Jornal Brasília Capital 597

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NEOcrópsiaENERGIA Falta de manutenção na rede pública causa acidentes e mortes em todo o DF Radicais bolsonaristas tocam o terror na cidade e PM não prende ninguém www.bsbcapital.com.br DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Brasília, 17 a 23 dezembro de 2022 Ano XII - número 597 Pelaí – Página 2 e 3 O jantar das mil e uma noites de Michelle sem Bolsonaro Pelaí – Página 3 Parada reafirma orgulho LGBTQIA+ em Taguatinga Via Satélites – Página 8 Pelaí – Página 2 e 3 Chico Sant’Anna – Página 10

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Os textos assinados são de responsabilidade dos autores

Reencontros – O presidente José Aparecido Freire ofereceu, quarta-feira (14), um jantar de confraternização, no Dúnia City Hall (Lago Sul), para e para diretores e convidados do sistema Fecomércio-DF. Foi um momento de reencontros, como o dos jornalistas Paula Santana, Caio Barbieri, Samanta Sallum e Orlando Pontes, editor do Brasília Capital

Baderneiros não ficarão impunes

Horas após o presidente eleito Lula da Silva (PT) ser diplomado pelo TSE, na segunda-feira (12), uma horde de bolsonaristas radicais promoveu várias ações de vandalismo nas ruas de Brasília. O álibi seria a tentativa de libertar um índio preso na sede da Polícia Federal, por ordem do ministro Alexandre de Moraes (foto do detalhe), do STF, por incitar atos inconstitucionais pela internet. Chamada a intervir, a Polícia Militar do DF ocupou a área central da capital, mas não prendeu nenhum baderneiro.

MANDADOS – Mas, na quinta-feira (15), Moraes autorizou 103 mandados de prisão, busca e apreensão em oito estados (AC, AM, ES, MT, MS, PR, RO e SC) e no DF contra organizadores de atos antidemocráticos. Ele usou informações obtidas por uma rede de inteligência formada por órgãos estaduais como Ministério Público, Polícia Civil, PMs e PRF e mirou três grupos relacionados às investigações sobre atos golpistas e contra o resultado das eleições.

NA MIRA DA PF – Os grupos na mira da PF foram divididos da seguinte forma: líderes, organizadores, financiadores e fornecedores de apoio logístico e estrutural; proprietários e condutores de caminhões que participaram das manifestações e atos antidemocráticos e foram autua-

dos pela prática de infrações de trânsito; e proprietários e condutores de veículos usados para prestar apoio, auxílio logístico ou estrutural, como transporte de pneus a serem queimados, estrutura para barracas, transporte de banheiros químicos, dentre outros.

PATROCINADORES – A rede de inteligência identificou patrocinadores de manifestações, financiadores de estruturas para acampamentos, arrecadadores de recursos, lideranças de protestos e mobilizadores em redes sociais. Os nomes dos alvos da opera-

ção não haviam sido divulgados até o final da tarde de quinta-feira.

TORNOZELEIRAS – Dois dos alvos são deputados estaduais no Espírito Santo: Carlos Von (DC) e Capitão Assunção (PL). Ambos passarão a usar tornozeleira eletrônica e estão proibidosde usar redes sociais, de dar entrevistas ou de participar de eventos sociais, sob pena de multa diária de R$ 20 mil.

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AGÊNCIA BRASIL

Terror e tragédia

Brasília tem vivido momentos de terror e de tragédias. Não bastasse o vandalismo com intenções golpistas praticado por radicais bolsonaristas inconformados com a derrota nas urnas, a população ainda precisa assistir a desastres evitáveis – causados por irresponsabilidade de quem poderia preveni-los –, que vitimam inocentes e ceifam vidas.

ELETROCUTADOS NA RUA – Na noite de sexta (9), em meio a uma forte chuva, um fio da rede da NeoEnergia caiu sobre um carro na EQNP 24 Conjunto E, no setor P-Sul, em Ceilândia. Karina Madureira da Silva, 17 anos, tia de Sophia Emanuelly Batista Madureira, de 5, e Kelvin Michel Madureira de Andrade, 14 anos, parente das duas, caminhavam pela calçada e foram atingidos pela descarga elétrica. O adolescente chegou a ser socorrido por um morador. Mas não resistiu, mesmo depois de uma hora de tentativa de reanimação pelo Corpo de Bombeiros. As três vítimas moravam em Planaltina e foram sepultadas no domingo (11), no cemitério da cidade.

SOLIDÁRIO – Três pessoas estavam no veículo: Alex Pereira de Sousa, 41 anos, uma adolescente de 15 e uma menina de 6. Alex desceu do carro para socorrer os pedestres e acabou sendo eletrocutado. Mas não perdeu a consciência e conseguiu se afastar. Foi socorrido e ficou internado no

Hospital Regional de Taguatinga com problemas nos rins. As duas passageiras que ficaram no veículo foram resgatadas ilesas.

REMENDO – Zilton Monteiro, 61 anos, morador da quadra, contou que a NeoEnergia havia sido chamada para corrigir os problemas na rede local. Mas os técnicos apenas fizeram um reparo, em vez de trocar a fiação. “Remendaram o fio. Estávamos esse tempo todo correndo risco. Com a chuva, o fio rompeu”, disse Zilton. Na rua, os vizinhos passaram a chamar a companhia de NEOcrópsiaENERGIA.

APOIO – A Neoenergia Brasília lamentou o ocorrido e disse que está prestando solidariedade e apoio às famílias e às vítimas. “A companhia enviou uma equipe técnica imediatamente ao local para proceder com as medidas emergenciais cabíveis, eliminando os riscos para a população. No momento da ocorrência, havia um grande volume de chuvas e a incidência de descargas elétricas na rede”, disse, em nota.

CASO DE POLÍCIA – O acidente está em investigação pela 23ª DP (P-Sul). “Estamos aguardando o laudo da Seção de Engenharia Legal e Meio Ambiente (Selma), especializada no assunto. Peritos da Polícia Civil vão avaliar o caso”, declarou o delegado Luiz Gustavo Ferreira.

