CADERNO ESPECIAL
C Y M K
Colono e Motorista
Colono e Motorista
C Y M K
C Y M K
Colono e Motorista
25 de julho... “Ele é digno do nosso respeito. De sol a sol vive trabalhando. Não toque flauta, não chame de grosso. Para te alimentar, na roça está lutando”
O
s versos do cantor Teixerinha ilustram a grande importância do dia 25 de julho, uma das datas mais marcantes para os brasileiros, pois neste dia comemoramos e homenageamos aqueles que nos mantêm no interior, pequenas cidades e grandes centros, que lutam diariamente e amam a terra que vivem, marcando também o calendário da igreja católica que reverencia e agradece a São Cristóvão o padroeiro dos motoristas. Mas você, sabe como surgiu essa data tão simbólica? O Colono era o trabalhador rural estrangeiro que veio para o Brasil logo após o fim da escravidão, no fim do século XIX, início do século XX, para substituir os escravos nas lavouras, em especial às de café. Eles trabalhavam em regime de colonato, ou seja, moravam em casas dentro da fazenda, trabalhavam nas lavouras e recebiam em troca uma parte da colheita ou então podiam cultivar para seu próprio sustento em certas partes de terra. Eram trabalhadores livres e chegavam ao Brasil com o sonho de, com seu trabalho, comprar terras no país. Sonho este impensável na Europa de então. Mas as condições de contrato eram regulamen-
tadas por lei e sempre beneficiavam mais os fazendeiros, que os trabalhadores. Assim, os colonos jamais liquidavam suas dívidas e continuavam dependendo do fazendeiro. Mesmo assim muitos colonos conquistaram sua independência e até se tornaram grandes fazendeiros no país. Já o dia 25 de julho é consagrado a São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. A profissão, com essa denominação, surgiu na primeira metade do século XX, quando apareceram as máquinas, veículos e embarcações movidas a motor de combustão interna. Foi necessário criar uma categoria e assim, nascia o motorista de máquinas, primeiramente servindo a Marinha Mercante. No mundo atual, o motorista é visto com grande importância na economia de um estado ou país, sendo responsável pelo transporte de pessoas ou cargas valiosas, e correndo riscos diversos. As categorias são divididas habilitações de acordo com o tipo de atividade: motorista de ligeiros, motorista de pesados de mercadorias, e motorista de pesados de passageiros. A comemoração se estende a carreteiros, viajantes, rodoviários, caminhoneiro desconhecido e taxistas.
3
Colono e Motorista
C Y M K
C Y M K
Colono e Motorista
Sustentabilidade em pequenas propriedades
3
Fonte: http://permaculturapedagogica.blogspot.com.br por Roberto Mendes.
A necessidade pelo estado de sustentabilidade vem aumentando muito nas últimas décadas, com certeza todos os dias, vários produtores buscam se adequar a novas formas de produzir que sejam menos agressivas ao meio ambiente.
