Jornal da Bairrada 25 | Novembro | 2010
Climatização e Energias Renováveis especial
PORTUGAL QUER ESTAR NA LINHA DA FRENTE NO SECTOR DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS. A AMBIÇÃO É PROCLAMADA PELO PRIMEIRO-MINISTRO, QUE RECENTEMENTE AFIRMOU QUE “AS ENERGIAS RENOVÁVEIS CONSTITUEM CRESCENTEMENTE UMA ÁREA DECISIVA PARA MARCAR O SUCESSO OU INSUCESSO DA ECONOMIA”. ESTARÃO OS PORTUGUESES SENSIBILIZADOS E CONSCIENTES DA IMPORTÂNCIA DESTES RECURSOS RENOVÁVEIS? E AS EMPRESAS, TÊM RESPONDIDO AOS CRESCENTES DESAFIOS? CONFIRA AS RESPOSTAS NESTE ESPECIAL.
Legislação
Entrevista APESF
Novo decreto-lei da microprodução finalmente publicado
“Vazio legal gerou situações críticas nas empresas do sector”
Soluções
Entrevista Quercus
Aquecimento alternativo e poupança energética
Associação alerta para impacto de fontes de renováveis
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páginas 26, 29 e 30
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24 ESPECIAL | CLIMATIZAÇÃO E ENERGIAS RENOVÁVEIS
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Decreto-lei da microprodução finalmente publicado A espera foi longa mas foi finalmente publicado, no dia 25 de Outubro, em Diário da República, o diploma da microprodução, que altera o DL 363/2007: Decreto-Lei n.º 118-A/2010. Após meses de espera, uma vez que a Microprodução se encontrava suspensa desde o início do ano, espera-se que este novo diploma, apesar de conter tarifas substancialmente mais baixas que o anterior, venha clarificar e dinamizar o processo de instalação de sistemas de energias renováveis de pequenas potências. O que é o Decreto-Lei n.º 118-A/2010? Este decreto-lei simplifica as regras para a produção de electricidade por particulares, a partir da energia do sol, do vento, da água, etc. Como a produção é feita através de instalações de pequena potência, é chamada “microprodução”. O decreto-lei altera dois anteriores decretos-leis, o 312/2001 e o 363/2007, e define, entre outros: • as condições para ser produtor de electricidade • os direitos e os deveres dos produtores • as competências da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), entidade que gere esta área • que empresas podem instalar as unidades de microprodução
cado de exploração que lhe permite produzir e vender electricidade. Passa a ser obrigatório o fornecedor comprar a electricidade produzida O produtor liga a sua unidade de microprodução à Rede Eléctrica de Serviço Público e vende ao seu fornecedor de electricidade toda a electricidade gerada. O valor pago pela electricidade depende de: • o produtor estar ou não no regime bonificado • as fontes de energia usadas pela microprodução (por exemplo, se usar energia solar recebe mais do que se usar energias não renováveis). - Incentiva os serviços de interesse público a produzir electricidade As escolas, os hospitais, as Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, as forças de segurança, os serviços públicos, etc., podem vir a produzir até 5% dos 25 milhões de watts que podem ser gerados por microprodução por ano. • o preço que é pago pela electricidade produzida • as situações em que é pago um valor mais elevado (regime bonificado). O que vai mudar? - Aumenta a quantidade de electricidade que pode ser produzida. Passam a poder ser produzidos através de microprodução 25 mi-
lhões de watts por ano, em vez dos actuais 14 milhões de watts por ano. - Facilita o acesso à microprodução. Para se tornar produtor de electricidade, deve aceder ao Sistema de Registo de Microprodução (SRM) através da internet e inscrever-se. O SRM só deixa de aceitar inscrições quando o núme-
ro de produtores registados ultrapassa o limite estabelecido. Esse limite depende da quantidade de electricidade que pode ser gerada por microprodução nesse ano. Na fase seguinte, é-lhe indicada a quantidade de electricidade que pode produzir. Por fim, a sua microprodução é inspeccionada e é-lhe atribuído um certifi-
- Promove a investigação científica nesta área Os laboratórios do Estado e outras entidades públicas que desenvolvam projectos científicos relevantes e inovadores podem vir a produzir até 10 milhões de watts por ano em microprodução. Que vantagens traz? Com este decreto-lei, pretende-se tornar mais fácil, simples e transparente, o acesso à microprodução de electricidade por particulares. Quando entra em vigor? Este decreto-lei entra em vigor cinco dias após a sua publicação, excepto as regras alteradas ou acrescentadas ao Decreto-Lei 363/2007, que entram em vigor 45 dias após a publicação deste decreto-lei.
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CLIMATIZAÇÃO E ENERGIAS RENOVÁVEIS | ESPECIAL 25
Jornal da Bairrada 25 | Novembro | 2010
“Novo DL 118-A/2010 torna procedimentos mais simples e transparentes”
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O muito ansiado Decreto-lei N. 118-A/2010 que regulamenta a Microprodução de Energia Eléctrica foi publicado no passado dia 25 de Outubro de 2010. Este novo Decreto-lei de Microprodução de Energias Eléctrica através de fontes Renováveis, redefine algumas das regras previamente estabelecidas no antigo regime. A Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) espera mais de 7 000 pré-registos, o equivalente a 25 MW de potência a instalar em breve. O valor a pagar pelo registo no sistema de MicroProdução é de 500 euros, valor afixado em Portaria publicada a 17 de Novembro e que entra em vigor a 9 de Dezembro. O preço de registo irá incluir a execução de três inspecções no total. Cremos ser um preço desajustado pois a probabilidade de serem necessárias as três inspecções é muito baixa, pelo que esta tarifa engloba o pagamento de algo que na maioria das instalações não irá ser solicitado.
