Bebop 02 2015

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Don’t panic.

Jornal narrativo ed. 02/2015

bebop Imagem: Priscila Schran

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quem experimentou Professor orientador: Anderson A. Costa Editor da edição: Caio Budel Narradores: Naiara Persegona Isabela Lessak Nádia Moccelin Priscila Schran Agradecimento: Lourival (Gráfica da Unicentro) O Bebop é um jornal experimental produzido pelos alunos da turma B do 4º ano do curso de Comunicação Social (Jornalismo) da Unicentro. A finalidade deste material é informativa, educacional e cultural, sendo expressamente proibida a comercialização. Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste). Contato: jornalbebop@gmail.com Tiragem: 500 exemplares

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que a força esteja com você!

Na definição do designar pessoas ca do Rio de Janeiro, dicionário Priberam, que são especialismestre em Educação nerd é aquele “que tas em determinado pela Universidade tem comportamento tema. Federal do Paraná e considerado pouco E falando sobre professor adjunto do social e que parece inespecialista, nosso departamento de peteressar-se geralmente consultor para a sedagogia da Unicentro apenas por assuntos gunda edição do jornal (Universidade Estadual técnicos ou científicos”. experimental Bebop do Centro-Oeste). Nós, muitas vezes, com2015 é o professor CarPartindo das particupactuamos – consciente los Alberto Machado, laridades deste universo, ou inconscientemente que foi um dos fundadomuitas reveladas pelo - com essa ideia, mas ser res da Confraria de Escrinosso consultor especial, um nerd é só isso mesmo? tores de Ficção Científica, esta edição do Bebop vai Desde que o termo conhecida atualmente abordar os “esconderijos” nerd surgiu, o seu signicomo Oficina Literária Andos nerds em Guarapuava, ficado vem passando por dré Carneiro, além de ser o falar sobre casamentos tevárias transformações no criador do segundo fã clube máticos de amantes da culque diz respeito ao seu de Star Trek do país, roteiristura geek, abordar a relação sentido social, deixando de ta de quadrinhos e um dos de fãs com as vestimentas lado também, aos poucos, a membros da Loja Paraná do de personagens animados ou tradicional imagem de uma Conselho Steampunk. Foi tamnão, e até mesmo uma entrepessoa que usa óculos, roubém colaborador regular por 30 vista com Peter Parker sobre pas justas e que, geralmente, anos da revista UFO, e fundador seu trabalho como cientista! é muito tímida. Atualmendo Cipex (Centro de Investigação E, assim, nós desejamos a te, nós estamos rodeados de e Pesquisa Exobiológica), criado você, caro leitor, uma boa leinerds; por uns, inclusive, que em 1981 - órgão que investiga o fetura e, por fim, mas não menos podem nem saber que se ennômeno ufológico no Paraná e em importante, aproveitando uma caixam neste grupo, visto que, Santa Catarina -. Também é doutor famosa citação de Star Wars, que o termo também serve para pela Pontifícia Universidade Católia força esteja com você!

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Onde estĂŁo os nerds de Guarapuava?

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Conhecidos como especialistas em determinados temas, os nerds fortalecem uma cultura que começou a ficar famosa a partir de 1950

QUem narra: caio Budel

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Com pouco mais de 140 mil habitantes, Guarapuava é uma cidade onde é comum esbarrar em eventos típicos do interior do Paraná, como rodeios, ou atividades voltadas para o público amante da cultura sertaneja. Também não é difícil ver os famosos bailes organizados pelos Centros de Tradições Gaúchas, principalmente por conta da formação histórica do estado. Com a alta incidência destes eventos, fica difícil imaginar que outras culturas também sejam fortes – mesmo que não tão visíveis – na cidade, como o mundo nerd e geek. Sorrateiramente, os membros do mundo nerd que existe em Guarapuava fortaleceram um dado que rendeu a cidade o título de mais nerd do Paraná segundo uma lista elaborada pelo site de compras eletrônicas Amazon, em homenagem ao Dia do Orgulho Nerd. A lista foi montada a partir de dados dos envios para as cidades com mais de 100 mil habitantes, sobre uma base per capita e que incluem compras de livros, quadrinhos e graphic novels associados à cultura nerd. Apesar do marco, uma pergunta simples sobre o tema ainda precisa de resposta: se somos a cidade mais nerd do estado, onde, afinal, estão os fortalecedores dessa cultura? Os amantes da cultura nerd de Guarapuava, provavelmente, sempre existiram, mas a sua história de exposição na cidade começou efetivamente em 2007,

quando diversos eventos sobre esta temática começaram a ganhar corpo. Avio Quevedo, estudante de design de jogos, foi um dos percursores e fortalecedores do movimento, organizando até 2009 diversas ações que reuniam os amantes deste mundo, principalmente os que se identificavam com obras da cultura japonesa, como os animes. Segundo ele, os eventos começaram de forma despretensiosa, mas, aos poucos, ganharam espaço, chegando a atingir um público de 500 pessoas em um único encontro da Expoanime Guarapuava, evento realizado periodicamente na época. “Nosso primeiro evento reuniu 80 pessoas, nos encontramos para assistir animes e discutir sobre a cultura japonesa com outras pessoas que também eram fãs. Com o tempo, os eventos foram evoluindo e ganhando mais atrações, como mesas de jogos de RPG”. Inicialmente, a cultura nerd de Guarapuava foi fortalecida por um grupo que existia em diversas cidades do Brasil, chamado Project Yume, que auxiliou, inclusive, a realização da primeira Expoanime de Guarapuava. Depois disso, porém, guarapuavanos se reuniram e criaram um grupo independente, chamado Himitsu, que contou com 12 pessoas e desde a sua criação ficou responsável pela maioria dos eventos para este tipo de público na cidade.

Uma das últimas realizações do Himitsu em Guarapuava foi o AF Challenge, que era uma competição onde os participantes concorriam a uma viagem com o grupo para um evento chamado Anime Friends, realizado anualmente em São Paulo. Na época, a prova foi dividida em quatro etapas, onde os participantes tinham que realizar tarefas, como procurar mais de 300 tazos de Pokémon escondidos no Parque do Lago. “A caça dos tazos foi só uma das tarefas, mas era engraçado ver porque pessoas de fora acabavam se envolvendo, como crianças que achavam as peças perdidas no lago. A gente também fez quizzes sobre cultura japonesa e competições de jogos para esse evento”. Apesar da explosão nerd que ocorreu na cidade em pouco mais de três anos, com o tempo, o grupo foi tomando rumos diferentes e os eventos pararam de ser realizados. Porém, os envolvidos neste tipo de cultura continuaram consumindo produtos deste mundo, fato que, certamente, influenciou no título recente que a cidade recebeu. Para Quevedo, os amantes de anime e da cultura nerd continuam tendo seu espaço, só que de forma mais discreta. “Antes a gente não tinha com quem conversar sobre esses temas e nem lugar para se reunir. Hoje com a internet é mais fácil achar sites para baixar animes, então as pessoas não se reúnem tanto para assistir, por exemplo, como fazíamos antes”.

