Novembro | 2014

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JORNAL DE

Artes Plás cas | Cinema | Música | Literatura Porto Alegre | Novembro | 2014 | R$ 3,00 Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartes Facebook |www.facebook.com/jornaldeartes Tumblr |www.murucieditor.tumblr.com Ano 16 | N° 8 | Nov. 2014 ISSN 2358 - 9019

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ARTE VISUAL

POIS ELE MERECE ESTAR EM

NOSSA MEMÓRIA Por

Gilberto Habib Oliveira Curador

Tão oportuna quanto arriscada, já se faz necessária uma leitura retrospec va da obra e da trajetória do ar sta gaúcho André Venzon. A oportunidade é dada pelos ciclos que se completam, ressaltando a visão teleológica dos significados que de pouco em pouco construíram o corpus de sua obra, somados a alguns de seus feitos ins tucionais, dentre os quais, à frente da Associação Chico Lisboa ou, mais recentemente, do MAC-RS. O risco, em se tratando da arte, é encerrarmos tal percurso em adje vos que se acercam sem tentar definir. Lançando-nos, pois, a tenta va de esclarecer, sem aprisionar, uma obra por natureza aberta e um percurso por trilhar. André sempre surpreendeu com seu senso de cole vidade, envolvendo-se em movimentos, projetos, editais, simpósios ou organizando mostras cole vas pelo Brasil afora. Voltado em seus trabalhos aos conceitos de iden dade e lugar na construção poé ca, sempre teve coragem e consciência de não relegar o entorno e o social à mera indiferença. Fosse por meio das diversas figuras de alteridade criadas em seu universo esté co, nos elementos cons tuintes da arquitetura e da paisagem presentes desde o início em sua produção; fosse na mobilização de outros ar stas, colecionadores, crí cos ou dirigentes culturais nas muitas frentes ins tucionais em que buscou estar inserido. Expressões talvez de uma única realidade construtora de sua iden dade como cidadão e como ar sta, que perpassa a responsabilidade de engajar, envolver, conscien zar ou, no mínimo, provocar espectadores e produtores de um único grande circuito. “Em sua silenciosa luta é ca, este jovem ar sta extravasa a busca de iden dade para muito além de si mesmo e projeta-a à arte. Mesmo que esta, hoje, já distante dos seus contornos formais e conceituais, esteja voltada à miragem de referências e ao provisório da verdade, André a resgata como busca máxima de auten cidade e cri cidade” profe zava Monica Zielinsky, em seu texto sobre o ainda jovem ar sta, em 2006. Venzon é, neste sen do, cumpridor de uma vocação profunda de ar sta. Como poucos que se conhece. Tudo nele é mobilização, da matéria prima ao tema, do

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ARTES Artes Plásticas | Artes Cênicas | Cinema | Musica | Literatua

Jornal de Artes é uma publicação da MURUCI Editor Editor | João Clauveci B. Muruci Editora de Literatura | Djine Klein (djineklein@gmail.com) Design Gráfico/Capa/Diagramação | Mauricio Muruci Email | jornaldeartes@yahoo.com.br Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartes Facebook |www.facebook.com/jornaldeartes Tumblr |www.murucieditor.tumblr.com CNPJ | 107.715.59-0001/79 - Fone | 51 3276 - 5278 | 51 9874 - 6249

EXPEDIENTE Colaboradores desta edição

Clemente Padín | Bibiana Ferreira Pereira | Djine Klein |Gilberto Habib Oliveira | Paulinho Parada

Capa: Escultura contemporânea de André Venzon Exposta na Galeria Península para a exposição «Pois Eu Estou Em Sua Memória» em Porto Alegre/RS


