OJB EDIÇÃO 41 - ANO 2022

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Culto

Dia da criança Batista

de outubro

A professora do povo do sertão

ISSN 1679-0189 R$ 3.60 ANO CXXI EDIÇÃO 41 DOMINGO, 09.10.2022 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA FUNDADO EM 1901
infantil Artigo trata da liturgia para o culto com crianças Papo sobre juventude Entrevistamos Jéssica Martins, nova coordenadora da JBB
Conheça a trajetória da missionária Beatriz Rodrigues da Silva Somos um povo ou uma multidão? Lourenço Rega fala da importância da comunhão na Igreja pág. 05 págs. 10 e 13 pág. 12 pág. 15 Reflexão Notícias do Brasil Batista Notícias do Brasil Batista Observatório Batista
segundo domingo
“Então disse Jesus: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas” (Mateus 19.14).

O Dia das Crianças e a criança no dia a dia

Como é o dia a dia de nossas crian ças? Quais os seus medos? O que as deixam tristes? Quais as reais carên cias e anseios de suas vidas?

A grande verdade é que os líderes, educadores e pais estão mais atentos às necessidades das crianças e estão descobrindo que precisam investir na fase da vida infantil. Investir no dia a dia das crianças é mais que fazê-las saber mentalmente sobre Jesus Cristo e Seus ensinamentos. É acompanhar, zelar, cuidar, apascentar, amar de tal maneira, que as vejamos transforma das no corpo, na alma e espírito.

Quando se conhece uma criança no seu dia a dia, seus líderes as ouvem, se relacionam com elas com interesse real, as encorajam, seja através da pa lavra certa, de forma certa, no momen to certo, seja por meio de atitudes que

as valorizam, fazendo-as se sentirem importantes, sociáveis, bem cuidadas e priorizadas.

Não tenho dúvidas que a infância é uma fase fantástica, de descobertas incríveis e maior aceitação ao ensino e à aplicação prática. Nesta fase estão abertas para receberem princípios e valores eternos, pois estão cheias de curiosidades, dúvidas, anseios, von tade de fazer o certo, dispostas às mudanças radicais. Mas a infância passa rápido, e é longo o período de fragilidade e por esse motivo é que os pequeninos requerem que se lhes providenciem alimento, cuidado, acei tação, carinho, motivação, correção e ensinamentos para a vida.

Entender a criança no seu cotidiano é reconhecer que somente no século 20 (pelo menos no mundo ocidental),

as crianças passaram a ser tratadas adequadamente. A expansão do con sumismo, da violência, da perda da infância, da depressão, da pobreza, do desemprego, do avanço da tecnologia e do imediatismo fornecem desafios interessantes para os pais e educado res. A história mundial estimula-nos a enxergar o quadro mais amplo em que a criança está inserida, pois elas refletem as sociedades em que estão inseridas e também ajudam a construir essas sociedades, por intermédio dos adultos que surgem das crianças. A criança, nesse sentido, é uma chave única para a experiência humana maior.

O lar deve ser em si próprio um abrigo seguro, um tipo de escola na qual se aprendem as lições básicas da vida, um tipo de igreja na qual Deus é honrado. (Billy Graham)

Um dos grandes desafios do século XXI são as pessoas descobrirem cami nhos eficazes para ajudarem as crian ças a crescerem com a capacidade de construir a paz, a dignidade, o respeito, o amor, a fraternidade e a solidariedade em um mundo com tão pouca esperan ça de mudanças. O meu desejo é que os pais, os líderes e as pessoas influen tes nas decisões importantes da nossa vida, possam refletir sobre o Dia das Crianças e mais ainda, investirem no dia a dia desses pequeninos. Só assim poderemos garantir uma sociedade saudável e equilibrada. n

Aldezir Mota Soares pastor de Crianças na Primeira Igreja de Campo Grande - MS (Extraído e adaptado do site da Convenção Batista Sul-Mato-Grossense)

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2 O JORNAL BATISTA Domingo, 09/10/22 EDITORIAL
REFLEXÃO O
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Quero!

Foi a resposta que Jesus deu ao le proso, que O procurou para ser curado. “Se queres, bem podes limpar-me. E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o e disse-lhe: QUERO, sê limpo” (Mc 1.40b-41). Je sus quebrou a Lei mosaica, que proibia tocar em alguém contaminado pela lepra. Mas, a compaixão ultrapassou a Lei e tocou no enfermo. O leproso não pediu para ser curado, mas, submeteu -se ao querer de Jesus. Apenas disse: se queres podes curar-me. O Mestre, diferente do ser humano contaminado pelo pecado, sempre queria minorar os malefícios do pecado que atormen ta a humanidade. Este querer divino prevaleceu em todo o Seu ministério. Continua existindo hoje para beneficiar suas criaturas em sofrimento.

Jesus quer que o pecador perdido seja perdoado e salvo. Para provar esta verdade, Ele deu Sua vida no calvário por todos que O aceitam como Sal vador pessoal. Ao cego que O seguia em Jericó, clamando por misericórdia, Jesus perguntou: “Que que queres que te faça?” (Lc 18.41). A resposta não poderia ser outra: “Senhor que eu veja.” O que mais um cego desejaria? Mas, Jesus em Sua misericórdia acrescenta: “A tua fé te salvou” (Lc18.42). O Senhor sempre nos oferece mais do que espe ramos e pedimos.

É comum as pessoas repetirem o chavão: “Se Deus quiser.” Esquecem que Jesus sempre quer. Ele quer li bertar o drogado do mundo tenebroso do vício. Ele quer que o esposo ame a esposa como Ele ama a Sua Igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela. Ele quer que a família viva em san

tidade, onde os pais amam os filhos e este respeitam aqueles, conforme o ensinamento bíblico. Ele quer que os governantes sigam um padrão de seriedade e não se deixar levar pela corrupção. Ele quer que os seres hu manos vivam em paz, evitando as guerras assassinas. Não fomos cria dos para guerrear, mas, para viver em harmonia com o nosso semelhante. Jesus quer que os bebês não sejam objetos de abortos criminosos, mas, que nasçam normalmente e sejam amados e orientados para usufruírem a beleza de uma vida de comunhão com o Pai celestial. Ele quer que todos os seres humanos sejam salvos por Sua graça. Deus não nos criou para povoar o inferno. Este foi preparado para o Diabo e seus anjos, não para criaturas humanas. O inferno não fa zia parte da criação divina. O inferno

foi preparado (Mateus 25.41) para receber o Diabo e seus anjos, jamais a criatura humana. Ele foi preparado após a entrada do pecado no mundo. Portanto, ir para o inferno é uma op ção humana, jamais do querer divino. Jesus quer que os pastores, que Ele chamou, ame as ovelhas salvas por seu precioso sangue. Que nenhum pastor jamais venha a dizer: “Com es tas ovelhas eu não trabalho” e assim as expulsas do rebanho.

Sim, Jesus sempre repete: Eu quero que você seja Meu servo e viva para glorificar o Pai. Quero o seu bem-estar e uma vida sem má goas e ressentimentos. Jesus quer recebê-lo no lar celestial e repetir o que Ele prometeu: Vinde benditos do meu Pai e possui por herança o reino que eu preparei para todos que me amam.  n

Floresça em qualquer idade

Estamos na primavera Tempo de florescer

3O JORNAL BATISTA Domingo, 09/10/22
BILHETE
Leila Matos
ministra de Educação Cristã; membro da Igreja Batista Vida em Niterói - RJ
Por cada fase da vida A Deus devemos agradecer.
Floresça em atos de amor Frutifique fé e alegria
Seja
exemplo na vida Compartilhando com sabedoria. Todas as idades são lindas Tendo uma vida de valor
Pela
maturidade e esperança
A
Deus seja sempre o louvor.
n REFLEXÃO

A fé de Raabe

O muro era alto e estava sempre vi giado;

O rei e o povo se orgulhavam da ci dade.

