ANO CXX EDIÇÃO 26 DOMINGO, 27.06.2021
R$ 3.20 ISSN 1679-0189 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA
FUNDADO EM 1901
Missões Nacionais
Coluna Arte e Cultura
Notícias do Brasil Batista
Observatório Batista
Compaixão e Graça no Pará Drive Thru missionário
UMHBB
Sagrado e o profano
Conheça o trabalho de missionários nas comunidades ribeirinhas
Missão IOCO leva alegria de um jeito diferente
Homens Batistas promovem Congresso Nacional online
Artigo fala das questões no contexto da pandemia
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REFLEXÃO
O JORNAL BATISTA Domingo, 27/06/21
EDITORIAL
CBB, 114 anos compartilhando graça e misericórdia As datas comemorativas relacionadas à Convenção Batista Brasileira sempre são, para mim, atual editor de O Jornal Batista, uma oportunidade de conhecer mais da história da nossa denominação e do próprio OJB que, acredito eu, é o melhor canal para entender e conhecer a história Batista brasileira. Pois bem, foi isso que eu fiz. Minha ideia, para a comemoração de 114 anos da Convenção Batista Brasileira foi a seguinte: na época, OJB já estava em circulação há seis anos. Logo, pensei:
com certeza tem algum conteúdo falando sobre o início, a organização da CBB… E tem mesmo! Está na edição do dia 04 de julho de 1907, na edição de número 24 do longínquo ano. O texto está assinado como T.R.T. Acredito que seja de Theodoro Rodrigues Teixeira, um dos diretores históricos de OJB, que ocupou este espaço que tenho o prazer de estar hoje entre 1925 e 1940. Foi uma experiência marcante para mim revisitar esse momento tão impor-
tante em nossa história, a organização da nossa Convenção Batista Brasileira, e fazer uma linha do tempo, pois estive na última Assembleia que realizamos, a 100a, e escrevi toda a matéria também. Para os irmãos terem a mesma sensação que eu tive decidi reproduzir todo o texto sobre a 1a Assembleia da CBB nesta edição celebrativa de 114 anos. Está nas páginas 8 e 9, com imagens do evento, da 2a Assembleia da CBB e também da 100a, em Goiânia. Em alguns
trechos mantive a grafia da época, para que os irmãos realmente vivam essa experiência mais de perto. Que Deus abençoe sempre a nossa Convenção, para que cada vez mais seja bênção para as nossas Igrejas e para o nosso país. Com certeza, OJB estará sempre aqui, pronto a escrever novas páginas da história dos Batistas brasileiros. n Estevão Júlio
jornalista, secretário de redação de OJB
( ) Impresso - 120,00 ( ) Digital - 50,00
O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901
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Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Folha Dirigida
REFLEXÃO
O JORNAL BATISTA Domingo, 27/06/21
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BILHETE DE SOROCABA
Aniversário da CBB
Pr. Julio Oliveira Sanches O trabalho Batista no Brasil teve seu início nos primórdios de 1871, com a chegada dos primeiros missionários americanos à nossa pátria. Após a difícil aprendizagem da língua de Camões surgiu a primeira Igreja Batista na cidade de Santa Bárbara-SP. Mais tarde foi organizada a primeira Igreja Batista na cidade de Salvador, capital do país na época. Criam os heróis pioneiros que a partir da capital do país seria mais fácil alcançar todo o território nacional, o que de fato aconteceu. A Convenção Batista só vai surgir em 22 de junho de 1907, após várias Igrejas organizadas. A ideia primeira era o congraçamento de todas as Igrejas, o envolvimento de todos os Batistas num ideal comum: alcançar o país com a mensagem do evangelho de Cristo. Com esse ideal apareceu o primeiro número de O Jornal Batista no dia 10 de janeiro de 1901. O jornal permanece até hoje cumprindo o seu propósito inicial: edificar os salvos
com a boa e saudável doutrina, informar o que acontece no mundo Batista em todo o Brasil, unir as Igrejas e os salvos no mesmo ideal, ganhar o Brasil para Cristo. A Convenção só vai surgir para aglutinar tais propósitos e expandi-los. O que vem acontecendo ao longo desses 114 anos. Ao longo desses anos, a Convenção passou por vários momentos de crises, que não conseguiram arrefecer os ideais dos pioneiros. As vitórias são incontáveis. A criação das Juntas de Missões Nacionais e Mundiais visando a evangelização da Pátria e do mundo. São vitórias e mais vitórias para glória de Deus. Como qualquer ser vivo, a Convenção também sofreu e ainda hoje sofre com as mutações do tempo. Mas, Deus usa até mesmo as fragilidades dos seus filhos para expandir o Seu Reino. Algumas de suas excelentes organizações auxiliares sucumbiram. Surgiram pastores, não Batistas, que optaram por Igrejas independentes, não comprometidas com o pacto Batista. Tais Igrejas granjearam
adeptos de outras correntes doutrinárias que nada tem a ver com a doutrina Batista. Templos foram surrupiados, patrimônios desviados de suas origens iniciais, mas sem desprezar o nome Batista, gerando confusão na mente dos pecadores não arrependidos. O SER Batista tem uma característica especial: Não revidar à agressão recebida, mesmo com prejuízo próprio. Hoje aceitamos como normais tais práticas. Nos seminários antigos, quando um aluno terminava o seu curso, havia a certeza de que uma vez consagrado, a denominação recebia um verdadeiro pastor Batista. Hoje, não temos mais tal convicção. Há poucos dias um secretário-executivo estadual referiu-se a mim como alguém aficionado a defender as Doutrinas Batistas. Fiquei triste, pois um líder de tal envergadura deveria ter como bandeira a defesa da boa doutrina. Isto explica porque a Convenção, ao completar mais um ano de abençoada existência, precisa voltar aos princípios que a nortearam ao longo desses abençoados
anos. A recomendação de Paulo ao escrever I Timóteo 4.16 permanece válida para os dias atuais. Hoje permanece para a Convenção e sua atual liderança desafios que precisam ser encarados com seriedade. Oferecer às centenas de Igrejas que perderam seus pastores, vítimas da pandemia, apoio e arrebanhá-las com carinho ao núcleo cooperativo. O desafio atual é maior do que o existente em junho de 2007. Gerar no seio da Denominação o resgate do santo orgulho de ser Batista, fiel a Jesus Cristo. Não é possível trazer para o momento atual os grandes líderes do passado, mas é possível formar liderança nova com o mesmo ardor, o mesmo amor e o mesmo compromisso que sustentaram a nossa história até o momento. Este é um momento de crescente gratidão pela história que emoldura a Convenção. Gratidão pelo futuro risonho que nos aguarda com maiores bênçãos. Sinto-me agradecido com as bênçãos divinas por pertencer à Convenção Batista Brasileira. n
Oração ao pastor
Por Paulo Ricardo D’ Anna
membro da Primeira Igreja Batista em Olaria - RJ (a João Tito Barbosa de Oliveira)
Que tu, pastor, permaneças cheio de amor: Em pensamento Em procedimento Em temer ao Senhor! Desde que o pastoreio desejaste, Excelente obra almejaste;
Por isso, seja honrada a tua fadiga na palavra e no ensino. Na constância: apascenta as ovelhas de Cristo, a quem tu amas! De Cristo Jesus és tu bom ministro, Na mansidão: como manso foi Jesus e humilde de Alimentado com as palavras da fé; coração! A boa doutrina seguindo. Conserva-te a ti mesmo puro. Permanece, homem de Deus que és, Despreza as paixões do mundo. Na justiça: com fome e sede! A graça seja contigo, Na piedade: combate o bom combate! Na fé: poder de Deus para salvação! No nome do Ungido, No amor: o maior entre a fé e a esperança! Amém! n
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REFLEXÃO
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Viver para Cristo Celson Vargas
pastor, colaborador de OJB
“Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no filho de Deus, que me amou e se mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20). Chegamos ao mundo com uma modalidade de vida inteiramente pautada para nós mesmos, temos como ideal que tudo flua em nosso benefício. Isso, muitas vezes nos faz cativos do que satisfaça esses nossos ideais. Assim foi o apóstolo Paulo, autor do texto acima. Assim somos todos, até que, ao conhecer Jesus e Sua obra para nos libertar dessa escravidão, passamos a saber que há uma nova vida proposta por Ele a nós, de qualidade infinitamente superior à original, mas que se contrariam em seus princípios, o que de início, pode desagradar. Entretanto, à proporção que passamos a conhecê-la, entendemos o quanto é superior a anterior e, então, tomamos a decisão de vivê-la com toda alegria. No que consiste essa mudança, de não mais vivermos para nós, mas, sim, para Cristo, é o que veremos a seguir: O abdicar do nosso “eu”. “…já não
sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Ou seja, o sujeito “eu” deu lugar a Cristo. Aquele que vivia em prol de si mesmo, se anulou para dar lugar a outro sujeito, que é Jesus. Assim, Ele passa a viver em nós. As atitudes praticadas por essa nova criatura revelam atos que Cristo praticaria se estivesse fisicamente na terra. Isso vai produzir resultados altamente benéficos para o praticante dessa nova vida, como também para a sociedade que ele faz parte, pois seus atos serão constituídos do amor de Deus, como: primazia em servir ao próximo, prontidão em perdoar, praticar a misericórdia, empenho em levar outros a essa nova vida, através de Jesus. Ao vivermos para Cristo, seremos instrumentos dEle na prática de tudo isso, o que nos proporcionará uma qualidade de vida altamente útil e esperançosa. Finalmente, viver para Cristo é estar nesse mundo com a certeza que aqui não é o lugar de nossa habitação permanente, sem nos lamentarmos por isso, pois, em Cristo temos garantido nossa morada perpétua ao Seu lado, junto de Deus. Nos céus. “E quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos recebereis para mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também” (Jo 14.3). Permita que Cristo viva em você. n
Olavo Feijó
pastor & professor de Psicologia
Comunicar Cristo: nossa missão “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” (Mt 28.19). Jesus Cristo planejou pregar Sua mensagem salvadora, e enfatizou duas dimensões: o lugar, que é todo o mundo; os destinatários, que são todas as pessoas. O pecado tem dimensões universais. A salvação tem amplitude eterna. Esta é a ordem que Jesus nos deu: “Deus me deu todo o poder no Céu e na Terra. Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam Meus seguidores, batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo - ensinando-os a obedecer a
tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: Eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28.18-20). Foi Jesus Quem nos ordenou pregar ao mundo Sua mensagem missionária e salvadora. A ordem não foi dada aos anjos, mas aos cristãos terrenos. Por que os pregadores não devem ser os anjos celestes? Porque eles sempre amedrontam, quando nos aparecem (Daí a constante introdução que eles fazem: não tenham medo!...). Como embaixadores do Cristo, dediquemos nossa vida a proclamar ao mundo inteiro que foi o nosso Deus quem nos salvou, pela instrumentalidade do Seu Filho (Isaías 53.5).
