coração de Deus. E este objetivo é que todos sejam alcançados pela mensagem da salvação”. Compareceram ao evento também missionários de Missões Nacionais que já trabalham com surdos em todo o país. Interceda por este ministério, a fim de que o Senhor continue a levantar e capacitar pessoas para evangelizar surdos.

Treinamento para líderes indígenas Redação de Missões Nacionais

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urante a temporada de aulas no Instituto Bíblico Indígena, da Aldeia Sabonete, em Benjamin Constant - AM, líderes que atuam nas Igrejas indígenas receberam treinamento sob a coordenação do pastor Eli Leão Catachunga – também conhecido como Eli Ticuna, em função de sua etnia –

missionário de Missões Nacionais em Tabatinga - AM. Além dos ticunas, indígenas de outras etnias participaram das aulas. Mayruna, Matis, Kokama e Yagua estão entre as etnias representadas. O missionário Antônio Claudomiro da Cruz, que também atua em Tabatinga ao lado de sua esposa, a missionária Marcia Nascimento, participou ministrando aulas sobre os cinco princípios de Igreja Multiplicadora.

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Trans Gramado - RS começa com vidas impactadas

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primeira etapa da Trans Sul foi concluída com vidas salvas, que já estão sendo acompanhadas de perto por meio de relacionamentos discipuladores. Somos gratos ao Senhor pelos resultados e pelos mais de 500 voluntários que participaram. Em seguida, a Trans Gramado teve início com o objetivo de impactar um grande número de vidas na cidade gaúcha onde está ocorrendo a 95ª Assembleia Anual da Convenção Batista Brasileira (CBB). Cerca de 100 voluntários estão evangelizando nas ruas, praças e lares de Gramado - RS, e vidas têm se

Voluntárias com rapaz que fez sua oração de entrega a Cristo, em Gramado

rendido a Cristo. Algumas pessoas já solicitaram estudos bíblicos em casa, e poderão ser acompanhadas pelos missionários Renato e Kênia Florêncio, que atuam na cidade.

Esta Trans termina no próximo dia 10 de fevereiro. Interceda pela Operação Jesus Transforma Gramado, visto que o Rio Grande do Sul possui um grande número de habitantes que precisam conhecer a Cristo.

Bazar missionário em Italva - RJ Redação de Missões Nacionais

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equipe do Projeto Sonho de Mãe, em Italva - RJ, organizou um bazar missionário no Café&Arte, lanchonete do Projeto. Os produtos vendidos ajudarão na manutenção do Programa, que tem apoiado mulheres que precisam ficar ao lado dos filhos durante o trata- Vitrine criativa atraiu clientes mento contra a dependência química. A tarde de vendas foi marcada por muita alegria e música. A animação das missionárias e alunas do Projeto tem chamado a atenção da população da cidade, que tem apoiado diversos eventos e frequentado o Café&Arte. Interceda pelo Sonho de Mãe e mobilize sua Igreja para ajudar com doações e Clima alegre, com músicas, marcou a programação visitas ao local.


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Dona Edla Lin

o nome que faz parte de O Jorn

Dona Edla, com 106 anos de idade, é assinante do nosso periódico há m diretor-executivo da Convenção Batista Brasileira (CBB), presenteo Fotos: Sélio Morais

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Minha sogra, minha ovelha Eraldo Sena Campos, genro, pastor da Igreja Batista em Catete – RJ

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ão sei qual das duas expressões melhor poderia reproduzir todo acervo de virtudes que estão presentes na longeva vida da irmã Edla. Confesso aos irmãos leitores de O Jornal Batista que eu sou um pastor privilegiado por ser genro de uma mulher da capacidade espiritual, de um coração generoso e longânimo, de um carinho todo especial para comigo e minha família. Apesar de ter muitos filhos e netos, a sua convivência conosco é muito estreita. Os meus filhos recebem do seu cuidado e das suas orações. Ela praticamente os criou.

Quando eu viajava aos estados com a família para participar das assembleias convencionais, ela, com a sua idade bem avançada (90 anos), fazia questão de nos acompanhar. Lembro-me de um fato interessante: viajando para Fortaleza - CE, o carro quebrou próximo à cidade de Teixeira de Freitas, na Bahia. Naquele momento não havia outra solução senão buscar socorro mecânico na cidade mais próxima. Para isso, tive de deixá-los na estrada por algumas horas. Quando voltei, a pessoa mais tranquila e calma era ela. Tinha o verdadeiro espírito de uma viajante. Preocupa-se muito com a minha saúde e não se cansa de recomendar o uso permanente de arnica (seu remédio diário). Irmã Edla é a sogra que acaba com todo o mito pejorativo que se criou para

as mulheres que têm filhos e filhas casados. Isso não é verdade, sogra é uma benção de Deus para os genros e noras. Irmã Edla, minha ovelha. Eu não sei precisamente se posso dizer se eu a pastoreio ou se ela me pastoreia. Mas, de uma coisa tenho certeza, a sua boa influência na Igreja tem sido de fundamental importância nos 36 anos de ministério que exerço na Igreja Batista em Catete - RJ. A sua vida é a Igreja. Tanto é verdade que, depois da morte do seu esposo, pastor Eliezer Correia de Oliveira, ela jamais admitiu morar alguns metros distantes da Igreja. Alugou um apartamento em um prédio colado à parede do templo e que, se fosse aberta uma porta, ela estaria no santuário da Igreja. Irmã Edla é uma mulher que ama a música sacra e, interes-