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PAIXÃO MATERIALIZADA

Mesmo com a dificuldade de se Evil Dead, além da Garnet do desenho encontrar um evento nerd em GuaSteven Universo, do Wargreymon rapuava nos dias de hoje, a cultura de Digimon e meu favorito que é o permanece inserida na cidade, que Sokka de Avatar: A Lenda de Aang. possui, atualmente, grandes amantes Atualmente estou numa contagem do gênero. David Córdova Loures é de seis projetos concluídos e pronum deles, que apesar de gostar da tos para serem usados novamente cultura oriental, também é fã de desee já tenho mais alguns no papel nhos ocidentais, produções da cultura que espero que estejam prontos inglesa e da América do Norte. Mesmo para o ano que vem”. não se considerando um nerd quando o tema é anime, ele já produziu diversos cosplays de personagens orientais famosos, como o Wargreymon, da franquia Digimon. “Eu mesmo faço as peças e aprendi há uns dois anos a partir de vídeos e tutoriais pela internet de como mexer com certos materiais. Com um pouco de tempo livre, comecei meus projetos e auxiliei os projetos de alguns amigos”. A admiração pelas peças que David criava o fez começar a participar de eventos de cosplays, onde várias pessoas amantes de culturas diferentes se reúnem para mostrar tipos de fantasias baseadas em personagens fictícios.

Cosplay de Wargreymon feito por David (Foto: Arquivo pessoal)

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“Comecei improvisando como Coringa dos quadrinhos do Batman para uma festa a fantasia. Minha namorada me acompanhou como Arlequina e aí quando vimos estávamos encomendando fantasias para os eventos e fazendo várias versões dos dois personagens. Já fiz também de Homem de Ferro casual, de Ash do filme


sugest천es

Outras cidades avaliadas pela Amazon como mais nerds do Brasil

Mais sobre o evento Anime Friends

Jove Nerd, um portal brasileiro conhecido por divulgar diversos nichos dessa cultura

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Vista seu melhor

personagem quem narra: Naiara Persegona

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Do SteamPunk ao Cosplay, paixão por personagens é alimentada através das vestimentas bebop

Quem nunca colecionou as figurinhas e tazos do Dragon Ball e Pokémon? Ou comprou o Guaraná Antartica que vinha com uma pokebola de brinde? O que muita gente não sabe é que eles não são desenhos animados, são animes. Estes são apenas dois exemplos de animes de sucesso que conquistaram crianças e adolescentes. E os adultos não ficam de fora dessa. No início do ano, por exemplo, assisti o anime japonês Death Note, série de 37 episódios que tem classificação indicativa para maiores de 18 anos. O anime já começa com um dilema em seu primeiro episódio, quando o personagem principal, Light Yagami, acha no pátio do colégio um ‘Death Note’, ou seja, um ‘caderno de morte’, com o qual Yagami é capaz de matar qualquer outro personagem apenas escrevendo o nome da vítima. Foi encantamento a primeira vista. O enredo me prendeu logo de

cara, e a construção de personagens que carregam dramas humanos deixam a série ainda mais viciante. Depois dessa experiência recente passei a entender melhor a paixão que algumas pessoas alimentam por animes. Eles são realmente envolventes. Quando se está em uma conversa sobre séries, filmes e desenhos é bastante comum ouvir relatos de pessoas que gostam muito de determinados personagens. Dentro de um enredo, seja ele ficção ou não, elegemos nossos personagens preferidos mesmo que inconscientemente. Talvez por afinidade, talvez por ele representar uma lembrança, talvez por ele simbolizar uma provocação, enfim, existe uma infinidade de motivos. Em entrevista, o docente Carlos Alberto Machado, doutor em Educação e professor adjunto do Departamento de Pedagogia na Unicentro (Universidade Estadual do Centro -Oeste), explicou que a relação das pessoas com personagens é cultivada


nas relações do dia-a-dia. “As pessoas constantemente criam personagens em suas vidas, quando se está em um campo de futebol mudam seu comportamento, quando em um grupo de amigos no bar apresentam outro, em casa no meio de sua família mudam novamente, usam máscaras comportamentais que a psicologia costuma estudar. Já a representação de papéis vem de longa data acompanhando o ser humano desde os tempos gregos, seja no teatro representando um personagem, seja no cinema ou na televisão”. O ato de se vestir como o personagem favorito é chamado de cosplay, e também existe a categoria

cosplay original para personagens não existentes nos animes e mangás. Além dos fãs da cultura japonesa, outro grupo que mantém essa relação dos personagens com as vestimentas é o SteamPunk. No SteamPunk é denominado steamplay aquele que cria um personagem original, mas existem também aqueles que usam personagens conhecidos com um toque steam, como exemplifica o professor Carlos: um Batman ou uma Mulher Maravilha com roupas de couro, por exemplo, um Homem de Ferro a vapor com placas de cobre, um Lanterna Verde nordestino e assim por diante. Além de professor, Carlos é membro da Loja Paraná do Conselho SteamPunk desde 2008. Ele inclusive

O que é Steampunk?

O termo SteamPunk vem de Steam=vapor e Punk=revolução, ou seja, revolução do vapor. Sub-gênero da ficção científica que pressupõe a vida em um mundo pós-apocalíptico, no qual, no período vitoriano, o vapor desenvolveu-se plenamente e a eletricidade ficou estagnada em seu princípio, com as primeiras lâmpadas e válvulas. Trata-se, nesse sentido, de retro-futurismo. A lei não existe mais, e cada grupo sobrevive como pode. Punk também está associado ao fato do estilo desafiar as convenções sociais por meio da criatividade, pois seus personagens sempre estão afirmando sua individualidade por meio de seu estilo próprio, suas invenções e seus modos racionais de pensar ou de agir. No Brasil o movimento SteamPunk vem crescendo em praticamente todo o território nacional através de “lojas”, na mesma acepção antiga utilizada pelos maçons para associação. No cinema, pode ser exemplificado através de filmes como: A Liga Extraordinária, As Loucas Aventuras de James West, 9 - A Salvação, A Bússola Dourada, SteamBoy (animação), Sucker Punch e o último Mad Max –Estrada da Fúria, que também é uma mistura com DieselPunk. O termo foi cunhado na literatura por K. W. Jeter em 1980, mas o estilo já existia tanto na literatura através de trabalhos de Julio Verne e H. G. Wells, como em séries televisivas como James West, de 1960, onde mísseis e maquinários avançados para a época eram movidos a vapor.

