ANO CXX EDIÇÃO 43 DOMINGO, 24.10.2021
R$ 3.20 ISSN 1679-0189 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA
FUNDADO EM 1901
Dia do Plano Cooperativo quarto domingo de outubro
O Plano Cooperativo surgiu em 1957, durante a Assembleia Anual da Convenção Batista Brasileira, em Belo Horizonte. Nasceu para a manutenção do trabalho geral dos Batistas brasileiros e como método eficiente e bíblico para desenvolver a obra de missões. O Plano Cooperativo foi apresentado em 1957, e dois anos depois, em 1959 foi colocado em prática para que os Batistas brasileiros testemunhassem de Cristo “até os confins da terra”. Reflexão
Missões Nacionais
Notícias do Brasil Batista
Observatório Batista
O Dia do plano Cooperativo
Minha Pátria para Venezuela
Poesias
Neurociência e ética
Rubin Slobodticov fala da cooperação das igrejas batistas no dia 24 de outubro
Obra missionária ajuda refugiados venezuelanos
Teremar Lacerda, missionária educadora, relata as experiências missionárias em poesias
Lourenço Rega conta sobre a compreensão destes campos em pessoas
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REFLEXÃO
O JORNAL BATISTA Domingo, 24/10/21
EDITORIAL
A visão e necessidade de mudanças Vivemos um tempo bem diferente do que estávamos acostumados; é um tempo que tem mudado as rotinas os meios, a necessidade de estabelecermos um processo de mudança é fruto da visão que temos no presente e da tarefa que nos foi confiada como Igreja de Jesus Cristo, como a nova sociedade criada por Deus, constituída de homens e mulheres reconciliados com Ele e uns com os outros. A visão estratégica nos coloca inicialmente frente a dois desafios: o cenário atual onde nos encontramos e a realidade do futuro, consequentemente, isto implica mudanças. A mudança é uma constante no mundo em que vivemos. A mudança assusta, desestabiliza, gera ansiedade, mas o ponto importante para aquele que pretende enfren-
tar as mudanças, com sucesso, é que ela não é apenas um evento, algo que aconteceu, mas, também, um processo contínuo e sempre presente. E somente aqueles capazes de identificar a mudança é que podem tomar as medidas necessárias para influir nos resultados. A história está cheia de casos de indivíduos ou sociedades que não puderam ou não quiseram se adaptar a novas realidades. Nossa geração já viu categorias inteiras de empregos, produtos, serviços e organizações religiosas que se tornaram obsoletos. O homem resiste às mudanças com a mesma intensidade que as procura. A resistência às mudanças não se limita a coisas desconhecidas ou impróprias. O homem, então, faz as mudanças e resiste a elas.
A mudança é imperiosa, mas não podemos ser inconsequentes. Não é prudente correr o risco de abandonarmos as âncoras do passado e nos lançarmos a mares bravios, sem norte, mas, também, não podemos nos acovardar e acomodar diante dos desafios dos dias atuais. Nós desejamos as mudanças e cremos que Deus, Todo Poderoso, as quer, também. Todavia, fazer mudança implica responder algumas questões: Por que mudar? Mudar em que direção? Como fazer para mudar? A resposta a estes questionamentos iniciais determinará o rumo, o tempo das mudanças. “É evidente que nossas reflexões precisam ser avaliadas regularmente, pois as mudanças da sociedade e a própria
dinâmica da vida sempre nos trarão novas questões e novos desafios. Se quisermos ser relevantes e não corremos o risco de responder a perguntas que nunca foram feitas, temos de nos atualizar e entender o mundo e sua realidade”. Assim como é real nosso comprometimento com a Bíblia, a palavra de Deus, e com os princípios derivados desta palavra que nos fez chegar até aqui e devemos continuar comprometidos com estes valores. Mudar a forma de atuação implica em estar comprometido como os valores com os princípios que fazem da denominação Batista um marco na construção de uma sociedade mais justa, digna e acima de tudo comprometida com Jesus Cristo. n
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Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Folha Dirigida
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BILHETE DE SOROCABA
Quando eu era criança
Pastor Julio Oliveira Sanches Não há como apagar as lembranças que foram gravadas na memória do nosso tempo de criança. São lembranças alegres, outras tristes, que deixaram marcas indeléveis que o tempo não consegue apagar. Algumas geram arrependimento sincero e o desejo de voltar no tempo e corrigir o que foi feito. A vida não nos permite retornar, ainda bem! Ser criança é uma dádiva divina que não pode ser desprezada. Algumas são lembranças que nos levam à gratidão. Preocupa-me o que está sendo gravado nas mentes infantis neste tempo de pandemia. O cerceamento de espaço físico, a convivência com pais nervosos, que não conseguem esconder a insegurança gerada pelo tempo de pandemia e medo redobrado. A ausência de colegas das classes nas escolas, do convívio livre com outras crianças, do libertar-se da incômoda máscara. Não é fácil ser criança neste tempo de pandemia, onde todos estão irritados e com medo, inclusive os pais
e mestres. Quais experiências ficarão gravadas nas mentes infantis e como serão lembradas no futuro? Haverá aumento de desequilíbrio social e como isto marcará a atual geração infantil? São perguntas que precisam de respostas bem elaboradas e carecem ser analisadas com amor e seriedade pelos pais e mestres. Presenciei há dias uma experiência que me deixou traumatizado. Um menino de apenas três anos “bateu” na mãe por não ser atendido no seu desejo infantil. Atitude normal nesta tenra idade. O pai foi defender a mãe e bateu com força no menino. Após a correção obrigou o filho a pedir desculpa à mãe. Cometeu dois erros graves. O peso da mão de um adulto pesa mais que uma tonelada, especialmente quando com raiva. Não se agride um menino de três anos. Primeiro erro. Depois obrigou o menino a pedir desculpa à mãe. Segundo erro: Não se humilha, na presença de terceiros, uma criança que não tem noção dos atos cometidos. O diálogo e o carinho sempre são objetos de sabe-
doria. As marcas ficam e o medo pelo pai cresce de modo assustador. As boas experiências do tempo da infância dão suporte sólido para enfrentar os dissabores da vida, quando jovem, adulto ou até mesmo na velhice. O apostolo Paulo ao escrever I Aos Coríntios 13.12 rememora o seu tempo de menino. A transição de menino para a adolescência e desta para homem. Tudo isso na escola de Gamaliel, professor que deixou na mente do menino Saulo lições e experiências que o tempo não conseguiu apagar. “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” É possível ver o menino Saulo acumulando conhecimento que lhe seriam úteis por toda existência. O que está sendo acumulado na mente de nossas crianças hoje? Não sabemos. Só o tempo será capaz de revelar. Serão adultos melhores que os atuais? Difícil responder e prever. As crianças precisam de carinho e amor
redobrado. Elas não conseguem entender porque o papai está nervoso e as tratam com agressividade. Ficam os traumas que no futuro vai gerar reações descontroladas. Pais esforcem-se por gerar amor e compreensão e redobrado carinho aos seus filhos pequenos, que não sabem explicar o que significa pandemia. Os que chegamos à maturidade temos saudades do nosso barquinho de papel a navegar nas enxurradas, após a torrencial chuva de verão. “Lembrança quanta lembrança dos tempos que já lá vão! Minha vida de criança, minha bolha de sabão! Infância que sorte cega, que ventania cruel, que a enxurrada te carrega, meu barquinho de papel!” (Guilherme de Almeida.) Hoje os pais não mais fabricam barquinhos de papel para os filhos. O celular substituiu a enxurrada que a seca levou, deixando-nos apenas as marcas do medo. Ame seu filho porque o amor tudo pode e só ele pode garantir que o amor prevalecerá após estes tempos difíceis. n
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REFLEXÃO
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O ministério do apóstolo Paulo adverte a Ajudem-se uns aos outros respeito das funções na Igreja Olavo Feijó
Rogério Araújo (Rofa) colaborador de OJB
“A Igreja é um corpo com muitos membros que desempenham funções importantes e distintas” (paráfrase bíblica de I Coríntios 12.12-31). Esta passagem demonstra bem algo que acontece muito nas Igrejas: a disputa de quem é mais importante e desempenha as funções mais dignas ou de destaque. Em Mateus 20.20,21, a mãe de Tiago e João pediu ao Senhor que os seus filhos tivessem um destaque especial em sua obra e pediu, “apenas”, que estivessem sentados, um à sua direita e outro à sua esquerda. Como têm irmãos que parecem es-
colher cargos e funções, não achando que essa ou aquela posição é digna de ser ocupada por ele. E nem ao menos ora ao Senhor para que Ele demonstre o dom a ser desenvolvido. O referido texto de Paulo faz uma comparação com o corpo humano e diz que se todos fossem olhos, braços ou outro membro, como seria o corpo? Lembre-se que todos são importantes de maneira que, quando um não está bem, todos sentem. Assim também deve acontecer na Igreja: cada um precisa desempenhar suas funções mediante vontade do Senhor e se importar com o que ocorre com “seu outro membro”. Pois, se todos estão bem e felizes, assim devem estar todos, mas se ao contrário, todos sofrem juntos.