sada que todos os seus filhos participassem no ministério do seu esposo, fê-los estudar música. Hoje, todos tocam piano e alguns outros instrumentos. Até os 95 anos de idade participava do Coral que leva o seu nome e tem sido uma benção nos cultos dominicais. O seu relacionamento com as pessoas é de alguém que reflete o amor de Cristo. Sempre tem uma palavra de conforto e ânimo para as pessoas que a procuram. É uma mulher que, mesmo carregando o peso físico dos seus 106 anos, procura participar de todos os cultos da Igreja e está sempre esboçando um sorriso que vem de um coração puro e reto. Ao concluir este breve comentário sobre “minha sogra, minha ovelha”, o faço movido por um profundo sentimento de gratidão a Deus por poder conviver com este anjo do Senhor.


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ns de Oliveira:

nal Batista há quase um século

muitos anos. Em forma de gratidão, o pastor Sócrates Oliveira de Souza, ou-a com uma placa de homenagem em nome de O Jornal Batista.

Edise Oliveira Cytrangulo, filha, membro da Igreja Batista em Catete - RJ

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stou mais uma vez apresentando aos leitores do O Jornal Batista a celebração dos 106 anos de nossa querida mãe – Edla Lins de Oliveira -, viúva do pastor Eliezer Correa de Oliveira, de saudosa memória. Quantas coisas poderia dizer-lhes, mas, a cada ano, conto um pedacinho da sua história: já falei da infância, da idade escolar, das denominações religiosas nas quais cooperou, da juventude no interior de Alagoas, em Recife - PE, do curso de Obreiras Cristãs do Colégio Americano Batista, e do casamento em setembro de 1922. “Grandes coisas fez o Senhor por nós” (Sl 126), confirmando

assim, o amor inigualável do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Essa senhorinha de nome Edla foi a esposa querida, dedicada, companheira em todos os momentos como esposa de pastor, ao cumprir na íntegra a missão gloriosa como serva fiel escolhida para o ministério santo. Mãe extremosa insuperável na direção do seu lar, cujos filhos vieram para materializar o plano divino como família. A parte mais importante de toda essa vida é a consagração intensa ao Reino de Deus e sua Causa, acompanhada da essência do cheiro suave e agradável de Jesus - Senhor de nossas vidas, como cristãos e Salvador de nossas almas. Edla - Dila para os íntimos - e o verdadeiro exemplo de retidão e submissão

unicamente a vontade do Pai Eterno, sempre foi e será uma inspiração desde nossa tenra idade, ate os dias de hoje. É bom, gostoso e confortante vê-la assiduamente nos cultos, feliz e sorridente, mesmo quando não está em seus melhores dias. Todos os amigos e irmãos são testemunhas das perdas pelas quais passou em menos de três meses (falecimento de três filhos) e também das únicas remanescentes de sua família (duas irmãs) que residiam em Recife – PE. Deus sustentou-a, deu-lhe sabedoria e equilíbrio, mesmo fragilizada fisicamente. Reergueu-se e continuou sua trajetória. Foi um milagre. Hoje, diante de tantas evidências, suas reações como uma mulher especial pela fortaleza e discernimento

mental, creio, piamente, que nossa mãe é agraciada com mais dom espiritual. Ela é um anjo divino aqui entre nós. Glória a Deus! No silêncio, sempre preocupada com as almas que vivem no pecado. Constantemente repete o versículo do apóstolo Paulo ao livro de Gálatas: “Não mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2.20). Glória Deus por sua vida. Glória a Deus pela consagração na disseminação do Evangelho. Glória a Deus pela vontade do Pai, do filho Jesus, revelada na vida de nossa mãe. Força, mamãe! Prossiga em frente seguindo o que o apóstolo Paulo disse em Filipenses: “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.14).

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Acampamento Estadual de Embaixadores do Rei de Minas Gerais - CBTL Ravena de 2015

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ias ensolarados com piscinas convidativas, trilha de oração, gincanas bíblicas, palestras, cultos com louvor e mensagens edificantes e desafiadoras, verdadeiros banquetes espiritual com os pregadores mirins (mesmo com aqueles que por natureza são engraçados), atletismo, excelentes refeições e, claro, muita comunhão. Enquanto, quem sabe, você, Embaixador do Rei, estivesse de bobeira olhando o tempo passar, acontecia de 10 a 18 de janeiro no CBTL Ravena, mais um Acampamento Estadual de Embaixadores do Rei de Minas Gerais. Na primeira semana contamos com 220 participantes, 20 Igrejas de seis Associações representadas. Como orador oficial, o pastor Felipe Mercadante, da Igreja Batista Bairro Londrina, em Santa Luzia - MG. Contamos ainda com a participação de Willian Machado, da Junta de Missões Mundiais, e do palestrante Alécio Franco Júnior. A Embaixada Wilson França da Igreja Batista de Missões, em Eloi Mendes, com o Conselheiro pastor George Adriano de Carvalho foi a campeã; a vice-

-campeã foi a Embaixada José Filho de Israel, da Igreja Batista Central de Três Corações, com os conselheiros Bruno e Gustavo; ASES do Acampamento, na categoria Júnior: Lucas Brasil, da Embaixada diácono Adailton Rufino, da Primeira Igreja Batista Ouro Branco, com o conselheiro Allan de Souza Oliveira; adolescente: Jeremias Dias, da Embaixada Willian França, Congregação Missões Batista em Eloi Mendes; e Juvenil: Richard Otavio, da mesma Igreja. Na Manhã da Decisão foram 27 os que receberam o Senhor Jesus Cristo como único e suficiente Salvador e Senhor de suas vidas. O número dos que disseram sim ao chamado para missões e ministério da Palavra (pastorado) chegou a 37. Na segunda semana contamos com 228 participantes,

