ISSN 1679-0189
o jornal batista – domingo, 28/09/14
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Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira
Fundado em 1901
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Ano CXIV Edição 39 Domingo, 28.09.2014 R$ 3,20
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EDITORIAL O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Luiz Roberto Silvado DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIO DE REDAÇÃO Othon Oswaldo Avila Amaral (Reg. Profissional - MTB 32003 - RJ) CONSELHO EDITORIAL Celso Aloisio Santos Barbosa Francisco Bonato Pereira Guilherme Gimenez Othon Avila Sandra Natividade EMAILs Anúncios: jornalbatista@batistas.com Colaborações: editor@batistas.com Assinaturas: assinaturaojb@batistas.com REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Caixa Postal 13334 CEP 20270-972 Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.ojornalbatista.com.br A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Jornal do Commércio
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á questões em nosso país que somente serão sanadas mediante a misericórdia e o poder de Deus. Mesmo com tantos políticos prometendo que resolverão todos os problemas, há situações que estão além da capacidade do ser humano e das boas intenções de alguns. Só o poder da Palavra de Deus e o mover do Espírito Santo podem mudar corações e restaurar o estado espiritual do Brasil. Não há como enfrentar o poder das trevas, cujo objetivo é matar roubar e destruir, sem a manifestação do poder de Deus. A violência brutal que se alastrou pelo país, as drogas
que chegaram em todos os municípios, a corrupção, a mentira, a iniquidade, a falta de ética nos negócios e nos relacionamentos, etc., são problemas que nos assolam diariamente e enfraquecem o povo brasileiro, roubando a sua dignidade e a esperança de muitos. É nesse cenário que, como cristãos, servos do Senhor Jesus, não podemos nos omitir. Devemos clamar ao Senhor. Orar sem cessar, tanto pessoal, quanto coletivamente, em família, grupo ou comunidade. Acho que nunca precisamos tanto de servos fieis que oram. O que o Brasil mais precisa neste momento é da manifestação da graça e do poder de Deus. E isso
Ca do rtas s le ed ito ito r@ ba r tis tas es .co m
As mensagens enviadas devem ser concisas e identificadas (nome completo, endereço e telefone). OJB se reserva o direito de publicar trechos. As colaborações para a seção de Cartas dos Leitores podem ser encaminhadas por e-mail (editor@batistas.com), fax (0.21.2157-5557) ou correio (Caixa Postal 13334, CEP 20270-972 - Rio de Janeiro - RJ).
é responsabilidade da Igreja do Senhor Jesus. Fomos enviados como sal e luz. A Bíblia deixa muito claro que a manifestação dos filhos de Deus no meio das trevas produz mudanças profundas. O testemunho pessoal, a proclamação do Evangelho e a vida piedosa de oração de cada crente farão a grande diferença no meio de uma sociedade materialista, liberal e hedonista. Cremos no poder transformador da mensagem do Evangelho de Cristo Jesus e na oração. Não podemos nos omitir, nem ter vergonha dos valores e princípios cristãos. Somos povo de Deus, comprometido com a Bíblia, nossa única regra de fé e prática, e temos a missão de
proclamar a sua Mensagem de amor e restauração em um mundo que jaz no maligno. Estamos trabalhando na mobilização do povo de Deus para dedicar uma semana exclusiva à oração pelo Brasil. Junte-se a nós e clame ao Senhor. Envolva sua família, amigos e igreja nesta grande jornada de oração que mudará a história do nosso país. Participe da Semana de Clamor pelo Brasil. Começamos neste domingo, dia 28. O tempo é hoje, o momento urge. Os filhos de Deus precisam se manifestar cheios da graça e do Espírito Santo. Clame ao Senhor.
“O meu Cantor Cristão”
houvesse gritarias, decibéis terríveis e, no CC, não era diferente: hinos totalmente silenciosos e que tocam em nosso íntimo. Concordo plenamente com todas as palavras que o senhor escreveu em seu artigo. Quando ouço algum hino do CC, logo paro para ouvir, porque hoje em dia já está sendo raro ouvi-los. Em minha Igreja, a Primeira Igreja Batista Bonsucesso - RJ, nem se ouve mais, acredito que os jovens nem saibam o que é Cantor Cristão. Só tenho 38 anos, mas os que são novos convertidos, não são mais ligados a essas verdadeiras obras de arte do Espírito Santo.
• Quando li o artigo do irmão Celso Aloisio me lembrei de quando ainda era garoto em Minas Gerais. Nascido em berço evangélico, filho de pais diáconos, sempre estava na igreja, seja em qual culto fosse: velório, festa, agradecimento, sessão regular (hoje culto administrativo), em tudo quanto era tipo de culto na igreja, em casa de irmãos, incluindo cemitérios, eu estava (risos). Mas foi um crescimento físico e espiritual. Lá vemos e ouvimos os mais belos hinos, esse nome inclusive era de um disco de vinil: “os mais belos hinos do Cantor Cristão”. Realmente uma época maravilhosa da igreja, quando cantávamos sem que
Fernando Brandão, diretor executivo da JMN
Guilherme Toledo, membro da Primeira Igreja Batista Bonsucesso - RJ
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bilhete de sorocaba Julio Oliveira Sanches
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aiminho é um garoto esperto e inteligente. Filho do pastor Jayme e Márcia. O casal pastoreia duas Igrejas, que são pequenas e grandes ao mesmo tempo, nas cidades de Porangaba e Bofete - SP. As Igrejas são pequenas em número de membros, porém, grandes nas realizações no Reino de Deus. Povo alegre, dedicado e comprometido com o ide de Jesus. Um dia desses, Jaiminho ouviu o pai dizer que havia plantado algumas mudinhas e agora precisava de chuva para vê-las crescer. O estado de São Paulo, em toda a sua extensão, sofre as consequências da falta de chuva. Torneiras secas, racionamentos, represas com o mínimo de água, sem condições de atender a demanda da população, cidades comprando água ou furando poços artesianos para suprir seus munícipes, desespero geral. Há algum tempo quando ocorria estiagem, as igrejas
e os salvos se mobilizavam em oração para implorar por chuva. Dava resultado. Ocorria arrependimento. Buscava-se mais santidade e chuvas de bênçãos eram derramadas sobre a terra seca. No Antigo Testamento a ausência de chuva sempre era consequência do pecado do povo de Deus. A história de Elias e seu confronto com a idolatria de Acabe e as feitiçarias de Jezabel visavam levar o povo de Deus a retornar ao Senhor. Creio que o mesmo ocorre hoje. Mas, hoje temos os serviços de meteorologia com seus computadores gigantes que oferecem as condições do tempo em cada lugar do planeta. Não precisamos mais de oração, arrependimento e busca de santificação. Não há convite para se retornar a Deus. Os serviços meteorológicos fazem o papel de Deus, informando se vai ou não chover. Mas, falta-lhe o poder para fazer chover. Ainda não se descobriu o
processo de fazer chover nas serras da Cantareira, nas cidades de Itu e Tambaú. Resta economizar água, sob pena de multas impostas pelo governo. Jaiminho não pensa assim e, tampouco, entende de meteorologia. Ao ouvir que as mudinhas plantadas pelo pai precisavam de chuva para crescer, convidou a mãe a orar com ele suplicando chuva. A mãe atendeu ao convite do menino. Entraram no quarto e, de portas fechadas, oraram para que Deus mandasse chuva. No dia seguinte pela manhã, algumas gotas de chuva quase apagaram a poeira. Não era o suficiente. O menino fez sua interpretação de teologia prática. Como não choveu o suficiente para molhar a terra, significava que as orações do dia anterior não foram suficientes para tocar o coração de Deus. Precisavam orar mais. Com mais fervor. Maior intensidade e mais tempo de joelhos.
Assim ocorreu. No dia seguinte uma boa chuva molhou a terra, para alegria do menino. Deus havia ouvido as orações de filho e mãe. Agora as mudinhas cresceriam. A terra molhada era propícia ao crescimento da plantação. Dias depois, de madrugada, copiosa chuva com relâmpagos e trovões, acordou o menino. Deus estava mandando mais chuva. Como o pequeno Samuel, que não soube identificar a voz de Deus e correu ao quarto de Eli, Jaiminho correu ao quarto dos pais à procura de proteção e foi acolhido com amor. Com tantas calamidades no mundo, violências, guerras, fome, pestes, incêndios, enchentes e inundações, desabrigados, secas, falta e desperdícios de alimentos, precisamos de salvos como o Jaiminho, dispostos a orar. Não há demérito aos serviços de meteorologia. Tenho um filho meteorologista que
oferece diariamente com sua equipe as condições do tempo para todo o território nacional. Nenhuma descrença na sofisticada aparelhagem usada. Previsões que se concretizam fielmente todos os dias. O serviço de meteorologia faz as previsões baseadas nas condições climáticas. Não tem o poder de mudar as condições do tempo. Não há poder para fazer chover. Acima das condições climáticas está o senhor do tempo, que atende as orações dos seus pequeninos servos. Precisamos orar mais, com maior intensidade, com mais fervor. Carecemos de arrependimento genuíno e real confissão de pecados. Nossa terra está doente. O povo que a habita está longe da real comunhão com Deus. Só o Senhor é capaz de nos proporcionar chuvas de bênçãos para este Brasil sofrido, confuso e carente da graça de Cristo. Oremos com fé e a chuva virá.