O exército era forte e temido pelos povos, Pois agia sempre com intensa cruel dade.

Soldados inimigos, quando feitos pri sioneiros, Eram sacrificados em temíveis rituais.

Para agradarem aos seus deuses pa gãos, Os cananeus eram cruéis, desumanos e brutais.

Porém, para o Senhor, o Deus Todo Poderoso, Jericó tinha os dias contados para cair.

A sua iniquidade já estava insuportável E Jeová disse: “Eu agora vou agir.”

O povo do Senhor estava se aproxi mando;

Saíra do Egito e atravessara o deserto. Iria conquistar a boa Terra Prometida E, de Jericó, já estava muito perto.

O líder Josué enviara dois espias; Entraram na cidade e viram a idolatria. Porém, no meio de um povo tão iníquo Encontraram uma mulher que do mal se arrependia.

Raabe, prostituta, ouvira falar de Deus E das maravilhas que Ele havia ope rado.

Pensou consigo mesma: “Como este Deus invisível

Tem tanto poder, nunca sendo derro tado?

Ele tirou seu povo da servidão no Egito, Abriu o mar Vermelho e eles passaram a pé.

Durante quarenta anos os sustentou no caminho,

Se fez tudo isto, nEle agora tenho fé.”

Mesmo colocando a sua vida em risco, Raabe acolheu os espias do Senhor.

Levou-os à sua casa e confessou para eles

A sua decisão de servir ao Criador.

Os espias prometeram que ela e sua família

Seriam poupados quando o exército de Deus

Invadisse Jericó e destruísse a cidade, Pois o Senhor protege aqueles que são seus.

Raabe, então pediu uma prova da pro messa

E um cordão vermelho foi entregue para ela Para quando os hebreus entrassem na cidade, Ela estendesse o cordão pela janela.

Os espiais desceram pelo muro da cidade, Voltaram ao arraial, contaram tudo a Josué.

Falaram a respeito do que viram na cidade

E sobre a atitude impressionante da mulher.

Deus não impõe: Ele nos convida

“Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3.20).

O Senhor não nos obriga a amá -Lo e obedecê-Lo. O Senhor revela Seu amor por nós dizendo: “Escutem! Eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e nós jantare mos juntos” (Ap 3.20).

Jeová, ao nos criar à Sua ima gem e semelhança, deixou bem claro que nos deu o potencial de ultrapassar nossos limites huma nos: “Venham a Mim, todos vocês que estão cansados de carregar suas pesadas cargas e Eu lhes da

Os hebreus fizeram todo o planeja mento

Para irem à batalha contra Jericó.

Porém, diferente dos povos inimigos, Aquele era um povo que não lutava só.

O Senhor dos Exércitos conduziu o seu povo E naquela ocasião deu-lhe uma grande vitória

As trombetas tocaram e a muralha foi

rei descanso. Sejam Meus segui dores e aprendam comigo, porque Sou bondoso e tenho um coração humilde, e vocês encontrarão des canso. Os deveres que Eu exijo de vocês são fáceis e a carga que Eu ponho sobre vocês é leve” (Mt 11.28-30).

Ao convocar Seus primeiros dis cípulos, que tinham a profissão de pesca, Jesus disse: “Venham Comigo que Eu ensinarei vocês a pescar gen te. Então, eles largaram logo as redes e foram com Jesus” (Mt 4.19-20). Jesus continua chamando discípu los. Quanto a nós, vale a pena ouvir Seu convite e consagrar ao Senhor nossa vida e todos os recursos que Ele nos dá.

abaixo E ao Deus de Israel os hebreus deram glória.

Raabe e a família foram logo resga tados

Pois a sua casa não sofreu destruição. A fé que ela teve deu-lhe grande livra mento

E ela alcançou uma tão grande sal vação. n

pastor

Extraído do site da Associação dos Diáconos Batistas do Estado do Rio de Janeiro

Jesus tem um encontro particular com Seus discípulos para a celebração da Páscoa Judaica. O momento era tenso e lá fora, os principais sacerdo tes, em conluio com os fariseus plane javam a morte de Jesus. Aquela era a quinta-feira do Getsêmani, do suor de sangue, da traição de Judas, da nega ção de Pedro, a quinta-feira da prisão de Jesus. Os discípulos estavam com o coração perturbado. E é nesse con texto que Jesus se levanta para con fortá-los. Como podemos encontrar consolo na hora da aflição?

Confiar em Cristo apesar das cir cunstâncias (v.1)

A fé em Cristo é a cura para o coração

perturbado. As crises vêm. Os problemas aparecem, mas “continuem crendo em mim”. Foi isso que Jesus aconselhou. As sombras cairão sobre nós, a perseguição virá, a cruz é inevitável, mas “continuem confiando em mim. É olhar para Jesus e não para a tempestade.

Jesus voltará para nos levar ao ver dadeiro lar (v.2-3).

A partida de Jesus é para o bem dos discípulos. É verdade que Ele está indo embora, mas para preparar um lugar para eles; virá e os levará para que eles possam estar onde Ele está. Quando Jesus fala de ir preparar lu gar, está se referindo a Sua entrega de morte na cruz e Sua ressurreição ao terceiro dia. A Sua obra redentora que prepara o lugar para os discípulos.

Jesus é o único caminho para Deus (v.4-6).

Tomé faz uma pergunta: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos saber o caminho?” (v.5). A resposta de Jesus é uma das mais importantes declarações registradas nos Evangelhos: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (v.6). Jesus é a verdade que sustenta nossa mente, a vida que satisfaz o espírito e o único caminho que nos leva a Deus. Jesus é o caminho para Deus porque é a verda de de Deus e a vida de Deus.

Jesus é a revelação do Pai (v.7-11)

Jesus diz que quem O conhece, co nhece o Pai (v.7), e quem O vê, vê o Pai (v.9). Jesus é o porta-voz do Pai (v.10). Jesus não apenas é um com o Pai, mas aquele que fala da parte do Pai. As obras que Ele realiza não as realiza por Si mesmo, mas as faz pelo poder do Pai. Jesus age como o Pai (v.11). O

Filho realiza as mesmas obras do Pai. Ele é o agente do Pai. Ele é o Verbo criador. O Pai e ele trabalham até hoje.

Podemos buscar o Pai em oração (v.12-14)

Devemos pedir com fé (v.12). A fé no Cristo exaltado, que tem o governo do mundo em Suas mãos e derramou o Seu Espírito sobre a Igreja, pode nos abrir portas mais amplas para colhermos fru tos mais abundantes do que aqueles colhidos por Cristo. Devemos pedir em nome de Jesus (v.13-14). A oração com fé, endereçada a Deus, em nome de Je sus significa pedir o que Jesus pediria, o que lhe agradaria e o glorificaria.

Que possamos confiar em Cristo, almejar o lar celestial, estar preparados e preparados e servir como continua dores da obra de Cristo, transbordando a mensagem de salvação proveniente da Graça que Cristo nos outorgou. n

4 O JORNAL BATISTA Domingo, 09/10/22
Olavo Fe ijó Hanri de Oliveira Pinheiro
Cristo sustenta quem nele confia (João 14.1-14) REFLEXÃO pastor & professor de Psicologia

Culto infantil: como desenvolver a liturgia?

O culto é o momento de aprender, compartilhar, interagir, falar com Deus e escutá-lO. É importante ressaltar que o culto com músicas, linguagens ade quadas às crianças e ludicidade não significa que tenha adoração menor ou que possua menor importância. Faz-se uso de recursos que atendam o desen volvimento cognitivo da criança com vistas a facilitar sua compreensão. Não são os recursos que transformam, mas a Palavra de Deus!

