bebop Jornal narrativo
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the fab fourth edition
ALL STAR
Yellow All Star by Anderground
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João Santos facebook.com/photosjoao
por maíra machado
Quer andar de carro velho, amor? quem experimentou Professor orientador: Anderson A. Costa Editora da edição: Maíra Machado Narradores: Cristiano Martinez Lays Pederssetti Maíra Machado Natacha Jordão Taysa Santos. Capa: Anderson A. Costa
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O Bebop é um jornal experimental produzido pelos alunos da turma A do 4º ano do curso de Comunicação Social (Jornalismo) da Unicentro. A finalidade deste material é informativa, educacional e cultural, sendo expressamente proibida a comercialização. Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste). Contato: jornalbebop@gmail.com Tiragem: 500 exemplares
Em clima de nostalgia antecipada devido à aposentadoria da Kombi, comecei a pensar sobre como os carros conseguiram deixar de ser só um meio de transporte e passaram a ser vistos como, praticamente, uma característica de quem o possui. Tanto que muitos artistas tentaram expressar esse sentimento por meio da música. Assim, se na década de 60 as matinês contavam com o embalo do Calhambeque do rei, as décadas seguintes também pegaram carona em outros possantes. Nos anos 80, por exemplo, o Fuscão Preto, de Almir Rogério, foi o terror dos homens traídos. O sucesso foi tão grande que a história foi parar no cinema. E mais, com a Xuxa no papel principal. Neste ano de comemorações ao aniversário de 40 anos do Chevete, não poderia deixar de lembrar que o modelo também ganhou destaque no cenário musical. Nessa, Os Virgulóides foram enfáticos: “Chevete velho, mas com ele eu descolo mulher”. Aposto um doce como muitos cheveteiros já emprestaram essa música para se gabar de algum flerte bem sucedido. “Mina, seus cabelo é da hora. Seu corpão violão...”. O sucesso ‘Pelados em Santos’, dos anos 90, nos trazia a história do cara que contava com as rodas gaúchas da sua brasília amarela para conquistar a mulher desejada. Da brasília amarela, preservamos a cor e evoluímos no modelo: agora, o amarelo da vez deu destaque ao Camaro. E nesse mesmo patamar de poder aquisitivo, surgiram outras músicas. Uma delas conta a história do sujeito que comprou uma Dodge Ram e agora faz sucesso com as mulheres. Outra, conclui que de Land Rover é fácil, difícil é “jogar a gata no fundo da Fiorino”.
Décadas separam um sucesso do outro, mas uma coisa é comum a todos: o papel do automóvel enquanto determinante de personalidade e até mesmo de posição social de seu dono. Todas as músicas, cada uma à sua maneira, mostram como o carro passou a significar mais que um simples objeto necessário ao dia-a-dia das pessoas. É como se ele (o carro) pudesse dizer algo sobre seu dono. pOR EXEMPLO, os Muscle Cars. Nos anos 70, o termo foi utilizado para classificar automóveis de alta performance e acabou por representar também toda a vontade de transgressão e rebeldia de uma geração. um Dodge Charger, por exemplo, nos remete à famosa perseguição do filme bullit (1968), com um ford mustang. Ambos são veículos que são reconhecidos por sua força, potência, agressividade, mas também por carregar uma pitada (generosa) de poder de sedução. Virilidade até o chassi! entretanto, o tempo passou, e o camaro, outro exemplo, que nos anos 70 era puro rock n’ roll, hoje é - em geral - um carro alegórico de uma classe dominante, um extrato bancário sobre rodas. claro, resistem aqueles que o tem pelo prazer de dirigir um muscle car clássico, mas tem proprietário que sequer sabe trocar o pneu. No meio disso tudo eu penso: o que uma Kombi ou um Fusca podem nos dizer sobre seus donos? Dois carros fora de linha (ou quase), considerados velhos por muita gente. Será? Eu vejo neles a representação do simples prazer em dirigir e da liberdade que se sente ao segurar o volante. Mais do que o valor econômico, carregam consigo o valor do carinho, o valor das histórias das quais já fizeram parte, o valor da saudade de tempos passados, as lembranças que nos trazem.
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Eu n達o vejo, Eu observo De professor de biologia a detetive. Segundo Amaral, odiar a rotina de sala de aula foi um dos motivos que fez com que ele mudasse de carreira Quem narra: Taysa Santos
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- Alô, tudo bem? É o detetive Amaral que está falando? - Isso mesmo, no que posso ajudar? Por telefone, foi o primeiro contato que tive com o detetive Amaral. Depois dessa conversa, marcamos um encontro. A missão não era das mais fáceis, eu precisava convencê-lo a contar sua história e a rotina da sua profissão para o Bebop. Quando se trata de um detetive é preciso muita discrição, por isso nos encontramos em um lugar pouco movimentado. Logo me apresentei e ele, muito simpático, disse que se surpreendeu, pois esperava que seus serviços fossem contratados por mim, já que imaginou que eu fosse mais um de seus clientes. Esperando encontrar um detetive vestindo um sobretudo preto, iguais aqueles a que estamos acostumados a ver em filmes, me chamou a atenção seu modo de vestir. Usava uma calça jeans escuro, um tênis próprio de caminhada e uma camisa polo preta. “Se andássemos vestidos, iguais detetives de televisão, todo mundo iria nos reconhecer. Precisamos usar as roupas mais comuns possíveis”. Formado em Ciências Biológicas, Amaral tem 44 anos e atua profissionalmente como detetive há 18 anos. “Me formei em biologia, porque sou
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apaixonado pela área. Recém-formado, cheguei a dar aula e gostei, mas sentia que faltava alguma coisa. Até que viajei com a escola para Curitiba e vi um anúncio de curso de detetive, por curiosidade, levei aquele papel para casa, liguei e resolvi fazer”. Durante o treinamento, foram ensinadas diversas técnicas, entre elas, de espionagem, fotografia, de como se portar, de entrevistas e principalmente de como agir discretamente. “Nós, detetives, precisamos ser muito discretos, pensar em cada atitude ou ação. Ninguém pode descobrir nossa identidade. Fiquei três meses dedicado nisso, saí do curso praticamente empregado, a partir daí consegui me realizar profissionalmente”. Para quem trabalha nessa área há tanto tempo boas histórias são o que não faltam. Entre as mais curiosas está a de Madonna, uma lhasa apso, que foi roubada. “Faz uns cinco anos quando isso aconteceu. Era umas três horas da tarde quando meu celular tocou. Quando atendi, uma senhora desesperada disse que precisava da minha ajuda para recuperar a sua ‘filha’, me ofereceu quatro mil reais para levar a cachorrinha dela de volta pra casa”. O detetive contou que precisava fazer alguma coisa, prometeu que ia achar a Madonna, pegou seu carro e começou a andar pelas ruas do bairro. “Vi um garoto brincando com