pastor & professor de Psicologia
“E vendiam suas propriedades e ram colocar em prática as mais probens, e repartiam com todos, segun- fundas dimensões sociais do amor do cada um havia de mister (At 2.45). de Cristo, transmutando as limitações do pronome “meu” e ensinando a A vida diária dos primeiros cris- humanidade a colocar em prática a tãos, que viviam em Jerusalém, era de transcendência do pronome “nosso”. ajuda mútua e de cooperação amiga. Lucas, o escritor do livro dos Atos dos Seu segredo? A vivência prática do Apóstolos, nos informa que os discí- amor de Cristo, conforme revelado na pulos “continuavam firmes, seguin- Bíblia e ilustrado através da existêndo os ensinamentos dos apóstolos, cia diária dos seus seguidores. Seu vivendo em amor cristão, partindo o preço? O sangue purificador do amor pão juntos e fazendo orações...” (Atos eterno de Jesus Cristo, que transfor2:41-45). ma a nossa história de inimigos de A Igreja cristã em Jerusalém ini- Deus, fazendo-nos viver poderosaciou uma dimensão espiritual e social mente a história de “filhos de Deus”. que marcou profundamente a história Para Sua glória e a nossa vida eterna humana. Os primeiros cristãos ousa- com Ele.
Se o irmão acha que o seu “dom é apenas orar” saiba que não existe algo maior que este. Se acha que apenas sentar-se no banco e estar presente às reuniões, apoiando, saiba que nada é tão importante.
Não fique para baixo, como se os outros ocupassem “posições maiores que as suas”. Ore e peça a Deus que o(a) coloque no lugar certo para o servir e faça parte do corpo de Cristo do jeito que Ele desejar! n
A oração do Pai Nosso do Antigo Testamento
Marinaldo Lima
pastor, colaborador de OJB
Entre as palavras de Agur, filho de Jaque, Existe uma oração que é um grande ensinamento. São sábias palavras dirigidas ao Senhor; Considero-as o Pai Nosso do Antigo Testamento:
Tenho medo que vindo eu a ficar rico Blasfeme de ti; diga: “Quem é o Senhor:” Não permitas que a falsa ilusão das riquezas Leve-me à exaltação e esfrie o meu amor.
“Senhor Deus maravilhoso, duas coisas eu te peço: Afasta de minha vida a mentira e a vaidade. E também não me dês nem riqueza, nem pobreza; Mantém-me daquilo que é minha necessidade.
Tenho medo de ficar pobre e padecer; Sentir fome ao ponto de furtar e de roubar. E com isto envergonhe o Teu sublime nome Do qual tenho sempre que testemunhar.”
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O vigor da vida espiritual Jeferson Cristianini
pastor, colaborador de OJB
Logo no início de nossa caminhada cristã, somos desafiados a abandonar as paixões humanas e encontrar deleite espiritual na nossa relação com Deus. Aprendemos a disciplina da oração e da meditação e “aprendemos” a orar e estar na presença de Deus. Curiosamente, os primeiros momentos de oração parecem que não teremos mais o que falar ao Senhor, mas, com o tempo, queremos ter mais e mais tempo para orar e ter relacionamento com o Pai. Oramos após um momento de meditação e reflexão a partir da leitura de uma porção bíblica, e, dessa forma, aprendemos a nos aprofundar no conhecimento que a Bíblia fala. Com a reflexão da meditação e leitura dos textos das Sagradas Escrituras fazemos uma auto-análise e constatamos que precisamos de mais momentos de enlevo espiritual e mais da presença do Senhor em nossas vidas e carecemos ser moldados a cada instante. A meditação atrelada a oração nos proporcio-
na momentos de grande crescimento espiritual. Nos primeiros passos da vida cristã, aprendemos a amar e ler a Bíblia, e conforme crescemos no conhecimento bíblico, somos motivados a começar a estudar e ficamos apaixonados com as lições que a Bíblia nos ensina. É verdade também, que passamos a entender muitas coisas, a partir da leitura e estudo da Palavra. Entendemos como estávamos cegos às ações de Deus e contemplamos como nossos pecados nos afastavam mais e mais do Senhor e aprendemos que a Bíblia nos aproxima de Deus e de Sua vontade. Em todas as épocas, os cristãos precisaram de investimento na vida devocional; aliás; o vigor espiritual do cristão advém de sua disciplina de leitura e estudo da Palavra e de sua jornada de oração. Infelizmente, as crises da vida revela se temos nossas raízes estão arraigadas na Palavra de Deus. Os salvos regenerados amam a Palavra e mantém suas raízes firmes nas Escrituras e todo o vigor espiritual vem de uma vida devocional na presença do Senhor. Os que
amam a Bíblia revelam vigor diante das provações, sucesso nas tentações e tornam-se um referencial de espiritualidade aos que os cercam, e assim dão testemunho de um verdadeiro cristão. A Bíblia é nosso manual, mas ela não pode ser descartada e desprezada em algum cômodo de nossa casa. Deve estar nas mãos dos crentes em Jesus, a fim de que eles interpretem tudo a partir da lente cristã e para termos a orientação do Senhor para todas as áreas de nossa vida. Jesus apresenta no final do “Sermão da Montanha”, uma parábola sobre a casa sobre a areia ou sobre a rocha (cf. Mateus 7.24-27). Ele fala do tolo, insensato e do prudente. O tolo constrói a vida sobre a areia, enquanto o prudente sobre a rocha. Infelizmente, muitos constroem suas vidas, sonhos, famílias e carreiras na areia, ou seja, “ouvem e não praticam”, e passam vergonha com a “grande ruína da casa”. Já muitos prudentes constroem suas vidas, sonhos, famílias e carreiras na rocha, de forma, que eles “ouvem e praticam” e a “casa não cai”.
