23022015

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Segunda-feira

Ano XVIII w

NATAL-RN, 23 DE FEVEREIRO DE 2015 w Nº 5.167

R$ 2,00 w jornaldehoje.com.br José Aldenir

Delator afirma que foi chantageado por Agripino: “Ou participa, ou perde” EM VÍDEO DA DELAÇÃO, EXIBIDO NO FANTÁSTICO, GEORGE OLIMPIO REVELA DETALHES DO ACERTO COM O PRESIDENTE DO DEM PARA IMPLANTAR INSPEÇÃO VEICULAR NO RN POLÍTICA 3 Heracles Dantas

Moab foi abordado por bandidos quando lavava o carro em frente de casa

> INSEGURANÇA

Familiares e amigos estão revoltados com assassinato de agente de trânsito da STTU CIDADE 10

> NOVO HORIZONTE

Ginásio do DED continua fechado por falta de pessoal e mobiliário

Comunidade cobra conclusão de obras de unidade de saúde fechada há 5 meses

CIDADE 13

CIDADE 14

Após 8 anos de abandono, o ginásio foi reformado e reinaugurado em dezembro passado. Mas a praça esportiva precisa de ASGs e vigilância para poder iniciar atividades

Marcos A. de Sá Sylvia Sá (Interina)

Página 7

w Governador promete ajudar produtores de mel de abelha e de castanha de caju.

> MAIS PARTICIPAÇÃO

> ESTUDANTES DE NATAL

Erick critica “inércia” de entidades no debate sobre reforma política

Prefeitura garante que Passe Livre será implantado na 4afeira

POLÍTICA 4

CIDADE 6

Vicente Serejo

José Aldenir

Página 13

w Declarações revelam que Dilma é uma gerentona perdida no velho jogo das palavras.

Rubens Lemos F. Página 16

w Custa entender como alguém paga para ver uma pelada horrenda como a de sábado.

ESCREVEM ARTIGOS NA EDIÇÃO DE HOJE João Edmilson Alcimar de Almeida Silva

Flávio Boaventura marcou o segundo gol do América, neste domingo, na Arena das Dunas. ABC ganhou clássico contra o Alecrim e segue em 2o lugar no campeonato

Élida Mercês

América vence o Globo por 2 a 1 e reassume liderança do Estadual

Ailton Salviano Roberto Cardoso Anísio Marinho OPINIÃO - Página 2

ESPORTE 15 INDICADORES: Dólar comercial R$ 2,86 Dólar turismo Dólar/Real

R$ 2,94 R$ 2,86

Euro x real R$ 3,25 Poupança 0,50%/0,41% Taxa Selic 12,25%

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2 O Jornal de HOJE

Artigo

JOÃO EDMILSON, coordenador da Assessoria de Comunicação do Detran-RN (jorn.jedmilson@supercabo.com.br)

Pra tudo se acabar na quarta-feira Quando ele foi convocado para cobrir o desfile de agremiações carnavalescas na passarela da avenida Duque de Caxias, no sábado e domingo de carnaval, sugeriu que trocassem o domingo pela segunda-feira. Por ser a grande noite do samba, estrelada pelos rivais e campeoníssimos Malandros do Samba e Balanço do Morro, cria das Rocas, berço do samba de Natal. Não queria ver apenas tribos de índios. Logo ele, que durante oito anos foi titular absoluto nas coberturas de desfiles de escolas de samba, vestindo a camisa do Diário de Natal/O POTI. Sem contar com escalas na Marquês de Sapucaí(RJ), por conta e risco, e terreiros da fina-flor do samba carioca e paulista. Mas não poderia entrar assim na passarela de peito aberto. Afinal de contas estava desaparecido havia mais de 25 anos do repenicar dos tamborins e do ronco da cuíca, do requebro e dengues de negras e mulatas. No caminho para o desfile principal, lembrou de uma música de Paulinho da Viola, onde invoca velhos mantras de aruanda e "Chama por Cartola, chama/ Por Candeia/ Chama Paulo da Portela, chama/"... Aí também invocou os bambas do berço do samba natalense, que têm presença garantida nessa roda de samba carioca armada lá no Céu: O mestre dos mestres Melé, e seus discípulos Lucarino, Manuel Farrapo, Zé Petriz, Neguba, Chico Trunfa, Raimundo Menezes e Agacir. Com esta Comissão de Frente, desembarcou na avenida Duque de Caxias. O regresso às origens lembra o conto de Anibal Machado, "Viagem aos seios de Duília, encrustado no livro "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século", selecionados por Italo Moriconi(Objetiva-2000). Nele o personagem José Maria, morador do Morro de Santa Tereza (RJ), solteirão aposentado de um Ministério, não suporta a ociosidade e solidão e resolve, depois de 40 anos, retornar a sua cidade Pouso Triste, nos cafundó do sertão mineiro, atraído pelos seios da namorada, que reluziam na memória como duas gemas no fundo d'água. Não, o veterano repórter, que já se perdeu na poeira das ruas, guetos, favelas – ao contrário do mineiro José Maria – estava consciente de que não iria trazer o passado longínquo de espetáculos inesquecíveis. onde criara mitos como "negas" Zenaide, Fia, Janete, Xéu, imortalizados no Caderno de Carnaval na quinta-feira. Como aquele registrado em página dupla, título em 16 colunas "Escolas do grupo 'A' vivem momentos dramáticos com as fortes chuvas", com Gerson e a "nega" Zenaide deixando no asfato molhado a coreografia que entrou para a história do carnaval natalense. Braços abertos, as pernas quase caindo como se fossem aplicar uma rasteira, o sorriso malicioso nas coxas da passista, que dobrava os joelhos e jogava o corpo para trás, quase encostando no

Artigo

Opinião

Natal, 23 de fevereiro de 2015

asfalto, batendo pandeiro debaixo de tremendo toró. Como nos velhos tempos, deu uma passada na contramão da avenida, onde foram montados quiosques de lanche, bebida e tira-gosto, e transitavam sambistas e a comunidade – muitas vezes carente de seus direitos básicos. No caminho encontrou Ronaldo, ex-presidente de Balanço do Morro, que mesmo de andajar em virtude de um acidente, foi à avenida para abraçar a verde-e-rosa. Ao seu lado, Japiassu, da ex-Aí vem a Marinha, que arrastava multidões com a sua bateria. Gerson encosta fantasiado agora com as cores da escola do Mestre Lucarino. Três baluartes do samba. É na concentração que o coração bate mais forte, onde se encontra a matéria-prima da reportagem. Lá encontrou Dona Nair, 80 anos, com alguns livros históricos nas mãos, sentada numa alegoria com a inscrição "De pé no chão também se aprende a ler", que compunha o enredo de Balanço do Morro. Apresentou-se como a terceira professorinha da campanha De pé no Chão, e mãe de Graça, rainha de bateria de Balanço, que se fosse naqueles tempos, levaria o título de "nega", com o qual ele carimbava as melhores passistas que os seus olhos já viram. A começar pela sua mulher Lucilene, que há 33 anos emprestou seu brilho, beleza e samba no pé para ajudar a verde-e-rosa a conquistar mais um título. Quem não é do ramo e viu Balanço minutos antes de pisar a passarela, não acreditava jamais que chegaria inteira na avenida. Era aquele corre-corre para dar os últimos retoques nas fantasias e alegorias. Na calçada dos Correios, onde parte da escola se arrumava, Dona Dorinha, viuva de Lucarino, passou apressada atrás de um adereço para finalizar uma fantasia. Martinho da Vila sabe bem o que é isso e construiu versos imortais no samba-enredo Pra tudo se acabar na Quarta-Feira. "Glória a quem trabalha o ano inteiro/ Em mutirão/ São escultores, são pintores, bordadeiras/ São carpinteiros, vidraceiros, costureiras/ Figurinista, desenhista e artesão/ Gente empenhada em construir a ilusão"... Quando o Mestre Cristiano finalizou o último toque da bateria Nota 10 de Balanço, o relógio cravava 3h30 da madrugada de terça-feira. O público ainda tomava as laterais da passarela. Balanço perdeu para Malandros por alguns décimos, que só olhos de jurados enxergam... Mas independente da nota, do título, que também ficou em boas mãos, o que valeu mesmo foi a resistência dos componentes de todas as escolas, para não deixar o samba morrer durante todo esse tempo. E o esforço da Prefeitura em apoiar o carnaval multicultural nos quatro cantos de Natal, inclusive na Ribeira. Portanto, guardem eternamente em seus corações, a Nota 10 do meu aplauso.

ALCIMAR DE ALMEIDA SILVA, advogado, economista, consultor fiscal e tributário (aasconsultoria@bol.com.br)

De volta a inspeção veicular Sem a pretensão de botar mais lenha na fogueira que voltou a arder em brasa, a inspeção veicular que continua rendendo tanto e poderia render muito mais se não fosse a ação determinada do Ministério Público em levar o Governo do Estado a revogar as medidas legislativas e administrativas, tem sua origem na Resolução nº 418, de 25 de novembro de 2009, do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA. Esta estabeleceu critérios para a elaboração de Planos de Controle de Poluição Veicular, para a implantação de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos pelos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente, determinou novos limites de emissão e adotou procedimentos para avaliação do estado de manutenção de veículos em uso, o que motivou todo o esforço de sua implantação no Estado. Entretanto, deixaram de atentar os detentores do poder estadual que aquela Resolução recomenda a elaboração dos Planos de Controle de Poluição Veicular, tendo por base o inventário de emissões de fonte móveis e, quando houver, o monitoramento da qualidade do ar, visando a redução da emissão de poluentes. Ao mesmo tempo devendo caracterizar, de forma clara e objetiva, as alternativas de ações de gestão e controle da emissão de poluentes e do consumo de combustíveis, dentre elas a implantação de programa de inspeção e manutenção de veículos em uso, apenas quando fosse medida que se fizesse necessária. Mas aqui os seus mentores entenderam de ser não a alternativa última mas exclusiva, antes de mesmo de se tornar lei tendo a concessionária dos serviços implantado uma cara estrutura nos principais Municípios. Como se não bastasse ser adotada como alternativa única, o programa de inspeção veicular incluía todos os 167 Municípios do Estado, desde os de maiores populações, frotas e circulação de veículos, até os pequeninos, de diminutas populações e de frotas reduzidíssimas que não chegam em muitos a uma dezena de veículos. Mas todos, independentemente destas características,

estariam obrigados à inspeção veicular, para tanto devendo se dirigir aos postos de serviços instalados em 14 Municípios - Natal, Ceará-Mirim, João Câmara, Macau, Assu, Mossoró, Apodi, Pau dos Ferros, Caicó, Currais Novos, Santa Cruz, Goianinha, Parnamirim e Macaíba - os quais nem todos talvez sequer necessitassem de ter suas frotas de veículos submetidas à inspeção, embora parte delas. O mais grotesco de tudo é que mesmo Municípios de diminutas populações e de frotas reduzidíssimas, de nenhum ou insignificante impacto ambiental, estariam sujeitos à inspeção veicular, podendo ser apontados como exemplos alguns escolhidos nos 14 pólos de serviços. Como Pureza, Pedra Preta, Galinhos, Triunfo Potiguar, Serra do Mel, Janduís, Serrinha dos Pintos, São Fernando, Tenente Laurentino Cruz, Jaçanã e Jundiá. Se cada um desses Municípios tiverem mais de uma dezena de veículos será muito, bem como muitos deles sequer trafegam com freqüências pelas vias urbanas, sendo predominantemente utilizados nas atividades rurais, porque de características rurais são os Municípios onde vivem, por isso mesmo não se enquadrando no objetivo da Resolução do CONAMA. Por isso mesmo não se podia acreditar que se fazia presente o interesse público quando criaram esta invenção de peso financeiros exorbitante, sobretudo levando em conta o valor do IPVA e das taxas e eventuais multas que ainda terão que ser pagas para a renovação de licenciamento dos veículos. Pois o mais lógico seria adicionar a alíquota daquele imposto para fazer face proporcionalmente ao impacto ambiental causado pelos veículos submetidos à inspeção, atribuindo-lhe pois um caráter extrafiscal. Outra não foi a razão pela qual - independentemente de outros aspectos - o Estado todo caiu num sentimento de revolta talvez semelhante ao da revolta da vacina no Rio de Janeiro no início do Século XX, talvez menos pelo custo adicional do licenciamento e renovação e mais pela universalização da medida.

Artigo

Segunda-feira

Artigo

ÉLIDA MERCÊS, jornalista (elidamerces@hotmail.com)

É preciso ousar para resistir ao medo "O medo tem alguma utilidade, mas a outros fatores. covardia não." Mahatma Gandhi. Tudo isso leva ao estabelecimento de relações de trabalho promíscuas, nas Olhar para trás e analisar a história quais o ofício em si torna-se moeda de resulta em aprendizados que nos levam troca em benefício de quem paga um a reorganizar os atuais e traçar novos pouco mais que o piso, o que não é muito caminhos. Não é à toa que boa parte das difícil, né? Sendo assim, esqueça a funprofissões tem como fundamento a com- ção social do Jornalismo. preensão do contexto no qual estão inO desenvolvimento das novas tecseridas, pois a partir do aconteceu no nologias sempre foi sinônimo de mudanpassado, reflexões sobre o presente e ça para atividade jornalística e, para perspectivas futuras, buscam garantir o muitos, representava a morte de algudesenvolvimento e a valorização pro- mas plataformas. Isso não aconteceu, fissional. Apesar de sua relevância so- houve e há ajustes, adequações ao meio cial, algumas atividades profissionais, e à forma. O conteúdo sempre será o como o Jornalismo, têm histórias não foco, a matéria-prima da notícia que, muito lineares. simbolicamente, é a informação que Se por um lado, o que é dito pela im- move o mundo. Porém, nada disso é prensa é considerado pela população fácil, simples. A produção de notícias recomo verdade absoluta - quem nunca quer dos profissionais conhecimentos ouviu como argumento de discussão o técnicos que são embasados pelo cofalacioso 'saiu no jornal!'? -, por outro, nhecimento de mundo que carregam, quem está 'dentro' sabe que há um su- valores e características pessoais como cateamento do processo produtivo das a ousadia. notícias e, consequentemente, do regisSim, ousadia, pois como bem disse tro da história, que nos leva a responder George Orwell, o 'pai do Big Brother' a tal argumento, mesmo que mental- não o da Globo, por favor! -, 'Jornalismo mente, com um 'grande coisa!'. é publicar aquilo que alguém não quer As razões para o descaso por parte que se publique. Todo o resto é daqueles que deveriam ser os grandes publicidade'. Publicar aquilo que alguém responsáveis pela valorização da ativi- não quer é ir de encontro aos interesses dade jornalística – os jornalistas – pas- desse alguém que, em geral, tem algum sam por questões como a precarização poder para retaliar aquele que busca redo trabalho; o salário vergonhoso de R$ velar a verdade até então oculta. Ou seja, 1.370,00 para cinco horas diárias que o medo não pode ser a tônica dos que nunca são cumpridas; a autocensura a optam por exercer o Jornalismo, de acorqual se submetem por integrar o tal do do com sua função precípua. sistema; a impossibilidade de exercer Juntando os pontos, é possível como jornalismo em sua essência; entre preender que escolher ser Jornalista -

Artigo

com j maiúsculo mesmo - não é uma decisão fácil, para os que encaram a profissão com seriedade. Em muitos casos, nem mesmo a paixão pela profissão e as responsabilidades que o ofício traz são capazes de vencer o desânimo diante de um cenário tão precário e que só piorou com a derrubada da obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional, pelo Supremo Tribunal Federal, no dia 17 de junho de 2009. Sem condições de trabalho, sem preocupação do mercado com a qualidade, sem salário digno, sem necessidade de diploma, sem um sindicato que dê voz aos seus anseios, a categoria que já não era unida, parece agora estar rendida ao medo. A impossibilidade de questionar legalmente que a atividade seja exercida apenas por Jornalistas diplomados, não é sinônimo de omissão diante do nivelamento por baixo. A Proposta de Emenda à Constituição 206/2012, que restitui a exigência do diploma, tramita no Congresso Nacional, mas mesmo os jornalistas atuando como lobistas de todas as profissões e sendo eles os responsáveis por dar voz às lutas de classes e categorias de todos os segmentos, não faz o mesmo em relação à sua. Se continuar assim, os profissionais nunca terão representatividade como a conquistada pela OAB, sindicatos da Saúde e Educação, Conselhos de Administração e Engenharia. Esta situação resultou em uma categoria acuada e uma sociedade cada vez mais manipulada. A quem interessa esta realidade?

AILTON SALVIANO, geólogo e jornalista (ailtonsalviano@uol.com.br)

O filósofo e o ferreiro moderno Quando adolescente, João Lucena, o filósofo de Martins, era frequentador assíduo dos poucos cinemas existentes em Natal. Naquela época, assistiu a muitos seriados e filmes faroestes. Nestes, além do casal de mocinhos, do bandido e do doidelo (espécie de bobo da corte), outra figura estava quase sempre presente, a do ferreiro. Este era o responsável por um trabalho deveras pesado em ambiente insalubre de muito calor e por isso era sempre representado por um brutamontes que moldava metais, consertava e produzia objetos metálicos. Nos filmes, a aplicação de pinos e manutenção das tradicionais ferraduras nos cavalos era uma das espinhosas tarefas do ferreiro. Para ser um bom ferreiro, era necessário força e coragem para erguer as patas dos animais e colocar a ferradura. Os tipos eram sempre sujeitos fortes, musculosos, com vozeirão, além de sujos, caracterizados por um avental normalmente marcado por queimaduras. Embora tenha tido pouco ou nenhum contato com esse profissional durante os seus longos períodos de meditação, era essa a figura física de um ferreiro que o nosso filósofo de Martins trazia em mente desde os áureos tempos da juventude no velho Atheneu. Mas, hoje, os tempos são outros. Pessoas, profissões, costumes e comportamentos mudaram. Não chega a ser um caso de evolução, mas de adaptação às necessidades e aos costumes modernos. Há alguns dias, o portão de ferro da residência do filósofo Lucena apresentou uma série de problemas. Sob ação das intempéries, algumas partes se soltaram, o trinco emperrou, as dobradiças travaram, mas o estado de conservação exigia mais um conserto que a aquisição

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de uma nova peça. A primeira ideia foi chamar um ferreiro para realizar tal conserto. Na família ninguém conhecia um profissional desta área e a solução foi apelar para os préstimos de uma vizinha. – Conheço Jorginho há muito tempo. É um ferreiro de mão cheia e além disso, seus serviços não são caros. Adiantou a vizinha à primeira solicitação de Lucena. – A senhora pode me passar o celular dele? – Pois não "seu" Lucena. Eis aqui. Pode chamar Jorginho que o senhor não vai se arrepender, completou. Sem hesitação, nosso filósofo entrou em contato imediato com o profissional. – É Jorginho? Sou Lucena, vizinho aqui da Dona Veridiana. Ela indicou você para um serviço de ferreiro. Tratase de um portão de ferro. – Pois não seu Lucena. Sei quem é dona Veridiana. Se o senhor é vizinho dela, sei o endereço. Chegarei aí em quinze minutos! – Ok, Jorginho. Fico aguardando. Após desligar o celular, nosso filósofo ficou intrigado com a voz do ferreiro. Esperava um vozeirão da época dos caubóis, mas ouviu uma vozinha meiga e suave. Mas, vamos esperar. Quinze minutos mais tarde, a secretária do lar anuncia: – Seu Lucena, tem um moço curioso no portão querendo falar com o senhor. O filósofo agradece e se dirige para a entrada da casa. – Bom dia! – Bom dia! Prazer, sou o ferreiro Jorginho. O filósofo leva um susto. Com olhar de lince, percebeu à primeira vista, que o ferreiro era um rapaz magrinho que

usava calças cor de rosa, uma camiseta branca sem mangas, tipo baby-look, braços desnudos e em um deles tatuada a expressão: "Je suis Charlie". O cabelo nem curto, nem longo, possuía destacadas mechas aloiradas. Dois brincos de pérola, sobrancelhas bem feitas e unhas bem polidas completavam o visual do ferreiro. Passado o susto. O filósofo pergunta: – O senhor é mesmo ferreiro? – Sim, senhor. Estou nesse ramo desde criança. Herdei o dom de mamãe. Não estranhe o meu visual. Antes que o senhor chegasse, olhei o portão e se for este para consertar será moleza. Uns poucos pontos de solda e estará tudo resolvido. O material está todo aqui na camionete. Posso começar? Lucena emudece, mas responde "sim". Pensa intrigado: "Os tempos realmente mudaram". Uma hora depois, Jorginho chama o filósofo. – Seu Lucena o portão está pronto. Agora para completar, o senhor contrate um bom pintor para dar umas camadas de tinta com pistola. Infelizmente, nesta área de pintura sou leigo. Lucena se aproxima e fica admirado com o que vê. O portão parece novo. O serviço está perfeito. – Muito bem Jorginho. Você, como disse dona Veridiana, é um excelente profissional. Estou muito satisfeito com o trabalho. Seu nome vai constar no meu caderninho de bons prestadores de serviço. Após pagar pelo excelente trabalho de Jorginho, o nosso filósofo tranca o portão e volta pensativo para dentro de casa. Reflete: como é mesmo aquele velho aforismo? "O hábito faz o monge" ou "O hábito não faz o monge"? Depois dessa, não sei mais qual é a forma correta.

