OJB Edição 08 - Ano 2016

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ISSN 1679-0189

o jornal batista – domingo, 21/02/16

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Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira

Fundado em 1901

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Ano CXV Edição 08 Domingo, 21.02.2016 R$ 3,20

Será que ainda restam máscaras? “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!” Apocalipse 3.15

Reflexão

Confira o texto: “Quarta-feira de Cinzas e a Igreja de Laodiceia, tudo a ver!” Pág. 05

Missões Nacionais

Notícias do Brasil Batista

JMN realiza mais uma edição do Curso Bíblico de Líderes para o Ministério com Surdos

Juventude Batista de Guarulhos - SP realiza o 30o CONJUBAG; confira a matéria!

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reflexão

EDITORIAL O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.

E depois da folia?

Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Vanderlei Batista Marins DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIA DE REDAÇÃO Paloma Silva Furtado (Reg. Profissional - MTB 36263 - RJ) CONSELHO EDITORIAL Celso Aloisio Santos Barbosa Francisco Bonato Pereira Guilherme Gimenez Othon Avila Sandra Natividade EMAILs Anúncios: jornalbatista@batistas.com Colaborações: editor@batistas.com Assinaturas: assinaturaojb@batistas.com REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Caixa Postal 13334 CEP 20270-972 Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.ojornalbatista.com.br A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Jornal do Commércio

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período de Carnaval já acabou, e com ele algumas coisas também ficaram para trás, como, por exemplo, a alegria de muitos, que na maioria das vezes resume-se em bebidas alcoólicas e uma falsa liberdade que os levam a tomar determinadas atitudes que sóbrios ou em outro período do ano jamais tomariam. Já para muitos cristãos esse é um período de descanso ou de trabalho intenso. Algumas Igrejas utilizam esses dias para reunir os membros em um retiro espiritual ou acampamento, a fim de gerar comunhão e edificação. Porém, outros preferem investir os dias do feriado em impactos evangelísticos, com o

objetivo de levar a Palavra de Deus às pessoas que estão aproveitando o feriadão nas ruas, blocos, avenidas, praças e praias. Contudo, em qualquer uma das hipóteses citadas, a pergunta que mais cabe ao momento é: “E depois da folia?”. E quando o Carnaval acaba, como levar a vida a partir de então? Muitos cristãos olham apenas para aqueles que não têm Cristo como o Salvador de suas vidas e visualizam um futuro confuso, lotado das consequências do que se plantou no Carnaval, como se eles não fossem colher consequências também. Não é porque alguém passou dias evangelizando ou buscando intensamente

a Deus em um retiro no período do Carnaval que algo não precisa mudar em suas vidas. O que você fará com todas as experiências que viveu durante esses dias? Vai voltar a evangelizar apenas no Carnaval de 2017? Como vai agir daqui para frente é o que realmente importa. É preciso que cada cristão olhe para si mesmo e reflita sobre sua própria vida. É preciso ter momentos de silêncio diante de Deus. Orar é uma conversa, um diálogo, onde um precisa calar-se em algum momento para ouvir o outro. Com certeza Deus falou algo a você nesse período de Carnaval, mas talvez você ainda esteja esperando a resposta que precisa. Silen-

cie-se; Deus está mais interessado com o agora, com o pós-carnaval, do que apenas com cinco dias de intensa busca da Sua presença e momentos de evangelização. O ide continua, a busca diária também precisa continuar. Os dias de folia acabaram, é hora de “arregaçar as mangas” e trabalhar na Obra, independente de como foi o seu feriadão. Afinal, àquele que estava sem Cristo, aproveitando todas as oportunidades que o Carnaval traz, continua da mesma maneira, e espera a oportunidade de esbarrar com alguém que lhe mostrará o Único capaz de preencher o vazio que o assola. Só Deus se encaixa no vazio que existe no coração do homem.


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OJB: 115 anos comunicando à Nação Batista!

Edson Ferreira Luz, pastor da Igreja Batista Memorial em Cachambi - RJ

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omos uma nação. Uma história em pleno movimento. Fatos e fotos são estampados de todas as formas por este eficiente veículo de comunicação, que vem através dos tempos exercendo um dos mais importantes papéis: Comunicar, sem induzir. O Jornal Batista, de profunda importância para todos que conservam-se fiéis aos princípios Batistas ao longo do tempo, não teriam dúvidas em afirmar que sem esse veículo estariam apagados frag-

mentos da história Batista no Brasil e até no exterior. Ele é de suma importância na formação da convicção de que Deus nos fala continuamente através dos anos. Jovens do passado, que hoje são adultos, receberam, formaram e decidiram pelos rumos indicados na Bíblia Sagrada, que nos permitiu chegar até aqui. Somos uma nação que sabe o que quer. Somos uma nação orientada por Deus e guiada pelo Seu Espírito Santo, e justamente por isso, o que está solidificado é mantido pelo Pai Celeste. As Instituições Batistas, Igrejas e Convenções aproximam-se anualmente e mantêm-se interligadas atra-

