Especial Serviços Fúnebres

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Serviços Fúnebres

Jornal da Bairrada

27 | Outubro | 2011

ENTREVISTA

“Ser agente funerário não é vender uma urna” “Hoje, ser agente funerário não é vender urnas. O agente funerário tem que prestar mais serviços, num sector onde a formação é cada vez mais exigida”, afirma Joaquim Oliveira Marques, presidente da Associação A Joaquim Oliveira Marques dos Agentes um responsável técniConcorda com a gestão e Funerários exploração dos cemitérios co, com formação. Este pelas agências funerárias? responsável (caso exerça do Centro. Acredita que esta gestão há mais de três anos) faz Quais são as novidades do novo diploma que regula o sector funerário? Que avaliação faz do mesmo?

As novidades do novo diploma que regul a o sec tor funer ár io passam fundamentalmente pela exigência dos Agentes Funer ár ios terem

formação de 175 horas, caso não tenha este requisito tem de fazer 1175 horas de formação, ou então em função da sua vida académica caso tenha curso superior é feito um estudo, caso a caso, na DGAE (Direcção Geral de Actividades de Empresas).

chegará aos concelhos mais pequenos?

Concordo plenamente que todos os agentes funerários possam ser competitivos com os outros agentes económicos, no entanto alerto para o seguinte: o agente funerário, inscrito na DGAE pelo distrito de Aveiro

(por exemplo), não pode candidatar-se a nenhum cemitério do distrito, já que tem que se candidatar a outro(s) distrito(s). Actualmente, quaisquer empresa forte (não têm que ser do sector funerário) pode, eventualmente, gerir cemitérios, sejam eles grandes ou pequenos. No seu entender, quais são os grandes desafios que se colocam aos agentes funerários?

Os grandes desafios que se colocam aos agentes funerários passam pela instabilidade que se vive a nível do sector. Hoje, começamos a ter a noção que ser agente funerário não é vender uma urna e deslocar a mesma para determinado local. Hoje, ser agente funerário é prestar um serviço ou mais aos seus clientes e como tal o sector exige de si mesmo formação, muita formação. Não basta dizer que se trabalha há vários anos nesta actividade, é necessário que haja um desenvolvimento a nível pessoal, cultural, intelectual e profissional, pois só assim é que os nossos agentes funerários serão cada vez mais fortes. Ainda existe lugar para os

pequenos agentes funerários? Ou, inevitavelmente, acabarão por desaparecer?

Os agentes funerários são pessoas que têm vivido momentos de grande instabilidade, por várias razões. Se analisarmos o percurso do nascimento das funerárias em diversos locais, só a partir de 1998 começou a ser mais rígido ser agente funerário e por tal motivo já não têm nascido muitas mais agências funerárias. Pelo decreto-lei 411/98 algumas até fecharam. Ora o que acontece é que os diversos diplomas e decretos e projectos-lei que têm saído fizeram com que se distanciassem os menos competitivos dos mais competitivos. Mas, quando nos mexem na parte burocrática, a grande maioria está unida. As associações do sector estão unidas?

Em relação às associações, as mesmas podem ter ideias diferentes, mas no cômputo geral, lá se vão entendendo. O que eu não entendo é que para um universo de 1400 agências funerárias, em Portugal, existam quatro associações. Defendo que se deveria criar uma confederação ou federação de agentes funerários, mas há que

ter coragem para fazer um projecto destes. O que mudou na actividade fúnebre nos últimos anos?

O que tem mudado a actividade fúnebre nos últimos anos, em Portugal, é nem mais nem menos, o facto de sendo nós (Portugal) parceiros da comunidade europeia temos que avançar com as mesmas inovações. É preciso os agentes funerários e todos aqueles que de um modo ou outro têm interesses neste sector tenham que se valorizar a nível da formação, de instalações e do querer estar na frente, não sendo os melhores mas estando entre os melhores. Os preços praticados são transparentes?