Pendurado no poste

Um eletricista terceirizado, prestador de serviços da Neoernegia Distribuição Brasília, de 45 anos, levou um choque e sofreu queimaduras ao fazer um serviço de manutenção em transformadores, segunda-feira (10), na Quadra 305 do Bairro Residencial Oeste, em São Sebastião.

Em um vídeo gravado por testemunhas, o operário aparece de-

sacordado e pendurado no poste. Os bombeiros resgataram a vítima com vida, com uma queimadura extensa na mão esquerda, baixa saturação e desorientado. Ele foi levado ao Hospital de Base. A NeoEnergia afirmou que o colaborador está recebendo suporte e acompanhamento em tempo integral. A 30ª DP vai apurar o fato.

No apagar das luzes, um jantar das mil e uma noites

Chico Sant’Anna

Um banquete das arábias está dando o que falar em Brasília. De tão suntuoso, é chamado de Baile da Ilha Fiscal do Cerrado – uma referência à festa que a monarquia brasileira realizou na antevéspera da proclamação da República e a expulsão de Dom Pedro II. Além do cardápio, chamou a atenção a lista de convivas oficiais presentes.

O jantar foi oferecido pela embaixada do Reino do Bahrein no Brasil em homenagem a mais um ano de reinado de Hamad bin Isa al-Khalifa à frente do arquipélago no Golfo Pérsico. Praticamente, só integrantes do atual governo foram convidados, o que demonstra, no mínimo, um erro político dos diplomatas, que em poucos dias terão que dialogar com o novo governo. Outro detalhe intrigante foi a presença solteira da primeira dama Michelle Bolsonaro. O presidente não se fez presente.

O Bahrein, além do petróleo, é famoso pela monarquia autocrática que propaga o extremismo religioso – onde não são raras as prisões de jornalistas –, e pelo tráfico de mulheres, conforme registra o portal especializado Monitor do Oriente. Segundo esse veículo, o Bahrein é um paraíso do turismo de sexo, destino de milhares de homens, especialmente, israelenses e americanos, em busca de meninas traficadas, ou mulheres estrangei-

ras prostituídas pela máfia.

Todo esse currículo não desestimulou, no ano passado, o Itamaraty em lá abrir uma embaixada e, tampouco, deixou embaraçadas deputadas como Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP), que circulavam sorridentes pelas mesas do ágape. Ministros da Educação, Victor Godoy; e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Paulo Alvim; e o vice-governador do DF, Paco Britto, também foram saborear as iguarias árabes.

A presença solo de Michelle, contudo, foi o que chamou mais a atenção. Veterana jornalista na cobertura da diplomacia, a colunista Marlene Galeazzi, diz jamais ter visto uma primeira dama comparecer a um evento diplomático sem a companhia do titular do governo. Salvo em agendas voltadas exclusivamente para mulheres. O que não era o caso.

Por que, então, tanto empenho da 1ª Dama em se fazer presente em um evento dessa natureza, rompendo as tradições protocolares?

Toda essa situação tem suscitado rumores diversos pelos corredores da Capital. Há quem diga que representantes do Bahrein possuem negócios no Brasil em parceria com o clã bolsonarista. Outros insinuam que o arquipélago poderá ser um destino seguro àqueles que vierem a ter problemas judiciais no próximo ano. Afinal, não há tratado de extradição entre o Brasil e o Bahreim.

Brasília Capital n Política n 3 n Brasília, 17 a 23 dezembro de 2022 - bsbcapital.com.br DIVULGAÇÃO
Michelle Bolsonaro comparece sozinha a um banquete da embaixada do Reino do Bahrein FOTOS: REPRODUÇÃO

Embora o futebol seja, cada vez mais, um instrumento de alienação dos povos em todo o planeta, não se pode fugir do assunto na medida em que ele mobiliza as atenções de bilhões de pessoas. A Copa do Mundo de 2022 foi permeada de absurdos, começando pela sua realização no Catar, monarquia semiartificial da Península Arábica, cujos ditadores escandalosamente compraram os votos dos delegados presentes, em 2010, no convescote da Fifa que escolheu a sede da Copa deste ano. Investigação de 2014 do jornal inglês The Sunday Times afirmou que o país árabe pagou mais de US$ 5 milhões em propinas para garantir apoio à sua candidatura.

Num país em que quase 90% da população de 3 milhões de pessoas é formada por imigrantes notadamente do subcontinente indiano (paquistaneses,

Geopolítica da Copa

bengalis, indianos, cingaleses e nepaleses), oprimidos e super explorados, sem acesso a direitos sociais básicos, a monarquia gastou cerca de US$ 200 bilhões na construção de estádios e infraestrutura suntuosos. Já a Fifa, sediada na “impoluta” Suíça, faturou nada menos que US$ 7,5 bilhões em patrocínios com a Copa do Catar, cifra superior aos PIBs de mais de 50 países, como os africanos Eritréia, Burundi, Somália, Serra Leoa; nossa Guiana, e os europeus Montenegro e Kosovo.

Pois esse evento - em que os principais futebolistas do planeta, em sua maioria “podres de rico” e alheios às duras condições de vida de seus fãsaproxima-se do fim com a presença de uma seleção intrusa. Pela primeira vez, um país africano (e da Liga Árabe) se faz presente nas semifinais da competição: Marrocos. Após eliminar em seu grupo a poderosa Bélgica, bateu, sucessivamente, Espanha e Portugal nas fases eliminatórias e vai medir forças com a França.

Curiosamente, três países que, por treze séculos (de 711 a 1956) se defrontaram com as tropas mouras de distin-

tas dinastias marroquinas, num vai-e-vem de conquistas e reconquistas. Após o fim da ocupação colonial europeia em 1956, cerca de 2 milhões de marroquinos migraram para a França, Espanha e Portugal, e agora, junto com milhões de descendentes, comemoram em Madri e Lisboa os feitos de sua seleção, e ansiosamente esperam comemorar nos Champs Élysées.

