OJB Edição 43 - Ano 2015

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ISSN 1679-0189

Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira

Fundado em 1901

Ano CXIV Edição 43 Domingo, 25.10.2015 R$ 3,20

O Plano Cooperativo segue este roteiro: Quando o crente entrega seu dízimo à Igreja, ele o faz individualmente; quando a Igreja entrega seu Plano Cooperativo, ela também o faz individualmente como Igreja, porém, já expressando a coletividade dos seus membros. Quando muitas Igrejas entregam seus Planos Cooperativos à Convenção estadual, elas agem coletiva e solidariamente; quando as Convenções estaduais enviam seus Planos Cooperativos à Convenção Batista Brasileira, elas expressam a participação comunitária e solidária de crentes, Igrejas e Convenções. Ao procederem assim, dão à CBB condições de repartir o dízimo dos dizimistas com toda a obra Batista brasileira e mundial, que é contemplada com os percentuais do orçamento do Plano Cooperativo recebido.

Notícias

Coluna Obituário

Ponto de vista

Veja como foi o Congresso Igreja Multiplicadora para o sul do Brasil

Pastor Francisco Cerqueira Bastos: Uma vida consagrada ao Senhor

“Pastorado: Uma atividade insalubre?!”; Confira a Coluna Observatório Batista

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reflexão

EDITORIAL O JORNAL BATISTA

Plano Cooperativo, mais que um plano financeiro

Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Vanderlei Batista Marins DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIA DE REDAÇÃO Paloma Silva Furtado (Reg. Profissional - MTB 36263 - RJ) CONSELHO EDITORIAL Celso Aloisio Santos Barbosa Francisco Bonato Pereira Guilherme Gimenez Othon Avila Sandra Natividade EMAILs Anúncios: jornalbatista@batistas.com Colaborações: editor@batistas.com Assinaturas: assinaturaojb@batistas.com REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Caixa Postal 13334 CEP 20270-972 Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.ojornalbatista.com.br A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Jornal do Commércio

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filósofo francês Edgard Morin, em entrevista publicada em “O Estado de São Paulo”, de 28/06/97, ao abordar aspectos da realidade do mundo e do progresso científico afirma que: “Nesse mundo hiper-especializado pela ciência, estamos carentes de um senso de responsabilidade de solidariedade”. Mais adiante afirma que é preciso voltar a reunir o conhecimento, reencontrar o senso de responsabilidade, o que significará a ressurreição da ética em oposição ao egocentrismo; e até mesmo do civismo. Ele argumenta que, como seres humanos, vivemos em uma mesma comunidade de destino e que este reconhecimento permitirá a existência de uma Terra-Pátria”. A aplicação desse conceito à realidade Batista brasileira é de suma importância, pois a solidariedade atrelada responsabilidade restaurará a ética e esta nos permitirá reconhecer que vivemos na mesma comunidade religiosa e fraternal, e isto nos dará instrumentos para construirmos juntos, solidariamente, uma família, uma Pátria, uma Igreja, uma denominação. Quando se fala de Plano Cooperativo, a nível de denominação Batista, está se falando de algo relacionado com essa comunidade de destino, como povo Batista, que tem algo em comum, próprio de uma comunidade que busca a realização da sua vocação, da sua missão como coletividade. Daí, a absoluta necessidade de um senso de responsabilidade traduzido em solidariedade atrelada à ética da responsabilidade, capaz de contribuir para que seja cumprida essa vocação que está em nossas entranhas como povo salvo por Jesus Cristo. O Plano Cooperativo é

muito mais que simplesmente um plano financeiro. Ele é o fio do tecido da solidariedade responsável, ética, que deve existir na comunidade Batista para possibilitar a construção da obra, da missão que nos foi cometida. Ele é a oportunidade de desenvolver um plano de ação cooperativa, de participação, de construção em conjunto, comunitária. O crente, individualmente, representa muito; uma Igreja, isolada, é muito importante; mas o Senhor Jesus disse: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18.20). No versículo anterior ele já havia dito: “Se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso será feito por meu Pai que está no céu” (Mt 18.19). O Plano Cooperativo cria a possibilidade de que a comunidade Batista mantenha a individualidade, enriquecida pela solidariedade, que, por sua vez, introduz a independência. Interdependência esta que é a responsabilidade que Deus quis ensinar ao egocentrista Caim, quando lhe perguntou: “Onde está Abel, o teu irmão?” (Gn 4.9). O Plano Cooperativo segue este roteiro: Quando o crente entrega seu dízimo à Igreja, ele o faz individualmente; quando a Igreja entrega seu Plano Cooperativo, ela também o faz individualmente como Igreja, porém, já expressando a coletividade dos seus membros. Quando muitas Igrejas entregam seus Planos Cooperativos à Convenção estadual, elas agem coletiva e solidariamente; quando as Convenções estaduais enviam seus Planos Cooperativos à Convenção Batista Brasileira, elas expressam a participação comunitária e solidária de crentes, Igrejas e Convenções. Ao

procederem assim, dão à CBB condições de repartir o dízimo dos dizimistas com toda a obra Batista brasileira e mundial, que é contemplada com os percentuais do orçamento do Plano Cooperativo recebido. Ao distribuir o Plano Cooperativo recebido, a CBB está canalizando a participação solidária que começa com o dizimo dos crentes, e alimentando a linha de realização que passa pela Igreja local, pelas Convenções estaduais e chega aos objetivos nacionais e mundiais que o povo Batista quer realizar. Se, solidariamente, queremos cumprir missão da nossa comunidade, temos que fazê-lo através da participação fiel e regular no Plano Cooperativo. Missão essa, expressa pelo Art. 2º, inciso III do Estatuto da CBB: “Contribuir, por todos os modos, para aperfeiçoar, aprofundar, ampliar a ação das Igrejas visando à edificação dos crentes e expansão do Reino de Deus no mundo”. O Plano Cooperativo amplia, portanto, o sentido do dízimo do crente e sua participação na Obra do Senhor, visto que, ao dizimar, e a sua Igreja entregar o Plano Cooperativo, ele está cooperando com sua Igreja, onde ficam 90% do seu dízimo, com a associação de Igrejas, a Convenção estadual e a Convenção Batista Brasileira, e, através dela, com as entidades nacionais na área de missões, de educação religiosa, de educação teológica, de comunicação, de beneficência, da coordenação exercida pela CBB e, ainda, com a União latino-Americana (UBLA) e com a Aliança Batista Mundial. Ação da fidelidade do crente, acompanhada pela fidelidade das Igrejas e dos campos estaduais, estabelecerá o senso da responsabilidade,

da solidariedade e da ética; que possibilitará a construção dos objetivos da comunidade Batista, desde a Igreja alcançando toda a denominação. Por isso é que o Plano Cooperativo é mais que um plano financeiro. Ele é um plano de ação cooperativa, é uma lição objetiva de soma de vontades, de inteligência e de coração. Cooperação é uma via de mão dupla. Quem pensa que encurtando ou cortando uma das mãos vai ganhar, está completamente errado. O caminho não é o corte da cooperação, e sim, o trabalho difícil, persistente e, muitas vezes, penoso, de conseguir mais cooperação tanto dos crentes com suas Igrejas, via campanhas de Mordomia Cristã; como das Igrejas com a entrega do Plano Cooperativo Estadual. É o Plano Cooperativo que sustenta grande parte da obra de Missões, de Educação Teológica, e no caso do Conselho geral da Convenção Batista Brasileira, integralmente. Participando ainda do sustento da UFMBB, UMMBB, JUMOC, entre outros, não adianta dizer que outras denominações estão fazendo mais do que nós: tem programa de televisão, rádio, etc. e cortar cooperação. A Convenção estadual, ou Igreja, ou crente que diminuem sua cooperação, perde a força moral e espiritual de cobrar cooperação de outros. Finalmente, lembro que, o Plano Cooperativo é, em primeiro lugar, um compromisso das Igrejas filiadas à CBB com ela, diminuir o Plano Cooperativo é diminuir a força da Cooperação. Creio amado irmão, que aí está de forma racional e bíblica a questão para um povo de quem o apóstolo Paulo diz: “Porque nós somos cooperadores de Deus: Vós sois lavoura de Deus” (I Co 3.9).


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bilhete de sorocaba Julio Oliveira Sanches

Professor

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ntre as profissões na área de humanas, nenhuma suplanta a do magistério. Há que ocorrer vocação comprovada para a execução do professorado. Nos dias atuais exige-se do professor mais do que vocação. Exigem-se coragem, renúncia e disposição ao sacrifício contínuo. Mal remunerado, em salas inadequadas, sem recursos didáticos suficientes para ministrar a matéria, sem reconhecimento do estado, mal compreendido pelos alunos e mal interpretado pelos pais de alunos rebeldes, o professor exerce sua missão com abnegação completa. Ao renunciar aos mais elementares direitos que são exigidos no exercício de qualquer profissão, o professor se sacrifica por ideal elevado:

fazer do aluno um cidadão de bem. Caso ocorresse o reconhecimento do estado ao montar a estrutura de ensino e a compreensão dos pais, que não sabem o que fazer com os filhos mal educados, o magistério seria algo a ser exercido com profunda alegria e gratidão. O estado não investe na educação e gera situações controvertidas com a ausência de leis e diretrizes claras do que seja ensinar. Currículos mal elaborados, montados por pessoas ausentes da sala de aula. Conteúdos alheios à realidade do aluno e da vivência social contribuem para fazer do ensino algo desastroso em nossa Pátria. Eis a razão de tantos professores afastados das salas de aula, “reaproveitados” em outras áreas para

sobreviver. Alguns vivem estressados e amedrontados, com medo do futuro. Basta verificar o estado deplorável dos edifícios que abrigam as escolas, reflexo do desinteresse global pela educação. A ausência de investimentos do estado na educação, a angústia dos vestibulandos ao tentarem chegar ao curso superior, os resultados das provas que trazem à tona uma educação ineficiente a partir das creches até o vestibular. Cenas deprimentes se perpetuam a cada ano. Comprovam que o professor é um herói não reconhecido. Ganham com a triste realidade os que investem no ensino pago. Única “esperança” para os que não têm condições para concorrer. Nesta trincheira da desigualdade surge a figura do professor como salvador da