vés deste veículo chamado O Jornal Batista. OJB, como carinhosamente é conhecido, tem se apresentado, ao longo desse tempo, como o veículo que se expressa em uma só língua entendida pelo povo de Deus, chamado Batista, de todos os lugares do país. Hoje esse Jornal ganhou mais expressão; acompanhou os recursos gráficos, atualizou técnicas específicas e abriu-se mais para outros colaboradores competentes e inspirados, fazendo mais legítimo os valores deste povo admirável chamado Batista. Há méritos em todos que escrevem esta história ainda em movimen-

to, afinal, são mentes que falam a linguagem do Espírito Santo de Deus seguindo as orientações de Atos 2.3747, aproximando-se cada vez mais do alvo necessário gravado no versículo 44 “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum” (At 2.44). O Jornal Batista persegue esse ideal para hoje, glórias a Deus! O Conselho Geral da CBB, na busca sempre de fazer o melhor, presenteia-nos agora colocando dentro de cada Igreja, na mão de cada pastor, as informações mais recentes vindas dos quatro cantos desta Nação brasileira, expressando o querer, as

vitórias e anseios da nação Batista, permitindo que todos recebamos praticamente em tempo real os últimos acontecimentos. Esta é a missão deste Órgão oficial, exercida ao longo dos anos: Escrever em nome do nosso Pai como Deus respondeu ao profeta: “Então o Senhor me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa” (Hc 2.2). O tempo passa correndo, mas O Jornal Batista cumpre o seu papel, torna bem legível a Palavra de Deus, de tal maneira que todos recebemos as mensagens esculpidas em suas páginas.

O Jornal Batista e o meu Brasil

Manoel de Jesus The, colaborador de OJB

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o ler O Jornal Batista às quintas-feiras à tarde, fico conhecendo os rincões do meu Brasil. Como é bom saber que em lugares que faltam recursos têm a presença de uma Igreja irmã. Quarenta e seis anos passaram-se quando preguei na Igreja da

Esplanada, em Valadares MG e fui convidado para ser seu pastor. Guardo gratidão por essa Igreja, pela honra a mim concedida. O Jornal Batista pode ser lido pela internet, mas prefiro tê-lo impresso, pois tenho vizinhos que gostam de lê-lo, e lhes entrego após a leitura. Como escrevemos no começo, as notícias, fotos, eventos do que acontece no

Reino de Deus, fortalecem a minha fé e o coração, pois os jornais seculares só noticiam coisas más. Como seria diferente se nossos políticos fossem do padrão moral, do famoso irmão, procurador Federal que atua na Lava Jato. Disse Jesus: “Onde estiver o vosso tesouro, aí estará vosso coração” (Mt 6.21). Resultado: Os políticos estão ricos e os brasileiros na miséria.

Semanalmente, falo na Cristolândia de São Paulo. Nossa Igreja, IBNU, modernizou todas as cozinhas das unidades, e agora montará a cozinha da Unidade de Campo Grande, no Rio de Janeiro. Irmão Josias Soares conseguiu a proeza de diminuir pela metade o consumo de gás. Como é bom saber que O Jornal Batista é fundamental na união dos Batistas

brasileiros. Sei que seria dispendioso cada Batista ter o seu Jornal, mas se três famílias compartilharem o mesmo Jornal, seria possível a cada Batista saber as boas notícias que OJB publica. Finalizando, será que a ideia vai pegar? Não ler OJB é um grande prejuízo para o Batista brasileiro, que diz amar o belíssimo país que Deus nos deu.


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DIFICULDADES BÍBLICAS E

reflexão Ebenézer Soares Ferreira

Diretor-geral do Seminário Teológico Batista de Niterói – RJ

OUTROS ASSUNTOS

GOTAS BÍBLICAS NA ATUALIDADE

OLAVO FEIJÓ pastor, professor de Psicologia

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m II Samuel 6.6-8 lê-se: “Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à Arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram. Então a ira de Deus se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à Arca de Deus. Desgostou-se Davi, porque o Senhor irrompera contra Uzá; e chamou aquele lugar Perez-Uzá, até ao dia de hoje” (II Sm 6.6-8). Se a intenção de Uzá era boa, como se pode entender que ele tenha sofrido esse castigo? Há que se entender que a Arca simbolizava a presença de Deus. Havia regulamentos de como a mesma devia ser conduzida. Devia ser transportada por meio de varais e argolas. Assim, nunca seria

Morte de Uzá Quando a Bíblia por ter tocado nos entristece na Arca da Aliança tocada por mão humana. Assim se lê em Êxodo 25.1314: “Farás também varais de madeira de acácia e os cobrirás de ouro; meterás os varais nas argolas aos lados da arca para se levar por meio deles a arca” (Ex 25-13-14). Devemos recordar que a Arca ficou na casa de Abinadabe por um período de 78 anos, e Eleazar, o filho dele, fora consagrado “Para que guardasse a Arca do Senhor” (I Sm 7.1). Julgam alguns que por negligenciarem os regulamentos referentes à Arca é que ocorreu este incidente terrível. A lei levítica determinava que a Arca fosse transportada por levitas. Esses deviam observar rigorosamente os regulamentos. Assim, os levitas só poderiam aproximar-