Vivemos um tempo em que precisamos investir em nossa vida espiritual. Precisamos crescer no conhecimento da Palavra de Deus, revisar nossa agenda e separar tempo para investir na nossa vida espiritual. Urge a necessidade de orarmos mais e mais e voltarmos a ter prazer no tempo dedicado a oração, assim como, o prazer a leitura devocional. Orar e ler a palavra é fonte de prazer e deleite ao cristão. Manter comunhão com o Senhor através da oração e leitura bíblica é um lenitivo ao cristão e enquanto o salvo investe na sua devoção, sua vida espiritual é fortificada. Que sua vida devocional seja vigorosa para suportar as pressões da vida. Leve a sério esse conselho do missionário George Muller: “O vigor de nossa vida espiritual será na proporção exata do lugar que a Bíblia ocupa em nossa vida e pensamentos”. Deixe que a Bíblia ocupe mais espaço em sua vida e em seu ser. Nossa espiritualidade é regada com momentos de oração e meditação, estudo e leitura da Bíblia. Voltemos ao primeiro amor! n
Dia do Plano Cooperativo Rubin Slobodticov
pastor, colaborador de OJB
Os Batistas brasileiros separam o dia 24 de outubro de cada ano como o Dia do Plano Cooperativo. É importante sistematizar a compreensão do Plano Cooperativo. Afinal, o plano convida à cooperação todas as Igrejas afiliadas a uma Convenção, cuja forte filosofia cristã é a independência e insubordinação a um governo central. Assim pois, o “planus”, do latim, a significar “liso, raso” assegura que cada pessoa age segundo o seu plano próprio, cujo resultado se converte em ação social, onde tudo pode ser realizado, desde que todos os planos individuais sejam eficientes para tecer uma vida em comum satisfatória para
todos. Então, um plano deve agregar desde regras rígidas como as flexíveis, sobre as quais se definem o sistema de um plano. Um planejamento planifica os objetivos fraternos e sociais da Convenção de Igrejas e é capaz de agregar o plano de cada uma de suas afiliadas, cuja capacidade e eficiência de seus gestores pode promover o desenvolvimento de trabalhos que uma só delas não seria capaz de realizar. Assim pois, pode-se conceituar um plano cooperativo com mais eficiência como um conjunto de objetivos bem definidos capaz de caminhar por todas as direções da Convenção. Assim, o Plano se adjetiva pela cooperação. E a compreensão nasce em suas bases autônomas: as Igrejas. Observe-se que cada
membro delas têm indivíduos livres e fraternos para promover a grandeza de suas localidades. Então, a filosofia cristã do auxílio visa atender pessoas e localidades menos favorecidas. E, em outra dimensão da cooperação, as pessoas auxiliam materialmente, tornando sua Igreja uma união fraterna que coopera para o bem-estar, não apenas de sua própria família, como aos semelhantes que residem em sua cidade ou bairro. O Plano Cooperativo promovido pela Convenção Batista Brasileira (CBB), nascido em 1957 durante a Assembleia Anual em Belo Horizonte, visou promover a manutenção de toda obra em geral dos Batistas brasileiros cujo método eficiente e bíblico promoveria em plenitude, a obra missionária
(“in” www.convencaobatista.com.br/ siteNovo/pagina.php?EVE_ID=49). Em busca da excelência, a cooperação financeira de suas afiliadas, de pessoal vocacionado para a promoção da missão evangelizadora e pessoas capacitados pela graça de gerir dentro do Reino de Deus agiliza a promoção e expansão da obra do Senhor pelo vasto território brasileiro. O Dia do Plano Cooperativo serve, pois, para conscientizar os crentes Batistas da grandeza da obra desenvolvida por todas as Igrejas afiliadas a CBB e da necessidade de sempre cooperar no plano nacional em promover a evangelização de nossa pátria com mais eficiência e promover a consciência nacional da grandeza do seu povo. n
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Liderança corajosa em Educação Cristã Moema Crisóstomo Guimarães Vargas
cadas para que os Seus vocacionados sejam colocados na posição que Ele escolheu. Não há dúvidas de que Ele Graças a Deus, hoje podemos ver tudo pode. homens e mulheres atuando na Educação Cristã de nossas Igrejas. É assim 2. Chamado para uma missão espemesmo que Deus planejou, homens e cial - “Agora, portanto, vai. Eu te enviarei mulheres, lado a lado, desde o início de ao faraó, para que tires do Egito o meu todas as coisas. Mas, quem disse que povo, os israelitas” (Ex. 3.10). sempre foi assim no Brasil? Lembro de A missão é bem espinhosa, semeuma época em que a fala corrente era lhante à missão pastoral, porém, com a de que o curso de Educação Cristã características diferentes; na verdade é era próprio para formar esposas de o complemento do ministério pastoral. pastores; era coisa de mulher. Embo- Não há como o pastor conciliar todas ra tenhamos tido muitas educadoras as tarefas relativas ao crescimento do formadas, poucas atuaram como mi- reino na Igreja local; é preciso que ele nistras, pois precisaram trabalhar e não tenha a visão de dividir com responsaencontraram espaço para a sua atua- bilidade as tarefas que incluem levar o ção (1). Depois de algumas décadas, rebanho à maturidade espiritual. Tirar deparam-se com portas abertas para as pessoas do “Egito” em que se encono ministério e se perguntam: será que tram, sobrecarregadas por 400 anos de é para mim? Lendo e meditando em escravidão e depois conduzi-las pelos Êxodo, veio à minha mente algumas desertos da vida com firmeza e propósimilaridades do chamado de Moisés sito para alcançarem a Vida Abundante, com o nosso chamado para o ministé- só tendo um chamado especial. rio de Educação Cristã: 3. As desculpas para não atender 1. O Autor do chamado - “Disse ao chamado - “[…] Quem sou eu para ir Deus a Moisés: “Eu SOU O QUE SOU… ao faraó e tirar os israelitas do Egito?” EU SOU me enviou a vós”(Ex 3.14). (Ex 3.11). Deus, que é quem toca o coração, Fazer um curso é até fácil, mas cumfala à alma, sensibiliza para as necessi- prir a missão é outra história. Diante dades e mostra a realidade a ser trans- das dificuldades, “quem sou eu para formada. Ele mesmo não se importa realizar essa grande obra”? “Casei-me com as aparentes barreiras. Por ser com um homem que não é pastor, não Quem Ele é, Aquele que preenche o tenho como servir”. “Preciso de um cur“cheque em branco” - EU SOU….a fonte so superior que me dê um emprego e de tudo o que precisamos para viver, uma aposentadoria”. “Meus filhos precontinuou atuando por todas essas dé- cisam de mim, não tenho tempo agora”.
Na verdade, os obstáculos para assumirmos tão grande missão são muitos. Isso é humano, é comum, mas não adianta, que Deus não desiste de nós. Quem disse que precisamos renunciar à família, à faculdade ou ao emprego para exercer sua missão? Calma, tudo tem o seu tempo. Na verdade, Deus usou os 40 anos de palácio e os 40 anos de vida pastoril de Moisés como preparo. Não há desculpas…
acadêmicos e nas organizações de ação social, pois a missão é para o homem em toda a sua singularidade. Há um “lugarzinho” especial em que nós nos encaixamos. Há necessidades específicas que somente alguém cuidadosamente preparado poderá atuar. No dizer de Bill Hybels: “Estou cada vez mais convencido de que líderes altamente eficientes são frequentemente influentes não apenas por serem altamente talentosos, mas também porque seus estilos de liderança combinam perfeitamente com específicas necessidades ministeriais. Consequentemente, descobrir e desenvolver estilos de liderança específicos é outro importante segredo da eficiência na liderança”. (2) Entendo que, assim como Moisés foi salvo do rio, preparado num palácio, chamado do meio da agropecuária e restaurado de seus erros, também o Autor molda cada um de nós. O nosso tempo de preparo não é em vão! Aceitaremos o desafio?
4. As dificuldades em cumprir o chamado - “Sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, a não ser pelo poder de uma forte mão” (Ex 3.19). Deus sabe de antemão todas as dificuldades que um Bacharel em Educação Cristã vai enfrentar após formado, nada escapa à Sua supervisão. As aparentes dificuldades para servir como educador(a), remunerado(a) ou não, reconhecido(a) ou não, são plenamente conhecidas do Senhor. Mas, Ele tem movido os seus servos e as Igrejas para o tempo da Educação Cristã. Eu e você também sabemos que cumprir a nossa missão não é fácil, por isso, ficamos de Referências olho no que Deus está fazendo junto DURÃES, Ivan de Oliveira. RAMIRO, de nós para servirmos a Ele na missão Elana Costa. Educação cristã: reflexões certa. sobre desafios e oportunidades. São Paulo, Reflexão, 2018. 5. A capacitação para o chamado HYBELS, Bill. Liderança corajosa. - “Então vai agora, e estarei com a tua Trad. James M. dos Reis. São Paulo, boca e te ensinarei o que deves falar” Vida, 2002. (Ex. 4.12). Bíblia, Nova Versão Internacional Empolga-nos o movimento brasiComentário Bíblico Rota 66 – Rádio leiro em retomada à Educação Cristã Trans Mundial – Produção: Luiz Sayão nas Igrejas, nos colégios, nos meios e Alberto Veríssimo n
Uma indignação de Deus para com os homens Celson Vargas
pastor, colaborador de OJB
“Onde, pois, estão os teus deuses, que para ti mesmo fizeste? Eles que se levantem se te podem livrar no tempo de tua angústia; porque os teus deuses, ó Judá, são tantos como as tuas cidades” (Jr 2.28). Essa palavra de Deus, através do profeta Jeremias, revela Sua indignação contra a nação de Judá que, ao se sentir ameaçada por povos vizinhos, recorreu a outras nações, no caso aqui, o Egito, para ajudá-los diante dessas
ameaças. Nisto, o Senhor Se sentiu abandonado por aquele povo, pois, até então, Ele os tinha defendido de todos os inimigos que se levantaram contra eles, na jornada rumo à terra prometida. Quais foram os atos denunciados por Deus que denotam o abandono de Israel a Ele? União a povos pagãos e a todo tipo de práticas de seu paganismo, como promiscuidade sexual, culto idólatra e corrupção espiritual de seus reis, sacerdotes e profetas: “… os seus reis, os seus príncipes, os seus sacerdotes e os seus profetas, que dizem ao pau: Tu és meu pai; e à pedra: Tu me geraste. Pois me viraram as costas e não o
rosto, mas em vindo a angústia, dizem: Levante, e livra-nos” (Jr 2.26-27). Numa aplicação para o tempo atual, vemos essa mesma realidade em maior número e intensidade, por parte de todos os povos do mundo; onde a promiscuidade sexual é largamente ensinada e praticada como mero objeto de prazer para o homem, quando, na verdade, foi criada por Deus como algo bom, desde que praticada nos moldes de Seu Criador. Vemos também a prática dos cultos idólatras a deuses criados por homens, figurados em imagens de pau, de pedra, em todas nossas cidades. Um sistema religioso tolerante às práticas pecami-
nosas de seus adeptos, sem mudanças comportamentais. Tudo isso contraria radicalmente os mandamentos de Deus quanto a isso: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo da terra; … não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso...” (Dt 5.8-9). Os que a isso praticam, ao recorrerem a Deus mediante suas angústias, deverão também ouvir Dele: “Onde estão teus deuses que para ti fizestes. Eles que se levantem se te podem livrar, eles são tantos como as tuas cidades” (Jr 2.28). Veja em sua Bíblia. n
MISSÕES NACIONAIS
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Obra missionária avança entre os refugiados Missionária Dafne Marquez Adaptação: GECOM
O projeto missionário “Minha Pátria” vem oferecer e acolher refugiados venezuelanos. A obra missionária minha pátria fornece a regularização de documentos, preparação de currículos; aulas de português; moradia por três meses, até eles terem condições de estabilidade monetária. No abrigo é entregue diariamente refeições, cuidados com a saúde tanto física como o emocional. Realiza-se devocionais antes do café da manhã e do jantar. Nesse contexto, o avanço missionário Minha Pátria possibilita interiorizar algumas pessoas. O projeto reúne também parcerias como o da Agência da ONU para refugiados (ANCUR) e o apoio de pastores venezuelanos que estão nas cidades de Baliza-GO e Pacaraima-RR. Destes já estavam sendo acompanhados pelo projeto e se encontravam em situação de se abrigar nas ruas ou em casas de pessoas que os acolhem por um dia. A escassez de recursos básicos como alimentação, habitação e educação se faz presente no cotidiano na população da Venezuela. Os relatos de alguns deles animam o coração. Eles comentam que Deus os trouxe a um “paraíso”, porque não poderiam imaginar que estariam em uma casa grande, bonita, bem cuidada, e que seriam recebidos com carinho, afeto, Tudo isso só é possível pela gra- joelhos em oração e oferta com amor, nhecer o Senhor Jesus Cristo, nosso preocupação. E mais, que encontrariam ça de Deus e pela igreja, que dobra os para que os venezuelanos possam co- Salvador. n tudo isso em um só lugar.
