OJB Edição 33 - Ano 2017

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ISSN 1679-0189

o jornal batista – domingo, 13/08/17

Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira

Fundado em 1901

Ano CXVI Edição 33 Domingo, 13.08.2017 R$ 3,20

Paternidade: momento de refletir a imagem de Deus Segundo domingo de agosto: Dia dos Pais Missões Nacionais

Notícias do Brasil Batista

Operação Jesus Transforma Sertão alcança milhares de sertanejos com o Evangelho

Instituto de Inverno da Jubalp desperta jovens para vocação missionária

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Notícias do Brasil Batista

Notícias do Brasil Batista

PIB no Cruzeiro Novo - DF comemora 30 anos de organização

Embaixadores da PIB Muriaé - MG celebram promoção de posto

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reflexão

EDITORIAL O JORNAL BATISTA

Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Vanderlei Batista Marins DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIA DE REDAÇÃO Paloma Silva Furtado (Reg. Profissional - MTB 36263 - RJ) CONSELHO EDITORIAL Celso Aloisio Santos Barbosa Francisco Bonato Pereira Guilherme Gimenez Othon Avila Sandra Natividade EMAILs Anúncios e assinaturas: jornalbatista@batistas.com Colaborações: decom@batistas.com REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Caixa Postal 13334 CEP 20270-972 Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.batistas.com A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Infoglobo

Oportunidade para ser melhor

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a maioria das vezes, quando alguém escreve sobre Dia dos Pais ou Dia das Mães, a palavra é direcionada aos filhos, instruindo para sempre amarem, ouvirem e respeitarem seus pais. Tudo isso está correto, a Palavra nos ensina assim. Mas hoje, em especial, o recado é para você, pai! Será que você tem desempenhado esse papel da maneira correta? Constantemente, o homem acha que sua contribuição se limita a trazer o alimento do filho, dar o que vestir, brinquedos, ou fazer a vontade dele, mesmo não concordan-

do, só para a criança dar um tempo de alívio. Mas não é bem assim. O pai deve dar suporte em todos os momentos, seja na hora de dar banho, comida, levá-lo até a escola, ajudar no dever de casa. Essas atitudes, por mais simples que sejam, ajudam a fortalecer o vínculo entre pais e filhos. Na adolescência, a situação fica um pouco mais complicada. Se você não foi presente durante a infância do seu filho, para conseguir essa aproximação nessa fase da vida dele é mais difícil. É bem capaz dele jogar tudo isso contra você. Passar por

esse tipo de situação não deve ser bom, não é mesmo? Na Bíblia temos ótimos exemplos de pai, como Jairo, que mesmo com a filha já morta, não desistiu e foi até o Mestre, que a ressuscitou. Que você também não desista do seu filho, mesmo que ele esteja mergulhado em uma situação que, aos nossos olhos, seja irreversível. Outro pai que serve de lição para todos os outros, é o pai do filho pródigo, parábola contada por Jesus. Ele representa o próprio Deus, que mesmo com todos os erros do filho, ainda o ama com verdade, de todo o

coração e sempre estará de braços abertos para recebê-lo. Que belo exemplo! Você pode começar agora mesmo. Abrace, beije seu filho. Aproveite cada momento que tiver para amá-lo. Ensine a ele (ou a eles) que Jesus é o único e melhor caminho. Leia a Bíblia, faça devocionais, entoem canções que exaltem ao Pai Celestial. Que a cada amanhecer, a vontade de ser melhor seja renovada em sua vida, pai! Tenha o nosso Deus como espelho e, com certeza, você será bem-sucedido nessa preciosa missão. Feliz Dia dos Pais!


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bilhete de sorocaba JULIO OLIVEIRA SANCHES

Adolescente e as fases da lua

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adolescente não sabe sequer ser jovem ou voltar a ser criança. Dúvida cruel na mente dele, pois ouve dizer que já é responsável por seus atos e, logo a seguir, a contestação de que ainda não possui maturidade para tomar decisões. Tem liberdade, mas não total. Há limites que precisam ser respeitados, caso não queira perder os privilégios conquistados. O adolescente não consegue ter autoentendimento. Compreender os pais ranzinzas, nem pensar! São ultrapassados. Deseja se livrar dos pais, dos professores, da Igreja e de qualquer coisa que signifique impedir o exercício pleno da liberdade que crê possuir. Às vezes, quer morrer, só para castigar aqueles que tentam oferecer-lhe o

melhor. Quer mudar o mundo, gerar um lugar de plena felicidade, onde só exista amor; sem livros, sem horários pré-fixados, sem provas, sem necessidade de arrumar a bagunça e a desorganização do quarto. Afinal, por que arrumar a cama se vai usá-la ao anoitecer? Perda de tempo, de mãe intransigente. O adolescente gosta de conversar amenidades com os amigos da mesma idade, mas sem compromisso em manter fidelidade no futuro. Crê que o universo inteiro está errado. Deseja consertá-lo, mas não sabe por onde começar. Talvez mudando os pais. Sonha em deixar o lar e viver sozinho em um lugar utópico, onde as coisas não exijam compromisso. Onde seja possível passar a noite acordado e depois dormir até acordar.

O humor adolescente é variável como as fases da lua ou as ondas do mar. Há dias em que parece lua cheia. Alegre, feliz, sorridente, bem-humorado, com desejo de correr pelos jardins apanhando flores inexistentes. Todo cuidado é pouco com o humor adolescente. Por ser variável, pode mudar antes do meio dia. Com facilidade, sai da lua cheia para a minguante. Parece que falta algo. O sorriso desaparece e o choro inexplicável ocupa as ações e os relacionamentos. Em outros momentos, se apresenta como lua nova, esbanja alegria e esperança. O mundo é igual ao céu estrelado, repleto de estrelas, com futuro promissor. Na fase da crescente, tudo pode acontecer. Sonha com o maravilhoso mundo novo, que existe em seu cérebro em ebulição.

Alegria e tristeza misturam-se, deixando pais e líderes em polvorosa. Ficam sem saber como podem ajudá-lo. Ao tentar o diálogo recebem como resposta o mutismo, arma secreta capaz de alcançar outros continentes. Arma que o protege nas fugas premeditadas. Tudo isso e muitos mais faz do adolescente um ser maravilhoso e desafiador. Seu jeito de ser desafia-nos a entender e até mesmo adivinhar o que desejam. Às vezes, os pais precisam ser adivinhos, procurando nos detalhes as respostas desejadas. Quando salvo verdadeiro, o adolescente leva a vida cristã a sério. Assume responsabilidades e as cumpre com dedicação. O difícil é lidar ou ajudar aqueles adolescentes que vivem no limite da dúvida ou da certeza. Há ocasiões em que se mostram

convictos da experiência assumida com Cristo, mas, em outras ocasiões, levados pela dúvida somada aos exemplos de pais, líderes e demais salvos, terminam por abandonar a Igreja e o lar. Este é o momento crucial na vida dos pais e da Igreja na tentativa de atendê-los. Oferecer o melhor, envolvendo-os com amor e compreensão, para que Cristo se torne real na vivência prática do adolescente. Evitar para que se desviem, eis o grande desafio. Ame seu filho (a) adolescente. Reserve tempo para ouvir suas histórias, experiências, sonhos e desventuras. Deixe que ele (a) deite novamente em seu colo. Ore por ele (a) e com ele (a). Ganhar o adolescente para Cristo significa salvar uma alma do inferno e livrar uma vida das lágrimas futuras.