última esperança de muitos. Faz da sala de aula o seu púlpito. Acredita no potencial do aluno. Tudo faz com sacrifício de muitos sonhos, para oferecer o melhor aos seus pupilos. Alegra-se com o triunfo de seus discípulos, poucos, na verdade, pois muitos desistem ao longo do caminho, fazendo da vitória do aluno a sua vitória. Ser professor é mais do que ministrar conteúdos, cumprir um programa preestabelecido, corrigir provas, aplicar a nota merecida, ouvir impropérios dos alunos, reclamações dos pais, advertências de superiores, que de seus gabinetes climatizados emitem ordens para serem cumpridas em salas abafadas e inadequadas ao verdadeiro ensino. Ser professor é amar com redobrada dedicação,

sem esperar recompensa humana. É deixar-se gastar pela vocação e ter esperança de que o mundo de amanhã será melhor, se tão somente alguns poucos alunos absorverem o que foi ministrado. Ser professor é ter como referência o Mestre dos mestres, Jesus. Ensinou com autoridade incontestável. Viveu o que ensinou. Deu a vida por seus seguidores. Pagou o preço de uma didática diferente: A que insiste em afirmar que o exemplo é a melhor aula e a melhor matéria a ser ministrada. “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, por que eu o Sou. Ora se eu Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns dos outros” (Jo 13.13-14). Jesus foi e é o professor por excelência. Exemplo para todos os professores.

Aos mestres, com bastante carinho... Paulo Francis Jr., colaborador de OJB

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a segunda metade da década de 70, ainda adolescente, meu vício contumaz era assistir aos filmes da chamada “Sessão da Tarde”; um dos mais repetidos e mais vistos foi “Ao mestre, com carinho”, cujo protagonista era o ator Sidney Poitier. No drama, Poitier era um engenheiro desempregado que foi convidado a dar aulas para alunos baderneiros e hostis. Aos poucos foi demonstrando autoridade e competência, e, diferentemente dos demais educadores que o antecederam, espetacularmente, conseguiu dominar e ensinar os alunos. Recentemente, há mais ou menos cinco anos, tive o prazer de falar aos professores na sede da Academia Venceslauense de Letras. Foi em um outubro qualquer, Dia do Professor. Expus aos docentes da cidade quais os métodos que o Mestre usava para ensinar. Depois de pesquisar, de tudo que achei, a explicação

que mais me chamou atenção veio de uma transcrição da professora universitária Aya Ribeiro, de Brasília, que no início de sua mensagem demonstra ter uma reverência e uma fé admiráveis em Deus: “Tive oportunidade de estudar com bons professores que me ensinaram a gostar do que faço. Mas nenhum deles me ensinou ou me ensina mais do que Jesus Cristo”. Que Deus abençoe esta professora e aqueles que lerem este abençoado pensamento. Fiz apenas pequenos ajustes para que, falado na Igreja, adquira ainda mais ênfase. Leiam com atenção. Em uma época em que o ensino está em crise, o exemplo do Mestre nos ajuda a olhar para o verdadeiro sentido da educação. Mais do que transmitir informações, educar é produzir a capacidade de pensar, de questionar, de superar desafios, de compreender o mundo e de tornar-se melhor a cada dia. Entenda que Sócrates ensinou durante 40 anos. Platão instruiu 50 anos. Aristóteles encheu bibliotecas com a sua erudição. Jesus não deixou nenhum livro,

nenhum tratado, nem sequer uma página escrita. Não lecionou em nenhuma Universidade, não escreveu palavras no papel, mas gravou-as no coração dos seus discípulos e dos seus seguidores. Observava os alunos. Era Mestre em duas importantes áreas da educação: o assunto e o discípulo. Jesus fazia perguntas. “Que vos parece?” era uma das expressões preferidas dEle. Os quatro Evangelhos registram mais de 100 questões que fez. Por que perguntava tanto? Porque sabia que uma boa pergunta prenderia a atenção e desafiaria o raciocínio. Jesus sabia ouvir. Há pouco mérito em se formular uma pergunta - a menos que o professor dê tempo para que o aluno responda. O diálogo é uma parte importante do aprendizado. Jesus usava as Escrituras. “Está escrito” é outra frase que Jesus repetia. Por quê? Porque as Escrituras davam autoridade às suas mensagens. Jesus queria que as pessoas pensassem por si mesmas. Não queria que seus seguidores fossem meros refletores das

opiniões alheias. Ensinava todos a aplicarem lições espirituais à vida cotidiana. Sabia que era necessário mais do que o conhecimento de fatos para mudar uma vida. A verdade precisava causar alterações na prática. Jesus usava repetições, o que era e é um importante princípio da educação, pois reforça a verdade. Por que há quatro Evangelhos na Bíblia? Uma das razões é a repetição; repetia importantes verdades, vez após vez, porque sabia quão facilmente nos esquecemos das coisas. No encerramento de uma aula, o bom professor deveria tomar alguns momentos para resumir: “O que foi que aprendemos hoje?”, A mente humana está programada para aprender fazendo. Depois de três dias, a pessoa comum recorda: 10% daquilo que leu; 20% daquilo que ouviu; 30% daquilo que viu; 50% daquilo que ouviu e viu; 70% daquilo que disse; 90% daquilo que disse e fez. Jesus contava histórias que eram e são modelos de simplicidade, clareza e concisão. Um provérbio chinês

diz: “O que eu ouço, esqueço; o que eu vejo, recordo; o que eu faço, aprendo”. Suas metáforas, comparações e perguntas ainda prendem a atenção até mesmo dos ouvintes mais indiferentes. O uso do suspense, da surpresa, do contraste e o apelo à imaginação eram impressionantes. Jesus ensinou a perdoar. Também falou acerca de impostos, rebanhos e colheita; estabelecia relações entre a espiritualidade e o mercado, o lar, o casamento e as crianças. Deixou claro que o professor deve usar histórias e partilhar suas próprias experiências. As verdades mais profundas eram reveladas pelo Mestre com autoridade e simplicidade, de forma que podiam alcançar a todos. Seus ensinos eram universais e serviam para todos os homens e de todas as épocas; era capaz de despertar as consciências adormecidas, conduzindo-as à realidade dos deveres para com o Criador. Que Deus abençoe todos os mestres de Presidente Venceslau, do Rio de Janeiro e desta Nação.


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Conhecimento adquirido só terá validade quando praticado

Juvenal M. de Oliveira Netto, 2º coordenador da EBD da Primeira Igreja Batista de São Pedro da Aldeia - RJ

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m grande conferencista internacional veio ao Brasil há alguns anos e em uma de suas ministrações ele disse que um dos lugares mais ricos do planeta são os cemitérios. Segundo ele, neste local existem livros nunca publicados; quadros nunca pintados; obras inacabadas; ideias geniais que nunca foram postas em prática, enfim, variados tipos de conhecimentos que nunca foram compartilhados e, por isso, ficaram presos com o seu dono no jazido. Adquirir conhecimento e almejar ampliá-lo gradualmente é algo que precisa ser buscado incessantemente por todos, pois é através dele que conseguimos alcançar níveis mais elevados e nos possibilita a experimentarmos melhorias na qualidade de vida. Não devem existir limites na busca por mais e mais conhecimento; ele não ocupa

espaço físico e, certamente, em algum momento será de grande valia para aquele que o detém, desde que seja compartilhado para muitas outras pessoas. O verdadeiro conhecimento vai além dos certificados distribuídos após a conclusão de um curso; o certificado comprova apenas que o aluno cumpriu uma carga horária em uma sala de aula e alcançou índices mínimos para obter a sua aprovação, entretanto, existem muitos diplomados que não conseguem desempenhar bem a sua profissão por faltar-lhes o domínio do conhecimento. Apesar de reconhecermos o valor e a importância do conhecimento na vida do homem, se este não for capaz de colocá-lo em prática na sua própria vida e não for capaz de compartilhá-lo a fim de que sirva para a edificação de alguém, de nada servirá. Existe um tipo de conhecimento que sobressai sobre todos, pelo fato de ser decisivo para a vida pós-morte. O conhecimento prático acerca de Deus e da sua Palavra, a Bíblia, este será capaz de