27 Igrejas de sete Associações representadas. Nosso orador oficial foi o pastor Alexandre Silva, da Primeira Igreja Batista Planalto BH. Contamos também com a participação do missionário Josué Pacheco, da Junta de Missões Mundiais e do palestrante Alércio Franco Júnior, quando a Embaixada da Primeira Igreja Benfica, em Juiz de Fora – MG, da qual o irmão Joacir Soares Honório é o conselheiro, foi campeã; a Embaixada Alvin Hatton, da Igreja Batista Centenário de Coronel Fabriciano, com o conselheiro Filipe de Castro foi a vice-campeã ; ASES do Acampamento, na categoria Júnior: Kennedy Teixeira da Embaixada, da Igreja Batista Monte das Oliveiras de Uberlândia; adolescente: Jhonatan Rosa da Embaixada diácono Sebastião Mendes da Costa, da Primeira Igreja Batista Ben-

fica, em Juiz de Fora - MG e, Juvenil: Gustavo Santos da Embaixada da Primeira Igreja Batista Itabirito com o CER Marco Antonio Dinalli. Na manhã da decisão, 25 meninos receberam o Senhor Jesus Cristo como único e suficiente Salvador e Senhor de suas vidas e o número dos que disseram sim ao chamado para missões e ministério da Palavra (pastorado) chegou a 40. Alguns questionam a Manhã da Decisão, pensam que três dias de mensagens e abordagens não são suficientes para que um menino faça uma decisão verdadeira. É certo que há, entre os novos decididos, aqueles que desistem, quer

tenham ficado sensibilizados com a postura dos que de fato se decidiram, quer seja por falta de firmeza. No entanto, há os que desistem por sofrerem descontinuidade do processo, pois ao voltar, não têm o apoio da família que, geralmente, ainda não pertence ao Senhor Jesus. Vão para a igreja, mas não são acolhidos e discipulados, porém, quando há um trabalho ininterrupto com os meninos através da Embaixada com um conselheiro que tem a Embaixada como um ministério, é provável que não desistirão, mesmo diante da pressão da família, amigos e, por fim, a sociedade corrompida pelo pecado.

A diferença dos Embaixadores do Rei na vida de um menino

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o dia 14 de fevereiro é comemorado o Dia do Conselheiro dos Embaixadores do Rei. Para honra e glória do nosso Salvador e Senhor, o Rei Jesus, do qual somos Embaixadores aqui na terra, há conselheiros e Igrejas empenhadas em fazer parte da história do novo nascimento de juniores, adolescentes e jovens, como nos mostra o depoimento do Richard Otávio: “Meu nome é Richard Otávio Adão de Castro, tenho 17 anos e sou Embaixador do Rei. Hoje estou aqui pra contar mais sobre minha vida depois que conheci Jesus. Minha vida era uma vida de extrema pobreza. Criado sem pai, com minha mãe e dois irmãos, chegamos muitas vezes a passar fome. Através do futebol, que eu gostava muito, aconteceu algo muito

bom. Em 2011, meu amigo Welder me levou uma vez para um treino de futsal, onde o treinador era o pastor George Adriano, da Congregação Missão Batista, em Eloi Mendes, que começou falar de um determinado trabalho chamado Embaixadores do Rei. Não me interessei muito pelo trabalho, mas, sim, pelo futebol. Frequentei algumas reuniões da Igreja e fui ao acampamento, levantei minha mão no momento da decisão, só que não levei bem a sério essa decisão, porque não sabia seriamente o que era. Até que, quando comecei a me envolver mais com o trabalho dos ERs, senti certo interesse na mudança de vida. Quando Deus começou a mudar minha vida senti algo errado, eu estava sendo mudado mas minha família não, isso porque não aceitavam o que eu ou os outros cristãos falavam.

No ano de 2013, meu irmão Wendel começou a se firmar também no Projeto e começamos a orar pela nossa família, para que houvesse salvação da minha mãe, que era alcóolotra havia seis0 anos. Porém, minha mãe dizia que a esse Deus ela não se rendia. Só que a resposta de Deus não veio em mediato. Em 30 de novembro de 2013 fui batizado e decidi que era aquilo que eu queria para minha vida. No ano de 2014 comecei a pegar firmemente na oração pela minha mãe, só que Deus me concedeu primeiro a oportunidade de falar do amor dele para minha irmã e meu cunhado, que aceitaram a Ele como Senhor e Salvador e foram batizados nesse mesmo ano. Após isso, minha família inteira começou a orar pela minha mãe, porque já havia sete anos que ela não parava de beber e cada dia ela estava pior. Foi

Richard Otávio ganhou toda a sua família para Jesus através dos ER’s

quando Deus começou a me dar a oportunidade de falar dEle e eu não desperdicei; ai foi a hora. Lembro-me que no dia 18 de novembro de 2014 Deus concedeu a libertação do vício da minha mãe. Foi quando comecei a orar mais ainda para que Deus entrasse na vida dela para ser o seu Senhor. Hoje não consegui só minha mãe, mas minha irmã e meu cunhado, e também meus primos, minhas tias e

alguns amigos. Eu era o único que tinha experimentado esse Deus e hoje não sou só eu que vivo para Ele, hoje minha família vive para honra e glória do Senhor dos Exércitos. ‘Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e a tua casa’ (At 16.31). Se não fosse essa Organização e esse Deus, o que seria dessa minha vida e dessa minha família. Por isso sou Embaixador do Rei. Uma vez Embaixador, sempre Embaixador’”.