Carlos Alberto Pereira, pastor da Primeira Igreja Batista em Três Marias - MG (in memorian)
xidade e a incompreensão espirituais, ficando dessa maneira estéreis das bênçãos de Deus. Jesus contextualiza a profecia de Isaías, profeta que lhe antecedeu quatrocentos anos, para mostrar ao povo judeu de sua época que, a exemplo dos seus ancestrais, sua dureza para entender os desígnios de Deus continuava a existir na mesma proporcionalidade. Jesus, no texto considerado, narra em sua parábola
que o semeador (Deus) saiu lançando a semente (a Palavra do Reino de Deus) em vários tipos de solo. Muitos ficaram sem entender. Mas aqueles que se aproximaram de Jesus, com os seus corações sensíveis e receptíveis ao ensino dele, receberam o entendimento e as curas tanto física como espiritual. E por que muitos não entenderam a parábola? Porque não quiseram compromisso. Não quiseram
largar suas “religiosidades” de conveniências. Queriam uma compreensão e uma religiosidade particularizadas. Meu prezado leitor, aproxime-se de Jesus e comece a obedecer à sua Palavra. Faça um pacto com ele. Observe o que Jesus disse aos que queriam ter um relacionamento, um compromisso com Ele: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é dado”
(Mt 13.11). Aproxime-se de Jesus pela confissão. Que confissão? A confissão que Paulo, apóstolo, nos orienta, dizendo: “A saber: se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm 10.9-10). Fique com e perto de Jesus. Amém.
“Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração e se convertam, e eu os cure” (Mt 13.15).
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esus, diante de uma multidão, ensinava a respeito da multiplicidade da Palavra de Deus tanto na sua eficácia para aqueles que ouvindo-a, recebessem-na em sua totalidade e prática, bem como àqueles que a rejeitassem, menosprezando-a, recebessem a perple-
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GOTAS BÍBLICAS NA ATUALIDADE
OLAVO FEIJÓ Pastor, professor de Psicologia
Durante a vida de Josué Sylvio Macri, pastor da Igreja Batista Central de Oswaldo Cruz - RJ
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sperança é uma espécie de palavra mágica. Ela faz despertar no coração humano sentimentos, desejos e atitudes variados, todos sempre bons, que fazem o nosso ser melhor. É por isso que o jargão popular diz que “a esperança é a última que morre”. Pois, quando morre, não resta mais nenhuma razão por que viver e crer. Quando se fala em esperança, fala-se de perspectiva de mudança. Desejamos e esperamos que mude este quadro de violência que se manifesta de tantas maneiras em nosso país. Desejamos e esperamos que seja eliminada a pobreza e a miséria que presenciamos diariamente em nossas ruas e comunidades. Desejamos e esperamos que haja mais ordem e limpeza no espaço urbano. Desejamos e esperamos que haja mais seriedade com a coisa pública por parte dos políticos. Quando se fala de esperança, fala-se de futuro, o que nos remete imediatamente a pensar em nossas crianças. Desejamos e esperamos um futuro seguro para elas, um tempo em que não falte educação, emprego e outras coisas essenciais à dignidade humana. Desejamos e esperamos que cresçam em um ambiente sadio e despoluído, em uma cidade livre de catástrofes e acidentes. Desejamos que sejam melhores do que somos, mais cidadãs, mais solidárias e mais felizes. Porém, infelizmente surge a dúvida, onde encontrar motivação para sustentar tanta esperança? Certamente não será na política e nos políticos, na ciência e nos cientistas, na justiça e nos juízes, na religião e nos religiosos, na ideologia e nos ideólogos, nas organizações e ativistas sociais. Todos esses têm falhado redondamente na solução dos problemas do nosso país.
Há quase dois mil anos, em uma das maiores cidades da época, Jerusalém, que estava sob o jugo pesado dos romanos, levantaram-se as vozes dos apóstolos, diante de um auditório altamente qualificado, para dizer que só pela fé em Jesus é possível manter a esperança de verdadeira mudança e de um futuro feliz. Cristo é a única esperança para este mundo sem perspectiva. Somente ele nos dá as condições para mudar o nosso presente e o nosso futuro. Jesus é esperança para o Brasil, porque “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu, não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). Essa é uma verdade que temos experimentado em nossas próprias vidas e, justamente por causa disso, somos pessoas capacitadas a transmiti-la ao povo de nossa Pátria. Temos autoridade para falar de Jesus porque já encontramos nele a verdadeira esperança. Temos o dever de pregar essa verdade ao povo brasileiro. O Senhor Deus diz na
sua Palavra que se virmos o povo na iminência de perecer e não o alertarmos, falharemos e seremos cobrados por isso: “Se o vigia vê o inimigo se aproximando e não dá o alarme, o inimigo vem e mata aqueles pecadores. Nesse caso, eu considerarei o vigia como responsável pela morte deles” (Ez 33.6). Não podemos agir como Jonas que, mesmo depois de pregar à cidade de Nínive e ver a manifestação de arrependimento por parte de seus habitantes, não teve compaixão daquela gente e questionou Deus por causa da sua disposição de perdoar. E o Senhor respondeulhe que não poderia deixar de ter compaixão de uma cidade onde havia mais 120 mil crianças inocentes (Jn 4.1-10). Se somos filhos do Deus de amor, sentiremos, como ele, compaixão pelas almas perdidas. Em nossos dias, é impossível, como crentes no Senhor Jesus, vermos e ouvirmos as notícias sobre o nosso país sem sermos tomados por tristeza, preocupação, constrangimento e compaixão. Tristeza pelo sofrimento,
ntes de ensinar aos discípulos a oração do Pai Nosso, Jesus salientou um ponto importante: “Vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes” (Mt 6.8). Nossa reação natural, diante de tal afirmação, é: se antes de o pedirmos, nosso Pai, sabe do que precisamos, então para que orar? Nossas orações não seriam uma espécie de “chover no molhado?”. Bem, se nosso conceito de oração se reduzir a apenas “pedir”, então a conclusão
não parece estranha. Se, entretanto, nossa definição de oração for ampliada para: “ter comunhão com o Senhor”, “ouvir a voz de Deus”, “dar graças pelas bênçãos”, “crescer na graça” – neste caso, “orar” faz todo o sentido para o cristão. Faz sentido conversar com o Senhor e abrir o coração, pondo para fora as próprias necessidades. Faz sentido conversar com o Senhor pedindo orientação e luz para nosso próprio processo de crescimento espiritual. Faz sentido também dizer a ele a nossa tristeza quando não correspondemos às expectativas da Bíblia. Mas, acima de tudo, faz sentido orar, mesmo sendo limitados, tendo a certeza de que “Ele sabe o que nos é necessário”.
preocupação pelo futuro, constrangimento pelo pouco que fazemos, e compaixão que nos motiva a fazer mais. No mínimo, podemos orar, interceder diante do trono da graça de Deus pelos nossos concidadãos, e testemunhar àqueles que nos rodeiam. Porém, é ne-
cessário também contribuir para sustentar aqueles que estão fazendo a obra missionária onde não podemos ir. E, mais que isso, é possível oferecer-nos como voluntários para apoiar esses missionários. Se Jesus é a sua esperança, reparta-a com os outros.
“Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes” (Mt 6.8).
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Rogério Augusto de Paula, pastor da Primeira Igreja Batista em Colatina - ES
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ô dentro é uma expressão idiomática que significa “pode contar comigo”. Após os últimos acontecimentos na política brasileira (morte de Eduardo Campos e escândalo na Petrobras), o tom da campanha eleitoral rumo ao Palácio do Planalto esquentou de vez. Marina Silva, substituta natural do candidato Eduardo Campos, que aparecia em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais com 8% a 12% de intenção de votos, surge agora como um furacão, com perspectivas de se eleger, deixando para trás a favorita Dilma Rousseff e o mineiro Aécio Neves. Não sou adepto do profetismo do caos e não concordo com a teoria do quanto pior melhor, no entanto, o povo de Deus precisa olhar para essas eleições como um marco na vida da sociedade brasileira e na vida dos cristãos. As mobilizações contra princípios e valores cristãos que norteiam as instituições brasileiras crescem a cada dia. Grupos se organizam, fazem passeatas, abaixo-assinados, estão se elegendo, estão fazendo leis e aprovando leis que são verdadeiras aberra-
ções, abominações contra Deus. Há muitos projetos de leis tramitando no congresso que são uma afronta à liberdade do cidadão, são projetos contra a vida, contra a família e que restringe os direitos que povo brasileiro conquistou a duras penas. Segundo Fustel, um dos fatores preponderantes para medir o grau de desenvolvimento de uma nação é o conhecimento e o envolvimento político do seu povo. Para ele, povo politizado é sinônimo de povo desenvolvido, pois a política faz com que o cidadão se comprometa com a ideologia escolhida, obrigando-o a buscar resultados positivos. A disseminação ideológica só irá lograr êxito se o grau de comprometimento do individuo for alto suficiente a ponto de influenciar e modificar atitudes e comportamentos. Nicolau Maquiavel, em seu livro “O príncipe”, afirma que “os homens são tão simplórios e obedecem de tal forma às necessidades presentes, que aquele que engana encontrará sempre quem se deixe enganar”. Os motivos para estarmos dentro do processo eleitoral são maiores e mais nobres do que os motivos para nos ausentarmos. O voto de quem é comprometido
com o Senhor Jesus Cristo é fundamental nessas eleições, pois representará o voto ético, que não se corrompe. Representará o voto consciente, que não se deixa levar por falsas promessas, é o voto honesto, que não tem valor monetário. Infelizmente, há uma cultura que permeia o meio evangélico contra o seu envolvimento na política, onde afirma: “política não é coisa de crente”, todavia, o apóstolo Paulo nos exorta a “não nos conformarmos com este mundo, mas transformá-lo”. O texto fala de choque cultural, mudança de pensamentos e atitudes. Segundo Davi Merkh, Paulo nos desafia a rejeitar uma cultura e abraçar outra. A cultura da troca de favores, a cultura do nepotismo, a cultura da impunidade precisa ser mudada, ou melhor, precisa ser extirpada do nosso meio. O poder que governa não pode ser maior do que o poder que os elegem, afinal “o poder emana do povo” (Art. 1, § 1 da CRFB de 88). O seu voto é muito importante. Exerça sua cidadania, busque em oração a direção de Deus, e escolha aqueles que estarão dirigindo nossas vidas politicamente, mas não esqueça: uma escolha errada hoje, só poderá ser alterada daqui a quatro anos.
