Bebop 03 2016 - Ano 3

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BEBOP


o... Quem um mesquinh m ape, e do nega m fo enta nto quan ha de s n re re u gea p , v o a re ro tã u s é é Toda igo, bém pão-d você ? m , m s a e a e u ta c õ q m a ê iç v U c n m o e ? fi e sv nto ntar, ias s de Mão d ando, ma o. E há aqueles d um avare r nada? Mas enhora se g ma dessa s e e u c h la lg e c e a h u n q o iu a c ç v po cê é bra ara nunca ou areza. Quem não na rua, vo s re a mão m quer. Todo iso, um a você dá o lugar p o b rr a ig o d s o n ã e v n a m da m o que gué nas uma: so, quand pra comida para u uém, quando tira to eo, ou ições nin moso tio ã n ro ç fi fa e e ra n o d o , c s a te e s ocê com po a alg , o bom d um paren ido por uma des vai se aqu quando v ando doa seu tem á a quem ec ra o nobre o. d a h n p e o , o c o s duas ri d re u á q ra r se ssim? neros o qual da do arm eroso bom g a e d n s g n e r a m e g a d o o c ic lh : fa if o a a o s c rt s s lh m e la upas mos e mundo o o mão ab nha ir e nos c aquelas ro . E dia após dia, va ole, para em sua li nos divid s m a le o rd p e pesã o ç s b im a la ra s e o c istórias d te ano onden h r com e é tão s p e r u e s c a q e e tr r. u rr rá n e q o e o s c s c l, não os en nta des Mas sabe você O idade. tades vam a seguir, você irá experime sete virtu s m e l s e ro a m a u e q e rn n , e jo is ê g , a c o? as vo da apit O Bebop Nas págin sas como delas, não é mesm avareza e lhe escrever, é pecados c ro a e te d n e r e s g s ta o e a l s a editoria antes de ição irá tr s da avarenta m algum , nesta ed o, meu caro leitor, osas duas metade - soas cando co eite bem a leitura. s fi le ti e n e a id s e e te and fam acaba s r é: aprov ou só gen tava pens ta virtude, são as sta a dize avarento a re ó O que es lt s s e a e s é m s e e m re o u é b q u o pecad seja, ning mais se s que este carne, ou o dos dois, e o que e a h n u , laranja um pouc ando de. a um tem o usa, qu o priorida ã n m o e c u s q o s roso. Cad cê é em pa ue escolh stinho, vo uarda rou é aquilo q varento quando g ra aproveitar o re eiro, quandente pa star dinh Você é a pasta de ra não ga o o vizinho está a e p d r o e b m tu o d abre o eixa de c olo quan quando d rma de b fo la e u avarento q a guardar do corre

Para você avarento e generoso de plantão

rade

And Por Pamela

Quem fez a ? a p a c a s s o n

RICARDO ZOLINGER ZANIN é um desenhista, pintor e grafiteiro. Aos 34 anos, é graduado em Filosofia pela Unicentro e mestrando em Comunicação pela UEL. Também já trabalhou como ilustrador e sempre teve o gosto por desenho, desde a infância. Para a capa desta terceira edição do Bebop, Ricardo mostrou todo o seu talento e nos presenteou com uma de suas obras. Utilizando as chaves como figura principal em seu desenho, por elas serem símbolo de avareza, conseguiu expressar assim seu conceito. “Gosto de imagens que se ‘movimentam’, que se debatem, figuras valentes, arte braba”. Valeu, Ricardo!

<<< esse cara! Ricardo Zolinger Zanin PROFESSOR ORIENTADOR: Anderson A. Costa EDITORA DA EDIÇÃO BEBOP ED 03 - 2016: Pamela Andrade AGRADECIMENTO ILUSTRAÇÃO CAPA: Ricardo Zolinger Zanin

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NARRADORES: Amanda Bastos Maciel Amanda Gollo Bortolini Amanda Padilha Pieta André Justus Diana Pretto Elisandra Carraro Gabriel Aquino Luísa Araújo Urbano Ulisses Zinhoni Pamela Andrade

O Bebop é um jornal experimental produzido pelos alunos da turma B do 4o ano de Comunicação Social (Jornalismo) da Unicentro. A finalidade desse material é informativa, educacional e cultural. Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da Unicentro.

Este produto experimental é impresso e distribuído pelo jornal Correio do Cidadão, em parceria firmada com a Unicentro. Nós, da equipe do Bebop, registramos nosso agradecimento por todo o apoio recebido, tanto da reitoria da Universidade, quanto da diretoria deste veículo de comunicação. Muito obrigado!


Flor e s deplástico Por Pamela Andrade

Ela não aguentava mais ficar ali naquele quartinho, cheirando a poeira. Ela não aguentava mais ouvir os roncos que vinham da cama próxima da parede, muito menos os gemidos e reclamações que vinham da cama do meio. Ali sentada numa cadeira, de frente para seu tio, só pensava nas horas de serviço que seriam descontadas no fim do mês. Ela não podia perder aquelas horas. Precisava daquele dinheiro, precisava guardar na sua poupança, que era para eventuais emergências, mas que nunca fora tocada, nem para retirar um centavo, sequer para pagar o quarto recomendado pelo médico para o tio, um quarto onde ele poderia descansar sozinho. Ela não podia perder aquelas horas, mas mesmo assim, ali estava ela, sentada em uma cadeira dura, olhando o velho tio, pele e ossos, o câncer no estômago o havia consumido. Achava um desperdício o tio ficar no hospital, afinal, se não havia mais chances para cura, para que sofrer ali se podia morrer tranquilamente em casa? Porque ter que fazer ela gastar dinheiro com um quarto, onde ela tinha que, não só ver o tio definhar, mas ouvir os roncos e gemidos de outros velhos moribundos. Não que ela não amasse o tio, pelo contrário, de tanto amá-lo sempre seguiu à fio todos seus ensinamentos, e ali vendo seu fim, não queria decepcioná-lo, o tio que fora como pai, não queria deixar do maior ensinamento de

morrem não

todos: economizar cada centavo que puder. Levantando-se para ajeitar melhor o travesseiro do tio, não pode deixar de sorrir, lembrou da primeira vez em que lhe falara da importância de economizar. Ela tinha sete anos, foi um mês depois do acidente do seus pais, Márcia queria comprar flores para levar na sua visita as lápides. O tio apenas lhe disse: Para que comprar flores? Flores não significam nada, eles já estão mortos, onde já se viu comprar coisas para gente morta? Se quiser, pegue do quintal da vizinha. E aquela foi sua primeira lição, dizem que a primeira vez a gente nunca esquece, e como poderia ser diferente? E depois da primeira vez, vem sempre a segun-

da, a terceira, a quarta, até que você para de contar e já não sabe mais quando aquilo começou a fazer parte da sua vida tão naturalmente, tão intrinsecamente, que você já não sabe mais quando aquele sentimento começou a fazer parte de você, quando ele começou a te definir. Semanas depois, Márcia estava sentada observando o tio, com o rosto sereno, mas com as marcas e rugas de quem passou a vida inteira sem sorrir muito. E foi vendo o tio ali, naquele caixão preto, sem flores, que começou a pensar nas rugas que já tinha em seu próprio rosto. Todas elas, por preocupação demais, preocupação em ter dinheiro para guardar na sua poupança. Dias mais tarde, quando foi limpar a casa do tio e separar seus pertences, viu todo o bem acumulado, que agora não servia para nada. Viu todos os cacarecos do tio sendo levados para doação, uma parte pequena, já que a maioria foi direto para o lixo. Cada objeto jogado no lixo, era uma certeza jogada junto, no fim, só restou uma: não queria terminar como o tio. Márcia passou no banco, sacou um pouco do dinheiro da conta, não muito, era uma sensação estranha pegar o dinheiro, como se aquilo fosse sagrado demais para tocar, para fazer algo com ele. Ela comprou flores e foi fazer a visita mais importante da sua vida, aquela que demorou 24 anos para ir.