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significado ao suporte, tudo é pretexto para pensar e compor o papel afirma vo e interroga vo no infinito campo de interações entre ar sta e espectador. Como destacou a historiadora Paula Ramos, ele “...tem buscado estabelecer pontes formais e conceituais entre o lugar e o sujeito, entre aquele que vivencia e aquilo que o envolve, alinhavando múl plas temporalidades”. Não haveria, assim, neste infinito de possibilidades, necessidade mais natural do que tentar encontrar, passados os anos, um denominador comum para o que lhe é próprio. E eis que encontra na cor fúcsia dos tapumes ― por vezes aliada à sua textura ou a materialidade mesma da madeira ― um signo forte para si. Não importa não se tratar do primeiro ar sta a u lizá-la, mas basta ter acertado na escolha, fazendo dela um signo potente e singular de si mesmo. Síntese fascinante, excêntrica e exó ca. Social e atemporal, a cor de tapume na poé ca de André Venzon perpassa uma década sendo incorporada aos seus feitos até converte-se, defini vamente, na pele do ar sta. Dos vários signos que com ela pode compor em séries de trabalhos como “Qual é o seu lugar?”, “Boates”, “Vitrines”, “Cidade sem face”, “Luxúria”, entre a consciência do lugar, do corpo, da memória e da arte, essa cor já lhe serviu a vários discursos. Vindo agora a completar-se na exposição “Pois eu estou em sua memória”, ela penetra defini vamente nosso imaginário, se derramando como figura espectral, brilhante e fugidia tal como indexada no cartaz da mostra. Hoje “sua”, a cor de André é ainda mais eloqüente, conver da em unidade iden tária, mas também suporte de uma alteridade contemporânea, extemporânea, mí ca, à serviço das muitas “capas”, peles ou máscaras a que os tapumes se convertem. Incapazes de disfarçar as mazelas, de encobrir os defeitos, de sustentar o (falso) glamour da cidade que, em nome do progresso, mais se arruína ao definir tão somente não-lugares. Destas vãs tenta vas, os tapumes, com sua cor marcante, logram apenas ressaltar sua própria iden dade e presença. “Matam” a paisagem real para ressuscitarem como memória ar s ca, impondo o protagonismo desta sobre a outra. Novas possibilidades de um imaginário urbano, a tomar a frente dos “flaneurs” e “futuristas”, o fúcsia dos tapumes se somam aos reflexos caó cos de prédios envidraçados e vitrines, sublimando em silêncio o vazio das cidades. Seriam talvez, versões luxuriosas do famigerado cinza das “selvas de pedra”? Ou novas expressões da teatralidade do mundo, ao fazerem-se de moldura ou cor na do palco em que encena-se a vida co diana? Eis que André se reveste dessa pele como a alma ancestral das cidades do futuro, a renovar-lhe possíveis novas metáforas. Dando novo corpo, alma e cor a um sempre crescente cole vo de muitos. Formando um corpus significante, em tempos de uma experiência de arte e de cidade carente de significados.

Pois Eu Estou Em Sua Memória Exposição de André Venzon Visitação Até: 06 de Novembro | Terça a Sábado | das 14h ás 19h Galeria Península Rua dos Andradas, 351 Porto Alegre-RS


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Ilustração de Eduardo Darino

ENSAIO

INTERAÇÃO E POESIA VIRTUAL Por

Clemente Padín

Tradução de

de Montevidéu (Uruguai)

Maria Suely Rocha Rodríguez

A poesia experimental é realizada num processo de busca, de pesquisa expressiva ou mesmo num projeto semiológico radical de inves gação ou criação para um novo po de escritura ou leitura (no qual existem a codificação e a decodificação), qualquer que seja o meio u lizado e suas incontáveis formas de transmissão bem como, também, através das variadas possibilidades de uso ou recepção que se aplique à linguagem empregada. Para que esse processo de realização assuma sua funcionalidade, o mesmo deve ser decodificado para que ingresse nos circuitos do conhecimento (deve ser lido por um usuário, digamos assim). Dessa maneira, esse processo de criação não só se cons tui numa construção, fruto da evolução das formas, mas, também, numa perspec va