GOTAS BÍBLICAS NA ATUALIDADE

OLAVO FEIJÓ Pastor, professor de Psicologia

Como corrigir nossa conduta

“Agora, pois, melhorai os vossos caminhos e as vossas ações, e ouvi a voz do Senhor vosso Deus, e arrepenconduzir o homem em se- der-se-á o Senhor do mal que gurança ao Reino dos Céus, falou contra vós” (Jr 26.13) sendo capaz de vencer até a or causa da conduta própria morte. corrompida do reiExistem dois grupos de pesno de Judá, durante soas que, infelizmente, apeJeoaquim, o Senhor sar de possuírem um grande mandou o profeta Jeremias conhecimento da Bíblia, não pregar arrependimento e usufruirão de seus benefícios. correção do comportamenO primeiro grupo é formado por aqueles que estudam as to. “Agora, corrijam a sua Escrituras como se ela fosse conduta e as suas ações se apenas um livro de história; obedecem ao Senhor, o seu estas pessoas ainda não pos- Deus. Então, o Senhor se suem fé e o seu conhecimento arrependerá da desgraça que é apenas intelectual, incapaz pronunciou contra vocês” (Jr de lhe promover melhorias na 26.13). Quando os seguidores de sua maneira de viver, incapaz Cristo não oram por sua nade transformar a sua postura ção, as forças do mal multiplidiante do pecado, único emcam a corrupção. Quando os pecilho para o homem chegar discípulos de Cristo decidem até Deus, de acordo com Isaimitar a conduta maligna dos ías 59.2. O segundo grupo é formado por pessoas que também detém o conhecimento, mas diferente do primeiro praticantes da Palavra e não grupo, creem profundamente somente ouvintes, engananna Bíblia, na sua veracidade do-vos a vós mesmos” (Tg e inerrância, no entanto, não 1.22). Este conhecimento permitem que esta Palavra acerca da Bíblia só será vaseja capaz de mudar a sua lidado a partir do momento vida e se tornam meros ou- em que ele for experimentavintes ou palestrantes vazios. do, vivido e compartilhado Tiago, orientando os cris- por nós com todos. Se não for tãos de sua época, disse o desta forma, todo o conheciseguinte: “Tornai-vos, pois, mento obtido sobre Deus não

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servos do dinheiro, ninguém mais se sente indignado pelas práticas morais da corrupção. É então que devemos reler, com o coração contrito, as mensagens de correção e de restauração dos profetas bíblicos. Ninguém precisa ser teólogo para concluir que imoralidade e desonestidade destroem pessoas e, finalmente, destroem nações. Na sua honestidade simples, Jeremias explicou ao seu povo: A ira de Deus é uma outra maneira de dizer que quem semeia maldade e desobediência sempre colhe castigo e enfermidade. Por outro lado, quem acredita no amor poderosamente saudável do Cristo Jesus é compelido a corrigir sua conduta e a buscar viver com o Senhor. Pelo jeito, não parece que exista outra saída.

passará de mera intelectualidade ou religiosidade. Portanto, conheçamos e prossigamos em conhecer a Cristo, cada vez mais dispostos a demonstrar este conhecimento através de um testemunhar autêntico que leve o mundo a conhecê-lo também e, assim, ser salvo por Ele.

Professores vocacionados Cleverson Pereira do Valle, colaborador de OJB

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o começo ao fim da vida aprendemos; sempre precisamos de alguém que nos ensine. Os professores ensinam a ler e a escrever, levam os alunos a pensar e a encarar a vida de forma realista. Todos nós temos os nos-

sos professores preferidos, aqueles que se destacaram dos demais. Professores motivados motivam seus alunos, suas aulas são criativas e contagiantes. Até as disciplinas mais complicadas, aquelas que muitos não apreciam tanto, ficam mais interessantes quando há um professor motivado lecionando. Temos professores acima da média e professores abai-

xo da média, temos aqueles que estão lá por vocação e outros por qualquer outro motivo. Professores que não são vocacionados não possuem empolgação, sempre murmuram, fazem o que fazem de qualquer jeito. Se há professores sem vocação, há professores vocacionados, apaixonados pelo que fazem. E são esses que levam seus alunos a vibrarem com a

aula. A tarefa do professor é ensinar, ele não pode esquecer da sua principal função, o professor está ali para levar os seus alunos a aprender a matéria. No livro de Romanos, diz: “ Se é ensinar haja dedicação ao ensino” (Rm 12.7). É necessário dedicação naquilo que você foi chamado para fazer. Não deve ser feito de qualquer jeito, nem por

obrigação. A grande diferença entre fazer por obrigação ou fazer por prazer é que quem está por perto percebe. Os alunos percebem quando o professor não é um vocacionado. Quero parabenizar todos os professores que se dedicam ao ensino, professores vocacionados, professores apaixonados na área de ensino.


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Consumismo e o uso do dinheiro

Roberto do Amaral Silva, membro da Segunda Igreja Batista de Goiânia - GO

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que fazemos com o nosso dinheiro? Se perguntarmos a alguém “O que você faz com seu dinheiro?”, talvez a resposta seja: “Ah, pago minhas dívidas, que, aliás, são muitas”. Se for uma resposta menos educada, dirá: “Faço o que quero com meu dinheiro e ninguém tem nada com isso”. Não sei qual das respostas é a melhor, mas o fato é que o cristão precisa perguntar a si mesmo: “O que devo fazer com meu dinheiro?” Muitos cristãos usam seu dinheiro acreditando que são donos absolutos dos seus bens e do que ganham. Mas se esquecem de que o crente é simplesmente um mordomo dos seus bens. Na verdade, tudo o que possuímos pertence a Deus, como diz Davi na sua oração: “A riqueza e a honra vêm de Ti; Tu dominas sobre todas as coisas. Nas Tuas mãos estão a força e o poder para exaltar e dar força a todos. Agora, nosso Deus, damos-te graças,

e louvamos o teu glorioso nome. Mas quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos contribuir tão generosamente como fizemos? Tudo vem de Ti, e nós apenas te demos o que vem das tuas mãos” (I Cr 29.1214 - NVI). Vejamos bem que Davi ao orar afirma que sua contribuição para Deus é resultado do que generosamente vem das mãos do Senhor. Ou seja, nada do que possuímos é nosso, como lemos em Ageu 2.8, pois a prata e o ouro pertencem ao Senhor. Todo cristão sincero precisa pensar no que faz com seu dinheiro. Porque toda riqueza e dinheiro, e até mesmo o salário-mínimo que ganhamos, não é nosso, pertence a Deus. Mas há uma armadilha que está diante de nós todos os dias: o consumismo. O consumismo é diferente de consumo, que é a utilização das riquezas, materiais e artigos produzidos de acordo com nossas necessidades. Por exemplo, se não temos carne para comer, vamos ao açougue comprar. Se não temos roupa, vamos à loja adquirir o vestuário. Todos

nós somos consumidores. Mas, afinal, o que é consumismo? Consumismo é o ato de comprar produtos ou serviços sem a devida necessidade e consciência. É a compra compulsiva e descontrolada, influenciada pelo marketing das empresas que comercializam tais produtos e serviços. O consumismo é uma característica do capitalismo moderno, que criou “a sociedade de consumo”. Quem se entrega ao consumismo é um consumista. Será que estamos sendo consumistas no nosso cotidiano? O consumista é levado pela compulsão para a compra fora do limite e sem necessidade. Para ele, consumir é uma ação que produz prazer pelo simples ato de comprar. Certa vez, em uma reportagem, uma jovem afirmou que comprava roupas e sapatos por impulso. Em casa, colocava no armário e nem usava. Comprava pelo simples prazer de adquirir. Quanto aos sapatos, usava uma ou duas vezes e depois não os calçava mais. Hoje já existe até um nome criado pelos especialistas: oneomania, que, segundo o

dicionário Houaiss, é o “Impulso exacerbado, doentio, de comprar coisas sem delas necessitar”. A oneomania, ou o impulso para consumir bens e serviços sem necessidade é um meio de aliviar sentimentos de grande frustração, vazio e depressão. É um desejo de possuir que leva à necessidade de sempre adquirir coisas novas como única forma de prazer, como explica a psicóloga Denise Gimenez, professora de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP. Dizem os especialistas que os oneomaníacos têm o consumo de produtos como vício, assim como um alcoólatra necessitado da bebida. Enquanto está comprando, a pessoa sente alívio e prazer dos sintomas, que passado um tempo voltam rapidamente. O efeito do ato de comprar é semelhante ao de tomar uma droga. O consumista, diante do objeto de desejo de compra, é tomado de alteração nas emoções, das quais a ansiedade é uma delas. O desejo do objeto de compra só termina na compra.

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Muitos acreditam que as exortações bíblicas contra a aquisição de bens devem ser dirigidas apenas aos ricos. Puro engano. As advertências valem também para quem ganha apenas um salário-mínimo. A mídia procura veicular a ideia de que a nossa felicidade está vinculada ao consumo de mercadoria e à posse dos bens materiais. Há quem ganha um salário-mínimo, com despesa de quem recebe o dobro. Para a sociedade contemporânea, o símbolo da felicidade humana está na aquisição de bens. Mas o que dizem as Escrituras sobre o consumismo e o uso do dinheiro? Na sua crítica ao consumismo, Isaías pergunta: “Por que gastar dinheiro naquilo que não é pão, e o seu trabalho árduo naquilo que não satisfaz?” (Is. 55.2). Há cristãos que só têm compromisso consigo mesmos, não lhes sobrando nada para ofertar ou devolver o dízimo ao Senhor. A Bíblia alerta: “Lembrem-se: aquele que semeia pouco, também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura, também colherá fartamente” (II Co 9.6 - NVI).