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criou um personagem para divulgar o movimento SteamPunk no Brasil.

“Inicialmente, criei a personagem por conta do visual, percebi que era mais atrativo do que apenas citar o termo SteamPunk, para tentar reunir pessoas que apreciassem o estilo. Como também sou fã de séries de ficção científica que lidam com viajem no tempo, idealizei o Capitão Escarlate, um viajante do tempo (imaginário) que seria um habitante do período vitoriano, que teria sido um dos amantes da Rainha Vitória e que trabalhava para um grupo secreto realizando viagens temporais. É como dar vida a um personagem literário, que agora estou incluindo em histórias de ficção que publico desde o ano 2009”.

além de participar dos eventos e ganhar muitos deles como a melhor cosplay, a relação da Kamila com os personagens tem se tornado cada vez mais intensa.

O docente também contou outras duas experiências recentes com personagens. No ano passado foi ao Picnik Vitoriano em Curitiba vestindo uma fantasia de Karl Marx. Em outro evento foi trajado como Tim Burton, e revelou que muitas pessoas realmente o confundiram com o diretor. Outra apaixonada por personagens é a Kamila Leão, estudante do 4º ano de Química na UEM (Universidade de Maringá). Ela aprecia a cultura japonesa, acompanhando as séries de animes. A paixão da estudante passou dos limites da tela para o mundo ‘real’: ela resolveu vestir suas personagens preferidas. Desde 2013, quando começou a

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praticar cosplay, Kamila participou de nove eventos (evento e personagem, respectivamente): Animeingá 2013, Hatsune Miku; Cosplay Walk, garota marvel; Dream Words (Londrina), Senjougahara; AnimeKai (Arapongas), Ariel (3º lugar); Animeingá 2014, Lala (1º Lugar); Zumbi Walk, Sally Japan; XP 2014, Lala (1º Lugar); Dream Words (Londrina 2015), 1º lugar; Anime Friends (São Paulo), Saber e Black Lady. O mais interessante é que além de participar dos eventos e ganhar muitos deles como a melhor cosplay, a relação da Kamila com os personagens tem se tornado cada vez mais intensa. Recentemente ela passou a confeccionar as próprias fantasias.


“Estou começando!!! Comprei uma máquina reta, então dá pra eu me virar bem. O cosplay da Saber eu fiz inteirinho sozinha, e não é um cosplay fácil! Em um orçamento de última hora queriam me cobrar 400 reais pela mão de obra!!!! Também já fiz a roupa do cosplay da Rider, da Sally [Jack], uma da Miku e uma Luka de natal! Mas o mais difícil foi o da Saber!”. A lista de animes preferidos da estudante é enorme, então ela me contou um pouquinho sobre suas três personagens preferidas para e exemplificar a sua paixão por elas. “A Lala do anime To Love Ru é uns dos meus cosplays preferidos!!! Sempre me achei parecida com ela. Ela é animada, doidinha e um pouco ecchi [sensual] também!!! Ganhei 3 concursos com ela, um

deles foi uma viagem para o Anime Friends. A Saber da série Fate Extra é uma personagem bem diferente da Lala, por ser uma heroína ela é muito séria, mas é linda! Foi um desafio pra mim esse cosplay, pois tive que costurá-lo sozinha! Problemas com cosmaker [risos], mas no fim deu tudo certo. Já a personagem Black Lady de Sailor Moon é a versão má da Chibbi Moon [outra personagem da série Sailor Moon]. Foi muito legal fazer esse cosplay, por ter um ar todo gótico! E também foi a minha primeira vilã [risos]”. Há quem prefira vestir-se apenas socialmente, vestir-se de alguém que admira, vestir-se para a profissão, vestir-se para se esconder, vestir-se para aparecer. E porque não vestir-se com seu melhor personagem? Transformar-se em herói ou vilão por um dia? Para a Kamila, a interação com os outros fãs nos eventos de cosplay compensa todo o trabalho para compor o visual. “Acho que não existe coisa melhor no mundo, é como se você fosse o personagem preferido dessas pessoas!!! Elas pedem pra tirar foto, te elogiam, algumas até se emocionam. No AnimeFriends uma menina quase chorou quando me viu de Black Lady, por ser o anime preferido dela, muito fofa! Cosplay não é fácil nem barato, mas vale muito a pena! Viciante!”.

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Se você quer saber mais sobre esse assunto, tenho algumas sugestões: §

https://www.facebook.com/ usagitachibana/timeline

§

§ Conheça a página de cosplay da Kamila Leão:

Saiba mais sobre o Steampunk no Paraná:

Se quiser começar a assistir animes, não posso deixar de te indicar : Death Note (série completa diponível no Netflix)

http://pr.steampunk.com.br/

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Ilustraçþes: Carlos Magno/ Comic Book

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Do mundo nerd, dois ilustres desconhecidos O especialista em quadrinhos e o adorador dos do Planeta dos Macacos Dizem que é na infância que se descobre o que faremos pelo resto da vida. Nessa fase, descobrimos alguns talentos que temos e declaramos que vamos trabalhar com eles para sempre. Alguns só declaram, de fato, mas outros têm o prazer de planejar e executar. Carlos Magno de Oliveira levou o sonho de infância muito a sério! A brincadeira de desenhar virou mesmo a profissão desse ilustre guarapuavano. E Carlos desenhou depressa! Os primeiros rabiscos vieram já nos primeiros três anos de vida. “Desde muito cedo eu desenhava, enquanto ainda morava em Guarapuava. Óbvio que naquela época eu ainda rabiscava as coisas, mas com o passar dos anos, eu fui aprimorando os traços cada vez mais” Aprimorou tanto que seus ‘rabiscos’ viraram ilustrações de famosas histórias em quadrinhos. Heróis e vilões famosos, que fazem parte da infância de tantas pessoas, inclusive do pró-

prio Carlos, passaram a ganhar forma na ponta do lápis do guarapuavano, que mostrou seu talento para grandes empresas do meio. “Já trabalhei com a Marvel, DC Comics, Moonstone Books, Avatar, IDW Publishing e atualmente, estou na Boom! Studios. Já desenhei o HULK, Surfista prateado, Superman, Lanterna Verde, Fantasma, Sherlock Holmes, Transformers, Robocop e atualmente desenho uma série chamada Lantern CITY”. A prestação de serviços para grandes editoras europeias e americanas não é por acaso. O fato revela um traço do próprio Carlos no ramo e também uma realidade do espaço dos quadrinhos no Brasil. “Nunca me aprofundei na vertente dos quadrinhos brasileiros. Pra falar a verdade, não há tempo pra trabalhar com o quadrinho nacional. Paga-se pouco e é um campo que não é minha especialidade. Mundialmente, eu vejo que os quadrinhos são

