JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG

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Bom Despacho (MG),1 a 15 Novembro 2020

DESTAQUE

Ano XXXI - Nº 1.598 • Fundado em 12/05/1989

UBS DO SÃO JOSÉ VAI PARA NO VA SEDE PÁGINA NOV

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Bom Despacho (MG), 1 a 15 Novembro 2020 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR

DIA 11 TEM DEBA TE DEBATE ENTRE CANDID ATOS CANDIDA

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DROGAS ESTÃO LEVANDO ENTES QUERIDOS PÁGINA 9

GASTANÇA SEM FIM

Publicação da Câmara comprova os números mostrados pelo Jornal PÁGINA 5

Bombeiros apagam incêndio em residência na Vila Gontijo

Legislativo de Bom Despacho gasta muito e gasta mal

Unidades de Saúde da Cidade Nova passam a atender até 21h

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Dia 11 haverá debate entre candidatos a prefeito de BD No próxima quarta, dia 11, haverá debate entre os candidatos a prefeito de Bom Despacho. O evento será promovido por Acibom, Ordem dos Advogados do Brasil e a Una BD. Segundo o presidente da Acibom, Jailton Oliveira, o objetivo é permitir que o eleitorado conheça melhor os planos de cada candidato. “A mola-mestre dos municípios é formada pelos setores da indústria, do comércio, de serviços e do agronegócio. Por isso é importante conhecer e debater as propostas dos candidatos para nossa cidade e para esses segmentos, especialmente numa situação em que a economia foi tão afetada pela pandemia”, disse ao Jornal de Negócios.

Jailton argumentou ainda que os candidatos fazem muitas lives individuais, mas um debate que reúna

todos eles “será mais proveitoso para discutir projetos”. De acordo com a Acibom,

todos os candidatos receberam o convite através de suas assessorias, mediante protocolo.

Veja como será o debate

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O debate será realizado no auditório da Acibom, das 19h às 22h30m. Os candidatos ficarão no palco, seguindo ordem estabelecida por sorteio. Candidatos a vice participarão do evento, mas não poderão se manifestar, mesmo que o candidato a prefeito não compareça. O debate terá três blocos. No primeiro, cada candidato responderá a 5 perguntas. Cada um terá tempo de 2 minutos para a resposta. No segundo bloco, os candidatos farão perguntas entre si, definidas por sorteio. O tempo para a

pergunta e para minutos. terá 30

será de 1 minuto a resposta 2 Quem perguntou segundos para

comentar a resposta. Não haverá tréplica. No último bloco, os candidatos responderão

perguntas encaminhadas pelo público e sorteadas na hora. As perguntas deverão ser registradas na Acibom até as 17h do dia 10 de novembro. O tempo de resposta será de 2 minutos. Depois disso, cada candidato terá outros 2 minutos para fazer suas considerações finais. O debate será transmitido via Internet. No local, só poderão estar presentes representantes da imprensa, assessores dos c a n d i d a t o s , representantes da Acibom, OAB e Una. Mais informações no telefone 3522.5001.

Bombeiros apagam incêndio em residência na Vila Gontijo IMÓVEL FOI PARCIALMENTE DESTRUÍDO PELO FOGO Uma casa pegou fogo na Vila Gontijo na tarde de quartafeira (4), em Bom Despacho. O Corpo de Bombeiros foi acionado, compareceu no local e conteve o incêndio. Segundo os Bombeiros, o fogo teve início num dos quartos da casa. Ele teria sido provocado por um curto-circuito na rede elétrica, que ficou sobrecarregada por um equipamento de solda utilizado na reforma da do imóvel. O incêndio consumiu todos os móveis do quarto e da sala. Além disso, partes do reboco das paredes e do teto desabaram. Rachaduras também se formaram em paredes do imóvel devido ao calor. Não houve feridos na ocorrência.


