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Milhares de pessoas passam frio, fome e humilhações nas filas dos Centros de Referência de Assistência. Entre elas, uma tia de Michele Bolsonaro. Secretária do GDF grava vídeo desdenhando a situação. Página

Milhares de pessoas aguardam atendimento e até dormem nas filas, entre elas uma tia da primeira-dama Michele Bolsonaro O caos nos Cras

Milhares de pessoas dormem nas filas à espera de atendimento, entre elas uma tia da primeira-dama Michele Bolsonaro

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Diva Araújo e José Silva Jr

Os problemas de atendimento nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) parecem não ter fim. O descaso é tanto que atinge até a família do primeiro mandatário do País. Ângela Maria Firmo Ferreira, tia da primeira-dama Michelle Bolsonaro, passa pela mesma aflição de milhares de pessoas em todo o Distrito Federal.

Na segunda-feira (6), Ângela Maria madrugou na porta do CRAS, em Ceilândia, e quando chegou a sua vez as fichas haviam acabado. “Eu precisei insistir para me atenderem. Ainda assim, não resolvi meu problema, que é continuar com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e com o auxílio-funeral, pois até hoje não me recuperei da perda do meu filho”, contou à reportagem do Brasília Capital.

DIVULGAÇÃO

Mayara Noronha secretária da Sedes-DF ironiza em redes sociais - “Se fosse fácil, já teriam resolvido”

Secretária grava vídeo irônico

Os CRAS’s são vinculados à Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), comandada pela primeira-dama do DF, Mayara Noronha Rocha, que, aparentemente, não está muito preocupada com o caos instalado nos Centros de Referência. Há poucos dias, Mayara publicou um vídeo em seu perfil numa rede social em que aparece a bordo do seu carro de luxo. “Êita, que hoje não tá fácil não, viu? Tô abalada. Tá difícil, e hoje eu resolvi colocar foi música de fogo”, diz a esposa do governador Ibaneis Rocha na gravação. E antes de entoar um hino de louvor evangélico, ela ainda emenda: “Se fosse fácil, já teriam resolvido. Hoje eu vim à base do fogo aqui”.

A repercussão foi péssima. Fontes palacianas chegaram a dizer que a situação de Mayara tornara-se insustentável. Deputados da base aliada do governo pediram a cabeça da secretária. Enquanto isso, quem estava na ponta, como a tia de Michelle Bolsonaro, sentia na pele o frio das madrugadas mal dormidas nas filas dos CRA’s.

Que o diga Marize Hilarino, 46 anos, moradora do Sol Nascente. Ela tentava fazer a renovação do seu cadastro no CRAS de Ceilândia para continuar recebendo benefícios. Mesmo acordando cedo e, literalmente, dormindo na fila durante três noites seguidas, só conseguiu atualizar seus dados cadastrais na quarta-feira (8). “É muita dificuldade. Mas graças a Deus consegui”, aliviou-se.

Servidores apresentam soluções

O mesmo aparente descaso ocorre com a pauta de reivindicações dos servidores da Sedes. Mobilizada, a categoria paralisou os trabalhos para uma assembleia no dia 8 e tem nova paralisação marcada para o dia 23 de junho, na Praça do Buriti.

Na última assembleia, a adesão foi de 80% dos servidores. A categoria reivindica ampliação da capacidade de atendimento nos CRAS e demais unidades da assistência social. E fixou alguns pontos apresentados ao GDF que ajudariam a reduzir a alta demanda de pessoas que esperam por atendimento nas filas quilométricas.

Segundo o diretor de comunicação do Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural (Sindsasc), Clayton Avelar, 188 auxiliares estão desviados de função, podendo ser realocados nas unidades e reforçar o atendimento.

Além do retorno dos servidores às unidades, outro ponto que pode contribuir para a redução da fila de espera seria a mudança da carga horária dos servidores que solicitaram aumento de 36 para 40 horas semanais, resolução que não acarreta nenhum custo a mais do que já previsto no orçamento de 2022, e resulta em 7.360 horas a mais para atendimentos.

Diante da insustentável situação nos CRAS do DF e sob forte pressão do Sindsasc, o GDF autorizou, na terça-feira (14), a ampliação do atendimento nas unidades, com alteração na carga horária dos servidores efetivos da Sedes de 30 para 40 horas semanais, medida reivindicada pelo sindicato.