“Amo o que eu faço. Quero fazer isso até onde eu aguentar, acredito que tenho fôlego pra mais uns 20 anos. Para quem não gosta de rotina, tenho certeza que essa é a melhor profissão”
Ilustração: Maíra Machado bebop
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um cachorro, me aproximei e o animal era bem parecido com a foto que eu tinha. Logo, disse que a cachorrinha dele era linda e perguntei se a tinha há muito tempo”. O menino disse que ganhou no dia anterior de presente de aniversário. “Quando ele disse isso, minha suspeita se confirmou. Esperei seu pai chegar e ele confessou, a cachorrinha havia sido roubada”. Amaral devolveu Madonna para sua dona e por isso até hoje recebe ligações. “Ela sempre me liga para contar da cadela e sempre me agradece por isso”. Entre os casos mais comuns de investigação, estão os problemas conjugais e a traição. “Praticamente todos os dias estou investigando algum caso de traição. Há uns dois, três anos, eu ficava nas entradas e saídas de motéis. Mas, ultimamente, os motéis não são os principais pontos, as traições estão acontecendo mais em casas e apartamentos dos companheiros”. Durante nossa conversa, ele lembrou de um caso de traição que marcou bastante a sua vida. “Lembro de quando um homem que me contratou e descobriu que sua mulher o traía com o seu irmão, dentro da casa de sua própria mãe. Ele não conseguia acreditar nas fotos que eu tirei, não parava de chorar, aquela cena vai ficar para sempre guardada em minha memória”. Entre suas investigações também
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estão casos de morte. Já foi contratado algumas vezes, principalmente em cidades do interior, para encontrar assassinos. “O meu trabalho é investigar, sou contratado apenas para isso. O caso mais difícil que eu investiguei, que me rendeu 20 mil reais, foi encontrar um homem que matou o filho de um famoso empresário da cidade”, conta sem muitos detalhes. Casado com uma dentista e pai de três meninas, o detetive lembra que por pouco não perdeu o amor de sua vida. “Durante nosso namoro eu inventava desculpas. Mas, quando resolvi pedir ela em casamento, precisei abrir o jogo e contar a verdade. Afinal, ela poderia colocar um detetive atrás de mim. Por causa dessa mentira ficamos seis meses separados, sorte que ela entendeu o meu lado, e hoje convive muito bem com o meu trabalho”. Com a sua profissão, Amaral conseguiu comprar sua casa própria e também dois apartamentos para alugar. O valor para contratar oito horas de seus serviços durante o dia é 350 reais, já a partir das 20h, ele cobra 150 reais por hora. “É difícil alguém reclamar do preço, meus clientes sabem que têm outros profissionais que cobram bem mais e conhecem a qualidade do meu serviço”. Além de atuar como detetive particular, ele é contratado por uma empresa de Curitiba. Sua verdadeira
identidade, apenas sua mãe, seu pai, os dois irmãos e sua esposa sabem; para outros parentes, filhas e amigos ele é um empresário. “É muito difícil esconder a nossa profissão principalmente de quem amamos, é bastante complicado conciliar também, fica difícil sair à noite para jantar com a família, com os amigos, afinal, a maioria das ‘coisas’ acontece nesse período”. Sobre as ferramentas que usa diariamente, Amaral não pode dizer muita coisa. Mas, mesmo assim me mostrou o brinco que possui um gravador de voz, sua caneta com câmera e gravador também, além de sua máquina fotográfica profissional e seu conjunto de lentes. “Ando direto com o meu material de trabalho, a gente nunca sabe o que pode acontecer, essa profissão é cheia de imprevistos”. O telefone do detetive Amaral começa a tocar. Ele atende e precisa sair para desvendar mais uma história. Antes de ir embora se despede. “Amo o que eu faço. Quero fazer isso até onde eu aguentar, acredito que tenho fôlego pra mais uns 20 anos. Para quem não gosta de rotina, tenho certeza de que essa é a melhor profissão”. E então, quando ele foi embora, eu me perguntei: Será que nossa conversa também não estava sendo gravada?
“Nós, detetives, precisamos ser muito discretos, pensar em cada atitude ou ação. Ninguém pode descobrir nossa identidade”
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Quem narra: CRISTIANO MARTINEZ
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Foto: CRISTIANO MARTINEZ
One, two, three! Dez mil watts de potência, três toneladas de equipamentos, caixas de som, mesa, cabos, aparelhagem, barulheira ensurdecedora, luzes piscando, penumbra, ninguém se ouvindo. Ritmos mil. Frequência reverberando, indo de um ponto a outro do local. Todos sentem, mas ninguém vê. Todos quase na mesma sintonia, curtindo o mesmo espaço-tempo. Alheios a tudo, eles estão lá no olho do furacão. Todo final de semana, esses sujeitos vivem no meio de uma sonzeira infernal. Podem até estar curtindo, mas o fazem de maneira profissional.
São uma espécie de operários do som. Músicos e técnicos que convivem rotineiramente com o barulho. É cansativo, mas eles gostam. Há dez anos no ramo, Andreos Kraus Moraes, de 29 anos, começou de maneira silenciosa, cuidando apenas da parte de iluminação de bailes, aniversários, casamentos, batizados, formaturas. À luz, mas sob o som. Ou melhor, sobe o som! Pois, cinco meses depois dessa experiência luminosa, Andreos, com apenas 19 anos, tornou-se o técnico de som oficial da banda de baile Rota Brasil. “Eu já estava me inteirando de todo o processo de som, pegando dicas com o dono da banda. Mas chegou um dia que o técnico titular saiu e sobrou pra mim. Assumi na hora”. À época, Andreos morava perto do QG da banda e
tinha contato direto com o meio, principalmente porque também estava começando a se aventurar no mundo de baquetas e batidas. Era a bateria falando alto ao peito. Sexta, sábado e domingo. Todo fim de semana sim, e o então jovem técnico de som estava lá nos bailes da vida, montando, regulando, mantendo e desmontando toneladas de equipamentos e camadas de som. “Gosto de música. É o que eu gosto de fazer. Mas,
claro, chega uma hora que cansa. Afinal, são horas ininterruptas ouvindo um som acima da média. Ainda mais um tipo de música que nem sempre é do seu agrado”. Andreos conta que a potência dos equipamentos usados num baile pode
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Arquivo Pessoal de Andreos Kraus
chegar a 10 mil watts. “Com o tempo, comecei a sentir um incômodo no ouvido, uma espécie de zumbido. Já me consultei com um médico em Curitiba e ele diagnosticou uma pequena perda de audição para algumas frequências”. Para evitar o agravamento dessa condição, Andreos prefere usar protetor de ouvido quando está à frente de sua bateria, instrumento que pode gerar até 120 decibéis. Um verdadeiro absurdo contra o ouvido humano.