ROBERTO CARDOSO, cientista social e sócio efetivo do IHGRN (rcardoso277@yahoo.com.br)

Um conhecimento que circula pelas ruas (5) O comércio internacional criou siglas de ampla compreensão como: FOB (Free On Board) ou FAS (Free Along Side), e mais outras tantas siglas. Caracterizando algo em uma relação de compra e venda. Um compromisso e um comprometimento de responsabilidade com a mercadoria, dentro de uma embarcação (FOB), ou no porto junto ao costado de um navio (FAS). E assim vamos criando símbolos e siglas de amplo entendimento. Aqui um conhecimento do comércio exterior, que pode se estender ao transporte de cargas rodoviárias. A medida que o homem vai se globalizando, uma nova linguagem vai se formando. Uma linguagem compreensível em qualquer parte do planeta. Muitas das vezes sem critérios de reuniões e convenções. Esta linguagem vai se formando por necessidades, visando criar facilidades com fidelidades. As convenções podem acontecer entre países, de moedas e culturas diferentes, e ainda assim vão visar um denominador comum entre as partes. Algo que ambas as partes possam ler e entender, independente da diferença de comportamentos, moedas e idiomas. Da mesma forma que na educação tradicional, com alunos sentados em bancos escolares, a nova linguagem também chega a um grupo selecionado e elitizado. Um grupo que participa de uma tecnologia de comunicação e conhecimento. A mais nova comunicação também chega aos mais privilegiados, como aqueles que utilizam um avião, que seja

em férias ou viagens de negócios. E àqueles que possuem um automóvel, com uma facilidade e oportunidades de usar com frequência. Assim supõe-se que todos aqueles que possuem uma carteira de habilitação, estejam habilitados a reconhecer estes sinais, ocultos e simbolizados nas ruas. Independente de um aviso ou uma placa mais elucidativa. Entende-se que faz parte de seu conhecimento ao obter uma habilitação. O bom motorista, ou o bom cidadão respeita as regras, as normas e as leis, independente de uma vigilância ou fiscalização. Todos os passageiros que embarcam ou desembarcam em um voo, e até mesmo aqueles que vão acompanhar passageiros em embarques e desembarques, já iniciam um primeiro contato com este novo conhecimento, com siglas de voos e dos equipamentos usados para voar, os modelos de avião. Escalas e conexões, cidades de destinos, origem e procedência. Previsão de tempo. Tempo e temperatura em outras cidades por meio de símbolos e desenhos. Fuso horário, turbulência e tempo de voo. Prioridades de embarcar e desembarcar. O que pode ser levado como bagagem de mão, e bagagem de porão. Da mesma forma que uma linguagem por sinais e símbolos chega aos utilizam um navio ou um avião, chegam também aos que possuem um automóvel: Não estacionar em uma esquina; "Não ultrapasse quando a primeira faixa a esquerda for contínua"; Não estacione

em locais onde o meio fio, bordo da calçada, for pintado de na cor amarela. Em casos específicos a linha amarela pintada no bordo tem poder de regulamentação. Respeitar as placas de sinalização. Limites de velocidade em perímetro urbano. Luz baixa ao cruzar veículo. O significado de um sinal de transito aceso, nas cores: verde, amarelo ou vermelho. Como se comportar e circular em uma rotatória. Redução de velocidade e não buzinar, ao passar em frente de escolas e hospitais. "Atenção ao dobrar a direita, pedestres atravessando na faixa". Um conhecimento circula pelas ruas. Uma linguagem circula peles ruas, inscrita nas vias e nos passeios públicos, dentro daquilo que o CTB (Código de Transito Brasileiro), já prevê em seu Artigo 181. Algumas questões sobre o estacionamento de veículos em via pública. Inciso I: estacionar a menos de 5 metros das esquinas. Inciso VI: estacionar junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro de água ou tampas de poços de visita de galerias subterrâneas quando eles estão devidamente identificados. Inciso XI: onde houver guia de calçada (meio-fio) rebaixada destinada à entrada ou saída de veículos. Inciso XIII: parada de ônibus. Respeitar as vagas sinalizadas para uso de idosos e portadores de deficiência. Situações que o habilitado deve ter como teoria aprendida durante o processo de habilitação. E saber interpretar e respeitar na pratica; pelas ruas, avenidas e esquinas.

ANÍSIO MARINHO NETO, 1º procurador de Justiça, professor e membro da ALEJURN, IHGRN e UBE (anisiomarinho@unp.br).

Campanha da Fraternidade 2015 Trazendo para uma grande proposta de engajamento espiritual o tema "Fraternidade: Igreja e Sociedade" e o adequado lema "Eu vim para servir" (cf. Mc 10, 45), a Campanha da Fraternidade (CF) 2015 buscará recordar a vocação e missão de todo o cristão e das comunidades de fé, a partir do diálogo e colaboração entre Igreja e Sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. Temos então que a Igreja Católica divulgou no último dia 18 de março, quarta-feira de Cinzas, que marcou o início da quaresma, como faz anualmente na sua tradição a Campanha da Fraternidade 2015, já que é um tempo propício para reflexão e conversão para uma vida melhor integrada entre a Igreja e a sociedade. O texto base utilizado para auxiliar nas atividades da CF 2015 já está disponível nas Edições CNBB. O documento reflete a dimensão da vida em sociedade que se baseia na convivência coletiva, com leis e normas de condutas, organizada por critérios e, principalmente, com entidades que "cuidam do bem-estar daqueles que convivem". A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) considera a proposta fundamental e na apresentação do texto, o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, explica que a Campanha da Fraternidade 2015 convida a refletir, meditar e rezar a relação entre Igreja e sociedade. "Será uma oportunidade de retomarmos os ensinamentos do Concílio Vaticano II. Ensinamentos que nos levam a ser uma Igreja atuante, participativa, consoladora, misericordiosa, samaritana. Sabemos que todas as pessoas que formam a sociedade são filhos e filhas de Deus. Por isso, os cristãos trabalham para que as estruturas, as normas, a organização da sociedade estejam a serviço de todos", comenta dom Leonardo. Ainda de acordo com texto base da CNBB, autora da campanha, será necessário que a Igreja e a sociedade se doem a causa do servir. O texto base está organizado em quatro dimensões. Na primeira parte são apresentadas reflexões sobre "Histórico das relações Igreja e Sociedade no Brasil", "A sociedade brasileira atual e seus desafios", "O serviço da Igreja à sociedade brasileira" e "Igreja - Sociedade: convergência e divergências". Na segunda parte é aprofundada a relação Igreja e Sociedade à luz da palavra de Deus, à luz do magistério da Igreja e à luz da doutrina social. Já a terceira parte propõe um debate para uma visão social a partir do serviço, diálogo e cooperação entre Igreja e sociedade, além de refletir sobre "Dignidade humana, bem comum e justiça social" e "O serviço da Igreja à sociedade". Nesta parte, o texto aponta sugestões pastorais para a vivência da Campanha da Fraternidade nas dioceses, paróquias e comunidades. A derradeira parte do texto base apresenta os resultados da Campanha da Fraternidade de 2014, os projetos atendidos por região, prestação de contas do Fundo Nacional de Solidariedade de 2013 (FNS) e as contribuições enviadas pelas dioceses, além de histórico das últimas Campanhas e temas discutidos nos anos anteriores. Assim nós Cristãos, e principalmente nós Agentes Pastorais Missionários temos a obrigação de perguntarmos: Como é para nós vivermos em família para servir ao próximo? Na nossa casa, na nossa família, na nossa Igreja, por exemplo? O casal e os filhos devem mirar-se no exemplo da formação dos gansos em voo. Observamos quando os gansos selvagens voam em formação "V", eles o fazem a uma velocidade 70% maior do que se estivessem sozinhos. Eles trabalham em equipe para servir. Quando o ganso está no ápice do "V" se cansa, ele passa para trás da formação e outro se adianta para assumir a ponta. Eles partilham a liderança. Quando algum ganso diminui a velocidade, os que vão atrás grasnam, encorajando os que estão à frente. Eles são amigos. Quando um deles, por doença ou fraqueza, sai de formação, outro, no mínimo, se junta a ele, passando a ajudá-lo e a protegê-lo. Eles são solidários. Sendo parte da família, nós podemos produzir muito mais, e mais rapidamente. A qualquer instante, também podemos ser indicados para liderar a família. Palavras de encorajamento e apoio inspiram e energizam aqueles que estão na linha de frente, ajudando-os a manter o comando, mesmo com as pressões e cansaço do dia a dia, devemos estar sempre prontos para servir ao próximo. E, finalmente, mostrar compaixão e carinho efetivo por nossos semelhantes é uma virtude que devemos cultivar em nossos corações. Sempre que vemos uma formação de gansos voando em "V", devemos lembrar que é uma recompensa, um desafio e um privilégio ser membro da maior e mais importante equipe da sociedade: a família. E esta deve integralmente estar alinhada com a Igreja e ao serviço de ajudar o próximo.

NOTÍCIAS QUE OS OUTROS PUBLICARÃO AMANHÃ

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Política

Segunda-feira

Natal, 23 de fevereiro de 2015

O Jornal de HOJE 3

De Agripino para George: ‘Falta R$ 700 mil para dar o mesmo que deu a Iberê’ RÉU DA SINAL FECHADO DETALHE CONVERSA COM SENADOR E AFIRMA QUE, CHANTAGEADO, PROMETEU PROPINA MILIONÁRIA CIRO MARQUES REPÓRTER DE POLÍTICA

Vítima de uma chantagem do senador José Agripino Maia, presidente nacional do DEM. Foi assim que o advogado George Olimpio afirma ter se sentido quando encontrou o parlamentar no apartamento dele em Natal e aceitou pagar R$ 1,150 milhão para manter o projeto de implantação da inspeção veicular no Estado - processo criminoso denunciado em 2011, pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte, na Operação Sinal Fechado. O detalhamento desse “sentimento” foi relevado em reportagem especial exibida pelo Fantástico, da Globo, na noite deste domingo. “Subimos para a parte de cima do apartamento do senador José Agripino e começamos a conversar e ele disse que: George, a informação que nós temos é que você deu R$ 5 milhões para a campanha de Iberê. Eu dei R$ 1 milhão para a campanha de Iberê. ‘Pois é e tal... como é que você pode participar da nossa campanha?’ Eu falei: R$ 200 mil, tenho condição de te conseguir esse dinheiro já. Na semana que vem eu te dou R$ 100... Aí ele disse: ’pronto, aí vai faltar R$ 700 para você dar a mesma coisa que deu para a campanha de Iberê’”, narrou George Olimpio em vídeo

feito pelo MPRN durante a delação premiada. “Para mim, aquilo foi um aviso bastante claro que, ou você participa, ou perde a inspeção. Uma forma muito sutil, mas uma forma de chantagem. R$ 1,150 milhão foram dados em troca de manter a inspeção”, acrescentou o réu na reportagem especial, repercutida nos principais sites de notícias do País, como o Globo.com. É importante ressaltar que essa não foi a primeira vez que José Agripino foi citado na investigação da Operação Sinal Fechado, deflagrada pelo MPRN em 2011 para desbaratar o esquema criminoso montado no Estado para implantar a obrigatória inspeção veicular. Em 2012, outro réu do processo, Alcides Barbosa, também afirmou que o presidente nacional do DEM tinha cobrado R$ 1 milhão para manter o projeto de implantação no governo da correligionária Rosalba Ciarlini, que se iniciaria em 2011. O depoimento de Alcides, que corroborava o de outro réu, José Gilmar, conhecido como Gilmar da Montana (prestado em 2011, mas alvo de um pedido de desconstituição pelos advogados dele), foi alvo de críticas e da negativa do próprio George Olimpio, que na época não tinha assinado o acordo de delação premiada. George, acusado pelo

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Réu George Olimpio e trechos do depoimento dele ao Ministério Público do RN foram exibidos no Fantásico deste domingo. Senador denunciado negou ter pedido a propina de R$ 1,1 milhão MPRN de ser o mentor do grupo criminoso, disse que eram mentirosas todas as declarações de Alcides, tanto as que acusavam ele, quanto as sobre José Agripino. E foi justamente essa declaração da época de George Olimpio que o senador potiguar se utilizou para pregar a inocência na matéria exibida pelo Fantástico. Em Miami, nos Estados Unidos, José Agripino

confirmou ao Fantástico que conhecia George Olimpio, que seria parentes de amigos do pai do senador. Confirmou também que George o visitou na casa dele, em Brasília, e no apartamento dele em Natal. “Eu nunca pedi nenhum dinheiro, nenhum valor a George Olimpio conforme ele próprio declarou em cartório, não me deu R$ 1 milhão em hipótese nenhuma”, afir-

mou José Agripino, acrescentando que é “uma infâmia, uma falta de verdade. É completamente falso e faltando com a verdade”, afirmou José Agripino em entrevista. Diferente do que disse na época, George Olimpio agora garante que Agripino pediu propina e, por isso, o depoimento já foi enviado para a Procuradoria-Geral da República, que detém os direitos de investiga-

ção dos senadores - por ter foro privilegiado. “George estava se sentindo abandonado pelos comparsas, pelos demais membros da organização criminosa, e temendo ser responsabilizado criminalmente sozinho, ele procurou o Ministério Público querendo colaborar para ter a obtenção de alguma espécie de benefício”, relembrou a promotora do Patrimônio Público, Keiviany Sena.

“De quanto é que seria essa ajuda? Aí Ezequiel diz: uns R$ 500 mil” Presidente nacional do DEM, José Agripino não foi a única liderança política citada na reportagem por envolvimento na Operação Sinal Fechado. Os ex-governadores Wilma de Faria e Iberê Ferreira, ambos do PSB, e o atual presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira, do PMDB, também apareceram na matéria exibida neste domingo. O nome do deputado estadual, inclusive, surge em trecho exibido da delação premiada de George Olimpio, assinada no ano passado. “Aí eu digo: de quanto é que seria essa ajuda? Aí Ezequiel me diz: George, uns R$ 500 mil. Eu tenho como pagar R$ 300 mil. Eu dou R$ 150 quando foi aprovado e os outros R$ 150 você me divide em três vezes”, contou George Olimpio em vídeo de depoimento prestado ao Ministério Público do RN, após a assinatura da delação premiada. Segundo o depoimento de

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Ezequiel Ferreira teria cobrado R$ 500 mil para agilizar aprovação de matéria, mas aceitou receber apenas R$ 300 mil de George Olimpio, apontado como líder do grupo da inspeção veicular no RN George Olimpio, Ezequiel Ferreira teria oferecido “ajuda” na aprovação da matéria que tornava obrigatória a inspeção veicular no RN em troca de dinheiro. Por isso, foi denunciado na última sexta-feira pelo procurador-geral de Justiça,

Rinaldo Reis, na última sexta-feira, por corrupção passiva. “A lei foi aprovada com a dispensa de toda a burocracia legislativa. Não tramitou em nenhuma comissão temática da Assembleia”, ressaltou o procurador-geral Rinal-

do Reis, acrescentando que, além do depoimento de George, há também contra o presidente da Assembleia Legislativa documentos que comprovariam o contato com o réu e o pagamento de propina. Lembra-se que, apesar do valor

ter sido pago a Ezequiel Ferreira, a inspeção veicular nunca chegou a funcionar, porque ainda em 2011 o MPRN descobriu todo o esquema e denunciou 34 envolvidos, entre eles, George Olimpio, os exgovernadores Wilma de Faria e Iberê Ferreira, e empresário Lauro Maia e o suplente de senador João Faustino. WILMA, IBERÊ E LAURO A reportagem também relembrou que esquema da propina teria sido negociado na residência oficial da então governadora e hoje viceprefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB), e o acerto teria sido feito com o filho dela, Lauro Maia - condenado em 2013 na Operação Hígia, por também acertar o recebimento de propina na residência oficial da governadora, mas de contratos ligados a terceirizadas da saúde. Ele começou ainda antes da inspeção veicular. "O instituto (lidera-

do por George Olimpio) tinha função de cobrar uma taxa de cada carro financiado no Rio Grande do Norte, mas segundo o MPRN, nessa taxa, estava embutido o custo da propina", afirmou o reportar Maurício Ferraz, do Fantástico. Segundo George Olimpio, de cada contrato, ia uma média de R$ 15 para o "Governo", o que dava cerca de R$ 75 mil por mês para eles. O valor era pago ao então diretor do Detran/RN, Erico Valério Ferreira, e continuou mesmo com a saída de Wilma e a chegada ao Governo de Iberê Ferreira de Souza (PSB), hoje falecido. Em nota, Wilma de Faria afirmou que considera qualquer "citação nesse contexto como uma ilação caluniosa, injusta, desrespeitosa e antidemocrática". Lauro Maia afirmou que desconhece o conteúdo da delação de George Olimpio, mas adiantou que repudia qualquer afirmação de que teria participado de esquema criminoso.

Túlio Lemos POLÍTICA - TÚLIO LEMOS FANTÁSTICO A matéria do Fantástico sobre o esquema da Sinal Fechado no RN, parou a classe política potiguar. As declarações de George Olímpio em relação a Wilma de Faria, Ezequiel Ferreira e José Agripino, repercutiram bastante no Estado e também fora daqui.

tuliolemosjh@gmail.com / @tuliolemosrn

oposição. No momento atual, de fragilidade do Governo Dilma, era tudo que o PT queria para enfraquecer o nome de um dos principais líderes da oposição.

WILMA Em relação a Wilma de Faria, a residência oficial da então governadora voltou a ser noticiada como local de 'tratativas' do filho Lauro Maia. Mais um fato negativo para a Guerreira contabilizar como desgaste em sua imagem.

DEFESA José Agripino fez sua defesa amparado em duas verdades: O depoimento de George Olímpio, registrado em cartório, desmentindo qualquer pedido de propina e o arquivamento da investigação pelo Ministério Público Federal. Duas situações vinculadas. Só houve o arquivamento porque ocorreu o desmentido do denunciante. O que o pai de Felipe disse é verdade. Mas houve fato novo em relação ao tema.

EZEQUIEL No caso de Ezequiel Ferreira, as palavras de George Olímpio são muito fortes contra o presidente da Assembleia. A repercussão de um fato como esse fragiliza o chefe de um poder. Sua situação poderá ficar complicada como gestor do Legislativo.

MUDANÇA O fato novo foi justamente a mudança de postura de George Olímpio. Outrora na condição de negar qualquer esquema e proteger todos os envolvidos, o empresário decidiu delatar o intestino do negócio para minimizar sua situação no processo. Isso mudou tudo.

ERICO Fato novo na reportagem do Fantástico foi a parte em que o ex-diretor do Detran, Érico Ferreira, aparece em vídeo recebendo dinheiro. Imagens fortíssimas que destroem qualquer reputação.

DELAÇÃO Naturalmente que a palavra do delator não é verdade absoluta. Precisa de nexo com a realidade e consistência em relação aos fatos. O Ministério Público entendeu que o empresário falou a verdade, a partir da riqueza de detalhes que apresentou e outros elementos que fundamentaram seu depoimento.

AGRIPINO O senador José Agripino talvez tenha sido o mais prejudicado com a reportagem do Fantástico, devido a sua condição de presidente de um partido e líder nacional da

ABERTURA Com a delação do principal operador do esquema da inspeção veicular, claro que

há possibilidade de haver desarquivamento da investigação contra Agripino. Há fatos novos que justificam novo procedimento. E a mídia nacional vai cobrar do procurador-geral da República que investigue o caso. FINAL O senador José Agripino não é contumaz protagonista de escândalos. Pelo contrário; sua vida pública local e nacional tem sido pautada na cobrança de postura ética e honestidade nos procedimentos de seus adversários. Apenas dois episódios maculam essa trajetória: O Rabo de Palha, no início da carreira e a propina da Sinal Fechado no fim da mesma carreira. PEDIDO Segundo George Olímpio, José Agripino teria feito a comparação com o que o esquema teria dado para a campanha de Iberê. Ao dizer que a quantia havia sido de R$ 1 milhão, o pai de Felipe teria dito que queria o mesmo valor. Agripino não nega os encontros com Olímpio, mas repudia que tenha pedido dinheiro. FALSIFICAÇÃO O fato mais importante visto pelos promotores que investigaram o caso da Sinal Fechado para livrar o governador Robinson Faria de qualquer participação no esquema foi a comprovação que falsificaram a assinatura do então presidente da Assembleia para dar prosseguimento ao projeto sem tramitação normal.