para novos avanços e descobertas. Muitos crêem que, justamente, por este caminho, é possível afirmar que a poesia é uma fonte de conhecimentos e uma alterna va para a transformação da realidade. A produção poé ca pode ser realizada por duas vias não excludentes. Por um lado, se pode experimentar com os conteúdos e formas conhecidas, aplicando algoritmos ou modelos intera vos, copiados dos novos meios da informação e da comunicação. O segundo caminho aponta para a possibilidade experimental direta com os novos meios procurando descobrir suas formas de expressão. Os conteúdos se consolidam historicamente: o que muda é a maneira de transmi -los numa relação direta com o avanço e desenvolvimento da técnica e da ciência, em cada período da história do homem. O “amor”, a “morte”, sempre serão os mesmos: o que muda é a forma pela qual são expressos. Logo, é desnecessário dizer que uma das maneiras mais seguras de transgredir os códigos de qualquer natureza e, assim, gerar maior informação em razão da imprevisibilidade da mensagem gerada é, justamente, ter acesso a novos suportes e canais, pois, de alguma forma, estes impregnarão com suas caracterís cas os textos que veiculam. Domínio digital Surge agora um novo meio para a expressão poé ca que vem concre zar o desejo de Mallarmé: o “Livre”, ou seja, um caminho para a poé ca através das formas de expressão sinté cas, ideogramá cas e sincrônicas, o que significa dizer que aparece o Domínio Digital, ou suporte eletrônico. O mesmo é um fenômeno pico do final do século XX e surge como a soma e o conjunto de linguagens que podem ser alterados em infinitas direções, não somente num âmbito restrito da tela do computador, mas, também, via impressão, em qualquer suporte imaginável. Os computadores, considerados como “máquinas de escrever mais avançadas”, se transformam em “mul mídias”, o que significa dizer, máquinas capazes de estabelecer relações entre diferentes linguagens. Neles se poder escrever, mostrar imagens, emi r sons, navegar automa camente através de textos vinculados a par r de links, configurando, assim, um hipertexto e, também, se pode animar estes textos. E, sobretudo, se tem a possibilidade de transmi r e difundir os poemas instantaneamente, em tempo real, a qualquer parte do mundo, através da internet. Como exemplos de textos com animações, cito: “Cuadrado”, “Paz=Pan”, etc. Esta é uma conquista irreversível da união entre a técnica e a ciência deste tempo, o domínio digital, graças a suas incontáveis possibilidades de combinações signícas com qualquer das linguagens conhecidas, vem ultrapassar as fronteiras entre os gêneros e formas poé cas e, também, entre estas e as linguagens não verbais. Os poetas já haviam acenado para esta situação, sobretudo, quando necessitaram conceituar as zonas ambíguas de localização poé ca como: a poesia experimental, um território de expressão no qual coexis am duas ou mais linguagens. Apesar disto, não estava garan da à vanguarda a manifestação do fenômeno descrito por Umberto Eco (1977) no qual somente ocorre o milagre poé co quando a forma da expressão provoca uma reconfiguração do conteúdo, num processo subversivo. Se as alterações que podem ser provocadas pelo domínio digital desde o campo da expressão não conseguem produzir mudanças no conteúdo, então nos deparamos com a simples transposição de linguagens, igual a dos poemas ilustrados ou dos poemas figura vos, nos quais as áreas visual e verbal não se integram em uma única estrutura de significação. O digital, enquanto suporte poé co, se situa na forma de expressão e, a par r daí, pode determinar os conteúdos. Quando um significante se une a um significado seu sen do original se altera. Também, é possível transmi r a expressão através de outros canais, sem que se altere seu significado. Não se quer dizer que um canal possa “falar por si mesmo”, sobretudo, quando ocorre erro do operador ou aparecem ruídos no canal, emergindo formas imprevisíveis no texto. Por isto, não basta o simples “uso pelo uso“ do novo meio. O suporte digital,