Depois das experiências com essa primeira banda, o técnico foi trabalhar com a Banda Marcos Bebici, que tinha maior estrutura de produção e diversidade de eventos: bailes, aniversários, casamentos, formaturas. A rotina era a mesma: toneladas de som aos fins de semana e muito trabalho. “A gente chegava cinco horas antes do evento para montar tudo: caixas de som, mesa, equalizadores, compressor, cabos (às dezenas), amplificadores, entre outros. Pelo menos, duas horas de empenho para montar tudo”. Depois, o trabalho durante o show para não deixar nada sair do controle. Mas tudo isso compensa, já que Andreos diz que Andreos trabalha há mais de 10 anos no ramo sonoro
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o retorno financeiro é bom. Hoje ele já não precisa mais sacrificar todos os seus fins de semana. No entanto, trabalho sempre tem. Não por sinal, o técnico investiu em se qualificar. Em 2008, fez um curso de áudio em Curitiba. “Me aperfeiçoei em trabalhar ao vivo e em estúdio”. Durante o período de estudos, Andreos treinou ainda mais sua audição para perceber outros tipos de frequência. “O ouvido humano consegue captar de 20 hertz até 20 mil hertz. O professor desse curso nos ensinava a identificar várias dessas frequências”. Graças à passagem por Curitiba, o baterista apren-
deu um segredo fundamental para acertar o som de um show: o uso do ruído rosa. Mais do que o nome de um dos discos do Pato Fu (ver Box), o termo ‘ruído rosa’ reúne todas as frequências possíveis. É aquele famoso chiado: shshshshsh. “Quando um técnico de som monta os equipamentos num determinado local, ele precisa usar o ruído rosa para eliminar ou reduzir no equalizador as frequências indesejadas”, explica. “Por exemplo, se num lugar se destaca o som agudo. O técnico precisa reduzir essa frequência, sob pena de deixar o som muito estridente e desregulado durante o show”. Andreos revela que, em Guarapuava, ele nunca viu um técnico usar o ruído rosa. “Por isso que o cara precisa ficar ajustando tudo durante a apresentação”. Além de alguém quali-
ficado, o operário do som precisa ter um ouvido apurado, que consiga captar essas frequências que incomodam qualquer pessoa e saber eliminá-las. Andreos explica que o trabalho não termina com esses ajustes a partir do ruído rosa. Depois que chega a banda ou cantor, é preciso fazer esse trabalho de ajuste com os instrumentos musicais. É o famoso momento da passagem de som, no qual os músicos equalizam tudo de acordo com suas
preferências de timbres. Tudo pronto. Chega a hora do baile, casamento, aniversário, o que seja. De frente para o palco, do outro lado do salão, o técnico controla a mesa de som. O cantor grita: “Mais grave, mais grave. Não tô ouvindo”. Dá-lhe o técnico para
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tentar chegar à modulação preferida. Todo mundo já deve ter ouvido falar da implicância de Tim Maia com seus técnicos. O soulman brasileiro até cantava no meio das músicas suas reclamações. Tim sabia
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o que estava falando ou era mesmo chato? Andreos concorda em parte, pois naquela época em que Tim Maia fez sua carreira, o Brasil não tinha bons equipamentos de som. “Mas os pedidos de um cantor tem mais a ver com preferências pessoais. Para o técnico, o som está bom. Só que, para o cantor, não. Por isso, fica essa disputa”. Olhando assim, parece que é preciso fazer muitos
ajustes durante um show. “Pelo contrário. Quase todos os problemas foram resolvidos na montagem e regulagem, horas antes do início das apresentações. O que o técnico faz durante o show é monitorar, para que nada saia errado”. E mais: o técnico pode exercer um trabalho artístico, rompendo um pouco com essa imagem de um cara responsável apenas para reduzir ou diminuir graves, médios e agudos. “Em muitos casos, o técnico controla nos botões
da mesa de som alguns efeitos que serão usados pelos músicos no palco, dando outra cor ao show. Por exemplo, durante o solo de guitarra, o operador da mesa sobe o som do instrumento”. Afinando o som ou acompanhando os instrumentos, assim pode ser definida a vida de quem fica sob a luz e ao lado do som.
O som rosa do Pato Fu Toda vez que tento me perder Acabo me encontrando perto de você Pode me dizer: “você faz isso por querer” Tento o mar, que leva e traz sem parar Seu ruído rosa me comove Me faz lembrar Que o amor é estranho Que o amor não quer saber
Tento a TV O dolby-surround a transforma Num show sem igual Pois afinal O amor é estranho e sem forma O amor é anormal
Em 2001, a banda Pato Fu lançou o disco Ruído Rosa. Formado por 13 faixas, incluindo regravações de ‘Ando meio Desligado’ e ‘Tolices’ aliadas a canções inéditas, o trabalho era o sexto álbum da carreira dos mineiros e trazia algumas esquisitices. Caso, por exemplo, de ‘Eu’, música feita sobre bases de um teremim, um dos primeiros instrumentos eletrônicos; espécie de avô dos sintetizadores. Mas o lado alternativo do Pato Fu não parava por aí. O próprio título do disco causava certa estranheza. O nome Ruído Rosa faz referência ao som que reúne todas as frequências, conforme explica o técnico e músico Andreos Kraus. “Quando um técnico de som monta os equipamentos num determinado local, ele precisa usar o ruído rosa para eliminar ou reduzir no equalizador as frequências indesejadas”. Além de nomear o álbum do Pato Fu, o ruído rosa também é um nome de uma das faixas, composta por John Ulhoa, que de estranho não tem nada. É uma balada que tem de diferente somente a menção ao som do ruído rosa na letra.
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1) 2) 3) 4)
Luana [10 anos] Camily [8 anos] Vitinho [4 anos] Malu [5 anos]
Dicionário Infantil O que é verdade?
O que é ser adulto? 1) Trabalhar muito, reclamar um pouco, elogiar e brigar com seus filhos quando não tiram nota boa. É namorar e casar. 2) É trabalhar, sofrer, ajudar, cuidar e o melhor: poder namorar 3) É crescer. 4) É uma coisa que é pessoa e adulto. Adultos trabalham, estudam, conversam. Os adultos são altos e tomam chimarrão.
1) É falar uma mentirinha e dizer que é verdade ou que não fez aquilo mas fez. 2) É nunca enganar as pessoas, é o contrário da mentira. 3) Se mentir tem que falar a verdade, né? Eu não sou o Pinóquio, eu não sou de madeira, eu sou de osso. 4) Diz que tem uma entrega pra fazer segunda, e vem segunda.
O que ser criança? 1) Brincar, estudar, ficar com preguiça, comer doces, ir a festas, bagunçar a casa e falar que não fui eu quem fiz a bagunça. É fofocar e ter amigos. 2) Brincar, estudar, ser amigo, aproveitar porque depois não vai fazer mais. 3) Criança fica pequenininha e daí vira uma criança pequenininha, como viram os bebês e vira uma criancinha. 4) Criança não toma chimarrão. Estuda, brinca, tem férias. Nem quem tá grávido não pode tomar chimarrão, nem quentão.
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O que é tristeza? 1) É quando você sente saudade. É quando você mente e se arrepende, mas não fala a verdade. 2) É quando alguém faz alguma coisa que você não gosta, então te chateia. 4) Minha tia brigou comigo. Aí eu fiquei triste.