A difícil tarefa de pastorear (I Pedro 5.2-3) José Manuel Monteiro Jr. pastor, colaborador de OJB
No segundo domingo do mês de junho comemoramos o Dia do pastor Batista. As Igrejas, em gratidão a Deus pela vida dos obreiros, prestam sua homenagem aos ministros que dedicam suas vidas em prol das ovelhas e da Igreja. Pastorear não é uma tarefa fácil, pois, exige muito do pastor. As exigências e carga imposta pela Igreja e pelos irmãos em muitas ocasiões é desumana. Temos visto com muita tristeza, a quantidade de pastores que sucumbiram a pressão e tiraram a própria vida. William César Castilho Pereira, no livro “Sofrimento psíquico dos presbíteros: Dor institucional”, faz a seguinte afirmação: “O grau de exigência da igreja é muito grande. Espera-se que o padre seja no mínimo, modelo de virtude e santidade. Qualquer deslize, por menor que seja, vira alvo de crítica e julgamento. Por medo, culpa ou vergonha, muitos preferem se matar a pedir ajuda”. Pastorear é uma tarefa difícil e árdua por inúmeras
razões. Utilizando o texto da primeira epístola de Pedro, gostaria de elencar alguns motivos sobre o porquê a tarefa de pastorear é tão difícil. Em primeiro lugar, pastorear é uma tarefa difícil porque o pastor cuida de um rebanho que não é seu (I Pedro 5.2). O rebanho não é do pastor, mas de Deus. Por mais que alguns pastores batam no peito e digam que a Igreja e as ovelhas lhe pertencem, o apóstolo Pedro diz categoricamente que o rebanho e as ovelhas pertencem ao Senhor. Cabe aos obreiros apascentar com zelo e diligência as ovelhas do Senhor. O pastor cuida das ovelhas e não se serve delas. O profeta Ezequiel, ao falar sobre os falsos pastores, elencou que estes não procuravam o bem-estar das ovelhas, não buscavam as desgarradas e não fortaleciam as fracas e doentes (Ezequiel 34.1-4). No contexto ministerial vemos pastores buscar a glória pessoal sem se preocupar com o estado de seu rebanho pelo qual Deus os colocou para pastorear.
Em segundo lugar, pastorear é uma tarefa difícil porque o pastor precisa lidar com a cobiça que habita o seu ser (I Pedro 5.2). Pedro usa a expressão “sórdida ganância”. O apóstolo alerta os obreiros para o perigo da cobiça. A cobiça revela o nosso grau de insatisfação. Somos por natureza seres insatisfeitos. O ministro não deve entrar no ministério com o objetivo de alcançar o lucro, movidos pela cobiça. Hernandes Dias Lopes, ao citar o teólogo William Selwyn, afirma: “O que é proibido não é o desejo de ter remuneração justa, mas o amor sórdido ao lucro”. Nos redutos neopentecostais, pastores movidos pela cobiça conseguem manipular os fiéis extorquindo dinheiro. Já nos redutos mais tradicionais, pastores movidos pela cobiça manipulam a liderança para ter aumento de seu salário. Não quero dizer que a Igreja não tem que pagar um salário digno ao pastor, mas que a Congregação deve estar alerta para qualquer tentativa de manipulação por parte do obreiro. Em último lugar, pastorear é uma ta-
refa difícil porque o pastor necessita ser exemplo para o rebanho (I Pedro 5.3). Pedro ressalta que o pastor não deve ser um modelo de tirania, mas exemplo para os fiéis. Por vezes, nós, os pastores, tomamos para nós um poder que nem Deus nos conferiu. Expressões do tipo “não toqueis nos meus ungidos”, reforçam na mente de alguns obreiros que eles estão acima do bem e do mal, que não podem ser contestados. O pastor é um exemplo para a Igreja, e não um ditador na Igreja. Hernandes Dias Lopes com propriedade diz: “o pastor deve andar na frente do rebanho como modelo, e não atrás do rebanho para fustigá-lo e ameaçá-lo”. Assim como um pai serve de referência para um filho, um líder (pastor), tem o dever de dar o exemplo para suas ovelhas. Como os pastores podem ser exemplo para os fiéis? Sendo servos. O teólogo Warren Wiersbie nos alerta: “o problema é que hoje temos celebridade demais e servos de menos”. Que o Senhor nos ajude nesta árdua tarefa de pastorear o seu rebanho. n
REFLEXÃO
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Dia do Missionário Batista
Rubin Slobodticov
pastor, colaborador de OJB
O Dia do Missionário Batista foi criado pela Convenção Batista Brasileira (CBB) com intuito de valorizar essas pessoas que aceitaram o seu chamado e têm espalhado o amor de Jesus em terras brasileiras e ao redor do mundo. O dia 26 de junho foi designado para a celebração desse Dia. O diretor da Junta de Missões Nacionais (JMN), pastor Fernando Brandão, fala sobre a alegria de celebrar este dia. Ele se refere ao missionário como “um vocacionado, chamado por Deus, que colocou sua vida à disposição do Senhor. Ser missionário é ser obediente ao Espírito Santo, que
é quem chama para este trabalho”. A Junta de Missões Mundiais (JMM) já alcançou 86 países com mais de 1.500 missionários trabalhando em cerca de 200 projetos nas áreas de saúde, educação, esporte, desenvolvimento comunitário, projetos humanitários emergenciais, plantação de Igrejas e formação de liderança. A biografia dos Batistas brasileiros marca sua história com William Buck Bagby e sua valorosa esposa Anne Luther Bagby. O casal dedicou sua vida em nosso país ao trabalhar por um período de 58 anos com plantação de Igrejas e no auxílio na criação da Convenção Batista Brasileira. Lucas registra que os cristãos, fruto do trabalho pessoal de Jesus e Seus
discípulos, de forma impressionante, sob forte pressão da ordem pública faziam missões: “Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia; pois, que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E havia grande alegria naquela cidade” (At 8.4-8). A obra missionária dos Batistas brasileiros continua a ser: ir por toda a parte e anunciar a Palavra; ir a lugares onde Cristo ainda não é proclamado. Então, o conteúdo da mensagem é contextua-
lizada a cada etnia e conforme suas necessidades. Assim, o Senhor opera maravilhas através de seus servos fiéis e os sinais realizados são evidentes com a demonstração da mudança de vida pela eliminação das influências malignas, tal como o Espírito Santo realizava pela instrumentalidade de missionária os fiéis aos princípios do evangelho vivido e pregado por Jesus. Louvado, pois, seja o Senhor que vocaciona, envia, sustenta missionários fiéis espalhados pelo mundo e opera maravilhas a partir da própria pátria brasileira.