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Bombeiros capturam guaxinim dentro de lanchonete no centro DURANTE A CAPTURA, BOMBEIRO ACABOU SENDO MORDIDO PELO ANIMAL

Agro lidera geração de empregos em 2020 A agropecuária continua a ser o setor da economia que mais gerou empregos em 2020, com 102.467 vagas de janeiro a setembro deste ano, segundo o Comunicado Técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A publicação analisou os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados recentemente pelo Ministério da Economia, que apontou fechamento de 558.597 postos de trabalho nos 9 primeiros meses do ano no resultado geral. Por segmento, apenas a construção civil (+102.108) e a indústria (+689) tiveram saldo positivo na criação de vagas formais de trabalho no acumulado de 2020 (de janeiro a setembro). No mesmo período, serviços (-418.040) e comércio (345.677) fecharam postos neste ano. Postos de trabalho As atividades de apoio à agricultura lideraram a abertura de vagas no acu-

mulado de janeiro a setembro, com 16.320 postos, seguida por cana-de-açúcar (16.143), soja (12.747), café (11.911), bovinos (9.409) e plantas de lavoura temporária (8.104). Completam a lista as frutas de lavoura permanente (6.744), criação de aves (5.194), cultivo de uva (3.980) e horticultura (2.996). São Paulo foi o estado que mais abriu postos de trabalho, com expansão de 62.952 vagas nos nove primeiros meses de 2020. O segundo colocado é Minas Gerais (+7.324). Na sequência, aparecem Goiás (+6.625), Bahia (+6.008), Mato Grosso (+4.474) e Paraná (+3.865). Os dados de setembro revelam melhora nos demais setores de atividade econômica no Brasil, o que contribuiu para a geração de 313.564 novos empregos, o melhor resultado para o mês desde 2010. A agropecuária teve saldo positivo e criou 7.751 vagas. (Fonte: Sociedade Nacional de Agricultura)

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Na manhã de terça-feira (3/11), o Corpo de Bombeiros de Bom Despacho foi chamado para capturar um guaxinim encontrado dentro de uma lanchonete na região central da cidade. No momento da captura o guaxinim estava assustado e mordeu um dos bombeiros. Apesar do treinamento para lidar com situações desse tipo e de usar luvas grossas de proteção no momento da captura, o militar acabou

sendo atingido pelo animal. A mordida atravessou a luva e cortou o dedo do militar. O bombeiro foi atendido numa unidade de saúde do município e, conforme o protocolo do Ministério da Saúde, receberá medicação antirrábica para evitar que o ferimento cause sequelas à sua saúde. Depois de capturado, o guaxinim foi solto pelos Bombeiros numa região de mata para voltar ao seu habitat natural.

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Publicação da Câmara comprova os gastos mostrados pelo Jornal

Em cima, à esquerda está o comunicado divulgado pela Câmara na Internet. Ele apresenta o valor que o Legislativo recebeu (coluna cinza com o título “Orçamento”), o valor que devolveu (coluna verde com o título “Devolução”) e o percentual devolvido (coluna azul com o título “%”). Só não apresenta a coluna com os gastos. Na edição anterior, o Jornal de Negócios publicou a matéria "Câmara Municipal: gastança sem fim". A reportagem fala do crescimento do gasto de dinheiro público pelo Legislativo e apresenta um gráfico com os gastos da Câmara em cada gestão, de 2013 até 2020. Esse gráfico mostra que a gestão de Joice Quirino (2019 e 2020) é a campeã de gastos de dinheiro público. Em 2019 consumiu quase R$ 3,5 milhões. Em 2020, até outubro, já gastou quase R$ 4,6 milhões.

e as quantias que devolveu de 2012 a 2019.

Depois da publicação da reportagem, a presidência da Câmara divulgou um comunicado em redes sociais. Nele, afirma que "a restituição feita pela Câmara à Prefeitura foi a maior nos últimos anos". Além disso, o comunicado trouxe um quadro com os valores recebidos pela Câmara

Os números divulgados pela própria Câmara comprovam tudo que foi publicado pelo Jornal. E mostram situação ainda pior: em 2016 e 2017 os gastos foram ainda maiores do que a reportagem mostrou.

Para ver de quanto foi o gasto é só fazer uma conta simples. Basta pegar o valor recebido (“Orçamento”) e descontar o valor devolvido (“Devolução”). Pronto. O que sobra é o que foi gasto em cada ano. O quadro da direita traz a conta já feita. No lugar da coluna com o percentual, o Jornal colocou a coluna vermelha mostrando os gastos.