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A missão de salvar alguns Lyubomyr Matveyev – missionário Especial da JMM na Ucrânia

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credito que a maioria da s pessoas, particularmente missionários, pastores e ministros, tem a tendência de fazer uma análise do ano anterior: “O que foi realizado, quais os resultados alcançados e metas cumpridas…”. Pois quando terminou o ano de 2014, eu fiz a mesma coisa: a análise do ministério aqui no Leste Europeu e na Ucrânia, em particular. Isso porque em 2015 faz dez anos que estamos no campo missionário (depois do nosso retorno do Brasil). Tenho que confessar que não foi fácil e nem muito agradável fazer essa análise do ministério. Por quê? Porque em 2014 foram feitas muitas coisas: muitos esforços, finanças e outros recursos, muita oração e vigílias, programações variadas, projetos, conferências, acampamentos, clubes, treinamentos, congressos, aulas, mensagens, grupos

de estudos bíblicos, páginas na internet (como o site da nossa Igreja, onde 1.500 pessoas podem estar online, mas somente alguns vêm à igreja e se convertem). Ou seja, os resultados não correspondem aos esforços e recursos gastos. As expectativas continuam maiores do que a realidade. A análise no começo de 2015 me fez desanimar, pois até senti um gosto amargo de não conseguir resultados maiores. Senti insatisfação, tristeza e, ao mesmo tempo, procurei responder às seguintes questões: o que não tem funcionado? O que está errado? Essa análise foi interrompida com uma ligação da minha mãe. A primeira pergunta que ela fez foi: “Como está o seu ministério? Como andam as coisas?”. Completamente triste, eu me abri com ela e respondi sem esconder nada: “Mãe, durante este ano, por exemplo, na Igreja que pastoreio, tivemos algumas decisões ao lado de Cristo e um único batismo”. Então, minha mãe disse com a voz suave e bem feliz:

“Filho, seja grato a Deus por isso. Louve a Deus pela salvação de alguns”. Terminei a conversa com minha mãe e fui fazer meu devocional. E ao ler I Coríntios 8 e 9, Deus abriu os meus olhos e respondeu tão claramente que, pela primeira vez em dez anos, eu senti a paz. Pela primeira vez, o desânimo, cansaço e tristeza desapareceram. Deus, de verdade, iniciou um novo ano na minha vida. Eu comecei um novo ano no meu ministério, mas com a velha estratégia: “Para de alguma forma salvar alguns” (I Co 9.22). Essa será a estratégia para 2015 e para cada ano consecutivo que Deus permitir para mim no campo missionário-ministerial. Sim, muitos esforços, mas o resultado, “salvação de alguns”, esse tem sido o preço que vale a pena pagar. Portanto, estarei pronto para continuar a pagar esse preço daqui para frente: tornar-me “Tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns” (I Co 9.22). O apóstolo Paulo destaca esse trecho, “Para de alguma

forma salvar alguns”, dizendo que a tarefa dele não é salvar todos ou muitos (sinceramente, essa tem sido a tentação no meu ministério), mas tão somente “salvar alguns”. Paulo, como missionário e ministro, compreende a sua limitação. Essa tem sido a lição para mim. Nunca esquecerei o seguinte: que minha tarefa consiste em “de alguma forma, salvar alguns”. Na verdade, salvar o mundo começa pelo “salvar alguns”. O mundo pode ser evangelizado e alcançado gradualmente, e não imediatamente.

“Salvar alguns” é um processo contínuo, um estilo de vida – e não um evento missionário único ou de uma igreja local. “Salvar alguns” é como os dias do ano que podemos viver, um por um, e não todos de uma vez. E este grande mundo com 7 bilhões de habitantes pode ser salvo pessoa por pessoa. Que o Senhor nos ajude a pôr em prática a estratégia do apóstolo Paulo, “para de alguma forma salvar alguns”. E se cada um fizer a sua parte, mais alguns serão salvos. E teremos muitos salvos, mas muitos mesmo.

Missões até nas férias Marcia Pinheiro – Redação de Missões Mundiais

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ma mochila nas costas e o coração cheio de vontade de compartilhar o amor de Deus. Este é o perfil dos 26 voluntários que seguiram em janeiro para o Chile, coordenados por Diego Santana, missionário mobilizador de Missões Mundiais. Eles ficaram na cidade de Iquique, norte do país, entre os dias 18 e 30 de janeiro, quando apoiaram as atividades desenvolvidas pelo casal missionário César e Deise Queiroz. A cidade de Iquique possui uma bela costa e recebe milhares de turistas durante o verão. Nossos jovens voluntários tiveram a oportunidade de falar de Cristo a chilenos e turistas que foram para o local em busca de diversão, sol, descanso e acabaram conhecendo o amor de Cristo através das ações dos nossos voluntários. Como nesta época do ano Iquique respira praia,

esportes e muita música, o programa Voluntários Sem Fronteiras selecionou jovens que pudessem atuar com esportes, música, evangelismo, artes, entre outras atividades. Todos comprometidos em amar não apenas com palavras, mas também com ações, conforme I João 3.18. “Mais um grupo de voluntários de Missões Mundiais pôde viver o Evangelho e demonstrar o amor que os alcançou, testemunhando das mais diversas formas, seja através de evangelismo, da pregação em Igrejas, do esporte, artes, ministério infantil, ações em presídios e muito mais”, comenta Cláudio Elivan, coordenador do programa Voluntários Sem Fronteiras. Quem ainda não sabe o que é viver o amor de Deus junto a outros povos, deve ficar ligado na agenda de caravanas 2015. Certamente há alguma precisando de pessoas com o seu perfil. Escolha a sua e entre em contato com o oluntários Sem Fronteiras. Escreva para voluntarios@jmm. org.br.


