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Consolidação do setor se intensifica
Processos de recuperação judicial amadurecidos devem acelerar o mercado de M&A
O mercado de fusões e aquisições (M&A) vem aumentando no Brasil, segundo levantamento da PwC. Esse movimento, que está associado à necessidade de sobrevi vência das empresas, também vem se intensificando no setor sucroe nergético, com transações já realizadas e outras “ventiladas”.
Um dos casos se refere a Raízen, que confirmou que tem mantido tratativas preliminares com a Bio sev, o que eventualmente, poderá resultar em uma potencial transação entre as companhias. Caso se con cretize, será a maior aquisição feita pela Raízen, que já é uma gigante na produção de açúcar e etanol. O acordo envolve reestruturação de dívidas e troca de ações, com par ticipação minoritária da Biosev, na Raízen.
Subsidiária local de açúcar da Louis Dreyfus Holding, a Biosev também confirmou as tratativas, que podem “resultar em uma com binação de seus negócios”, mas até o momento, não há qualquer acor do ou proposta vinculante a uma possível transação com a Raízen, “nem mesmo aprovação corpora tiva para sua realização, tampouco definição sobre as estruturas a se rem eventualmente adotadas tanto para eventual transação como para a readequação do endividamento da Biosev”.
No último ano-safra, encerrado em março, a companhia teve preju ízo líquido recorde de R$ 1,55 bilhão, sendo seu nono resultado negativo consecutivo. Sua dívida teve um aumento de 22% em relação ao ano anterior devido à desvaloriza ção cambial. Com relação ao endividamento, a empresa informou ainda que iniciou discussões com alguns bancos credores sobre pos sível readequação de parte de seu endividamento.
Já no 1T21, a Biosev registrou recordes históricos operacionais, marcado por um EBITDA ajustado ex-revenda/HACC de R$ 369,1 mi lhões, 8,9% acima ao registrado no mesmo período da safra anterior.
Alexandre Figliolino, consultor da MBAgro
“Temos apresentado bons resultados, mesmo com a desvalorização do real frente ao dólar. Seguimos fo cados na redução de custos, consolidando as iniciativas para readequar a estrutura da companhia e torná-la mais resiliente em um ambiente de preços ainda bastante desafiador”, disse Juan José Blanchard, presi dente da Biosev.
A empresa também afirmou que “segue focada em seu programa de competitividade operacional, que inclui revisar potenciais alternati vas estratégicas relacionadas ao seu portfólio de ativos, visando aumen tar sua geração de caixa e fortalecer sua estrutura de capital”.
Para Alexandre Figliolino, con sultor da MBAgro, embora seja mais evidente agora, o processo de consolidação do setor sucroenergé tico já vem acontecendo há muito tempo e envolvendo principalmen te ativos biológicos. “É o que eu
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batizei de consolidação silenciosa há anos. As usinas em melhores condições financeiras e operacio nais avançam sobre as áreas das empresas em má situação financeira ou aquelas que estão em processo de recuperação judicial. Esse pro cesso de consolidação é lento e às vezes até imperceptível se você não tiver um olhar mais apurado, por exemplo, a moagem do Centro-Sul continua estabilizada por volta de 600 milhões de toneladas, mas tem empresas diminuindo de tamanho e outras crescendo”, explicou.
O consultor comenta que o se tor vive um momento mais salutar, não enfrenta mais o controle de preços de combustíveis imposto pelo Governo Dilma, por exem plo, e tem mais perspectivas com o RenovaBio, o que mostra um com promisso do Estado brasileiro com o bicombustível renovável através dessa política de longo prazo. As sim, de uns três anos para cá, alguns grupos, mesmo em um cenário de preço médio, apresentaram resulta dos muito positivos, gerando caixa e dando lucro.
“Isso, evidentemente vai come çando a animar um ou outro a olhar aquisições, mas em uma ação mais cirúrgica, ninguém está disposto a comprar qualquer coisa, a qual quer preço. Tem que ter sinergia com o negócio, principalmente a área agrícola, sendo que os ânimos estão bem melhores para caminhar para uma aceleração do processo de consolidação”, disse.
Neste sentido, Figliolino ressal ta que o preço não é o quanto se paga pela propriedade. É importan te saber o quanto tem que investir depois para colocar a empresa para funcionar, com custos competitivos evitando assim que fique vulnerável “às vacas magras de preços”.
No caso de companhias em recu peração judicial, o executivo lembra que os processos demoram muito e muitas empresas acabam deixando de ser atrativas ao mercado. Isso acontece já que, em situação finan ceira difícil, muitas usinas deixam de investir no seu ativo biológico, que é o seu principal valor. Assim, os canaviais deixam de ser renova dos, de ser tratados, se perdem arrendamentos e fornecedores.
“No Estado de São Paulo, a dis puta por espaço é muito acirrada e é difícil recuperar áreas. Quem deixa um espaço vazio, acaba perdendo, pois outro vai lá e ocupa. Depois voltar e retomar o nível de moagem adequado para preencher a totalida de da capacidade ou parte dela, às vezes, demora demais, custa muito dinheiro e isso afugenta os compra dores”, elucida.
Com muitos processos de re cuperação judicial amadurecidos podem se ter outras aquisições e fusões acontecendo nos próximos meses. Um caso que vem sendo dis cutido em assembleias de credores é da Usina Moreno, que entrou em RJ, em setembro de 2019, e apre sentou plano de recuperação com a venda de ativos, inicialmente proje tos de cogeração e também unidades, como no caso da
Central Energética Moreno Açúcar e Álcool (CEM), localizada em Luiz Antônio (SP) e a Central Energética Moreno Monte Apra zível Açúcar e Álcool (CEMMA), situada em Monte Aprazível (SP). A decisão deve sair nos próximos encontros de credores. .