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aplicado ao con nuum poé co, deverá incorporar a aplicação de outras formas próprias do meio eletrônico, como o são, sem dúvida, os algoritmos de busca e editores de textos de outros espaços, aproveitando-se da velocidade de verificação caracterís ca dos programas ultrarápidos, semelhantes aos dos “hipertextos “. Isto, somente se o desejo for uma produção cria va u lizando-se as propriedades do canal virtual, sobretudo, aproveitando as caracterís cas próprias desse espaço inédito. Poesía Virtual Lamentavelmente não existe outra forma de se poder apreciar o que seja um poema virtual se não for no espaço virtual. A fotografia da “imagem eletrônica” cons tui-se num pálido reflexo do poema, por demais insuficiente. A poesia virtual é possível em razão das caracterís cas próprias da computação: 1) Pode produzir os signos tridimensionais no espaço virtual e 2) Pode programar suas configurações comportamentais. Necessitando-se de um desenho em três dimensões consegue-se fazer o que, normalmente, se faz com um objeto real, quando se deseja conhecê-lo: manipulando-o em todas as direções e em todos os pontos de vistas possíveis. A isto se chama “realidade (virtual)” pois o “objeto virtual”, semelhante ao “objeto real”, responderá sempre da mesma forma porque contém em si mesmo toda a informação necessária sobre si mesmo. No entanto, não é um “objeto real”, mas um conjunto de dados inscritos em uma memória eletrônica a qual se pode aplicar a “ sica”, real ou imaginada, que se desejar. Estas produções virtuais além de poderem mover-se de acordo a programas precisos, também respondem a determinadas situações provocadas pelo observador que, inclusive, pode tocar-los e operar com eles como se fossem objetos reais. Com um equipamento adequado pode, inclusive, adentrar nesse espaço virtual e interatuar com os textos e com os signos. Em suma: a representação tridimensional simulada num computador é capaz de criar seu sen do de realidade e recriar competentemente as sensações próprias dos objetos, direcionadas a produzir, no observador, uma percepção correta – mesmo que não real -, assim como a possibilidade de sua manipulação virtual estabelecida pelos programas u lizados. Antes a par cipação do espectador se realizava diretamente, pra camente sem interfases. A tradição da poesia de par cipação é impulsionada pelas tendências poé cas conceitualistas surgidas em Rio Del Plata, em finais de 1960. Tanto a Poesia Inobjetal surgida no Uruguai, que u lizava uma linguagem de interação ainda não claramente definida na qual o “significante” era a interação pura e simples e o “significado” as idéias produzidas. A proposta do poeta argen no, Edgardo Antonio Vigo, em seu ensaio: “De la Poesía/Processo para e/o a Realizar” (1970) analisa as mudanças que foram ocorrendo no modo de ver a obra de arte, desde a par cipação condicionada e passiva da arte tradicional até a par cipação a va do Poema/Processo brasileiro de 1967. Vigo, depois de estender-se em seus comentários acerca da Poesia para Armar, do poeta francês Julien Blaine (1970), propõe, finalmente, a Poesia para v/o a Realizar, oferecendo um projeto de interação nas mãos dos possíveis espectadores cria vos. Em suas palavras, a Poesia para e/o a Realizar é o “Procedimiento válido y accesible que se basa en la solución de una par cipación ac va para llegar a la ACTIVACION MAS PROFUNDA DEL INDIVIDUO: la REALIZACION por él del poema. La posibilidad del arte no está sólo en la par cipación del observador sino en su ACTIVACION-construc va, un ARTE A REALIZAR... Con él llegaremos a la conquista de que el CONSUMIDOR pase a categoría de CREADOR." Porém, foi preciso esperar chegar a 1996, para encontrar mais adiante essa proposta de Vigo direcionada a poesia de par cipação que está sendo analisada. O poeta argen no, Fábio Doctorovich, aplicando a dinâmica dos novos meios, oferece ao leitor/par cipante a vo a possibilidade de expressar-se através de diversos meios: o som, o gesto, o movimento, etc., ampliando o registro de possibilidades expressivas. Depois de reconhecer as contribuições de Vigo e de Dias-Pino, e de analisar a monoconceitualidade de quase toda a produção poé ca do século, se pode dizer que, se veicula a decodificação, estritamente, por um único canal, propondo a pluralidade de vias de expressão, o Poema Mul conceitual, tal qual o vem assumindo a poesia experimental ao u lizar-se de todas as dimensões da linguagem, não somente do plano semân co, mas, também, do sonoro, do visual, do performá co, etc. Em suas próprias palavras, o desenhista ou ar sta esboça o plano (bi-, tri-, ou n-dimensional) da obra que serve de guia aos par cipantes-criadores e por vezes indica os espaços a intervir. Assim, a obra passa a ser um ser dinâmico, formado por partes reunidas que podem ser reagrupadas ou desagrupadas a gosto. O conceito de “obra de arte” desapareceria. Agora, estaríamos na presença de "una forma metamórfica, gela nosa, una especie de” blob “compuesto por materiales reales y virtuales”. É admirável a influência dos novos meios, sobretudo, a computação, na proposta de Doctorovich. Adequar os instrumentos expressivos ao tempo em que vive é, sem dúvida, a direção a qual os poetas nunca se recusarão. Os suportes sempre contaminaram e influenciaram nas formas poé cas. Por eles, os avanços, inclusive nos suportes e na tecnologia aplicada à comunicação, sempre tem provocado e provocarão mudanças formais, sejam nas próprias obras ( quando agregam uma quan dade a mais de informação ) ou nas caracterís cas de sua criação e uso. Outra obra bastante recomendável é MENEM, de Fábio Doctorovich, em suporte virtual, em especial, mostra as peculiaridades opera vas da Web e do Hipertexto, iniciando uma nova etapa na qual a animação é u lizada como agente morfológico e sintá co para movimentar palavras e letras, deixando-se desfazer e refazer de acordo com a vontade do leitor. A obra não tem começo, nem fim, porque hora, depende de onde se inicie a leitura e seu fim dependerá dos hipertextos e da intencionalidade do leitor ao par cipar, ou não, na criação do poema. Portanto, é a inter-relação do leitor com o poema digital onde realmente aquele exerce sua cria vidade de acordo com a proposta do autor. O sen do do poema se materializa e concre za a manipulação realizada pelo leitor com as interfaces colocadas a seu alcance pela indústria: mouse, câmeras, lentes, e os que poderão ser disponibilizados no futuro. O poema digital se oferece ao leitor semelhante ao poema pográfico desenhado em uma folha de papel, porém, a diferença é que, se o leitor desejar adentrar nos conteúdos deverá necessariamente se inserir pessoalmente na leitura para completar o processo de comunicação e aceitar as sugestões propostas do autor a abrir novos espaços (através de hipertextos ou vínculos). Ademais, esses vínculos podem ser mesmo ao ín mo do poema (o mais usual), mas, também, podem dirigir-nos a outros universos fora do poema, via internet. Muitas vezes, para aceitar esses vínculos basta passar o mouse sobre espaços configurados como links; outras vezes será necessário clicar nos lugares propostos pelo autor. Como exemplo desta intera vidade, já prevista pelos projetos do Poema/Processo, pela Poesia Inobjetal ou pela proposta de Edgardo Antonio Vigo, se pode ver o poema virtual PAZ=PAN do ar sta brasileiro Alexandre V e n e r a S a n t o s e C l e m e n t e P a d í n