Renascer por Nelson Alexandre

Já havia matado. Com crueldade e amor. O amor dos cruéis. A Partir do momento em que a conheceu, esse amor, o dos cruéis, diminuiu como o tempo sarcástico dos relógios antigos de parede. Olhou por mais de uma hora para a faca, velha companheira, e para o longo cabelo daquela que escolhera para matar com o amor dos cruéis. Olhou para o pulso e do coração veio à veia o tilintar da indecisão. Ela percebeu sua inquietude enquanto preparava o almoço, de costas para ele, e, ao se virar, notou no rosto dele uma paralisia que jamais vira antes. Mas eles se conheciam há pouco tempo, então, ela deixou passar essa expressão facial que mais parecia a gélida massa corrida descascada da parede. Levantou-se do sofá e saiu

alegando que não demoraria. Cigarros. Mas fumava muito pouco. Na verdade, quase nada. E realmente o tempo foi mínimo. Retornou segurando um maço de cigarros e frutas para a salada. Ela os aceitou como se fosse um pedido de casamento, e, novamente, deu as costas para preparar, agora, a salada de frutas para depois do almoço. Ele, subitamente, sentiu o tilintar vindo do coração mais uma vez subir por sua artéria principal. Mas ele sairia novamente alegando o quê? A sinestesia maléfica vinda desde o útero arrombado por um fórceps invasor, fez com que ele sentisse o seu próprio choro por dentro. A rejeição. A violência gerada por mãos e palavras. Sem perceber, ela, de costas, não podia acompanhar toda a viuvez que ele proporcionou à bela

noiva ocupada em cozinhar para ambos, algo que satisfizesse seus estômagos e corações. Mas ali, logo à suas costas, a noiva não pode ver ou ouvir a cascata de sangue jorrando pelo chão. Parecia mesmo que o tempo e o trabalho, em conluio com as pequenas frutas vermelhas, a deixaram surda por alguns instantes. Só alguns segundos mais tarde ela descobriria a verdade. Caído no chão da sala, o corpo dele se debatia, sem parar, acompanhado por um rio rubro que chegava até à porta do banheiro, à mercê do olhar estupefato da linda garota. Ele, enfim, havia deixado o casulo de lagarta, e de certa forma, se transmutara em algo melhor do que era quando nascera. Ele representava para ela, agora, a metáfora concreta do seu libertador.

NELSON ALEXANDRE nasceu em Maringá – Paraná. É autor de PARIDOS E REJEITADOS (Contos, 2012) e POEMAS PARA QUEM NÃO ME QUER (Poesia, 2013) ambos publicados pela editora Multifoco – RJ. Em 2005 recebeu menção honrosa no prestigiado Concurso de Contos Newton Sampaio, onde viu seu trabalho ser publicado pela primeira vez em uma coletânea. Faz parte da coletânea: 101 Poetas Paranaenses publicada pela Biblioteca Pública do Paraná em 2014. Teve textos publicados pelas revistas: Literacia, Outras Palavras, Flores do Mal, Germina e Diversos Afins. Jornais: Rascunho, O Duque e O Diário. É graduado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá. 3


AVAREZA POR NECESSIDADE Thais Cristine 20 ANOS. BRASILIENSE. ESTUDANTE DO ÚLTIMO SEMESTRE DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR EM BRASÍLIA. HOSTESS DE UM HOTEL. GUARDOU TODO O SEU SALÁRIO PARA CONSEGUIR FAZER INTERCÂMBIO NO MÉXICO.

VOCÊ COSTUMAVA GUARDAR DINHEIRO QUANDO ERA CRIANÇA? Eu não tinha tanto acesso assim a dinheiro. Não me considero pobre, mas meus pais também nunca foram de deixar dinheiro comigo ou com meus irmãos. Eu lembro que quando tinha seis ou sete anos, eu e meu irmão guardamos uns 200 reais em moedas ao longo de um ano. Comecei a ganhar mesada mais tarde, mas era no seguinte sistema, meus pais depositavam em uma poupança o valor todo mês e eu tinha acesso no final do ano pra comprar meu presente de natal. Me inspirei nos meus pais. A gente nunca passou fome, mas também nunca fomos ricos. Meus pais conseguiram se manter no azul e comprar os bens deles, casa e carros, porque controlam muito bem os próprios gastos. Coisas como comer fora sempre foram luxo para mim. Não porque eles não tinham o dinheiro, mas porque consideravam um desperdício gastar tanto em comida genérica de shopping, só pelo hábito, não porque estava com fome nem nada. Meus pais e tios, em geral, são bem controlados com dinheiro. O QUE TE LEVOU A GUARDAR DINHEIRO? Meus pais sempre me ensinaram a pensar muito bem sobre onde estava colocando meu dinheiro e investir em coisas que me fossem mais úteis em longo prazo, então economizar já me era um pensamento natural. Eu ganhei uma bolsa de intercâmbio ano passado, mas ela só cobria parte dos meus custos no exterior, então sabia que tinha que economizar o máximo possível aqui. Arranjei um estágio, que 4

Entrevista e diagramação: LUISA URBANO | ANDRÉ JUSTUS Fotos: Arquivo Pessoal

THAIS ESTUDOU NA UNIVERSIDAD AUTONOMA DE GUADALAJARA

pagava muito mal por sinal, e economizava meu salário inteiro, consumindo só o dinheiro da passagem. COMO ISSO TE MUDOU? Eu já tinha o costume de ser econômica e, depois da experiência de economizar por um ano, se tornou muito mais fácil guardar o dinheiro. Além disso, a experiência de ficar seis meses longe dos meus pais tendo orçamento certo todo mês e sem a possibilidade de trabalhar pra conseguir mais dinheiro me mudaram bastante também. Já sabia guardar dinheiro com poupança, e então aprendi a economizar nos gastos também. E, sim, penso muito antes de comprar qualquer coisa. O QUE SEUS AMIGOS ACHAM DISSO? A maioria diz admirar por não conseguir fazer

o mesmo. E sempre digo pra eles que nada ensina melhor que a necessidade e um objetivo. NA SUA OPINIÃO, QUAL O LADO POSITIVO E NEGATIVO DA AVAREZA? O positivo é que é possível investir em sonhos maiores do que em um fast food. Deixar de comer fora e levar uma marmita para o trabalho todo santo dia foi um dos pequenos sacrifícios que possibilitaram que eu tivesse a experiência mais incrível da minha vida. Poderia ter sido à entrada de um carro ou um apartamento, no meu caso, foi um intercâmbio. Pelo lado negativo, economizar muito pode gerar e alimentar a avareza. Cheguei a um ponto da minha viagem que tinha grana, mas não queria gastar. Pra ter uma noção, eu fui com o orçamento de 500 reais por mês pra gastar em lazer, rende mais lá porque a moeda é mais desvalorizada, e, ainda assim, consegui voltar pro Brasil com quase mil reais, tudo por ‘dó’ de gastar. Deixei de viajar, comprar coisas que eu queria e conhecer lugares por besteira. Eu já tinha economizado o dinheiro pra gastar lá, mas acabei me apegando tanto, que na hora de gastar foi muito difícil. VOCÊ CONSIDERA A AVAREZA UM PECADO? Já fui religiosa, mas não, não considero um pecado, nem quando estava na religião, pra mim sempre foi mais uma questão de segurança mesmo. Se você guarda hoje, sempre vai ter amanhã. Na maioria das vezes essa lição se provou certa, mas minha viagem também me ensinou que o dinheiro tem que ser guardado.