Excesso de ofertas - (I) Nilson Dimarzio , colaborador de OJB

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m palestrante que ouvimos há dias fez esta afirmação: “Estamos vivendo em um mundo em que há excesso de ofertas”. E, de fato, tal afirmação se mostra verdadeira, bastando que observemos o que se passa à nossa volta e o que ouvimos a cada instante. Por exemplo, no mundo dos negócios, é de se ficar estupefato ante tantas e tantas ofertas. Basta você abrir os “classificados” de um jornal para se cansar com o excessivo número de ofertas de casas, apartamentos, carros e tantos outros produtos, muitos dos quais até interessantes e alguns poucos por preço convidativo. No campo da literatura o mesmo acontece, as ofertas

se multiplicam. Se você se der ao trabalho de ir a uma Feira do Livro ou de entrar em uma grande livraria, ficará boquiaberto diante da pluralidade de títulos, os mais interessantes sobre tantos assuntos, e acabará por sair sem nada comprar, se de antemão não tiver feito uma escolha por determinado livro necessário em sua coleção. Não há como negar, diante do aluvião de ofertas, que aumenta a cada instante, graças à publicidade feita através dos meios de comunicação, a dificuldade de escolha se torna cada vez mais real. Até mesmo no campo religioso é de notar-se o excesso de ofertas. Em meio a tantas novas filosofias e doutrinas tendentes a explicar os fenômenos espirituais, a orientar sobre o relacionamento com Deus ou a negar tal possibili-

dade, o fato é que o número de publicações tem aumentado, bem como o número de “profetas” ou entendidos em teologia, oferecendo cursos, com a pretenção de dar a última palavra sobre assuntos transcendentais. Entretanto, tal excesso de ofertas no campo teológico é dos mais perigosos, vez que pode levar o estudante a pensar que Deus tenha, possivelmente, muitas soluções para o mesmo problema, ou que há vários caminhos para que cada um escolha a seu bel prazer, o que mais lhe agrada. Que, para a solução do problema espiritual, cada qual pode optar por este ou aquele, já que são tantas as opções. Mas, ledo engano. Tal teoria só poderia partir do inimigo das nossas almas, para que diante do aluvião de tantas falsas ofertas, ficássemos sufocados pelas

dúvidas, sem atinar com a solução ideal, que realmente viesse satisfazer o anseio de paz e felicidade existente no coração humano, segundo expressou Agostinho em sua oração: “Oh Deus, Tu nos fizeste para Ti mesmo, e as nossas almas não terão descanso enquanto não descansarem em Ti”. Na verdade, no campo religioso, em que pese o fato de haver tantas teorias e doutrinas inventadas pela mente humana, Deus não nos apresenta mais que uma oferta para a solução eficaz do problema da alma. É oferta no singular e não no plural, como gostariam os falsos profetas. Em sua revelação - a Bíblia sagrada - Deus nos aponta um só caminho, um só meio de obter a salvação, o perdão dos nossos pecados, a certeza da entrada nos céus, após as lutas desta vida.

Há dois textos luminosos, além de outros, a respeito deste magno problema. O profeta Jeremias assim se expressa: “Perguntai pelo bom caminho e andai por ele” (Jr 6.16). Há só um caminho para Deus, personificado naquele que disse: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo 14.6). Portanto, no plano de Deus não há excesso de ofertas de salvação. O plano é único e exclusivo: Salvação só por meio de Jesus Cristo, aquele que veio ao mundo para sofrer o castigo que nós merecíamos e assim nos redimir da perdição eterna. Caso o leitor ou leitora ainda não tenha optado por entrar nesse Caminho, procure fazê-lo enquanto tem essa possibilidade. “Amanhã pode ser muito tarde; hoje Cristo te quer libertar”.


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Solidariedade em tragédias Francisco Mancebo Reis, colaborador de OJB

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mundo é um vale de lágrimas”. Esta é uma visão que, embora afetada pelo pessimismo, não esconde o pranto visível em incontáveis faces ao longo da história, desde os tempos bíblicos. A Bíblia registra o dilúvio, o cativeiro de Israel, o desaparecimento de Sodoma e Gomorra, a destruição de Jerusalém,

etc. E hoje? O Brasil e outros países vivenciam crescentes devastações que clamam por Pronto Socorro. Socorro médico, hospitalar, psicológico, espiritual e financeiro. Merece destaque a sensibilidade das Juntas missionárias, enviando equipes de apoio e indicando contas bancárias confiáveis, na expectativa de ofertas generosas. O Jornal Batista de 27/09/15 informou que a Junta de Missões Nacionais foi reconhecida como Instituição de Utilidade Pública

Federal. Não é uma honra? Recordo que a Sociedade Bíblica já solicitou ajuda para investir em Bíblias destinadas a vítimas de calamidades. A quem socorrer? Apenas aos “domésticos da fé”? As entidades referidas acima estendem a mão sem discriminar. A quem Jesus deu pão? Somente a seus discípulos? Curou exclusivamente os que o seguiam? Restringiu sua compaixão à nação eleita? O que estamos aprendendo com milhares

de incrédulos amparando flagelados, independente da confissão religiosa de cada um? E com inúmeros voluntários a serviço de todos (como se comprova em frequentes catástrofes)? Qual tem sido nossa participação nessas campanhas humanitárias? É muito cômodo responsabilizar os governos e fechar o bolso e a bolsa ao próximo, carente do essencial, mesmo quando gastamos com o supérfluo. Também é cômodo orar pelos que

sofrem, e até doar utensílios bem usados. Ainda cremos na epístola de Tiago? Crer sem praticar é incorrer na fé “morta e inútil” (Tg 2.17). O que nos ensina Romanos 12.15 a respeito das variáveis manifestações emotivas dos que nos cercam? “Quando estiverem alegres, alegrem-se com eles. Se estiverem tristes, participem de sua tristeza” (Rm 12.15 - A Bíblia Viva). Participar vai além de lágrimas e palavras. É o discurso posto em prática de modo mais concreto.

Amo o Brasil, por isso vou trabalhar Jeferson Cristianini, colaborador de OJB

N

osso país precisa de muitas frentes de trabalho. Há muitos críticos e poucos brasileiros com o desejo de investir em nossa nação. Os investidores querem retorno financeiro e nós, como povo de Deus, temos que investir em vidas preciosas aos olhos de Deus, não para mudar nossa realidade aqui, mas para povoar a Nova Jerusalém. Nosso retorno são vidas aos pés da Cruz. Por amor ao Senhor e a nossa Nação é que devemos trabalhar na árdua tarefa de evangelizar nosso povo. Nosso país não investe o que é necessário na saúde pública e no saneamento básico, por isso vemos tantas mortes prematuras nas nossas cidades, vemos pessoas morrendo sem atendimento em nossos hospitais sucateados, assistimos nossas crianças e adolescentes tendo um ensino precário e sem projeção de futuro. Nossa educação básica é uma vergonha. Muitos brasileiros estão afogados em crises existenciais profundas, procurando preencher o vazio da alma com os prazeres que são vendidos pela sociedade capitalista que valoriza o padrão consumista. Nosso país

precisa de investimento, e a fomos alcançados pela graça melhor forma de investirmos salvadora de Jesus. na nossa Nação é na proclaAssim como fomos abenmação da salvação. Ao inves- çoados pelo Evangelho, pretirmos em vidas, essas vidas transformadas pelo Evangelho serão guiadas pelos padrões do Reino de Deus. As pessoas que se rendem ao Evangelho ao ler as Escrituras buscarão mais sabedoria, investirão nas suas famílias, terão outro padrão ético e moral. Há várias áreas carecendo de investimento em nossa Nação. O Evangelho cura e restaura dependentes químicos, famílias destruídas, vidas sem rumo. Quem ama o Brasil investe na Obra do Senhor. Nosso país precisa de muitos trabalhadores. Jesus disse: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para sua seara” (Mt 9.38). Como cristãos que amam a expansão do Reino de Deus e mediante ao triste diagnóstico da nossa Nação, precisamos orar ao Senhor para enviar mais trabalhadores e também precisamos pedir que Ele mesmo nos incomode e nos tire da nossa zona de conforto. Não podemos, como cidadãos deste país, e como embaixadores de Jesus Cristo, ver tudo isso e não fazermos nada. A responsabilidade é nossa e só temos essa responsabilidade porque

cisamos compartilhar essa Mensagem. Oremos por mais trabalhadores sem nos esquecer de que somos também os

obreiros que precisam se dispor para o trabalho do Senhor. Vamos fazer a obra que nos foi entregue por nosso Mestre.


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missões nacionais

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Vidas são impactadas durante a Trans Crianças Redação de Missões Nacionais

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ntre os dias 04 e 11 de outubro foi realizada a Trans Crianças em Salvador - BA e região metropolitana. Para que muitas crianças fossem impactadas pelo Evangelho foram montadas oito bases evangelísticas. Esta operação contou com a participação de 130 voluntários e também com o apoio de muitas Igrejas Batistas da Bahia. Amanda Varjão, voluntária da Trans Crianças e membro da Igreja Batista em Vila Gerte - BA, conseguiu mobilizar pessoas para levar um caminhão de doações para as crianças de Salvador. Ela liderou a arrecadação de kits de higiene, brinquedos, roupas e alimentos que foram usados nas localidades onde aconteceu a ação. Além dos membros da IB em Vila Gerte, alunos de pais da Escola Evangélica Ursinho Amigo também ajudaram na arrecadação. Voluntários da Igreja Batista da Reconciliação, de Salvador, também levaram um caminhão com doações. Deus usou os voluntários

para compartilhar o Plano de Salvação com crianças que estavam em ruas, becos e escolas. Muitas crianças também participaram das programações realizadas nas igrejas. Segundo a missionária Jaqueline Santos, os voluntários trabalharam “a todo vapor” para levar as crianças a uma verdadeira transforma- Evangelho proclamado em escolas ção com Jesus. “Foi com muita alegria que recebemos os missionários voluntários da Trans para trabalhar em nossa Igreja com as crianças do nosso bairro, Castelo Branco, aqui em salvador”, declarou o pastor Obedigo Meireles Porto, da Primeira Igreja Batista em Castelo Branco. O culto de encerramento da Trans aconteceu na Igreja Batista 2 de Julho, marcado por momentos de louvor Evangelização de crianças em várias áreas de Salvador e gratidão pelas vidas impactadas e alcançadas pelo Evangelho. Além de Salvador, houve Trans Crianças em Chapecó - SC, de 11 a 18 de outubro, com a participação de 25 voluntários. Interceda para que, nestas duas cidades, as crianças alcançadas permaneçam firmes na fé em Cristo Jesus. Programações nas Igrejas