QUEM? O problema é que a falsificação da assinatura de Robinson foi comprovada por perícia do ITEP; mas ninguém sabe quem falsificou. Quem terá sido o autor da falsificação? E por que Robinson não reclamou que sua assinatura havia sido falsificada? DEFESA Dois deputados estaduais prestaram depoimento em defesa de Robinson Faria: José Dias e Getúlio Rêgo. Ambos estão na oposição ao seu Governo. VALOR O esquema de corrupção da inspeção veicular, assim como todo esquema de corrupção, não se apega a partido ou grupo político; os corruptos fazem acordo com quem está no poder e pode fazer o esquema funcionar. Foi assim na inspeção. Começou com um grupo e passou para outro. OPOSIÇÃO O esquema da inspeção nasceu no Governo Wilma de Faria; quando a mãe de Lauro deixou o Governo para ser candidata ao Senado, a gangue mirou em seu sucessor, Iberê Ferreira; quando o pai de Joca perdeu a eleição, o esquema 'pulou' para Rosalba, a vitoriosa no pleito. Ou seja: não há filiação ou oposição e governo; o que vale é quem está mandando no momento. GOVERNO Justamente pelo fato de que havia um novo Governo, é que George Olímpio foi ao

encontro do senador José Agripino, para que as portas da nova gestão fossem abertas para o esquema. Tanto é assim que o primeiro diretor do Detran de Rosalba, Érico Ferreira, foi envolvido pelo esquema e denunciado pelo MP. DENÚNCIA Outro que, na avaliação do Ministério Público participou do esquema foi Delevan Gutemberg, então diretor do DER na gestão Wilma de Faria. Vai virar réu da operação Sinal Fechado a partir da denúncia do Ministério Público. CITADO A revista Veja deste final de semana citou o nome do ex-deputado Henrique Alves como provável integrante da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Segundo a revista, o filho de Aluízio poderá ser denunciado por participação no esquema do petrolão, a corrupção na Petrobras. DERROTA O governador Robinson Faria tem sido criticado por alguns integrantes do exército de combate do tempo das vacas magras. Aturma reclama de desatenção; o pior, dizem alguns, é que ele tem se aproximado de gente que tentou derrotá-lo e se afastou de quem lutou pela sua vitória. O problema é que, quem chega ao Governo, erra ao não permitir que sua turma sinta o gosto da vitória e os adversários sintam o amargo sabor da derrota. Às vezes, as posições se invertem. Pode ser o caso atual.


Política

Natal, 23 de fevereiro de 2015

4 O Jornal de HOJE

Walter Gomes DE BRASÍLIA - walgom@uol.com.br JOAQUIM PINHEIRO - jtpinheirojh@gmail.com - (INTERINO)

Inversão de prioridades Em meio à crise motivada por seguidas denúncias de corrupção no governo petista, a presidente Dilma Rousseff iniciará uma série de visitas a Estados Brasileiros, prioritariamente do Nordeste onde detém majoritariamente o controle, através do descaracterizado Bolsa Família. >>> Nas visitas, a petista vai inaugurar algumas obras, provavelmente ainda inacabadas, e entregar casas populares do programa "Minha Casa, Minha Vida", um dos poucos que têm alcance social, apesar de também sofrer denúncias, fala-se, de superfaturamento. >>> Mas, a obra que Dilma Rousseff deveria entregar é a do São Francisco (Integração de Bacias) objetivando trazer água para a população nordestina que vive um momento crucial em razão da seca. Dilma Rousseff deveria vir ao Nordeste inaugurar poços tubulares para melhorar a oferta d’água no campo e nas cidades. Dilma Rousseff deveria vir ao Nordeste entregar novas cisternas para armazenamento de água, garantindo assim, o abastecimento das residências ruralistas durante, pelo menos, metade do ano. Dilma Rousseff deveria vir ao Nordeste entregar dessalinizadores para transformar água salobra em água doce para o consumo humano. >>> Entretanto, a presidente vem ao Nordeste numa visita marqueteira para entregar casas como forma de melhorar sua baixa aprovação popular. O nordestino também precisa de casas, mas a prioridade agora é água para beber.

POSSIVELMENTE 2018 O deputado Walter Alves, integrante da nova geração da política do Rio Grande do Norte e filiado do PMDB, tem assegurado em conversas particulares que não pretende disputar a Prefeitura de Natal nas eleições do próximo ano. Está, portanto, se confirmando a tese do prefeito de Espírito Santo, Chico Araújo que afirmou recentemente em entrevista a’O JORNAL DE HOJE que o peemedebista filho do senador Garibaldi Filho deve ser preservado para desafios futuros. Possivelmente o Governo do Estado em 2018.

ABSURDO Um morador de Monte das Gameleiras construiu uma pocilga em cima da serra conhecida como "caridade", um local bonito e de grande potencial turístico que deve ser preservado. É um crime ambiental que deve merecer a atenção do Idema, Ministério Público e Defesa Sanitária. Onde anda o prefeito do município que não coíbe esse abuso?

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PERGUNTAR NÃO PAGA IMPOSTO CURIOSIDADE, APENAS. Você, leitor/eleitor, decidiu ir às ruas pacificamente protestar contra os desmandos do governo petista no próximo dia 15 de março?

LEITURA DINÂMICA

t Líderes do PMDB deverão se reunir com o prefeito de Natal, Carlos Eduardo essa semana. Vão discutir sobre a participação do partido na administração municipal. O PMDB deverá receber 3 secretarias em troca do apoio à reeleição de Carlos Eduardo. t Com isso, o partido, presidido no Estado pelo ex-deputado Henrique Eduardo, descarta totalmente a possibilidade de ter o deputado Hermano Morais como candidato a prefeito nas eleições do próximo ano. t Vivaldo Costa, deputado do PROS, partido presidido pelo deputado Rafael Motta, será mesmo candidato a prefeito de Caicó em 2016. Vivaldo pretende conversar com todos os demais partidos, menos com o PMDB do prefeito Roberto Germano. t Pré-candidato a prefeito de Natal, o deputado Kelps Lima poderá ser a surpresa do futuro pleito municipal. Ele está preparando o "Exército Solidariedade" para combater o inimigo. t Integrantes da Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel elegeram sua nova diretoria para o triênio 2015 a 2018. O poeta José Acaci, substituirá a poetisa Rosas Régis na presidência da instituição. t Em parceria com a Semsur e Funcarte, o poeta Paulo Varela vai inaugurar no espaço da árvore de Natal/Mirassol o "Reduto das Artes". Uma das atrações será o "Café da Manhã com Viola", todos os sábados das 7 às 11 horas. Terá também

self service com produtos da gastronomia potiguar ao som de músicas regionais, poesias, repentes e artes. Inauguração: 28 de fevereiro. t O poeta/cordelista, Marciano Medeiros proferiu palestra na aula inaugural durante abertura da Semana Pedagógica de Umarizal. Evento aconteceu na Câmara Municipal de Natal nessa segunda-feira. Marciano Medeiros atendeu convite do secretário Municipal de Educação, Francibergue Silva. t "Pescador de Sonhos" é título do novo CD do compositor e flautista, Carlos Zens. Será lançado na próxima quinta-feira às 20 horas no Teatro Alberto Maranhão. t Mais um nome na disputa por uma vaga na Câmara Municipal de Natal. Trata-se do autointitulado "observador político" Leão João. t “A Saúde como Direito Constitucional” será tema de palestra do advogado Paulo Lopo Saraiva durante Coloquio de Direito LusoBrasileiro que ocorrerá em Portugal. Datas: 09 e 10 de março. t “Narrativas Seridoences” é título do livro de autoria do escritor e advogado, Francisco de Assis Medeiros (dr. Chiquinho). O livro será autografado no próximo dia 6 às 19h na livraria Saraiva no Midway Mall. t Para refletir: "A prisão não são as grades e a liberdade não é a rua. Existem homens presos nas ruas e livres na prisão. É uma questão de consciência". (Mahatma Gandhi)

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Segunda-feira

Jurista Erick Pereira critica “inércia” de entidades no debate da reforma política MATÉRIA PRECISA SER AMPLAMENTE DISCUTIDA POR ENTIDADES REPRESENTATIVAS Heracles Dantas

ALEX VIANA REPÓRTER DE POLÍTICA

O advogado Erick Pereira criticou nesta manhã a "inércia" de entidades civis, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação dos Magistrados Brasileiro (AMB), Associação do Juízes Federais (AJUFE) e Associação dos Magistrados Trabalhista (AMATRA) no debate sobre a reforma política. Segundo ele, tais entidades estariam mais preocupadas com discussões menores e meramente corporativas, a exemplo da PEC da Bengala, do que propriamente em debates republicanos como a reforma política estruturante. No momento, a grande expectativa que se tem, em Brasília, na avaliação de Erick Pereira, diz respeito à reforma política. O Senado, nesta terça-feira, fará uma reunião temática para discutir a reforma. O encontro terá a presença do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. A audiência irá discutir e esclarecer pontos da reforma política. Para o advogado, que é professor e doutor em Direito Constitucional, a iniciativa é de suma importância, mas precisa da participação efetiva de entidades relevantes e respeitadas na sociedade brasileira como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação dos Magistrados Brasileiro (AMB), Associação do Juízes Federais (AJUFE) e Associação dos Magistrados Trabalhista (AMATRA) que sempre estiveram na vanguarda de discussões basilares da democracia nacional. "Não se pode perder na mesquinharia do corporativismo" é ficar mais preocupadas com problemas de ordem secundária, como a PEC que prevê o aumento de 70 para 75 anos de idade do limite para aposentadoria. A sociedade espera uma reforma política que traga benefício direto para o cidadão brasileiro e, não para meia dúzia de magistrados. Nesse caso, de acordo com

Erick Pereira: “Ou o político leva com seriedade a reforma política, ou nós passaremos quatro anos com esse jogo de cena” Erick, os interesses gerais da sociedade brasileira, configurados neste instante na necessidade de uma urgente reforma política estruturante, estão em segundo plano. O professor explica que é de fundamental importância, para que se aprove uma reforma política, a boa vontade da classe política brasileira, o que só ocorrerá com uma maior participação da sociedade civil organizada, através de suas entidades. "A retórica de ficar se reunindo, discutindo e arquivando projetos de leis, projetos de emenda, já vem desde o governo João Goulart. Ou o político brasileiro, nesse início de legislatura, aproveita para dar uma satisfação a quem votou nele, e leva com seriedade o tema reforma política, ou nós passaremos quatro anos com esse jogo de cena", acredita.

"O que estamos vendo é sempre um jogo de retórica da classe política, e esse jogo esbarra nos interesses de cada um. Tem que pensar republicamente, no fortalecimento do Estado e da federação. Os políticos foram eleitos para isso. E não apenas para pensar nos seus problemas individuais." frisou. PROBLEMAS Ainda segundo o advogado Erick Pereira, alguns pontos da reforma política são associados a outros. Ele diz, por exemplo, que é impossível discutir financiamento público de campanha sem que por essa discussão passe por tópicos como lista fechada, distritão ou fim das coligações. Assim como não há como debater cláusula de barreira sem um aprofundamento de questões relacionadas ao pluralismo partidário e eleições proporcio-

nais. "Um tema é ligado a outro. Por isso que as mini-reformas não solucionam os problemas da República, mas apenas os dos políticos", frisa. Erick Pereira está convencido de que só existem duas reformas, a política e a dos políticos. "Acho que nesse momento é fundamental a participação do cidadão. Até para entender quem tem interesses republicanos e que tem interesses palacianos", distingue. E aqui volta-se à importância de entidades civis, apagadas na sua atuação no momento. "O cidadão participa das discussões e debates através das ONGS, entidades civis organizadas, como CNBB, ABI, OAB, que são órgãos que podem mobilizar a sociedade. Mas esses órgãos estão inertes com relação à participação do cidadão e ao mesmo tempo com relação à cobrança dos políticos."

Professor deixa claro que atual momento da República exige grandeza da sociedade "Associações sindicais estão se mobilizando em torno da PEC da Bengala por interesses corporativos, enquanto o Brasil precisa de interesse republicano como a reforma política estruturante. É essa a mesquinharia que se começa a enxergar através da atuação das entidades, que, ao invés de levantar temas que

discutam problemas de formação do Estado e governo, com esta crise que se está vivenciando, estão preocupadas com picuinhas de interesses corporativos", afirma Erick. "Se é esse nível de preocupação institucional e de responsabilidade institucional que vemos a partir dessas entidades, vamos esperar o que

dos políticos que estão em Brasília, se os órgãos que são os interlocutores da sociedade não sabem bem o que é reforma política porque estão preocupados com a PEC?", questionou. Erick cobra, por fim, maior amadurecimento dos dirigentes de entidades, para que saibam chegar

até aos deputados e senadores e cobrar uma reforma que traga benefícios para o cidadão. "Devemos discutir agora se o juiz deve se aposentar com 75 anos, ou discutir representatividades, coligações, diminuição da corrupção no Brasil e caixa dois de campanha?", questiona.

> NA CÂMARA MUNICIPAL

Maurício Gurgel vai cobrar concurso público para a Câmara de Natal O vereador Maurício Gurgel, do PHS, afirmou na manhã de hoje existir uma expectativa positiva com relação a atual gestão da Câmara Municipal de Natal e em razão disso vai fazer um pronunciamento nesse início de trabalhos legislativos para cobrar a realização do concurso público, resultado de emenda de sua autoria aprovada em 2013, que segundo ele, tinha prazo de 1 ano para ser implementada. "Existem alguns setores da Casa precisando de pessoal técnico, inclusive para o setor médico, que o novo presidente, Franklin Capistrano anunciou sua ativação e funcionamento na sua plenitude", justifica o vereador. Maurício Gurgel lembra que o último concurso público na Câma-

ra Municipal de Natal foi realizado há 9 anos para preenchimento de cargos de assessor jurídico, daí a necessidade da realização de novos concursos para atendimento da demanda. Sobre os trabalhos legislativos deste ano o vereador Maurício Gurgel entende que serão movimentados em razão de matérias polêmicas que estão na pauta para discussão e votação. Ele cita como exemplo o Plano Diretor e reenvio do projeto de revisão do Código Tributário. "Teremos também o debate sobre a licitação dos transportes coletivos", ressalta o vereador do PHS. POSICIONAMENTO O vereador Maurício Gurgel,

que é considerado um político integrante da nova geração, tem tido um posicionamento de independência no plenário da Câmara Municipal de Natal com relação ao governo municipal, entretanto, avalia que

vota favorável à matérias de interesse da coletividade. Assíduo aos trabalhos, Maurício Gurgel tem se constituído num parlamentar ativo e participante nos debates daquela Casa Legislativa. (JP)


Política

Segunda-feira

Natal, 23 de fevereiro de 2015

O Jornal de HOJE 5

ITEP confirma que “esquema” da Inspar falsificou assinatura de Robinson Faria PERÍCIA

GRAFOTÉCNICA ATESTA QUE DESPACHO QUE PERMITIU A TRAMITAÇÃO MAIS RAPIDA NA

Perícia grafotécnica do Instituto Técnico e Científico de Polícia do Rio Grande do Norte (ITEPRN), revelada na última sexta-feira pelo Ministério Público do RN, atesta que a assinatura constante do despacho que incluiu o projeto de lei 2848/2009 na pauta para votação com dispensa de tramitação, de interesse do grupo criminoso investigado na Operação Sinal Fechado, não era do então presidente da Assembleia, o hoje governador Robinson Faria (PSD). A matéria foi à pauta da sessão plenária do dia 15 de dezembro de 2009, após deliberação do Colégio de Líderes. A assinatura do então presidente chancelaria a participação dele no esquema. E segundo o procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis Lima, "não partiu do punho escritor de Robinson Faria, tendo esta assinatura sido objeto de uma 'falsificação do tipo imitativa'". "Isso quer dizer que, no despacho que documenta a dispensa de tramitação, de responsabilidade do Presidente da Assembleia, a assinatura ali aposta não é a do vicegovernador Robinson Faria, então Presidente da Assembleia Legislativa, sendo possível concluir que o referido parlamentar não participou do ato, e que alguém, sem discriminar a sua posição, assinou a dispensa de tramitação, como se

Heracles Dantas

Wellington Rocha

ALEX VIANA REPÓRTER DE POLÍTICA

AL

Promotores em entrevista coletiva sobre a Sinal Fechado: a denúncia contra Ezequiel Ferreira e o arquivamento do processo contra Robinson Faria, ex-presidente da AL fora o Presidente da Casa", diz o procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis Lima. Na última sexta-feira, Rinaldo promoveu o arquivamento parcial dos autos do procedimento investigatório da Operação Sinal Fechado no que toca à parte que apurava a participação do governador do Rio Grande do Norte, na época presidente da Assembleia Legislativa, Robinson Faria. O procurador conclui que os fatos narrados no depoimento de George Olímpio, que apontariam para a partici-

pação do então presidente da AL, "não encontram suporte probatório mínimo em relação ao investigado Robinson Faria, a justificar o oferecimento da denúncia em relação a ele, fazendo-se imperativo o arquivamento parcial do presente Procedimento Investigatório Criminal por ausência de justa causa". HISTÓRICO Segundo depoimento do empresário e advogado George Olímpio, o na época deputado estadual Ezequiel Ferreira de Souza teria

lhe dito que, para obter a aprovação do projeto de lei de interesse do grupo na Assembleia Legislativa, necessitaria do apoio do então presidente da Casa, Robinson Faria. "No depoimento prestado pelo corruptor em decorrência do acordo de colaboração premiada firmado com o Ministério Público Estadual, Robinson Faria é citado como beneficiário indireto da propina que foi paga a Ezequiel Ferreira de Souza para interceder junto aos demais parlamentares em prol da aprovação da Lei 9.270/09", afirma o pro-

curador. "Ainda neste depoimento, o colaborador reconhece jamais ter tratado do assunto com o governador eleito, e que esta notícia implicando o nome do ex-presidente da Assembleia foi referida por Ezequiel Ferreira de Souza, que afirmou necessitar da colaboração do então Chefe da Casa para atingir o fim visado pelo grupo criminoso liderado por George", relata Rinaldo. Ao investigar o fato, o Ministério Público concluiu, porém, que, em relação a Robinson

FOI FRAUDADO

Faria, "não há prova direta do fato criminoso, motivo pelo qual há de se perquirir a sua autoria por meio de indícios, valorando assim os elementos secundários que circundam a prática delituosa". Sob este enfoque, a suposta adesão do então presidente da Assembleia ao intento criminoso do grupo que criou o Consórcio INSPAR estaria na suposta ascendência política do Chefe da Casa sobre o Colégio de Líderes, órgão interno do Poder Legislativo Estadual que detém a competência para "dispensar exigências e formalidades regimentais para agilizar a tramitação das proposições". De acordo com o procuradorgeral, era de se crer que sem o interesse e esforço do Presidente da AL, que à época era adversário político do governo, a matéria jamais receberia a tramitação em regime de urgência que tanto interessava ao grupo. No entanto, ressalva Rinaldo, o único meio de prova a apoiar esta versão que estende o pagamento da vantagem indevida ao ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado é, tão somente, a citação indireta contida nas declarações de George Olímpio, "as quais, todavia, não foram confirmadas com o resultado das diligências de checagem determinadas ao longo da instrução do presente procedimento investigatório criminal".