Principais alterações do Decreto-Lei 118-A/2010 relativamente aos seus antecessores decretos-lei (312/2001 e o 363/2007) Os procedimentos relacionados com o registo da produção em regime de microprodução passam a ser mais simples e mais transparentes. Qualquer particular que queira produzir energia neste regime passa a poder fazê-lo através de um registo aberto, que só deixa de estar disponível quando é atingida da a potência ra o ano em máxima destinada para causa. Os registos passam a em de ser ordenados por ordem chegada, permitindo aos interessados ter maior or previsibilidade quan-
to à data em que poderão proceder à instalação da microprodução. Portanto as instalações seguem uma ordem sequencial de registos (i.e., quem se regista primeiro instala mais cedo). O regime bonificado passa a ser aplicado durante 15 anos divididos em dois períodos. Nos primeiros 8 anos, a energia é vendida tendo como valores de referência 0,40 euros/kWh e nos 7 anos seguintes, pela tarifa de 0,24 euros/kWh. Estes são os valores de referência, para o tipo de fonte de energia solar. O período de 15 anos é contado desde o 1.º dia do mês seguinte ao do início de funcionamento. Após o período inicial de 15 anos, o produtor ingressa no regime geral (preço de custo). O valor fixado, à data do registo da unidade de Microprodução, mantém-se pelos períodos indicados. Aos novos registos, realizados nos anos seguintes e após esgotamento da potência máxima anual, será aplicada uma tarifa reduzida anualmente em 0,02 euros/ kWh. Segundo um responsável da DGEG, a entidade irá propor ao governo que a tarifa de 0,40 euros, prevista no D L para vigorar em 2010, passe também para o ano que vem (2011). Isto porque se havia prometido a entrada em vigor do decreto-lei em Setembro, o que virá a acontecer só em Dezembro. As condições de acesso ao regime bonificado foram alteradas para o caso dos condomínios. Assim para particulares, empresas e demais entidades o limit e
manter-se-á em 3,68 kW, desde mercializador de último recurso . que este valor não ultrapasse 50% Os equipamentos instalados da potência contratada para consu- devem estar certificados de acormo. Deverão existir, pelo menos, do com o sistema ISSO/IEC, C, ou 2 m2 de colectores solares térmi- em alternativa, de acordo com m as cos para aquecimento de águas, especificações portuguesas innou uma caldeira de biomassa com dicadas. produção anual térmica equivalente. Para os condomínios o limite aumentou para 11,04 kW, mantendo-se a obrigatoriedade da realização de auditoria energética com a implementação de medidas correc(incluindo revenda) tivas com um retorno até dois anos (instalação de iluminação eficiente, entre outros). Instalações em condomínios devem ser precedidas da necessária autorização emitida em assembleia de condóminos, com Aquecimento central a lenha, uma antecedência de 70 dias à data prevista para a inscrição. gás e gasóleo O regime geral está acessível Recuperadores de calor a qualquer entidade, mediante a existência de um ponto Lareiras de consumo. A potência máxima de ligação, Sistemas de energia solar para venda, é de 5,75 kW. Aplica-se a taAr condicionado rifa igual ao custo da energia Serviço de canalização e electricidade do tarifário aplicável Salamandras a pellets pelo Bombas de calor co-
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26 ESPECIAL | CLIMATIZAÇÃO E ENERGIAS RENOVÁVEIS
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Utilização das energias renováveis As energias renováveis podem ter diversas aplicações: - aquecimento de águas sanitárias (para banhos e máquinas de lavar); - aquecimento ambiente; - arrefecimento ambiente (ainda só para grandes potências); - produção de electricidade.
A instalação de sistemas solares térmicos para fazer o aquecimento das águas sanitárias é obrigatória em edifícios licenciados depois de 1 de Julho de 2008. Quem estiver a pensar em construir uma nova habitação deve considerar tirar proveito deste sistema também para a máquina de lavar loiça. Já existem no mercado máquinas preparadas para
receber água quente solar, sendo esta uma forma de rentabilizar melhor o sistema e de poupar energia no aquecimento da água, tarefa que mais energia consome no funcionamento das máquinas de lavar loiça. Para fazer o aquecimento ambiente, é de considerar a utilização de um sistema misto solar térmico + biomassa (recuperador
de calor ou pellets). Este é mais vantajoso do que um sistema apenas solar térmico, pois beneficia de outra fonte de energia renovável disponível em qualquer altura, nomeadamente no período nocturno em que o solar térmico precisa sempre de apoio. Outra forma de tornar vantajosa a utilização de sistemas solar térmicos
é, se possível, conjugar a funcionalidade de aquecimento ambiente com a de arrefecimento. Actualmente, já é feito o arrefecimento ambiente por solar térmico para sistemas de grandes potências, estando em estudo/ desenvolvimento a sua aplicação em sistemas de baixa potência para o sector doméstico. Existem também siste-
mas que, não sendo renováveis, têm uma elevada eficiência, sendo também uma possibilidade a considerar no aquecimento/ arrefecimento ambiente: as bombas de calor geotérmicas. Relativamente à produção de energia eléctrica, esta pode ser conseguida através da instalação de painéis fotovoltaicos e/ ou aerogeradores.