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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA
Convenção Batista Goiana celebra 82 anos Maria Sebastiana Francisca da Silva diretora Executiva da União Feminina Missionária Batista de Goiás; secretária da Convenção Batista Goiana
“O presente de hoje foi o sonho do futuro de alguém do passado!” (missionário da JMN). Para chegarmos ao que temos hoje: 162 Igrejas organizadas, 80 Congregações e vários Pequenos Grupos Multiplicadores precisamos relembrar um pouco da nossa história, começando com a chegada do missionário Salomão Luiz Ginsburg, que veio do estado de São Paulo em 1914, com o propósito de evangelizar o estado de Goiás, que era chamado de Estado de Minas de Goiás. Até 1924, o campo goiano esteve aos cuidados da Junta de Missões Nacionais (JMN), que só atuava no norte do estado, acima do paralelo 14, hoje estado do Tocantins (De acordo com o historiador José da Cunha Bastos Júnior). Até 1927, os trabalhos no sul do estado estiveram sob a orientação da Convenção Batista do Estado de São Paulo (Até o falecimento de Salomão Luiz Ginsburg) e, posteriormente, sob a orientação da Convenção Batista Minas-Goiás. Em 1937, o missionário Daniel Frank Crosland e sua família deixaram a liderança da Igreja Batista em Ipameri, se transferindo para Goiânia com a visão de dar mais assistência ao trabalho Batista goiano, assumindo a liderança da futura Primeira Igreja Batista em Goiânia (7ª Igreja no campo goiano), que foi organizada no dia 30 de janeiro de 1938, com presença de 23 membros batizados, entre eles pastor Florentino Ferreira entre outros. Nesse período chega ao nosso estado o jovem casal de missionários Walter Beasley McNealy e sua esposa Imogênia Alexander McNealy, que se uniram ao missionário Daniel Frank Crosland dando um grande impulso em um ritmo acelerado de desenvolvimento, e juntos tiveram a visão de organizar a Convenção Batista Goiana. Desejo esse comunicado à liderança da Convenção Batista Minas-Goiás. No dia 20 de julho de 1939 foi organizada a 8ª Igreja Batista no campo goiano: PIB em Morrinhos, com 15 membros, oriundos da PIB em Goiânia. Nesse mesmo dia foi consagrado ao Ministério da Palavra o professor José da Cunha Bastos Júnior para pastorear a novel Igreja. No dia 21 de julho de 1939, foi organizada a Convenção Batista Goiana, tendo 22 mensageiros das seguintes Igrejas: seis da PIB em Morrinhos; três da PIB em Goiânia; 06 da PIB em Ipameri e seis da PIB em Urutaí. Estiveram presentes duas Igrejas do Campo Mineiro: Igreja Batista Barro Preto e Igreja Batista em Divinópolis e representantes da Convenção Batista de Minas-Goiás: doutor Otis Pendlenton Maddox e pas-
ceira: pastor Amiro Inácio Oliveira 24. pastor Levy José Penido; e Tatiana Silva Souza Freire; 25. pastor Milton Rodrigues Campos; 2. Gerência de Missões: seminarista 26. pastor Sérgio Vaz; Alessandro Miranda, pastor Sílvio 27. pastor Wagner Ribeiro Araújo; Luiz Rosendo, pastor Silvio Daniel 28. pastor Wagner Alves de Araújo; Machado, pastor Leandro Tinoco, 29. pastor Sílvio Luiz Rosendo; pastor Rodrigo Luiz Pereira e pas30. pastor Genivaldo Félix da Silva; tor Samoel Martim. Primeira Diretoria 31. pastor Silvio Daniel Machado; Presidente: doutor Daniel Frank 32. pastor Carlos Enrique Santana RoOrganizações Executivas da ConCrosland; cha. venção Batista Goiana Vice-presidente: doutor Walter 1. União Feminina Missionária Batista Beasley McNealy; Secretários-Executivos (Diretores Goiana (Organizada em 23 de julho Tesoureiro: Flaviano Gonçalves; Executivos) de 1939); Secretário: pastor José da Cunha Não temos os dados de 1939 até 2. Juventude Batista Goiana; Bastos Júnior.; 1950 A história dos Batistas Goianos é 1. missionário pastor James Everett 3. Seminário Teológico Batista Goiano; contada por homens e mulheres de Musgrave Jr; 4. Associação Batista de Educadores Deus, que dedicaram as suas vidas 2. pastor Isaias Batista dos Santos; Cristãos de Goiás; para alcançar Goiás para Cristo! 3. pastor Arildo Motta dos Reis Pes5. União Missionária de Homens Basoa; tista de Goiás; Presidentes da Convenção Batista 4. pastor Wanderley José Álvares; Goiana 5. pastor Ernest Clay Wilson; Organizações Cooperantes Muitos atuaram mais de uma vez! 6. pastor Robert Lee Hensley; 1. Ordem dos Pastores Batistas do 1. doutor Daniel Frank Crosland; 7. pastor Juracy Carlos Bahia; Brasil/Secção Goiás 2. pastor José da Cunha Bastos Jú- 8. pastor Ezequiel Brasil Pereira; De 1939 para cá, além das Organinior; 9. pastor Samoel Martim; zações a Convenção Batista Goiana 3. pastor Severino de Araújo; 10. Elton Ribeiro de Magalhães (Atualorganizou: 4. David Domingues; mente como diretor executivo in1. Escola Batista BH Foreman; 5. Horace Evertt Bunddin; terino). 2. Acampamento Batista Goiano; 6. pastor Isaias Batista dos Santos; 3. Hospital Memorial Batista do Cen7. pastor Silas de Brito Lopes; Diretoria atual tenário; 8. pastor Elias de Brito; Presidente: pastor Carlos Enrique 4. Centro de Recuperação “Aguas de 9. pastor Élvio C. Lindoso; Santana Rocha; Meribá” 10. pastor Valdir de Souza Oliveira; 1° vice-presidente: Elton Ribeiro de 11. pastor Wanderley José Álvares; Magalhães; A história dos Batistas Goianos é 12. pastor Paulino F. Campos; 2° vice-presidente: pastorJosias contada por homens e mulheres de 13. pastor Arildo Motta dos Reis Pes- Gonçalves Lima; Deus que dedicaram as suas vidas para soa; 3° vice-presidente: pastor Ailton de alcançar Goiás para Cristo! 14. pastor Edvaldo Alves Batista; Souza Bastos; 15. pastor Renato Cavalcante Correia 1° secretário: pastor José Luís NuReferências da Silva; nes de Sousa; Bastos Júnior, José da Cunha. Li16. pastor Ubirajara Pereira da Silva; 2° secretário: pastor Paulo Rogério neamentos dos Batistas no Estado de 17. pastor Walter Pereira da Silva; de Oliveira Lacerda; Goiás. Anápolis. 19988 18. pastor Tácito da Gama Leite Filho; 3° secretário: pastorGlauco Luiz Félix da Silva, Genivaldo Félix. Re19. pastor Geraldo Ventura da Silva; Costa Furtado vista do Centenário dos Batistas em 20. pastor Aroldo Paiva Aires; Goiás. 2020. 21. pastor Marcos Machado; A partir de 2013, o cargo de diretor Livros e Atas da Convenção Batista 22. doutor Carlos Hassel Mendes da executivo foi extinto e substituído por Goiana Silva; duas gerências n 23. pastor Clécio Bezerra Nunes; 1. Gerência Administrativa e Finan-
tor Florentino Ferreira. Após proposta apoiada e votos favoráveis, a Convenção Batista Goiana foi organizada e automaticamente o trabalho Batista em Goiás foi desligado da Convenção Batista Minas-Goiás.