Para isso, a criança precisa saber o que de fato está acontecendo e porque é importante que ela esteja reunida com outras crianças na Igreja. Ela pre cisa saber o que está fazendo. Nosso papel não é condicionar, mas cons cientizar, e contribuir para sua forma ção. O culto segue um programa, uma liturgia e a cada momento é explicado o que irá acontecer e o porquê. Dessa forma, a criança não memoriza meca nicamente, mas interioriza de forma consciente, ao mesmo tempo em que aprende que há uma organização e os momentos não são aleatórios.

A palavra grega  leitourgia, usada no Novo Testamento, é composta de duas palavras gregas: povo (Laós) e trabalho (érgon); significa serviço para o povo, obra do povo, ministério, ser viço religioso. Liturgia é tudo o que se refere ao culto e suas diversas partes ou atos. (CULTO E ADORAÇÃO: DOCU

MENTOS BATISTAS, 2011)

James Smith, no primeiro volume da trilogia Liturgias Culturais, traz que “toda liturgia constitui uma pedagogia que nos ensina, por meio de todas as formas precognitivas, a sermos um certo tipo de pessoa” e enfatiza que a liturgia é ensino e nela a cosmovisão está presente. Para ele, o reunir-se, é em si um ato escatológico, uma vez que aponta para a reunião e comunhão eterna dos santos.

Assim, o reunir-se, a liturgia e as ações desenvolvidas após os encon tros, estão intimamente ligados à ado ração, comunicando de forma prática aquilo que se ama e acredita. Isso pre cisa ser ensinado à criança, para que ela saiba o real sentido de tudo quanto está acontecendo e possa vivenciar suas próprias experiências.

Em geral, o Culto Infantil aconte ce em dois momentos: um no grande grupo, onde acontece a liturgia propria mente dita, e um segundo momento com divisão em grupos menores, para vivência. A ordem dos momentos será de acordo com o público contemplado e realidade da Igreja.

Um fator importante para ser ana lisado é a faixa etária, geralmente de três a oito anos (mas que pode variar de acordo com o contexto local). Rea lizar o culto com um grupo misto entre essas idades é desafiador e exigirá da equipe habilidade em transitar na linguagem para alcançar a todos. No entanto, estimula competências por parte das crianças, em participarem juntas de um mesmo momento.

Ao chegar, recepcione as crianças

com alegria, diga-lhes o quão maravi lhoso é tê-las ali presente. É horrível quando chegamos em algum lugar em que não somos bem recebidos. As boas-vindas são excelentes “que bra-gelos” e abrem portas para uma boa comunicação.

Proponha um momento de ora ção com as crianças, enfatizando que não é apenas “fazer pedidos para Deus”. Fazemos pedidos, sim, crendo na ação e intervenção do Senhor, mas também oramos em atitude de adoração e exal tação à grandiosidade de Deus. Oramos para agradecer seus grandes feitos em nossas vidas. Oramos intercedendo a favor de outras pessoas, e oramos em contrição confessando nossos peca dos. A oração sincera nos aproxima de Deus e firma conceitos sólidos, a criança precisa aprender a orar.

Em seguida, vamos fazer a Leitura Bíblica. Escolha um texto pequeno, que esteja alinhado com o princípio a ser trabalhado no culto. Textos grandes farão com que as crianças menores percam a atenção, dificultando a com preensão. Como nem todas as crian ças já estão alfabetizadas, recursos visuais são grandes aliados. Atenção também à tradução. Havendo alguma palavra ou expressão diferente, é sem pre bom explicar o significado.

A mesma orientação, segue para o momento de adoração e louvor. As mú sicas precisam estar alinhadas com o tema e objetivos do dia. Uma dica, é pensar na organização das músicas, da seguinte forma: inicie com músicas mais embaladas e coreografadas e introduza uma música mais “calma”

antes da mensagem. Isso ajudará a produzir um momento mais propício à tranquilidade, diferente de propor uma música bastante ritmada e em seguida pedir que todos se sentem e estejam atentos ao que está por vir.

Durante o louvor é realizado o mo mento de ofertório, onde as crianças também podem adorar com as finan ças. Algumas recebem mesada e dese jam dizimar. A Bíblia nos orienta a como lidar com o dinheiro e a criança não está dissociada desses aprendizados. É importante que ela compreenda que é Igreja, faz parte de uma comunidade de fé e tem responsabilidades. Após esse momento, oramos em gratidão ao Senhor e já pedimos que nosso coração esteja aberto e sensível à Sua Palavra.

Para o momento da Mensagem, objetividade e clareza são essenciais. É o poder do Evangelho que alcança e transforma a criança. A mensagem precisa ser contextualizada, produzin do reflexões e ações.

Encerramos a liturgia com oração e louvor, conscientes de que a adoração não cessa ao dizermos “amém!”.

O desenvolvimento do Culto Infantil é uma experiência maravilhosa que produz frutos incríveis. Vamos apri morar explorando a ênfase didática da liturgia?

• Boas-vindas

Oração

Leitura Bíblica

Louvor

Ofertório

Oração

Mensagem

Encerramento

5O JORNAL BATISTA Domingo, 09/10/22REFLEXÃO
n

Uma lamparina acesa é um bom sinal!

“Dai-nos do vosso azeite, pois nos sas lâmpadas estão se apagando” (Mt 25.8b).

Ainda possuímos uma enorme quantidade de residências que não tem energia elétrica. Com a pandemia, o aumento do desemprego e da inflação, a situação só tem piorado. De modo que um dos recursos para ter ilumina ção em casa é voltar ao uso, por exem plo, da velha lamparina. A demanda e consumo de energia elétrica é um indicador de desenvolvimento de um país – como está nosso Brasil?! Mas não é sobre isso que quero falar neste artigo, só me referi ao tema pois é ex tremamente preocupante. Uma lampa rina é um equipamento extremamente útil, pois pode nos ajudar a transitar ou chegar em algum lugar. Assim, ter uma é um bom indicativo, principalmente quando este é o único recurso, de in gresso em determinado lugar.

Para entrar numa festa de casa mento é necessário um convite, a lamparina aqui é o nosso convite de

casamento. Parece algo estranho, mas me deixe explicar melhor. Estamos diante de um texto bíblico (a parábola das dez virgens - apresentada somente no evangelho de Mateus) que pode ser de difícil interpretação, principalmente se o contexto não for bem observado (esse não é um texto de exegese, só de reflexão!). A parábola imediatamente anterior fala dos servos fiel e infiel e a mensagem central é a necessidade de estar alerta, assim como a pará bola dos talentos, que vem logo em seguida. O contexto geral é “estar num estado de vigilância constante”. O pro blema é que nem sempre conseguimos ficar assim, pois podemos cochilar de vez em quando. Assim, parece que a parábola em questão complementa a dos dois servos e inaugura algo im portante para a parábola dos talentos.

A parábola em si parece trazer três atos de desenvolvimento: uma prepa ração para um encontro de casamento, o encontro e o pós-encontro. Cada um cheio de significados, o que uma leitura simples e rápida não mostrará. Há uma noção de temporalidade introduzida no início do texto, o que leva obrigato riamente à necessidade de vigilância.

Eu disse que a parábola inaugura algo

porque o contexto é futuro, por isso o verbo vem no futuro (será). Será como alguma coisa, no caso um casamento. Para um casamento é preciso prepara ção prévia. Assim, somos instados a nos prepararmos, pois quando o noivo chegar, não haverá mais tempo para isso. Engraçado que o texto não fala da noiva, pois o noivo é o personagem principal. A noiva é representada pe las testemunhas (as dez virgens), que podemos chamar de “a igreja”. Infe lizmente, na Igreja existem pessoas preparadas e pessoas despreparadas.