Voluntários com material para evangelização de crianças

Culto de encerramento da Trans Crianças, realizado na Igreja Batista 2 de Julho


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notícias do brasil batista

Pastor Carlos Rocha e família rendem graças pelos 25 anos de ministério pastoral Amanda Neuman

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dia 01 de agosto deste ano foi de festa em Aracaju - SE. Na data foi realizado o culto em ação de graças pelos 25 anos de ministério do pastor Carlos Rocha, sendo os últimos 10 destes anos à frente da Igreja Batista Memorial em Aracaju, onde ocorreu a celebração. Nos últimos 25 anos, o pastor, que é natural de Maceió - AL, exerceu a função que o Senhor lhe deu à frente de quatro Igrejas: Segunda Igreja Batista em Goiana - PE (Hoje, Igreja Batista Memorial em Goiana), Primeira Igreja Batista em Cipó - BA, Primeira Igreja Batista em Barreiras - BA e Igreja Batista Memorial em Aracaju - SE, onde pastoreia atualmente. O culto de gratidão reuniu representantes de todas as Igrejas por onde já passou, além da família, amigos, pastores e, claro, membros e congregados do seu atual ministério. Na noite de festa, o pastor Carlos Rocha e sua família – Nadja, sua esposa, Francynne e Amanda Neuman, suas filhas, Mateus e Danilo, genros, e Theo, neto –, relembraram junto com os irmãos

momentos que marcaram sua trajetória até aqui, desde campanhas evangelísticas, congressos, construções e reformas de templos, batismos, casamentos, publicação de dois livros, até a intensa participação do pastor nas atividades da denominação em todos os estados por onde passou. “O pastor Carlos é, além de um amigo querido, alguém que sempre está envolvido com a nossa denominação. Quem o conhece sabe da sua dedicação

e do seu compromisso com a Obra de Deus, e este templo lotado hoje é prova de como ele e sua família são queridos para nós”, disse o diretor executivo da Convenção Batista Sergipana, pastor Marivaldo Queiroz, durante a ministração da Palavra na noite festiva. No culto, o louvor foi dirigido por sua filha mais nova, Amanda Neuman, que ministrou canções que marcaram o ministério da família, além da participa-

ção de membros das Igrejas onde o pastor Carlos esteve à frente em todos estes anos de ministério. “Eu só posso agradecer a Deus por ter nos sustentado e nos permitido chegar até aqui, eu reconheço as grandes coisas que Ele mesmo nos fez viver. Muito obrigado a todos que vieram agradecê-lo junto conosco. Deus sabe a alegria do meu coração nesta noite”, declarou com emoção o pastor Carlos Rocha, após receber homenagens e homenagear

as quatro Igrejas que fizeram parte desta caminhada. Para encerrar o culto, o pastor ainda apresentou ao Senhor seu primeiro neto, Theo, filho da sua primogênita Francynne, tornando a noite ainda mais especial. A família ainda entoou o Hino “Céu, Lindo Céu!” junto com a Igreja e provou, mais uma vez, que uma casa firmada na rocha não se abala e, ainda que venham as tempestades, permanece unida e alegre no Senhor.

“Teen Maranhão” foi realizado com louvor em São Luís - MA

Assessoria de Comunicação da Convenção Batista Maranhense

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proximadamente 260 adolescentes de várias regiões do estado do Maranhão participaram do Congresso realizado no Acampamento Batista do Araçagi (ABA), em São Luís - MA, nos dias 02, 03 e 04 de outubro. O objetivo do encontro foi proporcionar aos adolescentes momentos de aprendizagem e crescimento espiritual. O tema escolhido foi “Geração que marca” e a divisa em I Pedro 2.9. O preletor oficial foi o pastor Jairon Paiva, presidente da Juventude Batista Brasileira (JBB). De acordo com o presidente dos Adolescentes Batistas do Maranhão (Abama), João Marcos Jardim, a

ocasião é especial. “Aqui paramos um pouco nossas atividades e deixamos Deus falar conosco, entendo que só assim poderemos marcar nossa geração”, declarou.

Ana Beatriz participou pela primeira vez de um Congresso e estava bastante feliz. “Sempre tive vontade de participar e foi ótimo, curti cada momento”, disse.

Já Miriã A. Gonçalves disse que o Teen proporcionou forte emoções. “Me emocionei bastante pela maneira que Deus falou comigo, amei tudo”, destacou.

Para Simone Paiva, presidente da Jubama, foi um encontro abençoado e superou as expectativas. “Ficamos felizes com os resultados alcançados e foi maravilhoso. O número de participantes foi além do que imaginávamos. Pudemos ver nosso Senhor sendo exaltado e falando aos corações dos nossos adolescentes”, declarou. O Ministério Arena GT contribuiu bastante com as oficinas ministradas e com os momentos de descontração. Para Elias Carvalho, esse foi um dos pontos que mais gostou. “Foram dias incríveis, valeu muito a pena ter ido, com certeza ano que vem estarei novamente”, revelou. O evento contou com o apoio da Convenção Batista Maranhense, da Jubama e da Abama.


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notícias do brasil batista

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Congresso Igreja Multiplicadora para o Sul do Brasil é realizado em Santa Catarina

Rodrigues Lopes, pastor, coordenador de Missões da Convenção Batista Paranaense

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s dias 22 a 24 de setembro fora m mar cad o s por um grande evento: O Congresso Igreja Multiplicadora para o Sul do Brasil, realizado na cidade de Jaraguá do Sul, no estado de Santa Catarina. Capitaneado pela Junta de Missões Nacionais e coordenado pela Convenção Batista Paranaense, o evento contou com 280 pastores

e líderes dos três estados da região sul representando as Convenções gaúcha, catarinense, paranaense e Convenção pioneira. Os preletores foram pastor Luís Roberto Silvado e Marcio Tunala, da Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba - PR; pastor Fabrício Freitas, Fernando Brandão e Roosevelt Goulart Comes, da Junta de Missões Nacionais; pastor Walmir Andrade, da Segunda Igreja Batista de Palmas, e pastor Flávio Alves, da Convenção Batista Paranaense. Estes homens foram extremamente usados por

Deus para mobilizar os líderes a reescreverem a história da evangelização do sul do nosso país. Os executivos, pastor Izaias Querino, pastor Jossemar de Oliveira e o irmão Egom Grimm Berg participaram ativamente mobilizando os líderes de seus estados e também assistindo a todas as palestras. Um fator importante a mencionar foi o fato de toda a diretoria da Convenção Batista Paranaense estar presente no evento, mostrando unidade e apoio ao evento e a implementação dos princípios

da Igreja Multiplicadora no estado. Este evento certamente marcará os três estados da região sul, a partir da prática dos princípios da oração, da evangelização discipuladora, da plantação de Igrejas, do discipulado e desenvolvimento de líderes multiplicadores, e da compaixão e graça. A Convenção Batista Paranaense e a Junta de Missões Nacionais mostram através da organização deste Congresso a importância da união de esforços e a possibilidade de investi-

mento financeiro conjunto na capacitação de líderes para ampliar a ação evangelizadora na nossa nação. Louvamos a Deus pelo apoio irrestrito da Convenção Batista Catarinense e da Primeira Igreja Batista de Jaraguá do Sul e seu pastor Alan Paulo Cozzarin. Certamente, que todos os participantes, suas Igrejas e as suas cidades serão marcados positivamente a partir desta data. Que o Senhor seja louvado, proclamado e exaltado através de cada um. Glória ao Senhor da obra. Amém!

MR do Rio de Janeiro o participam do 39 Congresso Rita de Cássia S. Ferreira do Nascimento, líder carioca das Mensageiras do Rei

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o dia 19 de setembro deste ano aconteceu o 39º Congresso das Mensageiras do Rei, que este ano foi realizado na Segunda Igreja Batista do Rio de Janeiro (SIBARJ), pastoreada pelo pastor Walmir Vieira. Sob o tema “Mensageiras do Rei integralmente submissas a Cristo” e divisa em Romanos 6.22, com proposta para uma discussão em torno do processo de santificação, que começa quando somos, em Cristo, libertos do pecado, tivemos a presença de 550

mensageiras, representando 15 Associações. Além da presença das Mensageiras, das líderes e da diretoria (Irmã Rita, irmã Raquel

e irmã Vanda), tivemos a participação da irmã Celina Veronese (Coordenadora da Organização Mensageiras do Rei da UFMBB), da

irmã Márcia Kopanyshyn (Presidente da UFMBC), do pastor Miguel Kopanyshyn (Capelão Hospitalar), pastor Walmir Vieira (Pastor titular

da SIBARJ), da irmã Ana Kátia (Coordenadora executiva da UFMBC) e do pastor Nilton A. de Souza (Diretor executivo da CBC).


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missões mundiais

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O que eu vi em Budapeste... Analzira Nascimento – missionária JMM

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stávamos visitando a cidade e caímos no furacão dos acontecimentos. A cena que vimos é difícil de observar sem se emocionar. Pesaram em mim as palavras de Jesus: “Quem é teu próximo?”. Eles estavam ali, à minha frente, eles eram o meu próximo. Logo decidimos ajudar pelo menos uma família. Eram muitas crianças, mulheres, e impressionava o número de homens. O acampamento estava setorizado: barracas com roupas doadas onde as mulheres escolhiam por cores ou tamanhos, espaços livres onde crianças brincam, local central onde são servidas refeições. Vários voluntários ajudam em diferentes serviços, até como intérpretes. E policiais estavam sempre à volta.