Confira os pontos elencados pelo Sindsasc:

- Zerar o cadastro de reservas com a nomeação dos aprovados no último concurso público (270 candidatos);

- Resolver administrativamente a situação dos servidores auxiliares em desvio de função para que retornem às atividades;

- Melhores condições de trabalho das unidades de atendimento.

INFORME

Sinpro solicita dados oficiais sobre contágio por covid nas escolas

O Sinpro-DF enviou à Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (Subsaúde) solicitação, via carta externa e via Sistema Eletrônico de Informações (SEI) para ter acesso aos dados oficiais sobre o número de profissionais do Magistério contaminados por covid-19 nas escolas. Os diretores(as) do sindicato têm recebido denúncias de escolas nas diversas regionais dando conta do crescimento do contágio, com a infecção de muitos educadores (as).

O objetivo do Sinpro é ter dados concretos para embasar o diálogo com a Secretaria de Educação e cobrar atitudes para proteger a comunidade escolar do vírus. Os índices de transmissibilidade continuam altíssimos no DF (atingiu 1,80 no dia 10. Recomendação – No sábado (11), o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública, da Secretaria de Saúde, emitiu nota recomendando fortemente o uso de máscaras “em todos ambientes das unidades de ensino públicas e privadas do DF para todos frequentadores”. O comitê também defende que haja campanhas educativas de estimulo à vacinação contra Covid-19 nas escolas e a adoção de estratégias para evitar aglomerações na entrada, intervalo e saída dos estudantes.

No dia 2 de junho, a Secretaria de Saúde já havia recomendado o retorno da proteção facial em ambientes fechados e em locais ao ar livre com aglomeração de pessoas. O uso não é obrigatório, “contudo, tecnicamente, é recomendado o uso da máscara”, aponta a Vigilância Sanitária.

Ações de prevenção – A comissão de negociação do Sinpro pautou essa questão junto ao governo em reunião no dia 8, e cobrou que sejam tomadas providências diante da situação da contaminação por covid-19 no DF. A SEDF afirmou que está em diálogo com a Secretaria de Saúde e aguardando o estabelecimento dos próximos protocolos.

A diretoria colegiada do Sinpro tem sugerido às escolas que orientem firmemente o uso de máscaras por todos. A máscara é um aliado fundamental para controlar a circulação do vírus. A ciência já comprovou que o uso correto do equipamento – cobrindo inteiramente nariz e boca – evita o contágio, mais ainda se combinado com outros mecanismos, como o distanciamento social, ventilação dos espaços e testagem em massa. Da mesma forma, é muito importante manter hábitos como a correta higienização das mãos. No momento, também, é desejável a suspensão de eventos que gerem aglomeração.

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital

Meditação acalma crianças da EC 415 Norte de Brasília

Se, para adolescentes e adultos, é difícil prestar atenção na aula após um intervalo recreativo, imagine para crianças de 6 a 10 anos a dificuldade que é se concentrar após o recreio na escola. Avalie daí a dificuldade de uma professora ou de um professor para canalizar a energia que vem das brincadeiras e das correrias para uma plena atenção ao conteúdo ministrado. Acalmar crianças após o recreio não é fácil.

Mas a Escola Classe 415 Norte (EC 415 Norte) está conseguindo, com sucesso, promover a concentração das crianças após o recreio. A meditação é o método utilizado. E é tão poderoso e bem-sucedido que, por causa dessa prática, a escola já foi destaque na mídia local e nacional e já concorreu a prêmio na educação.

Após uma parceria com a Sociedade Vipassana de Meditação, a EC 415 Norte adotou o projeto Plena Atenção, que levou a meditação para a sala de aula. A experiência está demonstrada no vídeo-reportagem que o Sinpro-DF fez na escola. (Confira no final desta matéria).

A diretoria colegiada do Sinpro-DF vê na iniciativa um excelente trabalho pedagógico. Afinal, em vez de militarizar a escola e tratar adolescentes debaixo do tacão e da brutalidade, a EC 415 Norte demonstra que existem outras possibilida-

Projeto Plena Atenção promove a concentração das crianças após o recreio, com meditação em sala de aula

des pedagógicas pensadas por educadores(as), com resultados eficientes, de tranquilizar crianças e adolescentes por meio da paz, do respeito humano, da serenidade e do conhecimento. A “volta à calma” por meio do projeto Plena Atenção extrapolou as salas de aula e, hoje, faz parte do cotidiano e do comportamento dos estudantes de tal forma que modificou até a visão de mundo de vários pais e mães.