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Pés na estrada: Paraty-Mirim - RJ

Valdeval e Roseli Santos, com colaboração de Vítor Nunes

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Projeto Guarani, que é liderado pelos missionários Valdeval e Rose, recebeu nos dias 21 e 22 de novembro de 2014 uma caravana com cerca de 45 irmãos da Primeira Igreja Batista de São João de Meriti - RJ, que abençoou as famílias indígenas em Paraty-Mirim – RJ. Assim que chegaram, se acomodaram e almoçaram nas dependências da Congregação Batista de Paraty-Mirim. Logo depois, foram todos à aldeia para dar início às atividades do dia. Começaram com uma reunião com as crianças. Foi um momento muito alegre, onde cantaram diversos cânticos e apresentaram histórias bíblicas. Logo após, as crianças indígenas cantaram para o grupo. Foi um momento lindo. Em seguida, se iniciou a distribuição de cestas básicas para todas as famílias da aldeia, cerca de 40. Com a permissão de cada família, entrávamos nas casas, oferecíamos a cesta junto à uma história bíblica, um aconselhamento e um integrante da equipe fazia uma oração por toda a família. Em uma dessas casas, o casal Vanderlei e Cleonice, se decidiu por aceitar Jesus Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas. A Cleonice se decidiu por Jesus aos prantos. Ela estava muito emocionada e grata pela nova vida em Cristo. “Impressionante! Nunca havia presenciado algo parecido no meio indígena”, contou o missionário Valdeval. À noite, foi passado o filme “Jesus” para todos que estavam presentes. No final do filme - mais de uma hora de projeção - houve um convite para que, a partir daquele momento, aqueles que estavam decididos em seguir

a Cristo se manifestassem, e cinco indígenas - Fabiana, Rosalinda, Genilson, Mateus e Rodrigo - decidiram por entregar suas vidas ao senhorio de Jesus. No sábado, as atividades começaram com a “Ação Social”. Ofereceram cortes de cabelo, aferição de pressão arterial, aferição de glicose, escovação de dente e aplicação de flúor. “O curioso foi que a maioria dos indígenas estava com a glicose alta”, contou a missionária Rose. Logo após a o momento de de Ação Social, foi oferecido um saboroso risoto de frango a todos os participantes. Todos comeram e ainda repetiram o saboroso almoço preparado pelos missionários e integrantes da caravana. O grupo também distribuiu as bolas que levaram para as crianças, adolescentes, jovens e até adultos. Só as bolas de couro eram cerca de 80. Foi uma grande festa, mesmo com a chuva caindo no momento da distribuição. Assim que se encerrou a distribuição das bolas, o grupo retornou para as acomodações da Congregação, lanchou, limpou o local e retornou para São João de Meriti – RJ. Foi uma grande bênção a vinda do grupo. Bênção para o casal de missionários, bênção para os indígenas e bênção para o grupo tam-

bém. Queremos agradecer ao pastor Cláudio e a sua esposa, irmã Marly, líder de Missões da Primeira Igreja Batista de São João de Meriti – RJ. Além de serem parceiros fieis do Projeto Guarani

em Paraty - RJ através das ofertas enviadas pelo PAM (Parceria na Ação Missionária), se colocam à disposição para participar pessoalmente da obra missionária realizada em Paraty-Mirim.

Que Deus possa abençoar ainda mais esse grupo e despertar outras Igrejas para que se envolvam com o trabalho relevante que tem sido realizado entre os povos indígenas de todo o Brasil.


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Jovens de São Paulo realizam o primeiro #Manifestojovem Rodrigo Alcantara, Igreja Batista em Vila Diva - SP

