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A educação na Igreja tem papel estratégico!
Tem sido preocupante tomar conhecimento do enfraquecimento do ensino em muitas regiões e Igrejas. Se considerarmos a importância do papel educacional da Igreja teremos de inserir, com urgência, este tema em nossa agenda de prioridades e preocupações.
Torna-se necessário refletirmos sobre os riscos que estamos correndo quando não priorizamos o processo educacional como parte das prioridades e atividades de uma Igreja, até mesmo no cumprimento da ampla missão que Deus tem para ela.
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Necessitamos compreender a importância de quando a pessoa aceita a Cristo como seu Salvador e Senhor, levando em conta que isso é apenas o ponto de partida para uma nova vida. Aceitar a Cristo não é um fim em si mesmo indicando que apenas possuindo como que um “cartão magnético” para ingressar futuramente no céu, tudo o mais estará resolvido em sua vida.
Precisamos ampliar nossa compreensão da profundidade e amplitude de significado do “aceitar a Jesus” que dá início a um novo modo de ser, viver, pensar e agir, agora como filhos da luz, novas criaturas, cujo papel é ser sal, luz, embaixador de Cristo no viver diário. O Novo Testamento está repleto de textos demonstrando tudo isso.
Se pensarmos que a prioridade está em apenas conquistar “almas” para a salvação preparando-as para a eternidade, deixaremos de cumprir de forma completa nosso papel como Igreja. Veja que, se separarmos o conteúdo histórico e escatológico do
Novo Testamento, o que ficar praticamente focaliza a vida a ser vivida aqui no cotidiano antes da volta de Cristo. Estamos perdendo muito em reter a salvação apenas no território jurídico - Jesus morreu por nossos pecados - e escatológico - Ele veio para nos garantir um futuro com Deus. Estamos deixando de apresentar toda a verdade e plano de Deus (Atos 20.27). Esta visão resulta em fraqueza espiritual, experiencial, doutrinária para a vida daqueles que são salvos.
Será necessário recuperar o ensino do Novo Testamento ao apontar que a salvação é um meio para corrigir o nosso estado pecaminoso para nos levar, então, de volta ao plano original de Deus que nos criou para sua convivência, para que vivamos em equilíbrio com o próprio Deus, conosco mesmos, com o próximo com nosso ambiente - viver para a glória de Deus.
Longe da comunhão com Deus, o ser humano se infantilizou e passou a viver em conflito consigo mesmo, com os outros e com o ambiente, tudo em direção oposta ao plano original para o qual foi criado. A salvação por meio de Jesus Cristo leva o ser humano potencialmente de volta a este estado de vida. A salvação, portanto, em vez de ser considerada meramente como que uma apólice de seguro contra o incêndio do inferno, promove reconquista do que foi perdido.
Assim, ao sermos salvos, somos recolocados na vida para reconstruirmos nossa história, e, mais do que isso, reconstruirmos nosso modo de tomar decisões na vida, de nos relacionarmos em nosso âmbito de atuação - no lar, entre os vizinhos, entre os amigos, no trabalho, na escola, no trânsito, no exercício da cidadania. Após nossa conversão nossa vida terá novos ideais, novos valores, que serão os referenciais para as escolhas diárias, enquanto aqui aguardamos a volta de nosso Mestre Jesus Cristo.
Diante de tudo isso, como igreja, temos o papel de preparar o cristão não somente para ser bom membro da igreja, mas e, principalmente, para o exercício da prática cristã de vida em todos os âmbitos e sentidos. Podemos chamar isso de missão da Igreja voltada a si mesma. Aqui entra o trabalho do púlpito com a admoestação, sem dúvida, mas também temos de pensar no trabalho da educação para dar ao membro da igreja, desde a sua conversão, condições para o crescimento no conhecimento da Palavra de Deus, das doutrinas bíblicas, dos princípios éticos etc. Condições também para seu amadurecimento na vida cristã, na dependência de Deus, para que possa viver sua vida aos pés do Mestre, na dependência do Espírito Santo, sabendo enfrentar os diversos dilemas e dificuldades da vida, também para que se relacione adequadamente com Deus, consigo mesmo, com as pessoas e com seu ambiente. A educação também deverá proporcionar capacitação para o exercício dos dons de serviços, mas também para o desenvolvimento da vida piedosa em oração, no estudo da Palavra de Deus.
A educação na Igreja deverá ter o papel de contribuir para a formação de lares sólidos em que o ensino da Bíblia seja a tônica em palavras e em exemplos práticos para os filhos.
Quando focalizamos apenas a missão da Igreja voltada à conquista do mundo para a salvação, fatalmen- te teremos Igrejas que se parecerão com orfanatos espirituais repletas de crianças espirituais. Quando focalizamos apenas o aspecto institucional da Igreja caímos no reducionismo de confundir cristianismo com atividades dominicais transformando o domingodia de descanso e celebração - em dia do cansaço, agitação, mas sem vidas transformadas.
Quando buscamos inserir e priorizar a educação como fomento de preparo dos salvos no caminho da vida transformada, estaremos semeando nessas vidas a oportunidade para que sejam sal, luz, embaixadores do reino diante de um mundo volátil, incerto, complexo, ambíguo (mundo VUCA), onde Deus já não é a fonte de significação real da vida. Em um mundo assim, não bastam palavras, é necessário ir mais longe e fundo com testemunho concreto por meio de vidas transformadas que irão semear vidas transformadoras, que, por sua vez, serão instrumentos de um Evangelho real, vivo, não apenas de palavra, mas também de obra e ação (Tiago 1.19ss).
Então, já é possível ir descobrindo quão é necessária e estratégica é a educação na Igreja. Como preparar os cristãos para a vida a ser vivida após a conversão? Como levá-los a compreender o seu papel no mundo à luz dos valores e princípios bíblicos?
Assim, iremos compreender a ampla missão que Deus tem dado à sua Igreja. Como está a educação em sua Igreja? Qual é a prioridade que lhe tem sido dada?
Contato: rega@batistas.org
Instagram: @lourencosteliorega