As preparadas são as que compram óleo antecipadamente (Isaías 55), são as que aplicam os recursos recebidos (Mateus 25.22); são os que discernem o tempo presente (Mateus 24.39), são as que estão atentas à chegada do ladrão (Mateus 24.43) e são as que anunciam o evangelho (Mateus 24.14), pois sabem qual a razão de sua fé (I Pedro 3.15), porque também já mudaram de vida (Efésios 4.17ss). Para estes, mesmo que o sono venha e adormeçam, tudo o que precisavam fazer, fizeram antes de dormir. Tudo isto se traduz no ato de preparação, que é seguido pelo encon tro com o noivo (segundo ato). Neste encontro, o que não foi feito a tempo,

ficará sem se fazer. Não haverá mais espaço para isso e não haverá ninguém para ajudar (Mateus 25.9). A chegada do noivo abre a porta para os preparados, enquanto os despreparados estão ator mentados procurando fazer o que não fizeram, mas sem solução.

E o que se segue? O terceiro ato, quando os despreparados ficam de fora da festa, pois a porta foi fechada e não poderá mais ser aberta. Não há absolu tamente nada que possa ser feito. Ne nhum clamor, nenhuma demonstração de feitos mudarão esta situação. A eles a única palavra proferida é não vos co nheço. Aliás, é a mesma expressão que ouvirão os falsos profetas (Mateus 7.1521). Não fará diferença, estarão no mes mo bolo. Portanto, quero lhe lembrar de algumas coisas: a parábola das dez virgens nos alerta para a necessidade de vigilância; ela fala que devemos nos preocupar com a caminhada e como nos preparamos para ela; tudo o que pode ser feito é durante a caminhada e não haverá tempo depois; e, assim, não deixe para depois o que você deve fa zer agora, pode ser que não haja tempo mais tarde. Que o Senhor nosso Deus, nos faça estar preparados e com nossa lamparina sempre acesa. Amém! n

Cinco dicas para transformar o relacionamento com seus alunos

Você tem sentido um relacionamen to distante dos seus alunos? Gostaria de desenvolver uma ligação que não seja limitada a algumas poucas horas aos domingos? Muitos professores têm respondido essas perguntas de forma positiva. Se você também é um destes ensinadores, que deseja me lhorar a condição atual dos relaciona mentos com seus alunos, te convido a acompanhar estas estratégias que podem te ajudar nesta jornada!

Conheça o nome de seus alunos

Embora pareça algo tão básico e fundamental, a realidade é que muitos professores não sabem o nome de to dos os alunos de sua classe. Precisa mos perceber como a individualidade dos nossos alunos pode ser desvalo rizada a partir do momento que notam que o professor demonstra não co

nhecer nem os nomes de seus alunos, mesmo após um período de contato e seguidas aulas. Por isso, dentro do possível e considerando o tamanho de sua classe, busque aprender o quanto antes os nomes dos seus alunos. Cer tamente eles se sentirão mais reconhe cidos e prestigiados!

Cumprimente

Não perca a oportunidade em todo início de aula de cumprimentar cada um dos seus alunos e perguntar como foram os últimos dias ou como foi a semana deles. Isso ajuda o relaciona mento professor-aluno a se fortalecer e permitir oportunidades de os alunos exporem dificuldades ou situações que têm vivido, abrindo espaço para melho rar o diálogo e desenvolver a prática de oração em favor deles.

Trate-os com respeito e cuidado

É muito positivo ter um ambiente descontraído e divertido em sala de

aula, porém, é preciso ter um equilíbrio para que as brincadeiras utilizadas não sejam exageradas ao ponto de provocarem uma sensação de des respeito para algum participante da classe.

Se preocupe com a falta do aluno

Seu aluno deve ser visto de for ma tão valiosa e especial que uma possível ausência dele não deve ser vista simplesmente como um estu dante a menos naquele dia. Mais do que simplesmente um número menor, esta falta ou até faltas sequenciais devem ser vistas como alertas de que algo pode não estar muito bem, desde as próprias aulas até algo que este ja ocorrendo na vida do aluno, como problemas pessoais, profissionais ou familiares. Nestas ausências, busque, com muito cuidado e carinho, verifi car com ele se está tudo bem, e mais do que isso, se coloque à disposição para ajudar! Isso o fará perceber que você não é alguém preocupado com

ele apenas no período que estão jun tos em aula. Ele se sentirá valorizado por você!

Crie ou utilize grupos no WhatsApp

A tecnologia npode ser usada como uma facilitadora para que o relaciona mento com seu aluno seja algo mais permanente. Grupos de WhatsApp com pílulas de conhecimento, compar tilhamento de dúvidas e curiosidades, ou áudios gravados pelos próprios alu nos referentes ao conteúdo das lições podem ser grandes facilitadores para despertar a curiosidade e interesse dos alunos pela aula.

Iniciativas simples como estas fa rão enorme diferença para o relaciona mento professor-aluno. Por isso, assim como Paulo nos exorta a respeito da dedicação necessária àqueles que ensinam (Romanos 12.7), que você se dedique adotando estas dicas que transformarão o relacionamento com seus alunos! Depois, compartilhe co nosco sua experiência! n

6 O JORNAL BATISTA Domingo, 09/10/22 REFLEXÃO

Que lugar tem a oração na sua vida?

A Conferência Online Avivamento e Evangelismo foi uma bênção! Foram três noites ouvindo ministrações do pastor Sammy Tippit, como prepara tivo para a nossa grande Campanha de Evangelização “Só Jesus Cristo Sal va”. Temas como: oração, avivamen to, quebrantamento e evangelismo estiveram presentes, gerando muito aprendizado.

Marcio Yokota de Souza, morador do Lins, em São Paulo, foi um dos parti cipantes da Conferência. “Aprendi que a oração nos leva a uma intimidade com Deus e que Ele nos recompensa com a sua presença em nossas vidas. Essa presença nos constrange a ponto de sermos quebrantados e vivermos um avivamento espiritual que nos impulsiona a levar o Evangelho por onde passarmos”, conta.

Quem também acompanhou esse tempo de crescimento foi o pastor Henrique Romero, de Aimorés, em Mi nas Gerais. “Ficou claro para nossa comunidade que o Senhor não trará novas vidas antes de nos tratar. Preci samos de quebrantamento e de arre pendimento, para que novas vidas se acheguem”, compartilhou, destacan do que a igreja precisa estar pronta e preparada para ser instrumento de salvação.

Beatriz Saraiva, de Luiziânia, em São Paulo, também tirou grandes aprendizados dessa Conferência. “Aprendi que a oração é a primeira coi sa que deve ser feita. Ela nos leva ao avivamento pessoal e esse avivamento nos leva a compartilhar o Evangelho com as pessoas. As coisas de Deus devem ser feitas no poder dEle. Temos que estar sensíveis ao Espírito Santo e

isso acontece com muita oração. Além disso, aprendi que o avivamento é um retorno do povo de Deus para o Senhor, é um chamado de Deus para o crente”,

comenta Beatriz.

Que dias preciosos! Como é bom poder crescer no conhecimento do Senhor! Vamos continuar aprenden

do e avançando, porque amamos o nosso Deus e queremos anunciar a todos que “Só Jesus Cristo Sal va”!  n

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MISSÕES NACIONAIS
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“Eu acredito no potencial de Deus para nossa geração e nossa denominação”

Estevão Júlio coordenador de Comunicação da Convenção Batista Brasileira

No dia 01 de setembro de 2022, ela assumiu o cargo de coordenadora da Juventude Batista Brasileira (JBB). No dia seguinte, em nossas redes sociais, comunicamos ao Brasil Batista que a nossa juventude tinha uma nova líder. E agora, com mais calma, vamos apre sentar a Jéssica Martins.

Na entrevista que você vai ler a se guir, você vai saber como começou o seu envolvimento com juventude, a missão de participar da organização do Despertar 2022, a missão de assu mir a JBB e outras curiosidades.

Quem é a Jéssica?

Sou Jéssica Martins, tenho 28 anos, sou membro da PIB de Vitória-ES, ca sada com o Ricardo, que é seminarista e ministro de Juventude na Igreja. Sou formada em Direito, especialista em Processo Civil, estudante de Letras/ Libras e mestranda em Estudos Lin guísticos pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Deixei de atuar na advocacia em dezembro de 2021, por direcionamento de Deus em rela ção à vocação ministerial. Desde então temos experimentado como família vários movimentos de Deus, inclusive alguns que nos surpreenderam muito, como o convite pra coordenar a JBB.