Sobre os gastos mostrados pelo Jornal a Câmara ficou em silêncio. Não se manifestou. Mas basta olhar o próprio quadro divulgado pela Câmara para comprovar que os números publicados pelo Jornal estão certos. Pior: houve ano em que os gastos do Legislativo foram ainda maiores. É só fazer a conta para comprovar. É simples questão de matemática.

Sobre isso a Presidência da Câmara não quis falar.

Os números em amarelo são os casos em que o gasto foi maior que o mostrado pelo Jornal (*) Número publicado pela campanha de Joice

Joice atacou JN mas não explicou gasto de dinheiro público No mesmo dia em que a Presidência da Câmara soltou o comunicado acima, a campanha de Joice também divulgou outro quadro em redes sociais. Nele, além de atacar o Jornal que divulgou números oficiais, Joice disse que no final deste ano vai devolver R$ 1.889.515,61 para os cofres do município. Diz

também ser a presidente da Câmara “que mais devolveu dinheiro para a Prefeitura nos últimos 8 anos”. Da mesma forma que a Câmara, Joice quer destacar o valor devolvido, mas esconde o valor do gasto. Lembra a expressão popular: “filho feio não tem pai”.

Mesmo que devolva o valor prometido para o final do ano, a gestão de Joice fechará 2020 com gastos superiores a R$ 3,6 milhões. Serão R$ 7,1 milhões gastos em 2019 e 2020. Sobre isso, a Presidente da Câmara também se calou.

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Legislativo gasta muito e gasta mal FERNANDO

CABRAL

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

Olhando os gastos da Câmara nesta legislatura podemos conferir como as despesas crescem de forma desmesurada. Em 2017, sob a presidência do Vereador Vital Guimarães, os gastos somaram R$ 2.983.588,16. Isto representou um decréscimo de 10,5% com relação ao ano anterior (2016). Naquele ano, casa vereador custou R$ 370.317,23 por ano. No primeiro ano da administração do vereador Vital (2017), caiu para R$ 331.509,79. Tivemos um bom começo com a chegada do vereador Guimarães à presidência. No ano seguinte os gastos subiram para R$ 3.412.514,31 e o custo de cada vereador foi para 379,168,26 por ano. Um aumento modesto, se considerarmos a inflação de 2 anos (2016 e 2017) e a queda do ano anterior. Foi uma boa gestão, com economia real.

No Brasil o Poder Legislativo tem um gasto desproporcional. É o único poder que não gera um centavo de receita, mas paga os maiores salários, exige o menor tempo de dedicação ao trabalho e oferece os maiores benefícios aos parlamentares e a seus assessores. Este modelo começa no Senado Federal e na Câmara de Deputados, passa por todas as assembleias legislativas e chega às câmaras municipais. A Câmara de Bom Despacho segue este padrão de gastos desproporcionais, frequentemente irresponsáveis e não raramente imorais e ilegais. São ilegais atos como pagar multa de trânsito por culpa do motorista. Nossa Câmara faz isto. Também é ilegal pagar cursos de formação profissional para quem ocupa cargo comissionado. Nossa Câmara faz isto. É imoral, e pode ser ilegal, nomear parentes para cargos comissionados. Nossa Câmara faz isto. Temos até suspeita (não confirmada) de compra de voto para a eleição da presidência.

Em 2019 a vereadora Joice assumiu. Os gastos subiram para R$ 3.470.470,00. Um aumento modesto, de 1,70%. Perfeitamente aceitável e mais do que justificado pela inflação. O custo anual de cada vereador foi para R$ 385.607,78. O aumento foi razoável e compatível com a inflação. No entanto, para obter este resultado bom, a presidente eliminou serviços, como atendimento com psicóloga e assistente social. Em 2020, porém, a situação mudou de figura. O que parecia uma administração comedida desbordou para a gastança. Até outubro deste ano a presidente já requisitou R$ 4.679.166,68. Portanto, em 10 meses já superou todo o valor gasto em 2019. E não foi por pouco: 34,83%. A cada mês, desde janeiro, ela vem requisitando R$ 467.916,67. Nesta toada, até dezembro ela terá requisitado R$ 5.615.000,00. Se ela gastar tudo, o custo de cada vereador saltará para R$ 623.888,89 por ano. Ou seja, um aumento de 62% de 2019 para 2020! Considerando que em 2019 a presidente Joice Quirino diminuiu os serviços prestados, e considerando que o subsídio (salário) dos vereadores não teve aumentos, é difícil de explicar a necessidade de requisitar valores tão altos.