Getúlio e Zé Dias defenderam Robinson em depoimento No curso do procedimento investigatório criminal contra Robinson, tomou-se o depoimento dos deputados estaduais José Dias (PSD) e Getúlio Rego (DEM), os quais, segundo o Ministério Público, trouxeram três esclarecimentos fáticos importantes acerca do funcionamento interno dos trabalhos na Assembleia, pontuando aspectos que findaram por debilitar a consistência da ilação apresentada por George Olímpio contra Robinson. Tal ilação consistia no fato de que a dispensa dos trâmites pelas comissões temáticas, de um dado projeto de lei, exigiria, necessariamente, ato funcional do Presidente da Casa, o que terminaria implicando Robinson Faria no crime de corrupção passiva atribuído a Ezequiel Ferreira de Souza. "Com efeito, ao contrário daquilo que foi suposto pelo colaborador (George Olímpio), os dois deputados ouvidos pelo Ministério Público Estadual foram uníssonos em pontuar que qualquer uma das lideranças na Casa tem a prerrogativa de convocar a reunião do Colégio de Líderes, com vistas a obter a dispensa da tra-

mitação ordinária de uma determinada proposição legislativa. Além disso, o Presidente da Assembleia não preside e nem vota na Reunião de Lideranças e tampouco tem o poder de se opor às deliberação nela tomadas. Por fim, é praxe na citada Casa Legislativa, no final do ano legislativo, a votação em massa de diversos projetos de lei em regime de urgência, tal como ocorreu com o PL 203/09, com objetivo de esvaziar a pauta para o ano seguinte". Na visão do procurador-geral de Justiça, portanto, todos esses fatores, analisados em conjunto, demonstram que a atuação do então Presidente da Assembleia Legislativa não constituía "conditio sine qua non" para que o Colégio de Líderes deliberasse por submeter o PL 203/09 à tramitação em regime de urgência, atendendo, assim, ao plano da organização criminosa, que era lograr a aprovação da matéria ainda no ano de 2009. "É que a praxe legislativa na Assembleia do Estado reserva ao seu Presidente, no particular, um papel de distanciamento e respeito à autonomia das decisões tomadas na Reu-

Fotos: José Aldenir

Getúlio Rêgo e José Dias foram ouvidos pelo Ministério Público do RN e afirmaram que Robinson Faria não teria tido participação na dispensa de tramitação da lei nião de Lideranças, motivo pelo qual não era essencial à consecução do objetivo da organização criminosa a adesão do então Chefe da referida Casa Legislativa ao projeto de lei da inspeção veicular", afirmou Rinaldo Reis Lima. RESISTÊNCIA Por fim, ainda conforme o pro-

curador geral de Justiça, os deputados Getúlio Rego e José Dias afirmaram em seus depoimentos que não foram procurados pelo então Presidente Robinson para tratar dessa matéria, podendo-se destacar que eles não faziam parte da base governista e seriam exatamente eles, dentre os integrantes do colégio de líderes, os deputados que, em tese, manifesta-

riam resistência à matéria e haveriam de ser acionados pelo investigado. Rinaldo conclui o arquivamento da investigação contra Robinson salientando que a promoção deste ato não reduz a eficácia das declarações prestadas por George Olímpio, posto que teve ele a cautela de ressalvar este ponto do seu depoimento, assinalando que o

fazia na condição de testemunho indireto, com o cuidado de esclarecer que não entabulou qualquer negociação com o vice-governador, retratando, fielmente, em relação a este, a estória que lhe teria sido contada pelo deputado Ezequiel Ferreira de Souza como razão para justificar o incremento do valor da vantagem indevida solicitada.

> CRÍTICA TUCANA

Rogério: “PT transformou corrupção endêmica em método” José Aldenir

O deputado federal Rogério Marinho (PSDB) disse hoje que o Partido dos Trabalhadores transformou a corrupção, que é algo endêmico no Brasil e no mundo, em método. "Quando o PT vem para o governo, a corrupção, que era um fato endêmico, como existe no mundo inteiro, mas de forma partilhada, isolada, passa a ser sistematizada por um partido político. A acusação é que o PT transformou a corrupção em método, transformou a corrupção em uma instituição", afirmou o parlamentar em entrevista ao Jornal da Cidade (94 FM). Rogério se disse partidário do movimento que pretende mobilizar o País no próximo dia 15 de março, com o obje-

tivo de incitar o combate à corrupção. Nesse sentido, ele concentra ataques ao PT. Sua tese é de que a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), por ter sido presidente do Conselho de Administração da Petrobras, tem responsabilidade sobre os desmandos. "Pelo modelo de governança que existe no Brasil e no Mundo inteiro, qualquer decisão de um presidente de uma empresa precisa ser corroborada pelo seu Conselho de Administração já que é uma empresa que tem ações na bolsa de valores e a presidente do Conselho de Administração por todo o governo de Lula, inclusive na compra de Pasadena, na definição da construção de Abreu e Lima, e das refina-

rias Premium do Ceará e do Maranhão, a ampliação da Copel no Rio de Janeiro era a então ministra de Minas e Energia e depois chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. E se ela não teve responsabilidade por essa situação você vai mudar a lei e a jurisprudência no que é governança. Então, para mim está claro que houve a responsabilidade da presidenta nas decisões equivocadas que geraram tanto prejuízo para a companhia, como na possibilidade do superfaturamento, do sobrepreço", disse Rogério. Rogério disse que a discussão que está sendo travada hoje no âmbito do Congresso Nacional é quanto à denúncia do procurador geral da República Rodrigo Janot

que nos próximos dias estará apresentando a sua primeira peça acusatória contra agentes públicos. "Nos próximos 15 dias imagina-se que vários políticos estarão citados. É uma tristeza de vermos uma parte de nossos representantes, apesar de pequena, mas substancial, apontada como eventuais corruptores e corruptos, passivos e ativos, do nosso sistema Petrobras, da nossa administração pública. Mas nós estamos com o sentimento que é necessário mais do que nunca que todos nós, brasileiros ou brasileiras, que gostam do País, precisamos dar uma virada nisso tudo, fazer do limão uma limonada, fazer da crise uma oportunidade de mudança". (AV)

“Déficit orçamentário é o calcanhar de Aquiles do governo” Quanto ao governo Robinson Faria, Rogério afirmou estar muito cedo para avaliar. "Eu não tenho o criticado e também não tenho tampouco elogiado. Eu acho que o governo tem a necessidade de ter um tempo da maturação, pelo menos seis meses, para que nós possamos ter uma radiografia do que é o go-

verno", frisou o parlamentar, destacando que o calcanhar de Aquiles da nova gestão aparenta ser o déficit orçamentário que o tem feito utilizar recursos do Fundo Previdenciário. "Foram retirados da poupança do servidor público, dos quais R$ 200 milhões foram utilizados no ano passado e esse ano de forma siste-

mática vem sendo utilizado mês a mês para suprir o déficit orçamentário que o Governo tem na área de custeio e de pagamento de pessoal. Parece-me que esse é calcanhar de Aquiles deste governo". Sem se postar como oposicionista ferrenho, nem como governista, Rogério diz que vai aguardar para

verificar se o governo vai fazer o seu dever de casa, no sentido de prover as necessidades básicas da população, que são importantes, que é a questão da segurança pública, melhoria da qualidade da educação, considerada um desastre por ele aqui no Estado, e, sobretudo, melhoria do déficit orçamentário. "Eu imagino

que qualquer governante que sentar na cadeira de governador necessita juntar os poderes constituídos, que são autônomos, como Ministério Público, Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, para um esforço coletivo e um pacto a favor do Estado", defendeu. Apesar disso, o deputado estra-

nha que no ano passado tenha se observado o contrário: um aumento do orçamento desses poderes num quadro de escassez. "Eu não estou vendo ações para reduzir o custeio, ações para diminuir o tamanho da máquina, das secretarias, a exemplo do que a gente não via no governo federal", disse.


6 O Jornal de HOJE

Natal, 23 de fevereiro de 2015

Cidade

Segunda-feira

SME garante implantação do Passe Livre em Natal na próxima quarta-feira RECARGA DAS PASSAGENS NÃO SERÁ FEITA PELOS ALUNOS E VAI FICAR A CARGO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO O ano letivo da rede municipal de Educação de Natal começa nesta terça-feira (24) e a Secretaria Municipal de Educação (SME) garantiu que o Passe Livre será implantado a partir da quarta-feira, dia 24 de fevereiro. A Secretaria não soube precisar o número de estudantes beneficiados, pois o cadastro ainda está sendo concluído, mas o beneficio será para os estudantes do 4º ao 9º do Ensino Fundamental e que morem a mais de um quilometro de distância da escola. De acordo com a Secretaria, o custo anual para implantação do Passe Livre é de aproximadamente R$ 6 milhões. Diferentemente do estabelecido na regulamentação da lei do Passe Livre (decreto nº 10.369), em agosto passado, a recarga das passagens não será feito pelos próprios alunos. Uma divergência entre o Sindicato das Empresas de Transportes Urbano de Natal (Seturn) e a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) impediu a implantação dos sistemas validadores nas escolas, atravancando o processo. Com isso, a recarga mensal de 44 cartões ficará a cargo da SME - o que diminui o controle sobre a presença dos alunos na escola. "As máquinas não foram adquiridas por um problema de homologação junto ao Seturn", explicou a secretária municipal de educação, Justina Iva. A secretária de Educação de Natal, Justina Iva, explicou que a ideia era que o Passe Livre fosse implantado já nesta terça-feira - coincidindo com o início do ano letivo - mas houve atraso, por parte das escolas, no envio dos dados dos alunos. Das 72 escolas da rede municipal de ensino, 20, até a sextafeira passada, ainda não haviam encaminhado os dados. Diante disso, a Secretaria encaminhou os dados para o Seturn, que pediu 48 horas para entregar os cartões. "Espera-

José Aldenir

primeira seria responsável pela implantação dos validadores de passagens - como os dos ônibus coletivos - nas escolas, onde a recarga seria feita pelos próprios alunos. Já a segunda seria responsável por fazer um levantamento dos alunos que poderiam usufruir o benefício. "Esse controle pedagógico da presença, enquanto a máquina não vier, será prejudicado, mas não deixaremos de garantir a mobilidade aos alunos", afirma. Justina Iva explica que os alunos do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental - com idade de 6 a 8 anos - não serão contemplados com o Passe Livre, mas continuarão sendo assistidos pelo transporte escolar naquelas regiões que precisem e que também comprovem que morem a mais de um quilômetro de distância entre a residência e a escola. "Eles são muito pequenos para estarem andando de ônibus, por isso, decidimos não contemplá-los com o Passe Livre e sim com o transporte escolar", diz a secretária de Educação.

Wellington Rocha

Justina Iva: alunos do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental não serão contemplados com o Passe Livre, mas vão continuar sendo assistidos pelo transporte escolar

mos que dentro de, no máximo um mês, tenhamos todo esse processo concluído. Neste final de semana, por exemplo, fizemos um plantão para adiantarmos o máximo o trabalho". Justina Iva ressalta que para ter direito ao benefício, o estudante

deverá morar à distância mínima de um quilômetro entre a residência e a escola. Para isso, o aluno assinará um termo informando que reside há mais de mil metros da escola, na condição de adulto, ou o pai subscreverá o documento, no caso do aluno ser menor de idade.

"Os alunos que não entregarem esse comprovante, vão ficar sem cartão até segunda ordem", explica. O projeto de implantação do Passe Livre ficou a cargo das secretarias municipais de Mobilidade Urbana (STTU) e Educação (SME), com auxílio do Gabinete Civil. A

MELHORIAS Fotos: Wellington Rocha

Restaurantes populares passarão por mudanças Os 24 restaurantes populares existentes no Rio Grande do Norte passarão por mudanças nas próximas semanas, nos aspectos nutricionais e de organização. Criados para atender ao público carente, as unidades recebem também aposentados e servidores públicos municipais, estaduais e federais, principalmente a unidade instalada no Centro Administrativo do Estado, em Candelária. No entanto, algumas pessoas reclamam de desorganização e falta de prioridade na hora do almoço, quando servidas cerca de 800 refeições ao dia. Para o funcionário público Carlos Magno, é preciso fazer uma triagem detalhada para identificar quem é servidor ou prestador de serviços ao executivo, que também entra na fila específica para a primeira categoria. Ele, que chegou ao local por volta das 11h30, disse que desde a manhã desta segunda-feira (23) foi informado que teria que levar um documento que comprove a sua ligação com o Estado para ter direito à fila preferencial. "É preciso fazer

isso direito, porque tem muita gente se aproveitando da desorganização para tirar vantagem e entrar primeiro no restaurante", falou. O servidor Gilvan Miranda confirmou a informação e falou que antes, todos entravam na mesma fila e que o problema já teria sido comunicado à coordenação dos restaurantes, sem que nada tivesse sido feito para resolver o entrave. "Nunca nos exigiram documento ou outra coisa, só hoje. Não sei como será nos próximos dias", falou. Para o motorista Inácio Batista, além da desorganização na hora da formação da fila para entrar no prédio, outro problema que incomoda muitas pessoas é a variedade de alimentos ofertados no restaurante, que segundo ele não contempla pessoas com dietas especiais, como idosos, hipertensos e diabéticos. Ele disse que, mesmo não sendo servidor público, almoça diariamente no local. "Os alimentos são bons, mas sentimos falta de uma variedade maior de saladas, alimentos sem gordura ou com quantidades de sal e

deseje algo diferente, não se sente à vontade para pedir mudanças no cardápio, como a retirada ou inclusão de algum item, por exemplo, pelo preço que é cobrado. "Por esse preço, não podemos reclamar muito não. Mas, na verdade, eu gosto de vir para cá, trabalho sempre por aqui e a comida é boa. A fila é desorganizada sim, mas como são quase sempre as mesmas pessoas, nos entendemos. E além do mais, almoçar aqui representa uma economia boa, imagine que eu como bem pagando apenas R$ 1,00 quando, se fosse almoçar em outro local, seria no mínimo R$ 10,00", desabafou. Inácio: desorganização e filas são comuns na unidade do Centro Adminsitrativo açúcar indicados para quem sofre com pressão alta e diabetes, por exemplo. Sabemos que o Governo do Estado arca com 90% do preço final dos pratos, por isso mesmo, a qualidade e variedade deveria ser melhor", falou. Segundo o autônomo Manoel

Ribeiro, o restaurante popular é uma ajuda importante para quem vive com apenas um salário mínimo para sustentar a família e, por causa do horário de trabalho, tem que se almoçar fora de casa. Ele disse que os alimentos servidos são de boa qualidade e que, embora muitas vezes

MUDANÇAS EM BREVE As mudanças a serem implantadas nos restaurante populares deve acontecer nas próximas semanas, com a implementação de catracas eletrônicas para o controle do número de pessoas atendidas diariamente nas unidades e alterações nos cardápios, que devem acontecer em breve. Segundo o coordenador de

Projetos e Desenvolvimento Social da Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e Assistência Social (Sethas), Paulo Jordão, a ideia é organizar o local. "Estamos trabalhando com uma nutricionista que está visitando diariamente as unidades e elaborando um cardápio para uma alimentação balanceada em uma estrutura que realmente lembre um restaurante e não um galpão velho. Além disso, também estamos aguardando a conclusão de um processo licitatório para a instalação de catracas eletrônicas para organizarmos e mantermos o controle dos usuários, de forma a beneficiar a todos, servidores públicos, preferenciais e público em geral", explicou. Ele disse que enquanto isso não acontece, funcionários da própria Sethas ficaram responsáveis por organizar as filas, para evitar problemas e bagunça na hora da entrada no restaurante. "É uma medida paliativa, enquanto não concluímos as melhorias que planejamos para as unidades", afirmou.


Economia

Segunda-feira

HOJE na Economia MARCOS AURÉLIO DE SÁ

administracao@jornaldehoje.com.br

Sylvia Sá - (Interina)

Governador conversa com produtores de mel de abelha e castanha de caju n O governador Robinson Faria se reuniu, neste domingo, com produtores de mel de abelha e de castanha de caju no município de Serra do Mel. n Os presidentes da Associação de Apicultores de Serra do Mel (Apismel) e da Cooperativa de Produtores de Caju (Coopercaju) pediram mais ações para incentivar a cultura e a comercialização da produção. n A Associação dos Apicultores solicita ao governador a liberação da contrapartida do Estado no valor de R$ 40 mil para aquisição de equipamentos que irão permitir o controle sanitário da produção e a emissão do Selo de Inspeção Federal pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Com o selo os produtores poderão voltar a comercializar mel para o programa da merenda escolar. n Segundo o presidente da Apismel, João Hélio Morais da Costa, o Governo Federal já liberou recursos no valor de R$ 400 mil para a aquisição dos equipamentos e instalação do entreposto. No entanto, o projeto exige contrapartida do Governo do Estado no valor de R$ 40 mil. Ainda de acordo com João Hélio, o projeto está parado há mais de três anos porque a administração estadual anterior não liberou o valor. n Já o presidente da Coopercaju, João Duarte da Silva, solicitou apoio do Governo do Estado para combater a mortalidade dos cajueiros com o replantio de aproximadamente um milhão de mudas, a construção da Estrada da Castanha (para o escoamento da produção sem danificar a fruta) e medidas para melhorar a segurança pública. n Os produtores também reivindicaram que a Caern assuma o controle da captação e distribuição de água. n Ao receber as reivindicações dos produtores de Serra do Mel, o governador Robinson Faria disse que vai determinar urgência para que as secretarias do Governo e órgãos como a Emater façam uma atualização das demandas daquele município em busca das soluções. Captura do peixe-voador deverá ganhar impulso com projeto do Sebrae n Apesar do município de Caiçara do Norte ser o maior produtor nacional de peixevoador, a captura está em pleno declínio na região. n Enquanto no início dos anos 70 eram pescadas 1,5 mil toneladas, hoje a produção beira as 800 toneladas o que representa apenas 10% da produção de pescado da bacia potiguar. n Por não ser um peixe nobre, o baixo valor comercial do voador inviabiliza a pesca. Mil unidades são vendidas até por R$ 50, o que não compensa o comércio frente a outras espécies consideradas nobres, como

n O governador lembrou que a construção da Estrada da Castanha está entre as prioridades anunciadas no plano de metas da administração. "Sei que existe a necessidade de obras e de ações de governo há muito esperadas pelo povo livre de Serra do Mel. O Governo trabalha nas regiões e faz o diagnóstico das necessidades. Também tomamos medidas para cortar custos, como o financiamento do carnaval, para investirmos em obras. As reivindicações serão analisadas e vamos fazer todos os esforços para atender estes pleitos", afirmou. Defensoria Pública do RN realizou mais de 74 mil procedimentos em 2014 n Apesar do pequeno número de defensores públicos em atuação, apenas 38, a Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Norte (DPE/RN) conseguiu realizar 74.718 procedimentos em 2014, o que significa uma média de 6,2 mil procedimentos por mês e cerca de 2 mil para cada defensor no ano. n Esses números representam um aumento de aproximadamente 14% em relação aos procedimentos realizados pela Defensoria em 2013, que somaram 65.561. n Os números são parte do Relatório Geral das Atividades de Assistência Jurídica da Defensoria, que levou em consideração os dados de atendimento de cada defensor público, dos Núcleos Especializados e dos Regionais, dos projetos institucionais e pelas equipes multidisciplinares da DPE/RN. n Segundo o relatório, os procedimentos são divididos em atendimentos jurídicos, ações propostas, ações respondidas, petições, audiências realizadas, recursos, reuniões de mediação, celebração de acordos e outras atividades de atendimento e assistência à população. n Ainda de acordo com o levantamento, as áreas Cível e Criminal foram responsáveis pela maior parte dos números, atingindo 40.763 e 24.986 procedimentos respectivamente. Em relação aos atendimentos por Núcleo, o da capital foi o que teve maior volume de atividades, atingindo a marca de 39.530 procedimentos.

dourado e atum. Contudo, essa atividade chega movimentar cerca de R$ 14 milhões por ano. n A pesca do dourado impera na região. Mesmo representando apenas 6% da produção, essa espécie tem alto valor comercial. Se uma unidade de peixe-voador pode custar, no máximo, dez centavos na entressafra, um quilo de dourado vale R$ 13. n E essa é apenas uma das questões que explica a rejeição da espécie. Parte da desvalorização está relacionada à redução da demanda pelo consumo. Tradicionalmente, o peixe-voador era vendido desidratado e salgado em feiras livres de diversas cidades nordestinas. Mas o pescado apresenta alto teor de espinhas, o que pode explicar a preferência por outras espécies. n Para estimular o resgate da pesca do peixe-voador, um projeto está sendo desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em parceria com prefeituras da região. n Denominado Projeto

Voador, a ideia é melhorar o aproveitamento do peixe e outras espécies capturadas em alto mar. O objetivo é compreender as demandas de consumo e atacar a organização da produção, verificando desde a viabilidade de produtos processados até a implantação de uma unidade de beneficiamento. n Todo o projeto está sendo estruturado com os pescadores, que participam de seminários promovidos pelos idealizadores. O último foi realizado em dezembro, quando foi assinado o convênio entre o Sebrae e a UFRN para liberação de recursos, e estabeleceu a implantação de um comitê gestor, formado por todos os elos da cadeia produtiva, para definir os rumos da iniciativa. n O projeto envolve a identificação da produção, a definição de potenciais mercados, elaboração de produtos derivados e sua viabilidade. "Será importante para a economia do município e principalmente para quem sobrevive dessa atividade", diz o diretor técnico do SebraeRN, João Hélio Cavalcanti.

