JORNAL DE
Artes Plás cas | Cinema | Música | Literatura Porto Alegre | Setembro | 2015 | R$ 3,00 Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartes Facebook |www.facebook.com/jornaldeartes Tumblr |www.murucieditor.tumblr.com
Ano 16 | N° 12 | SET. 2015
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POESIA EM PROSA
JORNAL DE
ARTES Artes Plásticas | Artes Cênicas | Cinema | Musica | Literatua
À SESTA (in: Memórias de Mariana)
Jornal de Artes é uma publicação da MURUCI Editor Editor | João Clauveci B. Muruci Editora de Literatura | Djine Klein (djineklein@gmail.com) Design Gráfico/Capa/Diagramação | Mauricio Muruci Email | jornaldeartes@yahoo.com.br Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartes Facebook |www.facebook.com/jornaldeartes Tumblr |www.murucieditor.tumblr.com CNPJ | 107.715.59-0001/79 - Fone | 51 3276 - 5278 | 51 9874 - 6249
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
» Alexandre Fritzen da Rocha » Berenice Sica Lamas » Djine Klein » Jaime Cimenti » Paulo F. Parada / Paulinho Parada » Rejane Hirtz Trein » Vinicius Vieira
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Por
Djine Klein de Porto Alegre/Viamão - RS
Primeiro Hiato Um quar nho mínimo mal o corredor e a cama. De colchão um acolchoado de penas que nele fazia ninho, e a jarra de água na mesinha de cabeceira. Da fonte recolhida o poço que os braços fortes de Dindinha escavaram a terra rude. Onde suas lágrimas ainda rolam nesse pedaço de chão. Foi à fresca do dia aquele mesmo ver da no balde em sua manhã. Tão cristal o líquido que se traduzia em espelho e era doce com reflexo. A menina se fez um aceno e depois saudou a outra, em seguida encheu o balde com gosto. Foi no meio de uma tarde sonolenta a sede sa sfaze-la também a boca e seus abismos. No outro jarro também de louça com três pernas boas e uma bamba a mesa. Abrigava em seu ventre uma rosa murcha com absurdo feito um vaso. A configuração ali exposta se insinuando em direção a cabeceira da cama donde a criança sorria. Foi como se as memórias da velha senhora passassem agora para seu próprio entender. A Mariana e até coisas como no dizer de Dindinha que ela também havia sido uma menina a sofrer a sesta. Todavia era ainda uma flor aquela rosa e Dindinha a menina à margem do rio... Mas como se fantasma e habitasse injusto esse pedaço de chão. Com o susto de quase não viver foi transferida para esse mínimo quarto. Lá fora só um vento sem leme, ou seria dentro ela mesma uma nódoa de paisagem! Como uma flor no guardanapo rosa sua sombra no crochê. As pétalas várias avulsas no assoalho em um contrapeso rubro de beleza. Entrementes os olhos de Mariana. Verdes & Vadios.
Fato Segundo Também acontecia um silêncio bom naquela casa. Um abrigo que tempestades não nham dedos de alcançar. Onde às vezes apenas um vento suave ba a na veneziana. E vinha essa brisa ligeira assim meio que salgada de mar. Vinha para lembrar que lá para bem longe, às vezes até um pouco depois... Era o tempo tecendo para cada pessoa umas poucas e boas. Outras histórias e paisagens. Talvez como se suas próprias vidas, as aventuras já se faziam em outro lugar. E a menina ficava bem contente de saber, só se imaginando nos longe do mundo, seu próprio tempo de viajar. Então sorria olhando para o teto branco sa sfeita de espera. Lá fora nas horas tardias da tarde apenas a voz dos pássaros. Talvez um fundo com pequenos roedores assustadiços. E com um medo inteiriço de ruídos ou cão sob o pelo as criaturinhas. Decerto era para seu um pouco mais exis r o ter muito cuidados com as feras. Ou somente que iam lentos desenhando seus breves caminhos à margem por não ter nenhuma pressa. Já a Mariana, ela nem tanto preguiçosa, numa espera com ânsia de saber. Toda a vida, e era umas vozes e silêncio sempre repe am de voltar a flor. Sobre a pobre rosa apartada das irmãs. Por horas a fio muito se admirava a mariana. Às vezes repe a as perguntas e não era ainda para saber. Apenas uma vaga necessidade de se distrair.
Terceiro Ato
Capa: Tela “Izabel" de autoria de Paula Plim. Exposta na Calafia Art Store. Técnica em aquarela sobre papel (Montval). Dimensões em 77,6 x 49,8 cm com moldura.