A igreja é avarenta? MATÉRIA: ELISANDRA CARRARO Sete horas da noite de uma quinta-feira, o culto está prestes a começar. Seja bem vinda à casa do senhor! Diz a senhora que me recebe na porta. As pessoas são receptivas, e os homens, ao menos a maioria deles, vestem calça social, camisa e blazer. As mulheres usam saia abaixo do joelho, e todas tem cabelos longos. No centro, um rapaz jovem, ministra cânticos para a assembleia presente, o salão está cheio e há pessoas de diversas idades. Sete e vinte, a música de louvor é interrompida, e um fundo musical suave começa a tocar. Outro homem, desta vez bem mais velho, pega o microfone e se dirige a frente, com voz tranquila e serena, como quem deseja acalmar os fiéis, profere tais palavras: “Hoje o senhor vai mudar a sua vida irmão, mas, para isso, você precisa estar inteiro aqui, se doe, abra o seu coração”. A banda começa a cantar hinos, que trazem em si palavras de vitória, que o senhor vai reerguer o seu povo, e lhe conceder tesouros. As músicas são bonitas, fico emocionada, sinto uma grande energia no local. O culto segue, o pastor faz uma reflexão a partir de uma passagem bíblica, e dialoga com os fiéis. Há um senhor sentado a minha esquerda, aparenta uns sessenta anos. Ouve com atenção o que o pastor diz, quase nem pisca, sacode a cabeça concordando com o discurso.

Historicamente a igreja e o dinheiro estiveram relacionados. Entenda como isso fez da igreja uma instituição poderosa

Chega então o momento das ofertas. As pessoas estão sentadas, há um cântico sendo entoado pelo coral e, de repente, entram crianças vestidas de túnicas brancas, elas distribuem cestas entre a plateia, e todos colocam dinheiro dentro do cestinho. A cesta vai passando, até que chega a mim. Eu não ia colocar nada, até porque tinha apenas cinco reais na bolsa. Quando eu seguro a cesta e não deposito o dinheiro, duas senhoras que estão na minha frente, lançam um olhar de estranhamento sobre mim, me sinto constrangida, e então coloco os cinco reais dentro da cesta. O pastor grita lá na frente: “É para os obreiros do senhor, é para a casa do senhor, ele vai te restituir”. Domingo, nove da manhã, estou em uma comunidade católica da cidade. Na porta, alguns coroinhas aguardando a chegada do Padre e, ao lado, uma mesa com uma urna de intenções. O rito da celebração começa. Entram os coroinhas carregando uma cruz, em seguida, os leitores e ministros da eucaristia, e, atrás, o Sacerdote. O rito segue até a hora do ‘ofertório’. Este domingo é o chamado “Domingo do Dízimo”. Neste dia, os fiéis, levam consigo um envelope confeccionado especialmente para a entrega da oferta. O Padre faz uma oração espontânea muito bonita, dizendo para agradecermos por

tudo o que temos em nossa vida, nos fazendo pensar em cada coisa boa que Deus nos deu, e do quanto precisamos ser generosos com o próximo. Na sequência, as pessoas erguem os envelopes, e um mar de mãos se forma, é tanto envelope que não se pode ver o altar lá na frente. O Padre abençoa os envelopes com dinheiro, e os fiéis seguem em filas até o altar, onde estão crianças segurando cestas. Dízimo vem do hebraico: “maaser”, que significa “oferta”; ou tsedacá, chamada de “justiça”, e surgiu no tempo de Abraão. A palavra Dízimo é encontrada pela primeira vez na Bíblia em Gênesis, capítulo 14, versículo 20, e diz respeito a uma atitude voluntária de Abraão, quando depois de uma guerra ofereceu a um sacerdote chamado Melquisedeque, parte das suas colheitas/ceifas como forma de agradecimento. Esse fato fica mais claro em Hebreus, capítulo 7, versículo 5. Segundo a ordem levitica, dízimo era dado exclusivamente aos levitas, porque dentre as 12 tribos de Israel, a mais pobre era a tribo de Levi, então as tribos mais prósperas deveriam repartir mantimentos com a tribo menos favorecida, justamente porque elas tinham colheitas em abundância e não necessitavam de tantos mantimentos, guardar tudo para elas mesmas significaria acumular tesouro, o que é termi5


ENVELOPES DO DÍZIMO ENTREGUES AOS FIÉIS

nantemente proibido por Deus; a tribo de Levi, por sua vez, também ofertava as viúvas, órfãos e necessitados (1 Cr 15:2) (b 7.5), (Hb 7.11). Jacó, neto de Abraão, também comprometeu-se voluntariamente a dar dízimos, após um sonho que teve sobre a construção de um local de oração, descrito em Gênesis, capítulo 28, versículo 20. Mais tarde, pela lei de Moisés, é que o dízimo foi determinado em dinheiro (moeda) para ajudar organizações religiosas judaicas, e passou significar a décima parte de algo, paga voluntariamente ou através de taxa ou imposto, (Lv 27, 30, 32) (Malaquias 3:10) (Hb 7:5). A Tsedacá (dízimo) não é mais que um ato de caridade: toda vez que alguém proporciona satisfação a outros – mesmo aos ricos – com dinheiro, comida ou palavras reconfortantes, ele cumpre a palavra de Deus, exerce justiça. Por este motivo, em nossos dias, dízimo não deveria ser apenas dinheiro. A IGREJA DO PASSADO QUESTÕES HISTÓRICAS:

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Mas não foi apenas isso. Na idade média, os padres vendiam “lotes de terra no céu” por quantias consideráveis de dinheiro, outros cobravam por orações para que os parentes e antepassados das famílias fossem libertos do purgatório, e ainda vendiam pedaços de madeira como sendo restos da verdadeira cruz de Cristo

Depois desta contextualização, eu começo a me questionar: então a relação da Igreja com o dinheiro se deu somente através do dízimo? Segundo a história conta, no tempo de Jesus, os primeiros cristãos eram pobres e foram duramente perseguidos pelo Império Romano, ordem esta que era vigente na época. Depois de séculos fugindo e lutando contra perseguições, o número de adeptos ao cristianismo começou a crescer, sobretudo entre as classes mais desfavorecidas. A comunidade cristã au-

mentou muito quando o império romano permitiu a celebração de culto aos seus cidadãos, por volta do ano 313 da nossa era. Depois disto, veio a conversão do imperador romano Constantino a essa religião. Segundo o historiador Francisco Ferreira Junior, após a adesão de Constantino, a Igreja Católica passou a ser ligada com o luxo, o poder e a riqueza, que herdou das ruínas do estado romano. “Durante a idade média, preocupando-se cada vez mais com o poder e a riqueza, a Igreja Católica chegou a forjar um documento,


SIRLEI TEREZINHA DE CAMPOS, DIZMISTA FIEL.