uando Helena Brasil se apresentou para começar seu trabalho na escola municipal em um bairro pobre de Nova Iguaçu - RJ, a diretora a designou para a terceira série e disse: “Essa classe tem a sua cara”. Helena estava longe de imaginar o que isso significava. Logo ela ficou sabendo que várias professoras já haviam passado por aquela turma sem terem conseguido nenhum resultado positivo. Havia lá um menino de nove anos que mandava na turma e era ele quem dizia se a classe devia aceitar ou não cada professora. Era uma turma agressiva, agitada, que depredava tudo, unia-se para agredir alunos de outras turmas e, por isso, eles eram chamados de “bichos” pelas outras tias. Helena logo descobriu que, se quisesse dar jeito na classe, teria que conquistar o líder. Era ele quem determinava onde cada aluno deveria sentar-se, defendia os mais fracos e “encarava” meninos maiores do que ele. Até que ele tinha qualidades de liderança. As carteiras eram duplas e ele fazia o rodízio colocando um aluno negro e outro branco em uma carteira, um gordinho e um magro na outra e todos obedeciam sem questionar. Helena chamou esse aluno para conversar fora da classe e descobriu que ele não sabia quem era seu pai. Cada namorado que sua mãe trazia para casa, ele analisava bem para ver se parecia com o homem, pois ela lhe dissera que seu pai tinha morrido, mas ele não acreditava. Aos poucos, demonstrando autoridade temperada com muita compaixão, Helena foi conquistando o menino. Percebeu que ele, embora na terceira série, não conseguia ler nem escrever. Através de um lindo caderno que ela mesma preparou, foi ensinando a ele as letras e palavras. Lá, um dia, ao abrir o caderno, ela sentiu lágrimas quentes brotarem dos seus olhos e turvarem sua vista. O menino havia escrito: “Professora, eu te amo; eu queria que você fosse minha mãe”. Ela não se emocionou tanto com a declaração espontânea de amor, quanto com a verificação de que o menino havia superado seus bloqueios e já conseguia escrever uma frase completa. O garoto se tornou solícito, ajudando Helena a arrumar a sala, cuidando de seus per-
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tences e pondo disciplina na turma. A diretora e as outras professoras da escola estavam admiradas e perguntavam como é que Helena havia conseguido operar uma transformação tão grande naqueles alunos. Elas não sabiam, mas Helena sabia: era a força da compaixão. Chegou o Natal de 2007. Aquele menino não sabia o que era passar um Natal em família, não sabia o que era sentar-se a uma mesa e participar de uma refeição, não fazia idéia alguma sobre Deus nem sobre o que seria um culto de Natal. Helena, de comum acordo com Nelson, seu esposo, fez um ofício à direção da escola e falou com a mãe do garoto pedindo permissão para levar o aluno para passar o Natal em sua casa. Levou-o para o seu lar, conduziu-o a um barbeiro para um corte de cabelo que desse ao menino uma feição mais civilizada e lá ele ficou. Admirado de tudo, passou o Natal e o Ano Novo na casa da “tia” e foi à igreja com Helena e Nelson também. No começo de janeiro, a mãe do menino telefonou pedindo que ele fosse levado de volta ao lar. Helena passou por uma cirurgia e ainda não teve como voltar ao trabalho, mas continua mantendo contato com aquelas crianças, que sempre estão ligando para o seu telefone. Não faz muito tempo, Helena recebeu uma ligação da mãe do menino. Ele saíra de casa dizendo que ia visitar a tia Helena, passava da meia noite e ele não voltava. Helena ficou preocupada, muitas coisas lhe passaram pela cabeça, mas menos de uma hora depois, em outro telefonema, a mãe do menino informava que ele já estava em casa. Não conseguira acertar com o endereço da professora e se perdera. Ao recordar esses fatos, as dificuldades, a mudança na vida daquelas crianças, Helena não conseguiu conter as lágrimas. Alcançou grande vitória, mas teve que pagar um alto preço, pois foi vitimada por uma depressão; está sob cuidados médicos, dependendo conscientemente da graça de Deus. Se, porém, tivesse que voltar no tempo, faria tudo de novo, por amor. O Brasil é um menino que precisa de Deus. Quem dele terá compaixão? Quem?
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Gilberto Garcia, especialista em direito religioso
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Congresso Nacional aprovou a Lei Complementar 135, de 04/06/2010, de iniciativa popular, que foi denominada de Lei da Ficha Limpa, à qual exige que os candidatos a cargo eletivo tenham um passado sem condenações judiciais, por um colegiado de juízes, em uma perspectiva da vigência dos princípios da moralidade administrativa e da ética no trato da coisa comum, para os exercentes de mandatos públicos. Nas eleições passadas, os Tribunais de Justiça de vários estados vetaram candidaturas de diversos cidadãos, os quais foram condenados nos mais variados processos, sendo que alguns deles concorreram no pleito eleitoral anterior, ainda que com as candidaturas “sub judice”, ou seja, pendente de decisão judicial definitiva, eis que, o Tribunal Superior Eleitoral julgara que os efeitos dela se aplicavam às condenações ocorridas antes da aprovação da Lei da Ficha Limpa,
Moisés Selva Santiago, pastor da Igreja Batista Olaria - Porto Velho - RO
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uito se tem escrito sobre as façanhas do Conde João Maurício de Nassau-Siegen, governador do Brasil Holandês de 1637 a 1644. A história atesta que ele priorizou o bem-estar da população, por meio da educação, moradia, saneamento, coleta de lixo, calçamento de ruas, pontes, edifícios públicos, jardins, segurança; incentivou a ciência, criando o observatório astronômico e o laboratório de ciências naturais; fortaleceu a economia, unindo
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entretanto, em respeito ao principio da anterioridade, o Supremo Tribunal Federal fixou a aplicabilidade legal-temporal a partir das eleições de 2012. Desta forma, como sociedade, agora também pela Lei da Ficha Limpa, exigimos que os cidadãos que se colocam à disposição no sistema democrático para representar o povo no exercício de mandatos eletivos tenham autoridade, ou seja, um passado que os recomende, revestido de idoneidade, para administrar a coisa pública, o que é altamente salutar, para nossa estrutura social, que pressupõe pessoas que tenham espírito cívico, voltado para os interesses da sociedade civil. Anote-se que estes candidatos são cidadãos que se destacam em suas atividades profissionais, movimentos sociais, sindicais, comunitários, moradores, religiosos, estudantil, empresariais, artísticos, esportivos etc, e mesmo para a convivência em sociedade, o princípio da boa fé é que deve nortear as relações sociais, inclusive nos negócios, nas transações,
no exercício profissional, nos envolvimentos de fé etc. Assim os cidadãos-candidatos têm sua origem entre os cidadãos-eleitores, os quais se pressupõe que tenham Ficha Limpa, seja no sentido social, seja no sentido legal, não tenha nome no SPC/Serasa, não tenha passado cheque sem fundos, não tenha carteira de motorista sem ter feito as provas e exame de direção do Detran, não beba bebida alcoólica antes de dirigir, não tenha sido aprovado em exame escolares ou concurso público através de meios ilegais, não chegue atrasado todo dia no trabalho ou não seja preguiçoso em sua atividade profissional, não deixa de cumprir com as obrigações legais com seus empregados colaboradores. Nesta percepção de que os candidatos são cidadãos e que é a própria sociedade que estabelece os princípios que a norteia, é que se pergunta: o eleitor também tem que ter Ficha Limpa? Ou, como sociedade, por conveniência, entendemos que só os cidadãos-candidatos necessitam ter Ficha Limpa?