O que é mentira? 1) É pegar uma coisa e falar que só peguei emprestado. 2) É enganar as pessoas. 3) O Pinóquio! O Pinóquio mente pro pai dele e o nariz dele cresce. Mentira é essa coisa. 4) Se uma pessoa diz pra outra que vai fazer uma entrega e não faz nunca, isso é mentira.
O que é o medo? 1) É quando você está sozinha em casa e ouve um barulho que não foi você quem fez. 2) É não ter coragem de fazer alguma coisa. 3) Um dia eu tava indo lá pegar a minha pantufa e daí eu tinha chorado e daí eu tinha medo do escuro. O medo é o escuro. 4) AAAi, tem uma sombra láááá! É quando tem um fantasma ou bicho papão.
O que é coragem? 3) Quando fica tudo apagado eu vou encontrar os muppets e eu vou falar “tchau seus muppets!” 4) É ter um fantasma e lutar com o fantasma. Uma vez dois cortadores queriam cortar uma árvore e aí uma menina foi bem corajosa, subiu na árvore e não deixou eles cortarem.
O que é sonho? 1) É entrar no mundo do paraíso e sonhar com a banda que mais gosta, ou com a novela que mais gosta ou com seu diário. 2) É imaginar uma coisa que você quer ter ou fazer e às vezes os sonhos se realizam. 3) Quando dorme faz sonho, né? 4) É dormir e sonhar uma coisa que quer ou ter um pesadelo.
O que é amor? 1) É quando é dia dos namorados e você não comemora. 2) É namorar, beijar, gostar, ser perfeito, enfim...casar-se. 4) É um sentimento. Uma menina vê um menino e sente amor. Ou quando um menino vê uma menina, sente amor.
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marcio fraga
alavra, ar com a p es lid e d o ã is c e possibilidad mei essa d explorar as o poeta, to r, d a . c tu n e ri d B . s a te c de Filosofia - An poéti contigente e maneira d o n la lu e a , r a is o lh a p De trab linguagem. lmente poéticas da de territoria a id c , á n ra a oP antes, ase norte d rca de vinte mil habit ava u q , a ir e u ig e rt u pequena. C ara Guarap - Sou de O De lá vim p lturalmente u r. c o ri e te e in d n o gra tade n cidade, me ara estudar. metade na em 2008 p
Qual tua relação com Guarapuava? - Essa ideia tá ligada com o Gru po TUDOERRADO. Eu gosto da cida de enquanto lugar pra morar, o que falta é um agito cultural maior. Um ince ntivo cultural maior, não só na Universi dade. Também mais iniciativas ‘oficiais’ . Falta uma promoção de cultura mais na rua, de forma mais incisiva.
ernveção no zine, - Gosto da ideia da int a, fico feliz quando pegar, riscar em cim alguém faz isso.
um tanto de conversa, um tanto de matéria, um tanto de jornal, um tanto de zine, um tanto de disciplina, outro tanto de experimento. segue o relato de umas conversas por aí com Márcio Fraga e Alana Rochal, criadores do fanzine Formol, um dos mais antigos à intervir as paredes da Unicentro.
for-m fórm ol: subst ico, co antiv ou a ldeído nhecido o mascu lino. do á como met No l gera cool me ílico. É ob formald plural , fo tílico lmen e t te n estab . É co ido med ído, form rmóis. A a ia lde al m nt ercia form ilizada pa proporç lizado e oxidaç ina, meta ído ã ol é o r a ev nal de 3 em so ão cat água u alítica , ace m líquido itar sua 7% em p uluç e t ão te so, co ona, in O benz color, co ndência nven aquosa toda zine, e à , ient n m po o po , clo c rofó heiro su limerizaç e um uma r ma foca rmio, ão. O que form trad is qu nte, álcoo m ro at içã e dia isc l e et o, sab o l er et ível em tran - Tá m er o muito perm ogue ílico a s co . m com gressã uito lig que é pessoanece Mr.NobodyAP@hotmail.com s a o d o e e , l o de ssa n de in a id Zine . Ent ndo r o t pan evista, ção. E erven eia de pra v ão, tem fletos de jo les n ção, grito ocê Porque Formol? . sim de s . Em g rnal.. E ão têm o zine , de Dadaísmo. O Formol surgiu numa conversa entre eu e a Alana ples er a trab les era u [Rochal] sobre a necessidade da gente escrever alguma coisa. com , direto lgo m l é um estão m form alha at poe , obj ais tac a folh mais Abri o dicionário e li, formol, a gente ficou meio assim, mas e sia p o com tivo e anha, m a de A ara depois vi a definição, que seria algo para conservar os cadáveres, esp aço tama poétic ais gr 4 e e nós pensamos em cadávares simbólicos. Tem uma segunda o n i ta éu h m d a rest . E trab do, história, eu escrevi depois um soneto, e o Formol foi retirado daí. r esa a fio. ição d lhar e
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a você? presenta pr re a t ri esc ade de se O que a al é a necessid in ig or e ad id ss só isso. É - A nece diria que não é eu e oj H r. sa de das expres plorar a capacida ex de e ad id ss r e ver uma nece elas podem faze e qu o r ve de , elas. palavras. s vão reagir a como as pessoa ois não e 2012, dep d o st o g a ideia é i em utubro? A a edição fo o ir e m m e ri i p fo A u .. o meço eriodicidade omeço? Co m teve uma p por mês. Por onde c ode vras que p vez ditorial, pala fazer uma e tra F. le m u a , o m ã finiç lhar co a b a tr re p por uma de m as. Tento se Foice, Fanzine. . vir de poesi a, sc u F l, o Form iram que surg s e in z ? ários nicentro r! E esses v des da U e r lveram grita so pa re s as a o ss pel e p e s d a ualida , que o a baixa q aconteceu, ã ç e la u q re é m e m livre não ões - O bo o o zine é mas discuss m u o lg . C a . a e d d a r lic mp ser o leitor. Apesa questão co ade, a não a lid m a se u u i q é se e a d o ss etc. . E m níveis essoal, nã que estipule e é uma expressão p inguém ler. há padrões in z reve para n mo o o sc c e , ue a m tr é u u o g in as n dois zines q Mas tem o público, m lendo também. Teve n ur is v sa n e m p ra fo er tem de quem estiv s. E também e ra in ue p z q o s it m o e fe tr u r acto mo Pode se ressivos co lido, porque causa imp em ver. g a te n a st a u foram b isso já é vá vai mudar q ressivos, e ebido. Isso rc e sp e d a almente ag ss do. Não pa está passan
- Tenho muito carinho por todas as edições.. talvez ressaltaria o primeiro por ser o primeiro.. ou o quarto, a partir do qual ganhou mais periodicidade. O seis deu um tanto de trabalho por causa do tema motivador.. Não sei qual destacar, cada um representa o período e a situação em que surgiu.
- A minha produção de poesia não é industrial. Vou muito do momento, alguma frase que alguém diz, de ideias, de músicas.. curto muito rock n’roll, um rock mais alternativo, por mais que seja um termo meio estranho.
- É uma opção escrever o Formol à mão. O direito de errar é bastante importante. Quando se está escrevendo você não tem o corretor do Google. E isso do erro também é importante para o zine, diz muito dele. A liberdade de criação é muito grande.