chamado Doação de Constantino, que afirmava que o imperador romano Constantino teria deixado todas as posses do império para a Igreja. Com essa e outras atitudes, foi no período medieval que a Igreja Católica, única representante do cristianismo na época, atingiu seu auge de luxo, poder e riqueza”. Mas não foi apenas isso. Na idade média, os padres vendiam “lotes de terra no céu” por quantias consideráveis de dinheiro, outros cobravam por orações para que os parentes e antepassados das famílias fossem libertos do purgatório, e ainda vendiam pedaços de madeira como sendo restos da verdadeira cruz de Cristo, além de pedirem dos grandes senhores feudais parte de seus tesouros pessoais para as obras da igreja. Naquela época mesmo, já surgiam pessoas contrárias a esses métodos, dispostas a uma nova mudança que não colocasse em prova os dogmas da fé, e o fundamento das palavras relacionadas ao dinheiro na bíblia. Um exemplo disso foi Martinho Lutero, monge agostiniano da igreja católica que fundou a igreja Luterana. Lutero era contrário à venda de indulgências praticada pela Igreja Católica. De acordo com esta prática, bastava pagar à Igreja para se livrar dos pecados. A venda de

indulgências foi um recurso usado para angariar fundos para a construção da Basílica de São Pedro por exemplo. No ano de 1517, Lutero colou 95 teses escritas por ele na porta da igreja de Wittenberg (Alemanha). Estas teses criticavam a venda de indulgências, questionavam o poder papal e algumas práticas católicas, além de propor uma ampla reforma religiosa. De acordo com o historiador Francisco Ferreira Junior, foi a partir da crítica desses descontentes que surgiram as primeiras religiões protestantes, como o Luteranismo e o Calvinismo – que, embora criticassem as preocupações materiais da Igreja Católica, permitiam aos seus súditos o enriquecimento através da usura, que não era permitido no Cristianismo medieval - . “Nesses mesmos moldes, onde alguns seguem uma verdadeira fé e outros aproveitam da igreja para benefícios materiais, chegamos a atualidade com centenas de igrejas cristãs, muitas delas criadas com o único intuito de explorar seus fiéis. No entanto, dentro de todas as igrejas cristãs existem fieis que verdadeiramente procuram seguir os ensinamentos que sua fé coloca, sendo muitas vezes explorados por causa dessa fé”, explica Francisco.

O DINHEIRO E A FÉ: Setenta reais é o preço de cada cartela de medicamentos para o tratamento de coluna de Sirlei Terezinha de Campos, 36 anos. Atualmente ela recebe auxílio doença do governo do estado, no valor de setecentos reais, destes, dez por cento vai para a igreja, ou seja, os setenta reais equivalentes ao medicamento se convertem em sua doação ao dízimo. Eu vivenciei algumas experiências em quatro igrejas da cidade, como descrevi no início desta matéria, duas evangélicas e duas católicas, e em cada uma delas o rito da “oferta” foi o mesmo. Em algum momento da celebração eles fazem questão de deixar claro que é fundamental doar o seu dinheiro. Mas se Deus era associado a humildade, e generosidade, porque pedir o dinheiro? Porque ao invés de dar seu dinheiro, a pessoa não vai ela mesma até os locais de caridade ajudar? Seria uma forma de sentir que cumpre seu papel de bom samaritano doando a igreja? Mas e se a igreja não repassa, ou não cumpre o seu papel? Para o filósofo, Cláudio Andrade, a avareza é considerada um vício que nos impede a prática das virtudes evangélicas. Por isso, o avarento é incapaz de generosidade, solidariedade, partilha, socorro

ao necessitado - exigências fundamentais do cristianismo -, e, deste modo, o dízimo que seria sinônimo de caridade se torna o oposto de sua virtude, a avareza. “Se a soberba se situa na ordem do ser, a avareza concerne à ordem do ter. É o querer possuir além do necessário. São Tomás de Aquino define-a como ‘desejo desmedido de posse’”. No final das celebrações eu via as pessoas saindo em direção aos carros, e todas sorriam, e se despediam, pareciam satisfeitas com a vivência do encontro, havia uma sensação de harmonia e paz. Nessa cena que se passava diante dos meus olhos, perguntei a mim mesma: e o dinheiro que eu também entreguei, para onde vai?

“Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mateus 6, 22-23). 7


EM TEMPOS DE CRISE, A REGRA É ECONOMIZAR; NESSE CONTEXTO, O PRIMEIRO GASTO EXTRA QUE SAI DA LISTA É O DINHEIRO QUE IA PARA AQUELA INSTITUIÇÃO BENEFICENTE

NESSECIDADE OU SUPÉRFLUO? MATÉRIA: AMANDA PIETA

PROJETO “CULTIVANDO O FUTURO”, DO ROTARACT CLUB, REALIZADO NA ESCOLA ELCÍDIA. NA OPORTUNIDADE, AS CRIANÇAS APRENDERAM A PLANTAR, CULTIVAR E A COLHER AS PRÓPRIAS ÁRVORES.

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Um teto sobre a cabeça para escapar da chuva, um prato de comida quentinho no almoço, um cobertor para o frio do inverno... Estamos tão acostumados a ter tudo isso que às vezes é difícil imaginar viver sem esses confortos. Mas às margens da sociedade estão figuras que lutam todos os dias para transpor barreiras e poder pelo menos subir na borda da mais baixa classe social. São pessoas que foram esquecidas, diminuídas por algum fator social e não possuem perspectiva e nem forças para mudar o curso de sua história. O incentivo à ascensão social destas é essencial para oferecer-lhes alguma possibilidade de crescimento. Incentivo e assistência que compete ao poder público, mas geralmente o sistema se mostra deficiente ou insuficiente para esse tipo de ação. E então a própria população se mobiliza para suprir essa falta e preencher essa lacuna na sociedade. Em Guarapuava, várias entidades assumem esse papel. Uma delas é a AFH Solidariedade, que iniciou seus trabalhos em 2004 para ajudar pessoas com hanseníase, mas com o passar do tempo foi atendendo também outras doenças e hoje colabora com várias famílias em estado de vulnerabilidade social. São 76 famílias cadastradas que podem contar com cestas básicas para complemento nutricional e o fornecimento de fraudas geriátricas todos os meses. Além disso, a AFH disponibiliza cursos de corte e costura, violão, capoeira, fotografia e artesanato. A iniciativa parece muito bonita vista de fora, mas quem está nos bastidores sabe que tem muito suor derramado para que tudo isso seja possível. E o principal desafio é o fato de a entidade ser sustentada apenas por doações. É nesse ponto que a crise afeta esse tipo de instituição. Daniele Alves, coordenadora geral da AFH, relata que as doações diminuem consideravelmente em períodos de crise econômica, como o que estamos passando atualmente. “Recebemos explicações dos doadores como ‘não posso doar esse mês porque não sobrou’. E quando eles estão com a renda apertada, entre uma conta de luz e uma doação para a entidade, o que vão escolher pagar? ”. A in-