A boca da habitação, dava-se de abrir no meio da sala. O recinto, proibido as crianças. Onde um encantamento se ocultava no branco da toalha engomada, sobre redonda mesinha, num agudo canto. Somente para os visitantes ver bonito, e as janelas duas enormes, uma para o poente a outra meia-paisagem, de amanhecer com arvoredo. Mas a ter alguma permanência ali, sobre alcançar para a visão o depois das janelas, isso só quando lhe permi am. A Mariana de debruças no parapeito e se espraiar para o arvoredo. Todo o verão era sempre assim, finda a tarde o velho sôfrego arrastava-se, bengala e sombra. Depositar os ossos cansados de feras viagens e outras paisagens junto a um laranjal. Escolhia bem o espaço e sempre explicava: “é para uma permanência cansada de viver. E nunca se sabe quando há de baixar a grande sombra!” E definido estava onde a criança teria aulas, a troco de laranjas? As mais doces e altas eram do céu miúdas! Também que a menina seria alfabe zada em la m. Mas isso só se se comportasse muito bem, como a ficar bem quie nha e ouvir as histórias de um caçador. Às vezes em suas narra vas, o velho ia em lhe contar até sobre como abstraia a seiva da caça. Mas implorar pela ví ma de sua sanha, se escorria da criatura seu próprio e meu sangue para o chão. Era nesse ponto que a menina não queria mais ouvir. Contudo o velho insis a e recomeçava assim: - “Naquele tempo as distâncias eram muito diferentes”. As estradas nem nham tempo para a gente pensar em pó. O mundo acontecia de ser deveras embichado pra caça. E que nenhum caçador precisava incidir em cangalha para se espingar...” Era nesse trecho que Mariana sempre simulava dormir, sobre sua velha manta azul.
ARTES PLÁSTICAS
ZÉ POESIA Por
Rejane Hirtz Trein
de Porto Alegre/RS
Foto: Morgana Festugato
Passei agradável tarde proseando com Zé Augusto
Com Ruth Shneider, que conheceu em 1985,
Marques e como sempre, me deliciando com sua
escreveu um livro de histórias da avó de Ruth, no tempo da
irreverencia inconfundível. O conheço há muitos anos e um
Revolução Federalista. Foi seu curador em grande
de seus predicados é a lhaneza e franqueza.
exposição da Assembleia Legisla va com atores e músicos
Ri muito ao me contar sobre suas passagens de adolescente, quando frequentava o colégio Rosário, sempre ligado às artes, fazendo parte de grupos estudan s. Se destacou na área da escrita, ganhando prêmios apesar de sua rebeldia e convicções polí cas na época, o que o levaram a ser expulso por duas vezes.
locais, e de acordo com a ar sta Ruth, que gostava de retratar cenas de cafés e festas " underground". Foram contratados também pros tutas reais, caracterizadas, que a ar sta pintava ao vivo, inclusive os corpos das " meninas". Jairo Klein recitava os poesias do Zé, delírio total e inigualável para o deleite dos mais de trezentos convidados. Ruth também pintava os cartazes de papelão que recortou e
Entre um cafezinho e outro, lembramos do seu
costurou, com apresentação de Zé, escrito a punho livre,
tempo de galerista, quem não se recorda, no Quinta
criando com exclusividade desenhos únicos para os que
Avenida Center o " Anônimos de Avignon". Sua fecundidade
pediam autógrafos. Porto Alegre certamente precisa
cria va o levou a conceber eventos e programações
reeditar eventos deste gênero. Uma ar sta intensa, de alma
culturais aos sábados. Músicos da Ospa caracterizados,
inquieta, que eu mesma ve o prazer de conhecer, nha em
tocavam violinos em exposições temá cas e foi em um
Zé, seu confidente e amigo ín mo. Zé admirava seu jeito
deles que conheceu Rosane Scherer que o levou a uma
espontâneo de pintar com técnicas requintadas como o
parceria no Jornal Fala Brasil que durou vinte anos,
gretage, puchoir e fretage, em um misto de cores primárias,
registrando as histórias de ar stas, poetas, cineastas,
de realidade com fantasia com delírios inven vos.
fotógrafos e atores, todos produzindo entre si, em grandes
A tarde se encerrou e nem notamos, pois a conversa
eventos, nos mais conhecidos espaços de apresentação. Grandes ar stas fizeram parte de sua vida: Gustavo Nakle,
e as histórias incontáveis e impublicáveis revelavam cenas
Danúbio Gonsalves, Hilda Ma os, Érico Santos, Chico
que algum dia irá fazer parte de um novo livro.
Stockinger, Vasco Prado, Hemenegildo Sabat, Gastão Teche, Paulo Porcella, Rusy Scliar, Plinio Bernhardt, Bez Ba , Raquel Trein, Ana Baladão, João Evangelista, José Proença, Mario Sodatelli e Fernando Barril, que atualmente fez várias ilustrações para seus textos na revista Caosó ca, onde mantém seus textos crí cos e também perfazendo o Jornal RS Letras. Em sua trajetória escreveu 10 livros sobre arte, poesia, teatro e crônicas e está com seu primeiro romance pronto, Violinos Negros, ilustrado por Gustavo Nakle. Exerceu a responsabilidade de um dos grandes prêmios durante doze anos, Prêmio Açoriano de Música e também par cipou dos úl mos vinte e cinco feiras do livro de coletâneas de literatura. Zé Augusto tem vários poemas musicados por Gelson Oliveira, Zé Caradipia, Broder Bastos, Patrícia Mello e Kleiton Ramil, que recitou seus poemas.
Raquel Trein. Acrílico sobre tela.