“Porque em muita tribulação e angústia do coração vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que vos entristecês-se da Arca depois que ela seis, mas para que conhecêsfosse coberta pelos sacer- seis o amor que abundantemente vos tenho” (II Co 2.4). dotes. Ora, o fato de Uzá ter seuando Paulo figurado a Arca no momento cou sabendo de em que os bois tropeçaram problemas graparece, à primeira vista, coisa ves que estavam insignificante. Mas, levandoacontecendo na Igreja de -se em conta que havia leis Corinto decidiu escrever-lhe e elas deveriam ser seriauma carta de correção doumente obedecidas porque trinária. Ao saber que alguns eram emanadas de Deus, e a Arca simbolizava a majes- irmãos ficaram tristes pelo tade do Deus santo, não se conteúdo da carta, mandoupode acusar a Deus de crime. -lhes uma segunda epístola, Ademais, daquele momento com explicações afetuosas. em diante, quando morreu “Eu escrevi aquela carta muito alguém que ousou tocar na preocupado e triste e derArca com sua mão, Deus ramando muitas lágrimas. mostrou que a lei foi cumpri- Porém, não escrevi para fazer da, pois Ele previa a morte de com que vocês ficassem trisquem assim procedesse no tes, mas para que soubessem do grande amor que tenho tocante à Arca. Deus usa, às vezes, de “atos por todos vocês” (II Co 2.4). Ninguém se alegra quando terríveis” para fazer seu povo lhe dizem que está errado. compreender suas leis.

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Pelo contrário, a simples constatação de que os próprios esforços resultaram em erro tem o poder de nos frustrar e, consequentemente, de nos deixar tristes. É exatamente deste assunto que trata a Segunda Carta de Paulo aos Coríntios. A Bíblia diz que “Todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus” (Rm 3.23). E ela diz, também, que “Deus corrige os filhos a quem ama” (Hb 12.6). Raciocinando neste contexto, a Bíblia reconhece nosso direito de nos entristecermos quando a correção do Senhor nos atinge. Mas, exatamente por causa desta fragilidade da nossa natureza, as Escrituras enfatizam a dimensão construtiva da correção divina. No meio das provações e disciplinas, lembremo-nos da revelação do apóstolo: Seu objetivo é confirmar, dentro de nós, o “grande amor” que o Senhor sente por nós.

Transformados pelo poder do Reino, vivamos em santidade Levir Perea Merlo, pastor da Primeira Igreja Batista em Belo Jardim - PE “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (I Pe 1.15-16).

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sta afirmativa: “Transformados pelo Poder do Reino” denota profunda responsabilidade para todos que foram chamados para servir ao Senhor. Esse cha-

mado implica na certeza pela fé e graça que somos novas criaturas, antes vivendo nas trevas assoladoras do pecado, da maldade e da indiferença, mas agora filhos da luz e filhos do dia, conforme diz I Tessalonicenses 5.5. Na verdade, ninguém pode ser chamado de cristão autêntico se não passar pelo processo do novo nascimento, que é a conversão em uma nova criatura, de acordo com João 3.5. A esse processo chamamos de transformação (metanoia), para uma vida digna do Reino, que só é possível pelo

agente transformador Jesus Cristo, através do Seu Espirito Santo, como descreve Atos 16.7. Aliás, quando o tema convencional refere-se a transformação pelo poder do Reino, esse reino se confunde, e é a mesma coisa, ou seja, o poder do Reino é a pessoa bendita do Rei dos reis, Jesus Cristo, segundo o texto de Mateus 12.28 e Lucas 17.20-21. Agora, com a certeza no coração de que fomos transformados, precisamos desenvolver nossa salvação pela fé, e a desenvolvemos com um elemento muito impor-

tante para o nosso crescimento espiritual: Santidade, ou seja, não seguir os maus costumes deste mundo ou fazer algo, ainda que aparentemente seja bom, mas que nos afaste do Senhor. Precisamos ser completamente fiéis a Ele. Como desenvolver a vida de santidade? Em I Pedro, temos: “Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo, como filhos obedientes, não vos conformeis com a soberba (desejos) que antes havia

em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque Eu Sou santo” (I Pe 1.13-16). Vida de santidade se consegue pela graça, mas com o envolvimento constante e perseverante do transformado com o Transformador das nossas vidas. O que acontece quando vivemos em santidade? Vidas transbordantes de alegria e gratidão, mesmo diante das lutas.


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Quarta-feira de Cinzas e a Igreja de Laodiceia, tudo a ver! Genivaldo Andrade, pastor da Primeira Igreja Batista de Itapema, em Guarujá-SP; presidente da CBESP “Sê, pois, zeloso, e arrepende-te” (Ap 3.19b)

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Quarta-feira de Cinzas representa o primeiro dia da Quaresma no calendário gregoriano, coincide com o dia seguinte à terça-feira de Carnaval e é o primeiro dos 40 dias (Quaresma) entre essa terça-feira e a sexta-feira (Santa) anterior ao domingo de Páscoa. Depois de quase uma semana de folia e extravasão da carne, milhares retornarão de forma hipócrita buscando perdão para um falso arrependimento que provoca ânsia de vômito em Deus. Detectamos em nossa geração a grave doença da apatia, da indiferença quanto às coisas de Deus. Esta apatia não existe apenas nas pessoas que estão no mundo, mas também em muitos membros das nossas Igrejas. Isso é o que prediz a profecia que se