JBB
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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA
Campanha de Missões Estaduais 2021 impacta Minas Gerais Convenção Batista Mineira destaca o engajamento das Igrejas. Elen Carvalho
gerente de Missões da Convenção Batista Mineira
Estamos em festa, pois temos muito o que celebrar, afinal, Deus está em movimento no estado mineiro e precisamos ser parte disso. A campanha de Missões Estaduais 2021 está chegando ao fim e é tempo de festejar tudo que vivemos nesses meses, de muito trabalho, esforço, dedicação, doação. Sobretudo, presenciamos as nossas Igrejas empenhadas em amor, para realizarem a maior Campanha de Missões de todos os tempos. E isso só foi possível porque cada um se empenhou e se engajou nessa tão grande empreitada. Temos relatos emocionantes de envolvimentos de todas as faixas etárias de Igrejas totalmente apaixonadas pela obra missionária. A Primeira Igreja Batista em Três Pontas, através do pastor Alysson Diniz, relata que: “[…] Todo o nosso movimento em prol dessa campanha, teve duração até o dia 11 de julho (a campanha se iniciou em 13 de junho), quando realizamos o encerramento em dois momentos. Pela manhã, em nossa EBD, cada sala, desde os idosos até as crianças puderam apresentar os valores arrecadados para a oferta. Por fim, um culto especial no turno da noite, onde tivemos a oportunidade de encorajar aqueles que não haviam ofertado a participar também desse ato gracioso […] ainda contamos com a participação do Projeto ‘Mãos em Missão’, coorde-
nado pela MCM da nossa Igreja, por meio de trabalhos artesanais vendidos em nosso ateliê”. Tudo isso foi com o foco de se levantar uma oferta expressiva neste ano. Ainda, temos o relato da Igreja Batista Central de Três Corações, que realizou uma campanha movimentada, com bazar, cantinas e almoço missionário. A líder das Mensageiras do Rei, Lucimara, relata que a campanha teve um envolvimento muito grande na comunidade. Dentro do tema proposto “Fale por onde for”, a Igreja foi e falou através de ações sobre o amor de Jesus: “[…] Cada final de semana fazíamos uma atividade diferente: entregamos marmita para os moradores de rua; evangelismo no semáforo; ganhamos uma vida para Jesus; visitamos um projeto que atende pessoas em dependência química. Resumindo, fizemos a promoção de missões na Igreja, como também colocamos a mão na massa na comunidade. Isso foi uma experiência maravilhosa”.
A PIB de Três Corações relata que o envolvimento na campanha foi “com muito amor, carinho e disposição em proclamar o Reino de Deus”. A Igreja desenvolveu várias atividades nesse período: grupo de comunhão online; 31 dias de oração por Minas Gerais; evangelismo individual; momento missionário nos cultos de domingo; encontros de oração nas casas; doações de roupas e cestas básicas através do grupo de intercessão da Igreja e almoço missionário. A participação ficava em torno de 50 a 60 pessoas por programação. Seguindo para a região do Triângulo Mineiro, a Congregação Primavera, na cidade de Uberaba esteve em movimento também. Pastor Adriano Melo relatou: “[…] Envolvemos os irmãos com o trabalho evangelístico de rua, com carreata; anúncio do Evangelho pelas ruas até a porta da Igreja onde fizemos o culto de encerramento. Foi tremendo o poder de Deus. Tem sido bênção
as estratégias usadas para alcançar o povo”. Na Primeira Igreja de Patos de Minas, as Mensageiras do Rei (10 meninas) se envolveram no levantamento da oferta missionária, vendendo trufas. Na PIB de Patrocínio, bem como a PIB em Cristais, foram realizados bazar e cantinas para arrecadarem uma oferta expressiva. Marcilene Domingues e Franciely Marques relatam: “Tivemos um número alto de participantes, pois essa se deu tanto por membros da Igreja como pessoas da sociedade que não são membros. Acredito que alcançamos em torno de 120 pessoas” (PIB em Cristais). Celebre conosco e vamos juntos, porque não acabou. Agora, vamos consolidar, cuidar, amar e servir cada pessoa que se achegou, cada família alcançada, comunidades que precisam do amor, graça e compaixão de Jesus. Somos resposta de Deus para este tempo. Continue falando por onde for! n
Batistas de Mato Grosso do Sul comemoram datas importantes Início do trabalho Batista no Brasil e no estado foram lembrados. Convenção Batista Sul-MatoGrossense No dia 20 de agosto, na Associação Brasileira de Odontologia, foi realizado um evento para comemorar os 110 anos da organização da primeira Igreja Batista em solo mato-grossense, que aconteceu na cidade de Corumbá. Na ocasião, foram feitos diversos pronunciamentos que se reportaram quanto à presença dos Batistas no estado, entre eles, o presidente da Convenção Batista Sul-Mato-Grossense (CBSM), pastor Jonas Xavier de Pina. O evento
foi realizado em parceria com a Associação Centro das Igrejas Batistas de Mato Grosso do Sul (ACIBAMS) e a Convenção Batista Sul-Mato-Grossense (CBSM). Pastores, autoridades e outros nomes foram homenageados na celebração. Já no dia 10 de setembro, na Câmara Municipal de Campo Grande-MS, foram lembrados os 150 anos da organização da primeira Igreja Batista em solo brasileiro, mais precisamente em Santa Bárbara D’Oeste-SP. O evento foi uma iniciativa de um vereador da cidade. n
MISSÕES MUNDIAIS
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10o Congresso Brasileiro de Reflexão Teológica da ABIBET Ana Jhuly Stellet O que ainda falta para você exercer o sonho da sua vocação? Esperamos que você tenha esta resposta até o fim do 10º Congresso Brasileiro de Reflexão Teológica da ABIBET – Associação Brasileira de Instituições Batistas de Ensino Teológico – em parceria com Missões Mundiais– que acontecerá de forma totalmente online nos dias 08 e 09 de novembro, das 19h às 22h35. O tema escolhido para a edição 2021 é “Missão: Núcleo de Sustentação da Formação Teológica”. A programação com plenárias e oficinas é voltada para seminaristas e professores, em uma atmosfera que vai estender a vocação além das quatro paredes. As inscrições são totalmente gratuitas e devem ser feitas AQUI. Os congressistas terão a oportunidade de vivenciar o campo missionário, aprofundar o conhecimento acadêmico e dialogar com as práticas teológicas em programações direcionadas pelo Dr. Alcir Almeida de Souza e a Dra. Analzira Nascimento, com a participação de outras grandes autoridades em missiologia e teologia. Viveremos duas noites de plenária e oficinas com aprofundamento acadêmico, despertamento missionário e aperfeiçoamento ministerial e educacional. E ao final, queremos que todos possam responder com convicção sobre o que têm feito para chegar no centro do que Deus está fazendo no mundo, ocupando sua posição dentro desse plano maravilhoso para a salvação dos povos. Programação Plenária – momento de reflexão e aprofundamento teológico em transmissão aberta ao público em geral pelo YouTube. Adoração – louvor com transmissão também pelo YouTube. Oficinas – serão 10 oficinas exclusivas aos inscritos no congresso. Os participantes receberão uma chave de acesso à videoconferência em salas no Zoom. 1. Caminhos para uma missiologia africana e asiática. 2. O papel da mulher na missão. 3. Missiologia em Apocalipse – missão e o fim dos tempos. 4. Paradigmas na prática missionária: encarnacional ou gerencial. 5. Diáspora, Intolerância Religiosa e Etnocentrismo: por uma cultura de fronteira e coexistência. 6. Como influenciar organizações para potencializar a obra missionária e o envio de todos para todos. 7. Missão e desenvolvimento comunitário: boas intenções não são su-