Como e onde começou o seu envolvimento com o trabalho de juventude? Desde criança, quando ainda con gregava na PIB de Pinheiros - ES, a in tegração da juventude da Associação era algo que me encantava, porque eu estava sempre junto com a galera. Na adolescência, eu liderava alguns minis térios na Igreja e, apesar de não serem especificamente de juventude, todos os envolvidos eram adolescentes e jovens. A partir disso, Deus começou a trabalhar a responsabilidade gera cional! Em 2012 comecei a caminhada com algumas outras irmãs para revi talizar a Juventude da Associação da qual fazia parte à época. Em 2017, com a Juventude da Associação - Jubaleste - já ativa e atuante, passei a integrar a liderança da JUBAC - Juventude Batis ta Capixaba - que foi outra maravilhosa escola. Em 2019 passei a fazer parte da liderança de Juventude da Igreja lo cal - PIB Linhares - e também fui eleita presidente da JUBAC, pelo período de 2 anos.

Em dezembro de 2021 nos muda mos pra Vitória em razão do convite da PIBV para que o Ricardo assumisse a Juventude Life. No início de 2022 recebi o convite pra continuar contri

buindo na Jubac como missionária mobilizadora, auxiliando a diretoria na mobilização das juventudes, bem como no desenvolvimento do plano para discipulado das novas gerações.

Quando eu era mais nova não ima ginava que seria líder de jovens, mas ao longo desses 10 anos, Deus foi me direcionando e mostrando que a Juventude era não só minha área de atuação, mas também meu campo missionário!

Quando a JBB começou a fazer parte da sua vida?

Por ter crescido em uma Igreja Ba tista, tive contato ao longo dos anos

com alguns materiais da JBB e, mais especificamente, as campanhas do mês da juventude.

Mas foi em 2016 que a JBB come çou a fazer parte da minha vida efetiva mente, quando o PPJ - Paixão Pela Ju ventude - aconteceu em Vitória. Eu fui, juntamente com a caravana de líderes que organizamos do Leste do estado, e foi uma experiência marcante. De lá pra cá participei das Conferências Des pertar 2017, 2019 e 2022, Revitalize e outros projetos que aconteceram on line, além de acompanhar e mobilizar caravanas para outros eventos, como o Pés no Arado, também pelo fato de fazer parte da liderança da JUBAC, até

que em 2022 fui convidada para liderar a parte de acessibilidade e Jornadas de Conteúdo do Despertar 22.

Conte como foi participar da orga nização do Despertar

Inicialmente, a minha contribuição era em relação a acessibilidade e as Jornadas de Conteúdo. Foi realmente desafiador, porque além de todas as dificuldades que a juventude já havia enfrentado desde o início da pandemia, o tempo era extremamente curto. Ao mesmo tempo, tinha uma galera muito disposta a servir, que deu o que sabia

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Entrevistamos Jéssica Martins, a nova coordenadora da JBB.
Continua na página 13
Jéssica Martins participou da organização do Despertar 2022, em João Pessoa - PB Além disso, serviu através da Língua Brasileira de Sinais (Libras) durante o evento

Doe Esperança para o Tenda de Brincar

Toda criança tem direito a descan so, lazer e a brincar. A participar de atividades recreativas apropriadas a sua idade e a aproveitar livremente da vida cultural e das artes. Esse direito deve ser respeitado e promovido na igualdade de oportunidades, conforme afirma o artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas (ONU).

Quando brincam, as crianças apren dem a vencer, perder, organizar seu tempo e sua vida, uma vez que a ação influencia diretamente no autocontrole. Enquanto se divertem, elas adquirem conceitos de valores, limites e respon sabilidades, entendendo sobre o que podem ou não fazer. É um momento especial e significativo que deve ser cultivado e experimentado ao máximo. Entretanto, há muitos pequeninos que não têm a oportunidade de apro veitar a sua infância. Eles vivem em ambientes de alta vulnerabilidade, si tuações de guerra e violência extrema, situações de perseguição e busca de

refúgio em outros países e outros ter rores que os abalam profundamente. Eles precisam de apoio e amor para superar traumas adquiridos tão pre cocemente.

E pensando exatamente nisso, Mis sões Mundiais desenvolve o projeto Tenda de Brincar com o objetivo de garantir acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância para crianças refugiadas em situação de vulnerabilidade social, com idade entre 4 e 6 anos. A porta de entrada do pro jeto é a brinquedoteca. Ali os menores são acolhidos em um espaço no qual podem brincar livremente e também recebem estímulos necessários para o seu desenvolvimento físico, social, relacional e intelectual.

As oficinas fazem parte das ati vidades semanais da tenda. Res peitando a idade de cada uma, as crianças serão trabalhadas em áreas de saúde, meio ambiente, família, entre outras. Há oficinas também oferecidas para as famílias, que têm

um papel importantíssimo na vida de suas crianças.

A proteção contra a exploração sexual é fundamental também no tra balho realizado no projeto. A ação do Tenda de Brincar é realizada através de oficinas para as crianças, encontro de promoção ao cuidado dos menores com seus familiares, associações de bairro, igrejas e outros grupos locais. O Tenda de Brincar também tem uma área de aconselhamento que ocorre através de encontros individuais no qual, com ajuda de profissionais ca pacitados, as crianças podem traba lhar problemas relacionados à baixa autoestima, por exemplo.

O Doe Esperança neste mês de ou tubro está voltado para o projeto Tenda de Brincar. O objetivo é alcançar cada vez mais crianças e abrir um Tenda de Brincar em cada bairro dos polos de trabalho de Missões Mundiais no mundo até 2030.

Ore por esse sonho! Clame ao Pai pelas crianças e famílias envolvidas,

por aquelas que ainda não foram al cançadas e pela vida dos missionários e voluntários que trabalham no projeto.

Faça as crianças se alegrarem com suas orações e ofertas!

Doe Esperança por meio do site doeagora.com

Pix: tenda@doeagora ou para algu ma das contas de Missões Mundiais: Junta de Missões Mundiais // CNPJ:

Bradesco

Banco Brasil

Itaú

Santander

3894

Caixa

11O JORNAL BATISTA Domingo, 09/10/22MISSÕES MUNDIAIS
34.111.088/0001-30
Ag 1125-8 cc: 59000-2
Ag 3010-4 cc: 141900-5
Ag. 9218 cc: 65100-9
Ag.
cc: 13001270-8
Econômica Federal Ag. 0201 cc 1165-4 op. 003 n

Beatriz Rodrigues da Silva, a professora do povo do sertão

Jeremias Nunes missionário da Junta de Missões Nacionais

Em 15 de novembro de 1909, Bea triz Rodrigues da Silva nascia no Rio de Janeiro - RJ, em um lar católico, mas logo na infância, aceitou Jesus como seu Salvador, e foi batizada pelo pastor F.F. Soren, em 1916.

Em 1926 iniciou seus estudos no Colégio Batista, depois na Escola de Obreiras (antigo IBER, atual CIEM). Lá foi aluna do pastor L. M. Bratcher, en tão diretor de Missões Nacionais. Nas aulas de missões, ele falava entusias mado das viagens pelo sertão e afirma va que Deus poderia estar chamando alguém daquele grupo para este mi nistério. Beatriz, humilde, achava difícil que fosse ela. Até o dia em que falou ao pastor Bratcher, cheia de convicção: “Sou eu”.

Em 1935 apresentou-se à JMN e em 25 de janeiro de 1936 embarca va no navio Itapé, numa viagem de 34 dias, passando por Belém - PA e de lá, numa pequena embarcação, seguiu pelo rio Tocantins até chegar no sertão do antigo Norte Goiano, hoje Tocantins, em 28 de fevereiro de 1936.