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Saiba como fazer para poupar no Inverno A questão coloca-se todos os Invernos: o que fazer para que a factura de electricidade não sofra uma subida desmesurada? Pode começar por adquirir um medidor de consumo de energia (custa pouco mais de 10 euros), que o ajudará a perceber quais são os aparelhos que estão a consumir mais energia - seja o radiador a óleo, o home cinema ou a consola. Tenha em atenção o isolamento da sua habitação. Aconselha-se o uso de janelas duplas e vidros especiais mas, se o seu orçamento não lhe permite avançar com tal investimento, pode começar por fazer pequenas intervenções, por exemplo nos estores e nos caixilhos, que por sua vez devem ser de madeira. Nesta altura do ano, deve deixar as persianas/ estores levantados o máximo de tempo possível e só abrir as janelas para arejar por uns minutos, de forma a não arrefecer demasiado a casa. Antes ainda de arejar a habitação, certifique-se também que tem os sistemas de aquecimento desligados. Também é aconselhável usar sistemas com redução nocturna ou diurna, adequando a potência às necessidades em cada altura do dia. Procure tirar carregadores da tomada e desligar completamente os aparelhos (não os deixar em stand-by). Começará a notar diferenças na factura. Como os dias estão mais pequenos, vai precisar de luz durante mais horas. Nesse caso, opte por lâmpadas economizadoras e desligue-as sempre que sair de determinado compartimento. Use preferencialmente electrodomésticos de classe A. São muito mais eficientes do que os restantes e contribuem para a optimização do desempenho energético-ambiental da habitação. Prefira recuperadores de calor a lareiras abertas. Use carregadores solares e evite a acumulação de gelo no congelador. São apenas algumas dicas para que a factura desça em paralelo com as temperaturas. Ao poupar, está a ganhar.
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“Vazio legal no regime de apoio à microprodução provocou situações críticas” Os atrasos na publicação do decreto-lei n.º 118-A/2010, o diploma da microprodução que altera o DL 363/2007, acarretou problemas graves para o sector fotovoltaico. O vazio legal, que se arrastou durante 10 meses, provocou o encerramento de algumas empresas e despedimentos noutras. Isso mesmo é confirmado nesta entrevista pelo presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Solar Fotovoltaico (APESF), Carlos Sampaio, que adianta ainda que é preciso criar condições em Portugal para que o sector se desenvolva. O sector fotovoltaico tem-se mostrado desagradado face ao atraso da implementação do novo regime de apoio à microgeração. Como está essa situação? O sector fotovoltaico em Portugal é um sector que se encontra a dar os primeiros passos. Até 2007, praticamente não existia regulamentação que viabilizasse o desenvolvimento do sector. Com a publicação do Decreto-Lei (DL) 363/2007, este sector iniciou a sua actividade em meados de 2008, no entanto, logo no final desse ano começaram a existir alguns problemas no funcionamento do portal que suportava todo o regime de licenciamento. Os referidos problemas agravaram-se, que culminaram com fecho definitivo de atribuição de licenças ao abrigo do DL 363, em Fevereiro de 2010. Infelizmente, à data de hoje, apesar do novo DL já ter sido publicado, ainda não foi possível retomar o mercado, uma vez que só, provavelmente, no dia 9 de Dezembro é que serão atribuídas novas licenças. Dessa forma, existem muitas
empresas que já não se encontram a operar há muitos meses, tornando-se numa situação muito crítica. Que consequências provocou esta situação? Houve, de facto, empresas que foram obrigadas a reduzir o número de postos de trabalho? A não existência de mercado, devido ao vazio legal durante aproximadamente 10 meses, provocou o encerramento de algumas empresas e despedimento noutras. Uma empresa que se especializasse apenas no sector fotovoltaico, teve poucas probabilidades de se manter neste último ano. O actual Governo mostrou-se, no primeiro mandato, apostado em catapultar o país no âmbito das energias renováveis. Notou-se, de facto, uma evolução a este nível nos últimos anos? Em que sentido? De facto, as energias renováveis foram uma aposta do actual governo, no entanto existiu uma opção política de promover a energia eólica. Está previsto uma potência
instalada em eólica de 7 GW, equivalente à potência da hídrica. No que respeita ao solar, está previsto até 2020 uma potência instalada de apenas 1,5 GW. No que se refere à energia eólica, trata-se de uma produção centralizada que terá de ser transportada até aos pontos de consumo e possui um regime de produção mais elevado durante a noite. Quando se compara com os sistemas fotovoltaicos, instalados juntos dos consumidores (o que a APESF defende), existem inúmeras vantagens, nomeadamente a sua produção é coincidente com os picos de consumo, assim como injecta a energia produzida junto dos pontos consumidores (evitando perdas de transporte e reforço de infra-estruturas). Dado o exposto, a APESF não entende o limite de 1,5 GW, principalmente quando comparado com o da eólica. Os portugueses estão, actualmente, sensibilizados para a questão das energias renováveis? Actualmente, os portugueses estão sen-
sibilizados para as questões das energias renováveis, no entanto, um projecto de microprodução também é visto como um projecto financeiro. Ao fazer um investimento numa central fotovoltaica, esta irá gerar uma receita que paga o investimento entre 6 a 8 anos e garante o equivalente a uma taxa de juro do dinheiro aplicado a 15 anos entre os 8 e os 10%. Ainda há muito a fazer neste campo, em Portugal? Onde somos, neste momento, mais fortes e mais fracos? Existe muito para fazer em Portugal, principalmente gerar conhecimento neste sector, no entanto isso só será possível se existirem condições para que o sector se desenvolva. Não nos podemos esquecer que Portugal é um país privilegiado no que respeita à radiação solar anual, quando comparado com o resto da Europa, no entanto Portugal terá de promover políticas que permitam que as empresas nacionais se desenvolvam neste sector e não as multinacionais estrangeiras com a sua capacidade de escala. PUB
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Renováveis com forte impacto na economia portuguesa Nos últimos anos, as energias renováveis têm tido um forte impacto na economia portuguesa e, à partida, mais terão com os objectivos ambiciosos do Governo para 2020. Este e outros assuntos ligados às energias verdes foram discutidos na conferência “Electricidade Renovável” organizada pela APREN (Associação de Energias Renováveis) e Jornal de Negócios. Com o investimento nas energias renováveis, nomeadamente na eólica, foram criados mais postos de trabalho, registou-se um aumento no volume de negócios ligados a essa área e foram lançados “clusters” industriais. Mas, por outro lado, a aposta neste sector a nível nacional permitiu a redução da dependência exterior. Segundo um estudo da Deloitte, as energias renováveis terão evitado um custo de 15.3
mil milhões em energia ao país entre 2005 e 2015. É também referido pela Deloitte, em parceria com a APREN, que a poupança se verifica ao nível das emissões de CO2, estimando que no mesmo período se poupou 2,2 mil milhões. De acordo com dados mais recentes fornecidos pelo próprio primeiroministro José Sócrates, entre Janeiro e Setembro deste ano, mais de metade da electricidade consumida veio de fontes de energia renováveis, o que permitiu poupar mais de 700 milhões de euros em importação de energia. A banca e as seguradoras começam a despertar para a importância deste sector que, embora necessite de investimentos iniciais avultados, pode ser considerado “fiável” uma vez que se registam pouco acidentes. “O volume de negócios que as renováveis geram no sector segurador an-
dará nos 25 milhões de euros por ano. Dentro de dois ou três anos estimamos que esse valor terá triplicado”, disse Miguel Moreno, administrador da Companhia de Seguros Tranquilidade.