ficientes. 8. Giro pelo Mundo – conheça o Leste Asiático. Veja como a igreja cresce em meio à perseguição. 9. Giro pelo Mundo – conheça as iniciativas para alcançar a Coreia do Norte. 10. Missão na Universidade. Ao Mestre com Carinho – em uma alusão ao grande sucesso dos cinemas da década de 1960, este será um espaço de diálogo entre professores de instituições teológicas. Após inscritos, os mestres serão orientados a participar desta programação especial que promete grandes surpresas e irá levá-los a uma reflexão sobre seu papel transformador. Compartilhando conhecimento O congresso também dará aos seminaristas a chance de compartilhar suas Monografias e demais Trabalhos de Conclusão de Curso no site www. reflexaomissiologica.com.br, onde poderão ser acessados por outros acadêmicos e demais interessados. O envio dos trabalhos poderá ser feito até o dia 29 de outubro através do e-mail: reflexao.missiologica@jmm.org.br. O que representa uma criança? Uma criança representa amor, pureza, simplicidade e um coração genuíno que agrada a Deus. Por isso Missões
partir de uma ideia que os líderes e missionários de Missões Mundiais tiveram ao ver de perto a realidade das crianças em um campo de refugiados no Oriente Médio. As crianças que participam das atividades do projeto são refugiadas e vítimas da guerra e da perseguição. MÚSICA E ESPORTE - Para atuar com crianças em diversas regiões da Europa os missionários precisam ser criativos para se aproximarem das crianças e famílias. Por isso a música e o esporte são as principais formas de evangelização da região. Missões Mundiais acredita no Movimento de Evangelização Infantil iniciado em 1937 por Jesse Irvin Overholtzer. A ação se concentra na janela 4/14, como foco de evangelizar crianças com idades entre 4 e 14 anos. Pois são as mais receptivas e mais eficazes para a missão de evangelizar as pessoas ao seu redor. Por isso a importância de projetos que falem diretamente com crianças e adolescentes, para que cresçam adultos saudáveis e cheios do Espírito Santo. O dia 12 de outubro é comemorado o Dia das Crianças no Brasil, porém não é uma data mundial. O Dia Mundial da Criança foi estabelecido pela primeira vez em 1954 como Dia Universal da Mundiais atua na maior parte dos paí- Criança e é comemorado em 20 de noses com projetos que cuidam, evange- vembro. Mas além do Brasil existem lizam e tratam de crianças. outros países que também comemoram, por exemplo: Os principais projetos são: PEPE - Um programa socioeduca- • Alemanha – 20 de setembro tivo promovido por Missões Mundiais • Argentina – 2º domingo de agosto em parceria com igrejas evangélicas • Austrália – 4ª quarta-feira de outubro e comunidades no Brasil e em diver- • Canadá – 20 de novembro sos países da América Latina, África • China – 1 de junho e Sudeste da Ásia. Ele leva esperança • Estados Unidos – 1º domingo de junho às crianças em situação de vulnera- • França – 20 de novembro bilidade social, preparando-as para a • México – 30 de abril vida e para a integração em uma es- • Portugal – 1 de junho cola regular. Visa o fortalecimento da autoconfiança e das habilidades dos Entre outros.. pequeninos durante os dois anos que Na maioria dos locais em que é coantecedem sua entrada no ensino for- memorado o Dia das Crianças a data mal. foi criada como forma de proteger, zeLAR DA PAZ - O projeto surgiu lar e lutar pelos direitos de meninos e como um abrigo diante do cenário meninas. O dia 20 de novembro é sobre de mais de 20 milhões de crianças promover a união internacional, a consórfãs e abandonadas no país em que cientização entre as crianças em todo está situado, no Sul da Ásia. Com o o mundo e a melhoria do bem-estar de objetivo de proteger as crianças do cada uma delas. tráfico humano, do abuso sexual, da Atualmente, Missões Mundiais está mendicância, do abandono, da negli- em ação na campanha Doe Esperangência e da escravidão que sofrem ça. Este ano com o foco em aumentar na sociedade. o volume de alimentos distribuídos a ESCOLA PAMOSI - O Ministério crianças e suas famílias. Você pode facom Surdos da Escola Pamosi, surgiu zer parte disso agora mesmo por meio em Angola. Entre os compromissos do PIX : doesperanca@doeagora.com deste projeto estão: oferecer ensino ou do site www.doeagora.com. básico de qualidade e com princípios Ore, cuide, respeite e ame as criancristãos para crianças e adolescentes ças, pois elas representam o Reino dos surdos. Céus. n TENDA DE BRINCAR - Começou a
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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA
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Um homem com o coração de Deus! Teremar Lacerda R.
(Missionária-Educadora)
Apaixonado pelo mundo perdido, As multidões sem Cristo, E a salvação para eles. Se preocupou com o que fazer e novas estratégias, Para que os povos de diversas culturas Conhecessem a luz, a água, o pão da vida; Jesus, o caminho, a salvação de Deus! Pr. Waldemiro Tymchak! Impactou a Obra Missionária no Brasil e no mundo Por quase trinta anos... Conhecido pelos seus Artigos “Eu chorei na Rússia”, Que fez chorar a muitos por estes brasis afora... Igual a Jesus, que chorou pelas multidões! Ele tinha o coração de Deus! Porque no coração de Deus tem almas, Tem multidões, tem continentes, Línguas, povos que estão indo Para o abismo sem luz e sem salvação! Sim, ele tinha o coração de Deus! Porque ele amou as almas, as multidões, Culturas e nações... Incansável, para que Novos campos fossem abertos E que missionários fossem enviados. Que Pastores e líderes se envolvessem Na Obra missionária. Que cada crente fosse um Missionário efetivo onde estivesse: Orando, ofertando, ganhando almas,
Que se desse a si mesmo para missões! Ele tinha o coração de Deus! Líder de fibra! Diplomático no trato com as Missões no Mundo, Um verdadeiro estadista! Comandante chefe no escritório da Junta e nos campos. Foi Pastor, conselheiro, pai. E mais que isto, um amigo do missionário! Os amou, exortou, compreendeu, Ordenou e chorou com eles e por eles! Ele tinha o coração de Deus! Amou e honrou a família:
Acidália, esposa querida e amada, Nelson e Thaís, herança que Deus lhe deu. Falava deles com muito amor e carinho, Ao escrever aos missionários... Amou entranhavelmente a sua família, Que soube compreender A missão que Deus lhe deu de ser ponte, Para que o evangelho chegasse a outros povos. O Brasil Batista chorou a perda do Homem com o coração de Deus; Do gigante que “Caiu de pé no campo de batalha”, Como ele queria.
Quem se levantará? Quem está disposto A ultrapassar as barreiras, as fronteiras, As culturas para ser ponte por onde A graça de Deus possa passar? Você é chamado a ter o coração de Deus! Você também pode anunciar! (À memória do Homem com o Coração de Deus: Pr. Waldemiro Tymckak, que faria 84 anos neste 15 de outubro. Singela homenagem a Acidália, sua esposa, Nelson e Thaís seus filhos.) Escrito em 20 de abril 2007, quando do seu falecimento. n
Educar Teremar Lacerda Rocha (Missionária-Educadora)
Não é tão somente Transmitir conhecimentos, Ou passar a lição! Educar é relacionar-se, Envolver-se Preocupar-se pelo aluno; Não somente se fez a lição. Educar é amar, É dar atenção, carinho, Gastar e passar tempo, Especialmente, ao que não fez a lição! Educar para a vida, Nos conhecimentos seculares Preparando um cidadão. Educar no caráter, Nos valores, nos propósitos E na visão... Educar para o Reino Com o exemplo do Mestre, Na fé, na conduta e mansidão! Educar com a Bíblia, Nos princípios eternos, Para que cheguem a salvação! Educar no trato, na palavra,
No dia a dia, na pratica e na lição! Educar é fazer um discipulado, É ver a semente germinar Crescer e dar frutos; É querer que ele seja tão bom,
Ou melhor que o educador! Educar é ser feliz, Por participar de uma vida E seu coração ganhar! Educar, sempre educar!