Ilustrações: Carlos Magno/ Comic Book

Quem narra: Nádia Moccelin

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como um homem ao mar, lutando pra se agarrar em uma pedra pra respirar um pouco e ver que decisão tomar. Mas ainda há otimismo e isso é o que realmente importa”. E esse otimismo vem também com a visão de uma constante melhoria. “A evolução é diária. A edição que entreguei recentemente à editora é melhor que a anterior e assim por diante. Como diz o grande quadrinhista americano Will Eisner: ‘Se o seu trabalho não estiver melhor a cada dia, você estará em sérios problemas’”. Embora os desenhos tenham despontado de forma descomprometida na infância, atualmente o guarapuavano, que hoje reside em São José dos Pinhais, reforça que a profissão não é

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de brincadeira. Com seu escritório em casa, obedece a uma rotina implacável e produz diariamente duas páginas inteiras, desenhando na forma clássica. “Os meus quadrinhos, como o de vários artistas, ainda são feitos da maneira tradicional: lápis e nanquim. O computador é usado pra digitalizar o trabalho e mandá-lo pra editora. E é só. Muitos pensam que fazer as páginas no computador facilitaria a confecção da página. Mas o computador ainda é apenas outra ferramenta que não vai pensar por você”. Outros dois grandes trabalhos ainda ganham destaque no currículo de Carlos: o super-herói Batman e Planeta dos Macacos. “Desenhei o

Batman em diversas ocasiões, desde a série chamada Supermans Reign até o título do personagem. Planeta dos Macacos foi a minha primeira grande obra que foi sucesso de público e crítica. Fui indicado ao.ao Rando Hatten Award, que atualmente é um respeitado prêmio de cinema. O Batman foi um personagem que tive que desenhar sobre o olhar atento da editora DC Comics. Planeta dos Macacos foi ao contrário. Tive liberdade total e o universo que criamos foi espetacular”. A afinidade com a produção do Planeta dos Macacos, em uma auto avaliação, deu ao trabalho o título de obra-prima pessoal. pessoal o ilustrador.


Saulo Adami O universo de Planeta dos Macacos fascina de forma especial também outra pessoa. Em 1975, aos 10 anos de idade, o jornalista e autor Saulo Adami se encantou pela produção e, anos depois, dedicou a ela grande parte da sua vida profissional. “Meu interesse pelo tema começou quando assisti ‘O Planeta dos Macacos’, de 1968. O filme reuniu meus favoritos: os atores Roddy McDowall e Charlton Heston; a atriz Kim Hunter, com quem mantive correspondência regular de 1997 a 2001; o diretor Franklin Schaffner; e o músico Jerry Goldsmith. Esta paixão rendeu cinco livros: ‘O único humano bom é aquele que está morto!’ [1996], ‘Diários de Hollywood: Um brasileiro no Planeta dos Macacos’ [2008 – português/inglês], ‘Perdidos

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Foto: Rafael Urba

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no Planeta dos Macacos’ [2013, com Angelo Junior], ‘Hollywood: bastidores e segredos do filme O Planeta dos Macacos’ [2015] e ‘Homem não entende nada! Arquivos secretos do Planeta dos Macacos’ [2015]”, conta. O interesse era tanto que as produções literárias não foram o suficiente. A pesquisa e as ações sobre o universo do Planeta dos Macacos gerou outros frutos: exposições, viagens e experiências diversas. “Criei o Cine Clube Postal Planet of the Apes Brazilian Fan Club [1984] e o fãzine ‘Century City News International Edition’ [1985-2000], dedicado à temática. Produzi exposições [‘Saga Planeta dos Macacos 20 anos’, 1988; ‘Macaco por um dia’, 1999; ‘Casa do Macaco’, 2001 e 2015] e participei de convenções nos Estados Unidos [‘Starcon 98’ – Pasadena, CA] e Brasil [‘ApeCon’ – São Paulo, 2000]. Colaborei com livros de outros autores sobre o tema [Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Brasil e Escócia], e em 1999 fui maquiado por Bill Blake em Los Angeles, usando maquiagem e figurinos do principal ator da série, Roddy McDowall. Até hoje, mantenho contato com astros e estrelas que fizeram parte destas produções, e administro a página Apedami Archives na internet”, declara Saulo. Atualmente residindo em Curitiba, o jornalista continua buscando mais e mais sobre essa produção que tanto o encanta. “O Planeta dos Macacos continua sendo uma história intrigante e apaixonante para mim. Meu interesse está na história dos bastidores desta série. Continuo querendo saber como tudo é feito em cinema”, revela. Além do aspecto de produção cinematográfica e dos desenhos em quadrinhos, O Planeta dos Macacos oferece ainda outro meio de fascínio: o universo da ficção científica. E aí, temos não mais um personagem, mas um evento de debate.

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III FCÍRCULO EM

APOIO

Fcirculo Realizado pelo 5o ano consecutivo, o evento ocorre em âmbito universitár io e trás o universo ficcional da ciên imerso nas produções cinematográfic cia, as. “O FCírculo é um campo circular , de conversa, discussão sobre ficção falando sobre de um dos campos ond científica, e ela, talvez, mais convirja, que é o cine ma. A presença da literatura, quadrin todos os campos dos sci fi. A gente gos hos, ta de chamar não de ficção científica, mas de ciência fantástica, acho que mais apropriado. Então o FCirculo é é o termo pra isso, é um lugar de discussão”, declara o organizador Francismar O evento que conta com filmes, deba Formentão. tes e exposições, ocorrerá na primeira semana de novembro, no campus San da Unicentro. Uma das temáticas prin ta Cruz, cipais dessa edição será o clássico cine matográfico que envolve humanos e “Este filme permite uma discussão, por animais. exemplo, do que estamos vendo sobre mudanças genéticas, de aprimorame a nossa origem darwiniana que a gent ntos e até e prefere renegar, ou acreditar e não acreditar. E aí, tudo está em discussã acho que é a pergunta mais legal do o? E aí, FCirculo. E aí?”