Adolescentes seguindo os passos de Jesus Jeferson Cristianini, pastor, colaborador de OJB

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esus é o nosso maior exemplo. Como Salvador e Senhor, Ele nos inspira em tudo. A Bíblia pouco registra Sua infância e juventude, mas temos o relato de Jesus, nosso Mestre, com apenas 12 anos, dialogando com os doutores. A família de Jesus, Maria e José foram até Jerusalém para a Festa da Páscoa, cumprindo todos os ritos judaicos da época (Lucas 2.41). Jesus foi instruído na Lei de Moisés. Como

uma criança aprendeu a Torá e suas interpretações. Maria e José levaram o adolescente Jesus com 12 anos, “Segundo o costume da festa” (Lc 2.42). O povo subia a Jerusalém em romaria, ou seja, várias famílias iam cantando rumo ao Templo, e depois voltavam juntas. A comunhão das famílias era uma das marcas desse transito até Jerusalém. Seus pais pensaram que Jesus estava junto ao povo que voltava de Jerusalém, e depois de um dia sentiram falta dEle. Eles passaram a procurá-Lo entre os parentes e conhe-

cidos, e não encontraram, assim precisaram voltar a Jerusalém (Lucas 2.44-45). Após três dias, seus pais O acharam. O adolescente estava “Assentado em meio aos doutores, ouvindo e interrogando-os” (Lc 2.46). Jesus aprendia e questionava o que ouvia, revelando Sua inteligência e busca pela verdade de Deus. Um adolescente de 12 anos conversando com doutores. Um garoto conversando em alto nível sobre as verdades de Deus. Dá para imaginá-lo questionando as errôneas interpretações da Lei e fa-

zendo severas críticas, como fez durante Seu ministério em relaç ão aos fariseus e escribas? Um adolescente debatendo conhecimento, aprendendo e questionando. Sua presença em meio aos doutores e suas colocações fazia com que os presentes ficassem admirados com a inteligência do adolescente Jesus e com as suas claras e profundas respostas (Lucas 2.47). Seus pais, ao verem Jesus, ficaram maravilhados por vê-Lo naquele contexto. Maria exclamou: “Filho, por que fizeste assim conosco? Teu

pai e eu, aflitos, estamos à tua procura”, e Jesus respondeu assim: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa do meu Pai?” (Lucas 2.48-49). A resposta de Jesus é contundente. Nossos adolescentes precisam ter essa consciência, aprender com Jesus, a buscar as coisas de Deus, nosso Pai. Que nossos adolescentes cresçam aprendendo, ouvindo e dialogando. Que sigam os passos de Jesus e cresçam em “Sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52).


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No Dia do Pai, dêlhe um abraço, um ósculo e lhe diga: “Jesus te ama!” D’Israel (Israel Pinto da Silva), membro da Quarta Igreja Batista do Rio de Janeiro, colaborador de OJB

Quer ver no teu rosto somente alegria Por poder abraçar seu pai neste dia De grandes folguedos; comemorações.

Ama teu pai em todos momentos Não te esqueça - Ele é teu Pai Aproveita teu tempo para dizer-lhe: “Jesus te ama e eu também” Mata o desejo do teu coração Se erraste com ele, lhe peça perdão E diga pra ele - “És o meu pai Quem me gerou A mim colocou no mundo!”. Fale com ele, não o abandone Foi ele quem deu pra ti o seu nome Não decepcione teu pai, meu irmão Grite bem alto, diga: “Papai!” Não seja com ele indiferente Porque eu bem sei que és um cristão Um crente em Jesus Que não andas nas trevas espirituais Porque encontraste na terra sua luz! Aceitastes a Cristo como teu Senhor e teu salvador. Muitos gostariam de ter um pai E não têm Não o conhecem, não sabem onde estão Não podem guardá-lo no seu coração Da forma que podes assim fazer... Não ter o desvelo que tem por ti! Deixe de lado tuas desavenças Elimine o ruim que dele tu pensas E parta correndo para abraçá-lo Para beijá-lo; dizer que o ama! Agora és um filho de Deus; nova criatura Beija seu rosto acariciando calidamente Saia depressa de cima do muro da inconsequência Entre na frequência dos filhos da luz! Cumpra o papel de um bom cristão Jesus é amor, perdão, parceria

Jogue-se nos braços de quem te anseia De quem te acorda; te faz o café. De quem sai na chuva por ti procurando Quem vai conferir se estás estudando De quem muitas vezes está vigiando Querendo saber o que estás fazendo! Ame teu pai; ele é teu amigo Ele te ama do fundo do seu coração Não quer te ver no mundo em perigo Ora por ti; suplica a Deus: “Cuida do meu filho; suplico, meu Deus! Livra meu filho de todo mal Faça que ele vença na vida, Senhor Que seja um homem espiritual Tema a Ti; O respeite; obedeça Que ele cresça na Tua seara Que seja para Ti uma vara com frutos Aquela figueira cheia de valor Fazendo a sua vontade com sabedoria Cheio de alegria; satisfação! Que não abandone o Teu bom caminho Que pegue a Bíblia pra ser estudada Não venha na sua velhice dizer: ‘Na vida não tenho contentamento!’” Respeite teu pai; peça-lhe conselhos Não fique irritado, se mete os bedelhos Na sua mochila pra ver o que nela levas Ele te ama e quer a tua felicidade Fique satisfeito se ele disser O que está escrito em Josué Capítulo 24, versículo 5b: Eu e minha casa serviremos ao Senhor! Agradeça a Deus por tê-lo ao teu lado Vai ficar feliz se for abraçado e ouvir de ti: “Jesus te ama!”

GOTAS BÍBLICAS NA ATUALIDADE OLAVO FEIJÓ pastor, professor de Psicologia

Abre meus olhos, para que eu veja

rei da Síria resolveu atacar Israel. Por causa da oração do profeta Eliseu, todas as investidas foram neutralizadas pelo Senhor. Irado, o rei inimigo mandou toda a sua tropa, para aniquilar de vez os israelitas. O empregado de Eliseu, ao ver o poder adversário, ficou apavorado. Foi aí que o profeta resolveu orar pelo reforço da fé daquele jovem. “Então, orou assim: ó Senhor Deus, abre os olhos do meu empregado e deixa que ele veja! Deus respondeu à oração dele. Aí o empregado de Eliseu olhou para cima e viu que ao redor de Eliseu o morro estava coberto de cavalos e carros de fogo” (I Rs 6.17). Afinal de contas, o que é a realidade? As investidas do

maligno, que nos dão medo e nos fazem sofrer, ou o poder do Senhor, que nós temos o direito de invocar, mediante nossa oração? A narrativa bíblica nos revela que as tribulações nos trazem sofrimento real. E nos mostra, também, que o poder salvador do nosso Pai sempre está à nossa disposição, desde que reconheçamos Sua misericórdia e aceitemos Seu senhorio. Nossas orações são inadequadas e, por isso, temos a tentação de não continuar clamando. Paulo, sabendo disso, nos ensinou: “Nós não sabemos como devemos orar, mas o Espírito de Deus, com gemidos que não podem ser explicados por palavras, pede a Deus em nosso favor” (Rm 8.26). Os olhos da nossa fé nem sempre enxergam aquilo que Deus quer que vejamos. Por isso, a solução é orar como Eliseu. Abre, Senhor, os nossos olhos. Capacita-nos para enxergar a solução que Tu já providenciaste. Abre meus olhos, Senhor, para que eu veja e Te glorifique, no meio das Tuas soluções!.

logo identifica os dois por essa semelhança. Se antigamente o filho tinha que seguir o pai até na profissão, hoje em dia o que mais importante é o caráter e o jeito de conduzir a vida. O maior orgulho de um pai deve ser o de ver no seu filho uma “versão melhorada sua” e não uma piorada, pois se

isso ocorrer, algo em sua missão falhou. Assim como podemos seguir o melhor dos exemplos, o do Pai dos pais, o nosso Deus, que os pais deste mundo possam deixar um legado de trilhas a serem seguidas por seus filhos, como conselhos gravados em suas memórias para todo o sempre.