GENERAL DE PIJAMAS – Após os pronunciamentos de cunho golpista por parte de generais da reserva como Villas Boas, Augusto Heleno, Braga Neto e Mourão, eis que reaparece o general Paulo Chagas, candidato ao GDF nas eleições de 2018. Publicando o tuíte intitulado “Quem sabe faz a hora não espera a posse”, o “general de pijamas” exorta Bolsonaro a “dar um prazo para o presidente do TSE entregar o código-fonte das urnas, e se ele não entregar, vai lá e toma”. E conclui: “O descondensado quer ser diplomado em 12 de dezembro e Bolsonaro pode impedi-lo”. Mais golpista, impossível! Trata-se de um general que em 2014,

já na reserva, foi exonerado de seu cargo no MD em função de ataques ao então ministro da Defesa Jacques Wagner (“é apenas um petista, com toda a insignificância que o título encerra”) e à Comissão da Verdade.

Deste general lembro de, durante a campanha de 2018, num dos debates na TV, ter atacado Lula, chamando-o de corrupto e dizendo que, durante o regime militar, não havia corrupção no Brasil, ao que repliquei, dizendo que nunca havia tido tanta corrupção no país quanto durante a ditadura, citando propinas na Transamazônica, ponte Rio-Niterói, Ferrovia do Aço e Angra I (além de Itaipu/Siemens, Capemi, Delfin Crédito Imobiliário etc), mas que delas não se podia falar ou denunciar, pois quem o fazia corria o risco de ser deportado, preso, torturado e até assassinado, momento em que o medíocre “general de pijamas” abdicou da tréplica.

(*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia

Reduzir as desigualdades é imprescindível

J. B. Pontes (*)

O efeito mais perverso do capitalismo é a concentração cada vez maior da renda e da riqueza e, por consequência, maior exclusão social, ampliando o fosso entre ricos e pobres. E o pior: isso ocorre com o apoio de governantes inconscientes. No Brasil se pratica um dos modelos de desenvolvimento que origina profundas desigualdades: o agronegócio, onde poucos estão enricando, sem nada contribuir para a redução da miséria e da fome que se alastram pelo País.

É como se doássemos nossas melhores terras para grandes empresários nelas plantar e criar animais com as melhores técnicas e depois colher os produtos e levar tudo para fora obtendo enormes lucros, sem nada con-

tribuir para a sociedade brasileira. E ainda concedêssemos a esses produtores isenção de impostos, subsídios e empréstimos generosos. No final, restam para nós a degradação ambiental e a vergonha de ser o celeiro do mundo, como apregoa o desgoverno de plantão, mas no qual mais de 33 milhões de pessoas passam fome.

Situação similar ocorre no setor de mineração, onde nossas valiosas jazidas estão sendo transferidas in natura, a preços vis, para países industrializados, onde vão formar reservas estratégicas para a indústria e gerar renda e riqueza.

Felizmente, parece que os brasileiros alcançaram a percepção de que as profundas desigualdades impedem o progresso do País, segundo mostra o relatório da pesquisa “Nós e as Desigualdades”, realizada no início deste ano pela Oxfam Brasil/Datafolha, que entrevistou 2.564 pessoas. O levantamento indica que essa percepção é mais forte entre os jovens,

pelo que se espera que a participação deles nas discussões dos rumos do Brasil tende a crescer no futuro próximo. Isso aponta que em breve poderemos ter uma população solidária, comprometida com os objetivos de justiça social inscritos na Constituição de 1988.

A pesquisa demonstrou a importância que nossa sociedade dá à redução das desigualdades sociais e econômicas para o progresso do País: 87% dos brasileiros consideram ser obrigação dos governos reduzir a desigualdade entre os muito ricos e os mais pobres, por meio de políticas públicas consistentes e bem financiadas. E 85% dos entrevistados concordam que os recursos para financiamento dessas políticas devam ser obtidos por meio da tributação sobre os mais ricos. Há ainda consenso de que os investimentos públicos devem ser orientados para a educação e saúde, aumento da oferta de empregos e combate à corrupção.

E atenção políticos, principal-

mente a bancada ruralista, avessa ao aumento de impostos: a pesquisa demonstrou que há um consistente apoio da população a uma reforma tributária justa e solidária que: 1) acabe com a regressividade do sistema fiscal; 2) reduza as alíquotas de impostos sobre bens e serviços; e aumente a taxação sobre renda e patrimônio, notadamente sobre os mais ricos.

No curto prazo, com um Congresso majoritariamente eleito com apoio dos empresários e pelo poderio econômico dos candidatos, financiados por dinheiro público proveniente dos fundos eleitoral e partidário e pelo orçamento secreto, sem compromisso com os interesses da população e do País, será muito difícil o avanço na redução da desigualdade social no Brasil. Mas ela é imprescindível para que o País progrida, com justiça social e solidariedade.

(*) Geólogo, advogado e escritor

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Júlio Miragaya (*) DIVULGAÇÃO

Um copo d’água, por favor!

Parece ser um pedido simples de resolver. Mas não é! Quem afirma isto é o relatório conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a infância (Unicef): cerca de 3 bilhões de pessoas no mundo não têm como lavar as mãos, e 2,2 bilhões não têm acesso à água potável.

Segundo o relatório, com a pandemia da covid-19 a situação foi agravada e trouxe luz à um problema urgente: a dificuldade do acesso universal à água potável para beber, cozinhar, para o saneamento e higiene pessoal. O alcance a esses direitos só será possível se os países criarem políticas que garantam o acesso à água e ao saneamento, traduzido no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 6, que deve ser alcançado até 2030. (Fonte: Organizações das Nações Unidas)

Durante os governos do PT, o acesso à água teve tratamento priorizado. Entre as ações, destacam-se: o Plano Decenal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco,

que previa a transposição, uma das maiores obras de combate à seca do mundo, levando água a 12 milhões de pessoas; e o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Água – Água para Todos, do Plano Brasil sem Miséria.