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O Jornal de HOJE 7

Bandeira vermelha da energia elétrica terá aumento de 83,3% VALOR

SERÁ COBRADO NOS MESES DE ALTO CONSUMO

ROBERTO CAMPELLO ROBERTO_CAMPELLO1@YAHOO.COM.BR

O potiguar deve ser surpreendido, nos próximos dias, com mais dois reajustes. O primeiro deles será no preço do Gás Natural - gás combustível industrial, gás automotivo, gás residencial, comercial e gás natural comprimido (GNC) - praticado pela Companhia Potiguar de Gás. A Agência Reguladora de Serviços Públicos do Rio Grande do Norte (Arsep) autorizou o reajuste na tarifa há duas semanas. O segundo aumento deve ser na conta de energia elétrica. AAgência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estuda a possibilidade de reajustar o valor cobrado pela bandeira vermelha, que hoje é de R$ 3,00 por 100 kilowatthora (KWh) e deve passar a ser de R$ 5,50 por 100 KWh. Nesse caso, um aumento de 83,3% no valor que é cobrado atualmente. De acordo com a assessoria de imprensa da Companhia de Energia Elétrica do Rio Grande do Norte (Cosern), não será um aumento na tarifa de energia elétrica, uma vez que ela já foi reajustada no mês de janeiro. Mas está em fase de consulta pública - e deve ser aprovado nos próximos dias - um reajuste na bandeira vermelha que vem sendo cobrada dos consumidores desde o dia 1º de janeiro. A Cosern explica que o sistema de Bandeiras Tarifárias está em vigor desde janeiro deste ano. Suas cores verde, amarela e vermelha indicam se a energia custará mais, ou menos, em função das condições de geração de eletricidade. Com as bandeiras, o consumidor pode identificar qual a situação do mês e usar a energia

elétrica de forma mais consciente, sem desperdício. Assim, a conta de luz pode ficar mais barata e a bandeira pode mudar de cor - do vermelho para o amarelo e deste para o verde, por exemplo. O reajuste aprovado preliminarmente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de que a tarifa suba para R$ 5,50 a cada 100 KWh. Ainda de acordo com a Cosern, o aumento é porque a energia proveniente das usinas térmicas tem um custo maior. As chamadas "bandeiras tarifárias" tornam possível o reajuste mensal do preço da energia elétrica, conforme elevação de gastos do setor. A proposta da agência é de que a nova fórmula comece a valer a partir do dia 1º de março. Os valores propostos podem ser alterados, mas dificilmente diminuídos, já que os custos que serão levados em consideração pelas bandeiras tarifárias não serão apenas os extraordinários com uso de usinas térmicas, como atualmente, mas todos os gastos adicionais das distribuidoras em um determinado mês, como por exemplo, compra extra de energia, a chamada exposição involuntária. Para a bandeira tarifária amarela, o aumento aprovado inicialmente é de 66,7%, passando de R$ 1,50 a cada 100 KWh consumidos para R$ 2,50. A faixa verde segue o mesmo desenho do sistema em vigor e não deve trazer nenhum reajuste para o consumidor. Em relação ao gás natural, a Diretora-Presidente, da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Rio Grande do Norte, Kátia Pinto, realizou a 1° Reunião extraordinária da Diretoria Colegiada no início

do mês de fevereiro, com o objetivo de analisar um Processo Administrativo da Companhia Potiguar de Gás (Potigás) referente a um reajuste tarifário que tem como base a mudança do preço de venda de Gás Natural da Petrobras, para a concessionária potiguar. Kátia Pinto explica que para que essa atualização de valores possa ser realizada é necessária a validação pela Diretoria da Arsep, que é responsável pela fiscalização e regulação do fornecimento de Gás e dos valores cobrados pelo serviço no Estado. "Somos responsáveis por analisar e autorizar esse reajuste e verificamos que há a necessidade de atualização da tarifa em 0,01% já que houve um aumento no valor repassado pela fabricante (Petrobras) e a empresa tem que repassar esse valor", explica a diretora-presidente da Arsep. A proposta do novo sistema tarifário foi avaliada pela Coordenadoria da Câmara Setorial de Gás, que emitiu uma Nota Técnica concluindo a necessidade de reajuste dos preços. Após análise, o parecer da Coordenadoria foi aceito pela diretoria por unanimidade. Os seguimentos atingidos foram: gás automotivo, gás combustível (industrial), gás para uso residencial e comercial e gás natural comprimido. O reajuste já está autorizado pela Arsep e já pode ser implementado pela Potigás. Com o reajuste de 0,01%, o gás automotivo passa a ser R$ 0,9152/m³, o gás para fins comerciais, residenciais e outros fins será de R$ 1,8674/m³ e o Gás Natural Comprimido (GNC) passará a ser R$ 0,8812/m³. Divulgação

> INSS

Previdência social deve injetar R$ 440 milhões na economia do RN Só neste mês, o Instituto Nacional Segurança Social (INSS) estima que quase meio bilhão de reais circulem na economia por meio do pagamento aos seus beneficiários. No Estado, são 543.186 mil pessoas que recebem auxílio e aposentadorias. Em época de seca e de um ano que já se mostra economicamente difícil, esses valores valem ouro para os municípios pequenos que possuem economias pouco diversificadas e mais frágeis. Do total de segurados, 275.733 residem em áreas urbanas e os outros 267.453 estão na zona rural do Estado. Apesar da diferença de pouco mais de 8 mil pessoas entre esses diferentes grupos, o valor total pago na zona Urbana é muito superior. Enquanto se paga R$ 256 milhões ao segurados urbanos, o valor total dos benefícios pagos aos segurados rurais é de R$ 184 milhões. Um abismo de R$ 72 milhões. Mesmo assim, esse valor significa muito para famílias e municípios que não conseguem desenvolver sua economia em um cenário de seca. "Esse benefício tem impacto sim na economia, principalmente porque muitas dessas pessoas dos municípios pequenos vêm da agricultura",

reforçou o professor de Economia da UFRN, Zivanilson Silva. Na avaliação do economista, até mesmo o tímido aumento do salário mínimo em 2015, que também é valor da maioria dos benefícios, representa novo fôlego para a economia local. Vale destacar que neste ano o salário mínimo passou de R$ 724 para R$ 788. Em momentos de abalos nas economias das cidadezinhas, os pensionistas e aposentados representam um "porto seguro", tanto quanto com os servidores públicos municipais. "As Prefeituras são sempre grandes empregadores. Junta uma coisa com a outra e elas conseguem impulsionar as economias locais", considerou o professor. De acordo com a chefe do setor de benefício do INSS no Rio Grande do Norte, Maria das Graças Fernandes, um levantamento feito há dois anos mostrou que em 70% dos 167 municípios do Estado, o valor total dos benefícios ultrapassavam o dinheiro do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), uma das principais verbas para administração de cidades pequenas. "A PNAD [Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio] já mos-

trou que incidência de pobreza entre as famílias que possuem idosos também é menor por conta dos benefícios", acrescentou a responsável pelo setor de benefício. Dessa forma, a pesquisa realizada pelo IBGE também chegou a conclusão que em muitas famílias, a participação do ganho dos idosos na renda familiar chegava até a 50%. "Isso aí dá uma qualidade de vida melhor para essas famílias", completou. Segundo o INSS, os dez dias úteis de pagamento dos seus segurados é o período mais pungente para o comércio formal e informal das cidades menores. Por analogia, os programas sociais do governo Federal, como Bolsa Família, também têm esse efeito na economia de todo o país. Entretanto, o economista Zivanilson Silva acredita que a política de assistência sócia tenha se desviado da sua função original. "Embora o Brasil tenha bolsões de pobreza, o governo é por demais interesseiro. Ele desvirtua esses programas sociais com fins eleitorais. Isso acontece com o partido que está no governo, mas acredito que aconteceria com outro se aí estivesse", analisou.


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O CASO DE Oiticica dos Soares

Desde a morte de Venâncio, Rachel é assediada por Everaldo, sujeito bem conceituado na vizinhança, parceiro de sinuca do finado; em uma noite chuvosa de segundafeira, acontece o encontro da viúva com o pretendente CONRADO CARLOS EDITOR DE CULTURA

O que mais incomodava Rachel era ser tão recente. Havia três semanas que Venâncio morrera em circunstâncias sombrias, embriagado ao volante, estado confirmado no exame cadavérico. Sua dor manifesta de viúva comovia a todos, menos a Everaldo, líder dos pretendentes à sucessão. Primeiro foram olhares insistentes, perscrutadores de uma alma feminina desamparada. Depois, o avanço por terra, facão no mato, sem respeitar luto, tristeza ou maldade alheia. Na verdade, o assédio começou (suave) em uma missa, quatro anos antes, quando foram apresentados pelo próprio Venâncio. Os homens se conheciam do Cajuína Bar, o ponto da sinuca no distrito de Oiticica dos Soares. Agora que ela passava as noites sozinha no quarto sem forro, Everaldo a procurava para falar o mais perto possível, despreocupado com recriminações, numa proximidade intimidante. Rachel parecia ter dez anos a menos do que indicava o registro. O incômodo e a fantasia de Rachel era por um homem bem visto em Oiticica dos Soares. Everaldo tinha casa própria, um carro relativamente novo e dava atenção à filha adolescente de uma relação passada. As más línguas se aquietavam

para uma ocupação sigilosa que, diziam, multiplicava seu orçamento por três. "Mulher, ele não tira o olho de tu", alertou Cássia, mais uma que se esforçava para esconder a inveja da viúva. Da cintura pra cima, Everaldo estava sempre bem vestido, com camisas de botão quadriculadas em tons sóbrios e face escanhoada. Da bacia para baixo, era de um desleixo constrangedor. Rachel tinha dupla aparência. Nos domingos de missa, se esmerava na roupa e na maquiagem importada que uma prima enviava de São Paulo. Durante a semana, arriscava soltar o cabelo e usar uma bermuda jeans com ares de uniforme. "Pois é, isso já tá enchendo. É uma falta de respeito muito grande com o finado. Se ele continuar, eu vou aloprar". Seguia um domingo abafado, como se, naquele vilarejo com dezenas de moradias e nenhum futuro, a vida fosse levada dentro de uma panela de pressão. Padre Mário encerara a missa e conversava com os fiéis, numa espécie de sessão intimista para os mais angustiados. As duas amigas esperavam sua vez para agradecer as palavras do pároco. Rachel relembrou da última vez em que Venâncio a acompanhou à missa e sentiu uma dor no peito, uma rubrica no bilhete de

viagem para a terra dos mutilados. Pois era assim que se sentia: mutilada em sua essência, em sua felicidade programada de mulher simples. Com a morte do marido, passara a rezar todos os dias. Foi uma das que não cedeu à mudança de credo, agora que igrejas evangélicas enraizavam na paisagem. Gostava do sermão de Padre Mário. Na volta para casa, Rachel foi surpreendida por Everaldo. "Oi, boa noite! Posso andar junto? Num escuro desse, ninguém sabe, né? Tem muito doido por aí". Cássia ficou preocupada, diante da quantidade de gente nas ruas. Rachel tonteava ao pensar na possibilidade de ir para a cama com outro homem que não Venâncio, verdadeiro herói para seus pais, por lhe dar dignidade de mulher casada e um lar. Ela se sentia como uma velha doente ao descer de uma escada, que não solta o corrimão com receio da queda. Aos poucos, os galanteios progrediram para algo grave, algo que a agitava sob o lençol, em noites insones. Caminharam os três pelo mormaço enluarado. As despedidas foram básicas, muito pela presença de Cássia, que não tinha o que fazer e aceitou o convite para passar mais tempo com a amiga. > CONTINUA NA PÁGINA 12


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Fotos: José Aldenir

ASSASSINATO DE AGENTE DA STTU CAUSA REVOLTA EM AMIGOS E FAMILIARES MOAB KELLY RAMOS, DE 49 ANOS, FOI RENDIDO E MORTO POR BANDIDOS QUANDO LAVAVA O CARRO NA FRENTE DE CASA DIEGO HERVANI REPÓRTER

Mais um potiguar foi vítima da violência que o Rio Grande do Norte tem enfrentado nos últimos anos. Moab Kelly Ramos, de 49 anos, agente da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU), foi morto neste domingo (22), depois de ter a casa invadida por criminosos. Nesta segunda (23), familiares e amigos estavam revoltados com o que aconteceu e cobraram justiça e melhorias no sistema de segurança do Estado. O crime aconteceu por volta das 12h. Segundo informações de testemunhas, Moab estava na frente de casa, lavando o carro, quando foi rendido por dois homens armados. Logo em seguido os bandidos entraram na casa. Lá eles fizeram um arrastão e levaram um aparelho de televisão, um notebook e celulares. Em seguida, eles entraram no carro do agente e atiraram contra ele. Três disparos atingiram Moab, acertando a cabeça e o peito do homem. No momento da morte, o agente estava sozinho na residência. O velório de Moab começou na noite do próprio domingo e se estendeu até às 15h desta segunda, em um Centro de Velório localizado na avenida 8, no Alecrim. No local, parentes e amigos se despediam do homem e não escondiam a revolta com o que tinha acontecido. "Mais uma vez uma pessoa de bem perde a vida para a insegurança. Meu irmão era uma pessoa que não fazia nada contra ninguém. Um homem trabalhador, um bom irmão, bom pai e profissional. Adorava a profissão", desabafou

Magno Alexandre, irmão da vítima. Ainda de acordo com Magno, o carro, que foi levado no assalto e encontrado pouco tempo depois, já que os bandidos perderam o controle do veículo e bateram em uma outra casa, tinha sido adquirido há pouco tempo, fruto de muito trabalho. "Era um carro que ele conseguiu comprar fruto do trabalho dele. Há quase 30 anos que ele era gente da STTU (começou a trabalhar no órgão em 1989). Aos poucos ele foi montando a casa dele e estava passando por um momento muito bom da vida. Ele tinha muito cuidado com o carro e infelizmente alguém aproveitou esse momento para tirar a vida do meu irmão". A titular da STTU, Elequicina dos Santos, também estava bastante abalada com a situação. Para ela, além de perder uma pessoa que procurou ajudar as pessoas sempre que podia, o Rio Grande do Norte perdeu um excelente profissional. "Ele (Moab) foi uma pessoa altamente dedicada desde que começou. Não temos reclamações alguma dele durante esses quase 30 anos que ele trabalhou conosco. Sem dúvida alguma vai fazer muita falta. Quem o conhecia só tinha coisas boas para falar sobre ele", afirmou a secretária, que também não escondeu o temor pelo atual quadro da segurança no RN. "Onde é que nós iremos parar com essa violência? Uma pessoa não pode mais nem lavar o carro em frente de casa que acontece uma coisa dessas. Sinceramente eu não sei nem o que pensar. Realmente a situação está bem preocupante". Moab Ramos era casado e tinha um filho de 22 anos. No momen-

to do crime, o jovem estava na casa de amigos. Já a mulher tinha acabado de sair de casa para colocar crédito no celular.

Muitos amigos de trabalho de Moab se emocionaram durante o velório. A secretária Elequicina dos Santos (ao lado) cobrou melhorias na segurança pública: “Onde é que nós iremos parar com essa violência?”

HOMENAGEM DOS AMIGOS Dezenas de agentes da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana fizeram uma homenagem para Moab. Além de comparecerem em grande número no velório, eles decidiram realizar um cortejo até o local do sepultamento, que ocorreu no Cemitério do Alecrim, previsto para às 16h. "Eu conhecia o Moab há 29 anos. Ele foi um grande amigo, que sempre me ajudou quando precisei. Ele foi um homem que ajudou as pessoas durante toda a vida. No trabalho ele foi uma pessoa muito dedicada e gostava muito do que fazia. Essa homenagem é mais do que merecida", comentou Edinaldo Silva, agente da STTU. Apesar de a morte de Moab inicialmente não parecer ter nenhuma relação com a profissão que ele exercia, Edinaldo afirmou que os agentes de trânsitos sofrem todos os dias com a violência, principalmente ameaças de pessoas que foram multadas. "Acho que todos os profissionais que atuam na área de segurança, inclusive do trânsito, enfrentam problemas. Os agentes de trânsito sofrem muito. Precisamos manter uma calma muito grande para não fazer besteira. Eu mesmo já fui ameaçado quando estava multando uma pessoa. Ela disse que iria jogar o carro em cima de mim. Fomos para a delegacia e ela se desculpou. Mas outros companheiros já sofreram coisas piores. É uma profissão bem complicada".

> ROTINA DE MORTES

> EM CERRO CORÁ

Rio Grande do Norte atinge marca Bandidos explodem de 240 homicídios apenas em 2015 banco e promovem Mesmo com as diversas ações divulgadas e feitas pelo Governo, o Rio Grande do Norte chega ao 54º dia do ano com uma marca nada agradável. O Estado já soma 240 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) em 2015, uma média de 4,4 por dia. Apesar do número ser alto, ele é um pouco menor do que o registrado no mesmo período de 2014. Os dados apresentados pelo especialista em segurança, Ivênio Hermes, as regiões onde mais ocorreram CVLIs foram a Leste e Oeste, protagonizando 61% e 21% dos assassinatos, e o restante oscila entre a Central (7%) e a Agreste (11%). Pela primeira vez, os dados apresentados trazem os locais detalhados onde aconteceram os crimes. A maior incidência de CVLIs aconteceu em vias públicas, com registro de 112 ocorrências (46,66%), seguido de longe, pelo interior de estabelecimentos comerciais e residências com 29 registros (12,08%). As localidades rurais, com 23 CVLIs (9,58%), vêm em terceiro no ranking. Os demais locais se revezam em menos de 20 ocorrências cada, "o que nos leva ao entendimento de que o crime pode ocorrer em qualquer lugar e ainda locais ao ar livre, pois somando-se via pública e localidades rurais pouco habitadas, totalizamos 56,25% dos locais de in-

José Aldenir

2014, quando no mesmo período 253 pessoas haviam sido assassinadas no RN, houve uma redução de 5,14%. "Na busca em resgatar um cenário de paz no Rio Grande do Norte com operações policiais, políticas públicas transversais e multidisciplinares devem ser construídas em paralelo, para que em médio prazo se sustentem os atuais números que se mostram favoráveis às ações da Secretaria Estadual da Segurança Pública e da Defesa Social". NÚMERO DE CVLIS POR LOCAL REGISTRADO

cidência de CVLI. É o local do crime falando, dialogando com o investigador e/ou analista que possua um procedimento operacional bem definido", afirmou Ivênio em seu texto. Se tratando de gênero das vítimas de CVLI no Rio Grande do Norte, a maior incidência está no sexo masculino, já que 227 homens assassinados ou 94,58% do total, já as vítimas do sexo feminino somam 14 mulheres ou aproximadamente 6% (5,83%) do total de pessoas mor-

tas. Dessas ocorrências, 206 foram cometidas por arma de fogo, grande maioria (85,83%), seguida da arma branca com apenas 20 registros (8,33%), "ou seja, o perpetrador prioriza a arma de fogo, na tentativa de minimizar as chances de sobrevivência de sua vítima. A vítima nos diz com que arma foi ferida de morte, e se mergulharmos fundo na investigação, ela nos falará ainda mais". Se comparados com os dados de

Via Pública: 112 Terreno Baldio: 17 Hospitais e Casas de Saúde: 11 Estradas Carroçáveis e Margens de Rodovias: 8 Sítios e Localidades Rurais: 23 Favelas e Comunidades Mal Planejadas: 10 Bares e Áreas de Consumo de Bebidas: 16 Praias e Locais de Veraneio: 3 Feiras Livres e Mercados: 9 Presídios: 1 Interior de Residências e Estabelecimentos: 29 Outros: 1

“terror” no interior

Depois de darem uma pequena "folga" no período do Carnaval, os criminosos voltaram a atacar caixas eletrônicos no Rio Grande do Norte na madrugada desta segunda-feira (23). O alvo da vez foi um terminal na cidade de Cerro Corá, distante 180 km de Natal. Além de explodirem o local, eles ainda fizeram duas pessoas reféns. Segundo informações da Polícia Militar da região, o caso aconteceu por volta das 2h. Segundo informações de testemunhas, cerca de 10 homens fortemente armados participaram da ação criminosa. Eles entraram na cidade e se dividiram. Parte deles cercou a delegacia para evitar que o PM que estava de serviço saísse para atrapalhar o assalto. O restante se dirigiu para a agência do Bradesco. No caminho eles renderam um vigia de rua, que ainda tentou fugir, mas foi alcançado pelo bando. Depois de algum tempo no estabelecimento, eles explodiram um dos caixas. O barulho acordou diversos moradores. Um deles, um funcionário da Cosern, saiu de casa pensando que algum transformador tinha apresentado problema. Porém, nesse momento ele foi visto pelos criminosos e também feito refém. Depois de cerca de 20 minutos, a

quadrilha fugiu em dois carros e liberou os dois homens. A quantia levada não foi revelada. Depois da ocorrência, o policial de serviço pediu reforço e diligências foram feitas na região, mas ninguém acabou sendo preso. O aumento na segurança das agências e terminais bancários do interior do Rio Grande do Norte é uma das principais preocupações da secretária de segurança, Kalina Leite. Em entrevista recente para o Jornal de Hoje, ela disse que as instituições bancárias precisam investir mais no setor. "A maioria desses locais que são assaltados, não possuem muita segurança. São pequenas unidades bancárias, que muitas vezes possuem apenas um caixa e têm segurança somente no turno da manhã. Então é necessário que isso seja revisto". Na ocasião, Kalina também disse que a Sesed tem procurado investir na melhoria do policiamento do interior. "Os criminosos estudam bem os locais onde irão realizar esses assaltos. Eles sabem as cidades e os bancos que possuem uma segurança menor. Sobre as cidades com poucos policiais, temos essa preocupação, tanto que disponibilizamos algumas diárias operacionais para serem tiradas em cidades do interior do Estado".