“E orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (II Rs 6.17).

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Pai: o exemplo que convence Rogério Araújo (Rofa), escritor, jornalista, diácono da Igreja Batista Neves - São Gonçalo - RJ, colaborador de OJB

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o contrário do que muitos acham por ser um “machão”, ser pai não é apenas colocar um filho no mun-

do; isso é algo muito fácil. O difícil é criar o filho, dar instrução e cumprir essa nobre missão na vida: ser pai. E quem acha que não importa as suas atitudes, e segue a famosa frase “Faça o que eu digo, e não o que eu faço”, não sabe o enorme poder de sua imagem para o filho. Uma frase das mais podero-

sas e que vale a pena pensar é que “A palavra convence, mas o exemplo arrasta”. De nada adianta falar na teoria se, na prática, o que se prega não é seguido nem por quem falou. Por muitas vezes podemos ver um filho repetir gestos e ações do pai que, ao ser observado por alguém de fora,


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Um grande homem José Manuel Monteiro Júnior, pastor, colaborador de OJB “Pela fé, Moisés, apenas nascido, foi ocultado por seus pais, durante três meses, porque viram que a criança era formosa; também não ficaram amedrontados pelo decreto do rei” (Hb 11.23).

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em sombra de dúvida, Moisés foi um dos líderes mais importantes do Antigo Testamento. O evangelista Lucas afirma que Moisés teve uma excelente educação: “E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e

era poderoso em palavras e obras” (At 7.22). Moisés foi um homem piedoso. Sua vida espiritual era consistente. Ele conhecia Deus de forma íntima. “Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor; como, pois, não temestes falar contra o meu servo, contra Moisés?” (Nm 12.7-8). Ele foi o homem escolhido por Deus para libertar o povo de Israel da escravidão do Egito. Guiou o povo pelo deserto até a terra prometida. Recebeu e transmitiu

as leis de Deus (Decálogo). Enfim, foi um líder ímpar e um grande homem. Podemos destacar três coisas acerca deste homem. Em primeiro lugar, um grande homem é conhecido pelo preço que está disposto a pagar (Hebreus 11.24-25). Como filho adotivo da princesa Egípcia, Moisés poderia ter levado uma vida tranquila no palácio. Ele escolheu ser maltratado, em vez de permanecer no conforto e na segurança do palácio. E por estar à frente do povo de Deus, pagou um preço elevado. Liderar não é fácil. Qual é o preço pago pelo líder? O líder é aquele que

Mais perto quero estar Antônio Mendes, pastor da Primeira Igreja Batista em Atibaia - SP “Pai, meu desejo é que aqueles que me deste estejam comigo onde eu estiver, para que vejam a minha glória” (Jo 17.24).

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desejo de Jesus é estar bem perto de nós e isso chega a ser incompreensível. Que vantagem Ele tem ao ficar perto de pessoas que não gostam tanto de estar onde Ele está? Nenhuma, mas seu impressionante amor pelos seus filhos é o que O faz misericordioso, nos amando como somos. Ele quer que vejamos a Sua glória. Dentro do contexto do texto bíblico, esta glória é percebida por meio da

obediência. Jesus quer que vivamos perto dEle, onde Ele estiver, e O glorifiquemos pela obediência. Isso me lembra o título de um clássico evangélico: “Em seus passos, o que faria Jesus?”. Existem alguns princípios que parecem estar esquecidos em nossos dias: • Amizades inconvenientes: “Não faças amizade com uma pessoa briguenta, nem andes com o homem que logo se enfurece; para que não aprendas seus costumes e te deixes cair em alguma armadilha” (Pv 22.24-25). • Namoro misto e sociedade com incrédulos: “Não vos coloqueis em jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade

tem a justiça com a injustiça? Que comunhão há entre luz e trevas?” (II Co 6.14). • Vestimenta indecente: “Do mesmo modo, quero que as mulheres se vistam com decência, modéstia e discrição, não com tranças, nem com ouro ou pérolas, nem com vestidos caríssimos” (I Tm 2.9). Estes são princípios que, quando quebrados, entristecem e nos distanciam de Jesus. Ele nunca estará conosco se vivermos nessa prática. Estes princípios não glorificam a Deus. Não nos esqueçamos: “Alguns de vós éreis assim. Mas fostes lavados, santificados e justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” (I Co 6.11).

convive com as críticas. Uma vez que se posiciona em uma determinada situação, certamente contrairá interesses particulares e, consequentemente, será alvo de duras críticas. O líder é aquele que toma decisões impopulares. Liderar é ter coragem de tomar decisões, escolher os melhores e descartar opções inadequadas. Em segundo lugar, um grande homem é conhecido por sua empatia (Hebreus 11.25). Moisés identificou-se com o povo aflito de Deus. Empatia significa esvaziar-se do seu eu e colocar-se, literalmente, no lugar de outra pessoa. Moisés não foi indi-

ferente à dor de seu povo. Diante da indiferença do nosso mundo, somos exortados a exercitar a empatia. Por último, um grande homem é conhecido por cultivar valores corretos. O pecado sempre cobra um preço terrível. O grande expoente da liderança John Maxwell, afirma: a) - O pecado sempre o levará para mais longe do que você gostaria de ir. b) - O pecado sempre o retém por mais tempo que você gostaria. c) - O pecado sempre custa mais do que você está disposto a pagar. Por esses motivos, considero Moisés um grande homem.

Saudoso pai Edgar Silva Santos, pastor da Primeira Igreja Batista Jardim Mauá - Manaus - AM Eu já não tenho o meu pai no mundo, Pois Deus o tomou para o seio eterno. Mas o sorriso franco, o vigor fraterno Povoam ainda meu cismar profundo. Foi um homem gentil, honesto e consistente; Pelo Senhor brandiu todo o desvelo E para os filhos todos foi modelo De pai extremoso e verdadeiro crente. Você, talvez, esteja muito triste E com a saudade que no peito insiste, Porque também perdeu seu pai um dia Saiba, por certo, Deus o reclamou Para vibrar as cordas do louvor No musical supremo da alegria!


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Eram dois irmãos Manoel de Jesus The, pastor, colaborador de OJB

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entre muitos outros, destacaram-se dois. Um, pelo bom exemplo, e o outro, pelo mau exemplo. Em Sua infinita misericórdia, Deus manteve ambos em Seus planos. O capítulo 38 de Gênesis lembra muitos episódios atuais. Lembra-nos de jovens afastando-se das Igreja, onde nasceram de família genuinamente cristã ou foram convertidos na pré-adolescência.