Essa perspectiva proposta visa exatamente inverter os lados, e provocar o cidadãoeleitor para que ele se “olhe no espelho” e perceba a necessidade de ter autoridade para exigir do cidadão-candidato um comportamento ilibado e uma vida digna, que corresponda com os anseios da sociedade, sem deixar de ter a ótica de que a exigência colocada é pertinente na medida em que este cidadão-candidato irá administrar aquilo que é público, e não particular, mas que o princípio ético deve ser o mesmo, direcionado para o bem comum, em uma visão igualitária. Por isso, muitas das vezes temos dificuldades de entender inúmeras leis que são aprovadas, as quais, em grande parte, estão totalmente desconectadas da realidade social, diferente da Lei da Ficha Limpa, que foi fruto de uma grande mobilidade popular, tendo encontrado eco no Congresso Nacional, que acabou aprovando a mesma, apesar da proximidade das eleições, em função da preocupação da sociedade de que os cidadãos que exercem car-
gos públicos devem cumprir os princípios da moralidade administrativa, sendo cidadãos-candidatos inatacáveis. E os cidadãos-eleitores que não respeitam os vizinhos, especialmente no que tange a Lei do Silêncio, compram produtos piratas e utilizam rádios piratas, subornam o guarda de trânsito para não serem multados, não pagam suas contas em dia, vendem carros com defeito sem dar ciência ao comprador, deixando de cumprir com seus deveres sociais, têm autoridade de exigir dos cidadãos-candidatos Ficha Limpa? Nestas eleições de 2014, quando estaremos elegendo presidente, vice-presidente, senadores, deputados Federais e deputados Estaduais, que possamos votar em cidadãos-candidatos Ficha Limpa, como sendo um reflexo de um importante esforço de toda a sociedade, no exercício da ética como sendo uma obrigação no comportamento, especialmente na atividade pública, à qual deve se aplicar de igual maneira aos cidadãos-candidatos como para os cidadãos-eleitores.
portugueses e holandeses; permitiu a liberdade religiosa entre católicos, calvinistas, judeus e até mesmo escravos africanos; e governou de forma “democrática”, ouvindo os diferentes segmentos da sociedade. Mas, há um detalhe na biografia de Nassau pouco explorado: a fé. E como expressão de fé, o conde compôs o “Hino de gratidão, contrição e oração”, em 1665, após o quase afogamento na Frígia, nas costas do Mar do Norte. Diz ele: “Sou príncipe real. Ao trono celestial, coloco o cetro meu. Profunda gratidão transborda o coração: sou servo, filho teu”. Mesmo investido de autoridade, submetia-se ao
trono celestial. Em vez de prepotência, gratidão. Um príncipe que se considerava apenas servo. E conclui: “Sou grande pecador. Entrego o coração nas tuas mãos. Amém”. (Schalkwijk, F.Igreja e Estado no Brasil Holandês. SP: Ed. Cultura Cristã, 2004, p. 420). Talvez esse elemento esteja faltando nos administradores públicos do nosso tempo. Não me refiro ao ato de ir a uma igreja (principalmente porque nessa época de eleições os candidatos vão a todas). Nem levo meu pensamento para o exclusivismo, pai do fundamentalismo mórbido que apregoa a morte de quem adora diferente. Nassau possuía convicções pessoais,
ao mesmo tempo em que convivia com as diferenças. Sabia que era um “grande pecador”, e não um ser intocável acima da lei e da justiça, como hoje em dia muitos tentam se colocar, embora estejam afundados na lama da corrupção. O conde não se guiava pelo “coração”, mas sim colocava as emoções nas mãos de Deus. Atitude bem diferente dos rompantes passionais hierarquizados na administração pública, com perseguições aos “opositores” e benesses para quem compartilha o partido, o copo, o roubo e até o corpo. É claro que o governo de Nassau não foi perfeito, nem Recife era o Éden sem ser-
pente. Porém, lá até a maior autoridade reconhecia sua pequenez diante de Deus. O certo é que, em qualquer época ou cultura, a esperada moralidade e ética no trato da coisa pública, e a almejada sociedade justa e legal para todos, somente podem ser reais quando há fé nas pessoas, inclusive nos dirigentes do país. Não basta ensinar “religião” nas escolas ou construir uma igreja em cada esquina. “Não adianta ir à igreja, rezar e fazer tudo errado” (cantou Fernando Mendes). Isso porque “Assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2.26b). Então, ecoa a questão: “por onde anda o elemento fé?”.
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missões nacionais
Saiba como foi o IV Congresso Indígena realizado em Recife - PE Redação de Missões Nacionais
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m parceria com a Convenção Batista de Pernambuco, Ordem dos Pastores de Pernambuco, União Feminina e Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB), Missões Nacionais
realizou o IV Congresso Indígena, em Recife - PE. O evento ocorreu na capela David Mein, do STBNB, e reuniu membros de diversas igrejas batistas e missionários que atuam entre os indígenas. O orador oficial do Congresso foi o missionário Guenther Carlos Krieger,
Pastor Guenther Krieger foi o orador oficial do Congresso
que trabalha há mais de 50 anos entre os indígenas Xerentes do estado de Tocantins. O evento também contou com a participação do coral da Igreja Batista em San Martin, além da presença do pastor Valdir Soares, gerente nacional da JMN para evangelização dos povos indígenas, pastor Ney
Ladeia, da Igreja Batista da Capunga, e do mais novo casal de missionários que atuará entre os indígenas Guarani Kaiuá, no Mato Grosso do Sul. “Como foi maravilhoso desafiar corações tão interessados”, declarou o pastor Élio Morais, da IB em San Martin. Os povos indígenas for-
Pastor Valdir com os missionários que atuarão entre a etnia Guarani Kaiuá
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mam um grande número de grupos étnicos no Brasil. Muitas tribos ainda vivem crenças que evidenciam a sede de um povo que precisa ouvir a mensagem de salvação. O objetivo do congresso foi envolver e despertar os batistas para a evangelização dos indígenas.
Pastores Élio Morais, Valdir Soares e Ney Ladeia durante o evento
Conversão genuína - missionária de capelania hospitalar compartilha testemunho de vida alcançada Redação de Missões Nacionais
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missionária Anne Bertolino tem evangelizado pessoas que estão nos hospitais do estado de São Paulo. Acompanhe, a seguir, o relato dela sobre o seu ministério de capelania hospitalar e saiba como mais uma vida foi alcançada para o Senhor Jesus: “Tenho uma excelente notícia. Este foi um mês de salvação. Acredito que uma das minhas funções no hospital é garimpar. Ofereço consolo, uma palavra amiga, um ombro para chorar, uma leitura bíblica. Mas nem todos querem o Jesus Salvador, procuram apenas seus milagres. Ofereço tudo isso aos pacientes e vou garimpando até encontrar pessoas que procuram mais do que milagres, mas buscam sentido para a sua existência. Jesus é exatamente do tamanho do vazio existencial. Dessa forma, apenas Ele pode preencher completamente a vida das
pessoas. Tenho a alegria de contar que achei quem quis preencher esse vazio. Visitei a Clínica Médica, o primeiro quarto a ser visitado naquele dia. Encontrei um homem de aproximadamente 40 anos, que havia sofrido uma fratura. Conversamos, e quando já me preparava para fazer uma oração por ele, pedindo por sua saúde, um senhor saiu do banheiro e veio em direção ao leito vazio. Ouviu a minha conversa com o primeiro paciente e pediu que eu orasse por ele também. Pedi que esperasse um instante, que oraria em favor do primeiro paciente e já iria conversar com ele. Foi o que aconteceu. Despedi-me do primeiro e fui em direção ao paciente que havia chegado depois, com cerca de 70 anos. Contou-me sua surpreendente história”. Enfartou, e foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Chegou ao hospital desacordado e colocado na sala de choque, apesar de não ter
recebido os procedimentos de ressuscitação. Foi colocado em um tipo de estufa, onde já se encontravam mais seis pessoas. Toda a sua família já conhece Jesus, mas esse paciente sempre foi rebelde e queria fazer o que bem entendesse de sua vida. Casou-se com uma serva do Senhor também. Enquanto estava no hospital, sua esposa, em casa, encontrou seu cãozinho morto, imóvel, sem respirar. Ela correu até a cozinha, pegou um óleo, consagrou-o ao Senhor e passou em seu cãozinho, orou a Deus, que o trouxesse de volta, e o cão na mesma hora voltou a respirar e reviveu. A mulher ficou maravilhada com o que Deus havia feito e sentiu que deveria fazer o mesmo pelo marido. Na mesma hora correu para o hospital a fim de ungir e orar a Deus pelo marido. Enquanto isso, uma enfermeira que abriu o local onde estavam constatou que as sete pessoas que se encontravam ali estavam mortas. Começaram a retirá-las dali e declarar
o horário de óbito. Quando o homem já seria retirado, abriu os olhos e começou a resmungar algo que era ininteligível, pois estava entubado. A enfermeira gritou para que a ajudassem, pois havia acontecido um milagre, um homem estava vivo. Quando tiraram os tubos, ele disse logo que não estava morto, não. A enfermeira lhe disse que era um milagre, e que seu Deus era muito forte. Sua esposa chegou algum tempo depois e entendeu que no momento em que Deus ressuscitou seu cachorro, ressuscitou também o marido. “Este paciente, além de problemas cardíacos, também estava com complicações em outros órgãos, mas tinha uma certeza, Deus o havia ressuscitado porque ainda tinha algo para ele. Eu disse a esse senhor que sabia exatamente por que Deus tinha dado mais um tempo de vida a ele. Comecei a falar sobre o grande amor de Deus e o sacrifício de Jesus na cruz para nos perdoar os pecados e nos proporcio-
nar a Salvação, a vida eterna. Disse a ele que o presente já nos foi dado, porém é preciso aceitarmos o presente da Salvação, nos arrependendo de nossos pecados, pedindo perdão e tendo fé que, por intermédio da morte e ressurreição de Cristo, podemos ser salvos. Perguntei a ele se já havia aceitado o presente da Salvação em Jesus Cristo, e ele me respondeu: ‘Sim. Enquanto você explicava, concordei com tudo, eu aceito Jesus’. Convidei-o a orar, entregando sua vida a Cristo. Quando abri os olhos, ele estava chorando e disse que agora sentia que Jesus estava dentro dele, sentia a paz e amor dele em sua vida. Agora sabia que estava salvo por toda a eternidade. Conversão genuína. Agradeço a Deus por poder contar as Boas Novas aos que sofrem. E agradeço a você, por interceder e contribuir para que o projeto prossiga, dando sentido à vida das pessoas, levando Jesus e a salvação a todos”.