encontra em Apocalipse: “Ao anjo da Igreja de Laodicéia, escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio, ou quente! “Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca... A fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez” (Ap 3.14-19). A Igreja de Laodicéia ilustra, profeticamente, muitos chamados cristãos da atualidade. Jesus, nessa passagem, é identificado como o amém, isso porque Ele está dirigindo Sua Palavra às Igrejas dos últimos tempos, a muitos cristãos dos nossos dias. Como diante de um oásis, a atual geração de cristãos está iludida pensando que encontrou a Terra Prometida, quando, na realidade, encontra-se no deserto e sua insatisfação espiritual permanece. Muitas vezes estando em uma Igreja onde encontram um ambiente social que satisfaz suas almas, músicas que os

comovem e os emocionam, programações divertidas, ali permanecem contentando-se com uma falsa ilusão de satisfação. A palavra ministrada não encontra terra fértil e, portanto, não satisfaz sua fome e sede espiritual, e os relacionamentos com os irmãos são superficiais. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele Comigo” (Ap 3.20). Satanás tenta de muitas formas nos afastar de Deus, pois sabe que Ele é a nossa força e salvação, dEle provém a nossa vitória. Caso o Diabo não consiga neutralizar nossa dedicação e motivação pelo Deus Vivo, ele tentará nos passar uma falsa ilusão de satisfação e, desta maneira, conseguirá “anestesiar” nossa motivação e amor pelo Senhor. Deus não suporta a mornidão, a passividade, a falta de fome ou motivação por Ele mesmo. Pessoas que são dominadas por este espírito tornam-se mortas para Deus e, neste estado, a atitude

do Pai pode ser, em último caso, a rejeição: “...Estou a ponto de vomitar-te da minha boca”. Também nós, como filhos e herdeiros do Reino, não devemos nos contentar com a apatia espiritual ou o com o remorso trasvestido de arrependimento, peculiar desta geração. Arrependimento profundo: “Sê, pois, zeloso, e arrepende-te” (Ap 3.19). A passividade, mornidão e desânimo são sintomas de uma natureza carnal ativa na pessoa. A falta de motivação contamina a vontade espiritual de prosseguir em caminhar com Deus. A carne sempre procura o caminho mais fácil, ou “a porta larga” para caminhar. Por isso, procuremos detectar esta atividade da natureza carnal em nossas vidas e, com a sondagem do Espírito Santo, orientação da Palavra e aconselhamento com irmãos, limpemos nosso coração de todo desânimo, do sentimento de passividade, da apatia e da falta de motivação pelas coisas do Senhor e do Seu Reino. Permitamos que o zelo pelas

coisas do Senhor nos leve a um arrependimento profundo. Não nos conformemos com o remorso premeditado como aqueles que extravasam na carne crendo que Deus é bonzinho e que podemos com “uma cara sem vergonha” aparecer com a cruz em formato de cinzas dizendo arrependidos. Seria muito bom se pudéssemos fazer de tudo que nos desse na telha e depois na Quarta-feira de Cinzas irmos fazer um teatro de arrependimento hipócrita, fazendo o sinal da cruz com a cinza e assim tudo estaria apagado; seria muito bom, todavia, assim como as que nesta “Festa” perdem a virgindade, as que engravidam, os que adquirem o vírus HIV, os que são assassinados, etc. Assim como estes têm suas vidas destruídas ou transformadas, também o pecado traz consequências desastrosas e eternas. Não aja como os de Laodiceia. “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força” (Dt 6.5).


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reflexão

Solidão Natanael Cruz, colaborador de OJB “Disse mais o Senhor Deus: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18a).

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ave Cox, no seu Livro “A cidade do homem”, diz que o homem é o único animal que morre sozinho. Isto é, nasce, cresce e morre só. No texto acima Deus diz que não convém

que o homem viva só. Entendo que esta colocação não se limita ao casal e, sim, a todos os seres humanos no tempo e na história. Ninguém pode viver e conviver sem a presença do próximo. Solidão é o vazio da alma. No mundo há mais de 7 bilhões de habitantes, quando ainda multidões vivem sozinhas. Até mesmo dentro das igrejas, pessoas se acotovelam sem se comunicar o suficiente. Solidão, no sentido lato

do termo, é viver sozinho no meio da multidão, é ser esquecido, abandonado, descriminado, é ser evitado até pelos parentes. É ser comunicado sem afeto, sem amor, sem compaixão. Há milhares de viúvas de maridos vivos, vivendo sozinhas. Há filhos abandonados pelos pais vivendo debaixo do mesmo teto. Há idosos abandonados nos asilos vivendo a amarga dor da solidão, assim como outros esquecidos nos hos-

Amar ao próximo

pitais, nas prisões, nos prostíbulos e nas ruas. Paulo, mesmo revestido de força por Deus, sentiu-se sozinho no presídio em Roma, por esta razão escreveu ao filho na fé Timóteo, que fosse lhe ver com urgência. Paulo precisava de um ombro amigo ao seu lado nessa hora de solidão, como lemos no texto de II Timóteo 4.9 e 11. Isso diz bem que “Gente precisa de Deus, mas gente também precisa de gente”.

Como lidar ou mesmo vencer a dor da solidão? Existem duas maneiras apresentadas por Jesus: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22.37-40).