E
para o encontro com este estado uma condição é necessária, o cuidado com o meio ambiente. Sem este cuidar é impossível encontrar este caminho, esta rota que nos guia para a sustentabilidade. Embora que precisamos saber que a sustentabilidade nunca é alcançada, pois ela é um caminho, uma lógica, um conjunto de atitudes e comportamento onde se pode usufruir do presente sem privar as gerações futuras de ter as mesmas condições das gerações atuais. É preciso não confundir sustentabilidade com autosuficiência, o primeiro como dito anteriormente é um caminho, é atitude e a segunda está mais ligada a ter todas as necessidades atendidas sem ter que comprar, é a intenção pragmática de buscar produzir todas ou quase todas as necessidades atuais, embora que para se alcançar este equilíbrio produtivo nem sempre se precisa trilhar pela lógica da sustentabilidade, posso me tornar autosuficiente utilizando tecnologias e processos que vão de encontro aos cuidados com o meio ambiente. Para se tornar sustentável precisa-se modificar muitas atitudes e comportamentos culturais de produção e de consumo. Um dos primeiros passos a ser modificado profundamente é o do consumo,
que induz a produção, precisa-se buscar adequar o consumo da família para que ela esteja também direcionada para um consumo consciente e guiada pela lógica da sustentabilidade. Será que você hoje vive de acordo com suas necessidades reais ou com as necessidades criadas pelo mercado? O que fazer para descobrir verdadeiramente quais são as necessidades reais? Como fazer para diminuir o consumo de forma que se tenham as necessidades reais atendidas? Um indicador de consumo em uma propriedade rural é possível perceber pela quantidade de lixo que é produzido diariamente. Um consumo baseado na obsolescência artificial, em que os bens de consumo são criados para serem descartados o mais rápido possível, e irem para o lixo e assim gerar mais consumo vão de encontro à busca do estado de sustentabilidade. E esta forma de consumo vem sendo copiada pela maioria das pessoas, o que começou a pressionar imensamente os recursos ambientais. É bom lembrar que este tipo de consumo é insustentável. Quanto mais compramos, mais demonstramos o quanto estamos e somos insustentáveis. Em uma propriedade rural onde para se produzir necessita-se comprar sementes, adubos, venenos, entre outros insumos, percebe-se sua deficiência produtiva e de planejamento. Esta atitude nos mostra o quanto esta dependência está acima da capacidade da propriedade. Numa situação onde até para comer precisa-se comprar, imagine em que estado se encontra a propriedade. O principal meio de produção é a terra, e se ela não consegue mais atender a demanda de alimento para a família, significa que seu limite produtivo foi ultrapassado, mal manejado, forçou-se demais o meio e o bem de produção. A propriedade deve conseguir produzir necessidades básicas de alimentos para toda família. Programar uma dieta diversificada onde as condições do solo e clima possam atender, é imprescindível como primeira medida de busca de sustentabilidade. Buscar a autosuficiência de forma sustentável é um
ótimo norte para o planejamento. Toda produção exagerada empobrece o solo, logo forçar o solo para produzir mais do que sua capacidade de produção é ir de encontro à lógica que se deseja alcançar. Aliás, tudo em exagero vai de encontro a qualquer estágio de equilíbrio. Toda ideia de produção exagerada e de consumo desenfreado, inclusive as vendas, são causas para a degradação ambiental das propriedades rurais e de outros ambientes. E não podemos esquecer que a degradação ambiental está estritamente relacionada com pobreza. Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressão ambiental, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente são os padrões insustentáveis de consumo e produção.
Logo, especial atenção deve ser dedicada à demanda de uso dos recursos naturais gerada pelo consumo insustentável, bem como ao uso eficiente desses recursos, coerentemente com o objetivo de reduzir ao mínimo o esgotamento desses recursos e de reduzir a poluição nas propriedades rurais. Portanto, conceituando consumo sustentável podemos afirmar que “É um tipo de consumo que leva em conta os limites do meio ambiente, tanto para as atuais gerações quanto para as futuras, observando a equidade entre os que consomem mais e os que consomem menos, ou seja, reduzir de quem consome muito, de modo a garantir a quem consome pouco uma vida também equilibrada e permanente”. Imagine que para manter nossa subsistência, ou melhor, para manter nosso corpo funcionando como se fossemos uma máquina térmica, consumiríamos energia equivalente a uma lâmpada de 150 watts diariamente (energia para existir como ser humano). Isto apenas para manter o funcionamento interno, agora para manter nossas necessidades extra-somáticas, ou seja, em tudo aquilo que chamamos de metabolismo cultural (necessidades modernas, de mídia), isso nos leva a um consumo, da ordem de 8.000 watts, aproximadamente em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, este consumo é equivalente a 25.000 watts. Diante desta lógica posso me perguntar: Se preciso de 150 watts para suprir minhas necessidades básicas, como e quando eu consumo o restante, tomando como referência os 8.000 watts? Verdadeiramente preciso de toda esta energia? Sendo assim, para tornar uma família mais sustentável precisa-se urgentemente mudar o estilo de vida. Em todas as áreas da propriedade, tem-se que repensar as atitudes de consumo e de produção. E vale lembrar que muitos dos bens de consumo que adquirimos para manter o consumo de 8.000 watts, em menos de 06 meses a maioria destes bens irão parar no lixo, por estar fora de moda ou por já ter se danificado, necessitando comprar outro de um novo modelo e da moda (obsolescência programada).