Ilustração de Ladislao Györi


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(h p://www.eale.hpg.ig.com.br/ppi/001.htm). Porém, há que precisar que a poesia, em si, seguirá sendo a mesma (qualquer que seja o suporte, por mais sofis cado que seja). Na realidade, nem sequer seria possível alterar seus recursos es lís cos (a metáfora, a metomínia, etc.) ou criar novas figuras de retórica. Talvez seja possível com linguagens inéditas totalmente, absolutamente fora dos padrões habituais da linguagem verbal, tal como a conhecemos hoje. O que ocorre é que seus limites se estendem exponencialmente, de acordo com as expecta vas do leitor-criador e, além do mais, dependem das possibilidades expressivas que lhe ofereçam as interfaces existentes. Conclusões provisorias É digna de atenção a forma em que varia o conceito de leitura do texto lingüís co. Em nossa cultura a leitura se realiza na direção da esquerda para a direita, passo a passo, anali camente. Nestes poemas virtuais, a sintaxe linear é subs tuída por uma sintaxe não somente visual como, também, hipertextual, sendo que cada secção se organiza no âmbito de uma seqüência de significados diferentes uns dos outros. No futuro, as tecnologias digitais serão supostamente as mais usadas em quase todas os ramos da arte, incluindo a poesia. Mas, igual a qualquer outra tecnologia, não assegura nem antecipa o nível esté co, nem a funcionalidade das criações. Sem dúvida, o processo “intera vidade” parece assegurar a comunicação genuína entre o “escritor” e o “leitor”: a funcionalidade do poema depende da par cipação do “leitor” quem, ao manipular o poema, lhe confere seu sen do (ou seja, o sen do que tenha para ele, o leitor, de acordo com seu conhecimento de mundo e com suas vivencias). De tal forma, também, se assegura o conjunto da forma expressiva e o conteúdo já que poderá ser impossível separar-los sem que haja perda de informação (o que geralmente observamos num poema ilustrado ou num poema de figuras, como já foi colocado anteriormente). Entretanto, existem outras perspec vas quando se propõe a par cipação do usuário como fundamental a arte e a poesia digital: os ar stas e os poetas que propõem a par cipação reafirmam aquelas premissas que libertam a arte e a poesia de sua condição de mercadoria ou produto de consumo exclusivo e sujeito às leis do mercado. Alguns crêem que estas formulações já estão impondo um novo eixo para a poesia, da mesma maneira que a imprensa de Gutenberg impôs a passagem da poesia oral para a poesia pográfica. Aqui não se trata da superação dos códigos próprios da linguagem verbal ou a soma de novos temas ou conteúdos (como ocorreu na década dos anos 30, do século XX, quando os aviões, arranha-céus, rádios e outras conquistas tecnológicas da época que subs tuíram aos pajens, cata-ventos e incensos do período anterior), mas do surgimento de formas absolutamente inéditas, ainda inimagináveis, associadas a sistemas ciberné cos e a interfaces atualmente inconcebíveis. Um produto virtual é aquele que possui materialidade, contém variáveis que poderão instaurar a predominância da própria funcionalidade dos poemas digitais, abrindo um amplo leque de possibilidades sem nenhum po de limitações. A par cipaçãotem sido o fio condutor que uniu cada proposta da poesia em todos os tempos, sem dúvida, os novos meios digitais, não farão outra coisa senão es mular, incen var, mo var através da intera vidade. As mudanças impostas pelas novas tecnologias têm estremecido e posto em crise os paradigmas do saber social, sobretudo, nas áreas do conhecimento e da cultura. Aceitar esse novo universo poderá levar algum tempo e, talvez, mais tempo do que se imagina, mesmo que se tome consciência do constante e dinâmico desenvolvimento da tecnologia que permanentemente está criando novas maneiras de ver “o que já é visto” ou de expressar o que “já se conhece“.


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C i n e m a | Fo to g ra fi a | V í d e o

Palcos em Movimento! Bibiana Ferreira Pereira

de Porto Alegre-RS Bibiana Ferreira Pereira é curadora da Pinacoteca em Porto Alegre-RS

Por

Andréa Ludwig Cocolichio, natural de Porto Alegre e “filha” do boêmio bairro Cidade Baixa é formada em jornalismo pela PUC do Rio Grande do Sul. Apaixonada por fotografia e com algumas incursões no campo do teatro apresenta na exposição “Palcos em Movimento” um pequeno recorte dos 10 anos de sua trajetória como fotógrafa no acompanhamento de diversas manifestações ar s cas locais. É interessante pontuar duas questões aparentes em seus cliques: o olhar treinado da fotografia analógica, quando o congelamento de um instante não proporcionava visualização imediata e o encantamento com o teatro, a diferença de quem já experimentou no corpo, mesmo que por breves períodos, a expressão daquilo que retrata. Suas imagens contém drama cidade, envolvimento, a espera da captura do instante mais belo. Em entrevista realizada com a fotógrafa seu interesse pelos bas dores, pelos camarins, pela energia do corpo como expressão se traduz nas contorções, olhares, posturas dos personagens congelados em seus enquadramentos. Como tenta va de eternizar no tempo o espetáculo da expressão humana mais plural, Palcos em Movimento nos brinda com imersão: da brincadeira do palhaço à excentricidade do transformista. Enquanto seguimos com uma cultura cada vez mais pasteurizada, as fotografias de Andréa soam como um uivo de liberdade. A ânsia da expressão do ator, do palhaço, do dançarino. A poesia do movimento do corpo, a arte que transborda nos poros de quem não sobrevive sem criação.


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Andréa Ludwig Cocolichio Exposição "Palcos em Movimento"! Local: Pinacoteca Endereço: Rua da República 409, Cidade Baixa. Visitação: de até o dia 09/11.