A FALSA ECONOMIA Esta semana a Câmara publicou um demonstrativo na tentativa de convencer o cidadão de que a presidente economizou dinheiro. Afirma que, em 2019, ela devolveu 33,27% do dinheiro requisitado. Este número, porém, não mostra economia, ele mostra má gestão. Economizar é gastar menos do que foi gasto no ano anterior. Isto a presidente não tem como demonstrar, pois gastou muito mais. O que ela fez foi uma manobra que engana quem não está atento. É o que acontece na estorinha a seguir. Um menino requisita ao pai R$ 40,00 para comprar um livro. O pai não tem dinheiro trocado e dá ao filho uma nota de R$ 50,00. O menino compra o livro e devolve R$ 10,00 de troco. Isto significa que ele devolveu 20% do que requisitou. Outro menino requisita os mesmos R$ 40,00 do pai. Como este pai também não tem dinheiro trocado, ele entrega ao filho uma nota de R$

100,00. O menino compra o livro e devolve R$ 60,00 de troco. Portanto, devolveu 60%. Qual dos meninos economizou mais? O que devolveu 20% ou o que devolveu 60%? Nenhum. Os dois gastaram R$ 40,00. A diferença de percentual está no dinheiro a mais que cada um recebeu. Teria economizado o menino que pagasse menos de R$ 40,00. Isto sim, seria economia. Por outro lado, teria desperdiçado o menino que tivesse pago mais de R$ 40,00. Voltando ao caso da Câmara, é o que está acontecendo. Figurativamente, em vez de pegar a nota de R$ 50,00 para pagar R$ 40,00 ela está pegando a nota de R$ 100,00. Com isto ela tem que devolver um percentual maior. Não porque tenha feito economia, mas porque pegou dinheiro a mais.

Mas a realidade é pior do que na estorinha. Além de pegar uma quantia maior, a presidente da Câmara está também gastando um valor maior. É o que mostram os números. Até outubro ela já recebeu da Prefeitura R$ 4.679.166,68. Destes, já empenhou R$ R$ 3.465.062,14. Portanto, o valor empenhado até outubro já igualou o valor total gasto em 2019, que foi de R$ 3.470.470,00. Acontece que faltam ainda as despesas de novembro e dezembro. Falta também o 13º salário. Parte disto pode já estar empenhado. No entanto, não é possível ter certeza neste momento porque a página de transparência da Câmara não está nada transparente. As informações não estão lá (por que será?) Mas, o fato é que, assim como o menino que devolveu 60% de troco