Crente inconverso

Cirene Furtado Serpa, membro da Igreja Batista Boa Esperança, em Parnaíba - Piauí Cleverson Pereira do Valle, colaborador de OJB

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o ler as Escrituras Sagradas somos desafiados a amar ao próximo. Jesus ensina que devemos amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos. Em Mateus 22.37-40 está claro como o cristão deve agir. Mas quem é o meu próxi-

mo? Será que sabemos quem é o nosso próximo? Não podemos ignorar as pessoas à nossa volta. São muitos os que sofrem, vivem na solidão, são deficientes visuais, físicos. Muitos estão passando fome, outros vivem em um asilo ou orfanatos abandonados pelos familiares. Quem é o meu próximo? O seu próximo pode estar dentro da sua casa, ou ao

lado dela. O seu próximo pode estar na empresa onde você trabalha, na escola onde você estuda ou na faculdade. O que a Bíblia ensina é que eu devo amar o meu próximo, amar não só com palavras, mas com ação também. Não perca a oportunidade de fazer o bem aos outros. Ame na prática, faça algo para o seu próximo!

Muita gente está pensando Que é crente convertido. Na Igreja está louvando Com pecado escondido. Isso já aconteceu Com o povo de Israel, Ao Senhor não converteu Não ouviu a voz do céu. E o Senhor não mais falou, E voltou ao seu lugar; O seu “filho” esperou, Com tristeza no olhar.

A nação angustiada, De penúria a padejar... Se O buscar de madrugada, Se os pecados confessar... Deus promete o perdão, Seu amor é sem medida. Mas exige conversão Para dar a eterna vida. Que o crente inconverso Volte a Cristo, arrependido. Pois o Deus do universo Tem as mãos lhe estendido.


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missões nacionais

JMN realiza mais uma edição do Curso Bíblico de Líderes para o Ministério com Surdos Pastor Wesley ministrando no Curso Bíblico para Surdos

Alunos do Curso Bíblico para Surdos, com a missionária Marília (De verde, no centro da foto)

Redação de Missões Nacionais

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o domingo, dia 31 de janeiro, aconteceu o culto de formatura dos alunos do Curso de Formação de Líderes para o Ministério com Surdos e do Curso Bíblico para Surdos, realizado na Igreja Batista do Fonseca, em Niterói - RJ. Os dois cursos foram or-

Marília e os alunos do Curso de Formação de Líderes para o Ministério com Surdos

Alunos com os certificados

ganizados pela missionária Marília Moraes, que coordena o Ministério com Surdos de Missões Nacionais. Eles ocorrem anualmente no Instituto Metodista de Formação Missionária, em Teresópolis - RJ. O curso focado na formação de líderes para o trabalho com surdos começou primeiro sendo realizado entre os dias 10 e 31 de janeiro. O outro curso foi exclusivo para

surdos e aconteceu de 24 a 31 de janeiro. Contribuindo para a capacitação de cada participante, os cursos contaram com um time de professores que lecionaram várias disciplinas relevantes, como Aspectos Linguísticos da Língua de Sinais e do Português, ministrada por Ana Regina Campello, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O

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Aulas de sinais em inglês, com o professor Flávio Milani

Culto de formatura, realizado na IB do Fonseca, em Niterói - RJ

curso de formação de líderes também contou com a presença de Flávio Milani, que ensinou a linguagem de sinais utilizada nos Estados Unidos, a American Sign Language (ASL). Pastor Valdeir Contaifer, pastor Eduardo Luís, pastor Fabrício Freitas e o pastor Cirino Refosco, entre outros, também ensinaram disciplinas relevantes para a formação dos participantes.

O Curso Bíblico para Surdos contou com professores como missionária Jaqueline Santos, pastor Wesley Soares, missionário Rafael Wagner e pastor Renato Ribeiro. A missionária Marília promove este curso visando capacitar uma nova geração de surdos para uma liderança eficaz. Por meio do que foi aprendido em cada disciplina, certamente, os frutos surgirão em breve.


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notĂ­cias do brasil batista


notícias do brasil batista

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CIEM 2016

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SEC 2016

CURSOS DO CIEM PARA 2016 NÍVEL DE PÓS-GRADUAÇÃO (STRICTO SENSU) Mestrado em Missiologia Mestrado em Educação Cristã NÍVEL DE PÓS-GRADUAÇÃO (LATO SENSU) Curso de Educação Cristã NÍVEL DE GRADUAÇÃO Curso de Missões Curso de Educação Cristã NÍVEL MÉDIO Formação de Líderes para o Ensino de Missões Missões por Extensão

OS CURSOS A SEREM OFERECIDOS EM 2016 PELO SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ Nível Médio Seminário Aberto à Terceira Idade – 01 ano Médio em Missiologia – 02 anos Graduação Educação Religiosa com Habilitação em Missiologia e Ministério Social Cristão – 03 anos Pós-Graduação Especialização em Missiologia (Lato Sensu) 01 ano e 06 meses Mestrado em Missiologia (Stricto Sensu) 03 anos Mestrado em Educação Religiosa (Stricto Sensu) 03 anos Mestrado em Min. Social Cristão (Stricto Sensu) 03 anos