Quais são seus temas - O tem cent de poesia. ral é a palavra , eu gosto m com termos, uito de brinca ver onde ele r sonoridade, do pode levar. V em muito da ritmo. Quand o estou trab penso no as alhando o po pecto estétic ema, o. Eu brinco to resignificar co m o a palavra. O Paulo Leminsk s sentidos, tena maneira co i é uma refe mo ele trabal rênc ha. Ele lida m ridade, com uito com a so ia, o ritmo, com noa signifçcaão desde Edgar da palavra. B Allan Poe. . Te om, m também o Almeida e su Guilherme de a forma de e screver.. Ele de Almeida, dizia, o Guilhe que o artista rme deve fazer da forma de arte própria vida . . Como escrit uma or, viver a ar ligado a assu te. Pra mim is mir um pape so tá l de escritor, e os riscos qu corre com is e se so.
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Alana rochal 1 -Alana RochaL é um alguém que tem a necessidade de arte, e amor pelo ser humano em toda sua complexitude.
dor de divulga ana, r e s O o bac o ser. jetivo E isso é muit muda, um b o o ideia m com ideais. e zine te os, ideias e outro e uma por conta d n a f O h , a in e ou 3r d d d o , o a um com dand s, qu poesia la a leitura de zes o zine in você concor ssoas e ro , pe ,e s ve quando amplia. .muita osto, está ali entar: ideias p im e olhar s timo. Está ex tão, faz mov anças. ud . .ín En ser tão que engolir! ilidades de m ib m poss não, te
2- O zine é um grito.
ores saírem poetas e pensad os o os ilh av ar ado para que 4- Acho m mos tomar cuid ve de as M ! io que só o que do armár dores achando ta di os em rn to ético ou não), não nos ente ou não, po m ta re or (c os ídia independen escrevem o e assim, a m et rr da co o do é en r, é o melho da, e se esquec rnando coloniza mesmo, enfim, te, acabe se to ídia, faça você m ça fa do l pa ideia princi rgrund. da cultura unde
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1- O Fo Passam rmol surgiu da os in coisas q muito tempo dignação. contem ue não plan con o como dismo. E cordávamos, c do omo de percebe mos qu pois de obser e també var, vamos faz m não es passo, u endo nada. Fo i um pe tám zine, q m ue as nece próximo ssário p no s passo a s ra , Coletivo c TUDOERR omo a bolação os de poes do ADO!, e ia, P assim, v oetizar!, não t o evento isto a re ão pequ pe en causado rcussão que te o m esse zin e. .
a sobre política foi em 2008, falav a) nim nô A de da S. Ale. Depois zine, S.A (Socie nto com Miqueias ju o ad or ab 5 - Meu primeiro el ia, violência contra ideias pela míd va a questão da da or ab e e manipulação de qu o, a nossa turma de 2009, O Faniquit ica. Na faculdade ús m e fiz mais um, em ia es po r os de apresentar ldade, além de te a que encontram rm fo a i fo e mulher e desigua os pois do Formol, olveu o Psicodélic sasse a turma. De es er r int e qu psicologia desenv o od ssei a desenvolve acadêmicos de m steriormente, pa po s, do re na ito alguns trabalhos cr do es an s ab outro Marcio Fraga e esias, minhas e de po s laria En vá começado com ia r es ca Po lo o a intenção de co nte. Criei também o Delirium, com artista independe ia do Delirium, um ide a alg r m es po m ita a fe é r e se qu , pa os ca at ndo além da roline de M ora estou trabalha feita por Julia Ca essa [risos]. E ag pr o m nd te se tada, com a capa tá em es qu que ato menor, para , além do Folhetim as inh m a. ag ias porém em form Fr es po arcio zine só com Diego Mimi e M na criação de um roline de Matos, Ca lia Ju m co to feito em conjun
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PARA
O ALTO E AVANTE
ão a Jord h c a t a arra: N ano Quem n ção: Daniel K a Ilustr
A vida é feita de escolhas, feita de mentores e lutas internas, somos superheróis de nossos próprios temores bebop
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Uma dúvida, um norte, uma matéria Em um lugar comum
O que dizem os desenhos animados, os animes e mangás temidos pelas mães do século XXI? Ou os super-heróis que já sonhamos em encontrar ou já desejamos ser? Que lições aprendemos com eles? Para algumas pessoas, esses personagens ou desenhos são apenas boas lembranças, mas para outros esse mundo é uma eterna fonte de juventude e conhecimento. Sim, o papo é sobre desenhos animados e histórias em quadrinhos.
Na minha ansiedade, pensei que encontraria fácil pessoas que me dariam relatos das mensagens aprendidas com os personagens coloridos vistos e assistidos nas manhãs preguiçosas. Minha busca foi frustrante, comecei a pensar que era hora de amadurecer, abandonar os animes, começar a gostar de outro estilo de filme que não fosse animação, talvez se assistisse os filmes de Hitchcock teria mais assunto nas rodas de amigos.
Algo em (in)comum
Mas havia uma pessoa para a qual eu não havia perguntado nada sobre suas lembranças animadas. Hamilton Junior, 26 anos, que chamaria a atenção pelas camisetas azuis céu com a letra S em um vermelho inconfundível, o símbolo do Superman. Em um universo em que ser Nerd ou Geek virou moda, a camiseta de Hamilton pode passar despercebida, mas não na segunda vez que você o encontrar e o símbolo da escola de super-heróis mais famosa da Marvel, X-men, estiver estampado na camiseta do jovem orgulhoso. São dez camisetas do super-herói mais onipotente da DC Comics e uma coleção de gibis avaliada em cinco mil reais.