Destaque do
MERCADO DE ARTE Por
Rejane Hirtz Trein
de Porto Alegre/RS
JUDITH GRILLO
"Vitória Régia" - Com pinceladas soltas e gestuais que lembram Monet, a ar sta se aventura nos tons suaves da primavera. Tela premiada medalha de prata no Salão de Artes Plas cas do Fort Copacabana ABD, MHEX -Rio de Janeiro Viajou por um ano em Portugal: Coimbra, Montenegro, Rio Tinto, Pinhal Novo, Viena do Castelo
ANALISE
ESTOCOLMO: Millesgården Por
Berenice Sica Lamas de Viamão/RS
Estocolmo, capital da Suécia. Península escandinava. Situa-se no mar Bál co – considerada Veneza do Norte – é construída sobre quatorze ilhas – Lago Malaren – o arquipélago circundante conhecido como o arquipélago de Estocolmo é formado por 24.000 ilhas, o que torna a região um paraíso da natureza. A visita ao museu de esculturas de Carl Milles – o Millesgarden (em português jardim de Milles) – situado na grande ilha de Lidingo, subúrbio a 15 km do centro de Estocolmo foi um dos pontos altos da estada nesta cidade. Já da ponte se descor na a visão do jardim da residência, situada quase nos penhascos da ilha. Millesgarden cons tui-se em um parque/museu com o “lar dos ar stas”, dele e sua mulher Olga, retra sta. O famoso escultor sueco nasceu em 1875 e faleceu em 1955, tendo sido assistente do renomado escultor Auguste Rodin em Paris. O casal adquiriu a propriedade no início do século XX para transformá-lo no espaço de moradia e trabalho e construir seus estúdios. O complexo ar s co compõe-se ainda de coleção de an guidades, jardim das esculturas com lagos, fontes e alamedas, galeria de arte e restaurante. O parque nacional Millesgarden exibe as esculturas (bronze, cobre) esverdeadas a céu aberto, espalhadas pelo jardim e também contém obras distribuídas dentro da casa, residência do casal. Há a apresentação de um vídeo, que ajuda na compreensão da obra do ar sta. Entre 1931 e 1950 es veram ausentes, pois Carl foi professor na norte americana Academia de Arte Cranbrook em Michigan. Seus trabalhos escultóricos também estão espalhados pelos Estados Unidos. Em 1936 o jardim ou parque de Milles foi transformado em Fundação e doada ao povo sueco. Dentro da casa pode-se apreciar a famosa escultura da ninfa mitológica que cavalga um golfinho. As salas possuem nomes pitorescos: salão vermelho, cela do monge, salão de música. O jardim das esculturas ao ar livre é organizado em camadas, o passeio é cheio de surpresas, natureza, beleza e arte. Muitas esculturas estão elevadas, em cima de pilares altos, causando certo impacto, a impressão é de leveza, figuras voadoras. De uma balaustrada no jardim inferior aprecia-se uma vista: do outro lado do mar, o centro da cidade de Estocolmo, realmente espetacular. Fiquei encantada com o esbelto São Francisco de Assis de mãos para cima e abordei um estranho, outro turista para que me fotografasse com a estátua. As esculturas apresentam um movimento incrível, parecem dinâmicas, sal tantes. Estão entre arbustos, plantas, canteiros de flores, grandes vasos com flores - visitei a Suécia no verão com o jardim verdejante. Bancos para sentar e desfrutar momentos de sossego e silêncio, pois não se trata de um ponto turís co que abrigue mul dões, pelo contrário. Instantes para respirar e abandonar ansiedades da viagem. A escultura Europa e o touro da mitologia grega fica em uma das fontes do jardim. De tamanhos, formas, posições e temá cas inusitadas, as belas figuras. E lá estava eu circulando e me integrando a tudo aquilo. A mão de Deus, Pégasus e o homem, anjos tocando música no alto de colunas, homem rezando, o homem e o cavalo pelo universo, a loba amamentando Rômulo e Remo. Algumas colossais, como o Poseidon. A mulher, com leveza, é um tema recorrente: a mulher pairando, a mulher que escuta, fonte das musas, as irmãs. Eu permanecia encantada, a contemplar toda a beleza, a cria vidade e ousadia daquelas formas. Os trabalhos de Milles estão também distribuídos pela cidade. Seu legado ar s co é dos mais relevantes. Seu Poseidon de 7 metros é cartão postal de Gotemburg, cidade marí ma da Suécia, onde fica na praça principal. No edi cio administra vo do Município - espécie de prefeitura - passeia-se pelo salão dourado e a famosa “sala blu” da entrega do Premio Nobel, que afinal é de outra cor – mais para ocre - pois o arquiteto gostou do resultado e não prosseguiu nos planos de pintá-la de azul. Previa ainda que fosse sem teto, a céu aberto, mas depois desis u devido ao tempo da região ser muito frio, chuvoso e instável. Vigeland em Oslo, Milles em Estocolmo.