Cidade

Segunda-feira

Natal, 23 de fevereiro de 2015

O Jornal de HOJE 11

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Alex Medeiros alex.medeiros1959@uol.com.br

Antônio Guedes Fonseca. Saudades Por Beto Guedes Em 20 de fevereiro de 1925 nascia em Natal o menino Antônio Guedes Fonseca, filho do barbeiro Joaquim Guedes da Fonseca e de Rita Batista, tendo como avós paternos o também barbeiro Antônio Guedes Fonseca da Câmara e Vicência Rodrigues da Fonseca e avós maternos os agricultores Joaquim Batista da Costa e Isabel Batista da Costa. Teve uma infância muito pobre. Seu pai era vigia do Morro em Tirol e barbeiro, profissão que aprendera com seu pai. Antônio Guedes teve poucas oportunidades de estudar, fez o primário no Grupo Escolar João Tibúrcio e não pode continuar sua educação formal pela dificuldade financeira que sua família passava naqueles duros anos. O seu pai o obrigava a aprender o oficio de barbeiro, pois achava que ele tinha que ter uma profissão, muito embora, "Toinho Guedes", como era conhecido, desejasse ter dado continuidade aos estudos e, talvez, se formar em Direito, que ele tanto admirava, mas o destino não quis. Ainda jovem veio o golpe que mudou sua vida, aos 16 anos ele perde seu pai, Joaquim. Com esse duro revés a situação piorou muito, sem estudo e ainda menino, teve que alterar sua idade para tentar entrar no Exército brasileiro, não sei como ele fez, mas conseguiu. O primeiro passo, quando chegou, foi procurar ajuda na barbearia do Exército para exercer o oficio que havia aprendido, ainda que de forma bastante amadora, porém já tinham dois barbeiros, o que tornou difícil sua entrada. Descobriu, porém, a existência do barbeiro dos oficiais, um francês naturalizado brasileiro chamado Pierre e tão logo foi ao seu encontro, contou-lhe sua história e pediu ajuda para aperfeiçoar sua técnica. De cara, Toinho conquistou a simpatia do estrangeiro que lhe disse "você vai ser o melhor barbeiro desta cidade". Após esta conversa, Pierre foi até seu comandante e pediu que Antônio

fosse designado para ser seu auxiliar e assim aconteceu. Depois das atividades obrigacionais do Exército, Antônio se dirigia à barbearia dos oficiais e aprendia com muita atenção os ensinamentos de seu mestre e mentor. Naquela época geralmente os barbeiros eram homens com uma idade avançada e cansados e demoravam bastante para cortar um cabelo, enquanto o francês Pierre, no auge dos seus trinta anos, era rápido e cirúrgico na arte das tesouras e navalhas, fato que o tornava o barbeiro preferido dos oficiais. Logo, Pierre, passou para Antônio Guedes, toda sua técnica com maestria, o que fez com que Toinho se apaixonasse completamente por esta profissão. Meses depois veio seu segundo golpe, um violento infarto mata seu novo mestre, aquele que efetivamente lhe ensinou todos os movimentos e formas de se tornar um mestre das tesouras. Contava Toinho, com grande orgulho, que meses depois da morte de seu professor , quando passou a ocupar seu lugar na barbearia dos oficiais, o capitão foi até ele com a seguinte ordem: "Guedes, amanhã vai se formar uma turma e eu quero todos de cabelo cortado até o final do dia, certo?". E de pronto foi respondido, "Certo, Senhor! Quantos homens são?"; 85 homens, respondeu o capitão, "você começa às 5h da manhã e às 17h será a formatura..." Bom, só restou a Toinho lhe pedir que liberasse um outro soldado para lhe ajudar, o que foi logo aceito pelo capitão, mas com um pequeno detalhe que não pode escapar: a máquina de cortar cabelo era manual, mas com o senso de responsabilidade e conhecimento que aprendeu com seus dois mestres, o pai e Pierre, não contou conversa; às 5h da manhã estava lá no batente, passava a máquina e seu ajudante fazia o pé do cabelo com a navalha, de maneira que às 16h30 ele cortou o ultimo cabelo, lhe rendendo uma satisfação pessoal imensa, visto que havia batido seu recorde em

toda sua vida e ainda uma folga de três dias, devido ao inchaço em sua mão. No fim daquele ano ele deixa o exército, após ter cumprido sua obrigação com as Forças Armadas. Era início dos anos 1940 e já era conhecido como o "barbeiro ligeirinho", pela forma como cortava um cabelo. Mas, com a responsabilidade de manter sua mãe e os cinco irmãos, foi trabalhar na barbearia São Fernando de um velho barbeiro no Alecrim, próximo à avenida 1, a rua da feira. Eram cinco velhos barbeiros e quando Toinho chegou, passou a ser atração da casa, devido a sua rapidez e por causa disso ele dizia que algumas vezes chegava a juntar pessoas na frente da loja para vê-lo trabalhar. Até que um belo dia, quem apareceu de repente foi o governador do estado querendo cortar o cabelo com o tal "ligeirinho". Ora, para Toinho foi a gloria e não se fez de rogado, caprichou no cabelo do ilustre cliente e com isso ganhou a confiança e se manteve como barbeiro oficial dos governadores por todo tempo em que trabalhou, até 2008, ano em que foi acometido por um AVC. Em todos

esses anos de exercício apenas dois governadores não chegaram a fazer o cabelo com ele, o Monsenhor Walfredo Gurgel e o Dr. Geraldo Melo. Passados três anos nesta barbearia no Alecrim, ele montou sua própria barbearia na Av. Princesa Isabel, onde levou para trabalhar com ele seu irmão Pedro Guedes, que alguns anos depois deixou o oficio e foi trabalhar no comércio. Após isso, Toinho abriu sua grande barbearia, o famoso Salão Santo Antônio em cima da confeitaria Cirne, na Rua João Pessoa, onde passou muitos anos, até que em 1974 vendeu o salão e foi gerenciar o hotel do irmão e ex-colega de profissão. Dois anos depois, Dr. Aluísio Alves, então presidente do Grupo UEB, amigo e padrinho de casamento de Toinho, trouxe algumas indústrias para a cidade e entre elas, o Hotel Ducal. Como também era cliente de Toinho, mandou lhe chamar no jornal Tribuna do Norte e deu o ultimato que efetivamente mudou sua vida. Disse Aluísio: "Antônio, o que você sabe fazer bem é cortar cabelo e você vai ser o barbeiro do Hotel, vá lá e escolha o local

para montar sua barbearia". E assim tudo voltou a ser como era antes, sua felicidade voltou. Chegamos ao Ducal em 26.12.1976, um mês depois de sua inauguração e lá permanecemos por 10 anos. Um fato que gostaria que registrar nesta ida para a nova barbearia foi a ida de seu filho Marcus Alexandre, um ótimo barbeiro, jovem e com muita dedicação ao oficio, porem infelizmente o destino mais uma vez se encarregou de lhe dar o terceiro e pior golpe, uma tragédia que marcou a sua vida. Num acidente de moto, Alexandre faleceu, no mês de maio do ano de 1979, nesta época eu já dava sinais de que queria continuar essa trajetória de barbeiros na família, mas Toinho diante de tantos infortúnios com pessoas tão próximas, não aceitava a ideia de que eu poderia substituir meu irmão, queria que eu fosse estudar, mas o oficio estava no meu sangue. Lembro-me que já fazia algumas coisas na barbearia, como fazer a barba, lavar cabelo, massagens capilares... Enfim, estava determinado a seguir na profissão, mesmo contra a vontade dele. Foi então que me surgiu uma ideia, quando ele ia almoçar eu chamava algumas pessoas que passavam na rua, meninos, pedintes, engraxates e os fazia de cobaia, até que um belo sábado eu tinha acabado de preparar o cabelo do engenheiro Geraldo Melo, o "Gereba", para papai cortar, quando ele disse: "Beto, pode cortar meu cabelo!", papai virou e disse "Não doutor, ele não sabe cortar" - e eu disse: "sim papai, eu sei!" Era a minha vez de provar o que havia aprendido e com isso me firmar como uma quarta geração de barbeiro na família. Bom, deu certo, cortei o cabelo e ele aprovou. No fim do dia ele me chamou e perguntou: "Meu filho, é isso que você quer realmente?" - eu disse sem pestanejar: "Sim, papai, é isso que eu quero". Lembro-me da cena, ele com olhos marejados repetiu a frase que outrora ouvira um dia:

"Então você vai ser o melhor barbeiro da cidade!" E me ensinou tudo com uma paciência e dedicação ímpares. Faço esse relato por um grande motivo: dia 20 deste mês, papai teria feito 90 anos de idade e na data de hoje faz seis anos de sua passagem para o plano superior e me senti na obrigação de falar um pouco da história desse homem que viveu intensamente apaixonado pela sua profissão, família e amigos. Lembro-me que quando era professor do SENAC, a pedido de Dr. Reginaldo Teófilo, ele foi sem cobrar nada e um dia Dr. Régio, como ele o chamava, disse: Antônio, temos que ver um valor para que eu possa pagar pelos seus serviços de professor. - e ele respondeu: Não precisa me pagar, meu pagamento é não deixar minha profissão se acabar. Essa foi talvez uma das maiores motivações da vida desse grande homem, pai e colega. Se hoje pudesse lhe enviar uma mensagem através da modernidade dessas redes sociais, lhe diria com muita segurança: meu mestre, passados seis anos sem a sua presença física, sinto diuturnamente sua falta, mas confesso, que não sei se um dia me tornarei o melhor barbeiro desta cidade como o senhor tanto queria, mas posso garantir que enquanto vida tiver, a sua profissão que tanto o senhor amou e se dedicou por mais de sessenta e sete anos continuará, pois a cada dia que abro a sua barbearia me vem a certeza de ter feito a coisa certa. Passados trinta e seis anos no oficio de barbeiro, a cada dia me apaixono mais pelo que eu faço e agradeço muito à Deus ter me permitido ter como colega de trabalho um homem tão generoso, um mestre tão eficiente, um amigo compreensivo e um pai exemplar. Obrigado, Antônio Guedes Fonseca, seus ensinamentos jamais serão esquecidos por mim e até, quem sabe um dia, nos juntaremos, eu, Alexandre, o senhor, meu avô, bisavô e montaremos uma grande barbearia aí no céu. (BG)

Danilo Sá jornalistadanilo@hotmail.com / danilo.sa@folha.com.br / Twitter: @DaniloSa

Um tiro na sociedade

SINAL FECHADO Por tudo que foi divulgado na imprensa, inclusive na nacional, até agora, continua carente de provas as acusações em torno da Operação Sinal Fechado. Isso, claro, contra os principais personagens citados. Que o esquema existiu não há mais dúvidas, resta saber quem são os verdadeiros corruptos da história. REPETECO De um leitor atento, ao perceber a presença da ex-governadora Wilma de Faria e do seu filho Lauro Maia em mais um escândalo: “Eles estão em todas”.

Moab Kelly Ramos, 49 anos, era servidor da Prefeitura de Natal desde 1989, quando ingressou nos quadros da atual Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, a STTU. Durante todo este período não acumulou nenhum fato que, de alguma forma, manchasse a sua vida profissional ou da sua família. Viveu como classe média, sustentou o filho e a mulher a custa de muito trabalho. E perdeu a vida neste domingo (22) nas mãos de dois bandidos que se acham acima da lei, simplesmente por que ela protege mais os criminosos do que pune. A dupla invadiu a residência de Moab, no Conjunto Cidade do Sol, em Igapó, quando ele aproveitava o domingo para lavar o próprio carro na calçada. Os criminosos fizeram um arrastão e, no momento em que estavam fugindo, o cidadão acabou sendo baleado e morto. Um tiro na cabeça e outro no tórax. Um verdadeiro atentado contra a sociedade

potiguar, que está há anos entregue a bandidagem. Os marginais fugiram levando o carro da vítima e alguns dos seus pertences, mas acabaram abandonando o veículo no Vale Dourado, a poucos quilômetros do local do crime, após perderem o controle e baterem em outro automóvel. Por enquanto, nenhum dos criminosos foi encontrado pela Polícia, apesar das diligências realizadas desde os primeiros minutos após o assassinato. São de crimes como esses que a sociedade potiguar está cansada. Não há mais tranquilidade alguma para se viver em Natal, e o pior é a falta de perspectiva de que este cenário trágico seja, ao menos, amenizado. As primeiras iniciativas da nova gestão da Segurança Pública dão uma esperança, mas ainda muito pequena diante do tamanho do problema. Hoje, o povo potiguar acorda mais uma vez com um tiro certeiro no coração. Até quando?

TELHADO DE VIDRO Com a denúncia, mesmo que ainda sem provas, o maior prejuízo que Agripino terá será pela dificuldade, a partir de agora, de cobrar punição para os envolvidos no escândalo da Petrobras. A mídia nacional não perdoará.

DUAS MEDIDAS? Interessante foi perceber a reação da militância petista diante da denúncia. Ora, muitos deles cobrando punição a Agripino pela delação premiada de um réu do esquema. Mas, porque o senador merece ser punido e a cúpula do PT não, quase toda envolvida nas delações premiadas do Petrolão? A FAVOR DA PUNIÇÃO Em tempo: este colunista reafirma seu posicionamento de que todos os envolvidos em malfeitos merecem, sim, a punição. Que todos tenham direito a investigação e a defesa, mas que, se confirmado o crime, que sofram as consequências. SEM NOVIDADES Para finalizar, a matéria exibida pelo Fantástico sobre a Sinal Fechado gerou mais expectativa do que merecia. Apenas mostrou o que toda a imprensa do RN já havia divulgado. Mais do mesmo.

Gira Mundo Divulgação

Mais de 1.200 pessoas foram multadas em R$ 170 por urinar nas ruas da cidade do Rio de Janeiro durante o Carnaval e o período pré-carnavalesco. Segundo a prefeitura, de 24 de janeiro até ontem (22), foram emitidas 1.264 multas, entre eles, 122 mulheres e 17 estrangeiros. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Turismo, os blocos reuniram um total de 4,5 milhões de foliões no período.

Megafone Divulgação

“Foi um texto frio e sem emoção. Um texto tecnocrata demonstrando que o prefeito não dialoga com a sociedade” HUGO MANSO SOBRE A MENSAGEM DO PREFEITO CARLOS EDUARDO LIDA NA CÂMARA MUNICIPAL DE NATAL

HOLOFOTES Em compensação, bastou aparecer no programa global para o escândalo potiguar ganhar as páginas dos principais veículos do país. Hoje a acusação contra Agripino está em destaque em alguns dos principais portais de notícias do país.

SUCESSÃO Será em abril a eleição para Procurador Geral de Justiça, que ficará no comando do Ministério Público Estadual pelos próximos anos. Rinaldo Reis, que atualmente ocupa a função, já confirmou que tentará a reeleição. É sempre bom lembrar que três nomes precisarão ser entregues ao governador Robinson Faria, que poderá optar ou não pelo mais votado. BAIXO NÍVEL Sofrível o nível do futebol apresentado por ABC e Alecrim no primeiro clássico do estadual. O Verdão continua como em 2014: difícil fazer um gol.

FALTA GOL No ano passado o Alecrim quase ganhou o primeiro turno do potiguar acumulando uma série de empates e mostrando imensa dificuldade em balançar as redes adversárias. Este ano, a situação é a mesma, só faltam vir os empates no lugar das derrotas. Não à toa dois atacantes são os mesmos, Felipe Moreira e o experiente Quirino. ESTATUETAS Ontem foi mais um dia de festa para o cinema mundial, com a premiação dos melhores trabalhos realizados na última temporada com o tradicional Oscar. Como não poderia deixar de ser, injustiças ficam pelo caminho, principalmente diante de bons concorrentes. O longa “Sniper americano” merecia bem mais do que a única estatueta obtida pela edição de som. “Birdman” ficou como o melhor filme, e levou outras três premiações, dividindo com “O Grande Hotel Budapeste”, que também venceu 4 indicações, a liderança da festa.


12 O Jornal de HOJE

Cidade

Natal, 23 de fevereiro de 2015

Segunda-feira

Bobflash

Daniela Freire POLÍTICA E SOCIAL - daniela.freirecosta@yahoo.com.br João Neto

w REAÇÃO Cotado para assumir a liderança do prefeito Carlos Eduardo Alves na Câmara Municipal de Natal, o vereador Bispo Francisco de Assis está perdendo a vontade, antes demonstrada, em assumir o cargo. >>> Hoje cedo, em conversa com a coluna, o parlamentar avisou: "Eu não estou muito interessado em ocupar esta liderança". w À ESPERA DO CONVITE Na última sexta-feira, Bispo Francisco havia dito que estava em dúvida sobre o assunto. Se aceitava ou não ser o líder... >>> Ele confirmou que havia sido sondado para uma conversa com o prefeito, mas até então aguardava o chamado do chefe-mor.

w AVALIANDO... Em Brasília, o assunto Sinal Fechado no Fantástico repercutiu entre os federais potiguares... >>> Que trataram de se reunir uns nas casas dos outros para avaliar o impacto negativo da notícia... >>> Houve até quem comentasse sobre formas de se "proteger" neste caso.

A nova Coordenadora de Comunicação da Assembleia Legislativa, Marília Rocha, prestigiando o evento de comemoração dos dez anos da Depyl em Natal Relembrando: Jota Oliveira e Marcílio Amorim no Baile de Máscaras que abriu o carnaval em Natal

w SEM AVANÇO Mas, até hoje pela manhã, nenhum convite oficial do prefeito havia sido formalizado. >>> O desinteresse do Executivo em resolver o assunto pode estar causando a reação do vereador...

Márlio Forte

João Neto

w GIRO PELO TWITTER... ...do senador José Agripino: "As vinculações ao meu nome são falsas, fogem completamente à verdade e são, acima de tudo, uma infâmia";

w PREFEITO SEM PRESSA Aliás... >>> As notícias do Palácio Felipe Camarão são de que não há nada previsto na agenda do prefeito Carlos Eduardo para tratar sobre esta pauta nos próximos dias. >>> "Essas questões exigem muita conversa e avaliações de parte a parte. Não se pode atropelar etapas, se não prejudica o processo", disse fonte do gabinete do prefeito.

...do diretor da TV Assembleia: "Repasse de duodécimo aos poderes chegou a quase 120 milhões de reais"; ...da Folha de S.Paulo: "Ministério da Educação abre nesta segunda-feira inscrições para o Fies". Mulheresnofds

Ainda do carnaval 2015, Bosco Galindo e Iury Bagadão

w AINDA TEM UM Em tempo: além do Bispo Francisco, apenas o colega Chagas Catarino havia se interessado em ser o líder de Carlos Eduardo na Câmara.

w REPERCUSSÃO Denúncias da Operação Sinal Fechado contra políticos da Terrinha, que rechearam o Fantástico da Globo, ontem, são o assunto do momento nas conversas políticas. >>> Senador José Agripino, presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza, vice-prefeita de Natal Wilma de Faria e ainda o seu filho Lauro Maia estamparam a telinha acusados pelo Ministério Público de negociar propina para facilitar a implantação de uma escandalosa inspeção veicular aqui no Estado...

w IGUAL A propósito... >>> O governador Robinson Faria também ainda está sem líder na Assembleia Legislativa. >>> Parece que a dificuldade é a mesma para prefeito e governador: achar alguém de total confiança para representá-los nas casas legislativas.

w O QUE SE FALA Pois bem, o que tem sido questionado nas

Encontro de petistas na governadoria na última sexta-feira: senadora Fátima Bezerra e deputado Fernando Mineiro trocando ideias...

rodas dos bastidores: >>> - Por que o assunto "Sinal Fechado" voltou à mira do MP quatro anos depois de a investigação vir à tona? Justamente quando o principal acusado desta vez, Ezequiel Ferreira, ocupa a presidência da Assembleia... Coincidência? >>> - O jogo político pode estar por trás da denúncia neste momento? >>> - Por que o empresário George Olímpio procurou o senador José Agripino ao menos duas vezes (nas residências do parlamentar em Brasília e outra em Natal, como o próprio democrata confirmou ao

Fantástico)? Que interesses em comum tinham os dois, já que o senador nega o recebimento da propina (de R$ 1 milhão) neste caso? w SINAIS O fato é que na última sexta-feira (20), o procurador-geral da Justiça Rinaldo Reis entregou uma acusação formal contra Ezequiel Ferreira ao juiz por crime de corrupção passiva. >>> O que disse o procurador sobre o caso ao Fantástico: "A lei foi aprovada com a dispensa de toda a burocracia legislativa. Não passou, não tramitou em nenhuma comissão temática da Assembleia".