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Para acompanhar o trabalhos do ilustre Carlos Magno, visite o comic Book

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Acompanhe as aventuras de Saulo Adami nas produçþes de Planeta dos Macacos


Sr. Nerd & Sra. Nerd convidam para um casamento nada convencional O mundo virtual em virtude de relaçþes reais. Quando o nerd e o amor se encontram

Quem narra: Isabela Lessak

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E

ra uma vez...

Em um game não muito distante vivia a Sra. Bia Oninawa. Bia não era uma super devoradora de games, mas adorava passar um tempo ali. Aliás, era ali, também, que o Sr. Ishiro Oninawa gostava de passar horas e horas. Porém, havia uma longa distância separando os dois. Seria isso uma cilada do destino ou uma verdadeira história de amor? Essa é a história de dois gamers separados por 2082 Km de estrada. Bianca Araújo, a noiva, mora em Vitória, Espírito Santo, e Matheus Escórcio, o noivo, em Teresina, Piauí. Se você ficar preso aos quilômetros logo irá pensar que essa história não poderia acabar muito bem, mas calma. Estamos falando sobre uma história de amor real. A história começou há nove anos em uma plataforma de jogos online, o Ragnarok Online. Bia e Ishiro começaram a jogar juntos e assim transcorreu por um ano. Foi então que perceberam a falta que um fazia ao outro quando não estavam logados. Parece que foi a paixão. Depois de passado esse tempo, Ishiro, 19, terminou a faculdade (sim, um legítimo e inteligente nerd) e re22 bebop

solveu conhecer a Bia, numa viagem superior a 2.000 km. Se conheceram. Ficaram. E, antes de ir embora, Ishiro perguntou: quer namorar comigo? Bia aceitou. “Ele vai embora daqui uma semana. Eu posso namorar com ele, tá tudo bem!”, pensou Bia.

“Quer namorar comigo?” “Sim!”

Só que Bia, não imaginava do que o seu game lover seria capaz. Ishiro chegou em casa, em Teresina, fez as malas e tão logo pode voltou pra Vitória. E assim o destino lhes livrou da longa distância. Depois

de mais três anos namorando, veio o pedido de Ishiro - que revelou-se Matheus - para que fossem morar juntos. Bianca aceitou. Porém, os pais da noiva, muito conservadores, replicaram: “Filha minha só sai de casa casando!”. Senhores, Matheus mudou sua rotina e foi buscar a mudança a 2000 km. Ele não ia desistir. “Ele falou: ‘não por isso’. Foi ao cartório, pegou toda a papelada e casamos em dez dias. Casamos no civil, fizemos uma festinha pequena só para os parentes e fomos morar juntos. Mas combinamos que, passando dez anos, iríamos casar no religioso”, completa Bianca. Agora, casados há seis anos, a casa dos dois é o verdadeiro parque de diversão do casal. Sra. Bia Oni-


nawa e Sr.Ishiro Oninawa são dois nerds assumidos. Porém, cada um em sua praia. Bia é devoradora de livros, já Ishiro é viciado em games. Assim, do jeitinho deles, foram decorando a casa. O sofá com toda a pompa ganhou almofadas de Super-Man e no painel da TV há um Minion gigante. Entre os planos da família, um sonho a ser realizado juntos é ir a Comic Con. “Ia ser como dois pintos no lixo, estaríamos no paraíso do nerd. A gente acompanha de longe, ficamos 24h juntos, um olha e comenta, ‘olha amor essa foto’, ‘esse vídeo vamos ver de novo’, um fica mandando notícia para o outro. Então, se a gente fosse à Comic Con juntos seria surreal de bom”, extravasou Bianca. Outro sonho é conceber o player 3, claro!

A quatro anos da festa, os dois não veem a hora de essa data chegar. Muitos preparativos e ideias a todo vapor. Mas enquanto a data não chega, resolveram – com a insistência dos amigos – contar a história dos dois na internet, para que mais pessoas pudessem se inspirar com o amor dos dois. Foi assim que surgiu o blog ‘Casamento Nerd’. “As pessoas falavam ‘ah, mas vocês casaram e pararam de fazer essas coisas, né?’, mas pelo contrário, temos um espaço no orçamento da casa para jogos e brinquedos que a gente quer; então falaram que deveríamos contar sobre a nossa relação para todo mundo”. No começo era um blog com longos textos sobre o universo nerd e sobre a família. Logo depois veio a

fanpage, com imagens mais diretas com as quais as pessoas se identificavam e já comentavam; agora somam ao grupo o Instagram, com postagens mais pessoais, sobre o casal, a casa, os animais; e também o Youtube, com brincadeiras dos dois. Bianca explica que as pessoas perguntavam muito sobre a vida do casal e por isso resolveram expor a história, foi aí que começaram as postagens mais pessoais e o canal do youtube. Outra curiosidade sobre a página do casal, é que os internautas mandam muitas fotos, sugestões e depoimentos para eles, um desses é o da Paola Mariano, que, ao contrário de Bia e Matheus, já realizou a festança.

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Paola & Gregório

Paola e Gregório se conheceram em um grupo da Igreja. E, à primeira impressão, Gregório disse que ela era “meio retardada”, - parece que é amor mesmo - e um amigo do casal apresentou os dois. Com dois anos de namoro, o noivo levou as alianças até o grupo que participavam, mas pela timidez não conseguiu fazer o pedido em público, preferiu algo menos intimidador. Quem não concorda que o carro é algo bem mais confortável? Paola é fã de vídeo game, jogos online, animes, eventos; já Gregório não vai a eventos, mas gosta de assistir animes. Para realizar a festa, eles tinham um pensamento comum: fugir do comum!

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As primeiras palavras de Paola para a festa foram: “quero um casamento nerd, fora do comum, com uma pegada rock, meio DIY [Do It Yourself, que se traduz como ‘Faça Você Mesmo’], meio romântico e bem descolado”. Pronto, o tema estava resolvido. Eles tiveram um ano para

"Quero um casamento nerd, fora do comum, com uma pegada rock, meio DIY, meio romântico e bem descolado"

preparar tudo, porém não estavam encontrando o lugar certo. Foi aí que quase desistiram. Mas, durante uma visita a um sítio, o local foi escolhido.

Voltando para os preparativos nerds da festa, os padrinhos tinham super-heróis na lapela, Greg ficou com o Goku. A noiva usou All Star e óculos. Sem falar dos carros antigos. “É quem eu sou e não poderíamos ser outras pessoas no nosso dia! Os carros foram o nosso primeiro contrato fechado”, contou Paola. Os convidados foram orientados a não usarem terno nem salto pra que se sentissem mais a vontade e pudessem participar da guerra de balões com água. Isso mesmo, balões com água, ideia de um padrinho e acatada pelos noivos. Teve também convidado querendo entrar no laguinho de cueca.