CADERNO DE
CINEMA & FOTOGRAFIA Tuca Reinés – O Olhar Ver cal Por
Agnaldo Farias de Porto Alegre - RS
Foto: Tuca Reinés. Porto Alegre, do livro «Olhar em Suspenção»; 2015, editora APC
www.fotophoenix.com.br
Nosso olhar, como nosso corpo, está subme do à gravidade. Ela limita e condiciona nossa experiência, aderindo-nos ao chão que pisamos de tal modo que um simples muro torna-se um obstáculo intransponível; uma parede de edi cios, um fator de achatamento do céu; e mesmo a majestosa e inteiriça linha de horizonte que delimita o mar ou uma planície reduz-se a um produto da mida distância que cobre o intervalo que vai dos nossos olhos aos pés. Por tudo isso é fácil entender o gosto remoto, ancestral, de a ngir os picos das montanhas. O inexcedível prazer de ver de cima. O inexcedível poder de ver de cima. Uma sensação renovada a cada torre ou prédio em que subimos até um andar alto ou, melhor ainda, ao topo, com o vento forte no rosto e a atmosfera frené ca da cidade reduzida a sussurros vagos e indiscerníveis. No fundo, uma excitação similar a de um gajeiro: o marinheiro encarapitado na gávea, a cesta instalada no alto da linha ver cal dos mastros, o minúsculo compar mento flutuante de onde se vê mais longe, de onde se antecipa o que está por vir. Tuca Reinés, fotógrafo e arquiteto, como Le Corbusier – o mestre que lhe ensinou a importância do domínio de novas técnicas (“As técnicas ampliaram o campo da poesia”), um dos pioneiros a celebrar o avião como desencadeador de uma revolução do olhar –, percorreu do alto algumas das principais metrópoles e cidades médias brasileiras. Mas nosso ar sta não fez isso através de aviões, com suas rotas preestabelecidas, automá cas, imutáveis, com todo encanto tornado monótono pela janela pequena e embaçada separando nos dras camente do mundo lá fora. Tuca Reinés voou de helicóptero, o que lhe permi u decidir as rotas a serem cumpridas, guiando-o em busca das caracterís cas mais incomuns dos aglomerados urbanos visitados, percebendo-lhes as belezas, os contrastes, as delícias e as misérias sob ângulos imprevistos, produto de seu olhar, a um só tempo sensível e crí co. Flutuando numa caixa metálica com um barulho ensurdecedor, mas amplamente envidraçada, quase toda transparente, o ar sta despachava-se para lá e para cá pelo céu das cidades, durante horas, fotografando diagonal e ver calmente, às custas de pedir ao piloto que inclinasse o aparelho, em ímpetos de queda livre. Lançando seu olhar através de pontos de vista surpreendentes, Tuca Reinés revelou aspectos cruciais, fascinantes e urgentes das nossas cidades, muito dis ntos do conhecimento que emerge do rés do chão e que está limitado por ele.
FOTOGRAFIA
AUTORAL Por
Gabriely Willms de Porto Alegre/RS
I
OLHOS RECICLADOS Fotos feitas usando materiais reciclados para criar texturas, molduras e contornos. Há uma tendência forte atualmente, na fotografia, que é a de usar objetos que se encontram ao nosso alcance em um ensaio ou evento para criar formas, texturas e contornos. A proposta deste editorial é usar objetos pouco convencionais, e reciclados. Nas fotos a seguir, foram usados objetos como sacos de lixo, copos, entre outros. Afinal de contas, "Nós não saímos da zona de conforto mas simplesmente migramos de zona de conforto " Vinicius Matos
APOIO |
Fotografia e arte 51 9806.5856 marilopes@marilopes.com.br
FOTOGRAFIA
AUTORAL
II
Jorge Aguiar– Cadeirantes
Jorge Aguiar completou 40 anos de fotografia profissional em 2014. Protagoniza uma carreira pouca pica e desacomodada, agora que o “moderno” e o “novo” mudaram de sen do. Rebelde an -mí co, foge dos estereó pos. Para ele, a fotografia é, no fundamento, um ato pedagógico de revelação das diversidades culturais do mundo, janelas abertas para a realidade dos outros. Apresenta palestras e vivências fotográficas em uma retrospec va de seus trabalhos documentais nas periferias. “Eu me realizo nas periferias, documento as minhas guerras urbanas, eu sou de alto risco... sem lenço, sem documento, somente uma câmera nas mãos.” Esse é Jorge Aguiar por ele mesmo. Seria muita pretensão defini-lo, mas é arriscado afirmar que esse é um daqueles fotógrafos que capturam a riqueza onde ninguém a vê. É nas coisas simples e co dianas, nas culturas e tradições que se ex nguem, nos sofrimentos anônimos, na poeira da estrada, nas lutas silenciosas e na explosão das batalhas que ele encontra sua expressão máxima. Ladrão de instantes congela para sempre o presente na sua caixa de Pandora, para depois abri-la e nos surpreender com a sua dor. A velocidade perfeita, a abertura exata, a composição sensível, a emoção lapidada no latejar das veias, com o peito aos saltos, e eis que o presente, esse prisioneiro do nunca antes e do nunca mais, se faz eterno. Emoção e domínio. Esse é o Jorge Aguiar. O disparo certeiro da câmera nasce no coração do fotógrafo e reverbera nas mãos ágeis e experientes, fotografando o silêncio da noite, o som dos pássaros, o perfume da flor, a lágrima que nunca deslizou pela face, o grito mudo dos desvalidos, a implosão inaudível da revolta. Revela-se o invisível. Mas não só emoção e técnica. A denúncia.