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Tela «Balões», Ano 2012; Dimensões 130cm x 170 cm | Eduardo Vieira da Cunha

ENTREVISTA

A marca do passado nas

Transformações Por ocasião da exposição de Eduardo Vieira da Cunha, na Galeria da Duque, em Porto Alegre, o Jornal de Artes foi conversar com o ar sta visual, e fazer um registro, trazer a seus leitores um pouco desse material, também a reflexão do ar sta sobre o seu fazer arte. Jornal de Artes - Na narra va constante da busca, do trânsito permante pelo universo interior, as metáforas, os códigos oníricos, toda essa narra va fala do tempo perdido, ou do tempo para recuperar. Eduardo Vieira da Cunha - Meu trabalho tem a ver com o tempo no sen do de passagem (passado – presente - futuro), no sen do tempo espaço temporal. Tem a marca do passado nas transformações, como estão presente no meu tabalho, símbolos de passgem, tempos que remetem a questão do oficio da pintura. Essa pintura tem um tempo especial, reflexão, e aponta o futuro, ao se reportar no hoje, que se vive inundado de imagens rápidas, e ao assimilar esse conteúdo, a pintura faz uma ligação com o passado. JA - Um ser solitário todo o ar sta é, mas como Eduardo Vieria da Cunha, retorna desse exílio cria vo. EVC - Após o exilio há o retorno. Exerço duas a vidades paralelas, a pintura é um exilio introspec vo, e outra, como professor de arte, é di cil transmi r arte e falar em arte. JA- Eduardo Vieira da Cunha, entristece quem? Alegra quem? A si mesmo? EVC - Minha pintura transmite alegria, porque lembra a infancia, mas já ouvi dizer que é dramá ca, e quem me falou isso foi Madalena Lutzenberguer, filha de Lutzemberguer , o pintor. Mas penso que a diversão de construir reflexão alegre que aponta para o sonho, não sonho pesadelo, não é um trabalho triste pois remete a infância. JA - O permanente trânsito subjacente nos símbolos, falam de um universo interior, exposto em metáforas onde o tempo é a discussão mais visível, como um navio preso na areia? EVC - A pintura é um pouco disso, um exilio de si mesmo, como te referiu a pouco, um navio preso na areia, pode ser um paradoxo. A história do homem no navio. Tenho imagens recorrentes com esse navio. JA - O que as Bienais representam para Vieira da Cunha? EVC - A Bienal é uma boa oportunidade de aproximar a Arte das pessoas, que às vezes não estão acostumadas a entrarem em Galerias e Museus. Não sei se minha obra interessaria a uma Bienal, mas eu gostaria de ser convidado. Meu trabalho não tem a linha, o perfil para bienais, onde são constantes as instalações, vídeos, numa linguagem contemporânea. A pintura que eu pra co precisa de muito espaço. Numa Bienal é raro ver uma pintura com suportes tradicionais.Esse evento, busca mais os ar stas jovens, e estabelecer uma relação com as pessoas presentes, e com obras de grandes dimensões, que seja mais par cipa va com o

público, é um apelo com outra relação com arte. Fazendo com que os visitantes percorram lugares elaborados na tenta va de aproximação inovadora. A filosofia da Bienal é despertar todos os sen dos. JA - Como você lida com o Mercado de Arte? EVC - O Mercado de Arte em Porto Alegre é reduzido, se fosse num centro maior ajudaria mais. O que me ajuda é que já estou a 30 anos pintando, e isso já me dá um mercado, considerando que a pintura é cara, não é acessível. Poucos são os que podem comprar. Isso dificulta tentar outros mercados, é impossível conciliar minha a vidade na Universidade, como professor. É preciso estar junto as galerias permanentemente, mas já fiz exposições no Rio, São Paulo, USA, mas são momentâneas, não há uma con nuidade nesses eventos. JA - Quais são os pintores que influenciaram teu trabalho? EVC - Não são muitos os ar stas que me influenciaram, mas cito Dechirio, Balthus Saul, Stemberg, com esses pintores eu me iden fico. JA - Gostaria que falasse mais sobre como você lida com a cor, e o traço no teu trabalho. EVC - Trabalho exprementações com grandes camadas de cor, mas sinto nececessidade dessas figuras delineadas como se fossem pontuais , alguns elementos num movimento simétrico. Comecei a fazer desenhos em preto e branco, a cor surgio no primeiro momento, muito baixa, uma cor sem vibração, depois com o tempo, apareceu a vibração cromá ca. Tudo isso é uma questão de técnica, laboratório, exploração nessa “cozinha”, essa mistura, de cor sobre cor. JA - E a fotografia como surgiu na tua obra? EVC - Hoje em dia tenho feito pouca fotografia. Não posso fazer fotografia pelo tempo que dedico a pintura, para produzir uma tela, tem que entrar numa sessão de pintura de três a quatro horas, para poder surgir algo. Eu trabalho com fotografia na Universidade com meus alunos. Mas eu ve iniciação à pintura através da fotografia, depois veio o desenho, e por úl mo a pintura. A fotografia tem isso, ela descontextualiza, meu trabalho tem muito disso, rar uma coisa do lugar e a colocar noutro. A tela funciona como uma espécie de papel fotográfico. Não planejo, às vezes acaba se modificando no decorrer da experiência. Um projeto, às vezes acaba ficando bem diferente da proposta inicial, virando algo inesperado e lúdico. Percebo que o autobiográfico do trabalho, leva as pessoas a se projetarem através da universalidade da obra. Muito do meu trabalho, tem uma linha infan l, e isso levou muita gente adquerir por essai den ficação. A infância tem muito da iniciação, do conhecimento, é um apreendizado para a arte, esses brinquedos que aparecem tem a ver com uma criança quando ela esta numa loja, é um mundo adulto em outra escala, e isso aproxima o brinquedo da arte.