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JBB realiza 3 edição da Confe o
Comunicação JBB
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mor, sabedoria e uma geração apaixonada pelo Reino foi o que pode ser visto na terceira edição da Conferência Paixão pela Juventude (PPJ), que aconteceu entre os dias 12, 13 e 14 de setembro no Colégio Batista Shepard - na Tijuca – RJ. O evento - que tem como intuito mobilizar e fortalecer os ministérios de juventude das igrejas batistas, a fim de torná-los relevantes na sociedade - é organizado pela Juventude Batista Brasileira (JBB). E, nesta edição, contou com a parceria da Juventude Batista Carioca (JBC), que recepcionou os cerca de 200 participantes vindos de diversos lugares do Brasil: Rio de Janeiro (JBC; JUBERJ), São Paulo (JUBESP), Pará (JUBAPA), Minas Gerais (JUBAM), Espírito Santo (JUBAC), Goiás (JUBEG) e Distrito Federal (JUMOB) . Cerca de 50 voluntários - incluindo os músicos da Banda “Louvor JBC” e equipe da multimídia - trabalharam antes e durante o evento para que cada conferencista fosse acolhido com muito amor, como conta Thaís Gomes, presidente da Juventude Batista Carioca: “Tivemos voluntários membros de diversas igrejas batistas de nossa cidade e até mesmo da região metropolitana do estado. O grande desafio foi fazer com que essa galera entendesse a proposta da Conferência e comprasse a ideia. Tivemos pouco tempo para nos reunirmos como equipe, mas isso não impediu que os voluntários trabalhassem com
tanto empenho e amor durante o fim de semana. Todos muito solícitos, e buscando sempre proporcionar uma recepção calorosa a cada participante que chegava ao local. Foi um fim de semana intenso. Subimos e descemos escadas diversas vezes, dormimos pouco, carregamos peso, mas tudo isso com a certeza de que nada foi em vão. Cremos que Deus nos deu a oportunidade de fazer parte daquilo que ele tem realizado na vida dos líderes e pastores da Juventude Batista Brasileira e somos gratos a ele por isso”, declara a presidente. Ratificando o que disse Thais, o voluntário Israel Miranda, baiano morador do Rio de Janeiro há alguns anos, comenta que servir no Paixão pela Juventude foi uma experiência maravilhosa: “Apesar de todas as dores geradas pelo esforço constante, o meu espírito e a minha alma saem daqui extremamente engrandecidos e em uma felicidade inexplicável. Trabalhar para a Obra de Deus é um prazer. Ser servo é o que aprendi durante os dias da Conferência”, relata Israel, de 23 anos. A abertura do PPJ 2014, edição Rio de Janeiro, contou com a participação dos preletores Fabio Silva e Ziel Machado, que confrontaram os participantes com questionamentos acerca da diferença que o jovem cristão tem feito na sociedade atual. Fabio Silva, um dos líderes do Movimento “Novo Jeito” e do Instituto Fábrica do bem contou diversas experiências e encorajou o público
a sair do comodismo e olhar para as ruas da cidade perguntando para si mesmo como pode ser útil dentro do contexto social. “Os olhos dos jovens hoje não brilham mais. Falta uma ideia de missão e vocação. Falta paixão por pessoas”, afirma Fabio. O palestrante Ziel Machado abordou como tema “A importância da sabedoria no processo de liderança da juventude”, onde explanou a respeito da mentoria, em correlação com as maratonas: “É sempre importante correr com alguém ao lado mais experiente, que faz as perguntas certas, na hora certa e te ensina. Essa pessoa poderia correr mais rápido, porém, prefere te acompanhar. É assim que funciona com a mentoria”, acrescenta. Para a capixaba Rayane Bahiense as palestras foram práticas, mostraram a realidade e apresentaram propostas simples, mas que fazem toda a diferença: “Desde o início puder ver o cuidado de Deus na simplicidade de tudo. Vimos e ouvimos que nada precisa ser complicado quando se trata da vontade de Deus; basta irmos fazer”, afirma a jovem. No sábado, dia 13, foi a vez dos pastores Rainerson Israel e Marcelo Gualberto levarem a mensagem, que girou em torno da flexibilidade que o jovem precisa ter para conquistar outros, sem
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erência Paixão pela Juventude
perder os valores que acredita. “Não adianta falar que Cristo é a resposta se você não sabe qual é a pergunta que o jovem de hoje está fazendo”, argumenta o pastor Marcelo Gualberto. Além dos cultos - que aconteceram na parte da manhã e noite - durante a tarde, os conferencistas também participaram da “Sala de Ideias”, que estavam subdividas em três temas, lideradas pela jovem empreendedora Marianne Cerqueira e pelos pastores Vladimir de Souza e Ulisses Torres. Para o petropolitano Jeferson Pessoa, “Participar da oficina foi importante para ampliar horizontes e pensar em meios para se trabalhar com a juventude, juntando aquilo que eu sei, com o que Deus tem colocado em meu coração que precisa ser feito”, acrescenta o jovem. Ainda no período da tarde, os participantes compartilharam - através do “Panorama” - de experiências de alguns jovens e ministérios de juventude que têm realizado ações relevantes dentro das suas cidades. “Participar dessa
roda de conversa mostrou-me que através de simples ações que demonstram o amor podemos transformar vidas, mesmo que não tenhamos os recursos necessários para fazer. Deus usa o que temos em nossas mãos”, constata Gustavo Siqueira, de Vila Velha - ES. O encerramento ficou a cargo do palestrante Ronilso Pacheco, interlocutor para as igrejas na ONG Viva Rio, que falou sobre a importância do diálogo entre o cristão e a sociedade. E a ministração da última mensagem da Conferência foi por conta do pastor Rianerson, que destacou a influência do discipulado na vida do jovem cristão, e lançou uma pergunta para reflexão: “Quanto tempo por semana você gasta cuidando de pessoas, em vez de programações?”, questiona. Para quem participou da Conferência Paixão pela Juventude 2014, o sentimento é de satisfação,
como contam as participantes Renata e Rosana, ambas do Rio de Janeiro. “Com certeza o PPJ atingiu as minhas expectativas e até superou-as. Eu venho há alguns meses orando por amor e sabedoria a fim de conduzir minha vida de modo agradável a Deus. E quando vi, o tema era justamente esse. Acredito que tenha sido resposta de oração”, relata Renata Cordeiro, de 26 anos. “O que mais me marcou na Conferência foi o amor pelas vidas repassado em todo o evento. A inquietação, a ansiedade, o incômodo pela vida das pessoas. Volto para casa com uma mala diferente da que cheguei, carregada de amor”, complementa a conferencista Rosana Vidal, de 45 anos.
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PIB de Piedade - RJ celebra Dia do Embaixador do Rei Roque, líder dos Embaixadores do Rei da Primeira Igreja Batista de Piedade - RJ
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m comemoração ao Dia do Embaixador do Rei, a Primeira Igreja Batista de Piedade – RJ realizou no dia 31 de agosto um culto matutino com a direção dos Embaixadores do Rei. O preletor foi o pastor João Melo, da Primeira Igreja Batista em Vila da Penha – RJ. O louvor ficou por conta das Mensageiras do Rei, além da participação da banda de percussão da Igreja. Para fechar o dia, foi oferecido um almoço de confraternização, que foi bênção. Agora nossos embaixadores estão se preparando para o acampamento em janeiro de 2015.
Ex-alunas do Seminário de Educação Cristã comemoram o seu dia
Ycléa Cervino, colaboradora de OJB
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resentemente o Seminário de Educação Cristã (SEC), que pertence à União Feminina Missionária do Brasil, também aceita alunos do sexo masculino nos seus cursos médio, superior e pós-graduação, mas, a Associação de Ex-alunos conta, em sua maioria, com o elemento feminino, por isso, 29 ex-alunas se reuniram no dia 16 de agosto para comemorar o seu dia. Um ônibus saiu da rua do Padre Inglês, em Recife - PE, com destino à Praia de Porto de Galinhas, zona sul, local
famoso de turismo do estado de Pernambuco. Educadoras religiosas, musicistas, ex-missionárias estaduais, nacionais e mundiais; trabalhadoras sociais, mães, esposas de pastor, todas unidas agradecendo a Deus por terem estudado no SEC, e pelo privilégio de serem usadas por Deus. Após o turismo, o banho de mar e o almoço, o ônibus seguiu para a casa da ex-aluna Severina Ramos, no município de Nossa Senhora do Ó, para o encontro anual de negócios e confraternização, a fim de recordar o passado, compartilhar o presente e planejar o futuro, não só da Associação de Ex-alunas, mas do SEC como um todo.