Metas ambiciosas com poucos incentivos Na dita conferência, também foram discutidos os objectivos do governo para 2020 de ultrapassar as metas
de redução de 20% de emissões de CO2, diminuição em 20% do consumo de energia primária e incorporação das energias renováveis em 20% do consumo final de energia. As novas metas pretendem atingir uma percentagem de 30% em todas as áreas. Os objectivos da agenda ambiental acabam por ser uma condicionante para o sector energético e para os investimentos que são feitos no sector. Francisco Ferreira, da associação ambientalista Quercus, dizia na conferência que “há questões estruturais para resolvermos”. No caso de Portugal, Francisco Ferreira lembrou o recente tecto aos benefícios fiscais para a instalação de painéis solares em casa. “Com o tecto colocado aos benefícios fiscais de 100 euros, não vão ser as pessoas que ganham 500 ou 600 euros por mês
que vão investir”, comentou Francisco Ferreira. Eduardo de Oliveira Fernandes, da Agência de Energia do Porto, falou na questão da eficiência energética, afirmando que “ainda não podemos falar de cidades a dar cartas”. Mas “talvez fosse interessante”, apontou o mesmo responsável, “ter uma métrica para as cidades e depois comparálas”. Numa óptica ambiental, Pedro Martins Barata, da Comissão Interministerial para as Alterações Climáticas, sublinha que “a redução de emissões não é possível sem uma mudança de paradigma energético”. Mas por vezes o impulso às renováveis choca com a morosidade dos processos de licenciamento ambiental. fonte: www.industriaeambiente.pt
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Sistemas de aquecimento alternativos Eólico O aerogerador é um bom investimento quer isolado quer como complemento de um sistema fotovoltaico, uma vez que o seu bom funcionamento no Inverno e de noite, compensa a pouca energia fornecida pelo fotovoltaico nestas alturas. Existem essencialmente dois tipos de turbinas eólicas: - de eixo horizontal: são o tipo de turbinas mais comuns, como as aplicadas na maior parte dos parques eólicos. Actualmente a maior parte é constituída por três pás, existindo no entanto turbinas com duas e apenas uma pá (eventualmente com menor custo em material). A principal desvantagem destas turbinas com duas ou uma pá é a menor estabilidade da estrutura. - de eixo vertical: Estas turbinas, mais invulgares, são mais indicadas para o meio urbano do que as de eixo horizontal, pois reagem melhor ao vento variável ou
incerto que caracteriza deste meio (o seu comportamento neste espaço é uma incógnita). Por outro lado, precisam de uma velocidade de iniciação mais baixa. Bomba de calor geotérmica A bomba de calor é um sistema de aquecimento e arrefecimento, com a possibilidade de alternar entre os dois modos, carregando num botão instalado no seu termóstato interior. No modo de arrefecimento, a bomba de calor extrai o calor da casa e transfere-o para a terra através do permutador instalado no subsolo. Existem dois modelos básicos de permutadores: abertos e fechados. Loops Abertos - Este termo é normalmente utilizado para descrever sistemas de bombas de calor de subsolo que utilizam as águas subterrâneas como fonte de aquecimento ou
arrefecimento. A água circula pela bomba de calor de onde é extraída ou adicionada a sua temperatura, sendo depois depositada no subsolo de maneira apropriada. Como as águas subterrâneas apresentam uma temperatura mais ou menos constante ao longo do ano, acabam por ser uma excelente forma de energia térmica. Loops Fechados - Este termo refere-se a sistemas de bombas de calor de subsolo que utilizem como fonte de energia térmica um ‘loop’ contínuo de tubos PAED que se encontram no subsolo e fazem a permuta de calor. Estes tubos são ligados à bomba de calor situada no interior da casa, formando um ‘loop’ selado e subterrâneo por onde circula a solução aquosa. Ao contrário do ‘loop’ aberto, que utiliza as águas subterrâneas, um ‘loop’ fechado faz movimentar a solução aquosa, circulando, assim também a temperatura do subsolo.
