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Páginas 6 e

Midas às avessas

FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

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Bolsonaro afirma que irá aplicar a Lei se o Congresso derrubar seu veto. Vale ressaltar, que, neste caso, ele não teria opção

Instituto Retomar aponta desigualdade de gênero

Integrante da Organização Não Governamental (ONG) Instituto Retomar, que trabalha com prevenção à violência contra mulher, Thaís Solon, classificou como uma infelicidade o veto do Presidente da República. Para ela, a decisão dele acentua ainda mais a desigualdade de gênero que existe no país.

“Isso é muito preocupante porque é uma questão de saúde pública que não está recebendo a devida atenção. Uma em quatro adolescentes faltam às aulas por não ter acesso a esses itens básicos de higiene menstrual”.

Segundo Thaís Solon, por conta dessa situação, as mulheres têm de buscar alternativas para suprir essa necessidade. Miolo e pão, jornais, revistas, panos velhos, entre outras coisas. Um perigo à saúde, porque aumenta o risco de infecção. “Síndrome do Choque Tóxico, que pode levar a óbito. Estamos falando aqui não é só de um veto. É de uma desigualdade de gênero”, alertou ela.

O Instituto Retomar iniciou recentemente uma ação contra a pobreza menstrual. Uma das ações é a distribuição de absorventes em banheiros públicos, como o da Rodoviária do Plano Piloto, para adolescentes e mulheres em situação de vulnerabilidade.

Mas ela confessa que apenas isso não suprirá a demanda por esse produto. “A gente vive num país onde 20% das adolescentes não têm água tratada. No Brasil, 200 mil meninas e adolescentes não têm acesso a banheiros dignos nas escolas: faltam itens básicos, como água e sabão”, pontua.

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Thaís Solon, integrante da OnG Retomar, classifica como “infelicidade”o veto do presidente

A insensibilidade do Palácio do Planalto para abrir mão de um projeto social fundamental, felizmente, não contagiou os governadores. No Distrito Federal, por exemplo, duas iniciativas prometem compensar a falta de comoção de Jair Bolsonaro.

Numa delas, o governador Ibaneis Rocha encaminhou projeto à Câmara Legislativa reduzindo o preço do absorvente no DF. Com a aprovação, o item passa a fazer parte da lista de produtos da cesta básica que terão redução para 7% na alíquota do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).

Em outra iniciativa do GDF, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) vai lançar, na segunda-feira (18), a campanha Dignidade Feminina - Da transformação de meninas a mulheres: mais cidadania e menos tabu.

Além de rodas de conversa em escolas, capacitação de apoiadores e distribuição de cartilha sobre o tema em escolas, a ação vai incentivar as doações de itens de higiene. Será montado um grande esquema de arrecadação. Os kits de higiene serão coletados em uma ação integrada entre o poder público, a iniciativa privada, a sociedade civil, as empresas atacadistas de supermercado e as redes de farmácia.

GDF apoia mulheres

Pontos de coleta

A proposta é que as secretarias envolvidas na ação indiquem pontos de coleta para as doações. A Secretaria de Turismo, por exemplo, destinou os Centro de Atendimento ao Turista (CAT) para ser um desses pontos de coletas dos kits de higiene. Tem CAT no Aeroporto, nos setores hoteleiros Sul e Norte, na Esplanada dos Ministérios (Casa de Chá), e nas administrações de Sobradinho e do Gama.

“A ausência da dignidade menstrual reforça a desigualdade de gênero na sociedade. Estamos falando, por exemplo, de estudantes que deixam de ir à escola ou de praticar esportes quando estão menstruadas porque não têm condições de comprar absorventes. Isso é um problema grave, que precisa ser debatido e solucionado. Por isso, essa campanha vai além de doar absorventes. Ela está muito focada principalmente em informar e educar essas meninas e mulheres”, explica a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, em entrevista para a Agência Brasília.

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