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notícias do brasil batista

Juventude Batista de Guarulhos - SP o realiza o 30 CONJUBAG

Fotos: Semíris Carolina, Jéssoca Costa e Yasmin Melo

Lucianno Claw e presidente da JUBAG

Equipe de organização

Quarteto Vida Nova

Pastor Luiz Carlos

Pastor Regis

Pastor Geremias

Pastor Robson Rene

Gabriel Duarte, presidente da JUBAG

Batista Ponte Grande; pastor Regis Claro – Primeira Igreja Batista Parque Jurema; e pastor Robson Rene – Igreja Batista Arthur Alvim. O debate dividiu-se em três blocos de perguntas e respostas e durante os intervalos a banda Sêmani nos inspirou ao louvor e adoração musical. Já que se tratava também de uma comemoração dos tempos que se passaram, na sexta-feira o culto seguiu um estilo de “Velhos Tempos”, com cânticos tradicionais, imagens alusivas e participação do “Quarteto Vida Nova”, com excelentes hinos. Nesse dia a palavra ficou por conta do pastor Guilherme Ávilla Gimenez, da Igreja Batista Betel em Santana. No último dia o teatro quase não comportou o número de participantes, chegando à sua lotação máxima, com mais de 750 pessoas. A equipe de louvor da JUBAG, que nos alegrou também nos demais dias, mais uma vez nos elevou a Deus através das músicas, assim como a banda “Além do Universo”, o Coral da JUBAG, formado por cerca de 40 vozes, e encerramento com Luciano Claw e banda. O pastor Marcelo Santos

trouxe a última mensagem do Congresso, finalizando com chave de ouro. Mesmo em meio a tantas participações especiais e ótimos preletores, um dos maiores destaques foi a equipe envolvida na organização: Mais 50 jovens e adolescentes se empenharam não só no decorrer do Congresso, mas em toda sua organização e mostraram muita responsabilidade e empenho na obra, tanto que foi reconhecida não só pelos irmãos que participaram, como também pela equipe do teatro como grupo mais organizado que passou por aquele centro cultural. “Nossa alegria é ver que muitos jovens decidiram sair da zona de conforto e uniram-se e empenharam-se, não apenas para a realização de uma programação, mas para a concretização de uma oportunidade de levar e consolidar a Palavra de Deus nos corações dos que por ali passaram. É como se tivéssemos vários Timóteos, sendo exemplos para a geração passada, para a presente e ajudando a construir a geração futura”, comenta Gabriel Duarte, presidente da JUBAG.

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Juventude Batista de Guarulhos - SP e Cidades Vizinhas (JUBAG) realizou nos dias 27 a 30 de janeiro a 30ª edição de seu Congresso, o CONJUBAG. A programação aconteceu no Teatro Adamastor, no Centro da cidade, e contou com a participação de aproximadamente mil pessoas e mobilizou mais de 40 Igrejas da região, através da colaboração dos envolvidos. O evento teve como tema “Os desafios da juventude para os próximos 30 anos”. Na quarta-feira participou do Congresso a banda “Projeto Propulsão” e a palavra foi ministrada pelo pastor Regis Claro, da Primeira Igreja Batista em Parque Jurema. O segundo dia foi marcado por um formato inédito: Um debate estilo Talk Show, em que o passado e o futuro, tradição e inovação foram discutidos à luz da Bíblia com a ajuda de quatro convidados: Pastor Geremias Clarindo Gomes – Primeira Igreja Batista Jardim Jovaia; pastor Luiz Carlos – Igreja

Pastor Salvador Soler é homenageado pelo trabalho que realiza junto aos seminaristas Juvenal Soler, diácono

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astor Salvador Soler foi homenageado pelos 33 anos de dedicação em mentoria pré-conciliar dos seminaristas vocacionados ao ministério pastoral. A solenidade aconteceu no dia 28 de novembro de 2015 na Assembleia da ABAMSUL (Associação Batista Missionária Suleste) São Paulo (pastor Adilson de Souza Brandão - pre-

Foto: Lilian Martins

sidente - Primeira Igreja Batista em Vila Formosa), realizada na Igreja Batista Vila Primavera - Pastor Enio Francisco da Silva. Pastor Rodrigo Capusso (2º vice-presidente - Igreja Batista Vila Diva) entregou uma linda placa ao homenageado. A oração de gratidão foi feita pelo pastor Edson Bispo da Silva (1º vice-presidente - Igreja Batista Vida Plena). Ao lado, sua esposa, professora Lydia Korps Martines Soler. Da esquerda para direira, pastor Rodrigo Capusso, professora Lydia Soler e pastor doutor Salvador Soler


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missões mundiais

Esperança aos chineses de Cabo Verde

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Missionários levam esperança a chineses em Cabo Verde