Foram relembrados o hino e a divisa do SEC, que falam da alegria em servir à causa do Evangelho. O grupo hospedeiro, as ex-alunas que moram na região, cantou um lindo hino escrito por elas, usando uma música conhecida: “Graças damos por mais um encontro que aqui Deus aprovou. Graças damos por cada vida que no SEC estudou. Por estarmos sempre unidas sem esquecermos a missão de pregarmos o Evangelho com amor e dedicação. Graças pela formosa casa que a nós todas ensinou, que durante todo o tempo com amor nos inspirou. E hoje estamos reunidas pra muito nos alegrar, e da beleza de
porto podermos aproveitar”. Foram compartilhadas notícias atuais do SEC e feito um apelo para ajudar no sustento de uma aluna bolsista (Bolsa Valdice de Queiroz), além disso, a tesoureira deu um relatório animador e ainda conclamou para ajudarem a comprar uma geladeira para o SEC. Outros planos para a Associação, para o SEC e para a causa do Evangelho foram traçados, especialmente visando o centenário do SEC, que será em 2017. Terminamos com a palavra da diretora executiva, professora Ábia Saldanha, sempre muito entusiasmada, contando as bênçãos recebidas de Deus, as vitórias
alcançadas e todos disseram a uma só voz: “Graças a Deus”. A Associação conclama a todas as ex-alunas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo que deem suas notícias e contribuam com orações, ofertas e façam propaganda para que os obreiros que Deus tem chamado respondam positivamente e venham se preparar para melhor servir a causa. O SEC existe por causa dos alunos chamados por Deus; colabore. Para outras informações: Seminário de Educação Cristã, rua Padre Inglês, 143, Boa Vista, Recife - PE. CEP: 50050230 / Fone: (81) 3423.3396 / sec.org.br ou educacacaocrista@gmail.com
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missões mundiais
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Filhos de muçulmanos albaneses se convertem ao cristianismo Hugo Bertolot, pastor, missionário da JMM na Albânia
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allmner, a comunidade onde trabalho e onde nossa Igreja está inserida, é uma comunidade muito pobre, e grande parte dos moradores são ciganos e albaneses, muitos deles muçulmanos que emigraram do norte da Albânia em busca de uma vida melhor. Como não tiveram espaço na sociedade pela falta de mão de obra qualificada e por não terem condições de morar em um lugar melhor, refugiaram-se nas periferias da cidade, um distrito de Tirana, a capital albanesa. Algumas das estratégias que temos desenvolvido dentro do contexto cultural são a amizade e o amor. Eu e minha esposa, a missionária Talvânia, buscamos conviver com esse povo através da simplicidade; ouvimos as pessoas, visitamos, choramos com os que choram e nos alegramos com os que se alegram. Tudo isso fez com que nos aproximássemos deles, estreitando ainda mais o
Batismos foram realizados em um rio
relacionamento entre comunidade e igreja. O fato de termos filhos, Noemi e Amós, também nos tem aberto muitas portas. Isso porque, dentro do contexto islâmico, se você tem filhos, é abençoado por Deus. Usamos também algumas estratégias na área social, como oferta de cursos e aulas de futebol. Parte dos resultados desse nosso trabalho são os batismos que realizei neste mês de setembro. Talvânia e eu orávamos há muito tempo pela oportunidade de iniciar um estudo profundo na área de discipulado. Vimos que alguns se destacavam pelo interesse e
busca pela Palavra de Deus. Desafiamos um pequeno grupo de dez adolescentes e jovens a começarem um curso de batismo. Desse grupo, percebemos que alguns se destacavam em certa maturidade espiritual e de compreensão do Evangelho. Foi então que lançamos o desafio do batismo. Deus nos abençoou com um lindo lugar ao pé da montanha. Uma mistura de natureza, com águas cristalinas e montanhas ao fundo. Perfeito. Tudo criado pelas mãos do Senhor. Convidamos todos os familiares e amigos desses jovens e adolescentes. Muitos curiosos também comparece-
ram à cerimônia. Alugamos uma van e fomos na alegria do Senhor. Oramos, louvamos e, em seguida, partimos para o batismo no rio. Era explícita a felicidade no rosto de cada batizando. Novas criaturas em Cristo. Após os batismos, fizemos um piquenique com comidas tradicionais; ótima oportunidade de regozijo e comunhão. Alguns jovens não se batizaram porque seus pais, sendo muçulmanos, não permitiram. Conversamos com eles, pedimos para que não desrespeitassem seus responsáveis, autoridade máxima dentro de casa. Temos clamado muito ao Senhor para tratar com sabedoria esta situação, que não é fácil. Recentemente fui abordado por um líder muçulmano na saída da igreja, após um de nossos encontros semanais. Ele perguntou o que eu fazia ali e o que era aquele local aonde vinham pessoas. Graças a Deus, fomos direcionados pelo Espírito Santo e contornamos a situação. Hoje, gozamos do respeito da comunidade, desde crianças até o líder, dando-lhes um testemunho contundente
e genuíno através da graça de Deus. Ainda aguardamos os demais jovens e adolescentes que estão no curso de discipulado e batismo, esperando por uma oportunidade. Estamos aqui na Albânia, leste Europeu, há cerca de quatro anos. A cada dia o trabalho tem sido abençoado, e o Senhor tem nos dado graça e sabedoria para conduzir o casal Enea e Gerta Arapi, obreiros da terra com o qual trabalhamos há quase dois anos, e a igreja. Você também pode estar junto conosco nesta missão de levar o Evangelho aos muçulmanos albaneses. Estude a possibilidade de ceder parte do seu tempo aqui com a gente. Escreva para voluntarios@jmm.org.br e saiba como. Também é possível participar com suas orações e ofertas. Ligue para 21221901 ou 2730-6800 (cidades com DDD 21) ou 0800-7091900 (demais localidades). Somos gratos ao Pai por toda a dedicação e amor dos irmãos em Cristo que têm nos apoiado para que esta missão de ser voz de Deus aqui na Albânia continue crescendo.
Ebola: desafios e um novo momento na missão da igreja Mário Alexandre Lopes, missionário da JMM em Guiné-Bissau
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ornais, rádios e emissoras de televisão noticiam a maior epidemia do vírus ebola. O surto está nos países do oeste africano: Guiné, Congo, Libéria, Serra Leoa e Nigéria. As notícias e imagens apavoram, pois a doença é letal, de fácil contágio, e o isolamento dos pacientes na quarentena mostra a seriedade com o que o vírus deve ser tratado. Além disso, o mais grave são as vidas que estão sendo ceifadas. O ebola nos coloca frente a frente com a forma perversa em que estruturamos nossa sociedade. O ebola não se espalhou para além da África. Porém, talvez, a epidemia desperte a atenção e o pavor da comunidade internacional por ter vitimado americanos e europeus. Deixou de ser meramente um vírus restrito ao continente africano. O ebola tornou-se branco.
Outro fato interessante é que essa epidemia já era esperada. O surto de ebola começou no sul da Guiné, em dezembro de 2013. No começo deste ano, a organização Médicos Sem Fronteiras alertou que o surto poderia virar uma epidemia sem controle. Naquela época, os números ainda eram baixos, mas nenhuma providência foi tomada. Médicos Sem Fronteiras alertou sobre a gravidade do surto ao mundo. Somente ao atingir o número de 800 mortes e vitimar europeus e americanos, a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ONU, os governantes e os meios de comunicação começaram a entrar na campanha contra o ebola. Infelizmente, entraram tarde. Os números das vítimas e a expansão da epidemia mostrarão o pecado social da omissão, da exclusão social, do lucro financeiro que considera mais importante investir em pequisas de doenças e fabricar remédios que dão
retorno financeiro em vez de salvar o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Como cristãos, o que podemos fazer diante dessa crise? Ao olhar o texto bíblico da reconstrução dos muros de Jerusalém, comandada por Neemias, identificamos duas atitudes nesse líder que nos encorajam à ação nessa atual epidemia de ebola. Quando Neemias recebeu seu irmão Hanani, ele relatou para Neemias a situação caótica em que se encontrava Jerusalém: “O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo” (Ne 1.3). A cidade sem proteção deixava o povo “em grande sofrimento e humilhação” (Ne 1.3). Diante dessa notícia, Neemias chorou intensamente, choro da alma. Como seres humanos, devemos chorar ao ver tamanho sofrimento como o ebola. O choro nos sensibiliza diante da situação, torna a nossa consciência aberta a ouvir a voz de Deus.
Depois do choro, a primeira atitude de Neemias foi interceder a Deus pela situação pela qual estava passando o povo judeu (Neemias 1.5-11). Esse é o momento exato de o povo do Senhor interceder na família, nas células, nos cultos, pelo oeste africano. Quando a igreja intercede, ela está agindo. A epidemia do ebola nos coloca diante de novos desafios. Como cristãos, igrejas locais e instituições missionárias, temos que buscar constante capacitação. Essa epidemia nos sinaliza que, se quisermos ser relevantes no contexto dos países do continente africano onde o ebola pode aparecer, precisamos incluir a prevenção como parte essencial da missão da igreja, pois prevenir significa ser as mãos de Jesus que salvam vidas criadas à imagem e semelhança do Pai. Dias atrás, tivemos uma aula com um estudante de medicina. Esse guineense, chamado Mário, é fruto do
trabalho missionário do pastor e médico Joed Venturini. A partir dessa palestra, estamos voltando animados para o sul de Guiné-Bissau, onde pretendemos participar junto à comunidade da prevenção do ebola. Também traduzimos com um mentor cultural o cartaz do ebola para o crioulo, que é a língua de comunicação do país. De acordo com os médicos que têm atuado nas áreas de epidemia, uma das maiores barreiras é a linguística, pois os cartazes estão publicados em português, francês e inglês. Essas línguas distanciam o povo da prevenção. É preciso falar nas línguas de comunicação maternas do oeste africano. Agradecemos a Deus pelo cuidado de Missões Mundiais, que está monitorando todos os missionários da instituição no oeste africano. Também pedimos oração pelos missionários, professores e crianças do Pepe (programa socioeducativo) de Serra Leoa, apoiado pela JMM.