Colono e Motorista
C Y M K
C Y M K
Colono e Motorista
3
C Y M K
Colono e Motorista
O futuro vem do campo A
O impulso das tecnologias Aumentar a produtividade mundial de alimentos em 70%, de maneira sustentável, foi o tema central debatido no I Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos. O índice é definido pela FAO como condição efetiva para que um terço a mais da população possa se alimentar daqui 40 anos. Cerca de 90% desse aumento de produção, de acordo com a FAO, será proporcionado pelo rendimento das lavouras, intensificado pelas inovações tecnológicas incorporadas à atividade rural. O investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para o campo é o único caminho para o produtor rural produzir mais, utilizando menor área. A defesa agropecuária é um dos itens estratégicos em um planejamento político agropecuário. O segmento de defensivos agrícolas investe cerca de 12% de seu faturamento em novas tecnologias. Sem o controle eficiente de pragas e doenças nas plantações, o Brasil estaria muito longe da posição que hoje ocupa no cenário mundial. As tecnologias de proteção vegetal evitam perdas nas culturas da ordem de 38%. Pode-se calcular as conseqüências dramáticas com uma suposta escassez de frutas, hortaliças e grãos – como milho, arroz, soja e feijão –, apenas para citar alguns itens imprescindíveis na cesta de
alimentos da população. As boas técnicas que vêm sendo utilizadas no campo, incorporando as tecnologias geradas pela pesquisa brasileira, têm dado clara contribuição para que o Brasil seja o principal país produtor de alimentos num futuro muito próximo. Se a tarefa de produzir alimentos em larga escala frente ao aumento demográfico já será imenso, pode-se avaliar o desafio, para todas as nações, de tornar esta missão exitosa diante da limitação dos recursos naturais. Quando grandes pensadores colocam os dez maiores problemas – ou desafios – que o mundo enfrenta hoje, e continuará enfrentando no futuro, dois estão diretamente ligados à agricultura: alimento e meio ambiente. Há um debate radical recente sugerindo que a agricultura e a produção de alimentos não podem caminhar juntas. Porém, o produtor rural, responsável pela produção dos alimentos de toda a população, é, antes de mais nada, um aliado do ambiente. O setor agrícola, neste cenário, tem a oportunidade de dialogar abertamente com a população urbana sobre a importância da produção de alimentos, respeitando o ambiente e criando uma agenda positiva entre esses dois setores.
A estimativa da FAO sobre a demanda, em 2050, de cereais para alimentação humana e animal é de cerca de três bilhões de toneladas. Ou seja, a produção anual de cereais deverá crescer quase um bilhão de toneladas, em relação aos 2,1 bilhões de toneladas de hoje. A produção de carne precisará aumentar, das atuais 200 milhões de toneladas, para um total de 470 milhões de toneladas. Desse total, 72% serão consumidos nos países em desenvolvimento – um crescimento de até 58%. A demanda por alimentos deverá ser cada vez maior não apenas por conta do crescimento populacional, mas também pelo aumento da renda. Um estudo recente divulgado pela LatinPanel, maior empresa de pesquisa domiciliar da América Latina, revela que pessoas de baixa renda, que convivem com enormes lacunas no consumo de itens básicos, com R$ 1 extra no bolso já vai às compras, especialmente de alimentos. O gasto com comida pesa 30% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE, que mede a inflação das famílias mais pobres, com renda de até cinco salários mínimos. Por José Otavio Mente, mestre em Fitopatologia, doutor em Agronomia e consultor institucional da Associação Nacional de Defesa Vegetal, Andef.