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Alguém que sabe do assunto - Tenho edições das décadas de 40, 60, 70, 80 e 90. E as graphic novels de agora do Superman. A Superboy n°1 está no cofre... Tenho várias edições raras e meu quarto parece de criança, tenho cortina, toalha, jogo de cama completo, abajur, tapete, miniaturas. Além de uma tattoo do herói americano nas costas. – As palavras de Hamilton eram pura animação. - Mas você não ouve ‘críticas’ sobre o gosto à cultura dos desenhos e revistas em quadrinhos? – digo com toda pompa de Louis Lane, digo, jornalista... - Já ouvi todo tipo de crítica e sarro. Uma vez fiquei muito magoado com minha mãe. Ela falou que era perda de tempo e dinheiro e que eu estava passando metade da vida no mundo da fantasia. Sempre diziam que eu estava sendo infantil, que era pra parar de usar camiseta de herói. - E já pensou em fazer o que te diziam? - Sim, mas é uma história de amor de mais de 23 anos. Não só entendo sobre o Superman, como também acompanho Cavaleiros do Zodíaco, que me ensinou sobre mitologia grega. Ainda tem o lance de amizade, de nunca desistir, de acreditar em algo maior e de que nada vem sem sacrifícios. Eu adorava desenhos como Hércules, Os Impossíveis, Johnny Quest, Frankstein
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Júnior. Vi muito He-Man e Superamigos. Manda Chuva, Tartarugas Ninja. Jaspion, Jiraya, Changeman. Power Rangers acompanhei todas as temporadas. Pokemon eu acompanhei até a décima temporada. Adorava Thundercats também. - lembrou com ar de saudade. Parei um momento e refleti se eu realmente gostava de desenhos animados, a resposta era clara, mas meu conhecimento não era nada igual ao do meu entrevistado. - Já ouviu falar na Jornada do Herói? – Agora era ele que me fazia as perguntas. - Ainda não – respondi envergonhada. - O escritor e mitologista americano Joseph Campbell delineou os passos pra escrever uma aventura. Porque não sei se você já percebeu, mas em todas as culturas tem mitos parecidos mesmo eles não tendo contato uns com os outros. - (...) – deixei ele prosseguir. - Você assistiu Star Wars? Harry Potter? Senhor dos Anéis? – não havia tempo para as respostas e ele continuava - Se prestar atenção são histórias parecidas e o protagonista é o mesmo, só muda a ambientação, já percebeu? - Mas é claro [na verdade não sabia], parei, e tentei me lembrar das histórias, ri
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comigo mesma e consegui contribuir - segue o mesmo enredo. - Campbell chamou isso de Jornada do Herói de Monomito e ele mostrou as etapas. Meros mortais super-heróis, super-heróis meros mortais. - A primeira etapa. O mundo comum. O Potter mora com os tios. O Neo esta plugado na Matrix. O Frodo mora no condado – e assim ele prosseguiu. -Vem a segunda etapa. O chamado para a aventura que geralmente é seguido da terceira etapa que é o encontro com o mentor. Decidi só escutar, não precisava perguntar mais nada, Hamilton já havia decidido que a cultura dos super-heróis participaria da sua vida. - Quarta etapa – continuou - A recusa do chamado, todo herói tem medo de sair da sua vidinha. - Então todas essas etapas lhe ensinam algo, que seria arriscar, sair da zona de conforto? - Isso, e todos temos em nossas vidas os mentores, o chamado para a aventura, mas quase sempre recusamos ou não damos ouvidos aos mentores. Não aceitamos ajuda, somos orgulhosos. Tentei fazer outra pergunta, mas fui cortada pela excitação do entrevistado. - Calma, já estou acabando – riu -
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Quinta etapa, cruzando o primeiro portal, quando o herói descobre quem são os amigos e inimigos. Sexta etapa, a aproximação, momento que o herói começa a ter êxitos. - Sétima etapa, a morte do herói. Às vezes não chega a ser um momento de fraqueza, mas a morte da inocência mesmo quando o herói percebe que tem que se levar a sério, que a vida não é só festa, não é só bagunça, uma hora a gente tem que amadurecer. Não sabia se ele ainda tinha os super -heróis em mente ou estava aplicando a teoria na sua própria vida. - Na próxima etapa temos a recompensa, o Luke descobre como usar a força, o Harry descobre que é bom com as vassouras Nimbus. Lembra? As últimas etapas são a ressurreição e o caminho de volta. – concluiu – Era um estudo e tanto. -Todos nós somos super-heróis, passamos por todas essas etapas na vida - as palavras já saíam mais devagar. Fiquei sem palavras por alguns minutos, minha dúvida inicial havia aberto espaço para mais dúvidas, sabia que havia mais no universo das animações, das HQs que imaginava... um universo real e imaginário para crianças e adultos, sem restrição de idade.
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e h e r m eu a l i u G rend u e a p r o l l co m q a t co n r o c k n ’ o nand curtir s. Já Fer ouco p ai os p rou um t Como n . o a c i c , en n ê hama esist de r smo se c a da e gr ele m velha ne oi inf o é a “ ”. O rock os e a ig i l famí ia dos am e de d c a t fluên iu a von iança g r c e r aí su s en odesd gostou. o , r e a r t p can empre a qu res plic am sem ra se a o x c e o l e p e p é nea de s er mais aqueuela a de Lea é o q , i m a o r a N “ e s i r n r a at , cov em tório onardo sito e toma po do a uar xr e ó r p p e á e L inas. L nal m G a e faz aram mas unir eja”. sa foi fi o e s Assass eu r e n e d a d r fi s r e p pen , oi o iu ban ulh of pu ona erv resc foi la c as a c , a po n- Mam garoto c osto r os s d urg s a M éria até und anda evou o t do 11 s uma e ba ctim por n uog as m o s aume ando M senvolve Rai ra b da e l lond 20 ava ent a. Vi da ollo n ca ade i fic , e de ck. pu mam nad orma ntar Roout s ráp para sim, r void shows os e r a i s a e l f elo ro queria se me fi i o a a r r p , d e s i e t e a n, P rme udu e m o s u d o, “Eu pra ai m do seg u de to e ta Dow do ilhe , D i ess Sen Syste s in- d ais o não s x i , orque ó ) a ) e n u t p s a rna , G rra ixo ate as p e. u o os o am m ão, d ro a. cali m g p , a r ) t a i r m d ti n ra g (b que Fe cal uit (b most sur ue to cur ria a e enas u r a gale p q (vo a (g ski hran da ver, s a e a t e s já rant sta jun . No c h e w i n s S c b a n co d a eg m, e rfeita rme pra r t a r e u e D ate um qu e o v Sys e o s olha p Guilh M ), é ais um ao c es io, o, ria m zem to . tud da iníc faz s fa tribu wn o e l r e D m e iro a d bia nta ju de of es sa m te Ant só e se do d an de u q nta vo
ey h t d o d sen y Wh ways or?! al e po th
ra: nar etti m Que ederss sP Lay
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eu gostava de cantar. Me us pais não gostam, m as mesmo eles sendo co consegui fa ntra eu zer banda, tocar em Guarapuava e viajar pa ra várias ci dades”.