fere nas decisões internas da Igreja e vice-versa. Também defendemos a liberdade de consciência, ou seja, todo crente tem o privilégio de estudar as Escrituras e descobrir nela como deve ou não agir. Todo indivíduo é responsável diante de Deus, ninguém responde pelos pecados alheios, ou seja, cada um dará conta de si mesmo a Deus. Outro princípio fala da autenticidade e apostolicidade das Igrejas. Cada Igreja Batista segue as doutrinas dos apóstolos, ou seja, doutrina de Cristo. Tudo aquilo que Jesus deixou e ensinou aos apóstolos. São esses os princípios que os Ba-
tistas defendem e não abrem mão. Precisamos conhecer nossos princípios e segui-los. Infelizmente, muitos membros das Igrejas Batistas desconhecem sua história. Creio que cada pastor deve instruir suas ovelhas falando de nossas origens e dos nossos princípios doutrinários. Não podemos ter membros sem convicção, precisam estar cientes do que creem. O apóstolo Paulo certa ocasião disse: “Eu sei em quem tenho crido.” Assim devemos falar também, eu sei em quem tenho crido, eu creio em Jesus Cristo e obedeço aos Seus ensinos e sigo os princípios bíblicos. n
Referências www.comunhao.com.br/dia-do-missionario-batista/ n
Princípios doutrinários Cleverson Pereira do Valle pastor, colaborador de OJB
Como Batista, você sabe os princípios doutrinários que nos norteiam? Disseram a um seminarista: “Fale a respeito dos princípios doutrinários dos Batistas”. A resposta dele foi: orar, ler a bíblia, evangelizar, convidar para assistir ao culto e participar da ceia. Evidente que ele estava equivocado; tudo o que citou não são princípios doutrinários, mas, sim, deveres de todo cristão. Mas então, quais os princípios doutrinários que nós, Batistas, defendemos,
aqueles que não abrimos mão de jeito nenhum? O primeiro é: as Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta. A Bíblia é a Palavra de Deus, é ela que orienta cada cristão a fazer o que deve ser feito. O segundo princípio doutrinário fala da Igreja. Ela é local, democrática e autônoma, e é formada de pessoas regeneradas e biblicamente batizadas. Os Batistas não seguem um bispo, um líder humano. O povo Batista segue a Cristo, só Ele é o único Senhor e Salvador. Outro princípio que é caro a nós trata-se da separação entre Igreja e Estado. Em outras palavras, o estado não inter-
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REFLEXÃO
O JORNAL BATISTA Domingo, 27/06/21 VIDA EM FAMÍLIA
Lamento por um filho “Então o rei, abalado, subiu ao quarto que ficava por cima da porta e chorou. Foi subindo e clamando: “Ah, meu filho Absalão! Meu filho Absalão! Quem me dera ter morrido em seu lugar! Ah, Absalão, meu filho, meu filho!” (II Sm 18.33). Recentemente, dois colegas pastores perderam seus filhos. Refiro-me ao pastor Vanderlei Marins, que perdeu seu filho Éber, num trágico acidente de carro; e ao pastor Marcos Lopes, pai do jovem Amnom, líder da Juventude Batista Brasileira (JBB), que faleceu por complicações da COVID-19. Pensando nesse dois colegas, lembrei-me de um artigo que escrevi e que está publicado em meu livro “Meditações Diárias para a Família”, para leitura no dia 23 de maio. Quero republicar a seguir esse meu artigo, prestando assim minha solidarie-
dade a esses e tantos outros pais que Quando leio trechos assim e tantos perderam seus filhos e filhas. outros que o autor escreve ao longo do livro, eu fico a pensar em quantos pais Um dos livros mais comoventes que que conheço que perderam seus filhos. já li foi “Lamento por um filho”, escrito Trabalhando por nove anos num colégio Nicholas Wolterstorff, eminente profes- Batista, como capelão, tive a árdua tarefa sor e filósofo cristão americano: Nele es- de falar em algumas cerimônias fúnebres creve toda a sua dor pela morte de Eric, de crianças, adolescentes e jovens. Voltaseu filho de apenas 25 anos de idade, va para casa e encontrava minhas duas que morreu num acidente de alpinismo filhas alegres e imaginava, ou tentava na Áustria. imaginar, a dor daqueles pais. Como bem Num dos trechos do seu livro, Wol- afirma Wolterstorff, às vezes as distraterstorff escreve: “Nunca imaginamos ções da vida não nos permitem pensar que poderíamos vir a perdê-lo. Talvez que o mesmo pode acontecer conosco. seja essa a postura que normalmente Quando retomo minha leitura ao liadotamos em relação aos outros. O dia vro escrito por Wolterstorff quase posso nos distrai; nossas ocupações nos ab- ouvir os gritos de Davi quando soube sorvem; nossas ansiedades e tristezas da morte de seu filho, mesmo sabendo tomam toda a nossa atenção. Dessa for- que aquele filho tinha conspirado contra ma não atentamos para a beleza da vida o próprio pai. Quase posso sentir um em família. Na verdade nós não damos pouquinho da tremenda dor de Jó ao o devido valor uns aos outros”. saber da morte de seus filhos. Mas te-
nho a certeza também de que Deus está presente também nessas horas, pois Ele também viveu essa experiência ao contemplar seu Filho morrendo por nossos pecados na cruz do Calvário. Deus console meus colegas, pastores Vanderlei Marins e Marcos Lopes, e a tantos outros pais que viveram ou estão vivendo essa realidade em suas vidas. Oro também para que nós, em família, não nos deixemos distrair com as ocupações da vida, deixando assim de aproveitar as alegrias da vida familiar. n Gilson Bifano Preletor, escritor na área de família e casamento. Siga-me no Instagram e no Twitter: @gilsonbifano. Facebook: facebook/gilsonbifano E-mail: oikos@ministeriooikos.org.br
Currículo educacional cristão: caminhos formativos dos professores. Para que e para quem?
Dorcas Rodrigues Silva de Recamán Essa temática é muito especial para o contexto eclesiológico e sobretudo para as discussões mais profundas no âmbito teológico, uma vez que todos os contextos de desenvolvimento cristão precisam de uma rota, um percurso do seu itinerário a partir dos princípios estabelecidos por aquele que é o único currículo válido: Jesus. Nesta perspectiva, lemos no Evan-
gelho de João 14.6: “Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim”. O conceito de currículo que subsidia a elaboração das matrizes curriculares para a Educação Cristã deve suscitar nos educadores uma nova possibilidade de se trabalhar o currículo para Educação Cristã. Currículo é uma construção, uma tessitura que parte de um modo de conceber o curso e como o curso da
vida se estabelece. SILVA (1999) discute que “O currículo é relação de poder. O currículo é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida, currículum vitae: no currículo se forja a nossa identidade. O currículo é documento de identidade”. Contudo, a Palavra de Deus vai além. Em Deuteronômio 32.1-4 “gotejar a doutrina sobre a relva” significa que o traçado do currículo para Educação Cristã
deve ser elaborado primeiramente à luz da Palavra de Deus e, em segundo lugar, traçar um perfil do público-alvo e atender as necessidades e as demandas que as vidas apresentam. Nesse contexto, pautado em princípios e nos frutos do Espírito, a Igreja do Senhor sairá fortalecida e sua membresia será robusta para enfrentar as adversidades que estão presentes neste mundo. Que Deus nos abençoe! n
MISSÕES NACIONAIS
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Missionários levam compaixão e graça para comunidade ribeirinha no Pará
Os missionários pastor Duarte Júnior e sua esposa Christiana Silva, e as missionárias Aline Cristina Guedes e Evanikell Silva atuam no município de Afuá, que faz parte do estado do Pará. Além da comunidade surda existente na Ilha de Afuá, há também muitos surdos na população ribeirinha que vive em torno da ilha, onde os missionários realizam visitas periódicas para pregar sobre o amor de Cristo e também levar algum tipo de ajuda.