O Programa tinha como meta promover o acesso à água potável, para consumo humano, produção agrícola e alimentar. Dentro dos objetivos previstos, a reaplicação da Tecnologia Social Cisterna de Placas foi assertiva no combate à escassez de água de para consumo humano no seminário brasileiro, um dos biomas mais povoados do mundo com estas características (28 milhões de habitantes). Ocupa 12% do território nacional, abrange nove estados da região Nordeste, passando pelo norte de Minas Gerais. (Fonte: Instituto Nacional do Semiárido – INSA)

ÁGUA DA CHUVA – A cisterna de placas é um reservatório construído para captar e armazenar, de forma simples, a água da chuva. Tem capacidade para 16 mil litros, suficientes para abastecer uma família de cinco pessoas

Sede de esperança

Nos próximos anos, Lula e sua equipe enfrentarão enormes desafios para recuperar o Brasil e devolver a dignidade ao povo. Além da fase delicada de emergência climática que o planeta atravessa, um problema em que o Brasil precisa voltar a atuar fortemente, o governo receberá um país que voltou ao mapa da fome, com mais de 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave.

O olhar para o acesso à água é inevitável e está entre as ações para os próximos anos, para garantir a segurança hídrica e alimentar dos que mais precisam. Segundo a Articulação Semiárido Brasileiro – ASA, o governo Bolsonaro destruiu o programa Água Para Todos, que construiu 1,3 milhão de reservató-

rios. Atualmente, há uma demanda reprimida de 350 mil famílias no semiárido sem acesso à água de beber no semiárido brasileiro, e uma estimativa de que 800 mil famílias necessitam de água para produção de alimentos.

A água é um recurso fundamental à vida e já inspirou diversos artistas e compositores. Os versos “Traga-me um copo d’água, tenho sede/ E essa sede pode me matar./ Minha garganta pede um pouco d’água. E os meus olhos pedem teu olhar.”/ são parte da música ‘Tenho sede’ (1976), de Dominguinhos e Anastácia, imortalizada pelo cantor baiano e ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil. A canção é atemporal e traduz um manifesto de um povo que foi abandonado pelo poder

por até oito meses. Sua construção é realizada com a interação da comunidade, o que a transforma em Tecnologia Social.

Pedreiros são capacitados para construir e fazer manutenções na cisterna. Os materiais utilizados são adquiridos no comércio local. Com uma imensa possibilidade de alcance social, a cisterna de placas foi adotada como política pública do programa Água Para Todos.

A Fundação Banco do Brasil (FBB) teve um papel fundamental na solução do problema da convivência com o semiárido brasileiro e no fortalecimento da agricultura familiar. Em parceria com o governo federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), possibilitou a reaplicação, como política pública coordenada pela Fundação, da Cisterna de Placas e, também, das Cisternas Calçadão e de Enxurrada, que são Tecnologias sociais para captação e armazenamento de água pluvial para o consumo de pequenos animais e plantio de hortaliças. A parceria entregou 100 mil unidades e levou água potável a 400 mil famílias brasileiras.

Desidratação das políticas públicas

Enquanto Lula, um nordestino que foi vítima da seca, criou políticas públicas que se tornaram referências mundiais e levaram água a milhões de pessoas, Bolsonaro empenhou-se para destruí-las. Foram quatro anos negligenciando a convivência com o semiárido brasileiro.

Seu desgoverno esvaziou o orçamento para a construção de cisternas e reativou a “indústria da seca” com fins eleitoreiros. Criou a “Força-tarefa das águas”, gastando R$ 1,2 bilhão em licitações irregulares para furar poços sem água. Como forma desesperada de tentar angariar os votos dos nordestinos, inaugurou trechos da transposição do rio São Francisco, fazendo apropriação indevida da autoria da obra.

Às vésperas do segundo turno das eleições, em atitude vexatória, inaugurou o Ramal do Agreste, uma obra hídrica sem água, em Sertânia (PE), que levaria água para 68 municípios da região. No entanto, o funcionamento do ramal dependia de uma outra obra, a da Adutora do Agreste, que está parada porque seu governo vetou os recursos para concluí-la.

Após sua derrota nas eleições, o ex-capitão promove uma retaliação ao povo nordestino. De forma desumana, suspendeu a Operação Carro-pipa, parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Regional com o Exército que há 20 anos leva água potável para 1,6 milhão de pessoas que vivem em estado de calamidade pública por estiagem ou seca no semiárido.

A justificativa para tamanha crueldade é a falta de verba. Mas essa conduta é um reflexo do seu descontentamento por ter obtido apenas 23,51% dos votos na região, ante os 53,18% de Lula.

público durante quatro longos anos.

O governo Lula ressurge, diante de um cenário caótico, para matar a sede de esperança do povo brasileiro. Um governo que resgatará o respeito cultural, alicerçado a partir de um consequente diálogo com os movimentos sociais, de forma a ouvir as demandas da população.

Em busca de valorizar e potencializar as ferramentas para implementação de efetivas políticas públicas a partir de parcerias, por exemplo, com o Banco do Brasil e outros bancos públicos e estatais, tendo a Fundação Banco do Brasil e a excelência de seus quadros funcionais o papel de articular e viabilizar os compromissos com os que mais precisam.

E, no apagar das luzes, Bolsonaro compactua com o assombroso desvio de quase R$ 1 bilhão para a inócua, inoportuna e absurda compra de caixas d’água plásticas, que ratifica que o bolsonarismo anda de costas para o Brasil.

Este é um artigo de opinião.

A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital

Brasília Capital n Cidades n 5 n Brasília, 17 a 23 dezembro de 2022 - bsbcapital.com.br
Jacques Pena (*) e Kleytton Morais (**)
INFORME
(*) Ex-presidente da Fundação Banco do Brasil e ex-presidente do Banco de Brasília / (**) Funcionário do Banco do Brasil e presidente do Sindicato dos Bancários/as do DF
AGÊNCIA BRASIL

LOA 2023 prevê atualização remuneratória dos servidores do GDF

Recursos foram incluídos na Lei aprovada pela

CLDF

A Câmara Legislativa aprovou, na terça-feira (13), a Lei Orçamentária Anual (LOA) com previsão de recursos para a revisão remuneratória dos servidores do Governo do Distrito Federal. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada em junho, já tinha indicado um investimento de R$ 395 milhões para a reestruturação da carreira do magistério público, após intensa mobilização do Sinpro, que incluiu a realização de um estudo com sugestões de emendas para fortalecer o Plano Distrital de Educação (PDE).