A todos os educadores, no Dia do Educador. 04/10/2021 n
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O impacto dos saberes espirituais no trabalho e na ação do Educador Cristão diante da formação integral Gleyds Silva Domingues
Associada da AECBB, membro da Igreja Batista do Bacacheri, Curitiba/PR. PósDoutora em Educação e Religião. Doutora em Teologia. Mestre em Educação. Professora do Programa de Mestrado Profissional em Teologia das Faculdades Batista do Paraná e do Programa de Mestrado em Ministérios da Carolina University. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Práxis Educativa na Formação e no Ensino Bíblico. Pesquisadora do Núcleo Paranaense de Pesquisa em Religião (NUPPER). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Laboratório Currículo e Formação de Professores LAPPUC. Orcid 0000-0002-4254-321X
Os saberes docentes são alvos de estudo do processo da formação de educadores e estão associados à questão da identidade a ser constituída. Eles são alistados em algumas áreas da formação e da atuação pessoal e profissional e por isso se fazem presentes no trabalho educativo a ser efetivado, contudo, quando se trata da prática a ser desenvolvida na educação cristã, observa-se a presença de uma área específica que precisa ser enfatizada e que não é prevista pelos estudiosos da formação de educadores. Essa área compreende os saberes espirituais. Antes de apresentar os saberes espirituais é necessário descrever o que
se entende por saberes docentes. Esses foram definidos por Tardif como plurais, mas que se conectam entre si de uma maneira coerente, podendo ser encontrados no processo da formação profissional, a partir das áreas disciplinar, curricular e experiencial. Isso indica que o saber faz parte da vida dos educadores, na medida em que possibilitam o trabalho educativo a ser concretizado. O saber docente compreende não apenas o trabalho educativo a ser efetivado, mas a pessoa do profissional educador. Tanto é assim, que ele é composto pela experiência que se adquire ao longo de uma trajetória, a qual consiste nas vivências que são constituídas individual como coletivamente. Assim, o saber docente pode ser considerado uma marca distintiva dos educadores. Se o saber docente pode ser considerado uma marca constitutiva de cada educador, então, quando se olha para o âmbito da educação cristã é possível identificar vivências que são específicas, visto que elas são situadas em um espaço diferenciado da formação humana. Esse espaço compreende códigos e linguagens que precisam ser apropriadas e expressas de uma maneira significativa pelos educadores cristãos. Os códigos e as linguagens estão associados a uma mensagem contida
na verdade revelada. Ela traz um conteúdo que alcança mente e coração, ou seja, o ser humano por inteiro, por isso que o processo formativo a ser delineado é integral. Ele se interessa pela vida e não por fragmentos dela. Por esse motivo, é que surge a necessidade de desenvolver os saberes espirituais. O que seriam os saberes espirituais e como eles podem ajudar no processo da formação humana integral? Os saberes espirituais são aqueles que trazem o conteúdo da fé apropriada ao longo da vida. Eles são fundamentados na cosmovisão cristã bíblica, por isso, eles se ancoram nos pressupostos defendidos e se apresentam em forma de princípios. Dito isto, entende-se que os saberes espirituais tratam das questões associadas aos pressupostos da fé como: origem da vida, a constituição e identidade do ser humano, o episódio da queda, redenção e nova aliança. Esses pressupostos precisam estar bem solidificados na vida de cada educador (a), a fim de que o ato de ensino possa ser impactado e dirigido por eles. Não há que ter dúvida sobre eles, uma vez que são o parâmetro utilizado e que atribui o sentido da vida cristã. Os saberes espirituais, ainda, possibilitam olhar para as situações do dia a dia sob o prisma da soberania e autoridade de Deus. Esses se mate-
rializam em forma de princípios que pautam o relacionamento estabelecido entre Criador e criatura. Afinal, a existência só pode ser pensada a partir da permissão, ação e misericórdia divinas estendida à criação, incluindo, o ser humano. O trabalho e a ação educativas dos educadores cristãos possibilitam identificar ou não a formação dos saberes espirituais na vida daqueles que são alvos diretos do processo ensino e aprendizagem. Nesse sentido, é que são construídos currículos e uma proposta educativa a ser desenvolvida pela comunidade cristã. Então, não se projetam currículos sem uma intenção educativa. Eles sempre almejam um resultado projetivo. Conclui-se que os currículos visam atingir a proposta formativa desenhada e que tem como uma de suas finalidades a apropriação dos pressupostos da fé cristã, os quais serão evidenciados na vida, a partir da aplicabilidade dos saberes espirituais. Essa é sua relevância e o seu impacto pode ser ou não significativo. Isso dependerá do trabalho e da ação de educadores comprometidos com a mensagem revelacional. REFERÊNCIA: TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petropólis, RJ: Vozes, 2002. n
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PONTO DE VISTA
O JORNAL BATISTA Domingo, 24/10/21 FÉ PARA HOJE
Cristo antes do cristianismo institucionalizado
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob A nossa fé na Pessoa e Obra de Cristo definirá a nossa postura como cristãos. Será fundamental para o nosso estilo de vida. Sabemos que ao longo dos séculos, especialmente depois do primeiro século, o Senhor Jesus se tornou menor do que o cristianismo institucionalizado. Um cristianismo com um viés legalista e mercantilista ou um cristianismo de mercado, que considera a organização mais importante do que o organismo. Neste mundo pós-moderno, o Senhor Jesus se tornou um produto de consumo. Também, uma tábua de salvação de problemas corriqueiros. O Seu nome tem sido citado inadequada e desrespeitosamente. Vivemos um cristianismo mais como sistema religioso do que como estilo de vida, discipulado dinâmico, compromisso com a Pessoa de Cristo e com as Escrituras como fundamento para nossas atitudes e ações. O Cristo concebido hoje é o do imediatismo, da devoção com um foco meramente religioso, de final de semana, do quantitativo, do utilitarismo ou pragmatismo (o resultado é mais importante). Um cristianismo estilista. Uma ênfase muito forte na aparência. Os escribas e fariseus se vestiam de forma elegante. Jesus os condenou, chamando-os de “sepulcros caiados” (Mateus 23.27). Temos experimentado e visto um cristianismo de interesses pessoais, de amizades com um foco meramente mercantilista. Estamos mais comprometidos com o ter (teologia da prosperidade) do que com o ser (teologia do compromisso com Cristo às raias da morte). Somos conhecidos pelos cursos que temos, nossos títulos, as posições da esposa e dos filhos, nutrimos amizades com um potencial descartável. É impressionante o número de pessoas vazias, ocas, sem conteú-
do, que entram e saem dos nossos templos. Pessoas sem conhecimento bíblico prático ou vivencial. Que não dão testemunho entusiasta da sua fé em Cristo Jesus. Líderes e membros de um modo geral fazendo apologia de Igrejas segmentadas, de classe média, alta e de grupos específicos. Um cristianismo de estratos sociais e da moda. Temos visto que ser evangélico é chique. Para muitos, status. Não há compromisso com a cruz. Um cristianismo de direitos. Um sistema de conchavos, seja com clubes de serviço e comprometimentos políticos com benefícios pessoais. Percebemos, claramente, um sistema religioso em que as pessoas não têm mais tempo para o Senhor, Sua Palavra, oração e testemunho fidedigno do evangelho de Cristo (Romanos 1.16). Membros de Igrejas que se sentem desconfortáveis diante daqueles que pregam e vivem o Evangelho da Graça. Parece um contra-censo, mas é a puríssima verdade. É o diagnóstico que Paulo faz para o jovem pastor Timóteo (II Timóteo 3.1-5). O apóstolo traça aqui as marcas deste tempo tão difícil. Cristianismo como sistema religioso, que lástima! Que deixa os seus feridos para trás. Que não se importa com os que sofrem, com os simples, os “chatos” e os marginalizados. Reflitamos seriamente sobre esta verdade! Não podemos chamar de cristianismo puro e simples quando temos membros de Igreja vivendo o legalismo (que tem prazer em julgar as pessoas, falar mal dos que erram) ou o liberalismo (frouxidão moral ou falta de compromisso ético). Quando não há uma ética comprometida com as Escrituras. Neste mundo pós-moderno temos observado o pragmatismo (o resultado pelo resultado), a ditadura do sentimento, o isolacionismo, o individualismo e a prática do agradar