Na hora do embarque na estação Keleti, em Budapeste, policiais delimitavam a área por onde eles poderiam passar. Foram colocadas fitas brancas que separavam o grupo dos outros passageiros e marcavam onde o grupo ficaria, e policiais faziam o controle da operação. Outros passageiros embarcaram primeiro. Depois veio a permissão para subir. Os rostos refletiam pensamentos de tristeza e dúvida do que os aguardava. Era claro o sentimento de tristeza e ‘deixei tudo para trás’. Não se ouvia uma palavra. Talvez tivessem sido orientados ao silêncio? Não sei. Cheguei até a pensar: será que este embarque representa para eles uma busca por vida melhor ou seria somente desespero? Alguns não conseguiram ir com este grupo. Jornalistas à volta dos que ficaram solicitavam entrevistas.

Um voluntário me ajudou com interpretação. Conseguimos comprar vários tickets para distribuir entre os que não tinham condições. Na situação atual, uma crise imigratória sem precedentes que abala fronteiras, políticas públicas, destrói vidas. É nossa responsabilidade ética, como cidadãos dos céus, primeiramente, mas também como parte de um mundo globalizado onde o que afeta um país afeta a todos. Os signatários da Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, de 1951, se tornam responsáveis por acolher, desenvolver programas e desenvolver a vida dos refugiados. Mas depois de crises econômicas, do grande número de refugiados e de sua grande necessidade, restam-nos as perguntas: Como um país que já enfrenta dificuldades internas poderá acolher refugiados da melhor

forma? Como desenvolver a vida de refugiados se os cidadãos sofrem por falta de melhorias? A crise atual é responsabilidade de todos, e os desdobramentos dela ainda não estão previstos, mas os países e cidadãos devem se abrir para o tema e entender que todos somos parte dela. Políticas públicas educacionais, na área da saúde, acolhimento e moradia são obrigatórias para os signatários da Convenção de 1951. O que nós, Igreja de Cristo, podemos fazer? Este assunto mexe com nossas entranhas por nossas referências e códigos de ética. A Bíblia é um texto de um povo em situação de diáspora para pessoas em situação de peregrinação. Somos um povo em situação de trânsito, vivendo no provisório. Aqui não é a nossa pátria. A pergunta que ficou e o sentimento que predomina-

va em mim ao ver aqueles refugiados em Budapeste eram: O que é chegar em casa? A crise migratória nos remete a esta reflexão: O que é se sentir em casa? A Palavra de Deus nos adverte a não esquecer que somos peregrinos e aguardamos a nossa pátria celestial. Estamos no provisório. Ansiamos pela vida plena prometida. O caminhante pode buscar qualidade de vida sem perder suas prioridades de completar a jornada. Às vezes, nos concentramos demais em aprofundar raízes, e a acomodação toma conta. Esquecemos a razão da nossa existência como cristãos. A transitoriedade deve nos remeter a uma reflexão sobre o sentido da nossa vida aqui no planeta: Contribuir para o cumprimento do propósito de Deus para o mundo. Perigoso será quando nos sentirmos em casa onde estamos.

Igreja levanta oferta para construção de biblioteca na África Ocidental O missionário explica Marcia Pinheiro – Redação que as ofertas doadas pelos de Missões Mundiais cristãos do Brasil através trabalho de Mis- do Programa de Adoção sões Mundiais Missionária (PAM) possibina África Oci- litaram a execução da pardental acaba de te estrutural da construção receber mais um presente de que, além de biblioteca, Deus: Uma oferta generosa i n c l u i u m c e n t r o m é d i que permitirá o término da co. Como o acabamento construção de uma biblio- costuma ser a parte mais teca, coordenada pelo casal cara, Deus tem levantado missionário Timóteo e Ester, algumas Igrejas para isso. pseudônimos usados por Uma delas é pastoreada questão de segurança; pre- p o r u m a m i g o d o c a s a l gar o Evangelho na região missionário. “Lançamos o desafio para está cada vez mais arriscado.

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uma Igreja em relação à biblioteca. Como o pastor dessa Igreja é um grande amigo, tivemos a liberdade de expor em detalhes as necessidades, mas o valor final necessário ficou bastante elevado. Um pouco constrangido, pedi para fazerem o que fosse possível”, conta Timóteo. Segundo o missionário, em um domingo de setembro havia um irmão convidado para pregar na Igreja de seu amigo. Durante o culto, foi lançado o desafio

para a biblioteca. Antes de pegar a Palavra, o irmão convidado perguntou ao pastor da Igreja se poderia fazer um desafio para os membros, e o pastor concordou. O pregador então disse a todos: “Quero desafiá-los a se comprometerem com a biblioteca na África Ocidental. Você vai escrever em um papel quanto dará, e para cada oferta, eu darei o dobro”. Era uma manhã chuvosa e apenas 35% dos membros estavam presentes, mas o

Senhor agiu poderosamente. “Eles levantaram todo o necessário para a biblioteca. Que Deus lindo! Como Ele se interessa pelos oprimidos, fracos, pobres. E ainda nos dá o privilégio de participar da Sua Missão”, alegra-se Timóteo. Esta é apenas mais uma etapa do trabalho missionário naquela região tão carente de Deus e de Seus cuidados. Você pode participar desta missão. Faça contato com a nossa Central de Atendimento.


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notícias do brasil batista

Dias 29 e 30/10/2015 - Simpósio CBPI Dia 31/10/2105 - Encontro dos Coordenadores do DAS da CBB

1ª IGREJA BATISTA EM TERESINA

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Quem fecha os ouvidos ao clamor dos pobres também clamará e não terá resposta Provérbios 21.13

Valor da Inscrição: R$ 25,00

Informações na CBPI (86) 3222-3647

REALIZAÇÃO:


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OBITUÁRIO

Pastor Francisco Cerqueira Bastos: Uma vida consagrada ao Senhor 17/03/1935 - 18/08/2015

Gilmar Pereira de Souza, diácono da Primeira Igreja Batista Niterói - RJ, membro do Conselho de administração do Seminário Teológico Batista de Niterói (STBN)

F

rancisco Cerqueira Bastos nasceu em 17 de março de 1935 na Fazenda São João, no município de Itaperuna - RJ, último dos 11 filhos de Manoel Cerqueira Garcia e Edith Barboza Bastos. Esse núcleo familiar foi o berço da evangelização das famílias Cerqueira, Bastos e Garcia, celeiro de muitos pastores. O pastor Cerqueira gostava de contar do púlpito sobre a sua conversão: Durante um jogo de futebol, no momento de cobrar um pênalti para seu time, deixou a bola ali mesmo onde estava e correu para a Igreja, onde marcou o grande gol de sua vida: Aceitou a Cristo como seu Salvador e Senhor. Foi batizado aos 14 anos pelo amado pastor Abelardo Siqueira, na Primeira Igreja Batista de Itaperuna - RJ. Em 1951, já em Niterói - RJ, foi presidente da União de Mocidade da Primeira Igreja Batista de Niterói e também líder estadual da Mocidade Batista, organizando caravanas para Congressos no Brasil, como a de Vitória e a famosa caravana “Boina Azul”, para a Bahia. Antes de entrar para o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB) já pregava em cultos e programações da mocidade e das Igrejas, quando recebeu o “chamado” para a Obra, despertado pelo pastor Manoel Avelino de Souza para fazer, então, o Seminário. Foi Seminarista da PIB de Niterói e consagrado ao ministério da Palavra no santuário da própria Igreja em 15 de outubro de 1960. Durante seus quase 55 anos de ministério serviu à denominação em diversas áreas de atuação. Foi o primeiro pastor da Igreja Batista em Martins Torres, em Niterói; criador e apresentador do Programa “Antenas Celestes”, da PIB de Niterói, transmitido pela Rádio Copacabana, de 1958 a 1978; secretário de O Jornal Batista por muitos anos, do qual posteriormente

tornou-se frequente colaborador, escrevendo nos últimos meses a Coluna “Os Batistas na História”; foi redator da Revista Juventude Batista, entre outras funções desempenhadas na Casa Publicadora Batista durante a década de 60; presidente da Junta de Beneficência da Convenção Batista Brasileira (CBB) e também da Junta Patrimonial desta Convenção na década de 70; presidente da Ordem dos Pastores da Convenção Batista Fluminense, tendo posteriormente se tornado seu assessor Jurídico. Foi diretor do Colégio Batista em Volta Redonda – RJ, de 1981 a 1985, e pastor da Igreja Batista de Castelinho, nessa cidade. A partir de 1986, e por 21 anos, foi pastor da Primeira Igreja Batista em Imbariê – RJ, liderando a construção do seu belo edifício de Educação Religiosa, o qual, em 2010, recebeu o seu nome, como homenagem daquela amada Igreja. Foi professor do Seminário Teológico Batista de Niterói (STBN) por 25 anos, onde lecionava as matérias Administração Eclesiástica, Ética e História dos Batistas, dentre outras, sendo muito querido por seus alunos e colegas; foi um grande conselheiro e amigo de seminaristas e pastores. Tendo retornado, a convite do pastor José Laurindo Filho, à Primeira Igreja Batista de Niterói, local ao qual se referia como seu “Quartel General”, para continuar servindo ao Mestre e Senhor, dirigiu a Congregação do Jóquei, em São Gonçalo - RJ, onde administrou a construção de seu templo e estruturou a organização da mesma em Igreja. Sua formação acadêmica inclui, além do bacharelado em teologia, bacharel em direito, filosofia e pedagogia, com pós-graduação em administração e supervisão. Dentre suas atividades seculares atuou na área da educação como diretor escolar e professor de História, Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Educação Moral e Cívica, por muitos anos. No período de 1968 a 1980 foi diretor participante da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), a qual multiplicou o