Fotos: Fanny Moraes

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ra final de outubro quando desenvolvi com os jovens da minha Igreja um desafio da leitura diária da Bíblia. Isso desencadeou belos sentimentos de apreço pela Palavra de Deus. Todo o dia ouvia comentários edificantes sobre determinado versículo ou capítulo. Ler a Bíblia deve ser algo fundamental para nosso crescimento diário. Outro dia ao ir trabalhar levei minha Bíblia de estudo que era um pouco “grande”, comparada aos padrões “preestabelecidos de livros a serem levados” em um ônibus. Isso, além de causar um extremo desconforto (devido o peso), causou uma grande surpresa aos passageiros que estavam ao meu redor indo para o mesmo destino. Era impossível alguém não ver a minha Bíblia (risos). Pensei comigo “Que genial, consegui chamar a atenção de toda essa galera sem falar nada, somente praticando minha leitura. Imagine uma multidão de jovens apaixonados por Deus praticando a sua leitura nesse mesmo itinerário! Como seria isso?”. Lembrei-me de uma reportagem que tinha visto tempos atrás sobre alguns jovens evangélicos que partiram para a praça de alimentação de um shopping center para realizar uma leitura em conjunto da Bíblia. Pensei em algo mais extravagante e mais diferenciado. Por que não deixarmos esses jovens espalhados no shopping com o mesmo ideal, a fim de impactar os transeuntes da mesma forma que eu havia impactado a vida daqueles passageiros no ônibus? Certamente, eu precisaria de mais jovens presentes para causar um impacto. Como eu não tinha esse contingente de jovens em minha Igreja, contatei alguns amigos e líderes de jovens de outras Igrejas para me auxiliar nesse movimento. O convite foi aceito de primeira por esses líderes. Fiquei muito feliz por terem acreditado em um conceito que, embora parecesse simples, daria um grande trabalho. Escrevi o tema e colocamos o nome de “#Manifestojovem”. Que era “Aplicação da leitura bíblica realizada por jovens e adolescentes em meio aos corredores de um shopping center em pontos estrategicamente determina-

dos, e a divulgação de cartazes nas ruas em frente as saídas do shopping com dizeres aplicados sobre a relevância da Bíblia e o seu poder de transformação para a realidade das pessoas. O nosso objetivo era demonstrar que a leitura da Palavra ainda é uma atividade autêntica, necessária e ideal para a juventude. Sua leitura e aplicação implica em boas maneiras

para o jovem, para a sociedade paulista e para todo o Brasil”. “Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu.Porque desde criança você conhece as sagradas letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus.Toda a Escritura é inspirada por Deus

e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (II Tm 3.14-17). A segunda ação a ser feita era como divulgar esse conceito e essa proposta nas Igrejas e na rede social. Vendo alguns links no youtube encontrei um vídeo excelente sobre

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o que a população achava dos cristãos. Nessa mesma proposta, me perguntei: “O que será que a população acha da Bíblia?”. Senti-me completamente desafiado para entrevistar a população com essa pergunta. Mas com que aparelhagem? Eu não tinha nada profissional e muito menos know-how (habilidade) para editar um vídeo profissional no computador. Deus enviou um jovem com todo o entusiasmo possível e toda a aparelhagem necessária para a minha Igreja. Com mais alguns jovens envolvidos partimos para a Avenida Paulista e gravamos mais de 14 entrevistas. Foi concebido o vídeo chamado: “O que você acha da Bíblia?”, que pode ser encontrado no link: https://www.youtube.com/ watch?v=h-PA8bP43zk. Após a edição, o próximo passo foi divulgar nas Igrejas esse material e o Projeto “#Manifestojovem”, que agora tinha data: 13/12/2014 às 17h no Shopping Anália Franco, em Tatuapé - SP. Sabendo do risco de fazer um evento desse porte, realizamos um encontro com as 14 Igrejas envolvidas explicando toda a proposta e como seria todo o evento. Esse culto foi realizado na Igreja Batista em Vila Antonieta - SP no dia 29/11/2014 às 19h30. Foi uma benção. Tivemos a apresentação da Banda #FERVO, a mensagem do seminarista Rafael (Nick) e todos saíram sem nenhuma dúvida sobre o Projeto #Manifestojovem. O dia 13/12/2014 chegou e tivemos a participação de mais de 90 jovens, pertencentes às Igrejas Batista da Associação. De forma silenciosa e sem causar nenhum problema ao espaço, estivemos impactando as vidas de homens e mulheres que, em vez de encontrar celebridades e arranjos natalinos, encontraram jovens que ainda creem na Palavra da Verdade. Tivemos abordagens e perguntas sobre o que liam, tivemos pedidos de oração e pedidos para leitura de versículos. Percebemos que o impacto visual foi causado. Mas o maior impacto foi o que a Palavra de Deus fez na vida desses jovens que buscaram meditar em sua Palavra. Deixar o agradecimento para essa galera é pouco, prefiro deixar garantido que no segundo sábado de dezembro de 2015 teremos o segundo #Manifestojovem.


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ponto de vista

Orando no Espírito “Orando em todo o tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18).

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aulo utiliza o verbo em processo em uma ação de dependência absoluta do Senhor. Devemos orar em todo o tempo com toda oração e súplica e vigiando nisso com toda a perseverança. Devemos viver pela fé e não pelas emoções, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). É o Espírito que nos ensina a viver pela fé e a orar. Ele é o pedagogo da oração. Então, orar no Espírito significa estar nEle, viver dEle, viver com Ele, sob Ele e por meio dEle, primariamente pela fé. Não sabemos orar como convêm, mas o Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis (que não podem exprimir por palavras - Rm 8.26). O Espírito é Aquele

que intercede intensamente por nós na oração, trabalha fortemente por nós na oração diante de Deus, nosso Pai. A experiência de orar no Espírito é o resultado da ação do Espírito testificando (testemunhando juntamente; confirmando) com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.16). Como filhos, temos prazer na comunhão com o Pai por meio da oração sincera, incessante e perseverante. A nossa conversa com o Pai deve ser caracterizada pela fé, pela confiança e pelo descanso. Deus quer que aprendamos a descansar e a esperar nEle (Sl 37.7). Orar no Espírito é aguardar com paciência a ação de Deus, a Sua reação soberana (Sl 40.1). A oração no Espírito nos leva à fé na suficiência de Cristo Jesus. Esta mesma oração nos conduz à satisfação em Deus Pai. Quando somos cheios do Espírito podemos orar no Espírito. É algo natural em