Recuperadores de calor e sistemas a pellets A lareira é um sistema de aquecimento geralmente atractivo. No entanto, se for uma lareira aberta, acaba por se tornar num sistema altamente ineficiente por aquecer muito pouco a habitação devido à dispersão do calor, servindo mais como elemento decorativo. Assim, quem escolher a lareira como modo de aquecimento, deve considerar a utilização de uma lareira fechada ou com recuperador de calor. Este sistema permite fazer uma melhor gestão da queima da lenha, reduzindo o seu consumo e fornecendo muito mais calor à habitação. Em alternativa, pode-se ainda optar por um sistema a pellets, semelhante a uma salamandra, mas que em vez de utilizar lenha, queima estes restos de madeira prensados e granulados, provenientes da limpeza de florestas e dos restos da indústria da madeira.
KYMANER fornece turbina à Irlanda para aproveitamento da energia das ondas A KYMANER, empresa portuguesa, sedeada em S. Domingos de Rana, exclusivamente dedicada ao desenvolvimento de sistemas para aproveitamento de energias de ondas, vai fornecer uma turbina de ar para o projecto europeu experimental CO-
RES (Components for Ocean Renewable Energy Systems) cujos testes terão lugar ao largo de Spiddal, Irlanda, durante o ano de 2011. A turbina, actualmente em fase de testes finais em fábrica, será instalada numa plataforma flutuante em De-
zembro e coloca a KYMANER como a primeira empresa portuguesa exportadora de tecnologia para aproveitamento da energia das ondas. A turbina de acção auto-rectificadora é uma evolução do conceito das turbinas de gás das centrais termoeléctricas e
utiliza uma abordagem inovadora que lhe confere ganhos de rendimento significativos quando comparados com tecnologias semelhantes. A KYMANER foi criada em 2005, para desenvolver a Energia das Ondas em Portugal.
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Projecto Eco-Casa ajuda a poupar energia em casa Este projecto inovador visa em primeiro lugar ajudar os portugueses a poupar energia nas suas casas. A Quercus lançou no dia 9 de Janeiro de 2004 um projecto inovador com o objectivo de promover a redução do consumo energético nas residências e a utilização de energias renováveis. Trata-se de um projecto que pretende, para além de sensibilizar o público, dar soluções concretas modificar comportamentos, na gestão, renovação ou aquisição de uma casa e/ou do seu recheio.
principal. Como? Incentivando uma procura mais moderada e demonstrando como tornar mais eficientes os consumos diários. Esta tarefa continua hoje justificada pelo aumento, nos últimos anos, dos consumos energéticos a nível doméstico no nosso país e pelo consequente agravamento das emissões de gases
Ecocasa - Um projecto para todos os cidadãos Lançado pela Quercus em Janeiro de 2004, o projecto EcoCasa centrou-se desde o início nos temas da eficiência energética e das alterações climáticas. Sensibilizar para uma melhor gestão do consumo de energia no sector doméstico era, e continua a ser hoje, o objectivo
com efeito de estufa que estão na origem do aquecimento global. Desde a sua criação, foram desenvolvidas diversas ferramentas de trabalho e iniciativas de divulgação no sentido de consciencializar o cidadão comum e persuadi-lo a mudar comportamentos. Com o amadurecimento do projecto, depressa se concluiu que o consumo sustentável se estendia a outros sectores do quotidiano, a cuja especificidade o conceito geral de Energia não fazia justiça. Assim, surgiram três novas áreas temáticas de trabalho Água, Mobilidade e Construção Sustentável – que vieram dar um sentido mais transversal ao conceito de eficiência. Conhecer os problemas, ponderar alternativas e ajustar hábitos no quotidiano é o caminho para uma utilização mais racional dos recursos em todas estas áreas do quotidiano.
Prazo de candidaturas aos incentivos do QREN alargado até 30 de Novembro O prazo de candidaturas para as micro, pequenas e médias empresas (PME) aos incentivos do QREN (Quadro de Referência Nacional Estratégico) à eficiência energética, nomeadamente à instalação de sistemas solares térmicos, voltou a ser alargado, desta vez até ao dia 30 de Novembro. Esta é a segunda vez que o prazo de candidatura é alargado, sendo que inicialmente, as candidaturas aos subsídios terminavam a 31 de Agosto, tendo sido posteriormente prolongadas até 15 de Outubro. Os projectos aceites deverão ser conhecidos até 12 de Janeiro do próximo ano. Os subsídios do QREN às PME no âmbito da eficiência energética dispõem de um orçamento total de 9,5 milhões de euros e visam apoiar projectos de investimento em instalações solares térmicas para o aquecimento de águas, sistemas de climatização e outros investimentos relacionados com a envolvente passiva (associada à instalação de equipamentos solares térmicos através da optimização do consumo de energia ou de correcção do factor solar nos vãos envidraçados, excluindo despesas com construção e mão-de-obra). http://www.climatizacao.pt
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CLIMATIZAÇÃO E ENERGIAS RENOVÁVEIS | ESPECIAL 31
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Grupo Solar apresenta-se como nova oportunidade de negócio para profissionais O Grupo Solar, uma nova rede de franchising, prevê facturar três milhões de euros este ano, arrancar com 30 lojas, chegar às 50 unidades no final de 2011 e ter, a prazo, 200 agências a nível nacional. O Grupo Solar, marca que se dedica à prestação de serviços nas áreas da energia solar e climatização, apresentase como uma nova oportunidade de negócio para profissionais na Franchise Show. A actuar na área das Energias, o Grupo Solar iniciou o projecto de franchising em Março deste ano e prevê fechar 2010 com 30 unidades e com uma facturação de três milhões de euros. O plano de expansão da rede
aponta para as 50 lojas até 2011, com o objectivo total de rede de 200 agências a nível nacional. Para Ruben Chester, responsável pela marca, a grande mais-valia do Grupo Solar é o facto de não pretender “vender, apenas, ao público, ao consumidor final, mas sobretudo ao profissional, quer seja armazenista, quer seja técnico instalador”. De acordo com Ruben Chester, “a aposta nesta área, que começa a ter cada vez mais incentivos, nomeadamente governamentais, afigura-se promissora”. A opção pelo modelo de franchising fundamentase em algumas das conclusões do 15.º Censo “O Franchising em Portugal” elaborado pelo IIF, segun-
do o qual o trabalho em rede afigura-se o modelo “mais seguro e com menor risco porque permite arrancar com um negócio em parceria, beneficiando das sinergias de trabalhar em rede e de conceitos já testados”. Ruben Chester acrescentou que, “numa perspectiva de crescimento, este sistema permite um ritmo de crescimento que seria inviável com unidades próprias”. Um outro dado curioso divulgado pelo Censo, e de acordo com o último Eurobarómetro sobre o empreendedorismo, “Portugal destaca-se como o país da Europa onde a vontade de empreender é a mais elevada: 62% dos portugueses gostariam de ser patrões de si próprios, enquanto a média euro-
peia se situa nos 45%”. A criação do seu próprio negócio e a possibilidade de criação de mais postos de emprego são outras das mais-valias que Ruben Chester atribui ao modelo de negócio do Grupo Solar, cuja actividade tem cada vez mais procura e afigura-se promissora. Entre os vários serviços prestados pelo Grupo Solar, destacam-se representação e distribuição de materiais, bem como o aconselhamento de soluções de climatização e energias renováveis. De realçar que o Grupo Solar é representante exclusivo de algumas das mais importantes marcas internacionais a operar no sector.