“NO SALDO DESSA BALANÇA ENTRE DOAR E RECEBER EU ACREDITO QUE FICO DEVENDO POROQUE SINTO QUE GANHEI MAIS EM APRENZIADO, DO QUE DOEI NESSES NOVE ANOS DE VOLUNTARIADO” - CARLOS GONÇALVES

flação sobe, o salário continua estagnado, o custo de vida aumenta e a partir disso o cidadão precisa cortar despesas. E nessa maré baixa de investimentos financeiros, a entidade precisou remar contra a corrente para não ser sugada. “Tivemos que diminuir nosso quadro de funcionários senão nosso orçamento não conseguiria pagar todos eles sem mexer nos benefícios das famílias. Tivemos que priorizar os assistidos”, conta Daniele sobre a reorganização que a AFH se obrigou a fazer no início do ano para evitar o fechamento. Se o período de crise deixa qualquer um alerta à instabilidade, a preocupação de quem sobrevive dependendo dos outros é ainda maior. Por isso, na crise, qualquer ajuda é bem-vinda. “Se a pessoa não tem bens, ela tem ainda outra alternativa de ser generosa. Pode doar o seu saber ministrando algum curso

na entidade, a pessoa será recebida de braços abertos. Precisamos apenas que a pessoa seja comprometida, pois os alunos vão depender dela durante um bom tempo, até o final do curso”, é o que pede Marcelo Zadra, assistente social da AFH. Assim como pensam os membros da AFH e de outras instituições beneficentes, ser generoso nem sempre está diretamente ligado a doar os próprios bens. Uma alternativa é incentivar a comunidade a doar e reunir as contribuições para encaminhar a alguém que precise. Esse é o trabalho de organizações como o Rotaract Club, que é voltado a pessoas de 18 a 30 anos de idade que entram em ação em suas comunidades visando o bem-estar social. Sheila Cristina Lima participa do clube desde 2012 e hoje é presidente dele. Sua experiência com trabalhos em prol da comunidade detec-

tou que durante o inverno e em caso de tragédias as pessoas se mobilizam mais para doar. “As pessoas ficam mais engajadas. Creio que as necessidades das pessoas são mais visíveis nessas situações. Aí vem um número enorme de doações. E é engraçado pensar nisso, pois geralmente as doações vem das pessoas mais humildes”. Sheila também acredita que o trabalho voluntário está diretamente associado ao conceito de empatia. “É você se colocar no lugar do outro e a partir disso fazer o que está ao seu alcance para transformar o dia, a semana ou a vida de alguém”. Essa transformação na vida de quem precisa nem sempre está relacionada à doação de artigos para as necessidades básicas, como alimentos, roupas, artigos de higiene e moradia. Às vezes as pessoas precisam que alguém doe algo não-palpável, mas ainda sim importante: os 9


AÇÃO DA ASSO CIAÇÃO DE APO IO AS FAMÍLIAS CO M HANSENÍASE

UM DOS PROJETOS DO ROTARACT REALIZADOS ESTE ANO

PLANO B

“bens sentimentais”. É o que voluntários como Carlos Gonçalves buscam fazer. “O ser humano tem uma carência de atenção, carinho, amor ao próximo, de alguém ter a sensibilidade de sentar contigo e conversar, querer saber como você está. E isso vale pra relações desde a vida pessoal até o voluntariado, na ajuda ao próximo”. Para isso, Carlos veste um jaleco branco, uma meia colorida, pinta o rosto, coloca um adereço vermelho no nariz e está pronto para doar seu maior bem: carinho. Toda a produção o transforma em um dos palhaços do Coringas do Bem, grupo com mais 18 voluntários que desde 2012 leva a alegria a hospitais, asilos, orfanatos e associações de apoio a pessoas carentes. O Coringas faz visitas se-

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manais a essas entidades levando sua equipe caracterizada que interage com pacientes, idosos e crianças por meio de piadas, brincadeiras, músicas, danças ou até mesmo um simples abraço ou carícia nos cabelos. Para o grupo, não adianta a pessoa receber comida, abrigo e roupas em uma determinada instituição, se não receber também alguma demonstração de carinho e atenção. “Mens sana in corpore sano”: a expressão latina ajuda a entender essa necessidade que vai além do fisiológico, pois "uma mente sã num corpo são" é a chave para uma pessoa feliz e saudável. Como Carlos está sempre em contato com essas entidades que dependem de doações, ele também tem sua opinião sobre como a crise as afeta e acredita que as pessoas se tor-

nam mais duras por esse fator. “A questão psicológica da crise bate um pouco na porta de cada um pois a pessoa pensa primeiramente nela e na sua família, o que constrói uma espécie de egoísmo forçado pela situação, mas é compreensível pelo momento que passamos”. Mas mesmo assim ele espelha-se em si mesmo e todo o seu generoso carinho e alegria que costuma doar para deixar um conselho. “Quem não tem dinheiro ou bens materiais pode doar seu maior bem que é o próprio tempo, a própria disposição. Você pode ajudar na pintura da escola do seu bairro, servir sopa no evento beneficente promovido pela sua igreja, fazer um bolo em casa e levar para alguma família carente. Se você procurar sempre vai ter alguém que precisa”.

TEMPOS DE CRISE, TEMPOS DE POUPAR. MAS MESMO ASSIM QUERO DOAR ALGUMA COISA, O QUE POSSO FAZER? O BEBOP PREPAROU UMA LISTINHA PARA VOCÊ QUE QUER SER GENEROSO DE ALGUMA FORMA, MAS ESTÁ COM O DINHEIRO CONTADO PARA PAGAR AS CONTAS OU NÃO CONSEGUIU SE DESFAZER DE NENHUM BEM MATERIAL. VOCÊ PODE DOAR: - SANGUE, CÉLULAS-TRONCO, MEDULA ÓSSEA, LEITE MATERNO; - CABELO PARA A CONFECÇÃO DE PERUCAS PARA PORTADORES DE CÂNCERES; - ÓLEO VELHO PARA A CONFECÇÃO DE SABÃO; - SEU CONHECIMENTO PARA ENSINAR ALGUÉM SEDENTO POR SABER; - LIVROS QUE JÁ LEU E ESTÃO PARADOS NA SUA ESTANTE HÁ ANOS; - CARINHO, ALEGRIA E AFETO À IDOSOS, DOENTES OU CRIANÇAS ÓRFÃS; - CARONA SOLIDÁRIA; - LEITURA DE LIVROS INFANTIS EM ALGUMA ESCOLA;


Dessa

vida

f r us t ra

eu só

ç õ es

levo as

Nada. Nada mais que frustrações e solidão. Nem muito dinheiro, nem muitas roupas e nem a lembrança de um lugar para voltar no final do dia. Assim foi a vida de Juan Roseno durante dois anos, período em que o jovem viveu como nômade no litoral paranaense. As ruas de Paranaguá - sua amada cidade natal -, Pontal do Paraná, Matinhos e Curitiba foram casa para Juan, com direito a paisagens que transbordavam os limites de suas janelas imaginárias e a um novo olhar sobre cada experiência vivida neste período. Juan saiu da casa de seus pais quando eles se divorciaram. Aprendeu sozinho a se desapegar do lugar onde cresceu, e de onde nunca imaginara ficar longe. “Lembro-me que quando me dei conta que não tinha mais um lar, me senti estranho, desesperado internamente, foi um momento triste. Eu passava os dias procurando emprego, pensando na situação que estava vivendo e onde iria passar a noite”.