Marcia Pinheiro – Redação de Missões Mundiais

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m dos pontos altos do ministério de Missões Mundiais em Cabo Verde é o de construção de relacionamentos com a comunidade chinesa local. Como sabemos, levar o Evangelho de Cristo à China não é uma das missões mais fáceis; por lá ainda há grande perseguição religiosa e a Igreja cresce às escondidas das autoridades. Pensando nisso, os missionários pastor Elton Jr. e Kellen Rangel passaram a desenvolver no país africano ações que alcançam os chineses que foram para lá a trabalho, para estudos ou por outros motivos. “Após dois anos conquistando a amizade e o respeito dos chineses, realizando cultos e outros encontros com eles, temos visto a boa mão do Senhor agindo na conquista e transformação desse povo tão especial, mesmo distante de sua terra”, conta a missionária Kellen. Atualmente, os missionários contam com um grupo

de 20 chineses assíduos na Igreja e nas programações que desenvolvem; cinco já foram batizados. “Realmente é o Senhor quem está atraindo para Si um povo que O servirá, perto ou longe de sua terra, por meio de seus negócios”, alegra-se o pastor Elton Jr. Eles só têm a agradecer a Deus pela conquista desta confiança, afinal, os chineses costumam ser muito desconfiados, normalmente mais fechados a pessoas que não são de sua cultura e mais ainda aos que lhes levam novos conhecimentos. “Algumas vezes tivemos que agir com cautela, como intermediários entre os chineses e o pastor coreano que se prontificou a trabalhar mais diretamente com eles. No entanto, o Senhor se revelou a eles, agindo para que grupo se mantivesse unido”, revelou Kellen. Bom testemunho No fim de janeiro, um dos chineses deste grupo sofreu um grave acidente de carro, chegando a ficar cinco dias internado. A Igreja chinesa

Primeira unidade do PEPE no Timor-Leste começou a funcionar em janeiro

se reuniu para orar, acompanhar e dar suporte ao acidentado e seus familiares. Infelizmente, ele não sobreviveu. Mas o fato revelou mais uma vez a união deste povo de Deus. Segundo os missionários, no dia do sepultamento, a maioria das lojas chinesas na localidade onde aquele homem vivia foi fechada. Cerca de 200 chineses participaram do enterro, incluindo o embaixador da China em Cabo Verde.

“Foi um momento de testemunho através dos hinos que nossos irmãos chineses cantavam em mandarim, das palavras que os pastores compartilharam em crioulo e das orações feitas”, disse o pastor Elton. Ele conta ainda que este momento de luto também despertou a curiosidade de muitos cabo-verdianos, pois ainda não haviam visto o funeral de um chinês, muito menos chineses adorando a Deus.

Nossos missionários contam com nossas orações para que Deus continue abrindo as portas para a pregação do Evangelho entre os chineses em Cabo Verde; pelo fortalecimento e crescimento da Igreja chinesa e pela conversão dos chineses budistas. O desenvolvimento e expansão do ministério também precisa de ofertas. Para saber como participar, escreva para centraldeatendimento@ jmm.org.br.


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notícias do brasil batista

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OBITUÁRIO

PIB de Gandu - BA despede-se da irmã Roquelina de Jesus Homenagem da família e da Primeira Igreja Batista de Gandu - BA

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Primeira Igreja Batista de Gandu – BA enlutou-se em junho de 2015 com o falecimento da irmã Roquelina de Jesus. Nascida na zona rural do município, foi obrigada desde cedo a trabalhar na roça para ajudar a mãe que ficara viúva com cinco filhos para sustentar. A partir de então, a tristeza tomou conta de todos, em especial daquela menina de dez anos, que tinha em seu pai não apenas o provedor do sustento da família, mas do homem que lhe passara a lealdade, a humanidade, a simplicidade, o amor, etc. E todos esses ensinamentos serviram para a construção do seu caráter. Mal entrou na adolescência, conheceu o primeiro namorado e pulou algumas etapas do seu desenvolvimento, vendo-se já com a responsabilidade de uma mãe de família. A partir daí a vida não foi fácil; com sete filhos e um marido com problemas de alcoolismo, trabalhou para auxiliar na manutenção do lar. Em meio a vida turbulenta, ela conheceu o único que poderia dar-lhe

a paz e conforto verdadeiro, o Senhor Jesus Cristo. E com uma fé inabalável permanecia firme em suas convicções, que eram servir ao Senhor incondicionalmente e dar aos seus filhos educação e proteção, que pessoalmente não conseguiu alcançar. E desde a sua conversão ao Evangelho passou a ter a Primeira Igreja Batista de Gandu como sua comunidade de fé. Na Igreja, sempre teve participação ativa, priorizando o ide ordenado pelo Mestre Jesus em Marcos: “E disse-lhes: Ide por todo mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16.15). De forma irrestrita, despida de qualquer preconceito, a irmã Roquelina levava as Boas Novas a todos que encontrava, não importando se tinha posses ou não, se estava bem vestido ou não, o importante era pregar a Palavra de Deus. As palavras de esperança que ela espalhava convergiam com seu jeito simples de ser, sempre envolvido com alegria e paz constantes. Mulher guerreira e honrada, de caráter ilibado, lutadora, não media esforços para pregar a Palavra de Deus; mãe, conselheira, pilar e força, estava sempredisposta a interceder nas madrugadas pedindo ao Deus Altíssimo

proteção e libertação para todos os que necessitavam de uma palavra de salvação. Mulher disposta a estender as mãos sempre que alguém necessitasse de um auxílio, de uma mão amiga; até nos momentos mais difíceis sem-

pre mostrava-se forte para amparar a todos. Se pudéssemos resumir essa mulher em uma palavra apenas, atribuía-lhe a palavra “força”. No meio social, engajou-se em diversas obras. Com o propósito de levar o amor de