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ifícil acreditar que momentos tristes e felizes vividos com Venâncio não foram discutidos entre as duas. Rachel era tímida, mas abria detalhes conjugais para as mais próximas. Uma dessas intimidades era o prazer que sentia com cheiro de homem, coisa que o ex-marido tinha de sobra. Ela gostava quando ele voltava da rua suado, no limite da repugnância. Talvez fosse a maior perda, pensando na viuvez incipiente: a falta do azedume afrodisíaco. Não era segredo para amigas

que seu casamento oscilava, meses antes da morte inexplicável. Que marido e mulher se viam às tardes em que ele chegava alcoolizado e a procurava sem pudor, disposto a soltar bichos e plantas carnívoras em cima de uma cristã, cuja maior ousadia sexual era dizer: "Que gostoso". Rachel desconfiava dos sumiços de Venâncio, mas aceitava sem protestar. Como Venâncio mantinha a norma de nunca discutir com a parceira, na ideia de que mulheres são dramáticas e impacientes, Ra-

chel guardava para si o débito carnal acumulado por anos de acomodação. Everaldo aparecia como um endocrinologista que regularia aquela crise hormonal de meia idade. Bastava uma primeira consulta. Ela analisava prós e contras, como ficar falada em Oiticica dos Soares, envergonhar a família e levar um rela de Padre Mário. Adiou a tentação até onde pode. Ou melhor: sustou qualquer anseio de pôr em prática a traição póstuma. Pelo menos por algumas horas, enquanto criava coragem

para fazer o que realmente tinha em mente. Na manhã seguinte àquela caminhada, iniciou o plano arquitetado na madrugada em claro e ligou para Everaldo. "Oi. Vai fazer o quê hoje à noite?". Everaldo nunca trabalhou tão leso, tão disperso, como no restante daquele dia. Sem acreditar no convite, contou as horas como um menino conta o tempo, ansioso por uma viagem de férias. Marcaram o encontro na praça, logo após a novela das oito.

Episódios de uma noite infame Para decepção de Everaldo, o clima daquela noite se apresentava hostil aos protocolos de uma conquista. Uma chuva brutal caia em Oiticica dos Soares. "Parece que são Pedro tá com ciúmes", tentou fazer graça, já ensopado. Embaixo do toldo da farmácia de Bibiro, a decisão foi tomada pela juíza na peleja da sedução: "Vamos para minha casa", surpreendeu Rachel. Everaldo acreditou que o primeiro encontro seria o decisivo. "Finalmente, meu Deus, finalmente", pensou mais de vinte vezes, por todo o trajeto. Anos mais tarde, versões davam

w IMPORTÂNCIA DA UFRN Depois do sucesso do deputado Rogério Marinho com suas emendas para o Instituto Metrópole Digital da UFRN, outros parlamentares federais resolveram seguir o seu caminho e passaram a visitar a reitora Ângela Paiva, buscando formas de firmar novas parcerias... >>> Já fizeram fotos no gabinete da magnífica os recém empossados Antônio Jácome e Rafael Motta, que passou hoje por lá.

conta do ato premeditado, criminoso, executado por uma endemoninhada. O comentário que virou lenda: "Ela não devia ter feito aquilo". Everaldo entrou na casa de Rachel com um sorriso boçal. Pela trigésima vez, falou em silêncio: "Finalmente, meu Deus, finalmente". Ela preparou um café e trouxe lençol para proteger o sofá dos corpos molhados. Chorava sem que ele visse. A tensão alterava sua face. Ligou a televisão para amenizar. O começo de um filme estrangeiro sonorizou o ambiente. A sala tinha

certo charme, com a combinação de cores dos móveis adequada à sobriedade sem querer da dona. Seria ali a desistência de viver sem o amor e a proteção do marido. "Agora cale a boca! Você vai aprender a não mexer com uma viúva, seu safado!", gritou Rachel, com a garrucha de Venâncio em riste. "O que é isso, Rachel?". Eram 23h17 e um nirvana coletivo congelava Oiticica dos Soares. Vizinhos disseram que foram três disparos, para incerteza da polícia, que colhera testemunhos de terem sido apenas dois, um na têmpora de

Everaldo, outro, no tórax de Rachel. Dona Altamira, senhora gorda e caridosa conhecida dos envolvidos desde a puberdade, foi quem primeiro viu os cadáveres. Rapidamente sua versão de uma agressiva contenda entre os amantes virou sentença. Atragédia foi escavada pelas arqueólogas da fofoca. Descobriram que Everaldo devia dois mil reais no cartão de crédito e que Venâncio deixara um bilhete para Rachel, antes de morrer, com a promessa: "Neguinha, só vou chegar de noite, mas trago uma surpresa. Tu vai gostar. Seu nêgo Nanço. 17/06/2006".

Look de Verão da Clarim


Cidade

Segunda-feira

Natal, 23 de fevereiro de 2015

O Jornal de HOJE 13

Cena Urbana VICENTE SEREJO - serejo@terra.com.br w EFEITO A matéria do Fantástico não só nacionalizou o Caso Inspar, como incluiu aquilo que o jornalismo dos norte-americanos classifica de 'proeminências'. E as proeminências darão maior exposição a todos. w CRISE - I É Grande. E com desdobramentos imprevisíveis. Basta dizer que alguns dos melhores restaurantes de São Paulo cogitam de uma medida drástica para economizar água: guardanapo de papel. Gravíssimo. w ALIÁS - II É por conta de erros assim e não por falta de segurança, saúde e educação, que um governo pode cair. O Festival de Besteira que Assola o País está maior do que no tempo do nosso Stanislaw Ponte Preta. w DICA - I Para nosso jet, embora não seja dado a obras de arte: a mansão do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira com quatro mil metros quadrados, incluirá a sua coleção de obras de arte avaliada em R$ 25 milhões. w DICA - II Alguém do jet pode arrematar facilmente e em seguida vender a casa que não serviria pra ser exibida em Natal e ficaria com todas as obras de arte. Ou nosso jet preferiria fazer, exatamente, o contrário? w MORTE - I 'Você pode dizer adeus, refletir sobre a vida, deixar mensagens, visitar lugares especiais pela última vez, ouvir as músicas favoritas, ler poemas e se preparar para encontrar seu criador ou curtir o esquecimento eterno'. w MORTE - II Estas são, segundo o médico britânico Richard Smith, as razões que mostram ser o câncer a melhor forma de morrer. Sua ideia causa polêmica: 'Reação foi maior do que tudo que escrevi em 40 anos'.

F

w MUSEU - I A Unidade do Instituto Federal, IFRN, na Ribeira, além de centro do ensino será também um museu com a história do trem em Natal e no Rio Grande do Norte, e pode funcionar já no segundo semestre.

Se tivesse...

oi de um petismo precário e esfarrapado a declaração que a presidente Dilma Roussef achou para voltar à cena, depois de dias e dias fora de câmeras e microfones: culpar as primeiras denúncias de propina que teriam envolvido os tucanos. Sob a desculpa de que, assim, a punição teria intimidado e, certamente, desestimulado a fúria dos petistas na prática destas denúncias agora com dimensões avassaladoras que hoje fazem do Petrolão o maior escândalo de corrupção no ranking mundial. E é. Há os que reagem, e o fazem movido pelo instinto de autodefesa, quando não por sentimento corporativista, mas o fato é que a classe política de uns tempos para cá parece acometida de uma má digestão crônica. Cliente do marketing, esta ciência dada à prática de bruxarias, e quem melhor lhe ensinou a decorar perguntas e respostas, alguns deixam as campanhas e saem imaginando que os pequenos e bem urdidos golpes retóricos são capazes de driblar e até esconder a dureza de sua rotina. E erram duplamente. Primeiro, porque não há clima de disputa a aquecer o calor da luta com a intensidade do confronto que faz da esperteza e da rapidez as armas fatais. Depois, e em condições normais de avaliação, a produção de efeitos deixa os trilhos da rapidez para ganhar um sentido forte de reflexão capaz de medir as posições e contraposições sem o caráter lúdico que acaba maquiando o debate. As idéias substituem o pugilato das frases feitas diante da tevê e prevalece a força dos fatos.

Vendo de fora, baseado nos chamados atos retóricos, o PT parece ter caído aquele velho erro de que tanto falam os analistas políticos: o vício do poder apagou as fronteiras e hoje nem os petistas sabem mais onde acaba o partido e começa o governo. Os doze anos - oito de Lula e quatro de Dilma - foram longos demais para essa droga poderosa que vicia em pouco tempo: o poder. Resultado: hoje o partido aparelhou o governo de forma tão avassaladora que tudo de errado é coisa do PT, e é lógico. Seu desarranjo retórico chegou a tal nível de perda de substância lógica e coesão, que não há mais como reorganizar a fala petista, mantido o gênero e seu estilo. Disse muito bem o ex-deputado José Dirceu, cerebral como é, quando soube afastar a verborragia pegajosa e inútil da velha clicheria petista para alertar que, se a presidente Dilma não fizer a defesa eficiente do partido - não diante dos petistas, mas perante a opinião pública, o escândalo do Petrolão poderá ser a última pá de cal no PT. Aliás, afastemos a bruma que empana o brilho de José Dirceu - hoje de corpo prisioneiro, mas de idéias livres - é a grande ausência que o PT até hoje não conseguiu substituir. Muito do falso ódio que alguns lhe dedicam, na verdade esconde o medo. Ou, se alguém preferir, dissimula o alívio que é não tê-lo no governo. Se fosse o presidente - e poderia ter sido se não tivesse caído no Mensalão que ele mesmo articulou - o embate retórico, pelo menos, e certamente, não seria tão rude e tão precário.

w ACERVO - II As obras de restauração da antiga oficina ferroviária ficam prontas em junho e o acervo do museu vai contar com três locomotivas, além da Catita, a primeira, já em Natal, para os serviços de restauração. w PARCERIA - III É o resultado de uma parceria do Instituto dos Amigos do Patrimônio Histórico e Artístico-Cultural e da Cidadania, o Inaphacc, a entidade tocada por Ricardo Tersuliano, com apoio do IFERN e amigos. w CAMPANHA Forte e perfeita a síntese que simboliza a mensagem da Campanha da Fraternidade, uma prova de que a Igreja Católica continua sendo a mesma grande escola de comunicação social: 'Eu vim para servir'. w MARCA A revista The New Yorker fez nove capas para a edição dos noventa anos, todas obedecendo ao seu estilo tradicional de ilustração gráfica, mas com provocações para afiar a renovação da sua tradição. w LIVRO - I Além de publicar dois poemas inéditos na Ilustríssima, edição de domingo passado, o poeta Eucanaã Ferraz anuncia novo livro de poemas - Escuta - a ser lançado em março, pela Companhia das Letras. w POESIA - II Do poema, 'Orelhas', dele, de Eucanaã Ferraz, publicado na Folha de S. Paulo: '... sim, a saudade arde exatamente como / nos roteiros dos filmes mas só as fitas mais chinfrins / e com fins infelizes...'

Reforma do ginásio do DED é concluída, mas ainda faltam funcionários e mobiliário Fotos: Heracles Dantas

CAPACIDADE DA PRAÇA ESPORTIVA

É

PARA DUAS MIL PESSOAS. ESTRUTURA ESTAVA ABANDONADA HÁ OITO ANOS MARCELO LIMA REPÓRTER

Depois de oito anos abandonado, o ginásio Marcelo Carvalho (também conhecido como DED) passou por uma reforma no final do governo Rosalba Ciarlini. Desde que foi inaugurado em 23 de dezembro do ano passado, a praça esportiva precisa de funcionários e mobiliário para voltar a ser arena de disputas esportivas em esportes de salão. Realizada pela empresa contratada pelo governo Mar Construções LTDA, a recuperação custou R$ 689.698,81 mil aos cofres públicos. A previsão inicial era de R$ 480 mil. Vestiários, pisos, cobertura e sala da administração foram completamente reformados. O prédio também tem uma rampa para acesso de cadeiras de rodas e pessoas com baixa mobilidade, assim como banheiros feitos no padrão de acessibilidade universo. A quadra também foi aumentada. Deixou de ser 36 x 18 metros e foi ampliada para 40 x 20 metros, com a dimensão de boa parte das quadras que recebem torneios profissionais. Essa modificação também possibilitará receber jogos handebol segundo Gileno Souto, coordenador de Desportos da Secretaria

Pisos, coberturas, vestiários e área administrativa foram completamente reformados. Ginásio foi inaugurado em 23 de dezembro do ano passado Estadual de Educação. Também houve a revisão das instalações elétricas e hidráulicas do ginásio e a pintura das arquibancadas e do muro externo e grama. O único jogo realizado até agora depois da obra, foi exatamente no dia da inauguração, que contou com a então governadora Rosalba Ciarlini e a secretária Betânia Ramalho. O duelo foi entre os times de futsal do ABC e URV de São Gonçalo do Amarante. Portanto já são dois meses parados. Na manhã desta segundafeira (23), nossa equipe de reportagem visitou o local. A grama plantada à época já estava ficando seca e as folhas das árvores da área externa do ginásio já estão tomando o piso. De acordo com Gileno Souto, amanhã (24) ele se reunirá com o atual secretário da pasta, Francisco

das Chagas, para decidir sobre as necessidades de pessoal e mobiliário do ginásio. "O mobiliário são mesas cadeiras, bebedouros, mesa de anotadores [ou arbitragem], os postes de vôlei, um computador para a sala da administração", informou Souto. Cotado para ser diretor do ginásio, caso o secretário não mude a equipe de vem do governo anterior, Paulo César Rodrigues, da Coordenadoria de Desportos da Secretaria Estadual de Educação (Codesp), afirma que precisaria de pelo menos dois Auxiliares de Serviços Gerais e quatro seguranças para poder iniciar as atividades. "Sem o mobiliário até que dá para começar, mas sem vigilância não pode", disse. Além da equipe de apoio, ele avalia que sejam necessário mais dois funcionários na administração para ajudá-lo a manter o ginásio em funcionamento duran-

te os três turnos. "Depois, vamos começar a fazer a programação com as escolas e federações. Vai ser a principal praça esportiva dessa região de Natal", acrescentou Gileno Souto. Os praticantes de futsal, voleibol, basquete e handebol esperavam pelo novo espaço. Ainda segundo Souto, a praça esportiva também poderá abrigar competições de artes marciais, ginástica esportiva e rítmica. Também poderá funcionar para receber a demanda reprimida da zona Leste da cidade, visto que o Palácio dos Esportes está em obras desde 2013. Ainda conforme o coordenador de Desportos, a capacidade do ginásio é de cerca de 2 mil pessoas, a mesma de antes da reforma. Entretanto, foram construídos dois recuos nas arquibancadas para guardar as novas tabelas de basquete.

Até a reforma ser iniciada no ano passado, o lugar estava tomado por moradores de rua que atualmente migraram para o Presépio de Natal, outra obra pública abandonada há anos. Em reportagem publicada em março do ano passado, o subcoordenador de Manutenção e Construção Escolar, Clécio Martins, afirmou que a obra começaria em abril. Mas só teve início em setembro de 2014. Além disso, a expectativa era de que os Jogos Escolares do Rio Grande do Norte tivessem sua abertura oficial na praça esportiva, mas também não foi possível. Paulo César, da Codesp, explica que para o início das atividades é necessário auxiliares de serviços gerais, seguranças e funcionários para a administração


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Fotos: Wellington Rocha

Comunidade realizou protesto em frente a unidade para cobrar conclusão das obras de recuperação do posto

POSTO DE SAÚDE NA ZONA OESTE ESTÁ FECHADO HÁ CINCO MESES À ESPERA DE REFORMA COM SERVIÇOS PARADOS, USUÁRIOS SÃO ATENDIDOS EM CONDIÇÕES PRECÁRIAS EM SALAS COMPARTILHADAS NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO BOM PASTOR ALESSANDRA BERNARDO ALESSABSL@GMAIL.COM

Inconformados com a paralisação das obras de reforma da unidade de saúde da família (USF) de Novo Horizonte, há mais de cinco meses, os moradores e servidores da unidade realizaram protesto reivindicando a retomada e conclusão dos serviços à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na manhã desta segunda-feira (23). Eles reclamam dos atendimentos médicos, que continuam sendo ofertados, mas que estão sendo realizados de forma precária em salas emprestadas na USF do Bom Pastor, a alguns quilômetros de distância. Segundo a diretora, Maria da Penha de Medeiros, as obras foram iniciadas em abril do ano passado e deveriam ter sido concluídas três meses depois, no entanto, se arrastaram até o mês de setembro passado, quando foram paralisadas sem explicações. Isso causou revolta aos 26 servidores da unidade, que esperam pela conclusão dos serviços para poderem retornar à sua rotina normal de trabalho. "Procuramos a SMS em busca de uma explicação, mas infelizmente, não nos deram nenhuma resposta plausível até o momento. Sabemos que há outras unidades em reforma no município e, por isso, estamos aqui protestando. Só queremos que essa obra seja concluída para que possamos retornar ao prédio, trabalhar e oferecer um serviço de qualidade, porque estamos em situação precária, em salas emprestadas e em esquema de rodízio com os profissionais do Bom Pastor", explicou. Ela afirmou que comunicou a SMS sobre a manifestação desta segunda-feira e recebeu a informação de que os serviços seriam retomados ainda hoje e que, diante disso, os servidores resolveram suspender as atividades e permanecer em frente ao prédio da USF até que os operários reiniciem os trabalhos. Também está prevista uma reunião para o período da tarde com os servidores da unidade, para decidir os próximos passos do movimento. "Nos garantiram isso (reinício das obras), mas vamos continuar aqui até termos certeza. Apesar disso tudo, jamais deixamos de prestar atendimento à comunidade, que necessita muito de atenção médica. Antes, eram cerca de 200 consultas diárias, entre as especialidades de Pediatria, Clínica geral, Nutrição e Ginecologia, além dos procedimentos feitos por enfermeiros e as visitas domiciliares aos usuários que não podem sair de casa", disse. O diretor do Departamento de Infraestrututa Física e Tecnologia (Dift) da SMS, Jorge de Lima, afirmou que as obras seriam retomadas ainda nesta segunda-feira e que os operários foram deslocados para o local por volta das 10h. "Estão

Josefa Mota tem hipertensão e diabetes, e desde o fechamento da unidade precisa caminhar quilômetros para conseguir atendimento no bairro do Bom Pastor

Paulo Roberto, do Sindsaúde, reclama do acúmulo de lixo em frente a unidade faltando apenas a pintura das paredes, a instalação das divisórias nos consultórios e retoques finais na estrutura onde está a caixa de água da unidade. A previsão é que tudo seja concluído em mais 30 dias, no máximo", afirmou. USUÁRIOS RELATAM DIFICULDADES Com hipertensão arterial e diabetes, a aposentada Josefa Mota disse que sempre foi muito bem atendida pelos profissionais da unidade de saúde de Novo Horizonte, mas depois do início das obras, passou a enfrentar dificuldades na hora de buscar atendimento médico. Para ela, a conclusão da reforma é mais que esperada, principalmente porque, para ter acesso às consultas, precisa acordar cedo para pegar as fichas, distribuídas na unidade em reforma e se deslocar até a do Bom Pastor, que é distante da sua residência.

"Como não temos veículo em casa, precisamos andar até lá para sermos atendidos e isso é muito cansativo, principalmente por causa do forte calor e do sol na cabeça. Meu marido e minha filha, que também sofrem de pressão alta, só procuram médico quando já não aguentam mais, para evitar o deslocamento. Não vejo a hora desse tormento acabar de uma vez e voltarmos a ser atendidos aqui novamente. É só isso que estamos pedindo", desabafou. A situação é semelhante para a diarista Ângela Cruz, que foi ao local na manhã de hoje em busca de uma ficha para atendimento médico e resolve ficar para apoiar a mobilização dos profissionais da unidade. Ela disse que, como mora um pouco mais distante desta, sempre que precisa ir lá, tem que pagar passagem de ônibus e que faz o mesmo para se deslocar até a USF do Bom Pastor.