Os preços praticados, hoje, são transparentes. Todo o agente funerário previamente tem que orçamentar o serviço de funeral e o serviço de funeral não é vender uma urna e transportá-la para determinado sítio. Hoje, o técnico tem que vender e saber vender os seus serviços, mas principalmente explicar os mesmos. Não devem valorizar uma urna (que pode ser de valor mais baixo), mas sim valorizar os seus serviços.

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Jornal da Bairrada 27 | Outubro | 2011

Dos Santos aos Fiéis Defuntos Celebrações marcam profundamente a religiosidade dos portugueses A proximidade destes dois dias do princípio de Novembro, respectivamente o dia 1 e 2 deste mês, levou a que frequentemente se imagine que se trata de uma única celebração em dois dias consecutivos. No entanto, não é assim, embora cada um destes dois dias tenha muito de comum, que é a celebração do mistério da vida para além da morte e a esperança de nela tomarmos parte, como membros do mesmo e único Corpo de Cristo. Os Santos sempre foram celebrados desde o princípio do Cristianismo, particularmente os Mártires. As Igrejas do Oriente foram as primeiras (século IV) a promover uma celebração conjunta de todos os Santos quer no contexto feliz do tempo pascal quer na semana imediatamente a seguir.Ossantos-comdestaque para os mártires - são, de facto, modelo sublime de partici-

pação no mistério pascal. No Ocidente, foi o Papa Bonifácio IV a introduzir uma celebração semelhante em 13 de Maio de 610, quando dedicou à santíssima Virgem e a todos os mártires o Panteão de Roma, dedicação essa que passou a ser comemorada todos os anos. A partir destes antecedentes, as diversas Igrejas começaram a celebrar em datas diferentes celebrações com idêntico conteúdo. Os irlandeses, por exemplo,

celebravam em 20 de Abril uma festa em honra de todos os Santos da Europa. A data de 1 de Novembro foi adoptada primeiro na Inglaterra do século VIII acabando por se generalizar progressivamente no império de Carlos Magno (influência de Alcuíno, que era inglês), tornando-se obrigatória no reino dos Francos no tempo de Luís, o Pio (835), talvez a pedido do Papa Gregório IV. Na solenidade de todos os Santos, a Igreja pro-

põe-se esta visão da glória, às portas do inverno, para que, com o cair das folhas das árvores e o apagar-se gradual da luz do dia, não esmoreça nos seus filhos a esperança da vida e da vida plena em Deus, onde os Santos são para nós ainda peregrinos na Terra, um estímulo e um contínuo convite a que desejemos, para além da morte, a vida eterna em Deus. O dia de Todos os Santos é, por isso, um dia de festa que nãodeveserofuscadapelacelebração do dia que se lhe segue. A comemoração de todos os Fiéis Defuntos nasceu, no entanto, em ligação com a celebração do dia anterior, e muito naturalmente, pois que também nela se celebra a vida para além da morte, na esperança da ressurreição do último dia. O dia chama-se Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos,depoisdeTodososSantos,

todos os que partiram deste mundo, marcados com o sinal da fé e esperam ainda a purificação total para poderem chegar à visão de Deus. O nome tradicional para falar dos que partiram é Defuntos - palavra que significa os que deixaram a sua “função” , a sua actividade terrena e que não devem ser chamados “Finados”, palavra de sabor pagão, que significaria os que chegaram ao fim de tudo quanto é vida, onde não haveria lugar para “a vida do mundo que há-de vir”, como professamos no Credo. Foi o Abade de Cluny, S. Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem - e eram muitos e influentes - se fizesse a comemoração de todos os defuntos «desde o princípio até ao fim do mundo» no dia a seguir ao da solenidade de todos os Santos. Este costume depressa se

generalizou. Roma oficializouo no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar 3 missas em 2 de Novembro, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda naPolónia.Duranteaprimeira Grande Guerra, o Papa Bento XVgeneralizouesseusoatoda a Igreja (1915). O Calendário de 1969 equipara a Comemoração às Solenidades, dando-lhe precedência sobre os domingos. Também a sucessão dos dois dias litúrgicos insinua esta íntima ligação dos dois cultos: a Igreja pretende abraçar todos os cristãos que já concluíram a sua peregrinação terrena, a começar por aqueles nos quais já se cumpriu integralmente o mistério pascal com o triunfo da ressurreição de Jesus Cristo. fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt PUB