Quando os missionários chegaram na comunidade ribeirinha próxima, se depararam com uma situação de extrema pobreza. Conheceram um morador local e combinaram de voltar para almoçar com ele e levar mais cestas de alimentos para os moradores. Ao retornarem, os missionários foram surpreendidos, pois o morador havia convidado mais 10 pessoas, e a comida não era suficiente. “Repartimos o que foi possível e combinamos
de voltar uma outra vez, com um almoço farto para todos”, conta o pastor. No encontro seguinte, os missionários foram novamente surpreendidos. Eles tinham ido preparados para almoçar com 21 pessoas, mas havia 32 esperando. “Desta vez, graças a Deus, deu tudo certo. A refeição que levamos deu para todos”, lembra o missionário. A equipe não sabia que encontraria tantas crianças, mas logo procurou
se aproximar delas para saber suas idades, onde moram e quem são seus pais. “O mais gratificante foi como se aproximaram depois. Nós demos atenção a elas, conversamos e demonstramos o nosso amor por elas”, comenta Junior, lembrando que uma das crianças, que não costumava sorrir, deu um belo sorrido na hora da foto. Deus seja louvado pelo trabalho no Pará! n
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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA
O JORNAL BATISTA Domingo, 27/06/21
Convenção Batista Brasileira, 114 ano concretizada. A. B. Deter, Zacharias Taylor e Salomão Ginsburg concordaram em dar prosseguimento ao plano. Eles conseguiram a adesão de outros missionários e de líderes brasileiros, inclusive Francisco Fulgêncio Soren, que tinha, inicialmente, algumas reservas. A comissão organizadora optou pela data de 22 de junho de 1907 para organizar a Convenção, na cidade de Salvador, quando transcorreriam os primeiros 25 anos do início do trabalho Batista brasileiro, também iniciado na referida cidade. No dia aprazado, no prédio do ALJUBE, onde funcionava a PIB de Salvador, em sessão solene, foi realizada a primeira Assembleia da Convenção Batista Brasileira, composta de 43 mensageiros enviados por Igrejas e organizações. A casa estava cheia. O clima era de festa, celebrando o que Deus fizera a partir daquele início tão pequeno! Criada a Convenção, foi eleita sua primeira diretoria: • Presidente: Francisco Fulgêncio Soren; • Primeiro vice-presidente: Joaquim Fernandes Lessa; • Segundo vice-presidente: João Borges da Rocha; • Primeiro secretário: Teodoro Rodrigues Teixeira; • Segundo secretário - Manuel I. Sampaio; • Tesoureiro: Zacharias Taylor. A motivação básica da criação da Convenção foi Missões, e falava-se na evangelização de Portugal, Chile e África. Foram criadas, além das duas Juntas Missionárias, Missões Nacionais e Missões Estrangeiras (hoje Missões Mundiais) outras juntas: para a Casa Publicadora Batista, para Escola Bíblica Dominical, para União de Mocidade Batista, para Educação e Seminário, e para a Administração do Seminário. Ao todo, 7 Juntas. As áreas de Missões, Educação Religiosa e Publicações, Educação Teológica e Educação, foram as que receberam maior atenção dos convencionais.
No dia 22 de junho, a Convenção Batista Brasileira completou 114 anos de organização. A data sempre nos faz relembrar o início do trabalho e o desenrolar da nossa história até aqui. Por isso, nesta edição de O Jornal Batista, que vale lembrar, é mais antigo que a própria Convenção (1901), vamos revisitar o passado com informações que estão no site da CBB e a íntegra da matéria sobre a 1a Assembleia da CBB, que aconteceu na cidade de Salvador, na Bahia. A matéria foi publicada na edição 24, de 04 de julho de 1907. Para manter um pouco da originalida-
de, alguns nomes de organizações, por exemplo, foram mantidos com a grafia original da época. Assim como foi para nós, aqui na redação de OJB, nosso desejo é que você “viaje” pelo tempo ao ler a história da nossa Convenção, tão rica e que continua sendo escrita todos os dias. Organização da Convenção Segundo José dos Reis Pereira, Salomão Ginsburg foi a primeira pessoa a pensar na organização de uma Convenção Nacional dos Batistas Brasileiros. Mas, somente em 1907, a ideia foi
Primeira Convenção das Egrejas Baptistas do Brazil “O resultado desta 1a Convenção foi além da expectativa de todos. Sentiu-se que o Espírito do Senhor estava sobre nós e apareceu-nos pela primeira vez, como nunca antes. Como é que as Igrejas Batistas e independentes e soberanas, segundo os preceitos da escritura, se unem e cooperam na difusão do Evangelho de Jesus Cristo, em obediência ao Mestre, que disse: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. O regime democrático Batista é o regime por excelência, porque é o regime divino. Sem uma alta côrte, sem uma cabeça visível, sem uma corporação que legisle
sobre as Igrejas Batistas, os Batistas se unem nas empresas mais estupendas, como sejam missões, colégios, hospitais etc. E assim que são governados 5 milhões de Batistas nos Estados Unidos, quase meio milhão na Inglaterra etc. Assim em todo o mundo, estamos fazendo aqui. Os Batistas se reúnem e combinam operar juntos, por isso se chamam Convenções: convenções distritais, convenções estaduais, convenções nacionais etc. A nossa Convenção na Bahia durou 5 dias, de 23 a 27 de junho, e celebrou seis sessões. Foi composta de 45 delegados, representando 45 Igrejas e sociedades. Claro está que muitas Igrejas e sociedades não se puderam representar por dificuldades pecuniárias. O delegado do Amazonas, irmão E.A Nelson, teve de pagar 400 mil réis pela sua passagem; muitos pagaram 200 mil réis, outros menos. Isto dá ideia do grande interesse que houve para reunir 45 delegados de todos os nossos campos. Se todas as Igrejas se representassem, só de Igrejas teríamos 100 delegados, pois tantas são as Igrejas que temos. Foi eleita a seguinte diretoria: Presidente: pastor F.F. Soren; primeiro vice-presidente: pastor Joaquim Lessa; segundo dito: pastor João Borges da Rocha; primeiro secretário: Theodoro R. Teixeira; segundo dito: pastor Manoel Ignacio Sampaio; e tesoureiro: pastor Z.C. Taylor. Na terceira sessão foi aprovada provisoriamente a Constituição e autorizada a mesma comissão de Constituição a propor na 2° Convenção as emendas que forem julgadas necessárias e apresentar um projeto de regimento interno. Esta comissão é composta dor irmãos doutor W. B. Bagby, pastores F. F. Soren, D. F. Crosland e Z. C. Taylor. A Constituição, tal como foi aprovada, será publicada em folheto, juntamente com a ata e pareceres.