nossa experiência com Ele. O meu coração se regozija nAquele que faz todas as coisas segundo a Sua soberana vontade. Quando o Espírito Santo chancela a nossa oração é porque Ele está vendo nossos motivos no caráter de Cristo Jesus. Temos consciência de que orar é combater contra o inimigo em todo o tempo. A nossa luta não é contra carne e sangue, mas sim contra principados e potestades, contra as hostes espirituais do mal nas regiões celestes (Ef 6.12). Estamos em uma batalha espiritual. Paulo ensina sobre esta verdade em Efésios 6.10-20. A oração no Espírito é a oração do sofrimento, da espera, da paciência e da confiança. É uma grande oportunidade de crescermos no conhecimento do Santo. À medida que oramos no Espírito reconhecemos as nossas fraquezas, debilidades e, ao mesmo tempo, a fortaleza do Senhor e a Sua infalibilidade. Na oração somos confronta-

dos com os atributos naturais e morais de Deus. Ele se revela por meio do Seu Espírito. A Sua Palavra é real em nossa experiência na vida de oração. Por esta razão, devemos orar na Palavra de Deus. Orar no Espírito é uma atitude de humildade e mansidão. Todos os nossos direitos estão debaixo da autoridade do Deus Soberano. Confiamos em Sua graça e no Seu amor em Cristo Jesus. Na oração aprendemos a depender dEle em todo o tempo. O Seu louvor estará sempre em nossos lábios. Em nossa experiência com o Espírito a oração será sempre prioridade. O Pai se agrada quando oramos no Espírito. Sabemos que a oração é um combate neste mundo que jaz no maligno, como diz I João 5.19. É uma guerra contra o status quo deste mundo. O Senhor Jesus se manifestou para desfazer as obras do diabo, segundo I João 3.8. Em Cristo, somos mais que vencedores, como

relata Romanos 8.37. Precisamos orar como pessoas e como igrejas. O ministério de oração é essencial. A oração é vertical, mas tem implicações horizontais. Comunicamos com Deus em favor das pessoas e estabelecemos comunhão com elas. Quando oramos no Espírito temos alegria, paz, longanimidade, benignidade, fé, mansidão e domínio próprio, como relata Gálatas 5.22-23. É a manifestação do fruto do Espírito em contraposição às obras da carne; da graça contra o legalismo; do amor contra o ódio; da justiça contra a injustiça; da fé contra a incredulidade; do mérito de Cristo contra o nosso mérito; do louvor contra a murmuração. Orar no Espírito fortalece a nossa mente e o nosso coração. Amplia a nossa visão das necessidades do próximo. Traz engajamento no cumprimento da Grande Comissão deixada por Jesus em Mateus 28.18-20. Traz Glória para o Pai.

observatório batista LOURENÇO STELIO REGA

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“Guerra santa” em nosso meio?

esde o terrível crime cometido por extremistas do Islam contra profissionais do Jornal satírico francês “Charlie Hebdo”, o tema da guerra religiosa tem ocupado a mídia de todo mundo, especialmente defendendo a liberdade da imprensa. Embora não vou falar especificamente sobre o crime contra os profissionais deste Jornal, isso tudo lembra algumas situações que ocorrem a cada ano logo após o término das assembleias anuais da nossa Ordem de Pastores, quando especialmente é tratado o tema sobre a liderança e pastoreio feminino, ocasião em que é possível observar grupos se digladiando entre si por meio de expressões e atitudes que colocam a prova o espírito cristão de convivência, amor e respeito. O que temos visto

é um processo agressivo de segregação, marginalização e passionalismo bem estranho a este espírito cristão. Será que este ano teremos esta mesma “guerra santa” após a Assembleia agora em fevereiro? No ano passado, após a “sangrenta” batalha travada entre diversos postulantes e proprietários de teclados, escrevi dois artigos com o objetivo de auxiliar-nos a discutir o assunto dentro de um sabor cristão de respeito e diálogo. Penso que hoje preciso relembrar alguns princípios o mais rápido possível para que possamos germinar agradável convivência, apesar de posições divergentes. Vamos lembrar logo no princípio que, dentro do modo de ser e de pensar como batistas, temos alguns itens a considerar. Além de termos as Escrituras como

nossa regra de fé e prática, um dos princípios que nos regem é o conceito do sacerdócio universal dos santos, que nos conduz a um dos pilares do nosso modo de ser, que é o conceito de “competência da alma”. Isso indica que todos nós e cada um de nós, cristãos, temos livre acesso a Deus e à sua Palavra, não somente para lê-la, mas também para interpretá-la. Daqui procede outro princípio – o da liberdade de consciência e de expressão – que também se assenta como um dos nossos princípios distintivos. Isso posto, teremos diversas possibilidades de interpretação do texto sagrado a depender da acuracidade do uso de princípios hermenêuticos, das fontes de pesquisa que temos, se utilizamos corretamente o texto original da Bíblia, o seu contexto interno

e externo, etc. Em outras palavras, para um batista, o estudo e aprofundamento da hermenêutica e exegese é fundamental. Claro, sem contar ainda com a piedade e devoção. E não adianta eu dizer “A minha posição é bíblica”, pois é uma interpretação em que eu posso ter deixado de considerar alguns detalhes ou mesmo tendo considerado outros detalhes do texto e contexto bíblico que outro pode não ter considerado. Como disse um teólogo batista brasileiro já falecido, “Nossa teologia é escrita a lápis”. Eu acrescentaria que a Palavra de Deus é escrita com tinta indelével e mais, “A nossa teologia sempre termina com reticências”, pois podemos sempre aprender uns com os outros, portant,o o espírito que mais deve reinar