Inquietação – A descoberta aconteceu há mais de sete anos, por causa da inquietação de uma professora que via na meditação a possibilidade de trazer a experiência que ela tinha tido na educação infantil denominada “volta à calma” após o intervalo. Adepta da meditação, Ana Márcia Correia, professora e coordenadora pedagógica, passou a utilizar algumas práticas da “volta à calma” no Ensino Fundamental da EC 415 em 2015.

A escola é inclusiva e tem 310 estudantes. A equipe da escola viu o que estava acontecendo e, aos poucos, foi aderindo à metodologia. “A meditação, para mim, sempre foi uma necessidade, uma inquietação, uma dúvida e uma vontade. Como eu venho de experiências da educação infantil em que a gente fazia a volta à calma depois do recreio, sempre carreguei essa prática quando migrei para o Ensino Fundamental”, conta.

VIASatélites

Idosos – O Sesc lançou, quarta-feira (15), a campanha de sensibilização da violência contra a pessoa idosa, um manifesto em oposição ao ageismo, ou idadismo, que é a discriminação sofrida por uma pessoa devido à sua idade avançada. Serão realizados seminários, oficinas, dinâmicas e jogos durante todo o mês de junho, em parceria com a UnB.

{ ÁGUAS CLARAS

Justiça barra venda de lotes de escolas

José Silva Jr

Quando o Poder Executivo falha, é a Justiça que deve entrar em ação para impedir atos que vão na contramão da Lei e da vontade da sociedade. O exemplo mais recente disso foi a decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) que suspendeu a venda de lotes públicos destinados à Educação e à Saúde públicas em Águas Claras.

Um desses casos já havia sido denunciado pelo Brasília Capital há dois meses. A reportagem contava que, nos estertores de 2020, a Terracap vendeu uma área de 6 mil m² na Quadra destinada à construção de uma escola pública. A Justiça acatou a argumentação da Associação dos Moradores e Amigos de Águas Claras (Amaac) de que a mudança de uso fere princípios da Constituição e do direito ambiental.

A Amaac é a autora da Ação Civil Pública (ACP) contra essa e outras vendas de terrenos públicos destinas à construção de escolas e à construção de unidades hospitalares naquela cidade. “A alienação do imóvel originalmente destinado à instalação de equipamento comunitário de educação, e de vários outros em situação análoga não vem seguindo à diretriz de garantia de bem-estar à população, tampouco de distribuição adequada de equipamentos urbanos em conformidade com as necessidades da comunidade local. O imóvel é tratado pela Terracap como mera mercadoria em estoque”, salientava a petição dos moradores.

MORADORES COMEMORAM VITÓRIA

– A decisão é comemorada pelos moradores como uma vitória. “A decisão vem em boa hora. Certamente, todos os terrenos destinados à saúde, educação e lazer deveriam ser preservados desde a sua destinação inicial. O governo atual está indo contra a população tentando desviar esses terrenos para finalidades comerciais e residenciais”, disse o diretor da Amaac, Rodolfo Rodrigues.

“A associação atua para que essas atrocidades não aconteçam e que obras com sua destinação inicial sejam realmente implantadas de acordo com a sua finalidade, como equipamentos para saúde, para educação e de lazer. Não podemos enxergar essas trocas de destinação de terrenos com naturalidade. Precisamos enfrentar o sistema de forma conjunta, para que, no futuro, possamos usufruir de mais benefícios públicos, que é do nosso direito”, completa Rodrigues.

Empreiteira quer fazer prédio de luxo

A intenção da compradora do terreno não seria nada boa para a comunidade. A Real Engenharia Ltda., que pagou R$ 31 milhões pelo terreno, pretendia construir três torres de 19 pavimentos cada, num total de 136 apartamentos de alto padrão, com quatro quartos.

O impacto, tanto no trânsito quanto na qualidade de vida dos moradores de Águas Claras, seria imensurável. Segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (PDAD), da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), a população local utiliza automóveis como principal meio de transporte para deslocamentos. Os veículos dos novos moradores se somariam a essa frota, que já causa transtornos como engarrafamentos e falta de estacionamentos.