A

Foram aprovadas 53 emendas individuais à PLOA 2023 para a educação pública, somando R$ 115 milhões – 49 delas são relativas ao Programa de Descentralização Financeira e Orçamentária (PDAF), atenden-

do demanda apresentada pelo Sinpro.

Também ficou garantida na lei uma rubrica destinada à reestruturação das carreiras. Esta tem sido a principal reivindicação da categoria, desde o início da

campanha salarial, em março de 2022.

Desde então, a última parcela do reajuste de 2012 finalmente foi paga. O valor referente ao auxílio-saúde foi incorporado ao vencimento e foi criado um grupo de trabalho paritário entre Sinpro e Secretaria de Educação para discutir e propor os próximos passos para reestruturação da carreira.

O grupo vem se reunindo desde setembro, e a expectativa é de que conclua seus trabalhos no primeiro semestre de 2023. Com isso, o Sinpro espera ter como resultado uma proposta satisfatória de reajuste e de valorização da carreira do magistério.

Os avanços que tivemos este ano são produto da nossa campanha salarial, e ela pode render ainda mais frutos na conclusão dos trabalhos do GT. O ano de 2023 já deve começar com luta, para que conquistemos as vitórias que pretendemos.

democracia precisa ser semeada, cultivada e cuidada. Façamos!

Lula da Silva foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 12 de dezembro como o 36º presidente da República do Brasil. A solenidade reconheceu a lisura das eleições e a legitimidade da escolha de mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras.

A diplomação de Lula torna ainda mais próximo o início da reconstrução de um Brasil que foi saqueado por forças que priorizaram interesses financeiros e ambições de poder, em detrimento da própria vida do povo. A esperança está, mais que nunca, de volta.

E é importante comemorarmos isso, ainda que os prejuízos e as crueldades somados nos últimos seis anos tenham gerado chagas sociais difíceis demais de serem curadas. Ao reconhecermos nossas vitórias, reconhecemos também as barbaridades que foram cometidas contra nós, para que elas jamais voltem a existir.

O clima é de festa. O discurso emocionado do presidente diplomado Lula da Silva durante a solenidade no TSE resume o drama vivido por nós, brasileiros e brasileiras, as-

sim como a coragem e a ousadia de resistir.

“Esse diploma não é do Lula presidente; é um diploma de uma parcela significava de um povo que reconquistou o direito de viver em democracia neste país”, disse o futuro presidente durante a diplomação.

Mas não nos enganemos. A vitória obtida nas urnas breca o avanço disparado da barbárie, mas não o corta pela raiz. A extrema direita, que obteve lucros e privilégios durante os últimos quatro anos, não desistirá facilmente. Ao contrário. A tendência é que afine suas ações criminosas, reivindicando a elas caráter de normalidade legal.

O cenário não cabe apenas ao Brasil. O ataque à democracia e, consequentemente, à possibilidade de igualdade social, é internacional. Na América Latina, Chile, Argentina e Peru, por exemplo, comprovam isso. Seja pela exigência de uma Constituição escrita com o aval de ditadores, com a condenação de lideranças de esquerda, ou com a destituição e prisão ilegal de presidentes legitimamente eleitos.

No Brasil, os ataques antidemocráticos ao Estado de direito e as ações criminosas que incitam as forças armadas contra a sociedade

civil seguem normalizados. O formato tosco, próprio dos imbecis, maquia a perversidade de uma gente que mente, exclui e mata.

No xadrez da política, estes estão na linha de frente. Na retaguarda, forças perversas e poderosas, que nunca tiveram medo ou vergonha de apoiar a deflagração de golpes.

Não se pode temer o futuro ou sequer desacreditá-lo. O medo sempre foi ferramenta de contenção social. Mas é preciso ter clareza do que está por vir, para que possamos ter estratégias capazes de derrotar os ataques.

A consciência de classe e o reconhecimento da legitimidade dos sindicatos de

trabalhadores são imprescindíveis para que a democracia seja semeada, cultivada e cuidada, como orientou o presidente diplomado Lula da Silva. Façamos!

(*) Professora da rede pública de ensino e diretora do Sinpro-DF

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital

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IMAGENS: REPRODUÇÃO Representantes do Sinpro/DF em sessão da LOA demonstram que 2023 deve começar com luta Bolsonaristas causam terror em Brasília, após diplomação do presidente eleito Lula

Retrospectiva 2022: trabalho intenso e novas conquistas

O ano de 2022 foi, sem dúvidas, atípico. Entre uma guerra, eleições, Copa do Mundo e até a morte da monarca britânica Rainha Elizabeth II, aos 96 anos, vi muita esperança nos olhos das pessoas. No Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), não foi diferente: 2022 foi importante e trouxe novas perspectivas à categoria médica.

Este ano, tivemos duas campanhas de peso, que tiveram como objetivo melhorar a qualidade do atendimento na saúde pública do DF. A primeira foi o lançamento do Livro de Ocorrência Médica Digital (LOMD). A ideia, com ele, é ter um facilitador, de modo mais tecnológico e acessível, de um livro para que os médicos relatem fatos que atrapalham o atendimento ao paciente.

O projeto, que é único em todo o País, foi lançado em primeira mão pelo SindMédico-DF justamente levando em conside-

ração as limitações impostas ao médico quando faltam condições de acolhimento/ atendimento. Isso, em especial, na rede pública de saúde. Esta é uma conquista para todos, já que, como vimos no auge da pandemia, quem está na ponta, junto ao paciente, é quem mais padece quando há falhas na gestão.