Eduardo Vieira da Cunha | Armazém Pimenta a Duque e os fragmentos da cidade Curadoria | Daniela Cidade

Tela «Edificios», Ano 2012; Dimensões 135cm x 160 cm | Eduardo Vieira da Cunha

Abertura | 17 Outubro Encerramento | 29 Novembro

EXPOSIÇÕES ENTRE 17 de OUT e 20 de NOV Armazém Pimenta: A Duque e os Fragmentos da Cidade | Eduardo Vieira da Cunha Visões de TlöN | Kiran León Superfícies Humanas | Juliano Gonçalves Aor Universos Expressivos | Acervo Galeria Persistente Indecisão | Carlota Keffel Garcia História da Arte | Escola de Arte Krapok

51 3228 - 6900 Rua Duque de Caxias, 649 Centro Histórico |Porto Alegre – RS www.galeriaespacoculturalduque.com.br


O JARDINEIRO DE

SOBRAL

por

DJINE KLEIN

Procurando arte, cultura e gastronomia consciente na Cidade Baixa? El Pasito abre as portas para espaço coworking, oficinas e programação cultural con nuada de diversas artes. Um ambiente aconchegante com gastronomia vegana e vegetariana que incen va a slow food e o uso da bicicleta no coração da boemia. Dê um Pasito a mais na forma de experimentar a sua cidade e sua vida!

O Jardineiro de Sobral - "Conto que relata o universal con do no sertão - sertão que poderia ser a Síria, o Afeganistão, outros pontos do Brasil, enfim - temos um Dário | Oficinas | Sarausda | Exposições | Apresentações ar s cas | Meditação | Aula de simbólico das crianças em sofrimentoEventos psicológico, infância ultrajada, do menor Yoga | Cervejas artesanais | Cafés Orgânicos | Quitutes | Pe scos Vegetarianos e Veganos | Jantares Especiais abandonado". Berenice Sica Lamas

Lançamento: 13 de Novembro | 18h GARAGE dos LIVROS

ESPAÇO de ARTE e CULTURA VIANDANTES

Biblioteca Lucila Minsen Casa de Cultura Mário Quintana 5o. andar, Rua Andradas, 736 Centro | Porto Alegre/RS


Porto Alegre |Novembro | 2014 | ARTES | 13

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O Violão Brasileiro Por

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Estou no Salão de Atos da UFRGS, Fes val de Violão edição 2014. Aguardo o Concerto para Violão e Orquestra de Villa-Lobos. Turíbio Santos será o solista e a OSPA vai acompanhá-lo. Turíbio nasceu em 1943 na cidade de São Luís e, atualmente, é considerado um dos maiores violonistas brasileiros. Enquanto espero o tempo passar, reflito sobre a necessidade de ouvirmos os compositores de música para violão solo. Muitos tocam violão, jovens em seus apartamentos e praças: pop music, sertanejo universitário, rock e por aí vai. A diversidade é extremamente importante, devemos respeitá-la e compreender sua profundidade social. Reitero: seria relevante para todos os tocadores de violão, amadores e profissionais, conhecer as raízes do instrumento que está sendo tocado. O nacionalismo é perigoso, mas as raízes são importantes! Proponho o seguinte, vamos ouvir as composições de Garoto, Dilermando Reis, Baden Powell, Canhoto e tantos outros compositores e intérpretes que construíram a história do violão em nosso país? Pois bem, Turíbio Santos chegou ao palco e vai tocar Villa-Lobos. A sonoridade da OSPA está impecável, caracterís ca di cil de apresentar devido às condições precárias propostas pelos órgãos públicos. O que mais me impressiona nessa apresentação é a intenção emocional de Turíbio Santos, tão incomum na frieza do universo erudito. Tocando a maior parte do concerto no registro próximo ao cavalete, o som estava com uma projeção forte. A prioridade, então, foi a intenção dramá ca da sonoridade metálica do violão em diálogo com a orquestra. Foi um belo concerto. Iniciei o texto comentando minhas impressões sobre a apresentação de Turíbio Santos, propondo a audição dos compositores e intérpretes construtores da história do violão brasileiro. Pois bem, par cipo do projeto in tulado O Violão Brasileiro, idealizado pela violonista Thaís Nascimento. A proposta é justamente apresentar em recitais e gravações a obra dos grandes violonistas brasileiros, entre eles: Américo Jacomino (Canhoto), Dilermando Reis, João Pernambuco, Villa-Lobos, Baden Powell, além dos compositores contemporâneos Daniel Wolff, Fernando Ma os, Fred Schneiter e o vivente que vos escreve. Entre os violonistas convidados estão Flávia Domingues Alves, Fernanda Kruger, Daniel Wolff, Nivaldo José e Fernando Ma os. O percussionista Kico Moraes também integra o grupo. Thaís Nascimento iniciou seus estudos em projetos sociais, ingressando na UFRGS em 2012. Com apenas vinte anos de idade, a jovem violonista comove os espectadores que têm a oportunidade de apreciar sua performance. Quan ta vamente, suas apresentações Faculdade somam algumas dezenas de performances esparsas em saraus acadêmicos no auditório Tasso Corrêa no Ins tuto de Artes da UFRGS, Casa da Música de Porto Alegre (Gonçalo de Carvalho, 22), IDC e vagas aparições boêmias nas tardes de Buenos Aires, na noite de São Paulo e Porto Alegre. Tive a sa sfação de escrever sua primeira crí ca que resume minhas considerações sobre sua musicalidade: “Assis r a performance violonís ca de Thaís Nascimento não é o encontro entre virtuosismo e técnica impecável. Em sua música de extrema sensibilidade, deslumbramo-nos com a ligação entre violão, corpo e mente. Thaís consegue apresentar em musicalidade a extensão sóbria e poé ca do sen mento humano.” A primeira apresentação do projeto O Violão Brasileiro ocorreu na Sala Álvaro Moreira em Porto Alegre, 29 de outubro de 2014.Tive a oportunidade de apresentar minha composição Fantasia Serenata I: Comitê La no Americano, peça para duo de violões que integrou meu memorial de graduação em composição, orientado pelo maestro Antônio Borges Cunha. No palco, desfrutei da honra de dividir o espetáculo com verdadeiros ar stas empenhados em contribuir na construção do projeto. Fiquei na expecta va de novas performances e por certo os leitores ficarão curiosos em conhecer o projeto: esse é o obje vo do texto. Minha crí ca é no sen do de agregar. Nas próximas edições gostaria de ouvir as composições de Garoto, Yamandú Costa e Radamés Gna ali. Quem sabe podemos contar com a presença de Turíbio e Yamandú? É uma boa proposta, seria fantás co e lindo contar com suas contribuições. Deixo aqui meu apelo para a realização das ideias expostas nesse parágrafo. A foto que ilustra o texto é de Marielen Baldissera, da esquerda para a direita estão: Kico Moraes, Paulinho Parada, Thaís Nascimento, Fernando Ma os, Flávia Domingues Alves e Daniel Wolff. Agradeço a revisão da professora Natalina Oliveira.


