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Catarina Abdalla
Foto: Renata Moreira Lima
Simpática, talentosa e realizada profissionalmente! Hoje, a felicidade de Catarina Abdalla está quase completa, aguardando a chegada da primeira neta! Sucesso como a Cuca, do Sítio do Pica-pau Amarelo e com a Ronalda Cristina, de Armação Ilimitada, na década de 80, ela amargou momentos difíceis na profissão e a personagem Dona Jô, do humorístico Vai Que Cola, do canal Multishow, trouxe a alegria da atriz de volta! Em entrevista ao Jornal Copacabana, no Clube dos Marimbás, Catarina conta mais detalhes sobra a história dela. Jornal Copacabana: Quem a incentivou a ser atriz foi sua mãe? Catarina Abdala: Trabalho desde nova. Aos 13 anos comecei a fazer artesanato com ela, coisas de couro pra vender. Depois vendia roupas, panelas, livros... De um, tudo! (risos). Batia na porta das pessoas e me dava muito bem fazendo isso. Aos 17 anos, minha mãe me emancipou e comecei a trabalhar em escritórios com carteira assinada. Tinha muito talento com números. Pensava em fazer matemática ou medicina, e comecei a trabalhar como auxiliar de faturamento. Logo subi de posto, mas era sempre a mesma coisa: eu era promovida, ficava um tempo e não aguentava mais, saía para arrumar outro emprego. Eu gostava do trabalho, mas a rotina, o ambiente fechado... Aquilo me sufocava, eu não aguentava e mudava de novo. Fiquei assim durante uns dois anos e meio. J.C.: E quando decidiu ser atriz? C.A.: Nós nos mudávamos muito e, aos 19 anos, fomos para Benfica. Lá comecei a dançar quadrilha, e logo na primeira apresentação me revelei - aos olhos de minha mãe e da plateia que ali estava e me aplaudiu muito. J.C.: Mas estava dançando ou atuando? C.A.: Coloquei o teatro naquela confusão de gente e comecei a interpretar. Só que eu nunca tinha tido acesso a aulas de teatro. J.C.: E como se soltou tão rápido? C.A.: Sempre gostei de aparecer, era pobre, carente, meus pais trabalhavam fora, quando estavam em casa eu fazia shows na frente da televisão, sempre buscando a atenção deles, mas não fazia ideia de que seria atriz. O máximo que sonhei foi ser chacrete, adorava vê-las dançando. Na segunda vez que teve a quadrilha, arrasei de novo. Então, minha mãe, que assistia da janela, me falou de forma muito serena que eu devia fazer teatro. J.C.: Uma atitude na contramão do que as mães faziam na época, não foi? C.A.: Totalmente! (risos) De certa forma, ela era uma artista reprimida e viu em mim a possibilidade de realizar o sonho dela. Fora que eu sempre fui a “maluca” da casa e ela sempre me protegeu. Pensei que não teria condições de começar a fazer teatro naquela altura da vida, argumentei que trabalhava durante o dia estudava para o vestibular à noite, não podia começar uma carreira no teatro, mas ela tinha resposta para tudo e me arrumou um emprego de meio expediente! Fomos em busca de um bom curso de teatro. J.C.: Foi assim que chegou ao Tablado? C.A.: Eu morava em Benfica e não conhecia nada na Zona Sul, não tinha ideia de onde era o Jardim Botânico! (risos). Vi alguns cursos e me identifiquei com O Tablado. Gostei porque era uma casa, um ambiente familiar. Escolhi fazer logo dois cursos: um com Carlos Damião e outro com a Thaís Balloni. Foi aí que a minha vida mudou. J.C.: Se encontrou no teatro? C.A.: Eu era uma artista que não conhecia os artistas. Entrei no curso pensando que iria trabalhar fora de dia e à noite fazer teatro, mas era um lugar que me trazia tanta alegria, tanta felicidade! Era tão confortável! Consegui um trabalho em cima do curso, uma escolinha para crianças. Nesse meio tempo a Regina Casé me viu em uma peça e me indicou ao pai dela, para fazer a Cuca, do Sítio do Pica-pau Amarelo. Salve Regina Casé! (risos) J.C.: De repente estava na televisão! C.A.: E foi uma personagem difícil, um trabalho muito bom onde fiquei durante 5 anos.
Lembro que no teste a Cuca se olhava no espelho e via a Iara no reflexo, linda e maravilhosa. Tive a ideia de balançar o rabo, aquela bunda, mexia com o cabelo... Passei. Eu tinha que falar com o rosto para baixo, gritava, vivia rouca... Suava... E foi muito bom, pois no primeiro mês ganhei uma crítica do Artur da Távola: A Cuca que dança canta e voa. Salve Artur da Távola! J.C.: E por uma personagem que não aparecia o rosto! C.A.: Por isso eles começaram a transformar a Cuca em pessoa, mudaram a música dela, agora chamada de lindona! J.C.: Nesse período você também fez novelas? C.A.: Fiz Vereda Tropical, e também um caso verdade chamado Gorda sim, por que não?, com direção do Paulo José. Fiz uma protagonista dos 14 aos 34 anos, foi sensacional! Salve Paulo José! J.C.: E a Armação Ilimitada? C.A.: Foi um grande sucesso a Ronalda Cristina! Um boom mesmo! Exibi o meu barrigão, da Alice... Armação Ilimitada foi um divisor de águas na televisão. Creio que hoje não teria uma programa tão moderninho quanto era, está tudo tão careta! Tudo é politicamente incorreto! Quando acabou vieram os meus maiores conflitos, constatações e decepções com a profissão. Foi um programa revolucionário e eu fiquei desempregada! Por infelicidade perdi o trabalho, minha mãe e meu pai e tinha que cuidar da minha filha de dois anos. Estava há mais de 10 anos na Globo e, de repente, não estava mais. J.C.: Como reagiu? C.A.: Minha vida foi ladeira abaixo, não consegui entender porque aquilo estava acontecendo comigo. Descobri que estar na hora certa, no lugar certo com a pessoa certa era para valer, mas eu não sabia fazer aquilo. Tinha vergonha de pedir emprego, e quando você pede trabalho as pessoas se relacionam de outra forma com você. J.C.: Como conseguiu dar a volta por cima? C.A.: Uma amiga estava produzindo elenco da novela A Próxima Vítima, de Silvio de Abreu. Tinha uma personagem de empregada de uma família negra, muito educada e refinada. Quando chegou no primeiro dia de gravação o Silvio me perguntou se eu estava mesmo na novela. Sim, eu estava. Fiz um contraponto daquela família que era muito educada, tirando pó pra lá e pra cá, eu não era tão educada assim! A personagem cresceu, o público mais uma vez me recebeu bem e, até hoje, as pessoas me encontram na rua e falam: quero um “suqui”! Era como eu chamava suco, “suqui”. (risos). Foi a novela que eu mais amei fazer. Salve Silvio de Abreu! J.C.: Foi um recomeço? C.A.: Parecia mesmo que eu estava começando a carreira. Engatei uma série de empregadas e desenvolvi uma “técnica” para que uma não se parecesse com a outra. O público é o meu gás! Estava quase mortinha e alguém me chamava de Cuca na rua, só porque ouviu a minha voz. Isso me dava força. J.C.: E fez mais novelas? C.A.: Engatei fazendo A Indomada, onde era uma “sapa”, a Vieira, foi sensacional! Depois fiz Senhora do Destino, e novamente o Sítio, dessa vez como a espanhola Dona Carmela. Em 2007 fui para a Record e fiz uma novela, uma participação e uma participação em