Na noite do seu embarque, um grupo de jovens da PIB de Vitória (ES) acompanhou a missionária até o cais

do porto do Rio de Janeiro. Entre elas estava Margarida Lemos Gonçalves, que anos mais tarde, também seria uma grande professora missionária.

Vila de Piabanha (atual município de Tocantínia), pelo pastor Zacarias Cam pelo, e em 02 de março de 1936 fundou o Colégio Batista do Tocantins, com 22 alunos, e em 23 de junho a Igreja Ba tista de Tocantínia, com 15 membros.

Ensinar e fazer discípulos de Jesus andava lado a lado.

Em 1976, o colégio completava 40 anos e a missionária Beatriz Silva re cebeu o título de cidadã Tocantinense, quando, em gratidão, ofereceu à cidade um hino de sua autoria, que tornou-se o “Hino a Tocantínia”.

sionária ficou no campo, muitas foram as provações e as dificuldades: longas de dos indígenas, patrulhamento do clero local, crianças acidentadas a ca minho da escola bíblica, mas também é gratificante saber que teve alunos que já ocuparam funções conhecidas, como médicos, advogados, militares, governador do estado; outros anôni mos, mas todos com a semente do Evangelho bem plantada.

Beatriz Silva fez do povo do sertão o seu povo. Logo no início, diante da ameaça de ataque de um grupo guer rilheiro, recolheu seus alunos e saiu de barco no escuro, protegendo suas vidas. Não recuou diante do descon

forto de viagens longas, não reclamou de problemas. Tinha um compromisso com Deus e com o povo. Louvamos a Deus pelos missionários que hoje repetem este compromisso.

Beatriz aposentou-se pela JMN em 1984. Continuou morando em To cantínia, até o dia 29 de julho de 1996 quando faleceu em Palmas - TO, e em Tocantínia, está sepultada.

Como herança, recebemos de Bea triz Rodrigues da Silva um legado que jamais esqueceremos. Para todos era aquela mulher humilde, que falava um português corretíssimo, que brincava com as pessoas, e que viveu perto de Jesus e que levava Jesus para perto dos outros.

Que sua vida seja motivo de gra tidão ao Senhor e de inspiração para todos nós. Nem todos seremos cha mados para campos distantes. Pou cos ficaremos tanto tempo no mesmo ministério. Mas o que Deus requer dos seus servos é a consagração total às suas ordens, convicção diante da cha mada e compromisso com o povo.

Que a oração de Margarida Lemos, sua amiga e companheira, seja a nos sa: “Senhor Deus, ajuda-nos a viver de tal maneira que, quer vivamos ou quer morramos os que estiveram à nossa volta queiram saber quem é o nosso Deus”. n

A trajetória de Willian Bucky Bagby

Extraído do site Memória dos Batistas

Nasceu em 05 de novembro de 1855, no Texas (EUA), sendo filho de John Henry Bagby e Mary Franklin Wilson, descendente de hunguenotes. Converteu-se aos 11 anos de idade. Após estudos na Baylor University foi consagrado em 16 de março de 1879 na cidade de Plantersvile. Assumiu pastorados, mas influenciado pelo General Hawthome (que conhecia as necessidades espirituais do povo brasileiro), colocou como seu campo missionário o Brasil.

Já casado com Anne Luther, apre sentou-se à Junta de Richmond de sejoso de vir ao Brasil, mas a Junta queria-os na China. Não aceitaram a imposição, e insistindo para virem ao brasil, obtiveram a anuência da Junta.

Em lua-de-mel, viajando no veleiro “Ya moyden”, chegaram após 48 dias de viagem ao Rio de Janeiro (1881). Aqui no Rio, seriam recebidos por um dentis ta americano que já havia retornado aos

Estados Unidos. No consultório dentá rio do referido dentista, chegou uma carta que permitiu encaminhar o casal à senhora Mary Ellis em Santa Bárbara D’Oeste - SP, onde acolhidos iniciaram o aprendizado do novo idioma.

Após um ano, o casal, já domi nando o idioma, juntamente com o ex-padre Antônio Teixeira de Albuquer que, foram para Salvador - BA. Nesta cidade, em 15 de outubro de 1882, organizaram junto com Z. C. Taylor, a Primeira Igreja Batista no Brasil, na Bahia, com cinco membros. Após dois anos, o casal Bagby deixa o trabalho nas mãos do casal Z. C. Taylor e do ex-padre Antônio Teixeira de Albuquer que, vindo para a capital do Império (Rio de Janeiro), chegando em 24 de julho de 1884.

Na capital, foi o Consul americano quem indicou a pensão que frequen tava na Travessa Cassiano (morro de Santa Teresa), de propriedade da viúva Elizabeth Williams (membro do Tabernáculo Batista de Londres). Nes ta pensão, em 24 de agosto de 1884,

os Bagby’s, com a senhora Elizabeth Willians e a senhora Mary O’Rorke organizaram a Igreja que denomina ram “Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro”. Dez dias depois, fixaram-se na Praça da Aclamação nº 65 (hoje Campo de Sant’Anna).

Em 1884, a cidade do Rio de Janei ro já possuía uma população aproxima damente de 416 mil habitantes, e pas tor William Buck Bagby desenvolveu trabalhos evangelísticos em diversas frentes.

Trabalhavam “na confiança de que Deus daria a colheita em Seu próprio e bom tempo”. Um dos métodos ado tados foi a visitação. Tanto que a Igre ja, em assembleia, aprovou que cada membro da Igreja tomasse um dia em cada semana para visitar algumas fa mílias e pessoas do seu conhecimento e outros com o fim de lhes falar do Evangelho e convidá-los para o culto. Também a preocupação com a obra missionária sempre foi o cuidado da Igreja, como fruto de trabalho missio nário que era.

A Igreja mudou-se então para sete diferentes locais, até se fixar na Rua de Santana, efetivamente seu primeiro templo. Em agosto de 1895, a Igreja já contava com 73 membros.

William Buck Bagby concluiu seu ministério pastoral em 16 de outubro de 1900, quando apresentou seu pedido de exoneração do ministério pastoral. Essa atitude veio da extraordinária visão de criar condições para a Igreja ser dirigida por um líder brasileiro, o que efetiva mente ocorreu no mesmo ano. n

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Missionária fundou o Lar Batista F. F. Soren, no Tocantins.
Pastor teve papel fundamental no
início do trabalho Batista no Brasil. Beatriz Rodrigues em ação no campo missionário

e aprendeu o que não sabia pra fazer as coisas acontecerem. Deus operou vários milagres, desde a organização até o fim da Conferência.

Faltando cerca de um mês para o evento, eu fui convidada pra ajudar efetivamente na operacionalização, e foi bastante desafiador porque o sen timento era de que não poderíamos errar, mas diante das circunstâncias isso parecia impossível (risos). O Se nhor nos trouxe a memória o porquê de realizar a Conferência: Deus ia levar meninos, meninas, homens e mulheres para serem ministrados ali, várias Igre jas seriam abençoadas a partir disso e Deus nos lembrou que ELE É O DONO, e se Ele estiver na frente, ainda que todas as circunstâncias indiquem que não vai dar certo, ELE FAZ. E espiritual mente falando, fomos tremendamente surpreendidos e abençoados, vivemos momentos ali como a Igreja do Senhor, ministrando na vida uns dos outros, criando pontes, vendo conversões, reconciliações, pessoas dizendo sim para o chamado do Senhor… E é por isso que eu digo que foi um grande privilégio participar da organização dessa Conferência. Ela com certeza foi marcante para todos nós, porque apesar de nós, Deus fez infinitamente mais do que pensamos!

Qual a sua reação ao receber o convite para ser a nova coordenado ra da JBB?

Desde quando me convidaram para operacionalizar o Despertar eu pen sei: “Por que eu? Tem tanta gente no Brasil que é mais capacitado que eu pra isso...” E eu pedi ao Senhor que respondesse esta pergunta.