Para o look do dia, Paola conta que sua preocupação com o vestido era: nada de muito brilho, nem rendas, o que originou um vestido bem leve e super delicado. Além das joias e do cabelo, o All Star colorido deu o ‘tchan’ para o ‘visu’. Já o noivo, a cor foi bordô, sem grandes explicações. E, para quem acha que assim, desse jeito, o casamento já está bem nerd, revelo que eles saíram da Igreja ao som de Dragon Ball Z, isso mesmo. E a valsa? Ganganam Style. Além de Marcelo Jeneci e Clarice Falcão. Com quase dois anos de casados, a casa dos dois tem como tema de decoração o nerd e o cervejeiro, a paixão em comum. “Somos apaixonados por degustar vinhos e cervejas e cuidamos para que cada canto da nossa casa tenha nossas referências”, conta Paola. Para os planos do futuro da família nerd, estão um blog sobre cervejas, viagens pelo mundo e um baby nerd.

O que era sonho se tornou realidade De pouco em pouco a gente foi erguendo o nosso próprio trem Nossa Jerusalém Nosso mundo, nosso carrossel Vai e vem vai E não para nunca mais

ssoal vo pe rques i u q r :a Ma Fotos afa Luiza r g ó t Fo

(Marcelo Jeneci - Pra Sonhar)

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Fotos: arquivo pessoal/ Instagram

“Esse lado nerd não tem como sair da gente, como separar da família porque está na gente. A gente decora a nossa casa com nerdice porque é o que gostamos. Então, quando tiver filhos provavelmente ele vai ter um monte de referência nerd, a gente vai fazer cosplay com ele, com desenho animado porque é o que a gente gosta. Tudo que a gente fizer vai ser nerd!” (Bianca)

E, para essas famílias, muita nerdice, amor e companheirismo.

Conheça o blog: Casamento Nerd, lá você também encontra as outras redes do casal Ouça a música que Paola e Gregório, saíram da igreja

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D R E N O ERDS N S DO Quem narra: Priscila Schran bebop

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Conheça a história de um nerd que sofria bulliyng na escola e se tornou um empresário bem sucedido! Ele é um nerd das antigas, apanhava por ser inteligente, era ligeiramente atrapalhado, vivia na dele e é fã de super heróis. Perdeu os pais ainda pequeno e foi criado pelos seus tios, May e Ben. Tinham uma vida com poucas regalias e precisou trabalhar cedo para ajudar sua tia no sustento da casa, visto que seu tio acabou falecendo.

Um dos seus trabalhos foi como fotógrafo freelancer no Jornal Clarim Diário, em Nova York, e foi lá que ficou frente a frente com o Homem Aranha! aliás, seu envolvimento com heróis é de dar inveja em qualquer um!

Ele é Doutor em Biologia pela Universidade Empire State e já teve a oportunidade de trabalhar no desenvolvimento de tecnologias nas empresas Stark e ainda com outros heróis que só vemos nos quadrinhos! Confira na íntegra a entrevista que a equipe do Bebop fez com Peter Benjamin Parker:

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BEBOP: Sr. Parker, você já trabalhou como ajudante de laboratório, fotógrafo do Clarim Diário, professor de ensino médio e faculdade, fotógrafo do Linha de Frente, cientista dos Laboratórios Horizonte e hoje como empresário e cientista em sua própria indústria de Tecnologia. Poderia nos contar um pouco dessa sua trajetória e do seu interesse por tecnologia?

Peter Parker: Bom, desde criança eu tive afinidade com ciência e tecnologia. Meus pais eram cientistas e morreram em um acidente de avião. Acabei adquirindo o gosto deles para essas coisas. Os trabalhos como fotógrafo para o Clarim Diário surgiram na adolescência quando eu precisava de dinheiro para pagar as contas de casa e ajudar minha tia May que me criou, mas sempre fui um aluno aplicado no ensino médio e na faculdade. Depois de trabalhar como fotógrafo do Jornal Linha de Frente a convite do Joe Robertson que foi meu editor no Clarím eu comecei a dar aula na Universidade Empire State e me destaquei na área de tecnologia e fui convidado para trabalhar nos Laboratórios Horizonte, com o fechamento do Horizonte eu acabei investindo um dinheiro de algumas invenções e montando uma sociedade para montar as Indústrias Parker. É isso, eu acho [risinho sem graça – Parker está um tanto quanto desconcertado, ele é relativamente tímido].

Bebop: Foi essa tecnologia que lhe aproximou de outros super heróis como o Homem de Ferro e o doutor Reed Richards, do Quarteto Fantástico. Como foi trabalhar com seus ídolos?

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Peter Parker: Ah sim, tinha me esquecido de comentar a respeito desse trabalho. Foi antes da Guerra Civil, eu conheci o Antony Stark e após minha casa ter sofrido um atentado (é, explodiram ela, pois achavam que eu estava associado aos super-heróis) fui convidado por ele pra trabalhar nas Indústrias Stark (não é de Game of Thrones, juro – Solta uma piada nervosa) e ajudei os Vingadores e principalmente o Homem de Ferro em soluções Tecnológicas. Mas já trabalhei junto também com o Doutor Richards no edifício Backster o qual também foi meu mentor em áreas da educação acadêmica. Ele é realmente o Senhor Fantástico.

Parker: Nerd, Geek, CDF, o termo foi mudando com o tempo, mas sim, eu era o Nerdão que apanhava na escola todo o dia, era jogado na lata do lixo e foi assim por muito tempo. No fim das contas a maioria dos caras que me sacaneava na época de colégio acabou se tornando um bons amigos. Mas eu sempre fui muito estudioso, muito esforçado. Além de eu estudar bastante e gostar eu me dedicava para dar orgulho para minha tia que me criou praticamente sozinho após meu tio Ben Parker ser morto em um assalto. Então se você for dedicado, for empenhado, for muito estudioso e for considerado Nerd, bom, eu sou Nerd com muito orgulho.

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Bebop: Sr. Parker, o senhor se considera um Nerd?


Bebop: Na sua opinião, é mais fácil ser Nerd agora do que antigamente, considerando sua adolescência?

Peter Parker: Ah sim, hoje em dia as pessoas tem cuidado mais com bullyng e violência para com os nerds. Tem muito filme de super-herói saindo, as pessoas lêem mais ficção científica, quadrinhos e outras coisas que são consideradas nerds. Cada dia há mais “adeptos” a isso e quem não gosta muito acaba meio que se acostumando. Ser Nerd é bem mais fácil hoje em dia.