Primórdios religiosos Pra quem lherme hoje vê Guin gina que ele ão imajá teve um passado toca ndo e compondo músi cas de igreja . “Eu comece i a to car bateri a e com as pan m casa elas da minha mãe, depo fui pra gu is eu itarra,
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é mú estu s hist ica e dante meu p ai que ória Mateu de me d e eu. E quem tec m dir trab s curs u fui igreja a i a pra - n alha a um da velho depois a u d n C , fui d o ive biblio – sile os por te a mo infe sozin e r n co h b exi cioso lugare sidad sti e, dá p anda ai lizmenporqu nta próp o, s s n a s r e ac a q r. Ma que p mais cia ra a sob da não hei q ia tava s u od e q no p r u m silê ele p uem p em cada lena de evivênL á e u u i to l o u e t a n o c en o t ss um todo ci d vir ca s d o q u e i m ú . com a vez o se a o d e igre si- u ar. Guil precisa s, e i co m p h j m s do os f lá e ngan a us”. a e até d a loja erme te e o a e s , n t n á e ro m de cas a h es d ele a ora e nand ck n’ r artigos é “ e de ouvio s o l s Além s l , é e a i r Ferm prof inglê é ee de e s u v a últi pre para rocke balh e tamb ssor de o i m u a co é em a mú gual iros de mo m trabor an supo a”. sica rte, alista P én Dud ae u stra AV da já p icti erc ms o orr eu f a Do oe w sta n do
a ms of A Victi eçando m está co Down r já e tem pla o m p e a com vação ra gra a p s o n . estúdio
as Históri em... de viag
a ei zul o u d a pra E Rio A toda . t o m e e E l s “ h e mo pal falava Céu ois nando ha e dep om a r e o, n F i c m cara brigad corri‘o k o t : o a o r o e e ho o um ou a f Faceb a as a gent t qu com caé ul!’, e as logo ele ar s o z t r A o a n á ti p s n s e, , m ”. eta em a!”. gia ele rado de novo ara dade , Ca Mado gent apalh lou: ‘t a saliv nn P e i r z f u r a e e o a u a do . C uaç co, mp falava primeira v e f ca da t com t ão que com era i 50 o Ig an Ca á r j m i a s e r t “N e e o l mar esmo onde m tinha u fot gen ganh nha, int do to B ba, Azu iro e M des scavel, toqueia b a C z e ti o u a i m t c o e lá so. E ma pre Fo l, P Cur Rio ro se uito vede m cida e tas pre m eles re ais bando s armados, de alei: ve gá, o e no Mas s fimo os de o s f l , d m o m m i n o ã s d t , se bido nde ri ur am s. qu dera s eu u leele á, o ão ros aram o hino s o s n e o r a e c o n r e e e , e le M tiv ag qu ra ss re m te, m ão v io!’” e coloc oca que ino de n eu n góc es s vi cha o Pa oube eus . lam m de t aringá es – h r e t e u s b A e rm n ta o, M da cê a só n se s m s em ‘nã esse uilhe eles gos avel, a. c G vo ram ria vera ama ero, v r s l a va ta Azu avam Ca arapu ca e di es ti de f ball n o h u i o G c R ac a fa e Ca qu e el ntos qu “Em bém te er e qu me Juan i? m n c ra tam a ge mo dro gua pare s fo lgue a u q Pe Par s é, cara or a do no Poi os s p pois ndo e u á de r l rida s. “D o m o p leb ra tod ce s ho eio ma ow v sh
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pra tocar n o notebook, an tes de aca bar o hino o ir Fernando fa mão do lou ‘vamos trocar de m úsica’ e mu dou. Os ca ras ficaram tão bravos, s ficaram peo d ar e dindo porq d o ue ti na no d e rep hino e viera raram o o n ent a po m com um ga h a pedaço de chuco lera e ma gen rta otel b e pau dizend que ac u at te o ‘ou você q subira a cabeça toc : ‘vo ordan eu uer carinho d , m d a a í ar á cê d no pa m ou quer p mand lco águ os, j !” nó s tem o você o sangu orra a o s” a s e po a carinho você da’. Pra parar ram a ge e g n a a ufa, í . n tinha que “Em a cara mos coraind pensam r mos: Aí já pen te dar um beij c u a a o e m o no pedaço sa‘pron bem s, ra “L t mos de pau ou le da Marin fomo a do tem á no P ”. o véio o matas vava porrap p a , camo das nas pe viu alco lateia gá um”. uma fuso ho raguai s o vé machurnas, aí ele e m r a á pu i mo vão a deu um beij sabí hora e rio de botar o, agora s s is, de gente lou o claro”. a n m ó que ab em s nã a c nã po “Num show hora os se e em Cas- da nós, mas n ulpa a ma era u o sho brou ndo is fica o cavel o do d n a m q e ele o no do luga gen w seg o bra ue e s fal ver- n s, só s is ou a m a r ‘é, subiu no pa l abia ç t ha q eu e i lco e pulou v isso é pr aram: nte o. N e o b fez que ue t a voc erem d o l r o a ti á que car ês ma el que a es aço gente dorm nhã. A a uma q ses te eng e foi c a í e ir p u o ra d fomos e e se mpos ssado m le q . a esca e l E e n- ço ueb gent ,a ra o e v falou ol com gen o o u te l utro b tar m e evo rau log io”. isso
ca um da v a l iag ou em cu ra
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Quem narra e fotografa: Maíra Machado Arte: Fabio Horst
Cadê a
Resistindo bravamente, o Brasil foi o último país a deixar de produzir a Kombi.
kombi que estava aqui?
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Preparem-se para a despedida porque é chegada a hora. Depois de sobreviver por várias gerações e ainda ser a preferida de muita gente, a Kombi vai deixar de ser fabricada no Brasil. O último suspiro desse modelo, que ganhou o coração dos brasileiros, será neste ano, já que a partir do ano que vem, todos os carros novos serão obrigados a conter freios ABS e airbag. E, apesar do esforço dos profissionais da Volkswagen para fazer as adaptações necessárias, a Kombi não permitiu que tais equipamentos fossem colocados nela. E então, depois de mais de seis décadas fazendo parte do cotidiano de muitas pessoas, a Kombi assina sua aposentadoria. O mesmo ocorreu com o Fusca há algum tempo: num certo dia, para a tristeza geral da nação, ele foi tirado de linha. Falo do Fusca porque, além de ser também um dos carros mais queridos da população brasileira, foi o modelo que serviu de inspiração para a criação da Kombi, nossa homenageada. Quando estreou no Brasil, na década de 50, a Kombi era importada. Três anos depois, a montagem começou a ser feita aqui e só em 1957 é que, definitivamente, passou a ser uma produção nacional. Por muito tempo, ela foi a líder de vendas no segmento de furgões. Além do espaço, que permite que sejam carregadas nela o peso de até uma tonelada, a Kombi também era o veículo utilitário mais barato do mercado.
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Maaas... é como dizem por aí (ou: o poeta que me empreste a frase): tudo o que é bom dura o tempo necessário para se tornar inesquecível. E com isso nos preparamos para o adeus. Apesar da saudade, ainda nos resta uma chance de manter viva a paixão pela Kombosa. É só andar um pouco por aí que já encontramos aqueles que não pretendem deixar a companheira cair no esquecimento. Por isso eu apresento Vilmar Rodrigues, um admirador declarado de automóveis antigos. Na garagem da casa onde mora, um Fusca e uma Kombi,
chamados carinhosamente de “meu casalzinho”. Na estante da sala, uma coleção de miniaturas de carros e no peito, um amor incondicional por seus possantes.
Conhecendo um apaixonado Nosso primeiro contato foi pelo telefone. Conversa rápida. Marcamos uma entrevista em sua casa. Desliguei e pensei: ele não é de falar muito. Esperei até o dia combinado. Num final de tarde de uma terça-feira gelada, cheguei até a casa dele e fui recebida por sua esposa. Seo Vilmar não estava, fora visitar a mãe. Fui
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“Ela é bonita, é diferente dos outros carros. Quando eu vejo essas Kombis estilizadas, então, dá muita vontade de ter uma”.