número de vagas para os cursos ginasial e colegial (atuais ensino fundamental e médio) em todo o Brasil, proporcionando condições de estudo e formação profissional para milhares de jovens e adolescentes. Por muitos anos exerceu também a advocacia, sendo assessor especial do Conselho de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seção RJ. Foi também assessor do ensino médio da secretaria de Educação e Cultura do estado do Rio de Janeiro. Com seu espírito de liderança fundou em 1967 a AFAEG (Associação Auto-Financiadora de Automóveis de Evangélicos do Estado da Guanabara), um consórcio sem fins lucrativos, que possibilitou a muitos pastores, Igrejas e irmãos terem seu veículo automotor de maneira acessível. A AFAEG tinha como divisa e por sugestão de um de seus primeiros consorciados, o saudoso pastor José dos Reis Pereira, o texto de Isaías 41.6: “Um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: Esforça-te” (Is 41.6). A organização contava com o auxílio direto do pastor Tércio Gomes, como diretor secretário e do doutor Beny Pitrowisky, como diretor tesoureiro. Ao longo da vida recebeu diversas moções, títulos e homenagens, entre eles a Medalha Tiradentes, conferida

pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) em 15 de outubro de 2003. Mas o título que considerava mais honroso para si era o de “servo do Senhor”. Costumava dizer que vivia para servir. Sentia-se honrado ao usar as comendas e insígnias de 25 e 50 anos de pastor, concedidas pela Ordem dos Ministros Batistas do Estado do Rio de Janeiro, e aguardava com alegria completar 55 anos de ministério, em 15 de outubro de 2015. O pastor Cerqueira, como era chamado pelos irmãos Batistas, casou-se em 11 de novembro de 1961 com Aída de Gouvêa Cerqueira, a amada esposa que sempre o auxiliou em suas diversas atividades denominacionais e seculares. Juntos atuavam como multiplicadores no ministério do Grupo de Integração da Família Cristã (GIFC). Deus abençoou o casal com três filhos: Leonardo de Gouvêa Cerqueira, médico dermatologista, casado com Liana de Araújo Cerqueira, dentista, pais de Ana Luiza e Maria Clara; Mariane Cerqueira Krieger, analista de sistemas (in memoriam), casada com o engenheiro Guenther Carlos Krieger, pais de Beatriz e Caroline; Ludimila de Gouvêa Cerqueira Ferreira, nutricionista, casada com Mark Ferreira, arquiteto, pais de Henrique; uma família abençoada e temente a Deus.

Um detalhe interessante, que talvez muitos não saibam, é que o Hino 570 do Cantor Cristão “Mais um obreiro” foi composto pelo pastor Manoel Avelino de Souza, especialmente para a consagração do pastor Cerqueira ao ministério. Sua primeira estrofe profere: “Mais um obreiro escuta a Tua voz, Jesus, e quer entrar na luta, seguindo Tua luz; tem força diminuta, mas crendo em Tua Cruz, os planos executa, que Teu amor produz”. Deus seja louvado por esta vida tão especial e preciosa, que deixa tantos exemplos e resultados profícuos de dedicação, amor e ensinamentos, que só a eternidade poderá revelar. Sou muito grato ao meu querido e especial amigo/ irmão pastor Cerqueira (que foi também um especial e fraterníssimo amigo do meu pai – pastor Itamar Francisco de Souza); encontram-se agora nos páramos celestes, cantando abraçados em seus corpos celestiais hinos de louvores ao Cordeiro de Deus, para sempre. “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso” (Fp 3.20). “Quão formosos os pés daqueles que anunciam as Boas Novas” (Rm 10.15).

O Jardim do pastor Primeira Igreja Batista de Imbariê – RJ; colaboradores: Almir e Alice, membros da Igreja Batista Peniel

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astor Cerqueira, olhe o seu jardim! Como está florido! Tem flores de toda espécie; umas pequenas, outras médias, outras grandes; Umas, às vezes, tão mirradas que até pensam que não fazem diferença a sua presença ou não nesse jardim; outras são viçosas, crescem rápido e se desenvolvem, porém, são como urtigas que estão incomodando e chamando a atenção; outras são como as rosas, belas e perfumadas, mas, por

sua vez, têm espinhos agudos que as vezes machucam e até ferem e te levam a correr a outro jardim, o jardim que Jesus sempre usou, o jardim da oração. Nos momentos mais importantes do seu ministério Jesus buscou forças recorrendo a este jardim e foi bem-sucedido. Pastor, você foi o jardineiro a quem Deus confiou esse jardim. Por isso, louvamos ao Senhor! Pastor, como cresceu o seu jardim! Você recebeu apenas algumas mudas, cuidou delas e as levou a crescer e a produzirem novas mudas. Você, como jardineiro, às vezes tem que podar algumas árvores e nem sempre

é compreendido; há quem queira cobrar seus cuidados para com esse jardim. Às vezes, para você se torna difícil, mas não é impossível, porque existe um outro jardineiro que está sempre ao seu lado, esperando em seu jardim para que você lhe conte as alegrias e tristezas que suas flores lhe tem dado e causado. E vocês, família do pastor, também fazem parte dessa jardinagem e, assim como ele, muitas vezes é ferida pelos espinhos das flores, porém, o jardineiro invisível vem e cicatriza os ferimentos renovando as forças para continuar unida e lutando por esse jardim.


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ponto de vista

Liderar é servir

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esus foi o maior líder que o mundo conheceu. Ele nos ensinou a servir. Ao responder à mãe de Tiago e João, que queria que seus filhos O ladeassem no Seu reino, o Mestre deixou claro: “Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que estou para beber? Eles lhe responderam: Podemos. Então Jesus disse: Certamente bebereis o meu cálice; mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda, não me compete concedê-lo; isso será dado para quem está preparado por meu Pai” (Mt 20.21-23). Ao ouvir isto, os demais discípulos se indignaram contra os dois irmãos (Mt 20.24). Então, Ele os chamou para junto de Si e lhes disse: “Sabeis que os governantes dos gentios os dominam, e os seus poderosos exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; pelo contrá-

rio, quem quiser tornar-se poderoso entre vós, seja esse o que vos sirva; e quem entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo, a exemplo do Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e para dar a vida em resgate de muitos” (Mt 20.25-28). Jesus Cristo, sendo Senhor, se fez Servo-Sofredor para a Glória do Pai e por nos amar. Como líder, Jesus Cristo serviu as pessoas com amor incomparável, de acordo com João 15.13-14. Ele deu a Sua vida por nós na cruz. Ele se humilhou e viveu entre nós como quem serve. O apóstolo Paulo compreendeu esta verdade em Filipenses 2.58. O Senhor Jesus é o nosso modelo de alguém que a Si mesmo se humilhou, negando-se a Si mesmo e tomando a cruz. Ele nos substituiu na cruz do Calvário para não pertencermos mais a nós

mesmos, mas a Ele. Paulo declara esta verdade em Romanos: “Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum de nós morre para si. Pois, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De modo que, quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor” (Rm 14.7-8). Então, o prazer do líder cristão é servir à semelhança do seu Senhor. O seu coração se enche de alegria por poder fazer bem aos outros do mesmo modo que Jesus, pois Ele andava por toda a parte fazendo o bem, e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus era com Ele, como relata Atos 10.38. Não é possível conduzir pessoas sem um coração de servo. É impraticável orientar pessoas sem se submeter à orientação do Mestre. Uma marca distintiva do líder cristão é a

disposição feliz de servir. O líder serve com a oração, com a orientação por meio das Escrituras, com as doações, com o encorajamento e com a exortação. O líder cristão é proativo e não simplesmente reativo. Ele tem a capacidade dada por Deus de estimular e mobilizar pessoas para servirem ao Senhor e ao próximo com amor. Jesus nos ensina que servir é dar-se em beneficio do próximo. Facilitar a vida dos que sofrem. Viver uma vida de empatia e simpatia; sabedoria e ternura; justiça e verdade; mansidão e piedade. Uma vida cheia da graça de Deus. Na verdade, só lidera com graça aquele que experimentou a Graça de Deus em Cristo Jesus. Liderar é servir com dons e talentos. É reconhecer suas limitações e depender do Senhor. Viver em fraqueza, consciente das falhas, mas,

ao mesmo tempo, submeter-se a autoridade dAquele que tudo pode. O líder-servo olha para o exemplo de Cristo e foca as necessidades das pessoas. O seu prazer é abençoar. Orar pelas pessoas. Importar-se com elas. Trabalhar na dependência de Deus para vê-las bem-sucedidas. Para contemplá-las servindo no espírito de Cristo. Servir com amor, temor e tremor é a arte da liderança genuinamente cristã. Lideremos, como pastores, as ovelhas de Cristo com o amor dEle. Sejamos graciosos em todo o tempo. Perdoemos com o perdão dEle. Sirvamos com o serviço dEle. Vivamos dia após dia a Sua vida neste mundo. Exerçamos a nossa influência a partir do caráter de Cristo Jesus. Como líderes que servem, sejamos cheios do amor do Pai, da graça de Cristo, o Filho, e do poder do Espírito Santo.


o jornal batista – domingo, 25/10/15

ponto de vista

15

observatório batista LOURENÇO STELIO REGA

Pastorado: Uma atividade insalubre?!