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APELO - ASSOCIAÇÃO DO APOIO À PESSOA EM LUTO

“O luto é um processo de reacção a uma perda com significado pessoal profundo” A APELO é uma associação de pessoas que sofreram perdas emocionais profundas e pessoas solidárias com quem vivencia as dores do luto. A APELO, com sede em Aveiro, no Espaço do Luto, na Rua Almirante Cândido dos Reis, 27 B, tem como objectivo o apoio directo a pessoas, famílias e comunidades em luto. Um pouco por todo o país ficam localizados os CAPELO-Centros do Apoio à Pessoa em Luto. A nível nacional, colaboram com a APELO cerca de meia centena de pessoas e desde a formação da APELO, há quase cinco anos, que mais de duas centenas de pessoas têm acorrido aos serviços da APELO.

Acção da APELO. José Eduardo Rebelo, presidente desta associação, diz que “a acção da APELO junto de pessoas em luto repartese em três direcções funda-

mentais: consultas de aconselhamento, grupos de entreajuda e grupos técnicos de apoio”, sublinhando que “as consultas de aconselhamento são realizadas com um Conselheiro do Luto, perante marcação prévia. Os grupos de entreajuda resultam da vontade de pessoas com um tipo específico de luto, como viúvos, pais em luto, divorciados, mastectomizados ou outros, se juntarem periodicamente para partilhar as emoções das suas perdas. Apenas pessoas com o tipo de luto

específico do grupo podem participar nas reuniões”. “Os grupos técnicos de apoio são semelhantes aos grupos de entreajuda, mas moderados por um Conselheiros do Luto”, acrescenta José Eduardo Rebelo, professor doutor. O presidente da APELO – que ficou marcado pelo seu próprio caso - diz que o luto “é um processo de reacção a uma perda com significado pessoal profundo, podendo ser muito diferentes as suas causas e mais ou menos alongado o tempo

para sua superação”. “Entre as causas principais do luto temos: a separação provisória ou definitiva da pessoa amada, como a emigração ou a morte, respectivamente; a perda de uma expectativa de afecto, como um feto abortado ou o nascimento de uma criança deficiente; o dano ao amor-próprio, como a amputação de um órgão do corpo; a desvalorização da posição social, como a provocada pelo desemprego ou diminuição salarial”, acrescenta.

Luto. José Eduardo Rebelo defende que é importante fazer o luto, já que “é indispensável percorrer o caminho do luto no tempo que as emoções determinem como essencial. Tal como a construção e manutenção de uma ligação afectiva é de natureza inconsciente, vive-se e saboreiase com todo o seu prazer, de

caminho de luto e nunca censura os seus actos”, acrescenta.

igual modo, a perda dos vínculos de amor exigem que se vivencie um conjunto largo de comportamentos, algo anómalos em relação ao quotidiano, em que decorre o deslaçar lento e suave dos nós de afeição”. À pergunta se o luto tem evoluído ao longo dos tempos, o professor doutor responde: “tal como a essência do amar se mantém no tempo, de igual modo acontece com o processo de desconstrução do amor, por ausência do ente querido”. “As consultas de aconselhamento, embora assim designadas, não são propriamente de aconselhamento porque ninguém é especialista no luto de uma pessoa; apenas a própria. Na consulta, o enlutado fala da evolução das suas emoções associadas à perda. O conselheiro escuta, de forma activa, a pessoa em luto, sinaliza os passos dados no sentido de encontrar o seu

Conselheiros. O conselheiro do luto é uma pessoa com experiência de luto, formada para o apoio a pessoas em luto num curso especializado, promovido pelo Espaço do Luto e acreditado pela Sociedade Portuguesa de Estudo e Intervenção do Luto. “De entre as suas competências estão a realização de consultas de aconselhamento a pessoas e famílias em luto, a dinamização de grupos de entreajuda, a coordenação de grupos técnicos de apoio e a intervenção comunitária em catástrofes. Os Conselheiros do Luto podem actuar a nível particular ou institucional, como na APELO (que pode ser consultada em http://apelo.pt), em escolas, hospitais e centros de saúde ou lares de terceira idade”, acrescenta.