Outra importante campanha realizada pelo SindMédico-DF foi “Eu luto pela Saúde. E você?”. No dia 14 de março, médicos, demais profissionais de saúde e usuários do sistema público de saúde foram convidados a usar preto, por melhores condições de trabalho e de oferta de assistência à saúde da população.

Entre as demandas da campanha, estavam mais investimentos na saúde pública do DF; melhor estrutura das unidades públicas de saúde; a atualização do plano de cargos e salários, abastecimento e distribuição regulares de medicamentos,

insumos e equipamentos; concurso para contratação de profissionais de saúde estatutários em quantidade adequada, e mais respeito aos profissionais de saúde e pacientes do sistema público do DF.

O trabalho foi intenso (e seguirá sendo em 2023). E, justamente por isso, posso afirmar que 2022 foi o ano de muitas decisões e esperança. Tivemos, por exemplo, uma lição a ser seguida nos próximos: é preciso conhecer de perto a Saúde para poder estar à frente dela.

Tivemos diversos secretários na SES-DF que não eram médicos. Por não conhecerem a área, tampouco tinham soluções. Precisamos de gestores especializados, com sentimento de urgência e respeito à dignidade humana.

Espero que o que foi plantado, em termos de batalhas justas e novas conquistas, seja colhido nos próximos anos. Torço para que o DF cresça em desenvolvimento

e abundância de saúde, sempre com foco na coletividade.

Podemos, sim, ter uma cidade melhor. E sabemos disso. Porque a esperança, já dizia o filósofo Aristóteles, é o sonho do homem acordado. Contem comigo e com o SindMédico-DF.

Um Feliz Natal a todos!

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INFORME
Dr. Gutemberg Fialho Médico e advogado Presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal
necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital

VIA Satélites

{ GAMA

Pernambucanas inaugura 8ª unidade no DF

Marca varejista com 115 anos no mercado, a Pernambucanas inaugurou, quarta-feira (14), no Gama (SCE Quadra 51, Setor Central), sua oitava loja no Distrito Federal, a 501ª no País. Esta foi a 36ª aberta pela empresa em 2022. A festa contou com a presença do CEO da Pernambucanas, Sergio Borriello. “A loja está linda e completa para as famílias garantirem os presentes do Natal”, celebrou. A unidade tem 1.023 m² e gera 16 empregos diretos e 50 indiretos. O portfólio vai de vestuário feminino, masculino e infantil, itens de lar (cama, mesa e banho) a eletroportáteis (telefonia e informática). A loja reúne, ainda, a linha esportiva, bijuterias, brinquedos e o Espaço Beleza, com produtos das marcas Jequiti e Multi B.

{ JARDIM BOTÂNICO

A volta da parada do Orgulho LGBTQIA+

Cerca de 20 mil pessoas foram às ruas, domingo (11), para participar da 15ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Taguatinga. A concentração, a partir das 14h, foi na Praça do Relógio, de onde o bloco seguiu, com trio elétrico e carro de som, pela Avenida das Palmeiras, subiu o Pistão Norte até a pista que divide o setor QNA da QND, retornou pela Comercial e se dispersou no Centro da Cidade.

Este ano, um dos objetivos foi convidar a população a promover o autocuidado por meio da testagem e da prevenção ao HIV/Aids. Só faltou a Polícia Militar organizar melhor o trânsito, para evitar transtornos para a população. Uma alternativa seria concentrar a manifestação na Avenida das Palmeiras.

Moradores rechaçam Bolsonaro

Samba da Camisa comemora 11 anos

Desde 2011, um grupo de amigos se reúne no estacionamento do estádio Bezerrão, no Gama, para uma confraternização de fim de ano ao ritmo de samba e pagode. No domingo (11), a festa se repetiu pela 9ª vez, regada a muita cerveja e mantendo a tradição: quem entra na roda para tocar, tem a camisa rasgada.

“Isto aqui é uma confraria. Muito legal. Participo todo ano”, disse o morador Ari Baía (foto), ostentando a camiseta desenhada pelo grupo Samba e Amizade para a nona edição do evento, que não aconteceu nos dois anos anteriores devido à pandemia da covid-19.

A partir de janeiro, quando precisará desocupar o Palácio da Alvorada, onde o presidente eleito Lula e a futura primeira-dama Janja passarão a morar, Jair e Michelle Bolsonaro projetam se mudar para o condomínio Ville de Montagne, no Jardim Botânico, em Brasília. As despesas serão custeadas pelo Partido Liberal (PL), ao qual é filiado, com recursos públicos do Fundo Partidário.

Mas os planos do atual presidente contrariam seus possíveis futuros vizinhos. Muitos deles rechaçam a presença de Bolsonaro, e montaram um comitê que está organizando uma manifestação, com passeata, abaixo-assinado, concentração na porta do condomínio, bloqueio de pista e ações de comunicação, com outdoors pagos e mídia espontânea na imprensa. A ideia é deixar claro que Bolsonaro não é bem-vindo

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Brasília

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A “alphavillezação” do Entorno do DF Marketing

O brasiliense assiste, atônito, ao anúncio da criação de vários novos bairros – Jóquei, Pátio Rodoviário, novas quadras no Guará, no Sudoeste e até uma cidade ao lado de Sobradinho. Os anúncios oficiais (algumas iniciativas são privadas) transparecem falta de planejamento de médio e longo prazo para a ocupação ordenada do solo urbano. Sem falar nas ocupações irregulares.

O que se vê são medidas isoladas publicadas na mídia. Mas a falta de visibilidade do planejamento assusta e incentiva a especulação imobiliária. Os espaços são escassos, tanto para quem tem renda, quanto para quem não tem recursos para morar. E o setor imobiliário investe em loteamentos no Entorno, próximos ao Plano Piloto. A proposta segue a referência do empreendimento paulista Alphaville. Cidades, bairros murados, cercados como fortificações e autônomos em relação à vizinhança, nem sempre do mesmo padrão social. É a “alphavillezação”.