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Jornal da Bairrada 25 | Novembro | 2010
“Para se reduzir o impacto de fontes de energia renovável, tem que se diversificar e descentralizar” Existe, hoje, uma maior preocupação e actuação por parte das famílias portuguesas para tornarem mais eficientes a utilização de energia. Por outro lado, o sector industrial tem feito um enorme esforço para se tornar mais eficiente no consumo de energia. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer, alerta Abel Barreto, da Direcção do Núcleo Regional de Aveiro da Quercus.
Os portugueses estão já devidamente sensibilizados para a importância de utilização das energias renováveis? A opção pelas energias renováveis não depende, em larga medida, de opções individuais, já que, por exemplo, no consumo de energia eléctrica, o consumidor não pode optar por renováveis, tal como não pode optar no domínio da mobilidade. O domínio em que essa possibilidade de opção existe com maior expressão é o do aquecimento, tanto de espaços como de água de uso doméstico. Este último caso em particular, relativamente ao qual a meta definida pelo Governo de um milhão de metros quadrados de painéis solares instalados até 2010 não foi atingida, demonstra que, pelo menos, a sensibilização dos portugueses para estas questões não é tão elevada como seria de desejar. No entanto, também há que ter em conta que os sistemas solares térmicos,
embora financeiramente compensadores no médio-longo prazo, exigem um investimento inicial importante, para o qual muitos países criaram incentivos significativos. Em Portugal, tais incentivos têm tido uma ocorrência errática e no geral pouco efectiva, o que também não contribui para uma maior adesão por parte da iniciativa individual. Pode dizer-se que há energias renováveis mais amigas do ambiente do que outras? Todas as formas de produção de energia, sobretudo se consideradas a partir de uma certa escala, podem apresentar impactos significativos. E de facto a distinção, desse ponto de vista, não se pode fazer tanto em relação às diferentes fontes mas exactamente em relação à escala com que são implementadas. Mesmo uma das formas mais benignas de produção de energia eléc-
trica, a fotovoltaica, se implementada em espaços dedicados e em larga escala, tem impactos significativos associados ao uso do solo. Também o impacto da eólica é muito diferente para uma pequena instalação com poucas unidades de pequena potência e as grandes “hortas” eólicas nos cumes dos montes com dezenas de unidades de grande dimensão e potência. Se pensarmos na própria biomassa, é a diferença entre a pequena e a grande escala que pode significar uma diferença entre um impacto pouco significativo (associado a um uso múltiplo do solo e da paisagem) e um impacto muito significativo (associado a monoculturas de uso único, com grande impacto sobre o solo, a paisagem e a biodiversidade). Deste modo, para se reduzir o impacto de cada uma das fontes de energia renovável, é necessário diversificar e descentralizar (a fotovoltaica de micro-produção é um dos
melhores exemplos, embora infelizmente ainda cara). E sem nunca esquecer que reduzir o consumo deve ser sempre uma medida prioritária. A meta europeia de biocombustíveis até 2020 (promoção da utilização de energia proveniente de fontes renováveis, que define várias medidas para a área dos transportes, nomeadamente a incorporação de biocombustíveis no gasóleo e gasolina rodoviários até 2020) pode causar impactes ambientais significativos nos usos do solo e consequente aumento das emissões de gases com efeito de estufa. Como se pode contornar esta questão? Para além de desenvolvimentos técnicos neste domínio que ainda estejam para surgir, de momento, a posição da Quercus é de que essa meta deveria ser revista ou reavaliada. Aliás, não apenas a meta mas a opção
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em si. A Quercus emitiu recentemente um comunicado sobre o assunto, reflectindo um estudo à escala europeia, que mostra como essa opção apresenta impactos claramente negativos para o ambiente: ao nível do uso do solo, competindo com as culturas agrícolas, ao nível da biodiversidade, pela substituição de florestas naturais por plantações (sobretudo nos trópicos) e mesmo ao nível das emissões de CO2, aumentandoas ao invés de as diminuir, por comparação com a queima de combustíveis fósseis. Na verdade, o problema da poluição (e do consumo) associada aos transportes não pode ser resolvida apenas pela vertente técnica. Mesmo a solução eléctrica que se avizinha, se implementada em larga escala, apresenta problemas importantes. No curto-médio prazo seria de grande importância reduzir a intensidade energética do sector dos transportes com medidas do âmbito do ordenamento e da organização (melhoria da rede de transportes públicos, promoção da proximidade entre os locais de residência e de trabalho/educação/lazer, promoção do uso da bicicleta e da complementaridade da bicicleta com outros meios de transporte, etc). No domínio do consumo, é sempre de preferir os produtos cujo ciclo de produção e comercialização tenha envolvido menores distâncias percorridas, aqui, um domínio no qual o consumidor final pode ter um papel, pelas escolhas que é chamado a fazer no momento da compra. Relativamente ao sector industrial,