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Jornal da Bairrada 27 | Outubro | 2011

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SEMINÁRIO EM OIÃ

Ritos associados à morte

Agência Funerária Palhacense, Lda Palhaça

Funerais Trasladações Cremações Gerência de: António Santos Carmo - Troviscal A Associação de Agentes Funerários do Centro (AAFC), em parceria com a Optidados, organizou o Seminário intitulado “Morte: Ritos e Profissionais”, que decorreu no passado dia 8 de Outubro, no Auditório da Junta de Freguesia de Oiã, com o objectivo de complementar as acções de formação que os Agentes Funerários têm frequentado e proporcionar um momento de convívio entre estes profissionais. Na mesa de abertura estiveram o presidente da direcção da AAFC (Joaquim Marques), o presidente da Junta de Freguesia de Oiã (Dinis Bartolomeu), o vice-presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro (Joaquim Santos), o Presidente da Assembleia de Freguesia de Oiã (Amilcar Pereira) e o pároco de Oliveira do Bairro (Padre Francisco Martins), que proferiram algumas palavras alusivas ao evento. Os temas debatidos relacionaram-se com os ritos associados à morte, bem como a dinâmica funerária nos dias de hoje, em que os profissionais envolvidos têm um papel muito relevante. Este seminário contou com dois painéis. O primeiro, da parte da manhã, foi dedicado aos “ Ritos funerários, história e importância”. Clara Saraiva,

antropóloga da Universidade Nova de Lisboa, iniciou o painel abordando a questão dos “Ritos funerários dos EUA à África Ocidental: origens, práticas e simbolismos”. Com este tema, procurou dar a conhecer um pouco dos ritos de outros povos, assinalando diferenças com o caso português. Por sua vez, Filipa Silva, do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, falou do “Uso da cremação ao longo dos tempos”, salientando razões que estão na origem ou condicionam essa prática. Para terminar o painel da manhã, contou-se com a participação de Marta Brites, que abordou um tema sensível “Quando morre uma criança…”. Na sua comunicação, procurou fazer passar a ideia de que a morte de uma criança nos deixa a todos sensibilizados, inclusive ao agente funerário. Procurou também transmitir que o agente funerário tem um papel muito importante na organização do funeral de uma criança, devendo preocupar-se em cumprir o que foi pedido pela criança ou pelos pais. Da parte da tarde, no segundo painel, foram abordados temas diversificados, relacionados com a “Dinâmica funerária, nos dias de hoje, e com preocupações que começam agora a surgir relativamente

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ao serviço funerário. Paulo Carreira, da Associação Portuguesa de Tanatopraxia, abriu o painel com o tema “Tanatopraxia - inovação ou retornoaopassado?”Procurou expor questões históricas passando depois a aspectos relacionados com a importância da utilização desta prática, nos dias de hoje, e da relevância da sua legislação. Finalmente abordaram-se aspectos relacionados com a “Dinâmica no trabalho de técnico de serviços funerários– novas implicações” e “Implicações da disciplina do exercício da actividade funerária”. Estes temas complementares foram expostos por Pedrosa Vasco, da DGAE e por Fernando Isidoro, da ASAE. Estes oradores explanaram aspectos relacionados com a legislação da actividade e requisitos para o seu exercício. Houve ainda tempo para um período de debate em que os participantes puderam expor as suas dúvidas. A mesa de encerramento pôde contar com os representantes das associações do sector (AAFC- Joaquim Marques, ANEL- Carlos Almeida, AAFP- Vitor Barros e ASSPPSF- Paulo Carreira), que felicitaram a organização do evento e a sua relevância para o desenvolvimento da actividade.

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