A missão da agricultura mundial de prover alimentos para toda a população de 2050 – com 2,3 bilhões de pessoas a mais – exige tecnologias eficientes em sua produção.
previsão está feita. Daqui a cerca de 35 anos, o planeta terá cerca de 2,3 bilhões de pessoas a mais. Dos atuais 6,8 bilhões, a população mundial crescerá para 9,1 bilhões de habitantes. Entre diversos desafios que acompanham o aumento populacional, como prover moradia, saneamento básico e educação, o mais dramático é suprir a demanda dos alimentos. De acordo com a FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, para que a agricultura mundial cumpra esta missão, será necessário investir US$ 83 bilhões por ano em países em desenvolvimento, um acréscimo de 50% nos investimentos atuais alocados para o setor. As preocupações sobre o crescimento populacional e necessidade de aumento de produção sustentável na agricultura foram compartilhadas entre representantes do setor agrícola e alimentício durante o I Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos para o Futuro Sustentável. O encontro reuniu cerca de 150 participantes. A iniciativa da Andef, Associação Nacional de Defesa Vegetal, recebeu apoio da FAO, do Instituto para o Agronegócio Responsável – ARES –, da Sociedade Rural Brasileira e do Grupo Pão de Açúcar.
C Y M K
Colono e Motorista
3
Colono e Motorista
C Y M K
C Y M K
Colono e Motorista
3
Dia do Caminhoneiro é celebrado em três diferentes datas S
padroeiro de todos os viajantes, o santo também é protetor de marinheiros, aviadores e motoristas de todo tipo de veículo, leve ou pesado. De acordo com a liturgia cristã, Cristóvão significa “aquele que carrega Cristo”. O santo era um gigante que queria servir ao mais poderoso de todos os homens, e chegou a trabalhar para Satanás. Mas, quando soube que o mais poderoso era Jesus, converteu-se e foi viver na margem de um rio. Lá, carregava pessoas de uma margem à outra. Certa vez, transportou um menino que ficava cada vez mais pesado. Quando Cristóvão reclamou que parecia que carregava o mundo nas costas, o menino falou: “Não carregas o mundo, carregas seu criador. Sou Jesus, aquele a quem serves”.
As datas oficiais No Brasil, o governo do Estado de São Paulo e a União, sem muitas explicações, definiram datas diferentes para celebrar a profissão de caminhoneiro. Em 30 de dezembro de 1986, o então governador Franco Montoro assinou a Lei 5.487/86, que instituiu 30 de junho como o Dia do Caminhoneiro. Trata-se, portanto, de uma data regional. Mas, 23 anos depois, o presidente da República em exercício, José Alencar Gomes da Silva, firmou que o dia 16 de setembro tornou-se o Dia Nacional do Caminhoneiro, fato registrado com a publicação da Lei 11.927/09. A data nacional surgiu do projeto de lei 6.341/02, do deputado Celso Russomanno. Toda categoria profissional tem a sua data comemorativa, quando se festeja com orgulho a profissão que escolheu. No caso dos caminhoneiros, essa data já é comemorada de maneira informal; o que pretendemos é oficializá-la, justificou o parlamentar. Se depender dos homenageados, o dia do santo católico é campeão disparado. Na cidade gaúcha de Caxias do Sul, entidades como a Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul, que reúne 180 mil profissionais, o dia 25 serve para pedidos de proteção espiritual e física. Inclusive, há na cidade uma igreja em formato de caminhão, a Igreja São Cristóvão, devidamente localizada às margens da BR-116, no Km 142.
Fonte: http://caminhoes.icarros.com.br
Existem três datas que comemoram a profissão de motorista profissional: 30/6, 25/7 e 16/9.
