Forte Duque de Caxias - Forte do Leme (1ª parte)

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Prof. Milton Teixeira

Fotos: Divulgação

Forte Duque de Caxias O Vigia do Leme Em princípios do século XVIII, o morro e praia do Leme era um lugar ermo, habitado apenas por palhoças de pescadores e caiçaras. O nome Leme era devido ao formato do morro, que, com seus 124m de altura, lembrava o “leme” das embarcações de então. Logo após a invasão francesa de 1711, foi instalado em seu topo um posto de vigia com bandeiras e fogos de artifício, para anunciar a aproximação de navios estranhos da barra da Baía de Guanabara. Durante muitos anos o morro ganhou o apelido de “do Vigia”, assim sendo citado nos documentos setecentistas. Em 1776, o Marquês de Lavradio, Vice-Rei do Brasil, ordenou a construção de um forte no lugar do posto semafórico, o que foi feito antes de 1779. Em 1791, o Vice-Rei Conde de Resende mandou retirar dali toda a guarnição, por motivos de economia. Reza um documento antigo que o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, serviu em 1785-89 como oficial de ligação entre este forte e os de São João, na Urca e Copacabana, na ponta da Igrejinha. Após a Independência, o forte foi artilhado com cinco canhões de ferro em 1823(dois quais três ainda existem na entrada), para oito anos depois ser novamente abandonado por ordem da Regência Trina, sendo que, desta vez, o abandono perdurou noventa anos. Em 1913, estando o Brasil em severa crise diplomática com a República Argentina, resolveu o Presidente Hermes da Fonseca erguer no local um moderno forte para defesa da entrada da barra. Fez o projeto o Coronel engenheiro Augusto Tasso Fragoso, do Estado Maior do Exército, coordenando os trabalhos o Major Arnaldo Paes de Andrade. O projeto foi levado à Alemanha, para ser detalhado pela casa Krupp, de Essen, que o reprojetou em blocos pré-moldados de concreto armado. Como armamento, foram projetados quatro obuseiros gigantes Krupp de 120mm, fabricados especialmente para esta fortificação, sendo a parte elétrica executada pela firma AEG, de Berlin. Dificuldades no transporte de materiais para o topo do morro atrasaram de muito o cronograma da obra, que só pode ser entregue ao uso em maio de 1917. Três meses depois, declaramos guerra ao Império Alemão em conseqüência do torpedeamento de navios brasileiros durante a 1a. Guerra Mundial, tendo sido expulsos do Brasil todos os técnicos daquela nacionalidade que trabalhavam na fortificação, sem, no entanto, nos ensinar como usar aqueles armamentos, o que fez o Forte do Leme ter uma atuação passiva durante aquele conflito Durante a construção, em 07 de setembro de 1915, foram instalados holofotes no morro do Leme, tendo se simulado um ataque noturno da esquadra brasileira, fazendo-se passar pela marinha Argentina, ao Rio de Janeiro. Na hora da exibição, com a presença do Presidente da República, ministros e autoridades, falhou a instalação elétrica e os holofotes ficaram às escuras. O assunto repercutiu muito na imprensa Argentina e houve militar portenho que viu nisso uma oportunidade perdida de se atacar o Brasil. Quando ocorreu a revolta do Forte de Copacabana, em 05 de julho de 1922, o Forte do Leme aderiu ao movimento, tendo toda a guarnição abandonado a fortificação e seqüestrado um bonde urbano, que partiu apinhado de soldados para o vizinho revoltado. Foi o Forte do Leme depois acertado por dois disparos, um deles destruiu parte do muro inferior e a casa da guarda, tendo o segundo, no dia 06 de julho, acertado a cantina e produzido diversas vítimas fatais. Dois anos depois, em julho de 1924 estourou outra revolta, desta vez no Encouraçado São Paulo, da Marinha do Brasil, que zarpou com a guarnição amotinada do Rio de Janeiro em destino ao sul. Resolveram os oficiais do Forte do Leme disparar contra o encouraçado, mesmo não se podendo calcular onde a bala ia cair. O disparo passou longe do navio, mas o impacto da detonação fez lavrar furioso incêndio nas instalações do forte, que a custo foi debelado. No mesmo ano foram estabelecidos os cálculos necessários para a mira dos obuses, fazendo-se um teste num alvo móvel em abril de 1925, com sucesso completo, tendo, no entanto, os disparos causado danos no próprio forte, haja vista o enorme deslocamento de ar, que feriu os soldados e derrubou uma parede da fortificação. Em 24 de outubro de 1930, durante a Revolução de 30, ocorreu a queda do Presidente Washington Luís, tendo assumido provisoriamente o poder uma junta militar, que ordenou o fechamento do porto do Rio de Janeiro até o país se normalizar. O navio alemão misto de carga e passageiros “Baden” não obedeceu a ordem e zarpou do porto do Rio de Janeiro sem permissão. O Forte do Leme fez-lhe três disparos de advertência, sem resposta. No quarto, a bala atingiu o mastro principal e matou oito tripulantes, havendo o navio retornado ao Rio de Janeiro para ser acareado. Na década de trinta, serviu o forte de menagem a alguns presos políticos. O mais famoso foi o ex-presidente Arthur Bernardes, que nele esteve recolhido em 1932. Em 1935, o forte foi rebatizado para Duque de Caxias, em homenagem ao Patrono do Exército Brasileiro. Durante a Segunda Guerra Mundial, manteve o Forte Duque de Caxias posição de atalaia vigilante, tendo ocorrido episódio pitoresco na ocasião. Em fevereiro de 1943, um vigia da fortificação deu o alarme de que vários submarinos alemães estavam próximos da entrada da barra. O Capitão Sadock de Sá ordenou fogo e co-


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