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notĂcias do brasil batista
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notícias do brasil batista
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OBITUÁRIO
Diácono Francisco Olímpio de Oliveira
Othon Ávila Amaral, membro da Igreja Batista Betel de Mesquita - RJ e membro do Conselho Editorial de OJB
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oi com certa surpresa que recebemos a notícia do falecimento do diácono Francisco Olímpio de Oliveira no último dia 15 de agosto de 2014. Sabíamos que sua saúde requeria cuidados especiais. E ele não se descurava de tais procedimentos. Tudo aconteceu quando ele acompanhou sua esposa, doutora Luciana, a um exame. Foi acometido de um mal estar e aqueles foram seus últimos momentos ao lado daquela com quem conviveu mais de cinquenta anos. Francisco Olímpio de Oliveira nasceu no dia 3 de dezembro de 1937 na cidade
de Propriá - SE. Veio para o Rio de Janeiro com 14 anos e se converteu. Foi batizado pelo pastor João Teixeira de Lima na Primeira Igreja Batista de Mesquita - RJ no dia 17 de dezembro de 1961. O diácono Francisco Olímpio de Oliveira trabalhou durante muitos anos em empresas de ônibus coletivos. Era um funcionário zeloso e apreciado pelos usuários. Quando alguma igreja contratava os serviços de coletivos para excursões e passeios, geralmente solicitavam a indicação dele para conduzir o veículo. Sempre dedicado às atividades das igrejas onde foi membro. Aluno da Escola Bíblica Dominical, sempre presente nos trabalhos evangelísticos. Uma de suas qualidades era compartilhar, através de oração, do ministério
pastoral. Outra grande qualidade era o envolvimento com idosos e enfermos. Casou-se com Luciana dos Santos Silva, depois Oliveira, enfermeira e fonoaudióloga, em cerimônia ministrada pelo pastor José de Souza Herdy, pastor interino da Primeira Igreja Batista de Mesquita, no dia 14 de setembro de 1963. Na ausência da organista acompanhou os cânticos da ocasião o pastor Iomael Sant’Anna, que já era pastor da Igreja. O casal foi abençoado com o nascimento de três filhos: Rute, André e Andreilson. Adotou Rita da Cássia Duarte. Sete netos, sendo dois adotivos. Uma bisneta. Seu genro, Nelson Cardoso Paixão, exerce um ministério de grande relevância como líder de Embaixadores do Rei na Igreja e na Associação. É um crente estimado e querido
membro da Segunda Igreja Batista de Nilópolis - RJ e de todas as igrejas com as quais se relacionou. É um genro que todo pai gostaria de ter. Do lar de Francisco e Luciana outros lares surgiram. Francisco foi membro das seguintes Igrejas: Primeira de Mesquita, Banco de Areia, Primeira de Nilópolis e Segunda de Nilópolis. Todas da Convenção Batista Fluminense. Foi também da Primeira Igreja Batista de Anchieta, da Convenção Batista Carioca. Foi ovelha dos pastores João Teixeira de Lima, Irineu Rabelo, Iomael Sant’Anna, Levy Abreu Vargas, Olivaldo Olívio da Silva, Ricardo José e talvez outros. Foi consagrado ao diaconato pelo pastor Joel André Reis na Igreja Batista de Banco de Areia. Como diácono usou de mansidão para administrar
todos os problemas. Certa ocasião deu um testemunho sobre o ministério diaconal perante os diáconos batistas cariocas que deixou a melhor impressão. Ministrou cursos em igrejas que estavam em processo de organização do Conselho Diaconal. Ao lado do pastor José Rodrigues de Menezes empreendeu algumas excursões evangelísticas no estado do Rio, no Brasil e na América Latina. Foi sepultado no Cemitério Jardim de Mesquita no mesmo dia do seu falecimento, 15 de agosto de 2014. O culto de gratidão foi conduzido pela pastora Patrícia Lima da Silva. Falaram os pastores Levy Abreu Vargas e Iomael Sant’Anna os quais deram bom testemunho sobre a vida cristã do diácono Francisco Olímpio de Oliveira.
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H
ponto de vista
á uma relação vital entre o Espírito Santo e a obra missionária. Essa depende dele integralmente. Não existe obra de missões, biblicamente falando, sem a presença do Espírito. Sem ele, é uma tarefa meramente humana e sem relevância. Em toda a história de missões, a terceira pessoa da trindade divina tem sido presença vital. A missão de Javé no Antigo Testamento tem o Espírito enchendo e usando os profetas para proclamarem a mensagem de arrependimento. Há uma conexão entre Isaías 61.1-3 e Lucas 4.18-21. No texto de Lucas, o Senhor Jesus está na sinagoga de Nazaré, onde fora criado, e faz a leitura do texto do profeta Isaías. A promessa dada pelo Espírito no Antigo Testamento se cumpre no Novo Testamento na Pessoa e Obra de Jesus de Nazaré. Foi o
Espírito Santo que inspirou o profeta Isaías a proclamar a Mensagem do Messias que viria. Então, o Senhor Jesus Cristo está lendo o texto que se refere a ele, a todo o seu ministério de misericórdia. Na verdade, Isaías é o livro mais messiânico de todo do Antigo Testamento. Revela uma história de profundo amor de Deus por seu povo e pelas nações por meio de Cristo – o Messias redentor ungido. O precioso Espírito veio sobre Jesus no seu batismo (Mateus 3.13-17). O Senhor Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo em sua pessoa e obra (Mateus 4.1). As mensagens proféticas, todos os milagres de Jesus e a proclamação do Evangelho do Reino tiveram a chancela do Santo Espírito. O Espírito é o motor da arrancada missionária a partir de Jerusalém. A Igreja, caminhando
no temor do Senhor e no conforto do Espírito, crescia em número (Atos 9.31). Na verdade, foi esta a promessa de Jesus em Atos: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Depois do Pentecostes, da pregação dos apóstolos, da formação da Igreja Primitiva e da morte do diácono Estevão, o mesmo Espírito usou o “diácono-evangelista” Filipe para anunciar o Evangelho ao alto funcionário da Etiópia (norte da África), cuja história está registrada em Atos 8.26-40. Foi o Espírito que, na cidade de Antioquia da Síria, separou Barnabé e Saulo para a obra missionária, especialmente aos gentios (Atos 13.1-3). No poder do Espírito eles foram por toda a parte pregando do Evangelho de Cristo.
Rios, mares, desertos, vilas e cidades foram transitados por homens e mulheres cheios do Espírito Santo que sofreram por causa do Evangelho de Cristo. A conversão e o batismo de cada crente tiveram a presença fundamental do Espírito. Paulo exortou os irmãos de Éfeso a serem cheios do Espírito Santo (Efésios 5.18). O mesmo Espírito chama, enche de poder, supre (abre as portas para o treinamento missionário) e usa a pessoa que se dispõe a cumprir a grande comissão para a glória do Pai. O Evangelho avançou de Jerusalém (oriente) a Roma (ocidente) sem impedimento algum em função da obra portentosa do Espírito Santo (Atos 28.31). O Espírito é aquele que dá dons aos homens para serem exercidos na igreja local e no campo missionário (Efésios 4.1116). Precisamos submetermo-nos a ele com temor e
tremor para que ele nos use, fazendo com que o nome de Jesus Cristo seja conhecido plenamente em todo o lugar, a começar de onde estamos. Revelar Cristo, a suficiência da sua Obra na cruz e na ressurreição, é a Obra principal do Espírito Santo. Primária dele e secundária nossa. Se o Evangelho chegou até nós foi por causa da Obra do Espírito da verdade e de homens e mulheres que obedeceram a Palavra de Deus tanto no front quanto na retaguarda. À luz dessa verdade relacional, somos chamados, hoje, a um compromisso inadiável e inalienável com o ide de Jesus através da vida de oração, do ato responsável da contribuição e, em alguns casos, do servir na frente missionária. Ou na retaguarda ou no front, Deus, o nosso Pai, exige de nós o melhor para a sua própria glória.
Anderson Resende Barbosa, membro da Primeira Igreja Batista de Brasil Novo - PA
Aparecem candidatos de todo jeito, com proposta para agradar as pessoas, mas no fundo mesmo, querem é aproveitar dos benefícios que o estado e o país lhe darão quando estiverem eleitos. Na primeira vez que votei tinha 16 anos, eleições municipais, não tinha ideia do que iria acontecer no município nos quatro anos seguintes, só queria votar, porque tinha alcançado o direito segundo as leis do meu país de ser cidadão. Não me interessei pelos candidatos dos outros partidos que disputavam com o partido que votei. O que interessava era meu candidato, não estava votando em proposta do governo, isso não me interessava, estava votando porque o candidato era meu parente. Dois anos depois, nas eleições presidenciais, governadores, deputados, senadores, segui os mesmos princípios anteriores (só não tinha parente envolvido), mas votei
seguindo o partido que havia adotado anteriormente. Muitas pessoas, assim como eu no passado, votam simplesmente por votar. Muitos pensam que, independentemente de quem esteja governando, não afetará em nada sua vida. Nasceram e viveram naquela situação em que nada teve de ajuda ou benefício para sua vida e família. E se tiveram alguma coisa, seja ela a mínima coisa, mas que tenha trazido um pouquinho de melhora, preferem continuar com o certo, do que trocar pelo duvidoso. Para muitos, política é “religião”, partido é “sagrado”, candidato é o “messias”. O povo está a espera do “messias”, aquele que vai resolver o problema da saúde, educação, emprego, fome e miséria do país. Milhões e milhões são gastos em propaganda para tentar provar às pessoas que há uma solução para o país. As pessoas acreditam e votam no “redentor” menti-
roso, que retorna quatro anos depois com a mesma demagogia dizendo ter a solução. Enquanto isso, aumenta a fome, a miséria, a prostituição, drogas, doenças, e precariedade no ensino. O povo não perde a esperança, vota em candidatos cristãos, “pastores”, pensando que está fazendo uma boa escolha, mas quando chegam ao poder, usam a religiosidade para “abençoar” as propinas. Sei que há pastores honestos e cristãos comprometidos com a defesa da moralidade e justiça do nosso país, mas creio que precisamos de uma manifestação mais forte em relação aos problemas que assolam o povo. Mais uma vez, o povo irá votar na esperança de ter um país mais justo, honesto. Muitos votam querendo defender a causa da família, para não ter que ser forçado a aceitar princípios que firam a moral do homem e da mulher.