Judá passava por um momento crítico. Assistiu e participou da injustiça feita ao seu irmão caçula, José. Estaria meio depressivo por causa do acontecimento? Estaria decepcionado consigo mesmo e com os irmãos? Bem, não sabemos a causa, mas sabemos que fez uma grande bobagem. Saiu dentre os privilegiados pela aliança feita aos descendentes de Abraão, e foi juntar-se aos cananeus. Como é comum essa decisão nos dias de hoje! Judá intentou aplicar os princípios vigentes entre os patriarcas, no ambiente em

que fora viver. É o mesmo erro cometido por alguns crentes. Quem faz isso só cria inimizades. Seu primogênito ofendia a Deus e foi punido com a morte. Ordenou ao irmão mais novo gerar descendência com a viúva em lugar de seu irmão falecido e foi punido. Ficou esperto, arranjou uma desculpa, e temeu a morte do caçula. A viúva percebeu, armou-lhe uma cilada e ele caiu em incesto com a própria nora. Já que o “salário do pecado é a morte”, isso se cumpriu com as trapalhadas de Judá.

O interessante é que, no capítulo seguinte, José, tido como morto (pois sabiam como eram tratados os escravos naqueles dias e entre aqueles povos) estava vivo, bem vivo. José, seu irmão caçula, agia de forma contrária. Em vez de buscar o adultério, rejeitava-o. José foi um símbolo de Cristo, o Deus tido como morto, que está vivo, e, com Sua morte e ressurreição salvou e continua salvando milhões. José também salvou sua família e milhares de egípcios. A trapalhada de Judá só não terminou pior porque

Deus é misericordioso e nada O impede de alcançar Seus propósitos. Judá, achando-se justo, ao aplicar sua justiça descobre que a nora gentílica era mais justa do que ele, pois, na hora de executar sua sentença, vendo a prova de sua culpa, afirma: “Mais justa é ela do que eu”. Nos dois capítulos, tão contraditórios, são exemplos vivo de que o Evangelho está inserido no livro de Gênesis, bem como em todo o Antigo Testamento. A escolha é de cada um de nós. Qual dos dois imitar?

Como ser querido pelas pessoas

Davi Nogueira, pastor, colaborador de OJB 1) - Seja sincero “A resposta sincera é como beijo nos lábios” (Pv 24.26). • Salomão diz que a sinceridade é gostosa para

os momentos; é um irmão gue o princípio de Jesus. a vida. 3) - Seja humilde na adversidade” (Pv 17.17). • A humildade é conta• Seja transparente. “Bem-aventurados os hu• Salomão diz que a ami- mildes, pois eles receberão a • Não iluda. giante. • Seja quem você é, não zade é uma demonstra- terra por herança” (Mt 5.5). uma pessoa “fake”. • Mateus ensina que a ção de amor. Conclusão: humildade gera recom• Amigos são anjos. “Seja uma pessoa que to2) - Seja amigo • Você tem o melhor amipensa. dos fazem questão de ter ao “O amigo ama em todos • Uma pessoa humilde se- lado!”. go: Deus.


7 Operação Jesus Transforma Sertão alcança milhares de sertanejos com o Evangelho o jornal batista – domingo, 13/08/17

missões nacionais

Voluntários em Marcolândia - PI

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povo sertanejo foi impactado pelo poder do Evangelho durante os últimos 15 dias do mês de julho. Entre os dias 14 e 31, mais de 200 irmãos de todo o Brasil foram voluntários em cinco bases no sertão nordestino: Marcolândia - PI, Barreiras - BA, Juazeiro - BA, Petrolina - PE e Exú - PE. O pastor Fernando Brandão visitou algumas das comunidades que receberam os voluntários e viu de perto os resultados da evangelização dos sertanejos. Leia abaixo os resultados de cada base.

Pastor Fernando Brandão em Juazeiro - BA

nadas pelo missionário Rafael Lucchiari, foram cerca de 85 voluntários atuando em quatro comunidades de Pernambuco e três da Bahia. Uma caravana da Igreja Batista da Orla de Vila Velha - ES participou com 80 voluntários. A Igreja também levou para o sertão mais de duas toneladas de alimentos, cinco mil pares de calçados novos e centenas de peças de roupas ajudaram na construção de templo e de uma casa missionária.

Exu Em Pernambuco, as ações Juazeiro e Petrolina tiveram como base a cidade Nas bases de Juazeiro - de Exu, sob coordenação BA e Petrolina - PE, coorde- do missionário Geivesson.

O trabalho dos voluntários juntamente aos Radicais alcançou diversas comunidades no redor e consolidou o trabalho que tem sido feito na região através de Pequenos Grupos Multiplicadores e Relacionamentos Discipuladores. Durante o Culto da Vitória foram celebrados batismos, o aniversário da Igreja e o casamento de um casal de idosos com mais de 70 anos.

Batismos em Bom Jesus da Lapa - BA

dagens evangelísticas, ações sociais e de compaixão e graça. Durante os dias de operação foram feitos procedimentos odontológicos, atendimentos médicos, distribuídas 840 cestas básicas e milhares de peças de roupas e sapatos. O Culto da Vitória foi uma noite de festa pelas 125 pessoas que entregaram a vida a Cristo durante a operação. A celebração, que contou com a presença de 580 pessoas, Bom Jesus da Lapa foi marcada com o batismo Em Bom Jesus da Lapa - de 32 novos irmãos alcançaBA, onde atua o missionário dos através do trabalho feito Ralison Endrigo, 155 volun- nas comunidades. tários vindos dos estados de São Paulo, Tocantins Marcolândia e Bahia participaram das Em Marcolândia - PI, camações, que incluíram abor- po do missionário Alexandre

Ataíde, 50 pessoas de cinco estados diferentes participaram das atividades de evangelização em cinco localidades. Na região, 270 pessoas ouviram o Evangelho por meio dos voluntários e, desses, 51 aceitaram a Cristo como Salvador. Os voluntários fizeram duas edições da “Tarde Feliz”, com brincadeiras, evangelização, louvor e lanche, recebendo 306 crianças nas duas tardes. Ao todo, 103 crianças ouviram sobre Cristo individualmente e 28 aceitaram Jesus. Os resultados foram de 402 folhetos distribuídos, 20 pessoas integradas aos PGMs e 155 estudos bíblicos realizados.


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notícias do brasil batista

Primeira Igreja Batista no Cruzeiro Novo - DF celebra 30 anos firmada na Palavra Saulo Pimentel Wulhynek, primeiro-secretário da Primeira Igreja Batista no Cruzeiro Novo - DF “Bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam” (Lc 11.28).

Da esquerda para a direita: Manoel Neto, Orlando Palhares e ste ano, a Primeira Igre- Evaldo Palhares (irmãos, conferencistas do evento e membros fundadores da Igreja), Jorge Luiz Gonçalves (pastor de jovens) e ja Batista no Cruzei- João Roberto Raymundo (pastor titular)

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ro Novo - DF (PIBCN) completou 30 anos de organização. Tempo de farta colheita proporcionada pela Graça de Deus! Localizada na XI Região Administrativa do Distrito Federal, situa-se em uma área de residências funcionais de militares, tendo, por isso, uma constante rotatividade da membresia. Ao longo deste tempo, cerca de 1300 pessoas já passaram pela Igreja, que, atualmente, possui 380 irmãos no rol de membros da sede. Tudo começou com um ponto de pregação em um apartamento alugado na Octogonal. A novel capital federal tinha, à época, apenas 27 anos de idade. Sendo uma cidade formada por pessoas dos mais variados rincões do país e com uma cultura carregada de simbologias místicas, desde cedo muito careceu da pregação do