Narrativa sobre o desprendimento e o aprendizado de um nômade MATÉRIA: AMANDA GOLLO IMAGEM: ARQUIVO PESSOAL Dia após dia, noite após noite, Juan ia vivendo com as coisas mais necessárias para ele naquele momento: seu caderno de desenhos e poesias, suas roupas para trocar onde fosse passar a noite e uma mochila, que envolvia todos os seus pertences. Com o tempo, a rotina de não saber em qual quarto estranho acordaria no próximo dia se tornou comum. “Amigos, parentes e pessoas conhecidas me davam pouso na época. Cada dia era uma conquista achar um lugar para dormir. Mas isso virou rotina, assim como o fato de me acostumar facilmente com as pessoas, os ritmos e os lugares onde

eu passava”. A mania avarenta de acumular bens materiais é totalmente contrária ao estilo de vida de um nômade. Assim como os objetos palpáveis, o desapego muitas vezes também tem que ocorrer com relação as pessoas e aos relacionamentos. Juan conviveu com a solidão de perto. Como ele mesmo expõe, acumulou frustrações, e descobriu maneiras de suprir todos os sentimentos que eram seus únicos companheiros. “Como já dizia o Tom Zé: ‘solidão, que poeira leve’. Acredito que o que eu mais sentia falta era de morar com meus irmãos, sempre fomos

muito apegados. Eu me sentia sim muito sozinho, mas aproveitava isso para escrever poesia e fazer ilustrações, era como um escape”. Dizem que a experiência e o aprendizado nunca se perdem, Juan tem certeza que deste período resistiu muita coisa boa. “Eu cresci. Aprendi que não preciso de muito para viver. Aprendi a transformar minhas tristezas em felicidades, comecei a publicar minhas poesias no jornal de Paranaguá, participei de concurso de poesia em que fui um dos vencedores, tive poesia publicada em livro. Hoje em dia, consigo olhar nos olhos das pessoas e conversar sobre coisas que poucos conversam, falar sobre a vida, as barras que a gente leva, e conseguir de alguma forma mostrar que as coisas só pioram para melhorar”. E talvez, todos os perrengues e felicidades dessa vida nômade não volte logo a fazer parte da rotina de Juan. “Pode ser que logo eu viva viajando pra fazer música e poesia pelo Brasil todo...” 11


A generosidade e o Preencher da Alma Ser generoso, para muitas pessoas, é a maneira mais próxima de se encontrar verdadeiramente em paz. Mas esse método passa longe de ser infalível

artigo: ulisses faustino zinhoni Paz de espírito. É o que boa parte da humanidade procura, e sabe-se lá qual parcela dela consegue alcançar. Ao contrário do sucesso medido em conquistas, a paz não é um elemento que se permite analisar por questões técnicas, tampouco objetivas. Compreendê-la parece ser tarefa das mais difíceis, ao passo que experimentá-la possa mudar trajetórias. A paz, mais que qualquer substância, vicia. Sua ausência causa abstinência. Para encontrá-la, ou reencontrá-la, o ser-humano ao longo de sua jornada desenvolveu inúmeros métodos, mais ou menos eficientes. De fato, o sucesso na busca pela paz depende de cada um, é individual, mas nossa espécie tem uma cativante capacidade de copiar padrões outrora estabelecidos, fazendo com que métodos de satisfação interior acabem sendo reproduzidos senão sistemática, frequentemente.

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Nessas de tentar estar numa relax, numa tranquila, numa boa, já criamos incontáveis deuses e religiões, nos embebedamos com o poder tão logo tivemos acesso, e transformamos o vinho em nosso melhor companheiro. Ele, afinal, harmoniza muito bem com a carne. Por outro lado, nem todas as saídas, ou entradas, são tão hedonistas. E neste lado da gangorra, além dos autoflagelamentos, dos jejuns e dos absteres profundos, existem aqueles mais moderados, que buscam a paz através da generosidade. Como dito, empreender êxito nessa questão acaba por ser uma questão do mais íntimo de cada um, mas não se pode negar que apoiada na base do dar e receber, a generosidade se tornou um dos principais meios de se procurar a paz, mas e quando nem mesmo um modo de vida tão nobre consegue ser suficiente para preencher o interior do indivíduo?

Remanescente de uma era em que figuras eram exaltadas à enésima potência e suas imagens super cultuadas, Madre Teresa de Calcutá é talvez o mais reconhecido símbolo da palavra generosidade. Seus trabalhos humanitários na Índia a transformaram num enorme patrimônio mundial, ainda que tenha sido a custo de uma muito bem explorada construção de imagem. Fato é que, admirada no mundo todo, a grande expoente da virtude, pelo menos no século XX não encontrava, por muitas vezes sua paz interior. Os seguintes trechos foram encontrados em cartas da beata ao longo de sua vida. Neles, é notável a angústia que ela por vezes passou. Ao passo em que era reconhecida como um oásis de generosidade no mundo, em sua intimidade ela dizia sofrer dores na alma. Nestes momentos, questionava o amor de Deus, e até sua existência.

“Há tanta contradição em minha alma, um profundo desejo de Deus, tão profundo que faz mal; um sofrimento contínuo e com isso o sentimento de não ser querida por Deus, vazia, sem fé, sem ânimo, sem zelo…”, “Senhor Deus meu, quem sou eu para que Tu me abandones? Uma filha de Teu amor, e agora, convertida na mais odiada, não amada. Chamo, me agarro, eu quero, mas não há resposta, não há ninguém em quem possa me agarrar, nada, sozinha.” “Todo este tempo sorrindo – as irmãs e o povo fazem comentários deste tipo. Eles pensam que minha fé, minha confiança e meu amor preenchem todo meu ser e que a intimidade com Deus e a união a sua vontade impregnam meu coração. Se soubessem como minha alegria é um manto sobre o qual cubro o vazio e a miséria”.


Bem e

mal? GENEROSIDADE E AVAREZA NÃO DISTINGUEM VILÕES E MOCINHOS MATÉRIA: AMANDA BASTOS MACIEL

Pode surgir do ato de não dividir, de querer tudo para si mesmo, de não conseguir se desfazer de bens materiais. A avareza nos rodeia todos os dias, mas se nos permitirmos sermos mais generosos com os outros, talvez possamos interpretá-la de uma forma compreensiva. Os olhos azuis eram tão cristalinos que eu podia facilmente me enxergar no reflexo daquelas íris transparentes, Mayane Iatskiw, praticante de cura reconectiva e recolecção do Jardim de Essências, fixava os olhos em mim cada vez que, com a voz baixinha e serena, me explicava que para vivermos em harmonia, primeiramente, precisamos nos livrar das amarras do julgamento. É necessário desconstruir essa ideia de bons e maus, pois cada pessoa se comporta através de sua vivência. “Como, por exemplo, não devemos julgar a avareza como algo ruim, se vivida por uma pessoa refugiada da guerra, que teve todos os seus bens arrancados de si e, anos depois, encontrou um refúgio no ato de guardar pequenas coisas”. Generosos e avarentos não precisam estar separados entre bons e ruins, cada um carrega dentro de si a maneira que encontrou para ser feliz. Viver nesse planeta sem estar amarrado em bens materiais, sem dúvidas, é uma grande elevação, mas enquanto você

guardar objetos que lhe trazem conforto, e essa atitude não afetar ninguém, nem mesmo a si próprio, basta seguir a vida. O problema é quando a avareza se torna um mostro que corrói, de órgão em órgão, aí ela pode sim afetar seu corpo inteiro. Enquanto segurava uma xícara de café que perfumava o local inteiro, Plínio Nogara, microfisioterapeuta, explica que nossos sentimentos estão ligados as reações que nosso corpo expõe. A avareza, pode sim despertar problemas em órgãos como rins e bexiga. Quando temos dificuldade para deixar as coisas fluírem podemos enfrentar dificuldades com o funcionamento do intestino, sendo assim, precisamos estar regados de sabedoria para distinguirmos se o nosso modo de viver nos faz ou não bem. A generosidade precisa ser um fluxo, como as águas de uma cachoeira que nunca param de seguir. Entender que a felicidade não está ligada a objetos materiais, é um grande passo para possuirmos uma vida mais leve. Plínio reafirma sua ideia. “O universo é tão abundante, temos que saber que aqui há o suficiente para todos”. Após esses dois seres de luz terem descontruído inúmeros ideais que eu carregava dentro de mim, fiquei meio sem graça em perguntar, mas não resisti, pois sabia que mais um aprendizado estaria por vir nas próximas palavras. Dito e feito.