SONHO DE CONSUMO – Morar em casas é visto como um elemento de qua-

lidade de vida, de desfrute de lazer, diz o diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-DF), Diego Gama. Por isso, segundo ele, esses condomínios são um modelo almejado pelos brasilienses. Porém, muitos sofrem, há décadas, em decorrência de eles terem sido criados de forma irregular, sem segurança jurídica.

Segundo Gama, de 980 mil domicílios, apenas cerca de 600 mil têm matrícula. De olho nessa preferência do consumidor e na falta de áreas no ‘quadradinho’ do DF, a saída é atravessar a divisa. E Valparaíso de Goi-

Segregação

O urbanista Frederico Flósculo acredita que em poucas décadas o eixo Unaí-Luziânia-DF estará conurbado, com cerca de 8 milhões de habitantes. O que no passado foi área para abrigar uma migração descontrolada dos “expulsos de Brasília”, agora é vista como promissor e sofisticado produto do mercado imobiliário. O que poderá, no futuro, expatriar para mais longe quem não tiver a renda no novo padrão imobiliário.

Um único projeto de bairro planejado, com condomínios fechados, em implantação em Valparaíso, envolve 2.000.000 de m². É o que os urbanistas denominam de “alpha-

villezação”. O professor da UnB Aldo Paviani avalia que “estão criando novos feudos de pessoas abastadas em diferentes formatos de posses”.

“Dependendo de como é executada, essa modalidade pode representar uma nova forma de segregação, uma vez que fazem parte de uma categoria de empreendimentos denominados ‘enclaves fortificados’”, comentam os acadêmicos Josué Mastrodi e Marcela Falsoni, da PUC Campinas, que estudaram as consequências de Alphaville.

Eles salientam que na maioria dos municípios brasileiros esse formato de moradias tem sido regulamentado

ás, pela curta distância e disponibilidade de terra, é a candidata da vez. A cidade, assim como Novo Gama e Cidade Ocidental, surgiu da pressão imobiliária nos anos 1980, quando era área rural de Luziânia. Na época, empresas como Encol, Economisa e Construtora Ocidental começaram a construção dos ‘bairros’ de Luziânia. O modelo era mais aberto, sem apartar quem morava dentro dos de fora dos empreendimentos. Esses bairros cresceram e viraram cidades. Em volta deles, surgiram ocupações de padrão inferior, como Céu Azul, Lunabel, Jardim ABC, dentre outros.

O uso desse modelo virou uma estratégia de marketing, pois a privacidade é um atrativo. No caso do condomínio de Valparaiso, haverá quatro parques e um cinturão de 500 mil m² de área verde formado por vales e bosques, equipamentos que não poderão ser desfrutados pelos não residentes. “Isto é uso privado do território urbano pelos condomínios fechados”, dizem os acadêmicos.

legalmente. Porém, “o formato adotado tem sido extremamente benevolente com os promotores imobiliários e pouco tem se preocupado com o planejamento democrático das cidades”.

Foi isso que se viu no DF quando os condomínios irregulares em terras públicas obtiveram autorização de continuarem murados e com guaritas para controle de acesso. Mas não abriram mão do serviço de limpeza urbana pago por todos os contribuintes do DF. Ou seja, de um lado, não abrem mão dos serviços públicos e, de outro, querem ser tratados como espaço privado com acesso restrito.

Assim mesmo, esses empreendimentos demandarão elevados investimentos do Poder Público em redes de água, esgoto, luz, vias de acesso. “Não haverá recursos públicos para todos. Eu defendo que Goiás e o DF criem a Área Metropolitana de Brasília com 13 municípios - Brasília e 12 periféricos -, que teria um ente metropolitano para gerir os serviços comuns, pois eles são o resultado de diferentes ondas de expulsão de população do DF para as fímbrias externas”, diz Paviani.

Há ainda a questão da mobilidade interurbana. Os ônibus já não dão conta dos 200 mil passageiros/dia que estudam e trabalham em Brasília. Nos horários de pico, a BR-40 apresenta engarrafamentos que começam nas cidades goianas e só terminam no Plano Piloto e vice-versa. A solução seria o transporte sobre trilhos. Mas há décadas os governos de Goiás e do DF relutam em adotar essa solução.

Brasília Capital n Cidades n 13 n Brasília, 24 a 30 de setembro de 2022 - bsbcapital.com.br
Projetos de criação de novos bairros seguem o modelo do empreendimento Alphaville de SP DIVULGAÇÃO

NUTRIÇÃO Caroline Romeiro Mais

uma vitória da Nutrição!

Conselho Federal de Nutrição passará a representar, também, os técnicos em nutrição e dietética

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) é um dos únicos que carrega o nome do profissional em

sua nomenclatura. Isto, entretanto, vai mudar em breve! A Comissão de Finanças e Tributos da Câmara dos

Deputados aprovou, na quarta-feira (14), o Projeto de Lei 5056, que trata da regulamentação dos Técnicos de Nutrição e Dietética (TND). Associada a essa regulamentação, ocorrerá a troca do nome do Conselho Federal de Nutricionistas para Conselho Federal de Nutrição, mantendo a sigla CFN. A nova de-

nominação abarca os nutricionistas e técnicos em nutrição e dietética.

Esses trabalhadores já representam mais de 20.000 profissionais no sistema que estão no mercado de trabalho há mais de 50 anos, e podem atuar nas áreas de alimentação coletiva, nutrição clínica, saúde coletiva e na cadeira de produção de alimentos.

Todas essas conquistas dos Técnicos de Nutrição e Dietética servem para fortalecer a Nutrição e a saúde da população brasileira. Elas representam, também, o coroamento da dedicação de profissionais e lideranças do setor que se dedicam à valorização da categoria como um todo.

(*)

ESPÍRITA José Matos Ignorância,

sabedoria, evolução

Pessoas que nos incomodam dão oportunidade para nos conhecermos. Por que nos incomodam?

Todos nós somos professores uns dos outros. Não há um sábio que não precise aprender, nem um ignorante que não possa ensinar. Aprenda a observar para aprender também com os exemplos. Com os maus exemplos, veja a nocividade; com os bons exemplos, os benefícios.