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os compartilhando graça e misericórdia
Durante as sessões foram lidas teses importantes e pareceres sobre diversos assuntos. Os pareceres serão publicados com as atas, mas as teses irão sendo publicadas no Jornal Baptista sempre que haja espaço. São dignos de menção especial o magistral sermão do pastor F. F. Soren, “Evangelização pátria”, e as memórias históricas dos pastores W. B. Bagby e Z. C. Taylor, que esperamos em breve dar a publicidade. Foram eleitas as seguintes juntas para vigência da 1a Convenção: Junta de Evangelização Nacional, com sede em Campos; Junta de Missões Estrangeiras, com sede no Recife; Junta da União da Mocidade Baptista, com sede na Bahia; Junta de Educação e Seminario, com sede no Rio; Junta de Escolas Dominicaes, com sede no Rio; Junta da Casa Publicadora, com sede no Rio; Administração do Seminario. Os nomes constituintes dessas juntas constarão das atas a publicar. As Mesas Administrativas que cada uma delas terá de eleger, serão conhecidas mais tarde. Foi resolvida a publicação do excelente livro A Heroína da fé para o que durante a Convenção se receberam ofertas e adiantamentos, pagos uns, outros em promessa, de cerca de um conto de réis. Foi tirada uma coleta entre os delegados mais amigos para a Junta de Missões Nacionaes que rendeu 125 mil réis. Foram recebidas promessa e dinheiro para a Junta de Missões Estrangeiras que atingiu a cerca de 800 mil réis. Foram recebidas promessas e dinheiro para a publicação das atas que atingem a cerca de 250 mil réis; e mais 108 mil réis para pagamento de programas e outras publicações. A Convenção mandou um telegrama de felicitações ao doutor Willingham, secretário da Junta de Missões Americana, de Richmond, o qual respondeu da Con-
venção Estadoal de Kentucky reunida em Mayfield com a passagem Judas 3. Foi mandado um telegrama ao sr. dr. Affonso Penna, presidente da República, o qual telegrafou agradecendo. Uma comissão foi designada para cumprimentar o sr. dr. Governador do estado da Bahia e oferecer-lhe um volume da Bíblia Sagrada e um volume da História dos Baptistas. O ilustre político recebeu amavelmente a comissão pedindo-lhe que agradecesse à Convenção e lhe transmitisse seus votos de prosperidade. A gloriosa imprensa baiana, sem distinção, recebeu distinta e cavalheirosamente a comissão que foi a visitar e pôs as suas colunas a nossa disposição. Todos os dias, os jornais publicavam extensas notícias da Convenção. Graças à imprensa, a Convenção teve um sucesso exterior que talvez não seria de esperar. Durante as pregações da noite tivemos a casa repleta de muitas famílias da mais alta sociedade, finalmente, de todas as classes. Em qualquer lugar que os delegados se apresentavam com seus distintivos eram respeitados e acatados pelo povo, e até tomaram interesse perguntando-lhes algo a respeito da Convenção, graças ao prestígio da imprensa. É digno de nota que numa cidade ultra-católica como é a Bahia haja tal respeito pela crença alheia. Foi justo, portanto, que a comissão mandasse agradecer à imprensa a sua máxima gentileza para conosco. A cada uma das redações, a Convenção ofereceu um exemplar da Bíblia Sagrada. Durante as sessões, a Convenção foi visitada por distintos cavalheiros da alta sociedade baiana. Três ofertas recebeu a Convenção, ofertas que mandou agradecer. De cada uma das sociedades bíblicas, um caixão de Bíblias e Novos Testamentos, cujo produto reverterá para a Junta de Evangelisação Nacional. Do ilustre sr. prefeito do Distrito Federal, general Aguiar, uma linda coleção de vistas fotográficas, em tamanho grande, da cidade do Rio de Janeiro. A Convenção resolveu recomendar às Igrejas para que tirem anualmente uma coleta para cada uma das sociedades bíblicas. Também resolveu recomendar às Igrejas que tirem mensalmente uma coleta para missões nacionais. Essas foram as resoluções e acontecimentos mais importantes da Convenção, que no dia 27, de noite, encerrou os seus trabalhos com a tocante cena de união fraternal. Os irmãos hospedeiros trataram os delegados da melhor maneira. Durante os trabalhos da Convenção, o jantar era fornecido numa das dependências da Igreja. Era a Sociedade de Senhoras que fazia o trabalho e o fazia de modo
brilhante. A sra. Taylor presidia a tudo e ainda tinha de dividir a sua reconhecida atividade com bom número de hóspedes que tinha em sua casa. Os delegados não tiveram que gastar nem um vintém com o seu desembarque e embarque, condução de malas etc. As comissões de hospedagem fizeram esse trabalho tão corretamente que não somente os delegados não tiveram de gastar como também não tiveram que ter cuidado de coisa alguma. Enfim, os irmãos baianos puseram sobre os irmãos
do Rio, onde se reunirá a 2a Convenção, um encargo bem pesado, para não lhe ficarem atrás. Que Deus abençoe os irmãos da Bahia, a Convenção e todas as decisões por ela tomadas.” Que o nosso Deus continue à frente da Convenção Batista Brasileira, guiando todas as nossas decisões e fazendo crescer o trabalho de Convenções, organizações, juntas missionárias e Igrejas. Parabéns a todos nós, Batistas brasileiros! n
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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA
O JORNAL BATISTA Domingo, 27/06/21 ARTE & CULTURA
Missão IOCO alegra crianças mineiras através do Drive Thru missionário Foi uma benção o Drive Thru missionário realizado pela Igreja Batista do Barro Preto-MG. Juntos, o ministério Semear e a Missão IOCO deram o melhor para alegrar as crianças, que já não frequentam os cultos presenciais, por quase 1 ano. Pastor Luciano e equipe fizeram uma excelente recepção para as famílias, que passavam de carro e davam aquela paradinha para receberem lembrancinhas e muito carinho proporcionados pelos personagens: Ícaro, Olívia, Carol e Otávio, componentes da Missão IOCO. Os carros, ao chegarem, logo encontravam a equipe Semear, com um grande sorriso e animação, acompanhado da música infantil, tema da campanha de missões, “Vamos Falar”, interpretada pela missão IOCO. Foram momentos maravilhosos e gratificantes! Pudemos ver a alegria estampada no rosto de cada criança, dentro dos seus carros. Fica aqui a dica, para você matar a saudade das crianças da sua Igreja; o Drive Thru missionário. Foi muito gratificante, também, observar a aproximação dos curiosos, que não resistiam olhar somente de longe. Missões é assim, você se disponibiliza, coopera e Deus manda as vidas. Quero agradecer, mais uma vez, ao meu amigo pastor Lucian,o e equipe da Igreja Batista do Barro Preto-MG, pelo sólido apoio à campanha Missionária.
Quero, neste momento, compartilhar as palavras do pastor Luciano. “O evento Drive Thru Missionário, promovido pelo Semear da IBBP, com participação especial da Missão Ioco foi muito especial. O reencontro das crianças e dos servos do Semear foi emocionante! O brilho nos olhos das crianças,
ao visualizar os bonecos e todo o cená- abençoou. Muito obrigado! Deus abenrio preparado, pela Igreja, para recebê-los çoe!” n depois de muito tempo sem os cultos presenciais, devido à pandemia, trouxe Pr. Roberto Maranhão, alegria e alívio a todos nós . Agradeço Gerente de Arte Cultura, Esporte e a Deus por todos que participaram do Recreação da CBM evento; em especial, ao pastor Roberto marapuppet@hotmail.com Maranhão e a turma do IOCO, que nos WhatsApp: +55 (31) 99530-5870
MISSÕES MUNDIAIS
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Compartilhando Jesus com a família Ael e Bel Oliveira
missionários no Leste da Ásia
Era um simples domingo, estávamos em um restaurante com alguns irmãos conversando e tendo um tempo de comunhão. Entre risadas, conversas aleatórias sobre o tempo, comida e sobre a semana de cada um, meio que de repente uma das jovens presentes nos interrompeu e quase que sem discernir o tom descontraído da mesa falou: “Na verdade eu vim aqui com um objetivo bem específico: quero saber como eu posso compartilhar do Filho de Deus com minha família. Estou indo de volta para minha cidade natal e quero compartilhar da Vida com eles, mas não sei bem como o fazê-lo”. Depois do seu breve discurso, em um misto de satisfação e apreensão ela virou-se para trás, pegou um caderno e uma caneta e preparou-se para ouvir, como quem diz: “vamos lá, estou pronta para aprender a como falar Dele”. Estávamos em um grupo de mais ou menos dez pessoas e aqui em nosso contexto não podemos ter conversas sobre a Palavra de forma aberta. Então, a chamamos para uma mesa à parte e passamos a conversar a meia voz para evitar ouvidos curiosos. Perguntamos detalhes sobre sua família e de como ela chegou a essa decisão de compartilhar do Senhor naquela data. Não diferente de tantos outros jovens, a relação entre Minie (nome da jovem) e seus familiares está longe da ideal. Ela cresceu sendo rotulada como uma filha rebelde e difícil. Seu pai é extremamente cético, sua mãe é budista, tem medo de espíritos e não tem uma boa relação com o esposo. E o irmão mais novo segue os passos do pai. A verdade é que todos os detalhes que ela expôs sobre a família não caberiam aqui, mas você percebe que compartilhar da Graça em um contexto familiar desses não é nada fácil. Para complicar ainda mais, recentemente Minie perdeu uma tia muito querida, ela e toda a família ainda estão abalados com a perda. A jovem explicou que a perda da tia foi um dos motivos que a impulsionou a compartilhar da Graça com a família. A tia não cria no Filho e vê-la partir sem antes ter entregado sua vida a Ele foi muito difícil para Minie. Logo após nos contar tudo isso, como quem acende uma vela em quarto escuro, Minie nos falou: “Mas minha família sabe em Quem eu creio, eles mesmo me disseram que eu mudei muito, que não sabem o que aconteceu, mas eu não pareço mais aquela filha rebelde do passado e que agora eu tenho me tornado uma filha exemplar. Eu já falei pra eles o motivo:
O Filho. Falei que uma das primeiras coisas que aprendi no Livro foi ‘honrar pai e mãe’. Meu pai até escuta, mas ignora conversas sobre ‘religião’. Minha mãe é mais aberta, mas sinto que ela é muito presa ao Budismo. O importante é que eles sabem no que creio e dessa vez quero compartilhar de forma mais direta e explicar a razão da minha nova vida”. A primeira coisa que falamos para a Minie foi um sonoro “muito obrigado!” Agradecemos a ela a confiança em compartilhar conosco sua história e o encorajamento que ela nos trazia com aquela atitude. Conversamos com ela sobre estratégias de como falar da Palavra de maneira mais orgânica, de forma que ela construísse pontes e não muros, pois a família, por vezes, é o terreno mais difícil a ser arado e semeado. Por ser tarefa do Espírito Santo, ela não deveria se pressionar para ver resultados imediatos, nossa tarefa é plantar sementes e deixar que Ele regue e as faça germinar. No entanto, se houvesse oportunidade, ela deveria compartilhar de forma direta sobre o Caminho de Deus. Lembramos a ela que o falar de Cristo por vezes não seria possível, mas as atitudes dela poderiam trazer luz sobre a família e até mesmo instigar
perguntas por parte deles e, aí sim, esta seria uma boa oportunidade. Enfatizamos que uma excelente ferramenta seria ouvir, ouvir, ouvir e entender o que está no coração dos seus parentes, dizer para eles que pediria ao Pai por eles e isso já seria um compartilhar. Conversamos sobre muitas outras estratégias e aprendemos bastante naquela manhã. Como o Senhor é bom, como Ele usa diferentes pessoas para diferentes tarefas. Nós mesmo não podemos ir até sua cidade natal para compartilhar, mas podemos equipá-la para fazer a tarefa e ela com certeza a fará bem melhor do que nós! Algumas semanas depois Minie estava de volta, a chamamos de lado e perguntamos como havia sido o encontro com a família. Minie estampou um sorriso e disse que foi melhor do que ela esperava. Quando ela chegou em casa percebeu que seus pais estavam brigados a tal ponto que não podiam ficar no mesmo ambiente. Ela aproveitou a oportunidade para falar da Graça e de alguma forma ajudá-los. Ela compartilhou diretamente da vida em Cristo com sua Mãe em algumas ocasiões. Alguns parentes também estavam presentes e ela nos falou que um fato muito interessante ocorreu: eles disseram para ela
que percebiam que ela tinha algo a compartilhar e que queriam ouvir. Depois que ela falou da ajuda que encontrou em Jesus, eles abriram seus corações e falaram de alguns problemas que estavam passando, gerando oportunidade para que ela intercedesse por eles. Resumindo, foram dias de Graça sobre aquela casa, dias em que o Senhor usou uma jovem e apaixonada serva para levar a mensagem transformadora para os seus parentes queridos. De forma proposital, não mencionamos um fato sobre a Minie, ela passou por um período muito difícil há alguns meses de tristeza profunda e problemas emocionais. A verdade é que ela ainda batalha contra esses problemas, mas mesmo em meio a essa luta da alma ela não deixou de ouvir o chamado Dele para abençoar sua família. Ela nos fez lembrar de tantos irmãos e irmãs que, por conta das lutas que têm passado durante essa pandemia, têm enfrentado as mais diferentes “enfermidades da alma”. Minie nos trouxe esperança ao lembrar que mesmo aparentemente “quebrados”, Ele segue nos usando pela Sua Graça e na força Dele. Então, sigamos em frente na certeza de que Deus é por nós e isso não vai mudar. n
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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA
O JORNAL BATISTA Domingo, 27/06/21
União Missionária de Homens Batistas do Brasil promovem congresso nacional online Programação teve mais de 4000 pessoas alcançadas e quase 10 horas de transmissão. Jairo de Souza Peixoto
coordenador da Secretaria Nacional de Homens Batistas; Fabiano Lessa, coordenador nacional dos Embaixadores do Rei
Os Homens Batistas se reuniram nos dias 04 e 05 de junho de 2021, para celebrarem o Dia do Homem Batista (primeiro domingo de junho), num conclave inédito, devido a forma virtual de realização e participação. O tema foi “Homens compartilhando graça e misericórdia”, com divisa em II João 1.3: “Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e amor”. A base de transmissão foi a Igreja Batista Central de Taguatinga, em Brasília-DF, mas o congresso teve a participação de representantes de 30 convenções inscritos, com mais de 4000 pessoas alcançadas, pelas redes Youtube, Facebook e aplicativo Zoom. A Convenção Batista Brasileira, na pessoa do seu diretor executivo, pastor Sócrates Oliveira, ofereceu sua estrutura (redes) para a realização da transmissão de toda a programação, com a logística disponibilizada pela IBCT e suas diversas equipes de irmãos voluntários à nossa disposição, liderados por seu pastor, o ER pastor Matheus Guimarães Guerra Gama, aos quais registramos gratidão a
Pr. Josué Mello Salgado foi um dos preletores
ER’s da SIB em Plano Piloto - DF
Deus por suas vidas e tamanha vontade de servir. Destacamos as palavras dos oradores: pastor Fausto Aguiar de Vasconcelos, presidente da CBB, o qual discorreu sobre o texto e contexto da divisa do Congresso, conclamando todos a “compartilharmos Graça e Misericórdia”. O pastor Josué M. Salgado, por sua vez, com base em II Samuel 10.1-5, nos levou a pensar sob o tema: “Homem que é homem é cheio de graça”. Em ambas as mensagens, os preletores foram instrumentos de Deus, os quais convidaram todos a uma vida mais plena da graça e misericórdia divinas. A programação contou com oficinas das organizações Embaixadores do Rei, com os moderadores Fabiano Lessa e Lucas Mourão; Grupo de Ação
Missionária, (GAM) com a moderação dos irmãos Victor B. Cardoso (PI) e Miller (ES); e Homens Batistas, com participação dos pastores Lourival S. Santos (GO) e Richard Carvalho (SP), sob a mediação do irmão Ademar de Barros (SP). Tivemos ainda os relatos dos líderes convencionais. E para honrar a boa tradição Batista, boa música dos coros masculinos de Israel (PE), Homens Cantores do Planalto (DF), dos quartetos Máster (PR) e Arautos de Sião (RJ), Mateus Santiago e equipe de Louvor da Igreja hospedeira. Recebemos durante a programação algumas manifestações, dentre as quais registramos: “Varões valorosos, homens Batistas de todo o Brasil. Estamos aqui juntos neste congresso para planejarmos e
avançarmos para a glória de Jesus” (Pr. Jucelino Tavares - RN). “...estou aqui de boca aberta de ver tamanho agir de Deus e a boa vontade dos irmãos de fazer um congresso desse nível. Muito obrigado por serem instrumentos de bençãos na minha vida nesta noite” (Paulo Santos - RS). “… nos alegramos por este momento, em que muito temos ouvido acerca do distanciamento; o homem Batista, ele se supera e traz esta unidade para toda nossa nação...” (Pr. Nerinaldo - BA). “Deus seja louvado pela vida dos organizadores. Esperamos que em breve possamos ter um congresso deliberativo” (Azamor Lucena - RO). As organizações Associação dos Diáconos Batistas do Brasil (ADBB), Junta de Missões Nacionais (JMN), Junta de Missões Mundiais (JMM), Ordem de Pastores Batistas do Brasil (OPBB), União Feminina Missionária Batista do Brasil (UFMBB) enviaram palavras de saudação e motivação aos congressistas, o que muito nos honrou. A programação somou quase 10 horas de transmissão, com a ampla participação de norte a sul do país, numa experiência que marcou positivamente a história da UMHBB, em tempos de pandemia, para a glória do nosso Deus! Aleluia! Soli Deo Gloria! n
Homens Batistas recebem homenagem na Câmara Municipal de Crixás – GO Solenidade aconteceu em comemoração ao Dia do Homem Batista.