"Os médicos daqui estão lá, temporariamente, em uma situação muito precária para eles e para nós também, por isso, quando soube que era um protesto para ver se a prefeitura conclui logo essa obra, resolvi ficar e dar minha contribuição. Precisamos muito desse posto funcionando normalmente, como era antes. E, enquanto isso não acontece, estamos sofrendo muito", afirmou. Para a aposentada Dalvani Conceição, falta atenção das autoridades municipais com os usuários da saúde pública, principalmente os mais carentes, que precisam de atendimento médico com maior frequência. "Tenho vários problemas de saúde, principalmente hipertensão arterial e osteoporose, não posso caminhar muito e o outro posto é longe, ainda mais para quem já tem uma certa idade. Precisamos e pedimos, urgentemente, que a prefeitura termine essa obra", falou. LIXO NA FRENTE DO PRÉDIO Por causa da paralisação das obras na unidade, muitas pessoas da própria comunidade passaram a descartar resíduos e objetos velhos na frente do prédio, localizado na Rua dos Paiatis, causando mais um problema. Segundo um dos coordenadores do Sindicato dos Servidores da Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde), Paulo Roberto, ao chegarem ao local para a manifestação, o material estava sendo recolhido pelos próprios usuários. "Além de tudo, ainda há esse problema do lixo que está sendo descartado de forma irregular no local, prejudicando ainda mais a situação. Já tínhamos recebido reclamações sobre isso da própria comunidade e quando chegamos hoje, realmente estava cheio. Mas, pouco depois, algumas pessoas que estavam aqui começaram a limpar a área e recolher o lixo em sacolas plásticas", disse.


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José Aldenir

América reassume a liderança do estadual O América venceu ontem o Globo na Arena das Dunas, pelo placar de 2 a 1, e reassumiu a liderança do primeiro turno do Campeonato Potiguar, passando a somar 10 pontos, mesma pontuação do ABC, levando vantagem sobre o arquirrival ABC no saldo de gols (6 a 5). Daniel Costa e Flávio Boaventura marcaram para os gols da vitória, enquanto Renatinho Potiguar descontou para a Águia de Ceará-Mirim. O alvirrubro volta a campo na próxima quarta-feira (25), às 19h, contra o Palmeira de Goianinha, novamente na Arena das Dunas. O Globo ocupa a terceira colocação com nove pontos conquistados. Destaque para as mudanças feitas pelo técnico Roberto Fernandes que ousou e colocou em campo um América ofensivo com apenas um volante no meio, no caso Judson, e Daniel Costa, Cascata, Emerson, Thiago Potiguar e Max formando os homens de frente. "Jogar com um volante só no futebol de hoje não é fácil, a linha defensiva trabalhou bem mas faltou um melhor encaixe lá na frente. A formação que usei aqui é uma tendência do futebol, o Tite joga assim com um volante só, mas se os homens da frente tiverem comprometimento com a marcação a gente pode jogar assim, a linha de quatro e este volante podem ser usados, não que eu vá jogar sempre assim, mas está provado que dá para jogar". O América abriu o placar aos Aos 27 minutos.

Thiago Potiguar foi lançado na esquerda, cruzou para o meio da área, Max brigou com a defesa e a bola sobrou para Daniel Costa bater no canto direito de Rafael. O gol obrigou ao time de CearáMirim a sair para o jogo. Aos 38 minutos Renatinho Potiguar recebeu lançamento na entrada da área pelo lado direito, puxou pro meio e bateu sem chances para Busatto. O segundo tempo começou com o América buscando o gol. Aos oito minutos, Após cruzamento de Thiago Potiguar, Max tentou ajeitar pra Cascata, a bola bateu no braço do lateral Leomir dentro da área, mas a arbitragem nada marcou. No seguimento da jogada, Walber sofreu falta pelo lado direito. Após cobrança de Daniel Costa, Flávio Boaventura, de "peixinho", deu a vitória e a liderança do primeiro turno ao Mecão. DISPENSADO Campeão da Copa Verde 2014 defendendo a equipe do Brasília, o atacante Alekito, de 29 anos, não seguirá no alvirrubro para a temporada 2015. O atleta, que chegou no Mecão durante a Série B do ano passado, acertou sua saída do clube. Além de Alekito, já saíram do clube os atacante Paulo Júnior e Buba, o lateral Gustavo, o zagueiro Cesinha e o volante Marcus Vinicius.

ALVIRRUBRO VENCEU O GLOBO PELO PLACAR DE 2 A 1, ONTEM, NA ARENA Daniel Costa abriu o marcador para o América, enquanto Boaventura fez o segundo José Aldenir

Kayke garante vitória do ABC No primeiro clássico do Campeonato Potiguar 2015, o ABC derrotou o Alecrim por 1 a 0, em partida realizada no último sábado, no estádio Nazarenão, em Goianinha. Kayke entrou na segunda etapa da partida para marcar o gol salvador aos 24 minutos. Com os três pontos conquistados, o alvinegro manteve a invencibilidade, chegou aos 10 pontos conquistados e assumiu a vice- liderança. O próximo compromisso do time abecedista será fora de casa, contra o Potiguar, na próxima quinta-feira (26), às 19h, no estádio Nogueirão, na cidade de Mossoró. Diante da vitória apertada, o treinador Roberto Fonseca reconheceu o fraco desempenho. "Foi um jogo complicado. Entramos com uma proposta de atuar com dois homens abertos, fazendo como três atacantes, e no primeiro momento não funcionou. O Erivélton conseguiu fazer bem pela direita, mas faltou um pouco mais do Anderson pela esquerda. O Fabinho não estava bem, vinha com febre e tive que tirá-lo no intervalo. Com a entrada do Kayke melhoramos e com as outras mudanças que fizemos chegamos ao gol. As mudanças deram certo. Acontece que continuamos oscilando muito e isso tem preocupado. Acredito que foi um jogo equilibrado, como é um clássico", declarou o técnico ao site oficial do clube. Mas Fonseca fez questão de destacar a importância da vitória. "Como venho falando sempre, o mais importante foi a vitória. A conquista dos três pontos foi fundamental, pois nos coloca com dez pontos e faz pressão para os adversários. Sabemos que temos muito o que melhorar e corrigir, mas entramos para vencer e mais uma vez conseguimos", encerrou.

CAMPEONATO ESTADUAL 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º

Clubes América ABC Globo Baraúnas Potiguar Santa Cruz Alecrim Palmeira Corintians

PG 10 10 9 7 6 6 6 3 1

J 4 4 4 4 4 4 4 4 4

V 3 3 3 2 2 2 2 1 0

E 1 1 0 1 0 0 0 0 1

D 0 0 1 1 2 2 2 3 3

GP 7 7 8 3 5 5 3 6 4

GC SG A% 1 6 83.33% 2 5 83.33% 2 6 75.00% 1 2 58.33% 5 0 50.00% 7 -2 50.00% 5 -2 50.00% 9 -3 25.00% 9 -5 8.33%

Atacante entrou no segundo tempo e marcou o gol na vitória sobre o Alecrim

ATAQUE ALVIRRUBRO A diretoria promete trazer reforços, principalmente para o ataque. Uma andorinha só não faz verão e Max precisa urgentemente de um bom companheiro. Alekito já foi mandado embora e Emerson deve ser o próximo. A solução é Adriano Pardal, mas enquanto ele não se recupera da lesão na coxa, pelo menos um lateral-esquerdo, um volante e mais dois homens de frente deverão ser contratados.

Fábio Pacheco fabiopachecorn@gmail.com

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DEFICIÊNCIAS PREOCUPAM ABC e América cumpriram o seu papel e venceram na quarta rodada do Campeonato Estadual, mas deixaram o torcedor preocupado. Roberto Fonseca mudou o esquema de jogo da equipe, passando a atuar com três meias, mas em nenhum momento da partida se viu a passagem dos alas. O time ficou tocando a bola em demasia no meio-campo e teve pouca ofensividade. A situação só melhorou com a entrada de Kayke, autor do gol e que manteve o Mais Querido na vice-liderança. No líder América, a ausência de um lateral-esquerdo está deixando o técnico Roberto Fernandes perturbado. A linha de quatro com apenas um volante surpreendeu, mas castigou o futebol de Maguinho que foi deslocado para a lateral, enquanto Cascata ficou sobrecarregado na marcação. O bom garoto Walber também ficou preso na marcação, tinha tudo para desequilibrar diante do tímido Globo. Mas valeu pela valentia dos zagueiros alvirrubros, Flávio Boaventura vem se superando a cada partida e Zé Antônio vem sendo uma referência na saída de bola e um bom batedor de faltas à distância. Daniel Costa desequiliboru, mas no ataque, Max segue solitário, pois Thiago Potiguar e Emerson estão jogando muito abaixo da média. JOÃO VICTOR A grata surpresa do jogo do América foi a estreia do garoto João Victor no time profissional. De acordo com o blog Vermelho de Paixão, ele é sobrinho do auxiliar-técnico Luizinho Lopes. O jogador pertencia ao ABC e chegou ao clube na gestão passada, quando o tio era coordenador das categorias de base americana. Foi para a Copa São Paulo em janeiro/2014, mas sofreu uma lesão no joelho, passou por cirurgia e no final do ano passado foi reintegrado ao grupo.

GOLAÇO O gol de Renatinho Potiguar foi sem dúvida o mais bonito da rodada. Um gol clássico de camisa 10, carregando a bola para a frente da área, tirando o zagueiro da marcação e soltando o chute no canto. Uma pena que Romarinho não rendeu o esperado, pois todos esperavam um jogo muito mais equilibrado. Como perdeu no confronto direto, agora ficará muito mais difícil para o Globo recuperar a liderança. FRASQUEIRÃO O vice-presidente administrativo do ABC, o deputado federal Rogério Marinho, garantiu que o clube obedecerá a tabela da FNF e disputará o clássico-rei no Frasqueirão, no dia 1º de março. A sugestão de fazer na Arena das Dunas seria mais por questão de segurança, mas a torcida não anda empolgada com as duas equipes, acredito que não deveremos ter mesmo um grande público no próximo domingo.

CAPACITAÇÃO DO JUDÔ

O credenciamento técnico da Federação de Judô do Estado do Rio Grande do Norte (FJERN) foi realizado neste final de semana com palestras no auditório da SEEL e um trabalho de padronização técnica no ginásio da UFRN. Mais de 50 técnicos da capital e interior participaram de um estudo técnico com o sensei José Eudes e depois com o professor Lacet Júnior sobre métodos de treinamento para competição. Professores e atletas começam nesta semana a preparação para a primeira disputa oficial da federação em 2015. Será o Torneio Hebert Luiz, no dia 1º de março, no ginásio do Colégio Marista e que vai valer como seletiva para o Campeonato Brasileiro Regional. CADÊ O TORCEDOR? De acordo com o Datatrindade, a terceira rodada do Cameponato Potiguar teve média de público muito baixa. As cinco partidas reuniram apenas um público total de 2.463 torcedores pagantes. Média de 493 pagantes por jogo. A verdade é que os clubes potiguares estão pagando para jogar.

GOVERNO X OAS Pela terceira vez volto a dizer, o governador Robinson Faria precisa aproveitar a crise da OAS para tentar uma negociação mais justa pela Arena das Dunas. O banco de Portugal, que emprestou R$ 50 milhões à construtora em dezembro passado, pediu ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo a penhora das ações da empreiteira junto às Arenas das Dunas, Fonte Nova e Arena do Grêmio. Em Porto Alegre, diz a imprensa que a OAS estaria decidida a negociar o estádio gaúcho por um terço do seu valor e aqui em Natal o governo deveria fazer o mesmo para aliviar os R$ 10 milhões mensais. MOSSORÓ Depois da estreia com vitória do técnico Edson Porto, a diretoria do Potiguar resolveu trazer mais quatro reforços. Tratam-se dos zagueiros Célio Lima, que veio da Francana/SP e William Vinícius, que veio do Pelotas/RS, do volante Jeferson, ex-Sousa/PB e do atacante Vitor, que veio do Moto Club/MA. Os jogadores acompanharam a vitória do Potiguar sobre o Palmeira, por 2 a 0, no Nogueirão e foram apresentados a imprensa depois da partida.


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Segunda-feira

Divulgação

Passe Livre

RUBENS LEMOS FILHO - r.lemosfilho@uol.com.br José Aldenir

Terror

Luan marcou o gol da vitória por 1 a 0, ontem, no Engenhão

VASCO está de volta ao G4 GIGANTE

COLINA DOMINOU E VENCEU O FLUMINENSE NO PRIMEIRO CLÁSSICO DO CARIOCA DA

O Vasco venceu ontem o Fluminense por 1 a 0 no Engenhão, pela sexta rodada do Campeonato Carioca 2015, e manteve o retrospecto positivo contra o rival na história. Com o gol marcado pelo zagueiro Luan, o Gigante da Colina volta novamente ao G4, com 14 pontos, na terceira colocação. O Botafogo segue na liderança com 16 pontos, Flamengo e Volta Redonda com 14 completam a classificação na parte de cima da tabela. Sem contar com o volante Guiñazu, que foi suspenso, o Gigante da Colina enfrenta o Bangu no próximo sábado (28), às 16h, em São Januário. Autor do gol da vitória, Luan festejou o resultado. "Fiquei muito feliz pelo nosso rendimento nesse jogo. Fizemos uma grande partida. Nosso time jogou muito bem. Se fosse para ter um vencedor, esse tinha que ser o Vasco. Esse resultado nos deixou felizes e confian-

tes para mais uma semana de trabalho", disse Luan ao site oficial do clube. Oficializado como reforço na última semana, Gilberto também teve uma noite especial. Em sua estreia pelo Vasco, o atacante se movimentou, criou boas oportunidades e ainda sofreu um pênalti, que para sua infelicidade não foi marcado pelo árbitro. O atuação da equipe ao longo dos 90 minutos foi elogiada pelo centroavante. RESULTADOS O Botafogo sofreu, mas venceu o Nova Iguaçu por 2 a 1. Com o resultado, os alvinegros chegaram a 16 pontos e dormiram na liderança do Campeonato Carioca. Agora, o elenco vai começar a se preparar visando o clássico contra o Flamengo, que empatou com o Madureira em 1 a 1 com um gol polêmico do zagueiro Bressan. O jogo será no próximo fim de semana, no Maracanã.

O melhor dia para o futebol é o sábado. Se o jogo for à tarde, chocolate no pudim. Tira-se o domingo para o descanso, a cura da ressaca e a resenha da partida. O domingo foi criado para a reclusão do corpo e da alma. Olhar pela janela é um exercício de tortura depressiva. Vazio existencial. O sábado é a liberdade abrindo alas e asas. O verbo do texto, de verdade, deveria ter sido escrito no passado, mantida a opinião sobre o domingo sempre triste. Ver futebol no Brasil hoje é castigo seja no Carnaval ou na Quaresma e o que aconteceu no festival de caneladas de ABC e Alecrim pode ser incluído no rol das perversidades decretadas pela incompetência. Vi muitos jogos preliminares na minha infância e na adolescência. Não queira saber o que era assistir Ferroviário, Riachuelo, Atlético, Força e Luz, Emserv, Mauá, Racing, Palmeiras, Vênus da Cidade da Esperança, Monte Castelo, Estrela do Mar e outras constelações de Enxaquecas League. Hoje, aqueles lutadores, alguns estivadores e outros frequentadores de distritos policiais na condição de hóspedes jogariam fazendo pose. O pior - para mim - no ABC 1x0 Alecrim, gol de Kaike em jogada de sorte ou azar da lógica, pois o 0x0 seria a punição correta para os dois timecos e o chicote injusto para os coitados que saíram de casa para che-

gar ao Estádio Nazarenão, em Goianinha, é que paguei 4 reais para ver a desgraça pela televisão no pacote do Esporte Interativo. Por vontade própria, jamais sacaria um centavo. Mas é preciso, por dever profissional e, desde que pisei pela primeira vez numa redação, a 6 de abril de 1988, nunca recebi qualquer reclamação por deslize ou relaxamento no cumprimento do dever. As câmeras do computador portátil, durante o intervalo após o horrendo primeiro tempo, passearam pelas arquibancadas. As melhores imagens da jornada. As menos ruins. Nostálgico e compulsivo, puxei fios e fiz ligação direta com o velho Estádio Juvenal Lamartine, sua arquibancadinha desconfortável.

ARENA DAS DUNAS O tempo também arrasa o inexpugnável. Aquele que humilha contribuinte com Estado acocorado. AMÉRICA X GLOBO Espero não ter que escrever sobre América x Globo no tom de ABC x Alecrim. ROGÉRIO O deputado federal Rogério Marinho é sujeito sensato, inteligente, embora sem simpatia. Direito dele. Simpatia não define caráter. Só não pode criticar oposição no ABC. Logo ele, dos mais ferozes críticos do Governo do PT. É incoerente. JUDAS A entrevista de Rogério na Rádio Cabugi (Globo) foi clara resposta ao ex-presidente Judas Tadeu Gurgel, que destilou veneno contra a atual diretoria. Gosto (muito) de Judas, mas ele não pode

Futebol de verdade é feito para os simples. Os que encaram qualquer parada. A arquibancada do Nazarenão estava folgada, com notáveis clarões e notei sujeitos de clareira na cabeça. Calculei mentalmente e presumi gente na faixa dos 60 anos. Gente que viu jogões entre ABC e Alecrim no JL e depois no assassinado Castelão (Machadão). Aqueles caras testemunharam duelos de Alberi e Debinha contra Pedrinho e Valdomiro no campeonato de 1968, ganho pelo Alecrim, sem vitórias sobre o alvinegro. Era o primeiro ano de Alberi por aqui. Aqueles caras viram Alberi duelar com Vasconcelos em 1971, no bicampeonato do alvinegro, já sem Marinho Chagas, vendido ao Náutico e substituído pelo ótimo Anchieta, bom de

criticar. Quando alguém do ABC chamava, ele se apresentava, obediente. Aí, morre a credibilidade do discurso. TALVANES Elegante, Talvanes é pouco citado no grupo seleto dos meias clássicos do Rio Grande do Norte. Jogava demais. Foi dos maiores. Driblava curto, desvencilhava-se do marcador sem que este pudesse atingi-lo na pancada. TALVANES CONTRA O AMÉRICA Hoje faz 42 anos que Talvanes estava em campo vestindo a camisa do Alecrim contra o América, que venceu o clássico por 2x1. Taça Cidade do Natal de 1973. O ponta-esquerda Gilson Porto, que veio do Internacional (RS), fez os dois do América, de virada. O primeiro, do Verdão, foi marcado por César, para 5.113 torcedores pagando ingresso no EstádioCastelão (Machadão). Arbitragem de Guaraci Augusto Picado.

bola e de conduta. Os coroas também estavam na Lagoa Nova, no palco gigante e ondulado na arquitetura, quando Alberi, aos 34 anos, superou o ABC na conquista da Taça Cidade do Natal de 1979 do Alecrim, alvinegro com Baltasar, Danilo Menezes e Noé Macunaíma na meiúca. Coroas que não perderam os 6x1 de uma sexta-feira à noite, ABC massacrando o Alecrim de Odilon, pelos pés de frevo em trio de Dedé de Dora, Marinho Apolônio e Silva em 1983. Entediado e - pior - horrorizado com o que vi, fui tomado de vontade súbita, o incansável ímpeto do repórter que muitos pensam morto. Saber dos mais velhos o que eles pensariam do ontem e do hoje. Do quanto ganhavam os bambas e os capengas. O jogo entre ABC x Alecrim nada mais foi do que a repetição do que se vê em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Paraná e no Amapá. A falência fraudulenta de um esporte que simbolizava o país. Ninguém dá um passe de cinco metros nem domina uma bola sozinho. O ABC é de fazer pena e tem um técnico de ideologias patéticas. O Alecrim não existe. É caricatura do passado glorioso, ainda que nas derrotas. Custa entender como alguém paga ingresso para ver uma pelada horrenda como a de sábado. Um crime de lesa-futebol, de inversão dos princípios básicos de um jogo parido para encantar. Feio. Triste. E eu paguei. Para não ver.

TIMES América: Sombra; Odimar, Cláudio, Djalma e Cosme; Nunes (Chico), Washington (Romualdo) e Gonçalves; Almir, Bagadão e Gilson Porto. Alecrim: Franz; Edson, Valdo, Vavá e Brito; Varela, Talvanes e Maia (Erivã); Tiquinho, César e Wilsinho. DUELOS Travou duelos marcantes no Estádio JL com Arandir, do ABC e Pedrinho, cracaço do Alecrim. Decisivo na conquista do improvável título de 1969, Talvanes transferiu a gene do craque. O FILHO Natal viu nascer, no final dos anos 1980, um pivô deslumbrante no futebol de salão. Ricardo Lima driblava no espaço curto, transformava brechas em latifúndios no Palácio dos Esportes. Não exagero quando digo que meus olhos viram um gênio jogar. Gênio efêmero que parou cedo e tornou-se competente técnico. Era Ricardo, filho de Talvanes.

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