Questiono sobre sermos generosos só quando não nos proporciona um certo desfalque, como por exemplo doar casacos velhos ou invés de doar aquele casaco preferido que temos no armário. Deixando um sorriso discreto formar no canto da boca, Mayane, sem dizer nenhuma palavra, parece me dar a resposta com os olhos: não julgar. “Talvez aquele casaco não tão novo sirva perfeitamente para alguém que necessita dele. O problema está em não saber separar o que serve ou não para outra pessoa, sejamos inteligentes para compreendermos que algo em más condições de uso, não irá suprir a necessidade do próximo e doações precisam ser feitas para ajudar de alguma forma”. Nessa altura da conversa eu já não olhava a situação como uma entrevista, mas sim como uma oportunidade de aprendizado, foi como uma aula, e deixo claro isso para Plínio e Maya, que em gargalhadas dizem estarem felizes. O telefone toca bem na hora, Maya se apressa para atender, levanta as sobrancelhas denunciando boas notícias. Era uma aluna marcando um horário. Plínio, juntando uma palma da mão na outra, gentilmente agradece. Maya sorri, demonstrando alegria pelo amigo: “Nesse mundo existe uma lei onde tudo o que você faz aqui, recebe de volta”. Dessa vez quem sorri sou eu ao dizer que é bom pensarmos nessa lei quando tomamos algumas atitudes. A campainha toca, e sinto que aquele era o momento de encerrar a aula que estava recebendo, prometo voltar. Voltarei!

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ENTRE C Â DIVERSO MARAS, SENAD OS, PLA S OUTROS PROCUR NA A M B IE A-SE EN NTES PO LTO E T E LÍTICOS NDE QUE PER , PETUA N R QUAL A MOT IV O SUCESS A M Ç E Ã S O EC IVAS REE LEIÇÕES ANDIDATOS EM TRIBUIÇ . AVAR ÃO SOC IAL? BEN EZA? CONEVOLÊN CIA?

Putz, já estamos em agosto. O tempo passa voando, mas nem pra todos. Paro e penso, enquanto assisto a uma propaganda política, que aquele senhorzinho nada simpático, deliberadamente esforçado em não parecer, já que sua postura política representa bem seus ideais, está nas telinhas desde que eu me entendo por gente. E eu, no auge dos meus 22 anos, tive o (des)prazer de assistir essas coisas na TV desde que me entendo por gente. Mundo moderno, ainda aguardo a opção “desver”. Mas, enquanto isso não é possível, observo, um tanto quanto confuso, os trejeitos daquele senhor. Não por sinal, os trejeitos de muitos outros senhores. De muitos outros senhores de engenhos. Senhores das armas. Do tráfico, da corrupção, das emprenteiras, da p... que pariu. Percebem? As mãos procuram uma certa sintonia com a voz, pro-

EU! 14

curam um certo ritmo com a fala, a cadência ideal que, provavelmente, alguém em algum momento da história realizou um estudo e apontou que isso gera a confiança dos eleitores. E lá estão eles, na propaganda eleitoral, política, na Câmara, no Senado, nas bancadas, onde há um microfone e um holofote, lá está a mão sendo erguida e movimentada de acordo com as palavras, a palma fechada, sendo direcionada em frente. E a fala? E as pausas? As entonações ridículas (imaginem a mão fechada em movimento, ou aquele dedo indicador enrugado sendo apontado). Sem ideologias, mas político poderia ousar um pouco no visual. Olha a beca dos representantes africanos (na África, óbvio), a ternura de Jean Wyllis. Eu sei, é política, pouco importa a roupa, mas já que nossos espaços políticos são

a m e r e s v i ê t c o o v d , n e a d u a Q d i r a e h d n i n m ente o ã v INO

: QU POR RIEL A GAB

aquele marasmo onde os velhos e as velhas ideias envelhecem... que tivessem um pouco mais de brilho. Parecem ter nascidos todos do mesmo berço, ou do mesmo laboratório. O laboratório de ideias conservadoras. O Laboratório de Dexter... todos usam a mesma roupa, todos os dias! Até o Tiririca, putz! E parecem estar lá há tanto, tanto tempo... Fala aí, José Sarney e seus fuckin’ 50 anos na política. Como governador do Maranhão, como Senador pelo Amapá, como Presidente da República e toda sua irrelevância social. Alguém poderia

AO LONGO DE TODA EM MAIS DE A MINHA 40 ANOS TÓRIA TRAJE POLÍTICA,

listar suas grandes contribuições políticas? Na verdade, é possível alguém contribuir tantas décadas de forma positiva e relevante? Digo... 50, 40, 30, 20 anos de vida política e tão pouco apresentado. Fumei dois cigarros e me irritei um pouco enquanto pesquisava o tempo que nossos eleitos permanecem no cargo sucessivamente. São 12 mandatos ali, dez aqui, nove lá, é tempo de vida política que não acaba mais. Pega férias, amigo! Aposentadoria! Eu fiquei curioso com essa situação. O que motiva esses jovens se-

SEMPRE! SEMPRE!

nhores a agarrar o osso e não largar mais. O osso eterno e inacabável do aparelhamento político. Meu dever jornalístico me aproxima dessa reflexão. E eu, então, me aproximei de algumas figuras locais e que poderiam traduzir essa questão melhor do que eu. Então, eu entrevisto dois políticos de relevância em Guarapuava. Dr. Elcio Melhem, vereador por mais de três décadas, e Vitor Burko, prefeito de Guarapuava entre o velho e o novo milênio.

BUSQUEI O MELHOR PARA A POPULAÇÃO.


sempre com muito conteúdo e profunda ligação com os sonhos e expectativas dos cidadãos.

Começando pelo ex-prefeito, justamente por permanecer afastado da vida política e, aparentemente, sem pretensões de retorno. G.A.: Como foi o processo da sua eleição para prefeito em Guarapuava e como você avalia seu mandato? V.B.: Foi uma eleição do tostão contra o milhão, e dos compromissos realistas e verdadeiros contra as promessas populistas e mentirosas. O povo entendeu isso e me elegeu por duas vezes. Não tinha o apoio de políticos, nem dinheiro, nem apoio de empreiteiras ou prestadores de serviços, nem disposição para pedir dinheiro àqueles que depois cobrariam esse apoio muito caro. Sempre fiz campanhas muito baratas, quase invisíveis em termos de comunicação visual, mas

G.A.: Você planeja se candidatar a novos cargos políticos num futuro próximo? V.B.: Somente me candidataria a algum cargo se as eleições fossem mais baratas e propositivas. Se houver uma verdadeira reforma política, talvez algum dia me candidate a algum cargo legislativo. Executivo hoje é somente para insanos, sonhadores ou corruptos, porque quanto melhor você age e mais correto você é, mais é vitima dessas verdadeiras quadrilhas que são os Tribunais de Contas, e dos vaidosos e despreparados “defensores da Justiça” que são os integrantes do Ministério Público. G.A.: Historicamente, Guarapuava possui alguns sobrenomes dominantes nos cargos políticos. Qual sua avaliação dessa situação? Por que esses nomes se perpetuam? V.B.: O domínio de qualquer classe ou grupo de forma hegemônica é sempre muito negativo. Mas, infelizmente, o cenário político não estimula pessoas de bem a participarem, então essas oligarquias acabam sendo

E NUNCA! NUNCA!