e depender do calendário oficial, o caminhoneiro pode se preparar para comemorar três vezes por ano o dia em que sua profissão é reconhecida pela sociedade. Em vez de focar na solução de problemas graves, como fiscalização do excesso de horas ao volante, infraestrutura inadequada, frota envelhecida ou a manutenção de estradas, o Poder Público Federal e Estadual instituiu diferentes datas comemorativas que ainda conflitam com o tradicional 25 de julho, dia do santo católico São Cristóvão em que os estradeiros pedem bênção e proteção divina em suas jornadas de trabalho. A data mais antiga, e também a mais reconhecida pelos caminhoneiros, é 25 de julho, o Dia de São Cristóvão a Igreja Católica instituiu essa data após canonizá-lo no século XV. Instituído como
Colono e Motorista
C Y M K
Boleia de caminhão:
uma paixão de pai para filha A cada dia aumenta o número de mulheres à frente da direção de caminhões e carretas pelas estradas do Brasil, as quais se destacam pela excelência de seu trabalho, pelo toque feminino, e também pela redução de custos com manutenção de veículos, tendo em vista que são mais prudentes
M
uitas pessoas ainda associam a profissão exclusivamente aos homens, mas elas estão conquistando seu espaço, destacando-se nesse cenário de viagens longas e veículos truculentos. A maioria começa não apenas por causa da paixão pela direção, mas também devido ao incentivo do pai, marido ou irmão, como é o caso de Paola Machado, 30 anos, que viaja e divide o volante, com o esposo, pelo Brasil a fora. “Sempre quis ser caminhoneira, meu pai é caminhoneiro, é um gosto que passou de uma geração para outra, de pai para filha. Desde criança eu viajava com ele nas minhas férias de escola e de trabalho, isso até meus 24 anos, quando conheci meu marido e
passei a viajar com ele, casamos, então, continuei a acompanha-lo”, conta ela. De acordo com Paola, para quem gosta é uma boa profissão, mas claro tem coisas boas e ruins no dia a dia. “Não temos a facilidade e o conforto de casa, mas o que faz falta mesmo é o banheiro, já que não tem em todos os lugares que paramos, como é o caso das cidades do nordeste, por exemplo, lá não é como no sul. Mas fora isso, é tranquilo, tem cama, sofá, geladeira, ou seja, as mesmas coisas que em casa, só que com
menos espaço, no caminhão”, explica. A caminhoneira que reveza a direção com o esposo pelas rodovias do país, fica de trinta a quarenta dias longe de sua residência. “Não existe um período fixo, mas ficamos fora no mínimo vinte dias no mês. Sentimos muita falta da família, a qual está espalhada pelo estado, mas sempre procuro estar perto de-
les quando é possível. Já na estrada revezamos a direção, geralmente eu dirijo mais durante o dia, e a noite e em dia de chuva meu marido, ou seja, passamos literalmente 24 horas juntos, o que nos faz conhecer ainda mais o outro, seus gostos, existindo assim, uma grande cumplicidade”, relata. Porém, na hora de voltar para a casa, o tempo acaba sendo curto para os afazeres domésticos que envolvem quase todas as mulheres, assim, além da Paola caminhoneira e esposa, entra em ação a dona de casa. “Procuro não me estres-
Colono e Motorista
C Y M K
sar muito, mas inevitavelmente quando chego em casa, sempre tem roupa para lavar, casa para limpar. O tempo é pequeno, até porque são em média quarenta dias longe da família e três em casa, por isso é preciso tempo para matar as saudades”, comenta. Mas cabe destacar, que apesar de trabalhar dirigindo caminhões com carga pesada, Paola, assim como boa parte das caminhoneiras, não perde a feminilidade. “Tem que ser forte e não esquecer da beleza e dos cuidados femininos, se não quando você vê está usando camiseta e havaiana. É preciso se arrumar, não precisa se masculinizar por ter uma profissão diferentes das outras. Não é possível usar anel e salto alto, mas por uma questão de segurança, fora isso, maquiagem e vaidade andam juntas.
“
Sempre é possível manter esses rituais femininos, eu mesma não abro mão de rímel e batom”, argumenta. A estrela de nossa reportagem destaca ainda que ao longo de tantas viagens já viu muitos acidentes, o que acaba marcando sua memória, e fatos como de uma família que estava capinando um trecho para colocar quatro cruzes, no local. “Essa cena me marcou muito, pois vemos muitas dessas cruzes, marcando algo, mas eu nunca havia visto alguém colocando, e apesar de ser há muitos anos, ficou gravado na minha mente. Em contra ponto, existe muitas coisas boas, conhecemos lugares lindos, praias, culturas, pessoas diferentes e acessíveis”, ressalta. Por fim, Paola enfatiza que nunca foi vítima de descrimina-
Sempre quis ser caminhoneira, meu pai é caminhoneiro, é um gosto que passou de uma geração para outra, de pai para filha’’.