ao cliente que entra no templo. Um movimento gospel, voltado para a tietagem e para uma vida de aparência, para as vantagens comerciais, não pode ser chamado de cristianismo. Vivemos como Igrejas do medo, dentro de quatro paredes e insensíveis para com o perdido, com o marginalizado, na contramão de tudo o que Jesus viveu e ensinou. Temos aqui uma comunidade fortemente ensimesmada, cuidando dos seus interesses e sua comodidade meramente religiosa. Mas o Cristo antes deste cristianismo nominal e institucionalizado é o Senhor que nos chama à função diaconal, ao serviço amoroso e centrado nEle. Ele nos convoca ao discipulado, ao compartilhar a fé evangélica, que brota da Palavra de Deus (Romanos 10.17). Uma fé a partir da Sua obra completa na cruz e na ressurreição. Ele chamou 12 homens, os treinou para que pregassem o genuíno Evangelho da Graça. Ele nos chama ao compromisso com a Sua Igreja, coluna e firmeza da verdade. As promessas do Antigo Testamento ou Antigo Pacto apontam para o Senhor Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29). O cristianismo preconizado pelo Mestre é o do relacionamento que traz crescimento mútuo, transformação do homem e consequentemente da sociedade, culminando com a Glória de Deus Pai. O Cristo antes deste cristianismo divorciado da vida plena em comunidade nos chama a vivermos um estilo de vida marcado pela obra da cruz, pela humildade, pelo quebrantamento, pelo serviço e pelo amor. Ele nos chama à responsabilidade de sermos “sal da terra e luz do mundo”, a revelarmos os Seus ensinos, a Sua verdade aos homens e em profunda convicção de amor (Mateus 5.13-16). Fomos salvos pela graça mediante a fé para as boas obras, nas quais devemos andar cada
dia e com profunda alegria no Espírito Santo (Efésios 2.8-10). Cristãos inconformados com o mundo, mas conformados com toda a vontade de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor. O Senhor Jesus antes deste cristianismo antropocêntrico que domina muitas Igrejas, nos chama a valorizarmos o nosso próximo. A nos comprometermos com Ele. A caminharmos a segunda milha. Somos convidados a repartir o pão, o teto, a abençoar as pessoas a partir do coração centrado nEle. Ele quer que edifiquemos a Sua Igreja como comunidade da aceitação, do perdão e da festa, onde a Graça opera de maneira esplêndida. A vida do evangelho traz atitudes e atos do evangelho, dos ensinos do Mestre. O Senhor nos chama à obediência incondicional da Sua Palavra. Devemos, sob a orientação do Espírito Santo, desenvolver dons e talentos a serviço do próximo, da construção de uma comunidade comprometida com o serviço amoroso, autêntico e despido de interesses pessoais. E tudo para a glória de Deus! A Igreja de Jesus Cristo antes do cristianismo de aparência, do culto sem vida, de atitudes e atos incoerentes e tantos outros sentimentos ruins, nos chama ao cristianismo primitivo caracterizado pelo compromisso com o ensino da Palavra, com a doutrina ortodoxa, com a comunhão, com as orações, com o temor, com os milagres de Jesus, com a unidade, com a liberalidade, com a justiça, com a ajuda mútua, com a missão integral, com a perseverança no meio das grandes tribulações, com a alegria em Deus, com a simplicidade do coração e com o louvor sincero ao Senhor Soberano, nosso Pai (Atos 2.42-47; 4.32-37). Sigamos e sirvamos o Senhor Jesus - Sua vida e Sua obra perfeita –, para a Glória de Deus Pai, o Autor da nossa salvação! n
PONTO DE VISTA
O JORNAL BATISTA Domingo, 24/10/21
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OBSERVATÓRIO BATISTA
Neurociência e ética – um ponto de partida para compreender melhor o ser humano Lourenço Stelio Rega Hoje vamos nos ocupar com uma ligação muito importante entre a Neurociência e o campo da Ética, fazendo depois conexões com os fatos bíblicos. Vamos considerar algumas descobertas realizadas em laboratório apresentadas por meio de duas fontes científicas reconhecidas mediante a utilização de equipamentos de neuroimagens. Assim é possível mencionar descobertas descritas no livro "The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone - Especially Ourselves", publicado em português sob o título “A Mais Pura Verdade Sobre a Desonestidade”, escrito por Dan Ariely e transformado no documentário científico com o título “(Dis)honesty: the truth about lies” (“(Des)honestidade: a verdade sobre mentiras”). Dan Ariely, de origem israelense, é professor de Psicologia e Economia Comportamental americano. Este material foi resultado de pesquisas que Ariely realizou com sua equipe no “Institute for Advanced Study”. O grupo concluiu que há uma resposta muito forte nas regiões cerebrais onde se processam as emoções especialmente envolvendo a ínsula, que faz parte da estrutura cerebral participando do sistema límbico, e a amígdala (não confundir com as amigdalas que estão na região da garganta), que é pequena estrutura do sistema nervoso em forma de amêndoa. A pesquisa descobriu que quando a pessoa atua de forma desonesta há uma resposta destes dois componentes cerebrais podendo provocar certo desconforto para a pessoa. Foi constatado que
depois de uma certa quantidade de vezes, estes componentes cerebrais já não reagem da mesma forma de modo a não causar o desconforto. A equipe de pesquisadores conclui que essa diminuição de resposta do cérebro é como se houvesse uma adaptação a ponto de não mais incomodar a pessoa, como ocorre quando aos poucos vamos aumentando o volume de uma música e nosso ouvido/cérebro vai se acostumando. O mesmo se dá com a honestidade, dizem os pesquisadores, à medida que a pessoa vai repetindo a mentira, estas partes do cérebro não vão mais reagindo e a prática desonesta acaba se tornando normal. Descobriram também que isso não depende do tipo ou origem da pessoa, alcançando todo ser humano. Pesquisa semelhante foi realizada na University College London, no Reino Unido, dando origem a um importante artigo científico "The brain adapts to dishonesty" (“O cérebro se adapta à desonestidade), publicado na revista "Nature Neuroscience", escrito por Neil Garrett, Stephanie C. Lazzaro, Dan Ariely, e Tali Sharot, neste caso focalizando mais a amígdala. Neste ensaio, podemos fazer algumas inferências ao relacionar estas descobertas com fatos relatados na Bíblia, tais como: • Em Romanos 2.15 temos o ensino de que temos “a norma da lei gravada” em nosso coração (na Medicina de hoje representaria o cérebro). As reações destas duas partes do cérebro podem estar funcionando como que um “gatilho” que Deus colocou em nosso órgão de comando para indicar quando algo
está sendo feito distante do que a Bíblia chama de “justiça” (no grego “retidão”), que seria representada pelos valores éticos bíblicos. Temos aqui o que geralmente chamamos de consciência, que aliás, também é mencionada por Paulo neste mesmo texto ensinando que “testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se”. “Sequestrando” um termo de Carl Gustav Jung, teríamos aqui como que uma estrutura “arquetípica” biológica que Deus implantou em nossa natureza para nos indicar o caminho da retidão. • O que podemos deduzir também é que essa lei gravada em nosso cérebro não é apenas em termos verbais e proposicionais, mas também em estrutura neuronais e reativas em termos bioquímicos e bioelétricos, aprofundando ainda mais nossa compreensão sobre a majestosa arte de Deus na criação do ser humano; • Mas também o próprio apóstolo Paulo fala em consciência fraca (1 Co 8.12) e cauterizada (1 Tm 4.2), coincidindo com as descobertas da redução da reação destas partes do cérebro com a repetição de atos ilícitos. Daqui podemos deduzir que quando ele fala em boa/limpa consciência (1 Tm 1.5 e 19; 2 Tm 1.3) ou consciência limpa (1 Tm 3.9), está falando de alguém que atua de forma a seguir os ideais da justiça/retidão ética, de modo que podemos ir mais a fundo na concepção hamartiológica (parte da Teologia que estuda a doutrina do pecado), dando indicativos de que essa limpeza de consciência não afeta apenas nossa constituição espiritual, mas segue in-
tegrada às próprias emoções, reações mentais e físicas. Vejam que profundidade da criação divina. • Em Tito 1.15 temos mais ainda o aprofundamento de tudo isto quando Paulo nos ensina que “Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas.” • Mais ainda, desde que as pesquisas indicaram que essas reações são aplicáveis a todo ser humano, podemos aqui aprender sobre a degradação geral da raça humana. No campo da Ética Cristã temos incluído nos estudos das decisões que o ser humano é ontologicamente pecaminoso, isto é, portador de natureza ou impulsividade que se distancia da ordem natural das coisas criadas conforme o plano original do Criador. Sobre isso veja Gn 3 e Rm 7. • Temos ainda o texto de Jr 17.9: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”. Por isso é que Paulo nos ensina a necessidade da renovação da mente (Rm 12.2), como recurso para a inserção de princípios éticos bíblicos de modo a promover ação preventiva, mas também de conteúdo ético referencial para nossas decisões. Como a Neurociência é um campo de pesquisa ainda nova, será necessário mencionar, é claro, que estas conclusões são provisórias para sua reflexão, mas já nos dão um caminho para compreendermos mais profundamente a criação do ser humano e seu afastamento do Plano da Criação. n