CLIMATIZAÇÃO E ENERGIAS RENOVÁVEIS | ESPECIAL 33 tem havido um esforço por parte dos empresários para usar energias renováveis em detrimento das energias fósseis? O sector industrial tem feito um enorme esforço para se tornar mais eficiente no consumo de energia. Mais do que a utilização de energias renováveis, este é o grande desafio que se coloca ao sector industrial e que de uma forma geral, foi abraçado. No entanto, Portugal é ainda um dos países em que a intensidade energética (energia consumida por unidade do PIB) é mais elevada, pelo que haverá ainda um longo caminho a percorrer também neste sector. A Quercus lançou, em 2004, o projecto EcoCasa, que visa sensibilizar para uma melhor gestão do consumo de energia no sector doméstico. Que balanço fazem do mesmo? O balanço do projecto EcoCasa é bastante positivo, pois quase sete anos após o seu lançamento o projecto continua a ser procurado pela população em geral, pelas escolas e por diversas entidades, públicas e privadas. O site do projecto, renovado em 2009, e actualmente também com as áreas da água e da mobilidade, tem uma média de cerca de 6000 visitas por mês. Os contactos telefónico e de e-mail continuam a receber pedidos de informação/ esclarecimento sobre áreas abordadas: eficiência energética, energias renováveis e construção sustentável. Também se mantém o contacto com as
escolas e outras entidades (públicas e privadas), que continuam a solicitar para realizar palestras. O projecto começou para um horizonte de um ano e meio, mas conseguiu crescer e promover outros projectos e iniciativas nesta área, nestes seis anos com que já conta. É o caso de projecto como EcoBrigadas, EcoFamilias, Topten, entre outros ainda em curso. As famílias portuguesas têm, nos últimos anos, aproveitado as dicas de poupança de energia em casa ou ainda há muito trabalho de sensibilização a fazer? As famílias portuguesas têm aproveitado as dicas de poupança, não só transmitidas pelo site EcoCasa, mas também por projectos específicos que temos desenvolvido na área da eficiência energética. Desde 2005, a Quercus tem vindo a desenvolver o projecto EcoFamílias, criado com o objectivo de avaliar o potencial de poupança energético das famílias portuguesas e a sua capacidade real de redução, quer através da implementação de medidas concretas quer através do incentivo à alteração de comportamentos diários. O projecto-piloto, intitulado EcoFamílias 30, surgiu em 2005/2006 e acompanhou famílias nos concelhos de Lisboa, Oeiras e Sintra. Em 2007 realizou-se o EcoFamílias 225, desta vez alargado a famílias voluntárias de todo o país. O Projecto EcoFamílias II, actualmente a decorrer, envolve 1000 famílias portuguesas (continente) e à se-
melhança do anterior, é uma medida financiada no âmbito do Plano de Promoção de Eficiência no Consumo de Energia Eléctrica (PPEC), aprovado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) e promovido pela EDP Distribuição em parceria com a Quercus. Os objectivos principais são a diminuição do consumo energético doméstico e a melhoria do conforto higrotérmico e pretende-se atingi-los através da alteração de comportamentos, melhoria da utilização dos equipamentos (especialmente máquinas de lavar roupa/louça), troca de equipamentos por outros mais eficientes e divulgação de informação sobre aspectos construtivos e soluções que melhorem o desempenho térmico da habitação. Em paralelo, entre Janeiro de 2009 e Junho de 2010, decorreu o projecto EcoBrigadas em que, para além da possibilidade de as famílias terem uma avaliação concreta do seu potencial de poupança, realizaram-se também workshops em que esta temática era abordada, juntamente com os temas das energias renováveis e da construção sustentável. A experiência destes projectos tem mostrado uma maior preocupação e actuação por parte das famílias para tornarem mais eficientes a utilização de energia. No entanto e atendendo ao universo dos 10 milhões de habitantes, ainda há muito trabalho a fazer na sensibilização para uma melhor gestão da procura de energia. PUB
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Importações de electricidade cresceram mais de dez vezes em oito anos As importações portuguesas de electricidade cresceram dez vezes entre 2000 e 2008, de 80 mil para 811 mil toneladas equivalentes de petróleo, indicam dados compilados pelo ‘site’ Pordata, que recentemente lançou o serviço estatístico para a Europa. Os dados da Pordata indicam que as importações líquidas de energia de Portugal em 1990 era de 3 mil toneladas equivalentes de petróleo em electricidade. A tonelada equivalente de petróleo (‘tep’) é uma unidade de energia definida como o calor libertado na combustão de uma tonelada de petróleo cru, aproximadamente 42 ‘gigajoules’. A ‘tep’ é usada para expressão grandes quantidades de energia, uma vez que pode ser mais intuitivo visualizar a energia libertada em toneladas de
petróleo que milhares de milhões de ‘joules’. As importações de electricidade mantiveram uma tendência crescente de 1990 até 1997, quando o país já importava 249 mil ‘tep’. O ano de 1998 é o
único da série 1990-2008 que apresenta valores negativos (-74 mil ‘tep’). Ou seja, neste ano Portugal exportou electricidade em vez de importar. A partir de 2002, as importações de electrici-
dade iniciaram outra vez uma tendência crescente, de 163 mil ‘tep’ para 587 mil em 2005, 644 mil em 2007 e finalmente 811 mil toneladas equivalentes de petróleo em 2008, o último ano do qual a Pordata
dispõe de dados. Em sentido contrário, nos mesmos anos, caminhou a Espanha, que em 2003 importava 109 mil ‘tep’ e nos anos seguintes exportou sempre: 260 mil em 2004, 494 mil em 2007 e 949 mil em 2008. O que mantém uma tendência descrescente nas importações desde 2000 é o petróleo e os produtos derivados. Em 1999, Portugal importava 16,7 milhões de toneladas equivalentes de petróleo, número que tem vindo a baixar até aos 14 milhões em 2008. Já a importação de gás natural mais do que duplicou entre 1999 (quando o país comprou 1,9 milhões de tep) e 2008 (para 4,1 milhões de tep). Um caminho seguido também pela Espanha, que passou de 13,1 milhões de tep de gás importados em 1999 para 35,2 milhões em 2008.