Bebop: O senhor acha que é mais fácil salvar vidas com a tecnologia ou sendo um super-herói, como seu amigo Homem Aranha?

Peter Parker: Então, já me envolvi em muitas coisas por causa dele. Aliás, muita tecnologia que eu criei foi por inspiração nesse herói, sim, por mais que O J.J. Jameson falasse no Clarim Diário, eu considero o Aranha um herói. Mas eu vejo que salvar vidas é salvar vidas, não importa se com tecnologia ou super poderes, o que importa é fazer o certo e salvar vidas.

Bebop: Sr. Parker, não podemos deixar de perguntar sobre a sua relação com o Homem Aranha. Quando você ainda trabalhava no Clarim Diário conseguiu registrar fotos incríveis do Homem Aranha em ação. Como era a sua relação com ele? E na sua opinião, ele era herói ou vilão?

Parker: Como eu falei acima, ele sempre foi pintado como vilão por usar máscara e o J. Jonah Jameson, que é o ex-editor do Jornal Clarim Diário e ex-prefeito de Nova Iorque, vivia incitando a prisão dele, declarando ele como inimigo público. Eu não concordo, e sei de várias pessoas que não concordo como os Vingadores por exemplo. Fotografo-o desde adolescente e ele sempre ajudou as pessoas, acabamos fazendo amizade e por algum tempo eu até forneci algumas tecnologias para ajudá-lo no combate ao crime. Mas algumas pessoas sempre entendem errado. Foi aí que aconteceu àquele incidente

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da minha casa ser explodida, mas eu não desisto e nem me intimido não e sei que ele (o Aranha) não desiste também. A verdade é que ele leva a sério algo que meu tio sempre disse pra mim e que eu levo como lema de vida: “Grandes poderes, trazem grandes responsabilidades”. Isso é comigo como cientista e sei que ele refletiu muito quando falei esse lema para ele e faz seu trabalho pensando sempre nele.

Bebop: O editor chefe do Clarím utilizava suas fotos para depreciar a imagem do Homem Aranha como um criminoso. A opinião do seu chefe influenciou de alguma forma o seu relacionamento com o herói?

Peter Parker: No começo você fica meio com medo, mas ele já salvou a mim e minha família mais vezes do que nos colocou em enrascada. É perigoso se associar à super-heróis e ajudá-los, pois sabemos que eles fazem muitos inimigos, eu sempre temi em minha ligação com ele pela minha família, que é tudo pra mim. Mas muita coisa ligou a gente de formas inimagináveis, como por exemplo, o pai de meu melhor amigo, Harry Osborn ser um dos piores inimigos do HomemAranha, o duende verde, ou, por exemplo, o Doutor Octavius, conhecido como Octopus, ter sido noivo de minha tia. O Jameson não me influenciou nunca, sei que o Aranha tem caráter e sei também que podemos confiar nele.

Bebop: Sei que você tem admiração por vários heróis, mas com relação ao Homem Aranha você também tem essa admiração?

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Parker: Como eu falava antes, eu confio nele, em vários momentos ele se mostrou íntegro, parece até que eu estou fazendo propaganda dele, não é verdade. Conheci heróis grandiosos que ainda hoje os admiro muito. Entre eles o Reed Richards que é um cientista brilhante, o Stark que é muito inteligente e as vezes meio egocêntrico (espero que ele não leia) e claro, o cara que mais admiro de todos, o Capitão América. Se o Aranha anda com eles, e eu admiro em todos eles, e ele é digno de confiança para eles, por que motivo eu não deveria acreditar?


PARA A ENTREVISTA COM O PETER PARKER CONTAMOS COM A CONTRIBUIÇÃO DO JORNALISTA COLECIONADOR DE quadrinhos E hotwheels, Movido a cafeína, viciado em cinema e fotografia, louco por novas tecnologias, apaixonado por comida japonesa E NERD, RONY SANTOS. RONY É JORNALISTA FORMADO NA UNIVEL, TRABALHA NA ASSESSORIA DE IMPRENSA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE CASCAVEL E ACOMPANHA OS HQS DO HOMEM ARANHA DESDE 1995.

A R I F CON

ACOMPANHE O HQ DO ESPETACULAR HOMEM ARANHA V3 LANÇADO EM 2014

RELEMBRE O HQ DO ESPETACULAR HOMEM ARANHA LANÇADO EM 1963

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rsa e v n o c Uma com um s i a m s o d es t n a t r o imp de s a t s i r i rote o d s o h n i quadr Brasil

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Gian Danton é professor da Universidade Federal do Amapá E DOUTORANDO EM ARTE E CULTURA VISUAL. tAMBÉM É escritor, roteirista e ilustrador de HistóriaS em Quadrinhos. Começou a produzir HQs na década de 90, período EM que fez UMA FAMOSA parceria com o desenhista Joe Bennett. Teve trabalhos publicados dentro e fora do país, e entre eles está o revolucionário quadrinho de terror Manticore. aTUALMENTE, ENTRE MUITAS atividades, danton participa do Comics Zone (evento que aproxima profissionais, público e colaboradores interessados em HQs), por isso Guarapuava entrou no seu roteiro de viageNS. ANTES DE MINISTRAR SEU DISPUTADO CURSO DE ROTEIRO, danton CONVERSOU COM O BEBOP. cONFIRA COMO FOI O BATE-BAPO:

BEBOP – Caro Danton, Manticore é um quadrinho de terror que remonta o início dos anos 90, e ainda é apontado como uma das melhores e mais importantes produções em quadrinhos do Brasil. Na sua opinião, como roteirista desse trabalho premiado, o que mantém Manticore como referência? E como seria produzí-lo nos dias de hoje? DANTON - Manticore é um dos trabalhos que tenho mais orgulho. Começou como um caça-níqueis, mas conseguimos convencer o editor a transformar numa história de ficção-científica. Acho que o impacto na época foi por dois fatores e ambos relacionados à época em que ela foi lançado. Vivíamos os anos Image, com roteiros rasos e cores de computador. A Manticore trouxe uma proposta de roteiro bem mais complexa, inclusive em termos de personagens tridimensionais (o detetive que não acredita no chupa-cabras é um ótimo exemplo). Além disso, as cores pintadas,

que era algo completamente diferente do que se fazia na época. Hoje, depois do sucesso de quadrinhos como Marvels e Reino do amanhã não sei se esse impacto seria tão grande. BEBOP – O roteirista é sempre fundamental, porém, no Brasil, ele parece ocupar um segundo plano no processo criativo, enquanto que em outros países é um profissional de destaque. A que fatores poderíamos associar essa situação? E quais as consequências dessa desvalorização? DANTON - De fato, o roteirista tem muito pouco valor no Brasil. No caso dos quadrinhos, principalmente pelo fato de que os editores na grande maioria das vezes avaliavam apenas os desenhos na hora de publicar uma história. Se o desenho estivesse bom, publicava, por pior que fosse o roteiro, ou até mesmo se o roteiro fosse ininteligível. Então, claro, os desenhistas aprovei-