Evangelho. O trabalho cresceu e frutificou até que no dia 26 de abril de 1987, a Igreja foi organizada com 28 membros, sob a liderança do pastor Alfon Kruklis. Desde então, a Igreja teve apenas três pastores: pastor Belmiro Monroe, de novembro de 1987 até agosto de 1989; pastor Admir Gregório dos Santos; e pastor João Roberto Raymundo, desde fevereiro de 1995 até hoje. Como sempre demonstrou preocupação em seguir fielmente os princípios bíblicos deixados pelo Mestre, razão que motivou o tema do aniversário, teve o cuidado de enviar 16 irmãos ao seminário para preparação teológica, dos quais dez foram ordenados pastores Batistas e dois em outras denominações. Ainda como parte do cumprimento desses princípios, a Igreja man-

tém trabalhos sociais de distribuição de cestas básicas, apoio psicológico à sociedade, apoio aos trabalhos da Cristolândia e da Casa Rosa, dentre outros. Com o coração ardente por missões, a Igreja tem buscado cumprir a comissão deixada pelo Mestre e registrada em Mateus 28.19-20, em todas as dimensões descritas em Atos 1.8b: “Tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. Isso trouxe como consequência natural, a expansão do trabalho. Assim, organizou três Igrejas: Igreja Batista Asa Sul, Primeira Igreja Batista de Ipaporanga-CE e Segunda Igreja Batista na Estrutural - DF e mantém três Congregações: em Arinos - MG, Recanto das Emas - DF e na DF-140, além do apoio à Congregação em Campos Lindos - DF.

Momento durante a pregação da Palavra de Deus

Além de apoiar e ter apoiado vários missionários pelo PAM, seus membros, pessoalmente, decidiram cumprir o Ide. Dessa forma, pelo menos 15 membros estiveram, nos últimos tempos, em 45 países, de quatro dos seis continentes, através de programas como Tour of Hope, Conexão, Radical e Voluntários Sem Fronteiras, além de apoios humanitários a regiões afetadas por catástrofes naturais. Também no território nacional, pelo menos cinco cidades foram alcançadas através do projeto Pés no Arado. Foi diante de todas essas vitórias que o aniversário da Igreja foi comemorado nos dias 28, 29 e 30 de abril, com grande alegria, através de uma conferência evangelística, com direito a festa, bolo e inauguração de uma placa comemorativa. Os mensageiros foram os pas-

tores Manoel Neto, Orlando Palhares e Evaldo Palhares. Três irmãos de sangue, enviados ao seminário e ordenados através da Igreja. Os dois primeiros são membros fundadores e o terceiro se converteu quando a Igreja tinha seis meses de organizada, acompanhando quase toda a sua trajetória. Os fatos aqui apresentados são, para a Igreja, motivos de extrema alegria. “Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres” (Sl 126.3). Foram lutas travadas no campo espiritual, como em toda Igreja, e ações realizadas, mesmo diante de problemas orçamentários e com falta de recursos humanos. Contudo, a luta não é nossa, “Pois o Senhor vosso Deus é o que vai convosco, a pelejar contra os vossos inimigos, para salvar-vos” (Dt 20.4).

Instituto de Inverno da Jubalp desperta jovens para vocação missionária Camila Garcêz, jornalista, membro da Igreja Batista no Jaraguá - SP

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Primeira Igreja Batista de São Vicente, no litoral Sul de São Paulo, recebeu este ano o Instituto de Inverno, de 24 a 29 de julho. Promovido pela Juventude Batista do Litoral Paulista (Jubalp), o evento conta com mais de 50 anos de tradição e reuniu cerca de 300 jovens por dia, com destaque para a sexta-feira, dia 28/07, que chegou a 500 pessoas com a apresentação da Cia de Artes Nissi. Com o tema “Permanecendo na Fé, Permanecendo na Missão”, o Instituto de Inverno

Evento teve bom público durante todos os dias

alcançou a expectativa dos organizadores, resgatando a comunhão entre as Igrejas regionais, além de promover muita oração e estudo da Bíblia. Durante os seis dias de evento, a juventude foi convidada a refletir sobre a missão vocacional, seja no seu cotidiano ou no campo missionário. “Todas as atividades

tinham como objetivo levar os jovens a continuarem firmes na fé”, contou o presidente da Jubalp, Diego Turato. As mensagens foram transmitidas pelos preletores pastor Michel (PIB de Bertioga), pastor Adilson (Convenção Estadual), pastor Alípio (JMM), pastor Sidney (IB Marapé) e pastor Sérgio Luizetto. Os

Programação reaproximou as Igrejas regionais

louvores que tocaram os corações foram entoados pelos grupos da PIB de Cubatão, IB Parque das Bandeiras, Comunidade Batista da Paz, G2:20 e Coral SIGA PIBIG. Há 10 anos pregando o Evangelho através da arte, a Cia Jeová Nissi abrilhantou a sexta-feira. Antes das celebrações, os participantes também tiveram

a oportunidade de aprender sobre sonoplastia, ação social, capelania, fotografia, filmagem, entre outros temas que contribuirão no auxílio à Igreja local. Mais de 40 Igrejas se envolveram, representando as cidades litorâneas de São Vicente, Praia Grande, Cubatão, Santos, Bertioga e Guarujá.


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missões mundiais

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Moda em Angola

Oficina de moda teve participação de alunos surdos

Willy Rangel – Redação de Missões Mundiais*

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ngola é o campo africano onde a missionária Analzira Nascimento, atualmente coordenando o Com.Vocação, serviu durante 17 anos de uma época em que o país viveu uma violenta guerra civil. Huambo, onde hoje está a missionária Rosângela Teck e é desenvolvido um ministério com surdos, recebeu Analzira e voluntários para uma ação que mobilizou crentes locais e permitiu maior integração dos surdos à Igreja e à sociedade. Foi o projeto Moda em Angola, que surgiu a partir de

conversas entre a missionária Rosângela Teck e a Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo - SP, sobre a inclusão, envolvendo pessoas com problemas de audição na cidade do Huambo, com a proposta principal de profissionalização/capacitação de surdos atendidos pelo projeto Pamosi, desenvolvido na Igreja Batista do Calvário, na cidade angolana. Analzira viajou a Angola com um grupo de quatro pessoas para essa ação e também outras, como saúde e apoio ao trabalho já desenvolvido por Missões Mundiais. Nesta equipe estava a estilista Neuzete Papp, a Neu, que se prontificou a ir, a fim de ministrar cursos de design,

Também houve atendimento médico a crianças

Desfile mobilizou Igreja Batista do Calvário, na cidade angolana do Huambo

molde e costura. Nos meses anteriores à viagem, que aconteceu de 22 de junho a 05 de julho, ela realizou um intenso trabalho de pesquisa, planejando e preparando uma coleção com mais de 40 peças confeccionadas cuidadosamente em tecidos africanos. Em Angola, Neu ministrou a 22 alunos, dos quais a metade era de deficientes auditivos; ninguém faltou uma aula sequer. Os alunos compartilharam também suas histórias de vida; mas muito mais do que expor as dificuldades que enfrentam, demonstraram imensa vontade de aprender e de realizar. Eles falaram de seus sonhos e perspectivas de futuro. Havia entre os alunos

pessoas cursando a faculdade ou mesmo já formadas, mas que buscavam ali uma ampliação dos seus horizontes. O encerramento do curso foi marcado por um desfile aberto para a comunidade, realizado na Igreja Batista do Calvário. O evento despertou a curiosidade do público, que compareceu em peso. Uma rede de televisão também cobriu o desfile. Ao fim do projeto, a liderança recebeu tecidos, material para confecção e duas máquinas de costura para que os alunos, em regime de cooperação, levem adiante o empreendimento. As peças confeccionadas para o desfile também foram doadas à Igreja para servirem de peça-