A

o falar em pastorado aqui neste artigo penso também nos mais variados ministérios exercidos por pessoas vocacionadas que dedicam tempo para a atuação em uma Igreja, organizações religiosas e denominacionais. A palavra insalubridade significa a condição de existência de atividades que, por sua natureza, circunstâncias ou métodos, exponha a pessoa a situações ou agentes nocivos à saúde física, mental, emocional e espiritual, acima dos limites de tolerância. Sempre ouvimos notícias de filhos de pastores que estão afastados, esposas de pastores que vivem deprimidas e amarguradas, pastores que sofrem pressão na liderança da Igreja e/ou pelo corpo diaconal. Minha esposa, que é psicóloga com especialização em terapia familiar sistêmica, já pôde ajudar muitas esposas de pastores. Escrevi nesta Coluna diversos artigos indicando os males que o ministério provoca na vida de um pastor e sua família, seja pela sua própria natureza, seja pela maneira que o pastor desenvolve sua atuação. Publiquei também um levantamento de dados que fiz no ano de 2000 e a sua repetição em 2011, dando sinais da saúde pessoal e ministerial do pastor Batista no Brasil (OJB 11 e 25/08/13; 22/09/13 e 27/10/13; veja outros artigos que foram publicados em 2014: 08/06; 28/09; 10/08; etc). Se pensarmos em todos os dilemas que um pastor ou ministro tem que enfrentar e dar conta, o volume de atendimento, as pressões das decisões e conflitos que tem que gerenciar, podemos afirmar que o ministério é insalubre. Mas também necessitamos considerar que qualquer atividade de trabalho tem seus níveis de insalubridade, mesmo fora do mundo religioso. Veja bem, na situação política e econômica que o Brasil está passando, quase todas as atividades duplicaram seu nível de insalubridade. Colegas, então tenhamos ânimo, pois não estamos sozinhos! A questão não é a insalubridade em si, mas como nós, pastores, ministros e executivos fazemos frente a este componente do nosso trabalho. Depois que quase 40 anos de ministério atuando em Igrejas,

denominação e instituições, posso confessar que ainda estou aprendendo a lidar com a insalubridade ministerial, especialmente, ouvindo conselhos de colegas mais experientes, profissionais da saúde, minha esposa e filhos. Neste tempo todo o volume de amizade com colegas ministeriais é incontável e tenho notado que muitos encaram o ministério com uma atitude conhecida como workaholic, expressão americana que indica pessoa viciada em trabalho. Confesso que por muitos anos tive esse vício e tive de ouvir os conselhos que acima mencionei e mudar radicalmente a visão de vida, família e ministério. Espero um dia contar esta experiência de dor, mas que também está sendo saudável para meu futuro, meu casamento, minha família e ministério. Os profissionais da saúde nos ensinam que nosso corpo, em casos de elevada tensão e exigências da vida, produzem certas substâncias que agem nos receptores opioides neuronais, produzindo ações de insensibilidade à dor (analgesia) e até senso de euforia e onipotência. Aliás, um destes profissionais amigo, que tratou muitos pastores, me disse que muitos de nós, pastores, temos Síndrome de Onipotência Simbiótica, pois achamos que somos insensíveis à dor e sofrimento, imunes a doenças e tudo podemos. A ação do corpo neste caso tem um limite, pois se estamos expostos constantemente a tensões, falta de repouso, volume excessivo de trabalho, há redução da produção destas substâncias e podemos ter Síndrome de Pânico, depressão e entrarmos em um estado chamado de Síndrome de burnout (Palavra que significa queimar sem deixar condições de recuperação), caracterizado por um esgotamento físico, mental, emocional e espiritual intenso, requerendo a ajuda imediata de profissionais especializados da saúde, psicoterapia e aconselhamento. Veja que isso tudo ocorre na vida de qualquer profissional, inclusive pastores, ministros e executivos. Para evitarmos isso será necessário desenvolver um senso que é chamado resiliência, uma palavra que vem da física e que indica a resis-

tência de um material a pressões e estresse sem que sofra ruptura. Na Medicina do Trabalho há diversos estudos sobre a resiliência indicando que todos os profissionais de sucesso conseguem absorver os impactos, estresse e pressões profissionais. É claro que há um limite para a resiliência, ninguém é onipotente como Deus O é. Por isso, se não aprendemos estratégias para enfrentar a vida e o trabalho, em vez de resiliência, caímos no burnout. Sem a pretensão de querer ser completo, é possível citar alguns caminhos que poderemos tomar na vida ministerial para reforçar nossa resiliência? • Estabelecer prioridades para a vida - O apóstolo Paulo ensina as escalas de prioridade em Efésios 5.16; 6.20: Eu e Deus, eu e meu matrimônio, eu e minha família, eu e minha profissão/trabalho (ministério), eu e a batalha espiritual. Interessante essa escala não é? Em primeiro lugar, cuidar de meu eu com Deus (vida devocional, piedade, vida pessoal), depois vem o matrimônio e a família e só depois é que vem o meu trabalho. Aliás, Paulo já indicava que os pastores/bispos/ presbíteros deveriam saber cuidar bem da sua família antes de quererem cuidar do povo de Deus (I Timóteo 3.4-5; Tito 1.6). Quantos de nós temos considerado isso? É um princípio bíblico! • Estabelecer momentos de repouso - Esse é um princípio da Criação. Com tanta gente para atender, Jesus notou que seus discípulos precisavam descansar (Marcos 6.31). Nós, pastores, muitas vezes abusamos nisso, nem férias queremos ter e nunca nos desligamos do nosso ministério, vivemos como um workahoolic. Não há corpo, mente, emoções e espírito que aguente. Vivemos muitas vezes um frenesi de atividades, sentimos culpa se ficarmos sem fazer nada. É o pragmatismo, a centralização, a falta de ensino para a Igreja de que não somos onipotentes e precisamos de repouso. Que tal desligar o celular da Igreja no seu dia de repouso ou deixá-lo com o vice-presidente da Igreja, fazendo o mesmo em época de férias? O filósofo Sócrates disse certa vez: “Tomem muito cuidado com o vazio de uma vida

ocupada demais”. O repouso, antes de ser meramente ócio, é necessário para a reposição das nossas energias físicas, mentais, emocionais e espirituais, que serão úteis no exercício da resiliência. Por muito tempo minha natureza era dormir poucas horas, pedi ajuda a muitos profissionais da saúde, até que, finalmente, um deles me ajudou e hoje tenho conseguido vencer esse hábito. O repouso serve também para estarmos com nossa família, a sós meditando, descansando, nos desconectando das atividades normais. Vamos lembrar que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo (I Coríntios 6) e nos é dado para ser bem cuidado. Outro dia fui visitar um pastor no seu dia de folga, em um dado momento eu lhe disse e à sua esposa: “Vocês já notaram que ele não para de falar na Igreja, mesmo sendo seu dia de folga?” (Claro, fiz isso porque somos muito amigos). • Aprenda com os ensinos da Bíblia a confiar em Deus nos momentos de ansiedade - Uma jovem que trabalha no escritório da CBB um dia me enviou pelo Facebook a frase: “A soma de todas as responsabilidades nos deixam debilitados e não percebemos. Aí Deus nos presenteia com aquele sonho, que somente Ele conhecia todos os detalhes”. Complementou, dizendo: “Filhos, descansem, eu cuidarei das demais coisas”. Você poderá ter uma característica mental e emocional ansiosa que pode ter causa em sua natureza ou sua constituição genética. Procure ajuda com profissionais competentes. • O que fazer em momentos de crises ou dificuldades? - Há uma palavra chinesa para crise que é composta por dois hierogramas Wei-ji. “Wei” significa risco, perigo, enquanto de “ji” significa oportunidade. Veja se Deus não está lhe dando uma oportunidade de aprender algo, de desenvolver uma característica pessoal que ainda não está adequada. Vamos lembrar de que a didática de Deus é a didática do deserto (Deuteronômio 8), da prática. Adão se sentiu só, Abraão teve o seu deserto, como Pedro, Paulo e tantos outros Heróis da Fé (Hebreus 11). O desenvolvimento do caráter, da nossa personalidade, de nosso estilo

de relacionamento, nossa maneira de enfrentar pressões passa por esta didática divina. Quando um dente dói vamos logo ao dentista, quando há um dilema em nossa vida, devemos analisar a crise, mas também a oportunidade que Deus está nos dando e tomar as providências para o aprendizado. • Vamos estar atentos aos riscos do exercício de nossa atividade ministerial – Na medicina há o que é chamado de iatrogenia, que indica efeitos adversos provocados pelo próprio tratamento a que o paciente é submetido. Já ouvi médicos se referindo também que a iatrogenia pode ser aplicada ao médico que sofre estes efeitos adversos ao ministrar a terapia ao paciente. Se isto é correto, nós, pastores, ministros e executivos, muitas vezes sofremos de iatrogenia ministerial, isto é efeitos adversos próprios do exercício da nossa atividade de trabalho. Alguns exemplos: Há pastores que, ao aconselharem alguém, acabam se envolvendo com esta pessoa; um momento de tensão em uma reunião ou assembleia que coloque em risco algum plano prioritário que o pastor deseja tocar em frente pode eclodir em uma explosão de raiva, etc. Poderia acrescentar outras sugestões, mas deixo para que outros colegas se sintam encorajados a colaborar nesse processo. Queridos colegas, é urgente que aprendamos a lidar com as situações do ministério, que tenhamos amigos para compartilhar nossos desafios e tensões, que voltemos a valorizar nosso matrimônio, nossa família, que tenhamos tempo para meditar na Palavra de Deus para nossos corações, que vai além do preparo de sermões, precisamos aprender a descansar, repousar, a descentralizar. Creio que muitas vezes precisaremos fazer uma revisão de vida, reaprender a viver, como se fosse uma realfabetização de vida e ministerial. Vamos nos entregar ao nosso Mestre e aceitar este desafio? “E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, em um lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham” (Mc 6.31).



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