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Batistas pernambucanos se despedem do Pr. Robson Ferraz
Rafael Dantas
Os Batistas pernambucanos se despediram, no mês de maio, do pastor Robson Ferraz. Secretário-executivo da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, secção Pernambuco, ele pastoreava a Primeira Igreja Batista em Dois Unidos, no Recife, e era um entusiasta de toda a atividade da denominação no estado.
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Formado pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB), sempre muito ativo em tudo o que se envolvia, ele foi presidente do Diretório Acadêmico Salomão Ginsburg (DASG) durante seu período de estudos teológicos. Consagrado ao pastorado em 2014, ele chegou à secretaria executiva da OPBB-PE quatro anos depois.
Função que exerceu com muita dedicação, viajando pelo agreste, sertão e zona da mata pernambucana, além de atravessar as fronteiras do Estado, visitando os campos e encorajando os missionários, pastores e igrejas.
Antes de chegar ao pastorado da PIB Dois Unidos (2018-2023), ele foi membro também da Igreja Batista do Vale do Jordão, tendo atuado em diversos ministérios e formado jovens na comunidade. Um dos seus discípulos nesse período ministerial é o pastor Líniquer Souza.
Nos últimos anos, mesmo com muitas dificuldades de saúde, o pastor Robson atuou ao lado da família de forma alegre, intensa e comprometida no ministério da comunidade de Dois Unidos, que fica na periferia da Zona Norte do Recife. O bom humor e a criatividade na realização das atividades do ministério foram algumas marcas da atuação no trabalho de revitalização da PIB Dois Unidos.
Em paralelo ao ministério pastoral, o pastor dedicou-se também à docência no Seminário de Teologia Fundamental da Primeira Igreja Batista Evangelista. Ele ministrava as disciplinas de filosofia, hebraico e grego.
O pastor Robson Ferraz, que seguiu para a eternidade aos 55 anos, tinha ainda muitos projetos em andamento na Igreja local e na Ordem dos Pastores Batistas. Enquanto líder, foi um exemplo de cuidado e dedicação à família, juntamente com a sua esposa, a irmã Aija Ferraz, e os filhos, Jásson e Iasmin. Deixou muitos amigos, que lotaram a Capela do STBNB no culto fúnebre, deixou saudades e muitas sementes que ainda frutificarão nos próximos anos.
“Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda” (II Tm 4.7,8) n
Elvira Maria de Jesus
(1930 - 2023)
Bruno Teles professor, advogado, membro da Primeira Igreja Batista de AracajuSE,radicado em Oklahoma/EUA
Filha de Josefa Maria de Jesus, Elvira nasceu no município de Itabaianinha - SE em 08 de abril de 1930, casou-se com Manoel Juliano dos Santos, dedicando-se muito ao trabalho do lar e da Igreja, ficou viúva e continuou de forma solo criando os 14 filhos daquela união. Membro da Primeira Igreja Batista de Aracaju - SE (PIBA) desde 1978, a prole numerosa não a impediu de laborar na seara e trabalhou muito, notadamente junto à organização Embaixadores do Rei, onde assumiu o cargo de conselheira presumivelmente de 1978 a 2005, neste último ano um CA a alcançou minando sua saúde deixando-a prostrada numa cama. Dia 04 de junho de 2023, o Senhor a convocou para voltar ao lar celestial.
Foi deixando muita saudade! E a Irmã Elvira partiu... O que podemos dizer dela? Penso que minhas primeiras lembranças dessa mulher vêm muito claras ainda dos acampamentos de Carnaval antes do Acampamento Manaim da PIBA. Seu Murilo, lavando os caldeirões na curva do rio e aquela mulher a trabalhar na cozinha cercada por uma multidão de ajudadores.
Ali era seu reino. Baixa em estatura. Voz sem elevação alguma. D. Elvira (assim eu a chamava), não se impunha pela formação acadêmica ou por um temperamento abrasivo. Nada. D. Elvira emanava autoridade daquelas autoridades que existem em qualquer avó. Essa era dona Elvira. A avó de nós todos. Aquela que a comida possui um tempero regado com amor.
Os acampamentos de Carnaval eram o ápice daquela mulher incansável. E, impreterivelmente, a comida saía na hora. Ela, sempre encarregada de servir a proteína. Lembro-me pouquíssimas vezes de vê-la dormindo ou descansando em um dos acampamentos. De vez em quando, um cochilo furtivo em um dos cultos da noite, pois assim era essa mulher extraordinária, um dínamo que só a ausência de fazer algo é que era a senha para o sono vir. Era um de seus ministérios. Alimentar uma multidão. Sei que a idade já não permitia, mas que decepção tive quando a Kenbrás (empresa de fornecimento de alimentação assumiu a comida dos acampamentos de Carnaval...) Sim, alimentar uma multidão era um de seus ministérios.
Seu outro ministério foi, sem qualquer dúvida, os Embaixadores do Rei. Vejam só, organização masculina, mas quem dava as cartas era ela. Viajei com dona Elvira para Goiás, Rio de
Janeiro e vários outros lugares. Ela se tornou conhecida nacionalmente e respeitada por todos. Era incrível como todos a tratavam com deferência. Quantos meninos não passaram por sua tutela? Incontáveis. Experiência de lidar com criança ela tinha pela prole numerosa que gerou.
Batista, Fernando, Paulo Sérgio, Chico, Roberta, e todos os outros irmãos ficaram órfãos hoje. Caso sirva de consolo, vocês não estão sozinhos. Todos nós na PIBA ficamos órfãos. Incontáveis homens Batistas ficaram órfãos no dia de hoje. A mãe, avó e conselheira de muitos se foi. Imagino que tal qual Deus agiu para com Abraão, Deus assim o fez com dona Elvira. Acredito que em algum momento de sua vida, Deus apareceu e disse para ela que seria uma mãe de multidões. Israel teve Abraão e a PIBA teve D. Elvira. Parece-me que Deus concedeu a graça para ela ter 14 filhos já como preparação para ser quem foi. Seu coração nunca conheceu limites em amar e cuidar de inúmeros meninos que passaram sob sua batuta. Ela me ensinou, ela ralhou comigo, ela orou por mim, mas, mais importante que tudo, ela me amou, assim como fez com cada menino que passou pelos Embaixadores do Rei.
Hebreus 11 fala sobre os heróis da fé. Lembro-me como hoje na EBD com Norma Socorro ensinando essa lição. Se a PIBA tivesse um capítulo sobre seus heróis, ali Elvira estaria. Aqui com lágrimas nos olhos, imagino uma cena muito forte em minha mente neste momento. Imagino Manezinho (evangelista), com sua simplicidade, Dalva Siqueira, com seu fervor evangelístico, Nelita Socorro (professora da EBD), com seu conhecimento bíblico, Rivaldo Dantas (maestro e professor da EBD), com sua paixão pela música, todos reunidos e, ao ver dona Elvira chegar, irmão Porfírio (evangelista) solta aquela gargalhada única: “Olha quem está chegando!” Ah como eu queria estar nessa roda de conversa! n