ção ou preconceito, apenas de algumas piadinhas, e nos conta também sobre o cansaço das viagens, e a valorização das demais pessoas. “Às vezes quando estou dirigindo aparece algumas piadas masculinas, mas nada, além disso, até porque sou mais cautelosa, não faço ultrapassagens mais severas. Claro, as viagens cansam bastante, são sete dias até o nordeste, por exemplo, é preciso acordar 4h30 da manhã, dormir às 9 da noite, então, no quarto, quinta dia passa a ser cansativo, dia de chuva é mais complicado, mas quanto ao frio a gente dá um jeito. Porém, muitas pessoas acham legal minha profissão, nunca ninguém me falou nada agressivo, ao contrário, dizem que acham interessante, que sou muito corajosa, e que tem vontade de fazer a mesma coisa”, conclui.
3
Colono e Motorista
Perfil do produtor agropecuário brasileiro é avaliado em pesquisa A análise divulgada no início de 2014, foi feita pelo DESAGRO/ FIESP, juntamente com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), sendo que foram escolhidos 1500 agricultores de 16 Estados.
O
Rio Grande do Sul entrou com 14% das amostras, sendo que foi considerado como erro padrão 4,5% e o nível de confiança das amostras 95%. Os produtores consultados tinham como culturas básicas; soja (28%), cana (19%), milho (15%), trigo, arroz, café, laranja e algodão. Nas criações apareceu gado de corte (7,8%) e leiteiro (7,6%). Quanto ao tamanho das propriedades, 40,5% eram de médio porte; 36,4% de pequeno porte e 23,1% grandes propriedades. Cabe destacar que foi proporcional ao número de cada estado. Já quando ao nível de educação, 43% destes produtores têm nível superior completo, sendo a maior parte entre os herdeiros da propriedade. Dos filhos que estão retornando 77% tem diploma universitário, 4,7% superior incompleto (devem estar cursando a faculdade), 19% tem o ensino médio completo, 10% fundamental completo e apenas 10% são considerados analfabetos ou com curso fundamental incompleto. No que refere-se à Assistência Técnica, 40% recebem de Agrônomos, Zootecnistas e Veterinários, contando principalmente com a assistência da Emater, 25% são clientes de consultorias, sendo elas assistências não oficiais,
22,3% tem gerente na propriedade, e 20% contam com administrador. Quanto ao uso do dinheiro para tocar a propriedade, 65% empregam capital próprio como fonte de financiamento, o que podemos caracterizar como os mais capitalizados, 40% usam linhas de crédito de bancos oficiais (BB, CEF, Banrisul), 22%usam crédito de bancos privados, 17,4% buscam nas cooperativas de crédito (Sicredi), e 13% usam dinheiro emprestado das indústrias de insumos. Porém, boa parte das regiões do estado têm o predomínio do capital próprio e as linhas de créditos de programas oficiais, principalmente Pronaf. Além disso, a pesquisa aponta que 39% dos produtores estão nas mesmas propriedades há mais de 30 anos, em que 24% compreende a faixa etária de 21 e 30 anos, e 23% de 11 a 20 anos. Logo, o que se observa é que são informações de extrema importância, que confirmam a melhoria do entendimento das novas tecnologias, em especial a procura pelo conhecimento e informações.