Precisamos de princípios cristãos no governo do nosso país. A pobreza está aumentando, com isso vem as frustrações, a fuga, que na maioria das vezes acontece nas drogas, que gera tráfico, dependência, prostituição, bebida, doenças e assim por diante, transformando-se em uma bola de neve. Para falar a verdade, a culpa é minha, não sei em quem votei nas eleições passadas, por isso não tenho o direito de fazer reivindicações. Tenho que mudar meu modo de ver a política, não mais como religião, partido como coisa sagrada e o candidato como um messias. Mas sim, orar para que Deus mova o coração dos próximos governantes do nosso país para que saibam tomar decisões para o bem da nação. “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl 127.1).
C
omo fazer uma escolha certa na hora de votar na pessoa que governará nosso país? Muitos não têm a resposta, votam para cumprir um dever. O brasileiro é obrigado a votar, ou então perde alguns benefícios. O descrédito nos candidatos é tanto, que o programa eleitoral não é visto como boa coisa, milhares e milhares de pessoas não estão interessadas nas propostas de governo, porque na maioria deles não passa de promessas e engano. Os debates não passam de afrontas entre os candidatos, deixando mais confusa a mente daqueles que procuram fazer uma leitura daquele que poderá ser o melhor, embora seja difícil ter uma certeza de quem poderia ser o melhor.
o jornal batista – domingo, 28/09/14
ponto de vista
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Pela quantidade de batismos em um determinado período? Pela quantidade de atendimentos? Há pessoas que nem desejam que outros saibam que está em um processo de aconselhamento pastoral. Tive também a notícia de que um pastor recebeu do tesoureiro da igreja um maço de cheques que era para o pagamento do seu honorário. O pastor lhe indagou porque a tesouraria não tinha feito um cheque da igreja e o respectivo contracheque para o seu pagamento? O tesoureiro rapidamente respondeu: “Pastor, o que você pensa que a igreja é? Você acha que ela deve perder dinheiro com a CPMF?” O pastor, meio aturdido, indagou novamente sobre o que deveria fazer se um cheque voltasse, e o tesoureiro prontamente respondeu que ele deveria trazer o cheque no domingo seguinte, que se o emitente viesse, poderia substituir o cheque. E se não viesse? Bom, essa parte o pastor não perguntou. Tive também o conhecimento de uma situação em que o pastor que estava enfermo e faleceu. Cerca de quinze dias depois os líderes bateram na porta da casa pastoral para solicitar à viúva que desocupasse a casa imediatamente. Pastor é gente e sua família também. Eu sei que pode até haver pastores que não conseguem
realizar um bom trabalho, mas continuam a ser gente e necessitam ser tratados pelo menos como gente. Eu sei que há pastores autoritários, mas também são gente. Eu sei que há pastores cujo sermão nem sempre tem bom conteúdo. Tem pastor que é sanguíneo demais, mas também há coléricos, melancólicos, fleumáticos. Pode até haver pastor que sofre de alguma neurose. Todos são gente. Já se passam 36 anos desde a minha consagração ao ministério. A maior parte vivi dividindo tempo entre o trabalho denominacional e o eclesiástico; se não estava pastoreando, estava colaborando com o ministério de algum colega, em geral na área de educação. Sei que há comentários justos sobre a atitude de alguns pastores, mas transformar o pastor em sobremesa do almoço de todo o domingo, isso já é demais. Seja como for o seu pastor, você já orou em favor dele hoje? Já tentou dialogar com ele procurando ajudá-lo como você gostaria de ser ajudado em uma situação semelhante? E se ele não dá chance para isso, você já entregou a situação para Deus e pediu-lhe para encontrar o momento e as palavras certas? Um dia um jovem seminarista, líder em sua igreja,
apareceu em meu gabinete na faculdade que dirijo e me pediu para ouvi-lo e aconselhá-lo, pois estava muito zangado com seu pastor por causa de algumas atitudes que ele estava tendo. Ele começou a se exaltar tanto sobre o assunto que em um determinado momento me disse que o único caminho era o pastor sair imediatamente da igreja e deixá-los em paz. Eu lhe perguntei de imediato: “O pastor é casado? Tem filhos? Qual a idade deles? A casa em que mora o pastor é da igreja ou é dele mesmo?”. Ao que ele me respondeu que ele era casado, tinha filhos, eram crianças em idade escolar e morava na casa pastoral da igreja. “Quer dizer que você deseja que o pastor saia da igreja nos próximos dias?”. Ele me respondeu que sim. Eu continuei “Onde ele vai morar? E a sua esposa? Seus filhos que já possuem um relacionamento na escola, como vão ficar? Eles terão de parar os estudos de uma hora para outra?”. O jovem quase que deu um salto da cadeira e me disse: “Professor, o que é isso? Eu não tinha pensado nestas coisas!”. Eu lhe disse que o pastor dele até poderia estar errado e até ter sido inconveniente, mas que ele era gente também, que sua esposa era gente e que seus filhos eram gente e que ne-
cessitavam, pelo menos, ser tratados como gente e que eles deveriam buscar um diálogo com aquele pastor e trabalhar mais na situação. Não sei o que aconteceu depois, mas o espanto daquele jovem me deixou também espantado, pois, investindo grande parte do meu tempo na vida denominacional tenho tido a oportunidade de me assentar ao lado dos membros da igreja e ouvi-los mais abertamente e já vi repetidas vezes a mesma situação. Se há pastores que podem até manipular pessoas, há também líderes que até podem tratar o pastor como uma peça de descarte, sem a mínima preocupação dele como gente. É certo que um pastor não pode tratar com autoritarismo, indelicadeza, omissão ou irresponsabilidade ao rebanho. Mas também a igreja não pode tratar o pastor como se fosse uma máquina, como se fosse alguém sem sentimentos, sem família, que não tivesse dor e fosse impermeável ao sofrimento. Afinal, pastor também é gente. Portanto, deixo o meu recado tanto a pastores como a líderes e membros em geral da igreja: o diálogo é sempre o caminho, se ele não for possível, a oração e a dependência de Deus são a avenida para a manutenção saudável da vida na igreja.
Reconheço que nosso sisteTarcísio Farias Guimarães, ma político é falho, permite pastor da Primeira Igreja Batista em Divinópolis - MG que o poder econômico influencie o processo eleitoral, s declarações que admite pessoas desprepaacompanham as radas como candidatos a eleições brasileiras funções importantíssimas a cada dois anos nos governos, tolera partiestão de volta. Algumas dos políticos inconsistentes. necessárias, outras dispen- Todavia, ainda é o melhor sáveis e algumas outras des- caminho que conhecemos necessárias. Temos ouvido para escolher ocupantes de mais uma vez que “eleição funções legislativas e execué sempre a mesma coisa” e tivas em nossa nação. Pior que o processo elei“nada vai mudar mesmo”. Há quem diga que “todo toral deficiente é o eleitor político está interessado deficiente, que faz de conta apenas em seus próprios ga- não ter relação alguma com nhos” e, por isso, seria bom as eleições. Não conhece não ter que votar e perder os candidatos, não analisa bandeiras ideológicas e protempo.
postas de campanha, não investiga o histórico daqueles que já foram eleitos em outros momentos. Seu voto é perdido porque sua vontade não é fruto de atitude cidadã responsável. O voto perdido é praticado por quem vota somente nos candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto, sem considerar que existem candidatos liderando pesquisas enquanto respondem processos na justiça, por envolvimento com corrupção política. Perde o voto quem vende-o e, assim, troca quatro anos de governo por pequenos
mimos, corrompendo-se e cometendo crime. O voto é perdido quando alguém vota no candidato do patrão, do pastor, do vizinho, sem conhecer o candidato. Convido você a agir como cristão coerente e cidadão consciente neste momento delicado da história do Brasil. As pessoas e os partidos que serão escolhidos para administrar os estados e a União influenciarão diretamente nossas vidas, nossas famílias, nossas empresas, nossas igrejas. E isso tudo por longos quatro anos. Não perca seu voto. Ore ao Senhor em busca de discernimento para votar de
modo acertado. Conheça partidos e candidatos, por meio de suas ideologias e planos de governo expostos na TV, no rádio e na internet. Pesquise o histórico de quem já foi eleito para algum posto político. Busque informações sobre o que os candidatos pensam da fé cristã e dos valores que você considera inegociáveis. Dedique tempo à reflexão antes de decidir em quem votar. Minha oração é para que você vivencie o conselho da Palavra de Deus: “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (I Co 10.31).
o longo da história foi se formando a imagem de que um pastor é alguém sobrenatural, com capacitação gigantesca, portador de dons e talentos espetaculares, inquestionável autoridade vinda do alto e elevado nível de resistência às pressões, asperezas, obstáculos e intempéries da vida e ministério. Por causa disso, um médico amigo até me falou que nós pastores sofremos de “onipotência simbiótica”. O tempo também foi provando que este imaginário não era compatível com a natureza de qualquer ser humano – pastor não é como Jesus, que tinha a natureza humana e divina -, pois apesar de pastores, somos como qualquer ser humano na face da terra – imperfeitos, limitados. Somos também gente e não máquina de produção ou de perfeição. Aliás, até as máquinas falham e necessitam de ajustes. Soube uma vez que um pastor assumiu o ministério de uma igreja e numa das primeiras reuniões com a liderança foi logo avisado de que os honorários dele seriam calculados por produtividade. Como medir a produtividade de um pastor sério e cumpridor do seu papel de ovelheiro? Pelo aumento das receitas? Pelo controle das despesas? Pela quantidade de visitas feitas?
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