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Chico Sant’Anna – Páginas 6 e

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Entulho vai virar biblioteca

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Durante décadas, a Estrutural recebeu rejeitos do brasiliense. Formaram-se montanhas de lixo e de entulho. O Lixão foi desativado, mas a área de entulhos da construção civil continua ativa. Recebe, em média, 6 mil toneladas de rejeitos por dia. Agora, parte desse material virará matéria prima para a construção da biblioteca pública da cidade. Do entulho, nascerá a base de fomento da cultura local.

Há meses, o Instituto Tijolo Solidário atua na transformação de resíduos das obras em tijolos de terra compactada, blocos de concreto, bloquetes para pavimentação de ruas e calçadas. Parte da mão-de-obra é formada por antigos catadores de lixo, que perderam seu sustento com o fim do Lixão.

De cada dezoito toneladas de entulho, produz-se um milheiro de blocos de concreto. A capacidade de produção mensal é de 75 mil blocos e 600m² de paver. Tudo ecologicamente correto, nos padrões da ABNT e até com laudo toxicológico, segundo as normas da Organização Mundial de Saúde.

“O que anos atrás era sonho, começa a tomar forma. São apenas algumas paredes de uma biblioteca, e, logo, logo, construiremos casas sustentáveis com a participação popular, a baixo custo, protegendo o meio ambiente. Ter uma biblioteca para contar a história do surgimento da Cidade através do lixo, sobre o cooperativismo e a sustentabilidade da reciclagem também na construção civil é muito gratificante. Vamos trazer a comunidade para falar de lixo de uma forma diferente”, avalia Paulo Batista, o Paulão da Estrutural, mentor do Tijolo Solidário.

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Instituto transforma resíduos de obras em material para pavimentação de ruas e calçadas

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Projeto “A Arte do Cordel” valoriza o texto de cordel como manifestação popular

Literatura de Cordel no Ensino Fundamental

Maria Félix Fonteles

Quarenta escolas de Ensino Fundamental de Ceilândia adotaram, desde 2019, o projeto “A Arte do Cordel”, com a realização de cem oficinas literárias para um universo de mais de 4 mil alunos da cidade. Cada oficina tem duração de uma a duas horas e o conteúdo envolve a leitura de cordéis, a exploração do gênero e a elaboração e revisão de textos. O projeto, apoiado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC/DF), conta com intérprete de Libras, de acesso a pessoas com deficiência auditiva.

“Ceilândia consolida-se como a região administrativa mais populosa do DF e como polo irradiador da cultura popular nordestina, com destaque para a literatura de cordel”, observa o coordenador do projeto, professor Raimundo Sobrinho, ao encerrar as atividades deste ano com uma oficina na Escola Classe 46.

Para ele, é um desafio levar literatura para os estudantes em um mundo altamente tecnológico. “Porém, é necessário persistir, enfatizando a importância da leitura. Além disso, percebo os olhos deles brilharem com a harmonia sonora das rimas neste universo tão importante que é a literatura de cordel”.

O professor Eduardo Ferreira dos Santos, da EC 22, um dos entusiastas do projeto, ressalta que o cordel tem boa aceitação pelos alunos, os quais, já familiarizados, levam de casa o gosto por essa literatura. “ Nosso objetivo é valorizar o texto de cordel como manifestação popular e, a partir daí, produzir textos com base em fábulas conhecidas, ilustrando-a com a xilogravura, incentivando a escrita, a produção e a declamação em grupos”, observa.

Para ele, desenvolver o projeto “representou um passo valioso para o reconhecimento e resgate da literatura, além de proporcionar à nova geração a oportunidade de apreciar a riqueza e expressividade da nossa cultura”.

A professora Suzana Cristina Macedo de Melo Gomes, da EC 06, de Ceilândia, reafirma: “o cordel, além de ter grande relevância para as atividades em sala de aula, possui um caráter social, uma vez que as oficinas abordam questões relacionadas às dificuldades enfrentadas pelo povo brasileiro, estimulando importantes reflexões”.

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