APOIO | Solução em Impressões Ltda Porto Alegre: (51) 3222 5862 Caxias do sul: (54) 3026 6464 Pelotas: (53) 3027 5202
S
Sena
Distribuidora de Materiais Fotográficos Ltda. Rua 24 de Outubro, 945 Moinhos de Vento - Porto Alegre (51) 3222-7866 | (51) 9199-9275 Email: ortizanchieta@hotmail.com
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LITERATURA
O CLUBE DOS EDITORES E O
NEGÓCIO DO LIVRO Por
Jaime Cimen
de Porto Alegre/RS
Sexta-feira passada, [19 de junho] convidado pelo Clube dos Editores do Rio Grande do Sul, ve a ó ma oportunidade de par cipar do VII Seminário O Negócio do Livro, no Ins tuto Goethe, durante todo o dia. Nível al ssimo de expositores e de temas abordados e excelente recepção de Jerônimo Braga e Clô Barcellos proporcionaram a todos os presentes uma série de lições interessantes e informações úteis que não serão esquecidas. De início, o editor gaúcho Celso Kiperman contou sobre a trajetória da histórica Artmed, fundada por seu pai Henrique em 1973, e da história do Grupo A, do qual é presidente. Relatou como a editora passou a ser uma empresa de educação, associando-se a gigantes como a McGraw-Hill e trabalhando com tecnologia de informação e bibliotecas digitais, entre outros recursos. Kiperman ressaltou, no segmento, a compra recente do acervo editorial de educação da Editora Saraiva pela Editora Abril. Elisa Ventura, da Livraria Blooks, do Rio de Janeiro e São Paulo, e Germano Weirich, da Livraria Arco da Velha, de Caxias do Sul, falaram sobre livrarias independentes e de como é possível movimentar pequenas livrarias com cria vidade, energia e pessoalidade, mas de olho em bons resultados. Mostraram como ca var e encantar leitores, de modos os mais diversos, como, por exemplo, com bloco de carnaval. Eduardo Cunha, da BookPartners, ressaltou o papel da informação e da tecnologia para a distribuição de livros, a vidade que tem dificuldades no Brasil. Cunha cadastra cerca de 150 tulos novos por dia, conta com dezenas de funcionários e usa recursos modernos de informá ca para localização e manuseio dos livros de seu grande depósito. Rejane Dias, editora do Grupo Autên ca, falou de sua longa experiência como editora, de erros e acertos, e de a vidades com literatura infantojuvenil, policial, para adultos e outras. Relatou como lutou para deixar de lado preconceitos com obras mais ligadas ao entretenimento. Antes, preocupava-se mais com "literatura séria e classuda"; agora, tem uma visão mais pragmá ca. Bruno Zolotar, gerente de marke ng do Grupo Record, que comanda uma equipe de seis pessoas, relatou experiências do grupo e mostrou como o uso da informá ca e das redes sociais ganharam importância na divulgação de livros. Para ele, hoje autores e editoras devem estar em sintonia com o que rola na web e fazer uso preciso das ferramentas digitais. Enfim, restaram do seminário, em síntese, lições sobre a importância da educação na área editorial, o toque pessoal nas livrarias independentes, o cuidado com tecnologia na área de distribuição, as idas e vindas de uma editora de vários selos e os modernos caminhos do marke ng para editoras. O livro impresso parece resis r, a literatura de ficção, idem. As livrarias pequenas ainda têm espaço, mesmo que seja só para um café e, realmente, as redes sociais e a web são hoje caminhos notáveis e inevitáveis para escritores e livros, especialmente para os mais jovens.
a propósito... A respeito desses livros para colorir, que surgiram na Europa e nos Estados Unidos, e onde homens também compram e pintam, ao contrário daqui, onde as compradoras são mulheres, pairam mistérios. Não se sabe por que surgiram, qual a explicação para o sucesso e muito menos por que as vendas estão declinando. Pois é, a vida dos livros é imprevisível como a vida das pessoas. Imprevisível como um jogo de futebol. É isso. Vai saber. Acho que nem Freud, se chamado no centro espírita, explica esse lance dos livros para colorir. Pensando bem, será que precisa de explicação? Vão colorir e pronto. Sem stress e indagações. Chega de perguntas.
Jaime Cimen - Atual diretor do Ins tuto Estadual do Livro (IEL); um dos fundadores da Associação Gaúcha de Escritores e da Coopera va Gaúcha de Escritores. Já atuou como conselheiro do IEL, do Conselho de Cultura, da Ospa e da TVE. Atualmente também é colunista do Jornal do Comércio
Editora Vozes ltda Rua: Riachuelo, 1280- centroPorto Alegre. 51 3920-5700 www.universovozes.com.br
A obra “Filosofia - Os autores, as obras” de Jacqueline Russ, trata-se de uma ferramenta de trabalho e de referências em par cular para quem vai prestar ves bular ou concursos, assim como para todos aqueles que pretendem aprimorar sua cultura geral em uma abordagem da filosofia. Os mais importantes filósofos, desde a an guidade até o período contemporâneo, são abordados através de sua biografia, pensamento e conceitos chaves. Suas principais obras são resumidas e analisadas sob a forma de fichas com conteúdo acessível, sistemá co e sinté co.
Em “jogo e educação” o autor Jean Vial escreve sobre a educação abordando um lado pouco falado, e talvez aceito, pelos pedagogos. Nesse campo é possível afirmar que “o jogo é indispensável ao desenvolvimento sico, psicológico, moral e até mesmo social da criança – como será cada vez mais necessário a uma existência equilibrada e o mista do adulto”. Não restam dúvidas de que essas obrigações forçam a escola a uma mudança profunda, e para isso não bastará apenas o respeito escrupuloso da recreação.
NÃO BASTAM SOMENTE ÁRVORES A NOVA ESTÉTICA CHEGOU A obrigatoriedade de obras de arte nos edi cios com mais de 2.000 m é definida por lei. Esta medida tenta amenizar o impacto visual urbano gerado pela especulação imobiliária. Você está convidado a par cipar desta mudança.