Elton Magalhães
primeiro vice-presidente e diretor executivo interino da Convenção Batista Goiana
No dia 10 de junho, o primeiro vice-presidente e diretor executivo interino da Convenção Batista Goiana (CBG) Elton Magalhães,o secretário da Geral União Missionária de Homens Batistas de Goiás (UHMBGO), Jorge Roque, e irmão Ilson Martins, presidente da UMHBGO, com todos os irmãos da Primeira Igreja Batista de Crixás-GO, presidida pelo pastor Portela e Igreja Batista Novo Horizonte-GO, presidida pelo pastor Waltinho, receberam uma homenagem pelo
Vereadores e homenageados da PIB Crixás, Igreja Batista Novo Horizonte, CBG e UMHBGO Dia do Homem Batista, em sessão solene realizada pela Câmara Municipal de Crixás-GO. A homenagem foi articulada pelo
irmão Átila, da PIB de Crixás-GO e proposta pelos vereadores da Bancada Evangélica da cidade, vereadores Carlos Eduardo; Patrick Rosa, Crisley Francisco
e Luizmar Maciel, e teve como objetivo reconhecer o trabalho dos Bomens Batistas na cidade, que se destacaram por seu trabalho social e evangelístico, principalmente nesse tempo de pandemia. Na oportunidade, a homenagem foi estendida a todos os homens Batistas do estado de Goiás e do Brasil. A Convenção Batista Goiana e a União Missionária de Homens Batista de Goiás parabeniza todos os homens Batistas do Brasil pelo seu dia e deseja que outras sociedades de homens do nosso estado e do Brasil tenham também seu trabalho reconhecido junto à sociedade e as autoridades, para honra e glória do nosso Deus! n
O JORNAL BATISTA Domingo, 27/06/21
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PONTO DE VISTA
O JORNAL BATISTA Domingo, 27/06/21 FÉ PARA HOJE
A Igreja pós COVID-19 Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob Passamos por um momento histórico muito nebuloso com pouquíssima visibilidade. A nossa convicção é de que o Senhor está no controle, sabe todas as coisas e que nada nos separará do Seu amor que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 8.38,39). A comunidade eclesiástica pós COVID-19 certamente será mais madura, mais consciente de sua posição em Cristo e sua missão de e para Cristo neste mundo. Ela estará mais convicta da Soberania de Deus, de que Ele está no trono e dirige todas as coisas segundo o Seu propósito em Cristo Jesus (Apocalipse 4.1-11). Este texto de Apocalipse é belíssimo e sugiro que meditemos nele pelas manhãs. A Igreja de Cristo será mais segura de suas convicções, expressando a sua fé no Deus das Escrituras Sagradas. Será uma comunidade conformada com Cristo e inconformada com o mundo. Cheia da compaixão do Mestre! Esta é a minha convicção em relação à Igreja fiel aos ensinos do Senhor Jesus Cristo. A Igreja pós COVID-19 será mais sensível às mudanças na sociedade e a consequente proclamação de Cristo como a única esperança. Será mais atenta às profecias bíblicas (Mateus
24.1-14; II Timóteo 3.-15). Tornar-se-á uma comunidade mais simples em sua expressão no mundo, desapegada das coisas desta terra e altamente solidária dentro e fora de seus limites (Atos 2.4247). Será um organismo altamente comprometido com o sofrimento humano apresentando a mensagem do Médico Ferido, o Salvador Jesus Cristo (Isaías 53). E certamente podemos descansar no Seu cuidado amoroso! A comunhão na Igreja pós pandemia será mais qualitativa e altamente comprometida com a vida dos seus membros. A qualidade da irmandade será mais excelente, cujos crentes levarão as cargas uns dos outros, cumprindo assim a Lei de Cristo (Gálatas 6.2). Uma Igreja mais engajada na vida das pessoas mais pobres, procurando suprir suas necessidades em Cristo Jesus. Será uma comunidade mais proativa, assertiva e criativa. Muito mais presente em seu contexto imediato. E a partir desse contexto, terá também uma consciência mais global (Mateus 28.18-20). Uma Igreja radicalmente missionária. Essa Igreja, após o período de isolamento social, estará mais preparada para a volta de Cristo. Terá compreendido, pela leitura meditativa dos textos sobre a volta do Senhor, a enorme rele-
vância do “Maranata ou ora vem, Senhor Jesus”, que os cristãos primitivos apreciavam declarar nos encontros da Ceia do Senhor. A Igreja olhará mais para o alto onde Cristo está assentado à destra de Deus Pai. Buscará mais as coisas do alto e não as que são aqui da terra. Será uma Igreja mais desapegada das coisas materiais e dos oferecimentos do sistema chamado mundo (Colossenses 3.1-4; Atos 1.1-11). Uma comunidade evangélica no mundo, mas não do mundo (I João 2.15-17). A Igreja pós pandemia usará mais as redes sociais, vendo-as como ferramentas muito eficientes e eficazes. Ela não as verá simplesmente como um mero entretenimento, mas como um meio de comunicação extremamente virtuoso para o testemunho do Evangelho de Cristo. Uma plataforma que pode ser aproveitada para a proclamação dos maravilhosos feitos do Senhor na História. Um meio de comunicação para desafiar as pessoas a atitudes e atos de solidariedade. Uma comunidade eclesiástica mobilizadora, catalisadora e transformadora em Cristo Jesus. Uma comunidade eclesiástica que valorizará muito mais a família. Neste tempo de COVID-19 há muitas famílias fortalecendo seus laços de amor, sub-
missão, obediência e honra. Famílias que estão em busca de viver os valores do Reino de Deus expostos nas Escrituras. Há muitos núcleos familiares à procura do diálogo, da comunhão, de fraternidade e solidariedade em suas atitudes e em seus atos. Tem sido um tempo precioso de adoração, educação cristã, curas significativas e convivência harmoniosa. Mas há também famílias passando por crises profundas, e a Igreja deve ajudá-las. Uma Igreja também mais engajada na oração, na leitura consciente das Escrituras, no cuidado mútuo e na mordomia cristã, investindo com alegria na expansão do Reino de Deus (Filipenses 4.10-20). Essa Igreja será muito mais forte na sua compreensão como Corpo Vivo de Cristo, cujos membros estarão mais alicerçados em amor. Sim, uma comunidade com um forte desejo de reunião, encontro e comunhão no Espírito Santo, valorizando o toque, o estar juntos. Aguardamos com alegria o nosso reencontro caracterizado pelo amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor! Enquanto esse tempo não chega, vamos utilizar a comunicação de todos os meios midiáticos disponíveis sempre para a glória de Deus Pai! (I Coríntios 10.31) n
O autor do livro de Hebreus faz também uma paráfrase do que está descrito no Antigo Testamento (Salmos 8.5-7 e 144.3; Jó 7.17-18). O Salmo 8 é um salmo de louvor ao Deus Todo Poderoso, celebra quem Ele é e o que Ele faz, e ao mesmo tempo põe em evidência o homem como coroa da criação. Estabelece relação de intimidade entre o criador e a criatura, pois a esta é concedida a oportunidade de contemplar aquele que a criou. O salmo não é sobre o homem, mas sobre Deus e vou me limitar apenas à paráfrase do título. À pergunta do título, porém, pode-se dar algumas respostas, as quais encontramos nas vidas de tantos homens tementes a Deus nas Sagradas Escrituras. Um exemplo, são as palavras de Paulo a Tito – o que a propósito já nos dão uma resposta à pergunta, a saber, um homem de Deus instrui seus filhos na fé, – palavras nas quais são encontradas instruções, claras tanto para Tito quanto para os que Tito deveria acompanhar, e que foram que os que são tementes
a Deus sejam: “alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não sejam acusados de libertinagem, nem desobedientes. Pois, como responsável pela obra de Deus, é necessário que o bispo seja irrepreensível, não arrogante, nem inclinado a brigas, nem ao vinho, nem violento, nem dominado pela ganância; mas hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, equilibrado; que se mantenha firme na palavra fiel, conforme a doutrina, para que seja capaz tanto de exortar na sã doutrina quanto de convencer os seus opositores” (Tt 1.6-9). Eu posso dizer que conheci e conheço homens assim, que se dedicam naquilo que fazem a servir ao Senhor que os chamou. E não precisam ter chamado especial para o pastorado ou algo assim, mas servem ao Senhor onde quer que sejam colocados. É desse tipo de homem que nossa sociedade precisa e que esteja atento ao seu chamado. É desses homens que Deus lembra e acolhe, fica com eles e lhes ajuda na caminhada.
Esse é o desafio de qualquer homem que serve ao Senhor, que se mantenha íntegro, que tenha responsabilidade com a família e com a sociedade, que tenha compromisso com a obra de Cristo e com sua igreja e que acima de tudo tenha convicção de sua fé em Jesus Cristo. Sim, é desses homens que Deus se lembra e visita, abençoando por várias gerações. E esse é o chamado para cada filho de Deus espalhado em qualquer lugar. Isso transcende denominação, mas é nesse dia especial de comemoração do Dia do Homem Batista, que lhes dedico essa mensagem, na esperança de que o caráter de cada um seja moldado e reflita a imagem daquele a quem servimos e nos dedicamos. Portanto, à pergunta – “Que é o homem Batista, para dele te lembrares?” – fica a minha humilde resposta: são os que temem ao Senhor e se deleitam nele, cumprindo seu chamado onde quer que estejam. Pois, se assim não for, para que nasci? n
Que é o Homem Batista, para dele te lembrares?
Raimundo Ribeiro Passos “Mas em certo lugar alguém testemunhou, dizendo: Que é o homem para que te lembres dele? Ou o filho do homem para que te interesses por ele?” (Hb 2.6) Com esse tema tento fazer uma paráfrase, mais criativa que reprodutiva, do texto bíblico, para expressar a ideia de uma comemoração tão importante para os homens Batistas. A comemoração a que me refiro, há tempos memorada, acontece sempre no primeiro domingo de junho, o Dia do Homem Batista. Lembro-me dos jograis e das atividades realizadas, quando ainda na infância me converti numa pequena Igreja no bairro de Bela Vista em Teresina-PI, mas que teve bastante influência na minha formação. Lá haviam homens valorosos (alguns já estão com o Senhor) que se dedicavam ao trabalho secular, mas davam de si mesmos para a construção do reino de Deus naquele bairro.