-piloto. Paralelamente, a voluntária e médica Michelly Breitas realizava atendimentos nas dependências da Igreja. A prioridade foi o atendimento às crianças, mas adultos também foram consultados. O sucesso dessa empreitada pode ser resumido por uma frase dita por uma das pessoas da equipe de TV: “Um evento como esse não é para acontecer nas dependências de uma Igreja no Huambo… É para toda Angola”. A semente plantada pelo projeto Moda em Angola agora está sob os cuidados de Missões Mundiais. *com informações de Renato Alt, voluntário Com. Vocação

Oriente Médio: resposta de intercessão Marzuq e Sarah Marques – Missionários de Missões Mundiais no Oriente Médio

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legre-se conosco pelas respostas de oração alcançadas, especialmente no último mês, quando muitas pessoas no Oriente Médio foram resgatadas das mãos de terroristas do Estado Islâmico. Algumas voltaram para suas famílias, enquanto outras foram encaminhadas a campos de refugiados. Apesar de sabermos que ainda há desaparecidos, louvamos a Deus pelas vidas libertas. Em nossa visita a essa região, conhecemos e tivemos o privilégio de almoçar na casa de um comandante militar, um homem de humildade e gentileza notáveis, reconhecido por seus atos heroicos e que arriscou a própria vida em defesa de seu povo quando da invasão

do Estado Islâmico, em 2014. Conversando na casa dele, o comandante pediu oração, confessando que gostaria que seu filho fosse como um de nossos irmãos ali presentes, um bravo líder cristão local. Assim, pedimos a Deus que atenda ao pedido do comandante, alcançando o coração do filho, mas também estendendo a salvação para toda a família. De fato, o nosso Deus é o Senhor dos exércitos, e cremos que o comandante reconheceu a autoridade divina sobre a vida do nosso irmão. Que o nosso Deus nos ensine e ajude a combater com coragem o bom combate, com todas as armas que ele colocou a nossa disposição (Efésios 6.14-18), para a glória do Seu Santo Nome. Por outro lado, as mulheres que foram feitas escravas sexuais e aquelas que engravidaram dos extremistas

Igreja destruída pelo Estado Islâmico no Oriente Médio

não têm sido bem-vindas de volta ao seu povo. O índice de suicídio, especialmente entre mulheres, jovens e adolescentes é alto. Precisamos clamar a Deus por socorro. De fato, um advogado da ONU para sobreviventes de violência sexual instou todos os iraquianos a aceitarem de volta as mulheres que sofreram nas mãos do Estado Islâmico e evitar a sua estigmatização, bem como prestar

apoio aos sobreviventes e seus filhos. Há poucos dias, o governo iraquiano anunciou a completa libertação da cidade de Mossul. A batalha contra o Estado Islâmico começou em 2016 e somente agora a libertação foi alcançada, depois de muitas mortes e destruição. Conhecidos nossos que escaparam de Mossul dizem que o mais difícil é mudar a

mentalidade das pessoas que habitam aquela região. Eles mesmos acreditam que essa mudança é fundamental para que o terrorismo acabe. Como Igreja do Senhor, nós conhecemos a resposta para esta situação. Sabemos que somente o Espírito Santo, através da Palavra, pode mudar a mente humana e convencê-la dos seus pecados, assim como fez e continua a fazer em nós. A Palavra precisa ser compartilhada. Agora, será um árduo trabalho de restauração, reedificação, não somente daquela região, mas, especialmente, dos corações das pessoas afetadas pela batalha. São multidões traumatizadas pelos horrores vividos, precisando de cura e de novas perspectivas de vida. Sabemos que o bálsamo para estas feridas profundas somente o Senhor Jesus possui. Ele é a ressurreição e a vida (João 11.25).


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notícias do brasil batista

Primeira Igreja Batista em Maetinga – BA tem dupla celebração Filomeno Meira Guimarães, pastor da Primeira Igreja Batista em Maetinga - BA “Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (Sl 126.5-6).

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ara marcar os 35 anos de organização da Primeira Igreja Batista em Maetinga - BA, e os 15 anos de ministério do pastor Juvanil Batista à frente da mesma, foi realizada uma série de conferências entre os dias 21, 22 e 23 de julho, do corrente ano, com a presença de inúmeras lideranças evangélicas e irmãos de Igrejas locais e circunvizinhas. Foram dias renovo e celebração a Deus pelas bênçãos recebidas durante esses anos de lutas e vitórias. Foi uma celebração alegre e dinâmica com inspirativas musicais e louvores do coral da União de Homens e União de Mulheres da Igreja local, tendo como orador oficial o pastor Ângelo Mario, da Primeira Igreja Batista de Brumado BA, que levou aos presentes profundas reflexões da Palavra de Deus.

Congregação louvou a Deus pela vida do pastor e da Igreja

Coral da União de Homens

Templo da PIB em Maetinga - BA estava lotado

Coral da União Feminina Missionária

Também marcou presença o pastor Abrão Sampaio Costa, secretário-executivo da Associação Batista do Sudoeste da Bahia (ABASB), que, em nome da Instituição, parabenizou o pastor e a Igreja pelos serviços

prestados ao Reino de Deus ali naquela cidade. A PIB de Maetinga foi fruto do esforço missionário da Primeira Igreja Batista de Brumado e da Segunda Igreja Batista de Vitória da Conquista - BA, com menção

honrosa do saudoso pastor Valdomiro de Oliveira. De lá para cá, muitos pastores a conduziram através de seus ministérios, e há 15 anos tem sido pastoreada pelo simpático casal pastor Juvanil Batista e irmã Elza,

que iniciou sua jornada ministerial à frente da mesma, quando ainda era seminarista. A Igreja tem crescido e é uma referência na cidade que, por sinal, pastor e Igreja são muito queridos pela sociedade Maetinguense.

Embaixadores da PIB Muriaé - MG celebram promoção de posto Jamilla Carvalho

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o dia 09 de julho de 2017, a Primeira Igreja Batista de Muriaé - MG, pastoreada pelo pastor Áquila Serra Cabral, teve o privilégio de cultuar ao Senhor pela manhã com a promoção de posto da Embaixada Diácono Osvaldo de Barros Abreu. Desde 2000, o conselheiro tem trabalhado com meninos de 08 a 17 anos, tendo for-

mado uma antiga embaixada (Embaixada Willian Alvin Hatton) e em 2012 esse novo tempo foi iniciado. A celebração foi conduzida pelo conselheiro Jaime Martins e pelos próprios embaixadores; o louvor foi ministrado pela primeira geração de embaixadores da Igreja e a mensagem foi trazida pelo seminarista Mateus Lopes, do Rio de Janeiro. Ao todo, foram entregues 19 certificados. Graças damos a Deus por essa Crianças da PIB Muriaé - MG organização e por essas vidas!