Escultura em cerâmica com base de madeira de demolição da ar sta Cynthia Gavião. Exposta na Nieto Atelier de Molduras e Galeria de Arte
Escultura de Itelvino Jahn exposta na Galeria Tina Zappoli
Tela de Paula Plim exposta na Calafia Art Store
Nieto Atelier de Molduras e Galeria de Arte – end.Av.Cel.Lucas de Oliveira,432 – Mont Serrat - Porto Alegre – RS – (51)3330-8407 – www.nieto.art.br
DISCOGRAFIA Por
Alexandre Fritzen da Rocha
de Porto Alegre/RS Foto: Gabriel Not
QUARTO SENSORIAL – HALTERONIILISMO
Quarto Sensorial Halteroniilismo (2014) (capa de Jorge H. Loureiro)
Considerada pela crí ca como uma das melhores bandas da nova geração da música instrumental do RS, Quarto Sensorial lançou, no final do ano passado, seu segundo álbum, intenso e visceral como toda a obra do trio porto-alegrense. Terceira obra fonográfica do grupo (precedida do EP “Quarto Sensorial”, de 2009, e do álbum “A + B”, de 2012), “Halteroniilismo” é um liquidificador de sonoridades e influências diversas. Uma obra que soma a cria vidade e o virtuosismo dos jovens músicos Carlos Ferreira (guitarra), Bruno Vargas (baixo elétrico) e Mar n Estevez (bateria). O disco é di cil de ser rotulado. Ouve-se um pouco de muitas coisas ao longo das sete faixas da obra, e uma inicia va um pouco mais experimental, em comparação às demais produções da banda. Em “Halteroniilismo”, a QS demonstra maior maturidade e naturalidade na construção dos temas. Os encaixes das seções estão mais imbricados, embora, em alguns momentos, ainda ocorram mudanças abruptas entre as partes, uma caracterís ca do grupo ao longo de sua trajetória musical. Para Carlos Ferreira, sua visão sobre os discos é a seguinte: “no "EP", compramos algumas ntas e uma tela. No "A+B", misturamos as ntas e chegamos a cores e texturas interessantes. Em "Halteroniilismo", acho que temos a aplicação das misturas na tela”. Sobre o curioso tulo do álbum, Carlos diz que “para fazer jus aos termos niilistas, nenhuma das composições foi feita pensando em dialogar com este conceito; graças a isso, todas elas dialogam exatamente com ele! (risos)”. O nome do disco foi criado por Mar n Estevez e surgiu ao acaso, na busca de uma palavra que simbolizasse o que se queria para a obra, ou seja, fugir da necessidade de fazer sen do ou prender-se a respostas ou premissas esté cas, jus ficando o processo composicional espontâneo e intui vo das faixas. Mesmo sem nenhuma influência declarada pelos integrantes, ou como diz Carlos, “a maior influência é não ficar preso a gêneros e es los”, observa-se uma série de influxos no decorrer do disco. A obra é uma colcha de retalhos, predominando o rock progressivo (visto que o trio se considera “filhote do rock progressivo”) e o post-rock. Ouve-se um Rush oiten sta na abertura do disco, um King Crimson nas faixas 2, 4, 6 e 7, um Yes e Genesis nas faixas 4, 5 e 6, um jazzrock à moda Luís Alberto Spine a na faixa 5, e um post-rock que remete muito às bandas Slint, Mono, Godspeed You Black Emperor! e Explosion in the Sky nas faixas 2, 3 e 6. Também há umas pitadas de funk-rock (faixa 3), reggae (na faixa 1) e rock psicodélico. Talvez a sé ma faixa, a interessante “Ølfrygt”, compreenda um pouco de todas essas influências do grupo. Ela encerra o disco e tem uma forte influência de música avant-garde em sua introdução. Inicia com um improviso atonal, até se transformar numa seção jazz-rock, auxiliada pela sonoridade dos teclados de Leonardo Bi encourt e Vinícius Möller. Posteriormente, mergulha em um post-rock. Ao final, para brindar o ouvinte, o trio apresenta novamente um improviso cole vo, gravado sem que os três ouvissem os demais, apenas tendo firmado um andamento comum antes da sessão. O disco foi gravado “ao vivo”, diferente da produção anterior, “A + B”, gravada com click e mul pista. Carlos e Bruno dizem que os ouvintes da QS comentavam que havia uma grande diferença entre a banda tocando ao vivo e o que soava no disco. Segundo Bruno, algumas músicas dos discos anteriores sofreram prejuízos pela forma como se deu o processo de gravação, principalmente a faixa “Samba Cafeinado”, de “A + B”. Buscaram, então, uma gravação sem clicks e sem guias, como comenta Carlos: “Tocamos alguns takes de cada música (no máximo uns 3 para cada), sem grandes preocupações com excelência técnica, ou correções/edições. O mais importante era capturar o happening, as singularidades do momento. O registro final são takes pra camente inteiros, totalmente espontâneos. Os overdubs e experimentos de produção foram feitos nos meses seguintes”. A escolha desse processo fez toda a diferença, e o grupo conseguiu trabalhar em um processo mais conjunto, imergindo ao longo de três dias no Tung Studio, de Stenio Zanona. Além dos já citados Leonardo Bi encourt e Vinícius Möller, QS contou com a par cipação de Max Sudbrack (teclados), Maurício Oliveira (saxofone) e Diego Medina (locução em “Morte no Beco da Preta”). A arte do disco foi assinada por Jorge H. Loureiro, ar sta visual brasileiro, radicado na Alemanha. O encarte é em preto e branco, simples e elegante. A produção musical foi assinada por Valmor Pedre Jr., amigo e parceiro da banda, integrante da banda de música instrumental URSO. O financiamento do disco foi 100% independente, realizado em parceria com o Cole vo 4'33” e o Tung Studio. Quando perguntado sobre o futuro da QS, Bruno Vargas comenta que o grupo está de férias, sem shows agendados ou planos para gravar. Ele diz que agora o trio tem um novo desafio, pois, segundo ele, com o terceiro disco, o grupo encerra um ciclo, e “é hora de reciclar e ver o que sai daqui pra frente”. Segundo Carlos, “Enquanto es vermos os três no mesmo planeta, sempre haverá a possibilidade de outro disco”. Aguardemos ansiosos, então, para ver o que a QS nos apresentará em breve. O disco “Halteroniilismo” pode ser adquirido através da página do grupo no Facebook h p://facebook.com/quartosensorial. Também está disponível para download gratuito em h p://quartosensorial.bandcamp.com/.
