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Como o manejo biológico contribui para altas produtividades dos canaviais?

2ª Maratona CANABIO debateu o tema entre 05 a 09 de outubro

As principais estratégias de manejo biológico e sustentável em cana foram debatidas durante a 2ª Maratona CANABIO de Manejo Biológico e Sustentável em Cana-de-Açúcar. Realizado no período de 05 a 09 de outubro, no formato digital, o evento substituiu a maratona presencial marcada para junho deste ano, cancelada devido às medidas de proteção à pandemia.

Gaspar Korndörfer, professor da UFU e produtor de cana, mostrou o potencial da região do Triângulo Mineiro, que vem conseguindo produtividade acima das médias brasileiras, fechando com 92 toneladas na safra passada, ante 76 toneladas nas unidades do Centro-Oeste.

“Isso está relacionado às estratégias de manejo mais sustentável e que vem sendo adotados fortemente nessa região mineira, como é o caso da rotação de cultura, o uso da correção do solo em profundidade e o manejo de microrganismos benéficos ao processo produtivo. A associação destes tipos de manejo é que tem proporcionado bons resultados”, afirmou.

O especialista explicou que o monocultivo de cana sem rotação de cultura tem apresentado redução de produtividade em relação às áreas de expansão. “Muitos anos de cultivo de uma mesma espécie, em geral, levam ao esgotamento de nutrientes que não são repostos pela adubação convencional. A monocultura muda a diversidade da comunidade microbiana do solo, o que pode resultar em perda de produtividade. A rotação de cultura e o manejo biológico podem reduzir os efeitos do declínio na produtividade e aumentar a longevidade do canavial”, explicou.

Ele comentou que, mesmo com todas as limitações impostas ao sistema orgânico, ainda assim a cana orgânica produz de 8 a 10 toneladas a mais do que o canavial plantado com o sistema convencional.

Resultados de estudos recentes têm mostrado respostas positivas e significativas na produção de cana com a inoculação de microrganismos no solo e na planta. Assim, a reposição e a melhoria da fertilidade do solo com produtos mais amigáveis aos microrganismos do solo e plantas, como exemplo, adubos organominerais, adubos de baixa salinidade, adubos isentos de cloro, adubos de solubilidade controlada, minerais de rocha, silicatos, etc, em geral, tem apresentado respostas muito positivas no aumento da produtividade da cana.

Korndörfer pontuou ainda que, atualmente, o sequenciamento genético (DNA) permite associar as diferentes comunidades microbiológicas com os respectivos manejos e a produtividade da cana. “A matéria orgânica e enzimas extracelulares são em geral mais altas nas áreas de expansão e onde se faz a rotação de culturas, em comparação com os solos de cana sobre cana”, ressaltou.

Gerson Marquesi, gerente de Cana-de-Açúcar da Agrivalle, falou sobre manejo biológico, controle de patógenos e regeneração biológica do solo e apresentou dados sobre o uso de produtos da empresa, que tem 17 anos e foi uma das pioneiras em ter um portfólio voltado ao controle biológico.

“É preciso ter equilíbrio e evitar o uso indiscriminado de defensivos agrícolas. É preciso pensar que algumas moléculas podem matar muitos microrganismos benéficos, tendo sérias consequências no médio prazo, como o desequilíbrio na biologia do sistema, causando prejuízos com o aparecimento de doenças, pragas e nematóides”, explicou, lembrando que os nematóides e doenças de solo que atacam a cana hoje tem potencial de reduzir mais de 30% a produtividade dos canaviais.

Marquesi passou dados sobre a estrutura do solo e fertilidade da planta e reforçou que em uma comparação com o manejo químico, o biológico pode incrementar 39,8 TCH aos canaviais ao longo de quatro cortes.

Moderado pelo diretor da Procana, Josias Messias, o evento contou com o patrocínio das empresas: Agrivalle; Bayer; HB Saúde; Koppert; Microgeo e Baraúna. Além disso tem o apoio da Agrobiológica, Agtech e Wiser.

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