Fotos: PIB Muriaé

Preletor foi o seminarista Mateus Lopes (centro)


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notícias do brasil batista

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OBITUÁRIO

Histórico do pastor Walter Barbosa Gomes Márcia Flores Barbosa Moura da Silva, filha

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alter Barbosa Gomes, filho mais velho de Jerônimo Ferreira Barbosa e Aide Gomes Paes, nasceu em 18 de março de 1937, em Baús, região de Paranaíba - MS. Quando ainda bebê, muito doente, à beira da morte, sua mãe, temente a Deus, fez uma oração de entrega do seu filho ao Senhor para ser sacerdote, caso ele vivesse. Ele foi criado na fazenda até os 12 anos de idade, quando foi para Três Lagoas - MS iniciar os estudos. Ali ele teve um encontro com Jesus como seu Salvador e Senhor. Aos 18 anos mudou-se para Campo Grande - MS para fazer o Ensino Médio. Teve dez irmãos e sempre foi um esteio a toda a família. Tornou-se membro ativo da Primeira Igreja Batista, empenhando-se com a juventude e com a obra evangelizadora, tanto que saiu com alguns membros da Primeira e outros da Segunda Igreja Batista que uniram-se para formar a Quarta Igreja Batista de Campo Grande - MS, sendo membro fundador desta em 11 de fevereiro de 1956. Neste mesmo ano conheceu a jovem Maria Magdalena, que estava de passagem pela cidade, oriunda de Rio Verde - MS. Ao fixar-se na cidade, no ano seguinte iniciaram o namoro, que durou nove anos, até terminarem seus estudos: ela, no Instituto Bíblico em Curitiba, em 1964; e ele, no Seminário Teológico Batista do Sul do

Brasil, no Rio de Janeiro, em 1965. Casaram-se em 08 de janeiro de 1966 e tiveram duas filhas: a primogênita , Márcia Flores Barbosa – 1967, e a segunda, Marluce Flores Barbosa - 1969. Ainda no início de 1966 foi empossado pastor da

Quarta Igreja Batista em Campo Grande - MS, onde serviu por 30 anos, até julho de 1996. Seu ministério foi marcado pelo compromisso com Deus e Sua Palavra. Sempre muito cuidadoso no preparo de seus sermões, foi um pastor amigo e visitador,

sempre muito presente nas vidas de suas ovelhas. Amou a obra missionária, refletida no apoio aos missionários, sempre recebendo-os em sua casa e levando a Igreja a envolver-se nas campanhas missionárias, levantando ofertas desafiadoras, a

orar por missões e também no fazer missões. Nestes 30 anos a Igreja organizou seis novas Igrejas: cinco em Campo Grande (Igreja Batista em Vila Célia, Filadélfia, Vila Margarida, Imperial, e Nova Lima) e uma em uma cidade próxima: Ribas do Rio Pardo. Foi também um homem denominacional. Foi presidente da Associação e da Convenção Batista Estadual algumas vezes. Serviu por um tempo como secretário-executivo da Convenção Estadual, serviu também como membro da Junta de Educação do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e dedicou-se ao Ensino Teológico no Seminário Batista do Oeste do Brasil por muitos anos. Levou a Igreja a ser fiel na contribuição denominacional (seja financeira ou com seu potencial humano) independente das circunstâncias. Seu legado foi muito grande a toda a família, Igreja e todos que conviveram com ele: marido fiel e companheiro, pai presente, zeloso e amoroso, um avô dedicado e cuidadoso. Homem humilde, temente a Deus, de muita sabedoria, que primava pela obediência e fidelidade. Íntegro em seu viver: sua vida refletia sua pregação. Em seus últimos anos enfrentando um Parkinson degenerativo continuou deixando seu legado de temor, confiança, gratidão e submissão a Deus. Louvado seja o Senhor por fazer e permitir à sua família e Igreja conviver com um servo fiel que combateu o bom combate, acabou a carreira e guardou a fé.


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ponto de vista

Nós temos a mente de Cristo “Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (I Co 2.16).

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aulo está se referindo à natureza que recebemos de Cristo por ocasião do novo nascimento (II Coríntios 5.17). Temos, agora, o pensar de Cristo. Tudo o que é verdadeiro, puro, justo, amável, de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe é da mente de Cristo (Filipenses 4.8). Todo o pensamento do cristão deve ser moldado pelo ensino de Cristo. A obra dEle em nós tem as Suas marcas indeléveis. Elas não podem ser apagadas, pois, uma vez salvos, o somos para sempre (João 5.24; 10.28). Temos a segurança da salvação, pois o Salvador a garantiu em Sua obra na cruz e

na ressurreição. Temos a Sua mente porque fomos incluídos na Sua morte e fomos juntamente ressuscitados com Ele em novidade de vida (Romanos 6.1-11). Pensarmos como Cristo é refletirmos no Pai, fazermos a Sua vontade, andando sempre pela estrada da obediência. É empreendermos a caminhada da reverência. É vivermos cada dia a diaconia do amor, emprestarmos dons e talentos para abençoarmos as pessoas. Ele quer que toquemos as pessoas e oremos por elas. Devemos sempre agir com o amor, a mansidão e a humildade do Mestre. Ajamos sempre com a generosidade de Cristo, ajudando as pessoas, andando por toda a parte fazendo o bem (Atos 10.38). Ouçamos o próximo com atenção amorosa, sejamos prudentes no falar, semeemos a Paz de Cristo que excede todo o

entendimento (Filipenses 4.7), trabalhemos arduamente para a expansão do Reino de Deus em toda a Terra. Celebremos ao Senhor com júbilo e nos apresentemos a Ele com cânticos (Salmos 100). O fato de possuirmos a mente de Cristo significa procedermos com sabedoria. Sabermos o momento certo de abordarmos as pessoas. Aproveitarmos muito bem cada oportunidade porquanto os dias são maus (Efésios 5.16). Emana de Cristo, o nosso Salvador e Senhor, a capacidade para consolar os tristes, cuidar dos enfermos, tratar dos encarcerados, dedicar tempo aos idosos, albergar os maltrapilhos, procurando sempre testemunhar o Evangelho da cruz. Somos chamados para encorajarmos os desanimados, passarmos o bálsamo nas feridas dos que sofrem as machucaduras

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da vida. É mister que procuremos sempre ouvir com atenção àqueles que sofrem, lutarmos pela justiça social, contra a corrupção, pela eficiência e transparência dos governantes, tratarmos muito bem do meio ambiente porque, sem Cristo, nada do que foi feito se fez (João 1.3). Ele é o nosso modelo de gestão ambiental. Toda a nossa abordagem e cuidado do meio ambiente passa pela cosmovisão cristã. Há uma ética cristã em nossa relação com o ecossistema que tem a sua base no amor a Deus e ao próximo. Pensarmos como Cristo é andarmos como Ele andou (I João 2.6). É amarmos os inimigos, bendizermos os que nos maldizem, abençoarmos os que nos perseguem, fazermos o bem aos que nos fazem o mal, orar pelos que nos rejeitam (Mateus 5.43-

48). É tornar-se parecido com Cristo Jesus, ao levantarmos os abatidos, ministrando o descanso e o alívio aos que estão cansados e oprimidos (Mateus 11.28-30). Ele quer que profiramos uma palavra de esperança aos desesperados, pois Jesus Cristo é a nossa única esperança. O discípulo deve ser como o seu Mestre. O servo deve obedecer e trabalhar para o seu Senhor. Jesus sempre pensou e agiu em favor de nós. Devemos sempre pensar e agir para beneficiarmos os outros. O Mestre quer que construamos relacionamentos frutíferos, abençoadores. Nós temos a mente de Cristo para fazermos sempre o bem às pessoas. Mente simples, saudável, equilibrada, que opera a vontade de Deus na expansão do Seu Reino em toda a terra, tendo em vista a glória do Seu nome!