Quando eu recebi o convite para, de fato, coordenar a JBB, vários pensa mentos passaram pela minha cabeça sobre o peso e significado desse car go. São muitas questões envolvidas e, obviamente, isso dá medo. Mas Deus já havia me respondido o porquê Ele me queria aqui, e qual seria meu papel; então entendi que precisava olhar pra essa missão, não como se ela fosse maior ou menor do que qualquer outra, mas como sendo o que efetivamente é, um chamado que Deus fez e foi por isso que eu disse sim.

Quais são os seus planos para a JBB?

Temos uma longa caminhada de desafios, assim como todas as outras lideranças que vieram antes. Acredito que neste tempo, a busca pela unida de e cooperação é algo fundamental. Priorizar a capacitação e incentivar o compromisso com a cosmovisão

cristã e uma vida verdadeiramente missional é algo com a qual estamos comprometidos. Mas entre ter a visão e efetivá-la há um longo caminho a ser construído e eu entendo que essa construção há de ser feita a muitas mãos, não só eu como coordenadora, mas também nossos conselheiros, os coordenadores de áreas, os líderes de jubas estaduais, as lideranças locais, os líderes das organizações denomi nacionais… somos um corpo e o ca minho que precisamos trilhar tem que ser esse, que nos leva à unidade nesse Brasil tão diverso.

Queremos fortalecer os vínculos com as outras organizações, de ver dade. Queremos contribuir no forta lecimento das jubas estaduais, para que essa rede de apoio que serve à Igreja local seja cada vez mais forte e consiga com eficiência cumprir seu papel.

Neste intuito, todos os nossos eventos e ações precisam refletir essa visão. Esse é o nosso maior desafio, e já iniciamos a jornada de estreitar os vínculos.

Tem alguma novidade que já pode ser compartilhada?

Bom, temos muitas coisas pra viver e alcançar e queremos construir isso

juntos! Eu sei que todos estão muito ansiosos em relação a várias confir mações e datas, mas eu peço, com muito carinho, que continuem tendo paciência. Estamos dando o máximo pra conseguir organizar aquilo que precisa! Sabemos que todos querem se programar e nós também, mas al gumas coisas precisam ser reorgani zadas. Porém, no mês de outubro, se Deus quiser, lançaremos as datas tão aguardadas pela galera, junto com ou tras informações!

Mas, pra quem leu até aqui, temos uma novidade muito importante e sig nificativa: Na assembleia da CBB, em Recife, teremos a NOITE DA JUVENTU DE! Será um tempo incrível de celebrar com nossos irmãos e irmãs aquilo que Deus tem feito em nossa juventude, compartilhando as experiências que Ele tem nos dado. As gerações mais antigas poderão celebrar com as novas gerações aquilo que Deus tem feito neste tempo, além de clamarmos jun tos por tudo que Ele ainda quer que vivamos.

Deixe uma mensagem para os jo vens Batistas de todo o Brasil.

Eu acredito no potencial de Deus para nossa geração e nossa denomi nação. Eu acredito que se buscarmos ao Senhor, comprometidos com Sua Palavra e Sua Missão, seremos usados para cumprir aquilo que de verdade fomos chamados pra ser e fazer.

A JBB existe para ser suporte para a Igreja local, e para isso precisamos caminhar juntos nessa construção: JBB, juventudes estaduais, juventudes regionais, juventudes de Igreja local.

Com serviço cristão, integração e cooperação podemos chegar à uni dade. Então, quero te convocar a ca minhar mais pertinho, pra que a gente coloque a mão na massa, entenda as demandas, e sirva uns aos outros olhando pra Jesus.

Eu acredito de verdade nisso, não por mim ou por vocês, mas porque entendo que Deus está cuidando de tudo, e nesses últimos meses Ele tem nos mostrado isso claramente. Cristo pode e quer usar a JBB e essa coopera ção da nossa forma de funcionar para abençoar muitas vidas e fortalecer a Igreja, assim como já fez ao longo da história. Vamos juntos? n

13O JORNAL BATISTA Domingo, 09/10/22NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA
Jéssica acredita que a unidade e a cooperação podem fazer a diferença nesse tempo Nova coordenadora da JBB, Jéssica entende que
ocupar a
função
é um
chamado
de
Deus Jéssica Martins
e
seu esposo, Ricardo
Benevenuto

Graça com mais profundidade

“Aqueles que apreciam a graça com mais profundidade, não continuam no pecado; além disso, o medo produz obe diência dos escravos; o amor gera obe diência dos filhos” (J. W. Sanderson Jr).

Muitas pessoas não sabem o signi ficado da palavra graça. Outras, a con sideram barata. Dizem que viver pela graça é viver uma vida livre para fazer o que quiser. Há os que afirmam: Quanto maior a graça mais pecado podemos praticar. Contudo, não é isso que as Escrituras ensinam (Romanos 6.1,2).

A manifestação da graça de Deus não é álibi para nós pecarmos. Pecamos porque somos pecadores. Deus, porém, em Cristo, nos aceita, perdoa e liberta para que vivamos a vida plena, a vida de liberdade para fazermos toda a vontade de Deus (Gálatas 5.1). Sendo favor ime recido, a graça é a oportunidade que Deus nos dá para vivermos uma vida

cristã relevante e atuante; cativante e relacional; impactante e perseverante; obediente e triunfante. Sanderson nos ensina que a compreensão do que seja a graça nos conduz a uma vida de san tidade. Por sermos filhos de Deus em Cristo, devemos viver na obediência, termos prazer nela.

A graça anda na contramão do medo. Sabemos que o medo é um traço de quem é escravo da religião e não filho de Deus por Jesus. Escra vos vivem na insegurança, no medo e na inconstância. A liberdade, pela graça, nos faz viver seguros, corajosos e constantes ou perseverantes. Gra ça produz liberdade. Religião produz escravidão. Jesus disse a Paulo: “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (II Coríntios 12.9,10). É em nossa fraqueza que co nhecemos a profundidade da graça de Deus. Nesta mesma fraqueza somos fortalecidos pela graça do Senhor. É

só por ela, por meio da fé, que nós somos salvos (Efésios 2.8-10). Não temos mérito, pois ele é de Cristo. Há suficiência na obra de Cristo na cruz e na ressurreição.

A graça é terapêutica e educativa, pois revela ao homem quem ele é e o trata com amor. Usada por Deus salva, santifica e glorifica o que crê. A nos sa justificação (a declaração de que somos considerados ou declarados justos pela obra de Cristo na cruz, pelo Seu sangue derramado) vem pela ma nifestação da graça. Deus manifesta a Sua graça para nos aceitar sempre no Seu Filho Jesus. Ela traz harmonia e sintonia em nossa relação com Deus e com o próximo. É justiça aplicada. Perdão concedido. Ela nos dá uma percepção correta de toda a obra de Cristo. Graça revela aceitação, perdão, contentamento e festa. A Igreja é a co munidade da graça onde os dons são dados e praticados para a sua edifica

ção. A graça torna a igreja um hospital para pecadores e não um museu para santos.

A graça revela o que podemos ser em Cristo Jesus. Ela revela o passado, nos traz paz para vivermos o presente e nos garante um futuro seguro (Roma nos 8.38,39). Tudo por causa de Cristo. A graça trabalha a nossa mente para pensarmos com a Mente de Cristo (I Coríntios 2.16). Age no coração para termos o mesmo sentimento que hou ve em Cristo Jesus (Filipenses 2.5-8). Ela é eficaz em nossos relacionamen tos. Quanto mais compreendermos a profundidade da graça mais maduros seremos. O caráter de Cristo vai sendo formado em nós. Somos chamados para vivermos a graça de forma plena. Esta é a graça maravilhosa maior que o nosso pecar. Que dia a dia a cantemos esta graça para testemunho do Evan gelho. Que a celebremos para a glória do Pai - o Deus de toda a graça. n

Jesus nos salva

Davi Nogueira

pastor, colaborador de OJB

Em Cristo somos salvos. Jesus purifica os nossos pecados. Jesus Se entregou por cada um de nós. Eu dese jo que cada ser humano receba Jesus Cristo em seu coração, assim obterá a vida abundante e também a vida eterna.