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A Obra "Guaíba e Afluentes", de autoria arquiteto italiano José Obino, estava desde 1936 na Praça Dom Sebas ão, ao lado do colégio Rosário. Recentemente ela foi transferida para o jardim cercado do Dmae.
ANALISE
Foto: Vinicius Vieira
DIAS MELHORES PARA AS OBRAS DE ARTE PÚBLICAS...
Por
Vinicius Vieira* de Porto Alegre/RS
O mês de agosto de 2015 já entrou para a história das artes visuais no Rio Grande do Sul, pois dois grandes passos foram dados rumo ao reconhecimento da importância desse segmento na cultura, principalmente quando falamos em obras de arte públicas. O primeiro deles foi dado no dia 5 em Porto Alegre, quando iniciaram as a vidades da tão sonhada Comissão Técnica Permanente das Obras de Arte, composta pelas Secretaria afins do Município e pelas en dades Ins tuto de Arquitetos do Brasil - IAB RS, Associação dos Escultores do RS - AEERGS, Associação Chico Lisboa, Ins tuto Histórico e Geográfico do RS - IHGRGS e IA/UFRGS. O segundo passo foi dado no dia 7 de agosto, quando foi sancionada pelo governador José Ivo Sartori a lei que ins tui o Dia do Escultor Gaúcho, em data que faz referência ao nascimento do ar sta Xico Stockinger (1919-2009). Esses dois avanços vêm no momento que passamos por grandes dificuldades no que diz respeito às obras de arte públicas, tendo em vista que atualmente algumas cidades do Rio Grande do Sul convivem com uma onda de depredações do seu patrimônio escultórico sem precedentes na história. Imersos no desafio de criar alterna vas para salvar seu patrimônio público de artes visuais situado em praças e parques, mas na contramão da assinatura da referida lei do Dia do Escultor, é corriqueiro ver Municípios gaúchos privando o cidadão de se relacionar com as obras de arte, promovendo o cercamento delas ou re rando essas obras dos locais públicos, deslocando-as para áreas consideradas "seguras" e distantes da população. Ora, sabemos que as obras de arte, quando estão situadas em lugares públicos de grande visualização, se tornam bens de natureza material, portadores de referência de iden dade e de memória das cole vidades, cons tuindo-se como patrimônio cultural de nossa sociedade. Assim, devemos unir esforços para construir polí cas públicas e ações efe vas que incen vem novas restaurações, dessa forma garan ndo o direito à cidade e à cultura para todos, contribuindo para consolidar a apropriação dos espaços públicos pelos cidadãos, deses mulando novas depredações e ações imaturas de re rada das obras por Prefeituras mal assessoradas. Ou seja, se a depredação é algo a lamentar, re rar a obra em defini vo do ambiente público é ainda pior, caracterizando um ato de mu lação de parte de nossa história representada e da memória associada à existência da manifestação pública de artes visuais em seu lugar de origem. Sabe-se que é nas obras de arte que está con da grande parte da memória acumulada da própria existência da cidade e das diferentes relações que cada cidadão construiu com ela ao longo de sua vida. Para Aldo Rossi (1977), "o significado de lugar não reside em sua função, nem em sua forma, mas nas memórias a ele associadas". O autor afirma “que o lugar mais significa vo na cidade é o lugar que apresenta conotações com a memória cole va dos grupamentos sociais”. O fato de uma obra ter sido pichada ou a pata de um cavalo de bronze ter sido arrancada jus fica que ela seja levada defini vamente para um lugar fechado? Não. Se assim for, estaremos desconsiderando a importância da memória associa va que a população construiu com a obra naquele seu lugar original, consolidada ao longo de décadas de relações entre a obra e as pessoas que a visualizaram e a iden ficaram como marcos urbanos. O Rio Grande do Sul guarda um volumoso acúmulo dos fatos que vêm marcando de maneira singular sua evolução, fortalecido principalmente pela representação da arte pública em diferentes contextos, marcando a paisagem de diversos lugares das nossas cidades. Dessa forma, causa espanto saber que alguns optem por "esconder" nossas obras de arte públicas, sob o argumento de protegê-las. Esses parecem não compreender que uma obra possui estreita relação com o lugar que foi instalada, e sua transferência cria problemas ainda maiores que a depredação. Essa ação caracteriza-se pelo rompimento da história de um lugar, criando cicatrizes irreparáveis, gerando um vazio no local de origem, que por décadas con nuará causando tristes surpresas a todos que entendiam determinado logradouro como associada à existência de referencial público de artes visuais. Cabe considerar, contudo, que não é só a preservação do seu patrimônio existente que