Aprenda, também: honestidade com os desonestos; sinceridade com os falsos; solidariedade com os egoístas; otimismo com os pessimistas. Tudo vem da necessidade, ignorância ou sabedoria.

Aproveite a convivência com os bons para tornar-se bom; com os maus, para não ser mau. Se você

se sente inferior ou superior, é porque se compara. Pare! Você é único, com finalidade única na Terra!

O ignorante incomoda-se com o sábio. O preguiçoso, com o trabalhador. O desonesto, com o honesto. O falso, com o sincero. O sujo, com o limpo. O triste, com o alegre. O tímido, com o comunicativo. Mas quem é inteligente sabe que todos são professores, e que deve aprender, em vez de antipatizar e julgar.

Pense: você se incomoda com alguém porque é orgulhoso? Sincero? Dedicado? E daí? Será que você não precisa aprender sobre humildade, sinceridade e dedicação?

Pessoas que nos incomodam dão oportunidade para nos conhecermos. Por que nos incomodam? Faça isto com coragem e se conhecerá. Descubra a causa do incômodo que algumas pessoas provocam em você. Inveja? Despeito? Pare de comparar-se! Trate-se, liberte-se!

Embora o progresso seja lei na-

tural da vida, a maior parte da humanidade não passa de autistas. Só varia o grau. Todos querem viver do mesmo jeito, na mesma rotina. É por isto que o diferente incomoda.

O médico que não participa de congressos, que não se atualiza, é autista. O professor que dá as mesmas aulas, os mesmos exercícios, as mesmas provas, é autista. Quem não muda é autista, e sendo autista não atinge a altura que deveria atingir.

O conhecimento deve ser prazeroso. Ele é simbolizado pela luz que dissipa as trevas da ignorância. Crescer com humildade, sem nunca achar que sabe. Crescer sem se comparar. Crescer para ser útil e feliz. O crescimento e atualização em qualquer área dá prazer e motivação. Cresça com disposição, dedicação e competência!

(*) Professor e palestrante

Brasília Capital n Geral n 10 n Brasília, 17 a 23 dezembro de 2022 - bsbcapital.com.br
Presidente do Conselho Regional de Nutricionistas 1a Região Instagram: @carolromeiro_nutricionista DIVULGAÇÃO

RICARDO VIANA (*)

Olhem para cima

O Brasil, mais uma vez, encerrou sua participação na Copa do Mundo de forma prematura. São 24 anos da conquista do penta, em 2002. Desde então, nossa Seleção apenas alcançou um pífio 4º lugar na Copa em nosso país.

Num retrospecto desde a conquista de 1958, constataremos que, além de um grande time, nossas Seleções vencedoras esbanjavam não só jogadores, mas gênios. E não é o que se vê agora.

Há três Copas, carregamos uma dependência física e emocional de Neymar, que, na Copa no Brasil, saiu devido a uma lesão – pouco depois, amargamos o trágico 7x1 para Alemanha. Em 2018, na Rússia, ele nada acrescentou e ainda saiu desprestigia-

do de tanto que rolou e gritou em amadoras encenações de faltas.

E agora, apesar de ter feito um gol na prorrogação, Neymar perdeu várias oportunidades de definir a partida contra a Croácia e contribuiu para que o adversário, apesar da inferioridade técnica, sustentasse o empate e nos derrotasse na disputa de pênaltis.

Não é preciso rememorar a escalação dos times de 1958, 62 e 70 para se saber que, além de um elenco fabuloso, tínhamos os imortais Pelé e Garrincha. Portanto, vamos aos mortais. Na escalação de 2002, tínhamos Cafú, Roberto Carlos e Ronaldo (foto), além de Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo.

Não é possível encontrar alguma correspondência entres esses jogadores e a Seleção de hoje. Quer dizer, o Brasil, para ser campeão, precisa de um técnico agregador, de um bom time e jogadores que se diferenciam não só pela qualidade técnica, mas pelo poder de liderar e vencer.

Tite levou o mediano time do Corinthians aos títulos Brasileiro, em 2011, e da Libertadores e do Mundial, em 2012. Após essas conquistas, chegou à Seleção Canarinho. Perdeu a Copa de 2018, após um tropeço na tímida Bélgica. Foi mantido no cargo para dar continuidade ao trabalho.

Entretanto, apesar de ter um time, faltaram-lhe prodígios. No seu tabuleiro, o Rei (Neymar) não soube turbinar os peões e as torres.

Os jogos da seleção foram acompanhados da Tribuna de Honra pelos heróis do penta. Era só os jogadores olharem para cima e buscar motivação. Podem até ter feito isso, mas o Brasil só tinha um time e tática. Faltaram talentos para desbancar a emocionalmente preparada Croácia. Foi quase uma repetição de 82. Com um adendo: aquele grupo tinha ícones - Zico, Sócrates, Falcão, Éder, Júnior encantavam o mundo. Mas retornaram após a eliminação pela campeã Itália.

A Copa terminou. Inaugura-se um novo ciclo, que começa com a escolha do técnico, o qual deve garimpar algo mais do que talentos para formar seu grupo. Neymar é, sem dúvida, o que temos de melhor, mas já foi visto que não é o expoente de sua geração.

As seleções de Messi, Modric e Mbappé avançaram. Richarlisson, Vinícius Junior e Rodrygo são craques, mas não são talismãs. É bom saber que todos os times que ali estão, ao olharem para cima e visualizarem Cafú, Roberto Carlos, Ronaldinho e Rivaldo fazem-lhes reverência.

NÃO DEIXE

A PARALISIA INFANTIL VOLTAR.

Vá até a Unidade de Saúde mais próxima. São só duas gotinhas.

Brasília Capital n Esportes n 12 n Brasília, 17 a 23 dezembro de 2022 - bsbcapital.com.br
Todas as crianças menores de 5 anos que ainda não foram vacinadas contra a pólio devem vacinar. Dra. Maria Júlia Spina Médica da Família CRM_DF 18.603 (*) Delegado Chefe da 6ª DP e professor de Educação Física
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