Porto Alegre |Novembro | 2014 | ARTES | 14

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Porto Alegre |Novembro | 2014 | ARTES | 15 POESIA

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As 4 Estações + Uma O vaga-lume fundou a noite, depois sacou a lanterninha do bolso e foi brincar de sombra. A cigarra meditou por sete dias a sete palmos de terra Depois cansada de silêncio ascendeu um astro ardendo e fez o verão. No inverno os sapos choram inconsolavelmente nos banhados. Ainda não sabem que a ausência de borboletas no jardim, dá-se ao fato de que elas estão sementando flores para a próxima estação.

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Cangaceiro Apaixonado Sou jagunço das letras: traço-as sem piedade, PALAVRA-LÂMINA Um poema de pouca valia - de riso me riem mas tenho que de alma sou facínora.

A primavera é o tempo de recolher o que o arco-íris escreveu no céu. É quando o desejo de ser feliz sai de casa para passear. Ver todos de mãos dadas, brincando pelos campos do sonho bom...

Ávaro e rude do viver com luxo, sustento máscara para que não me vejam a fome, mas quando canto até meu cavalo se ajoelha pra escutar.

Toda via eu sou um destes seres de asas emprestadas. E os meus amigos cuidam das estações por mim. Mas falta um analgésico para adormecer minha insônia. Tenho tantas ânsias, e desconfio de meus camaradas, eles assumiram minhas aflições: temem o lagarto por suspeitar que ele pretenda engolir o Sol.

Ah, seu moço! A inveja é algo que arde até no coração de um bruto. Dizem por aí que foi Deus descuidado ou teve erro, quando me deu perneiras de prata e tanta valen a. E sabem que tenho talento de tornar rubros até os heróis mais discretos. Lá no meu Sertão ninguém procumbe, a não ser que eu conceda este mergulho no pó.

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Ah, seu moço! Sou macho de lapidar feras. Mas é no rigor das sandálias que tenho meus dissabores: Belinha só por capricho me faz tomar banho sem ser domingo. E ainda tenho que usar uma flor no gibão.

Crônica do Brejo Sapir é espesso de vida. Sujo de barro E nuvem. Mas plenamente concebível Se o obje vo do herói for susto em namorada. Periga Sapir colher gorjeios. Põe fito em espelho d`água (quase anuro) se vê ave. E têm seus dias pedregulho Ou alcaparras de asas. O pobre nem se quer desconfia do des no: - Uma desgraça! Ser escória no brejo. À noite (Sapir) se banha de luar. Faz cantoria Mira o céu e tem espasmos. É quando a Coruja-Pia Sobrevoa seu reino de seda. No encharcado Sapir foi flechado de luz. Lerdo de espanto erra o salto. Foi. E virou isca. Para menino em-dia-bravo é só mais um Sapo no muro. Planificado!

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