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OBSERVATÓRIO BATISTA
COVID-19: redescoberta da dialética entre o sagrado e o profano!? Lourenço Stelio Rega Tão sério é este momento que tem sido chamado de o “grande reset” a partir da constatação do diretor executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab. A palavra reset vem do mundo da computação, quando necessitamos reinicializar o sistema operacional de um computador, tablet ou celular. Nesse processo, as variáveis ou referenciais que controlam o sistema são originalmente recolocadas e o sistema volta ao seu estado funcional. Só que nesse grande reset, as variáveis originais ou desapareceram ou foram alteradas em sua maioria. A vida continua, mas muita coisa está diferente, o jeito de vermos as pessoas, o mundo não é e nem será o mesmo. Já escrevemos inúmeros artigos aqui nesta coluna demonstrando diversos detalhes e as variadas transformações e disrupções que estão e estarão ocorrendo no cotidiano, na vida profissional, na sociedade, na economia. Como já dissemos, não existe um manual para sabermos lidar com todas as situações novas que surgiram e surgirão. Muitas pessoas que foram contaminadas pelo SARS-Cov-2, vírus que causa a COVID-19, e foram curadas estão e passarão por sequelas ainda desconhecidas. Uma das variáveis ou referenciais da vida que passa por profundas transformações, especialmente no mundo ocidental, está localizada no terreno da assepsia e higiene. O consumo de álcool seja líquido, seja em gel ou mesmo em spray está em crescente consumo. O uso de detergentes e outros produtos para a limpeza de quase tudo tem aumentado nas vendas. A cada momento limpamos nossas mãos e os objetos com esse poderoso líquido para que possamos concretizar verdadeira “operação militar” de guerra contra esse microrganismo devastador que já devorou milhões de vidas. Muitas perguntas surgem nesse processo de assepsia, por exemplo, há um efeito residual protetivo do álcool após a sua aplicação? Especialistas dizem que nem sempre e que dependerá também da carga viral em que entramos em contato. Pesquisas ainda demonstrarão os efeitos da utilização de tanto álcool nesse processo de limpeza e higienização de nossas mãos. Por exemplo, é sabido que temos micro-organismos chamados de
“bons” em nossas mãos, que formam como que uma espécie de flora bacteriana residente em nosso organismo, além da presença natural de microrganismos patogênicos. Então, ao higienizarmos as mãos, poderemos matar os dois tipos de microrganismos. O que se conhece é que os micro-organismos chamados de “bons” se localizam em camadas mais internas da pele e logo poderão ser restabelecidos. Mas, será que com tanta higienização isso de fato não será afetado? Além disso, com tanta limpeza será que estaremos vulneráveis aos micro-organismos por não termos mantido a necessária produção de anticorpos como normalmente nosso corpo faz em situação comum? Muitas dessas perguntas surgirão e os especialistas poderão nos ajudar com as respostas. Mas, e o título do artigo, o que tem a ver com tudo isso? O título vem dos estudos do campo da religião e residem nas pesquisas do romeno Mircea Eliade, cientista das religiões, filósofo e romancista, naturalizado norte-americano em 1970, ao afirmar que o universo religioso é tingido pela noção de sagrado e de profano. Me acompanhe neste raciocínio comparativo. Quando estamos alterando toda rotina de acesso a locais, seja em uma loja, seja na empresa ou em outro lugar, para ficarmos longe do que é impuro (micro-organismos, vírus, bactérias etc.) estaríamos criando um imaginário de separação de algo que nos prejudica. Em nossos lares, a situação ainda é mais rigorosa. Antes vínhamos da rua e entrávamos com os sapatos sujos (com a sujeira do mundo) e andávamos pela casa toda. Agora tudo mudou. Os sapatos ficam do lado de fora, pois estão impuros; o que vem para dentro de nosso lar deve passar por um processo de higienização rigorosa. Compras, sejam quais forem, de alimentos, medicamentos e outros objetos são colocadas em algum lugar separado, depois de limpos podem ser disponibilizados. Andar descalço ou de chinelos em casa virou o padrão. Lavar as mãos virou todo instante virou rotina. E quando não o fazemos logo sentimos que estamos permitindo que a sujeira do mundo esteja invadindo nosso lar. Nesse conceito religioso entre o sagrado e o profano acrescenta-se ainda o tocar em objetos impuros, que vai exigir a purificação do corpo à semelhança de
tocarmos objetos enquanto estamos fora do sacrário doméstico - o templo da pureza - exigirá que higienizemos as mãos ao chegarmos do mundo profano e impuro contaminado pelo vírus. Então poderemos incluir nesse processo de higienização e “purificação” até mesmo tomar banho, trocar de roupas colocando-as imediatamente para lavar. Assim poderemos pensar que o sagrado está ligado com um mundo transcendente e o imaginário promovido por esse sagrado pode nos trazer à recordação um local perfeito e separado, isento de sujeira. Um templo religioso por exemplo, nestes termos, é um local considerado puro e separado da impureza do mundo secular, do mundo profano. Ou mesmo um “profissional do sagrado”, (Max Weber | Pierre Bourdieu) que é considerado alguém separado para o “sacerdócio”. Já o profano está ligado com a vida, com o pecado, com os riscos e perigos de decisões imperfeitas. Do ponto de vista desse imaginário, que me parece estar enraizado em nosso arquétipo existencial (para nos valermos de um conceito essencial de Carl Gutav Jung, aplicando a mesma ideia essencial aqui) quando cuidamos em manter a limpeza e a separação de nosso lar do que é sujo e “profano” do mundo dos micro-organismos, nos sentimos seguros lá no fundo de nossa alma e esperamos ser recompensados por evitar a contaminação. Nos sentimos “sagrados” por ter “pago o preço do trabalho da assepsia” e não seremos violentados por essa amaldiçoada doença. E aqui entramos com outro conceito do campo dos estudos religiosos que nos é trazido pelo francês Rene Girard, quando nos ensina sobre a violência e o sagrado, em que a vivência do sagrado de certa maneira tem coligações com a violência e, de fato, estamos o tempo todo “matando” os vírus, pois, sem isso, eles é que poderão nos matar. Pierre Bourdieu até menciona em seus estudos que o campo da religião é um campo de forças e o mesmo se dá no combate às doenças onde a força é exercida pela capacidade diagnóstica dos profissionais da saúde e os recursos poderosos dos medicamentos. Associando aqui a concepção weberiana de que esses profissionais da saúde seriam como que profissionais do sagrado que agem como sacerdotes intermediários entre a agressividade dos
vírus e a nossa libertação deles. Comparações e comparações podem também nos ensinar detalhes importantes para a vida. Em primeiro lugar, o cuidado com a saúde, com o corpo, que no campo da ética classificamos como “Somatoética” (do grego “soma” = corpo), passa a ser prioridade prioritária. A preservação da vida pessoal, mas também a do outro demonstra solidariedade, bem ao estilo do ensino do Mestre Jesus, que nos fala do segundo mandamento de amar o próximo, mas também como a nós mesmos nos amamos. Em outras palavras, se valorizamos a nossa vida e ansiamos por preservá-la, é nosso compromisso a reciprocidade em preservar e cuidar para que o nosso próximo não seja contaminado. Além disso podemos aprender que o desejo da limpeza, do afastamento da contaminação, vá além do nível físico e se estenda também à saúde emocional e mental, e, por que não também espiritual? Nesse rumo, já se fala em “Sindemia”, que é mais do que pandemia. A palavra “Sindemia” tem o sufixo “sin” (vem do grego syn – com), que tem o aditivo agravante de inserir outros componentes, que vão além do biológico pandêmico, pois aponta para a necessidade de se reverter desigualdades sociais, vulnerabilidades, doenças não transmissíveis (DNT’s), tais como hipertensão, diabetes etc., e, seria possível até acrescentar os males emocionais e mentais que, a cada dia mais, afetam milhões de pessoas. Esse conceito da sindemia aponta para o cuidado integral da pessoa. Mas é possível também acrescentar a necessidade de que cada pessoa cuide de sua história pessoal para que possa ser “sagrado”, isto é, ser legado e exemplo para as futuras gerações. Viver a vida como seu próprio gestor da construção de um projeto saudável e perene passar também a ser prioridade. E, nesse rumo, a adoção de valores éticos sadios e construtivos de uma moral louvável, limpa, poderá ser um caminho para que as novas gerações possam se sentir mais seguras. Aqui, novamente, levanto o desafio de buscarmos o trajeto de uma ética mínima, que possa superar as diferenças humanas, sejam políticas, sejam religiosas ou de outro tipo. Espero que este artigo seja um passo para esta busca. Contatos: rega@ batistas.org. n