em nós como batistas é o do diálogo e respeito. Em outras palavras, um batista é alguém “aprendente”, mais atento a ouvir do que falar, em busca de ter convicções claras e cimentadas nas Escrituras, considerando não somente o seu contexto interno, mas também externo. Assim, ter convicções não nos deveria levar à intolerância, marginalização e segregação contra nossos irmãos pelos quais também nosso Mestre tenha morrido e ressuscitado. Isso nos levaria a nos unirmos nas semelhanças e nos respeitarmos nas diferenças, de modo que a glória de Deus seja manifesta ao mundo todo para que ele creia e seja salvo se surpreendendo com o espírito de amor e respeito que deve regar nossos relacionamentos. E, então, você aceita este desafio?


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ponto de vista

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O espírito do nosso tempo e o Espírito Santo Roberto do Amaral Silva, pastor e professor do STB Goiano, membro da Segunda Igreja Batista de Goiânia – GO

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uem lê filosofia conhece o conceito de que cada período da história da sociedade possui o que alguns filósofos alemães chamam de zeitgeist (pronuncia-se tzait. gaisst), cujo significado é “espírito do nosso tempo”. É fato que cada época é marcada por uma mentalidade ou espírito dominante. Cada época tem o seu “espírito”, suas tendências, seus movimentos ideológicos. E nós temos presenciado claramente o “espírito do nosso tempo”, que age contrário ao Espírito de Deus. O conceito de “espírito do nosso tempo” me fez lembrar o que declarou o apóstolo Paulo: “Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente” (I Co 2.12 – NVI). Portanto, o “espírito do nosso tempo” pode ser

associado ao “espírito do mundo”, mencionado pelo apóstolo Paulo. A expressão bíblica “espírito do mundo” pode significar satanás (Jo 12.31; II Co 4.4; Ef 2.2; 6.11-12; I Jo 4.3), todavia, a expressão traz o sentido melhor de “disposição mental do mundo” e “espírito de sabedoria humana alienada de Deus” (Comentário Bíblico NVI, Editora Vida, 2009). Podemos dizer, portanto, que o espírito do mundo se centraliza no homem. Leon Morris diz que é “A índole deste mundo”. Em outras palavras, o cristão não se deve deixar guiar pelo modo de pensar e agir do mundo, que é o zeitgeist, o “espírito do nosso tempo”. Pois, nós “não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus”. Vejamos algumas marcas desse “espírito do nosso tempo”. O “espírito do nosso tempo” é marcado pelo relativismo - Ou seja, tudo o que as Escrituras chamam de verdade é visto como relativo. O relativismo diz que o Deus da Bíblia pode ser o mesmo Baal dos antigos cananeus, o Alá dos

muçulmanos e por aí vai. O “espírito do nosso tempo” afirma que qualquer religião é boa e leva a Deus. Mas nós cremos como orou Jesus: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). E se tudo é relativo, onde está a ética das Escrituras? Neste caso, até a noção de pecado é relativa. Muitos hoje dizem: “O que é pecado para um não é pecado para outro”. Mas, para nós, o que as Escrituras ensinam sobre Deus, pecado e salvação é a verdade, como disse Jesus: “Santifica-os na verdade; a tua Palavra é a verdade” (Jo 17.17). O “espírito do nosso tempo” é marcado pelo paganismo - No seu livro “A Ameaça Pagã”, Peter Jones cita Herman Bavinck, teólogo holandês que, em 1901, fez a seguinte declaração: “A menos que estejamos enganados (...) o século 20 (...) irá testemunhar um gigantesco conflito de espíritos (...). Muito mais sério e feroz que nunca, o conflito é entre a antiga visão de mundo e a nova visão de mundo”. E de fato o século passado foi o início do que

podemos chamar de uma volta ao paganismo da sociedade que era chamada de cristã. Para confirmar as palavras de Bavinck, o culto a antigas divindades pagãs está de volta nos Estados Unidos, país que teve início com colonos Presbiterianos, Congregacionais e Batistas . Em um documentário sobre religiosidade contemporânea, uma mesma artista da Globo declarou ter participado de cultos a deuses do hinduísmo na Índia e de cerimônias de bruxaria em uma cidade perto de Brasília. Propaganda de religiões e práticas pagãs agora são comuns nas telenovelas globais. O “espírito do nosso tempo” é marcado pela imoralidade - Paulo diz que os homens trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Deus Criador. “Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais

com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão” (Rm 1.26-27 - NVI). Peter Jones diz que a taxa de divórcio na América está entre as mais altas do mundo, e o concubinato é altíssimo. A revolução sexual de hoje vai além do relacionamento extraconjugal e múltiplos parceiros. E diz mais que o “vale-tudo” promovido pela mídia não é somente da imoralidade heterossexual liberada, mas também do sadomasoquismo, da bissexualidade, da homossexualidade e da pornografia. E podemos acrescentar que tudo isso já é realidade, inclusive a pedofilia. Quanto a nós que temos a mente de Cristo (I Co 2.16), é mais que necessário que não nos conformemos com o modo de viver deste mundo, mas que nossa mente seja sempre transformada, pois nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito Santo. Por isso, “Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.



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