uma cidade precisa para ter êxito no campo das artes visuais. De acordo com Kevin Lynch, "um cenário sico vivo e integrado, capaz de produzir uma imagem de cidade bem definida, desempenha também um papel social, pois fornece a matéria-prima para os símbolos e as reminiscências cole vas da comunicação de grupo”. Desse modo, as novas obras de arte públicas invariavelmente retroalimentam sua própria contribuição para a construção da paisagem urbana atual, de maneira geral, e para a construção desse dito lugar, e também de novos lugares. Nesse contexto, além do patrimônio existente, deve-se considerar também a possibilidade de instalação de novas obras na contemporaneidade, de preferência com a realização de concursos públicos, como foi o caso do projeto Espaço Urbano Espaço Arte realizado em Porto Alegre. Outras ações como o projeto Museu de Percurso do Negro e as obras instaladas durante as primeiras edições da Bienal do Mercosul também têm o seu valor, pois contribuem de maneira bastante significa va para que seja reassegurado aos cidadãos a permanência de seus referenciais básicos e a con nuidade de sua história, da constância de sua vida e de sua cultura. Com a preservação do patrimônio existente e a inauguração de novas obras de arte públicas, potencializa-se assim a auto-es ma e o sen mento de pertença da comunidade local, promovendo o desenvolvimento social através da u lização da expressão ar s ca como meio de fruição e como instrumento cria vo para novos avanços. Dessa forma, esperamos que a consolidação das ações iniciadas pela recém criada Comissão das Obras de Arte, bem como as próximas comemorações anuais do Dia do Escultor, contribuam para a con nuidade e fortalecimento das polí cas públicas de valorização do segmento de artes visuais, que infelizmente nos úl mos anos vinham sendo esquecidas, acarretando em um visível abandono que se vê nas ruas, reflexo de um somatório de fatores não palpáveis, mas que acabaram ironicamente se tornando visíveis pela ausência. Agora novamente o debate renasce, e com ele surgem novas oportunidades de amadurecimento das relações, es muladas por um novo olhar que se volta para as obras de arte públicas e seu papel na sociedade contemporânea. Finalmente se aproximam os dias melhores para as obras de arte públicas...
* Vinicius Vieira é Presidente da Associação dos Escultores do RS – AEERGS; Vice-presidente do Ins tuto de Arquitetos do Brasil – IAB RS; Membro tular do Conselho Estadual de Cultura – CEC RS
Tecnifoto abre espaço para realização de oficinas, Workshops, encontros e exposições relacionados com fotografia, oferece estúdio completo os par cipantes, e o resultado desses serviços expostos na área no andar superior.
JULHO
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Workshop de Fotografia de Formatura Aconteceu /25 de julho / 2015-08-15 na Tecnifoto Técnica na agilidade de clicar em grande grupos. Apoiadores: Viacolar, Vitor Borges – Tecnifoto – A3 Convites –Silvia Freitas Valle Diferencial Togas.
Paulo Be o Plano de negócios para elaboração de fotos 3 X 4 Workshop geração de empregos de valor para fotógrafos com Paulo Be o
Daniel Scherer Agosto: Worshop – fotografia para todos Módulo básico: ISO, Abertura, Velocidade, Tipo de Luz, Composição
Ferramenta de Planejamento e inovação para não planejadores Intui va e amigável, permite aos profissionais de fotografia definir as melhores soluções para construir um negócio compe vo e sustentável. Em seu módulo essencial, comporta conhecer as ferramentas, seus conceitos e a u lização e mapear o seu negócio atual U lizar a ferramenta para construir protó pos para negócios inovadores.
Marcio Scavone fez Workshop na Tecnifoto Em parceria com a Associação dos Laboratórios Fotográficos do Sul, a Tecnifoto trouxe um dos mais renomados nomes da fotografia da atualidade. Marcio Scavone fez um Workshop para profissionais porto alegrenses. Marcio Scavone aos 20 anos já assinava campanhas de grande porte. Se destaca ao fazer retratos de personalidades como Oscar Niemayer, Pelé, Jô Soares entre outros. O fotógrafo dos famosos, falou de suas experiências e sobre o processo de trabalho. Segundo ele ”A fotografia está para a poesia, assim como o cinema está para a prosa”. Ele ressalta que um dos seus segredos de originalidade, está em não observar fotografias de outros profissionais antes de algum trabalho para não ser influenciado. Para ele “O Retrato é um evento, entre o fotógrafo e o fotografado, é um jogo de sedução”.
Loja Bento - Vitor Borges Endereço: Av. Bento Gonçalves, 1255 Telefone: 51 3336.1524 51 3223.8354 51 3084.2609 Email: tecnifoto@terra.com.br Vitor Borges, Marcio Scavone, Na an Carvalho