C Y M K
Profissões ligadas ao campo e que conquistam cada vez mais espaço... O bom momento do agronegócio brasileiro também vem aumentando a procura por profissionais da área, que lidam com a produção agropecuária e com o meio ambiente O campo de atuação do engenheiro agrônomo, por exemplo, engloba toda a produção agropecuária, explica Elemar Antonino Cassol, professor da faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “O profissional sai da faculdade pronto para atuar em áreas bem diferentes do agronegócio, como produção agrícola e animal, defesa fitossanitária, construções rurais, mecanização agrícola, agronegócio e planejamento rural”, comenta. Existe um piso salarial de seis salários mínimos para seis horas de trabalho diárias. Se forem oito horas, o piso passa para 8,5 salários mínimos. Segundo o professor, as áreas mais comuns de atuação são as de assistência técnica e extensão rural, vinculadas a instituições públicas como Emater, Secretarias Estadual e Municipal de Agricultura e órgãos do Ministério da Agricultura, e em instituições privadas como cooperativas, ONGs ou empresas rurais. Na iniciativa privada, as áreas mais comuns de atuação são no gerenciamento e administração de uma propriedade própria ou da família ou implantação de um escritório de planejamento, voltado a projetos de produção e de crédito agropecuário. Já o curso de medicina veterinária, possibilita o profissional a dá assistência clínica e cirúrgica a animais domésticos e silvestres, além de cuidar da saúde, da alimentação e da reprodução de rebanhos. Outra de suas funções, complementando sua atenção na saúde animal e na saúde pública, é inspecionar a produção de alimentos de origem animal. Neste caso, o médico veterinário verifica o cumprimento das normas de higiene nas indústrias, a fim de evitar a transmissão de doenças para o ser humano. Na indústria alimentícia, ele controla as tecnologias de produção. Em qualquer indústria que utilize matéria-prima de origem animal, a presença do médico veterinário é indispensável para realizar o controle dessa matéria-prima. Pode atuar, ainda, na área de vendas de alimentos, medicamentos, vacinas e de outros artigos para animais. O crescimento do segmento pet abre as maiores possibilidades. Outras áreas aquecidas são controle e inspeção de alimentos de origem animal, saúde pública, zoonose e nutrição de animais de companhia. Na área de alimentos, faltam profissionais para adequar as condições de produção às normas de exportação. Há ainda a possibilidade de atuar na indústria de medicamentos e produtos veterinários. As oportunidades estão em todas as regiões do país. O salário inicial pode variar entre R$ 4.068,00 por 6 horas diárias.
C Y M K
Colono e Motorista
3
Um dia especial marcado por uma música que entrou para eternidade... Não ri seu moço daquele colono Agricultor que ali vai passando Admirado com o movimento Desconfiado lá vai tropicando Ele não veio aqui te pedir nada São ferramentas que ele anda comprando Ele é digno do nosso respeito De sol a sol vive trabalhando Não toque flauta, não chame de grosso Para te alimentar, na roça está lutando.
O colono
Certamente todas as pessoas que já participaram da Festa do Colono e Motorista já cantaram, se emocionaram ou refletiram com as estrofes da música do cantor Teixerinha, com a qual iniciamos nosso caderno. “O Colono”, retrata a vida do campo como ela realmente se apresenta, bem como as dificuldades e alegrias que nossos agricultores passaram e ainda passam, tanto no Rio Grande do Sul, como no país a fora. Sendo assim, apresentamos a vocês os versos dessa canção que tanto exemplifica e homenageia nosso povo. Confira ao lado;
Eu vi um moço bonito, numa rua principal Por ele passou um colono, que trajava muito mal O moço pegou a rir, fez ali um carnaval Resolvi fazer uns versos, pra este fulano de tal.
Se o terno dele não está na moda Não é motivo pra dar gargalhada Este colono que ali vai passando É um brasileiro da mão calejada Se o seu chapéu é da aba comprida Ele comprou e não te deve nada É um roceiro que orgulha a pátria Que colhe o fruto da terra lavrada E se não fosse este colono forte Tu ias ter que pegar na enxada. E se tivesse que pegar na enxada Queria ver que mocinho moderno Pegar no coice de um arado nove E um machado pra cortar o cerno E enfrentar doze horas de sol Num verão forte tu suavas o terno Tirar o leite, arrancar mandioca No mês de julho no forte do inverno Tuas mãozinhas finas delicadas Criava calo e virava um inferno. Este colono enfrenta tudo isto E muito mais eu não disse a metade Planta e colhe com suor do rosto Pra sustentar nós aqui na cidade Não ri seu moço mais deste colono Vai estudar numa faculdade Tire um “dr”, chegue lá na roça Repare lá quanta dificuldade Faça algo por nossos colonos Que Deus lhe pague por tanta bondade.
Colono e Motorista
C Y M K