No total, em 2008, Portugal importou 21,2 milhões de toneladas equivalentes de petróleo em gás, combustíveis sólidos, electricidade, petróleo e produtos derivados, sensivelmente o mesmo que importava em 2000. Nesse intervalo as importações de energia tiveram um pico em 2005, quando o país importou 24,4 milhões de tep. A Pordata é uma iniciativa da Fundação Francisco Manuel dos Santos. A base de dados, que funciona desde Fevereiro, alargou-se agora à Eurodata, um trabalho que está a ser liderado por Maria João Valente Rosa, e que vai agrupar dados estatísticos de todos os países da União Europeia, mais três países do espaço Schengen e ainda os Estados Unidos e o Japão.
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Escola sustentável André Moreira Professor no Colégio Frei Gil
A insistência nas qualidades socialmente valiosas da personalidade, com exclusão de todas as outras, derrota finalmente os seus próprios fins, escreveu Huxley. Este é, de facto, um dos problemas do ensino massificado:muitasvezes,nocontexto da sala de aula, é difícil lidar com o aluno individualmente, porque o número de alunos por turma e a necessidade de cumprir os programas quase nos obriga a tomá-los por um corpo único e homogéneo, que não são. O problema de reconciliar as reivindicações do homem e do cidadão, da parte e do todo, vai-se tornar cada vez mais agudo e a solução desse problema será uma das principais tarefas da
educação futura e passará, certamente, pelos contextos de trabalho extra-aula, mais personalizados. Não é fácil definir o que é a aprendizagem informal. Para alguns é aprendizagem não formal, que significa aprender fora da escola, fora de estruturas formais. Muito mais do que isso, a aprendizagem informal é algo que é eminentemente social, mais direccionada para os estudantes e não para os professores. Há alguns anos atrás, a Finlândia era muito forte na vertente da aprendizagem móvel e as pessoas riam-se da ideia. Mas, ao contrário das outras importações que muitas vezes queremos forçar e que vêm de modelos de sociedade muito diferentes da portuguesa, acho que esta ideia em particular se está a integrar como espaço de aprendizagem informal, porque ser móvel significa que o contexto está à nossa volta e é contextualizando
que a aprendizagem ganha sentido. Por exemplo, valerá a pena exibir a Bandeira Verde do programa Eco-Escolas se não formos capazes de separar o lixo e até de promover a sua reciclagem em actividades que estejamos a desenvolver? Será razoável fazer a apologia da energia solar fotovoltaica se não formos capazes de demonstrar que ela funciona mesmo? Claro que não. E é por isso mesmo que as oficinas do Clube das Energias Renováveis do IPSB estão abertas na
escola em horário pós-laboral e que os alunos podem experimentar usar os painéis solares disponíveis para fazer mover um barco ou um carro, combinando e consolidando conhecimentos de áreas tão distintas como a Biologia, a Física, a Educação Visual, a Educação Tecnológica ou a Matemática. E podem cozer pizas ou maçãs num forno solar. E podem aquecer água num colector de água construído por eles, todo ele elaborado com desperdícios do dia-a-dia – um alinhamento de garrafas plásticas
transparentes substituindo o vidro, o avesso dos pacotes de leite usado como superfície reflectora, um garrafão foto e termicamente isolado a fazer as vezes de um reservatório… E não é que resulta mesmo, chegando a elevar a água que percorre esse percurso em serpentina até aos 60ºC? Neste cruzamento de saberes e interesses, num ambiente informal que complementa a necessária formalidade da estrutura curricular que emana do Ministério da Educação, constroem-se competências – aquelas que não entram nas estatísticas, mas que são, de facto, palpáveis e consequentes no quotidiano. É por isso que um professor numa sala de aula não está fora de contexto; tem é que aplicar o contexto ao próprio contexto, o que é complexo na azáfama de cumprir programas. Mas é exactamente aí que a aprendizagem móvel e informal pode desempenhar o tal papel complemen-
tar, que é usar um contexto de uma forma melhor, ligando o espaço virtual e o espaço físico. No IPSB, o Grande Prémio Frei Gil, que terá em Junho de 2011 a sua 5.ª edição, é a jornada de promoção das energias alternativas por excelência, consubstanciando-se como o somatório de muitas outras jornadas vividas ao longo do ano lectivo, em contexto informal, por professores e alunos. É o horizonte anual recorrente de um processo em que diluímos fronteiras entre agentes educativos, promovendo a escola enquanto pólo de dinamização cultural e reforçando a posição do Colégio como Líder Nacional na utilização efectiva e universal das energias alternativas – reafirmando a escola como agente basilar de inovação e promoção cultural e tecnológica. Por aqui e pelo futuro, queremos contextualizar os saberes de forma sustentável.
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