lítico, um tanto mais contido. É oldschool. Fala mesmo! Mas tá lá, há mais de três décadas na Câmara de Guarapuava.

bastante favorecidas para a manutenção de seu poder. Saliente-se que mesmo oligarcas são eleitos pelo povo. Então, no final das contas, ficamos sem saber quem surgiu antes, se foi o ovo ou a galinha. O povo não evolui porque os oligarcas não deixam, ou os oligarcas dominam porque o povo despreparado deixa? Adorei a analogia. G.A.: Sendo bem honesto, você concorda com o pressuposto de que o político brasileiro é avarento? Não seria uma espécie de avareza essa sucessão de mandatos? V.B.: Acho que num sentido geral as pessoas dão muito valor ao dinheiro, e o colocam acima de quaisquer outros objetivos. Os políticos refletem isso. Esquecem da importância de sua missão e direcionam seus mandatos para o acúmulo de bens, apegando-se visceralmente ao poder. Diante desse cenário animador, eu proponho um leve contraponto. O Elcio é aquele senhor simpático, descontraído, afiado. Desafia um pouco o estereótipo do tradicional po-

TRAÍ OS MEUS IDEAIS

G.A.: Elcio, por que você acha que candidatos, pré-candidatos, políticos, insistem em se eleger mesmo com processos, ficha suja, suspeitas de corrupção etc? E.M.: Se uma pessoa qualquer pretender um teste seletivo pra algum emprego “comum”, ele necessita de uma folha corrida das varas criminais que garanta que ele não responda qualquer procedimento, mesmo sem condenação. Na vida pública, ele pode responder inúmeros processos criminais, mas se não tiver sido condenado em última instância... isso tá errado! Falta vergonha na cara. Insistem em continuar na vida pública. G.A.:Por que? E.M.: Por uma série de regalias e benefícios. Dos 21 vereadores, eu sou o único que nunca tive celular pago, nunca tive gabinete, assessores... hoje, um vereador e suas despesas custa muito dinheiro pra população. Por que querem continuar? Por causa dessas facilidades.

G.A.: Há apego, avareza neste processo? E.M.: A avareza está em todo ser humano. Quando a pessoa pensa em fazer do cargo público uma profissão, fica complicado. Se a pessoa possui um emprego, uma profissão, não se apega necessariamente ao dinheiro pago pelo contribuinte. G.A.: É comum, ao longo de tantos anos, um mandato sem contribuição? E.M.: Com certeza, tem vereadores que passaram por aqui sem um único projeto de lei. Mesmo assim, se candidata de novo. E a população elege. G.A.: Seu oitavo mandato. O que te faz permanecer na vida pública? O mesmo questionamento da avareza, do apego, você se colocaria em que posição? E.M. Se chegar hoje uma lei federal excluindo o salário do vereador, eu continuo sendo vereador. Minha preocupação é em ajudar a população, as pessoas mais pobres. Tanto na Câmara, quanto no meu escritório. Sou vereador e pretendo continuar vereador.

EM MINHA VIDA POLÍTICA”

E MINHAS CONVICÇÕES

!!!! 15


NESTA TERCEIRA EDIÇÃO DO BEBOP, A AVAREZA E A GENEROSIDADE SÃO NOSSOS TEMAS. NELES, A AVAREZA NÃO SE SABE DOAR, ELA SÓ QUER PARA SI, TOMA DO OUTRO PARA SE TORNAR MAIOR. A GENEROSIDADE, POR SUA VEZ, SE AMPLIA NA DOAÇÃO DE SI MESMA E ISSO É ALGO QUE NEM TODOS PODEM COMPREENDER. PARA AJUDALOS A ENTENDER TUDO ISSO UM POUQUINHO MELHOR É QUE NOSSAS INDICAÇÕES ESTÃO AQUI. APROVEITE.

Indicações Quem indica: Diana Pretto

DESENHO

CINEMA

LITERATURA

MÚSICA

OS FANTASMAS DE SCROOGE (2009)

ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE (2012)

TIO PATINHAS

A ÁRVORE GENEROSA

NÃO FAZ MAL A NINGUÉM - LENINE

Ebenezer Scrooge, milionário e sempre mesquinho, detesta o natal. Ele só pensa em dinheiro e não valozira a emoção e o sentimento típico natalino, maltratando Bob Cratchit, seu assistente sempre fiel, além de ignorar seu sobrinho Fred. Com a morte de seu sócio, Ebenezer recebe uma visita inesperada, os três fantasmas do natal: do passado, do presente e do futuro. Cada um deles promete levar o velho ranzinza para uma viagem que tem tudo para transformar esse velho com fama de ranzinza, para uma aventura que o fará refletir sobre sua vida, rever o passado e escolher o que será de seu futuro. O filme é uma das inúmeras adaptações do livro Conto de Natal, de Charles Dickens. 16

Até Que a Sorte Nos Separe é um filme brasileiro de 2012, que conta a história de uma família que, depois de muito jogar, finalmente consegue sair ganhadora do prêmio da Mega-Sena. Eles enriquecem de uma hora para a outra, transformando suas vidas em uma loucura. O tempo passa e, claro, eles conseguem gastar todo o dinheiro, até se verem obrigados a pedir ajuda de um de seus vizinhos, o Amauri. Esse vizinho trabalha como consultor de finanças e é muito avarento, se preocupa com tudo e onde gasta, fazendo de tudo para manter sua riqueza, porém, sofre em seu casamento por não querer ter mais filhos, pensando em todo o dinheiro que o bebê gastaria, ao contrário de sua esposa.

Tio Patinhas é um desenho animado que se tornou muito famoso em todo o mundo. Esse personagem conquistou crianças e adultos com as confusões em que se metia justamente por ser avarento demais. Patinhas é considerado o personagem mais rico do universo fictício, com uma fortuna estimada pela revista Forbes em U$ 65.4 bilhões de dólares. Criado pelo cartunista Carl Barks, ao logo do tempo Patinhas, passou de coadjuvante da história de outros personagens, à protagonista de suas próprias séries, que, em geral, se passam em Patópolis, sua cidade. DuckTales, série de animação de 1987, conta as aventuras de Patinhas com seus três sobrinhos – netos, Huguinho, Zezinho e Luisinho.

A Árvore Generosa é um grande clássico da literatura infantil. Lançado em 1964, traz a história de uma árvore, de um menino e do conto de amor entre os dois. A árvore é amiga do menino, cheia de amor, lhe dá suas folhas, seus frutos, sua sombra... O menino também ama a árvore, a visita todos os dias, acompanhando seu crescimento, considerando sua grande companheira de todos os dias. Mas o menino cresce, passa de criança à adolescente até chegar a fase adulta e, aos poucos, deixa de lado sua grande amiga, alegando não estar mais em idade para brincar. A história segue acompanhando toda a vida do ‘menino’ até sua velhice, com uma bela surpresa ao final.

Oswaldo Lenine Macedo Pimentel, ou simplesmente, Lenine, é um cantor brasileiro do gênero mpb, de 57 anos, nnscido em Recife. Ficou famoso no Brasil e no mundo todo graças as suas composições e melodias que lhe renderam cinco Grammys Latinos - evento que premia as melhores composições da industria fonográfica latino-americana -, além de nove prêmios da Música Brasileira. Estima-se que ele escreveu, gravou e produziu até agoramais de quinhentas músicas, dentre elas, “Não Faz Mal a Ninguém”. Essa canção foi lançada em 2007, no álbum trilhas. A letra dessa música faz alusão aos sete pecados capitais, ou seja, pode servir de trilha para todas as edições do Bebop deste ano!


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