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tavam para ganhar também a parte do roteiro. Além disso, quando o projeto era autoral, a maioria preferia escrever seus próprios roteiros. Em decorrência disso, no Brasil, todo desenhista é considerado roteirista, por pior que seja seu texto. Então, virtualmente, todo mundo que faz quadrinhos no Brasil é roteirista, o que provoca desvalorização daqueles que são roteiristas de fato. Nos EUA, por exemplo, não é assim. Só desenhistas que escrevem muito bem, como Frank Miller e Jim Starlin se tornam roteiristas. A consequência é o baixo nível de roteiro nos quadrinhos nacionais. BEBOP – O mercado brasileiro é, conhecidamente, difícil para os quadrinhos nacionais, apesar de ter mudado muito nos últimos anos. Ou seja, continua ruim, mas agora de forma diferente. Que ações poderiam colaborar com esse cenário? DANTON - Hoje o mercado é completamente diferente, com uma grande quantidade de quadrinhos sendo publicados em pequenas tiragens. Mudou a forma, mas continuam as dificuldades. Gostaria de ter uma bola de cristal para saber responder a isso. BEBOP – Construir um bom personagem é um grande desafio. Existem alguns passos simples que roteiristas iniciantes poderiam seguir com o intuito de desenvolver bons personagens para histórias em quadrinhos? Existem diferenças no processo de construção de personagens para HQ e para o cinema e literatura? DANTON - Sem dúvida. Bons personagens são o início de qualquer história. Não há uma fórmula para criação de personagens, mas uma grande dica é saber observar as pessoas. Todo dia você se depara com centenas de personagens na rua, no ônibus. Um roteirista precisa saber observar tanto quanto um desenhista. Não vejo muita diferença na criação dos personagens 36 bebop

na relação com o meio. A diferença maior vai ser na forma de contar a história. BEBOP – Entre seus vários projetos, o senhor colabora também com sátiras da revista MAD. Poderia comentar esse trabalho e sobre como é lidar com as maluquices da revista? DANTON - Eu colaborei com a MAD por mais de um ano e foi a realização de um sonho de infância, já que eu era muito fã da revista desde pequeno. No começo, o editor, Raphael Fernandes, duvidou que eu conseguisse escrever humor, já que sou mais conhecido pelo terror. Mas acabei pegando bem o estilo da revista e até escrevi um texto que depois o Raphael usava com futuros roteiristas intitulado “Como escrever para a MAD”. Existem uma série de técnicas, como cada quadrinhos conter uma piada, mas o básico é: seja maluco. Pense na proposta mais maluca que conseguir imaginar como abordagem para o assunto. Foi o meu caso na minha HQ de estreia, em que coloque o Big Brother acontecendo num barraco numa favela. BEBOP – Colecionadores e fãs de histórias em quadrinhos em geral ficam apreensivos quando surgem adaptações para o cinema. Na sua opinião, que exemplos positivos e negatívos teríamos de adaptações? O que costumam acertar e errar? DANTON - Eu acho que o ideal é ser fiel ao espírito dos quadrinhos. Isso não significa que tudo tem que ser como os quadrinhos. O Bem Urich dos quadrinhos do Demolidor é branco e o da série era negro e funcionou bem. Mas foram fiéis ao personagem. Fidelidade à série é entender sobre o que ela é e respeitar isso, respeitar os personagens, a mitologia. BEBOP – Existe algum livro que o senhor gostaria de adaptar para o universo dos qua-


drinhos ou mesmo já se deparou com alguma cena num quadrinho em que pensou: “eu queria ter feito feito essa!”? DANTON - Vou responder as duas em uma só: Neonomicon. Quando li, pensei: putz, o Moore fez uma adaptação perfeita da obra do Lovecraft. Queria escrever algo com aquela força. Quem não gostou é porque provavelmente não entendeu. BEBOP – O senhor fará uma oficina de roteiros em Guarapuava. Já esteve por aqui ou ouviu alguma coisa sobre nossa cidade? DANTON - Sim, minha irmã mora em Guarapuava e já fui visita-la. Gostei muito da cidade. BEBOP – Considerando toda sua trajetória no cenário dos quadrinhos, e até mesmo considerando o público que tem comparecido às suas oficinas e palestras, o que o senhor tem notado em termos de desenvolvimento desse universo? Podemos prever alguma coisa do futuro dos quadrinhos? DANTON - Olha, falando especificamente sobre eventos como esse de Guarapuava, espero que seja um pontapé inicial para muita coisa. Recentemente fui convidado de um evento no Pará, e lá encontrei muita gente que foi meu aluno em oficinas. Aliás, o movimento de quadrinhos em Belém surgiu de uma oficina que eu e o compadre Joe Bennett ministramos em 1991. É bom ver que as sementes deram belos frutos. FIM.

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Batman vs Coringa o in铆cio, em Guarapuava escreva sua hist贸ria! 38 bebop


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Batman vs Coringa

o BEBOP AGRADECE ESPECIALMENTE AOS IRMÃOS VICTOR MATEUS (batman) E PEDRO GABRIEL GUBERT TEO (coringa) POR TEREM PARTICIPADO DO PROJETO. Também agradecemos a fundamental colaboração do fotógrafo João gustavo cararo. COORDENADOR GERAL ANDERSON A. COSTA EQUIPE CAIO BUDEL ISABELA LESSAK NAIARA PERSEGONA NÁDIA MOCcELIN PRISCILA SCHRAn

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AGRADECIMENTOS cINDERELA LOCAÇÃO DE ROUPAS REDE SUPER PÃO CAFÉ DA QUINZE rEGINA PAPELARIA ACADEMIA kORPUS+ cENTRO DE ARTES DE GUARAPUAVA SERVIDORES DO TERMINAL DE ÔNIBUS DE GUARAPUAVA

IMAGENS jOÃO GUSTAVO CARARO iSABELA lESSAK pRISCILA sCHRAn aNDERSON cOSTA APOIO CAIO BUDEL NAIARA PERSEGONA NÁDIA MOCcELIN


Imagem: Priscila Schran

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Imagem: Priscila Schran

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