Cristo, tornaram-se rotineiras as suas visitas às delegacias e centros de recuperação para dependentes químicos de Gandu e região, oportunidade em que ela levava mantimentos, roupas, alimentos, colchões, esperança, superação, carinho, atenção para os que se encontravam presos por grades, vícios e pelo próprio “eu”, conforme nos foi ensinado em Tiago: “Se algum de vós vos disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos;e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo que proveito virá daí?” (Tg 2.16). Nos anos em que a irmã Roquelina conviveu conosco foi possível perceber que em meio a tantas programações religiosas que nos são propostas, é sim possível ter a vida dedicada à construção de uma comunidade melhor, à vivência da pura religião: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27), motivada pelo amor que jamais acabará, pois Deus é amor. Sentimos saudades por tudo o que ela representou em nossas vidas, deixando um vazio que jamais será preenchido humanamente.


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ponto de vista

Departamento de Ação Social da CBB

A cada 15 minutos desaparece uma criança no país

Ricardo Albuquerque Paiva, membro da Comissão de Ações Sociais do Conselho Federal de Medicina (CFM), cardiologista e integrante do Movimento Humanos de Direitos (Mhud)

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problema do desaparecimento de crianças e adolescentes deve ser entendido como prioridade não apenas pelas famílias que vivem este drama, mas por todos. Calcula-se que a cada 15 minutos uma criança/adolescente suma. Trata-se de uma ameaça real que bate à porta da sociedade. Não precisamos esperar que algo aconteça com nossos filhos e netos para começar a militar na área. Somos todos responsáveis por esta causa. Estima-se que, ao todo, no mundo, o total de casos de desaparecimento de crianças e adolescentes pode chegar aos 25 milhões. No Brasil, seriam 250 mil ocorrências ainda sem solução. Por ano, são mais de 50 mil novos

registros, sem contar que este número pode estar subestimado, pois muitas denúncias não são feitas. Acredita-se que deste contingente, de 10 a 15% das vítimas permanecem desaparecidas por longos períodos de tempo. Algumas jamais serão encontradas. Em números absolutos, estamos falando de cerca de cinco mil crianças e adolescentes que permanecem separadas de suas famílias. Muitos deles enredados na teia de possibilidades criada pelo tráfico de pessoas (adoções irregulares, trabalhos forçados, redes de pornografia e prostituição, narcotráfico ou mesmo comércio de órgãos). O caso brasileiro ainda é mais grave por conta da falta de políticas públicas e sociais que tratem essa distorção na perspectiva de defesa dos direitos humanos. Esta demanda deveria ser vista como prioridade, independentemente de partidos e ideologias. Não é questão de governo, mas, sim, de Estado.

O País precisa urgentemente de uma ação estratégica permanente que permita à sociedade avançar unida no combate a esta mazela. Não se fala de esforços onerosos ou complexos. Medidas simples ajudariam a reduzir a incidência de desaparecimentos de crianças e adolescentes. Um exemplo seria a garantia de que todo recém-nascido tivesse seu registro de identidade expedido na própria maternidade ou nos postos de vacinação. Para auxiliar na busca, a numeração dessas Carteiras de Identidade deveria ter caráter nacional, utilizando-se um sistema alfa numérico. Assim, raptores não conseguiriam tirar um novo registro da criança em outro estado, dificultando suas ações. Outra medida relevante seria facilitar o fluxo de comunicação dos novos casos. Os Boletins de Ocorrência (BO) de desaparecimentos passariam a ser imediatamente enviados ao Ministério da Justiça para publicação em uma página específica na

internet. Da forma que é proposto hoje não funciona: Não dá para aguardar os pais ou responsáveis da vítima incluírem o caso no site oficial do governo, isso deve ser feito compulsoriamente por um policial. Neste espaço, os familiares, as autoridades e os interessados em colaborar com a busca desses menores encontrariam todas as informações necessárias, inclusive fotos, para ajudar. O cadastro que existe atualmente não cumpre seu papel. Desatualizado, pouco visível e obsoleto, ele é o retrato fiel da ausência de prioridade dada ao tema. Contudo, a sociedade não aceita mais este descaso e quer mudanças. Desde 2011 o Conselho Federal de Medicina (CFM), em parceria com outras importantes instituições, tem buscado estimular o debate para a criação de políticas públicas que tratem dessa questão. Campanhas, reuniões e atos públicos foram desenvolvidos a fim de chamar atenção da população e das

autoridades para esse drama que afeta milhares. Uma das iniciativas foi a criação do site www.criancasdesaparecidas.org. Com o apoio e a participação de diversas entidades nesta cruzada contra os abusos e os descasos que afetam vítimas e familiares, uma nova realidade poderá surgir. Assim, o envolvimento de grupos organizados da sociedade - como a Convenção Batista Brasileira (CBB), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Movimento Humanos de Direitos (Mhud), o Instituto de Migrações de Direitos Humanos (IMDH), a ONG Mães da Sé, o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), além de escolas e estabelecimentos de saúde, entre outros – pressionarão as autoridades a tomarem às decisões necessárias e urgentes. _______________________ A CBB firmou parceria com o CFM na Campanha Crianças Desaparecidas, desde 23 de junho de 2015.


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