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convidada a entrar. A passagem estava um pouco apertada devido a pintura que estava sendo feita no interior da casa. Sentei no sofá e conversando com Dona Célia, aguardei a chegada de Vilmar. Em pouco tempo de conversa percebi que havia encontrado mais uma fã da velha Kombi. “Agora estamos vendo para comprar uma corujinha”, disse Célia com ar de entusiasmo. Não demorou muito, Vilmar chegou. E qual não foi minha surpresa quando vi a vontade daquele jovem senhor de me contar sobre suas paixões. Minha primeira impressão, de que ele não falaria muito, acabara de cair por terra. “Tive meu primeiro carro aos 16 anos. Já tive uma Itamaraty, um Corcel, um Maverick vermelho e preto [que pegou fogo], Kombi e ao longo do tempo passei por nove Fuscas”. Quando fala nos carros, os olhos de Vilmar brilham. Perguntei-lhe sobre a Kombi. “Sempre quis comprar uma Kombi. Essa que eu tenho hoje comprei há pouco tempo e foi por necessidade. Trabalho com buffet e com ela consigo carregar tudo o que preciso. Agora estou tentando negociar uma outra, uma corujinha ano 68, se não me engano. Quero ela porque é das mesmas cores que uso no buffet, pra ficar combinando”. A Kombi de Vilmar chama a atenção. Branca e cinza, com alguns ajustes e personalizações. É mais do que uma companheira de trabalho. “Eu acho que o carro, às vezes, parece com um bichinho
de estimação. Porque você se apega. Tem horas que você se distrai um pouco e quando vê, está conversando com o carro”. A todo momento, Vilmar lembra que sua meta é ter o “casalzinho” na garagem. “Eu quero uma corujinha. Das antigas mesmo. Já tentei negociar, mas o vendedor me pediu 17 mil reais. Ainda estou negociando”. Então perguntei o que lhe chamava a atenção na Kombi. “Ela é bonita, é diferente dos outros carros. Quando eu vejo essas Kombis estilizadas, então, dá muita vontade de ter uma”. Além da admiração, Seo Vilmar ainda pensa em sua utilidade, já que quando precisa levar seu buffet e sua equipe até algum evento, a Kombi amiga acomoda todo mundo.
Uma história de família O sonho de Vilmar de ter uma Kombi corujinha se realizou na família Wouk. “Nossa família sempre trabalhou com combustível. Desde pequenos, eu e meus irmãos ajudávamos nossos pais no posto da rua XV de Novembro. Essa Kombi era nossa cliente. Pertencia a um vizinho que morava há duas quadras do posto. Um dia soubemos que o senhor queria vendê-la. Para a nossa família foi um motivo de alegria, pois tínhamos a chance de comprar a Kombi que por tantas vezes abastecemos”. É com ar de satisfação e saudade que Gregório Wouk Neto me conta como começou essa história com a Kombi. Há oito anos o automóvel passou a fazer parte da família e desde muito antes acumula particularidades interessantes: antes de ir parar na casa do vizinho de Gregório, a Kombi pertencia a marcenaria do quartel de Guarapuava. O automóvel hoje tem 43 anos e antes de entrar definitivamente para a
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garagem dos Wouk, passou por dois anos de restauração. “Fizemos uma restauração completa e depois disso ela passou a ser uma Kombi-Luxo. Chamavam de ´saia e blusa´, por ter duas cores. A nossa, no caso, é preta e branca”. Eu, que ainda não a tinha visto, tentei imaginá-la. Caprichei nos detalhes da imaginação. Mal sabia que, ainda assim, me surpreenderia. Enquanto Gregório falava, era possível perceber o carinho que tem pelo carro. O cuidado é tanto que, mesmo gostando de encontros de carros antigos, ele prefere ir apenas aos mais próximos, para não correr o risco de danificar a companheira. “Tem que cuidar, né. Além da garagem, tem mais uma cobertura de proteção. Ela não fica no sol. Não sai em hipótese nenhuma na chuva. Só sai aos domingos de manhã para uma volta com a família ou para ir se encontrar com amigos. Por isso a pessoa tem que gostar, para acordar cedo num domingo, pegar seu carro velho ir se encontrar com os amigos. Isso é muito bonito”. É de se entender a preocupação com a aparência da sua Kombi, já que ela atua também como “garota propaganda” em alguns comerciais do posto de combustível. E não para por aí, Gregório faz questão de contar. “Ela já fez parte até de decoração de festa. Ficou o tempo todo em cima do palco. Era um evento que tinha como tema os anos 70. Dos desfiles de 7 de setembro, ela também participou diversas vezes”.
Vendo o carinho com que falava, perguntei se ele a chamava por algum apelido ou de algum jeito especial. “Eu não chamo. Mas alguns amigos brincam que ela é corinthiana, por causa da cor. Mas não! defendeu mais que depressa - Se fosse para ser de algum time seria vascaína já que a paixão da família é o Vasco”. Na sala onde conversamos, diversas miniaturas e souvenires em formato de Kombi se encarregavam de compor a decoração. O papo prosseguia e descobri, então, que a paixão de Gregório pela Kombi surgiu de uma outra vontade. “Eu sempre quis fazer um Fusca quatro portas, mas esse modelo foi comercializado por apenas dois anos e depois disso as peças se tornaram muito raras. Por isso eu não levei a vontade a diante. Aí eu acho que o destino me levou a essa Kombi vizinha, que sempre abastecemos. Acho que tinha que ser”.
De frente com ELA Cheguei ao posto. Tinha combinado com Gregório de fazer fotos da sua Kombi. Olhei para os lados e nada. Não percebi que ao lado havia uma garagem. Logo ele veio e me chamou para entrar. Ela estava lá, ao lado de uma Shadow que também faz parte da lista de paixões de Gregório. A expectativa aumentava à medida que ele retirava a capa de proteção. E então eu a conheci. Era realmente linda. Os bancos de couro branco mostravam o cuidado com que era mantida. - E se aparecesse alguém interessado, o senhor venderia?
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“Não!”, respondeu Gregório sem precisar de tempo para pensar. “Você me emocionou com essa pergunta. Acho que na vida tudo tem seu preço, mas eu não venderia pelo valor sentimental, porque a Kombi representa uma época gostosa da vida da gente”. Falei sobre o fato de ser o último ano de fabricação da Kombi e Gregório lembrou que há algum tempo uma mudança já começava a anunciar um possível fim. “O fim de todo carro é sair de linha. Com a Kombi não seria diferente. Já foi triste quando ela deixou de ser motor a ar e passou a ser a água. Muita gente ficou
chateada porque achou que ela perderia sua identidade. E agora ela vai sair de linha”. E assim ele prosseguiu, encerrando nossa conversa. “Então eu acho que ela foi uma vencedora, por permanecer por tantos anos no mercado. Cumpriu seu papel tanto na parte do trabalho, como na parte da diversão e do lazer. A gente vê com tristeza pelo fato de não ser mais produzida, mas também com alegria por saber que ela foi reconhecida. Chegou a hora de dizer adeus, mas adeus na linha de montagem porque quem tem a sua vai ter pra sempre”.
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Colaboração: Sanderson Ribeiro Ilustrador
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Desenho de MaĂra Machado
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