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ponto de vista

OBSERVATÓRIO BATISTA LOURENÇO STELIO REGA

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“Por mais que você mostre, prove e argumente, não faz diferença. As pessoas só enxergam o que querem enxergar!”

Diferenças entre fatos e opiniões

epois de viver por mais de 40 anos no meio eclesiástico e denominacional assisti inúmeras discussões e até embates acalorados em plenário de assembleias e, até mesmo, em seus corredores. Em casos assim, depois de passado o momento da tensão foi possível observar que muitas discussões foram baseadas em opiniões e não em fatos. Mas, afinal, há diferença entre estes dois temas? Sim, e bastante. Enquanto falamos em “fatos” mencionamos o “fato em si”, a “realidade dos fatos”, como se costuma dizer, isto é, a situação concreta que existe ou existiu, independentemente de como poderemos interpretá-la, de nossa opinião, etc. Um fato pode ser um acontecimento, por exemplo, ou mesmo uma situação concreta. Então a opinião, a interpretação tem origem na pessoa, o fato está ligado à realidade em si, àquilo que é concreto, independente do sujeito, como dizemos em Filosofia. Temos o direito de ter opiniões? De interpretar um fato em si? Sem dúvida, é natural que haja interpretação. Neste sentido, cada um de nós possui o que podemos chamar de “repertório” de informações, disposições a respeito de um tema ou acontecimento concreto. Estas premissas incluem nossa formação, nossa cultura, filosofia de vida, visão de mundo, experiência pessoal, e, pode até mesmo, incluir preconceitos contra uma situação ou pessoa. Mas incluem também nossa tipologia psicológica. Uma pessoa com personalidade focada no aspecto relacional, por exemplo, tenderá a ver um Jesus amigo, que socorre as pessoas. Por

outro lado, uma pessoa com personalidade focada em uma visão crítica poderá ver um Jesus contestador. Isto é o que chamamos em Exegese de condicionamentos psicológicos da interpretação. Só por isso já é possível perceber que interpretações e opiniões são provisórias, precárias. Os fatos precisam ser colocados à luz para que possamos comparar nossas opiniões ou interpretações com eles. Um exemplo que muito tive de trabalhar nesse território foi buscar explicar as implicações envolvidas na oficialização do ensino teológico no Brasil que trouxe e ainda traz inquietações a diversos líderes. Lembro-me que uma vez algumas pessoas acusaram uma instituição teológica de que havia se tornado demasiadamente acadêmica depois do reconhecimento do MEC e até havia mudado seu currículo. Tomei o cuidado de perguntar a estes líderes se conheciam o currículo daquela instituição antes do reconhecimento e até mesmo o atual. A resposta foi negativa. A pergunta seguinte que pude fazer foi: “Esta conclusão que vocês chegaram se baseou então em que fato?”. A conversa quase parou nesse momento, pois eram opiniões sem o conhecimento da realidade. Entendi que precisavam de esclarecimento e, então, foi uma oportunidade para demonstrar que aquela instituição, depois da oficialização, conseguiu até resolver uma situação que se delongava na escola há muito tempo, entre outras resolvidas, que foi a ênfase na formação ministerial, tendo ainda a inclusão de centenas de horas de estágios práticos para que

exemplo, apresentados na o aluno pudesse se formar. critérios de ingresso dos Assembleia da Convenção Então, o fato foi que a matriz candidatos? Batista Brasileira em Becurricular tornou-se aperfeiE isso tudo ainda sem conçoada com a equalização tar que diversas exigências lém, PA, em 2017? entre a formação acadêmica, • Com respeito às questões não são oriundas da legislaministerial e de vida. Exatacurriculares e doutrinárias ção educacional em si mesque alguma instituição ma, mas da Constituição e mente o oposto da opinião possa possuir, você já ava- de legislações paralelas, tal que eu havia ouvido. Recentemente, o Conselho liou a sua matriz curricular como a exigência de isonoGeral da Convenção paulista e as ementas das discipli- mia no ingresso de alunos até publicou um documento nas? Já tomou conheci- conforme o que determina de cerca de oito páginas no mento de fatos internos o Artigo 5º, Incisos VIII, XLI, livro do mensageiro onde da instituição com relação Art.. 3º Inciso IV, da própria perguntas como estas foram às decisões internas que Carta Magna do País. Exigênrespondidas de forma diconstroem as matrizes cur- cias estas que não se aplicam dática. Como percebi, por riculares, por exemplo? apenas a instituições oficialiexemplo, que nessa área Quem ou qual colegiado zadas, mas a qualquer escode educação teológica ofida instituição escolheu o la, mesmo não oficializada. modelo doutrinário que Delonguei-me um pouco, cializada muitas opiniões está sendo adotado? Como mas foi para dar um exemeram formadas sem o devido é a seleção dos docentes plo mais claro que podemos conhecimento de fatos con(professores)? Quais cri- formar a opinião ou interprecretos, então o documento se inicia com uma série de térios são adotados para tação que quisermos, sobre “testes” prévios para que a a sua escolha? Na matriz qualquer assunto, tema ou pessoa possa responder ancurricular do curso estão acontecimento, mas devepresentes disciplinas que mos ter a coragem de sermos tes de modelar a sua própria indicam a confessionali- confrontados com os fatos. opinião ou interpretação, tais como: dade da instituição? Qual Embora o exemplo tenha • Você já leu e conhece toda a carga de disciplinas da sido no campo da educação a legislação educacional área ministerial, da área teológica, em que trabalho sobre a oficialização do bíblica, da área teológi- por mais de 40 anos, essa ensino teológico no Brasil? ca, por exemplo? Quem tensão entre opiniões e faOs Pareceres/Resoluções decido o conteúdo das tos ocorre em outras áreas do Conselho Nacional de disciplinas? O professor ou e, até mesmo na pessoal e Educação (CNE) e as Noa instituição por meio de relacional. sua orientação denominaCreio que muita dissenção tas Técnicas do MEC? As Diretrizes Curriculares Nacional? Tudo isso não é de- e desgastes poderiam ser cionais para os cursos de cisão da legislação, como evitados se aprendêssemos Bacharelado em Teologia você verá mais adiante, antes a perguntar, a ver no terreno da concretização recentemente aprovadas mas da instituição. pelo MEC? • Você já visitou uma insti- dos acontecimentos o que • Com respeito a instituituição oficializada e abriu de fato ocorreu ou está ocorum diálogo sobre suas rendo. Perguntar não ofende, ções que estão com difipreocupações com a di- especialmente se for com culdades e até em estado grave de funcionamenreção e coordenação pe- palavra branda (Provérbios to, que possuem cursos dagógica da instituição? 15.1), agradável e temperada oficializados, você tem Procurou ouvir como este (Colossenses 4.6). Quantas conhecimento das cautema é tratado na prática vezes pessoas já foram feeducacional e gestão da ridas, relacionamentos fosas reais das dificuldades? escola? No caso dos seminários ram interrompidos, decisões nacionais, por exemplo, • Você já teve a oportunida- prejudiciais foram tomadas você já teve acesso aos de consultar e ler com de- simplesmente porque não relatórios do Conselho Fistalhes o Regimento Interno se fez essa diferença entre ou Escolar da Instituição? opinião e fatos, enfatizando cal da Convenção Batista Para poder ver como a julgamentos (Lucas 6.37) Brasileira para conhecer a gestão educacional e dou- em vez de diálogo. Que tal situação das gestões destes seminários, que foram, por trinária são tratadas? Quais alimentarmos esta prática?



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