Requisição mensal de R$ 467.916,67 de outubro/2020, assinada pela Presidente da Câmara Requisição mensal de R$ 467.916,67 referente ao mês de outubro/2020, assinada pela Presidente da Câmara não fez nenhuma vantagem com de asfalto, e até uma boa gratificação relação ao menino que devolveu apepara os servidores. nas 20%, também a presidente não O pior é que, quando devolvem este fez nenhuma vantagem ao devolver dinheiro que nunca deveriam ter um valor maior. Ao contrário, isto é requisitado, fazem propaganda um péssimo sinal. Quanto maior o dizendo que economizaram. percentual devolvendo, maior a irresponsabilidade do presidente da Economizaram bulhufas! Apenas Câmara com o dinheiro público. requisitaram a mais. Como o menino que recebeu a nota de cem e comprou o mesmo livro de R$ 40,00 pelo mesmo preço. Ou talvez até por A MÁ GESTÃO preço maior. Que economia é esta? O Poder Executivo é o que corre Economia existe quando o gasto de atrás do dinheiro. O Poder Judiciário um ano é menor do que o gasto do depende muito do Poder Executivo, ano anterior. O resto é conversa mas tem também arrecadação para boi dormir. própria. Ela vem das custas judiciais. O valor é pequeno, mas sempre É por isto que dizer que a Câmara ajuda. Já o Poder Legislativo só devolveu 32,27% em 2019 não é um gasta. Se deixar, gasta muito e gasta bom sinal. Ao contrário, é sinal de má mal. O pior é que nossa Constituição gestão e de desrespeito com o facilita a gastança e a má gestão. dinheiro público. Se tivesse ficado Esta facilidade começa com a com o Executivo ele poderia já ter autorização dada a uma Câmara sido aplicado a favor da população. como a de Bom Despacho para gastar Por exemplo, para asfaltar vários até 7% da arrecadação municipal. quarteirões, ou fazer mais de duas Ou seja, de cada R$ 100,00 de IPTU mil cirurgias, ou construir várias que o cidadão paga, R$ 7,00 vão pontes… Mas a presidente da Câmara para o custeio dos vereadores. parece se orgulhar de fazer esta besteira financeira. Tanto que Claro, 7% é o valor limite, mas os divulgou esta informação como se presidentes da Câmara entendem fosse motivo de orgulho. Que pena! que é o que eles são obrigados a requisitar. E requisitam mesmo. Ao Em suma, quanto maior o percentual longo de 2020 a Presidente da devolvido, pior a capacidade Câmara vem requisitando até o último administrativa de quem está à frente centavo que a Constituição permite: da Câmara. Será bom administrador R$ 467.916,67. Ela não deixa para aquele que mantiver os mesmos trás nem os centavinhos (veja o serviços, não aumentar as despesas ofício ao lado). com relação ao ano anterior e devolver o menor percentual. O primeiro problema desta garantia Daquele que fizer isto, poderemos de receita dada à Câmara é que ela dizer: é um bom gestor do dinheiro estimula a gastança. O presidente público. Infelizmente, não é o caso da Câmara não tem que economizar, da presidente da Câmara de Bom não tem que ter austeridade. Desde Despacho nos últimos dois anos. Ela que cumpra as formalidades legais, diminuiu os serviços que antes a pode usar este dinheiro como quiser. Câmara prestava à população Por exemplo, para investir em móveis (exonerou psicóloga e assistente planejados (como a Câmara fez), em social); aumentou os gastos reais do carros, em diárias e até no pagamento legislativo e congelou uma proporção de multas de trânsito, o que é ilegal, maior do dinheiro que deveria ter mas a presidente fez (e será sido investido a favor da população. processada por isto). Portanto, tivemos uma piora nos Mas, mesmo quando a presidência três itens que mostram a qualidade da câmara deixa de gastar e guarda da gestão. o excesso na conta, ela está dando Não há dúvida de que, no geral, o prejuízo ao povo. Ela está impedindo Legislativo gasta muito e gasta mal. que o prefeito invista o dinheiro em O legislativo municipal de Bom educação, saúde, infraestrutura. Despacho tem seguido esta regra. A Como a lei só obriga que a devolução presidente da Câmara tem gastado seja feita no dia 31 de dezembro, é muito e tem gastado mal. E o que não isto que a presidente está fazendo. gastou, não permitiu que a prefeitura No momento ela tem cerca de R$ 2 usasse em benefício da população milhões guardados em conta da no momento apropriado: R$ 1,73 Câmara. Já que ela não poderá usar milhão em 2019 e previsão de mais de este dinheiro, o que ela está fazendo R$ 2 milhões em 2020. é apenas tirando benefícios dos cidadãos. Benefícios no valor de R$ Definitivamente, este é um modelo 2 milhões. Valor suficiente para de má gestão. muitas cirurgias, muitos quarteirões


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UBS do São José vai para nova sede A Unidade de Saúde (UBS) do São José será transferida para o imóvel onde funcionava o Abrigo Municipal de menores – na esquina das ruas Cisalpino Gontijo com Monsenhor Messias, logo abaixo do Parque de Exposições. O imóvel, que pertence ao município, está sendo reformado e adaptado para receber a UBS. Segundo o prefeito Bertolino, o novo local é maior, bem localizado e tem acesso mais fácil. “Nele, a UBS terá mais espaço e condições de prestar bom atendimento ao público e aos grupos de pacientes”, afirmou. Assim que a UBS for transferida para a nova sede, a Prefeitura vai entregar o imóvel alugado onde ela funciona atualmente, na avenida Carlos Cardoso.