A Real Engenharia avisou que recorrerá da decisão. Enquanto isso, os moradores podem dormir e acordar sem esse barulho extra.

{ DISTRITO FEDERAL Vagas para cursos técnicos e profissionais em música

A Secretaria de Educação do DF publicou edital de processo seletivo para os cursos profissionais e de nível médio nos cursos de qualificação da Escola de Música de Brasília (CEP-EMB) para o segundo semestre de 2022.

São diversas modalidades de instrumentos e canto, além do curso técnico em processos fonográficos e de qualificação profissional em elementos técnicos de palco (práticas e projetos). São 621 vagas para técnicos de nível médio (497 para ampla concorrência e 124 para pessoas com deficiência ou TEA).

As inscrições serão exclusivamente pelo site da SEEDF (www. educacao.df.gov.br), de 14 a 29 de junho. Todas as etapas do processo seletivo são gratuitas.

INFORME

Da esperança à decepção

Em 2018, terminamos um período de governo que promoveu uma desorganização ainda maior do que havia no sistema público de saúde do Distrito Federal. A expectativa era, minimamente, de reversão da política equivocada adotada na atenção primária (o Converte) e de extinção do Instituto Hospital de Base (IHB) – compromissos de Ibaneis Rocha, candidato que venceu as eleições daquele ano.

Mas, nos primeiros dias após a posse, veio a primeira demonstração de que a gestão atual não atacaria os erros da anterior. Ao contrário, aprofundaria os equívocos de Rollemberg. Em vez de reincorporar o Hospital de Base à administração pública direta, sob comando da Secretaria de Saúde, vazou um Projeto de Lei pelo qual o governador propunha que o IHB fosse transformado na Organização Hospitalar do Distrito Federal.

Na prática, isso equivaleria a privatizar quase toda a estrutura da saúde do DF. O projeto previa, também, que os servidores da Saúde passariam a integrar quadro em extinção na Secretaria de Saúde.

O ano de 2019 começou com uma luta diuturna contra medidas que precarizariam ainda mais o sistema público e, consequentemente, a assistência à saúde da população. Do plano original previsto pelo GDF, surgiu o Instituto de Gestão Estratégica da Saúde, o IGESDF, e toda a coleção de escândalos e suspeitas de corrupção que vemos desde sua criação.

Isso já demonstra que a expressão “gestão estratégica” não passa de argumento de marketing para florear a entrega, pelo Estado, da obrigação constitucional de garantir a saúde da população à exploração privada, que visa lucro – o que é incompatível com a função de Estado.

Que fique claro: a participação da iniciativa privada na prestação de assistência à saúde da população é, mais que lícita, necessária. E está prevista na Constituição Federal naquilo que o Estado não tem a capacidade de prover. Limite que tem de ser respeitado, sob o risco de (por omissão estatal) parte considerável da população ficar desassistida.

E a pandemia da covid-19 deixou claro que essa é uma perspectiva desastrosa. Saúde é uma questão coletiva: se parte da população não tem acesso, toda a estrutura da sociedade sofre. Seja por disseminação de doenças infectocontagiosas, seja pela oneração do sistema previdenciário. População sem saúde implica tanto em decadência na qualidade de vida quanto na queda da capacidade produtiva e na riqueza de cada cidade e do conjunto da nação.

Ao longo de toda a atual gestão, como nas anteriores, tenho acompanhando de perto o funcionamento do sistema público de saúde, cobrando, em especial no período de pandemia, solução para a falta de insumos e de pessoal, e tenho estado de olho nas denúncias e indícios de irregularidades no IGESDF.

Soluções para a Saúde existem e temos apontado várias – para as questões pontuais e estruturais. Ao nos aproximarmos das eleições, destaco o que é mais básico: é necessário que aqueles que se propõem a governar assumam a responsabilidade que a Constituição impõe ao Estado, que é garantir o direito

Dr. Gutemberg Fialho

Médico e advogado Presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal

fundamental de cada cidadão à saúde.

Sem essa noção e sem esse compromisso, governo nenhum vai dar solução aos problemas da saúde, que se prolongam e aprofundam a cada gestão.

A beleza da democracia é que a cada quatro anos as esperanças de renovam.

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital

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