Eu me converti com dez anos. Eu tenho a segurança da salvação. Nunca me arrependi da decisão de entregar a minha vida para Jesus Cristo. O que eu fiz, eu almejo que meu semelhante também faça, pois seguir a Cristo é excelente. Quando somos de Jesus estamos seguros. O Senhor cuida de nós. Ele nos abençoa. Ele nos livra do

mal. Ele nos consola. E principalmente nos dá a salvação, a vida eterna.

Depois que falecermos não iremos perecer, mas vamos transcender para a eternidade e lá seremos acolhidos no Reino dos céus. O céu é extraordinário. Há uma habitação para cada um de nós lá. A Bíblia diz que as ruas do céu são feitas de ouro. É uma metáfora

para mostrar a especialidade do céu.

Que ninguém fique de fora dessa dádiva e Quem nos levará para lá será Jesus Cristo. Jesus nos salva. Man tenha a sua vida firme no Senhor e se você ainda não recebeu Jesus Cris to como seu Senhor e Salvador tome essa decisão o quanto antes. A sua vida será ricamente abençoada! n

14 O JORNAL BATISTA Domingo, 09/10/22 FÉ PARA HOJE PONTO DE VISTA

Somos um povo ou uma multidão?

Lourenço Stelio Rega

Na liderança de uma instituição de ensino por 24 anos constantemente realizávamos encontros de avaliação com a equipe e, muitas vezes, buscáva mos rever nossos ideais, avaliar resul tados, ter um momento de comunhão e camaradagem. Me lembro que um dos pontos que chegamos um dia a tratar foi indagar se éramos uma equipe ou uma multidão?

Tenho pensado nessa mesma questão aplicando-a em termos de nominacionais e mesmo no âmbito eclesiástico. Um conjunto de igrejas que se nomeiam batistas pode ser con siderado um povo? Ou seria meramen te um conjunto de Igrejas? O que dife renciaria um povo de uma multidão?

Uma multidão é um conjunto de sordenado de pessoas, sem ligações entre si, sem uma identidade que faça a ligação entre elas. Um conjunto de Igrejas poderia ser considerado pri mariamente uma multidão, cada uma com seus próprios ideais; sua própria liturgia; seu próprio corpo de doutrinas; seus próprios objetivos, calendário. Enfim, cada uma viveria a sua própria vida, sem ligações entre si. Um povo é caracterizado por ideais comuns, por uma identidade que revela a sua marca, por ligações entre seus com ponentes indicando mútua dependên cia, troca de experiência. Um povo se caracterizaria também por ser uma comunidade de valores.

Em resumo, quando temos apenas uma multidão ou conjunto de Igrejas que se denominam Batistas não há necessariamente o compromisso de se manter objetivos comuns, imagi nário de estar junto, estar no mesmo

barco ou mesmo buscar os mesmos resultados e interesses. Um povo se caracterizaria com a unidade de ob jetivos, desejo de estar junto; “vestir a camisa”; olhar para o todo, em vez de olhar apenas para o seu próprio quin tal. Isso é compatível com a identidade de povo.

Olhando em termos nacionais é possível ver que nem sempre temos sido um povo, mas um conjunto de Igrejas. A doutrina da autonomia da Igreja, que é bíblica, nem sempre tem sido bem compreendida. Aliás, com a cultura presente em que há superva lorização dos anseios individualistas e da gestão da vida a partir do dese jo individual, a autonomia passou a ter um significado diferente, de modo que cada um faz o que bem entende ser o certo, sem se preocupar se suas decisões vão afetar o próximo ou a comunidade em que vive.

Assim, o conceito de autonomia da Igreja “vazou” para o indivíduo e cada um deseja interpretar os ideais e objetivos a partir de sua própria vi são de mundo. Além do indivíduo se exacerbar como única fonte de ver dade, é possível notar que tem sido comum uma Igreja local deixar de ser solidária e sensível às demais Igrejas, perdendo-se assim, o equilíbrio que a cooperatividade e a mutualidade dão à doutrina da autonomia. Então, o que se percebe é que tem aumentado a prática de cada um, cada Igreja dese jando seguir o seu próprio caminho, sua própria trajetória.

Nesse rumo, é perceptível o aumen to do espírito ácido em se vê cada vez mais a instalação de um cenário de crítica que vai tomando dia a dia o ambiente denominacional. O que se

pode ver é a ocorrência dessa acidez sem a oferta de soluções, sem bus ca de rumos melhores que garantam um futuro sadio para nossas Igrejas. As redes sociais potencializam ainda mais essa indigestão relacional. Cada vez mais é perceptível a “autofagia” entre nós, em que pastores e líderes se levantam para criticar sem medida, mas sem pensar como povo que está no mesmo barco. De modo algum uma casa dividida subsistirá.

É necessário que reconheçamos que temos erros e falhas e que, ao longo do tempo, temos tido fracas sos institucionais, que nem sempre somos um sucesso quando se trata de lidar com negócios (até já perdemos muito patrimônio). Esses são alguns fatos que temos necessidade de humil demente reconhecer. Mas, se somos um povo, necessitamos nos unir em busca de respostas a estas mazelas que ainda nos perturbam. Somente juntos como povo unido é que conse guiremos vencer e recomeçar a nossa história como denominação abrindo espaço para as novas gerações que já demonstram não se animar em estar presentes nos encontros oficiais.

O que será de nosso futuro se não dermos um “reset” nesse modo de ser multidão? E, juntos, de mãos dadas, re conhecermos a necessidade imediata de nos humilharmos diante de Deus e de todos nós, abandonando, muitas vezes, o orgulho, a soberba, buscar mos com urgência o sentido de ser mos povo unido, compreendendo que estamos no mesmo barco.

Deus espera que nos apresentemos para sermos seus instrumentos para o cumprimento de Sua missão de restau ração de toda criação. O mundo está

aguardando que nosso testemunho vá mais além de apenas a pregação de uma mensagem de salvação, aguarda que essa salvação seja real em nossa vida, por meio de atos concretos que espelhem que somos uma COMUNI DADE DE CONTRASTE em relação aos valores contraditórios e perversos da sociedade (Romanos 8.19; Filipenses 2.15,16).

O povo cristão da Igreja primitiva ia “revolucionando” a vida por onde pas sava ao viver intensamente os valores do Evangelho (At. 17.6). Cumpria não apenas a missão no modo do envio, mas, muito mais, a missão no modo orgânico , que é fruto do ser “povo”. E, nessa percepção dupla da missão que Deus nos tem dado (missĭo Dei), fico imaginando o quanto poderíamos conquistar o mundo com o Evangelho sendo povo e enviando mais missio nários, mas também sendo mais povo de Deus, comunidade de contraste, sal, luz, embaixadores do Reino no ambien te em que vivemos, cada um de nós como cristãos.

Lembro agora dos desafios que dois grandes líderes nos deixaram an tes de sua partida:

• Não devemos perguntar: ‘O que há de errado com o mundo?’ Esse diagnóstico já foi dado. Em vez disso, devemos perguntar: ‘O que aconteceu com o sal e a luz’”? [John Stott]

• Nós somos as Bíblias que o mun do está lendo ... nós somos os ser mões que o mundo está prestando a atenção. [Billy Graham]

Que tal nos unirmos e, cada dia, sermos mais povo e muito menos multidão?

Contato: rega@batistas.org. No Instagram: @lourencosteliorega n

15O JORNAL BATISTA Domingo, 09/10/22 OBSERVATÓRIO BATISTA PONTO DE VISTA

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