Unidades de Saúde da Cidade Nova passam a atender até 21h A partir desta semana, a duas Unidades de Saúde da região da Cidade Nova passam a atender até mais tarde de segunda a sexta-feira. As UBS Aeroporto/São Vicente e JK/Santa Marta ficarão abertas até 21 horas. O objetivo é atender às pessoas que trabalham durante o dia e não podem procurar a unidade antes das 18 horas. “A região da Cidade Nova tem demanda muito grande. Com as unidades de saúde funcionando até mais tarde evitaremos também que as pessoas dessa região tenham de procurar o PA em casos mais simples como febre, dor de garganta e outros problemas que podem ser bem resolvidos no próprio bairro”, afirmou Bertolino. De acordo com a Secretaria de Saúde, pessoas com sintomas gripais também devem procurar as UBS até 21 horas. Hoje, as Unidades de Saúde da Cidade Nova atendem juntas quase 11 mil usuários cadastrados nos bairros Aeroporto I e II, Geraldo Cesário, JK, Novo Horizonte, Novo São Vicente, Santa Marta e São Vicente.

Funcionário Público Municipal, há 32 anos, Bacharel em Ciências Contábeis, Especialista em Desenvolvimento Sustentável pela Escola Nacional de Administração Pública de Brasília, Embaixador da Una Bom Despacho, atuou como Agente de Desenvolvimento Local do SEBRAE MG, durante 12 anos; em 2018 foi homenageado pela Câmara Municipal de Bom Despacho com o Titulo de Menção Honrosa em reconhecimento por minha virtude e dedicação ao desempenho das atividades públicas; foi juiz de Paz e compôs o Júri Popular na Comarca de Bom Despacho. Como vereador pretendo legislar em prol de uma Sociedade mais justa, igualitária e inclusiva. Lutar pelos direitos e valorização do Servidor Publico; lutar pela aplicação e efetivação da Agenda 2030, com seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em nosso município.

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PERSONAGEM

Meu querido amigo Bertinho envolviam só o suficiente com a política local. Ele adora e participa da política e já foi vereador, secretário municipal, vice-prefeito e agora prefeito de Bom Despacho, com o mesmo denodo que se dedica a tudo que participa. Não só denodo e bravura, mas também competência e empatia, companheirismo e solidariedade. Ele é mesmo um bom companheiro.

Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL

O jovem médico Bertolino – ou Bertinho, como gosto de chama-lo – é um amigo muito especial para mim. Como ser humano, como cidadão e como profissional. Pessoa de sorriso fácil e coração enorme, se condói sempre com a aflição alheia. Possui uma aura e uma energia cativante. Onde chega forma-se logo uma roda. Conheço Bertinho desde pequeno. Admiro a educação e os valores éticos e morais que recebeu de berço. Seus pais e avós são o Chiquito da Mariquinha do Berto Rufino e a Ângela, filha de Dona Jandira e de Zé Alexandre da Mãe Joana. Estou certo de que se casaram em 1964. Ano em que se formou comigo no Curso de Formação de Professores Primários do Colégio Miguel Gontijo. No dia 2 de fevereiro de 1965, nasceu o primeiro filho de Chiquito e Ângela. Como diziam os jornais de antigamente: um robusto e belo primogênito. Era o nosso Dr. Bertolino da Costa Neto. Segundo opinião das que o conhecem, continua robusto e bonito até hoje. Duas meninas vieram fazerlhe companhia tempos depois: a Lourena (decoradora) e Ana Paula (Papaula), tenente psicóloga da PMMG. Todos os três filhos já cumpriram o sacro dever de dar-lhes netinhos, para alegria da vida. Casamento e filho Bertolino casou-se com a jovem Karinne Aguiar e Silva, administradora de empresas. Há vinte anos tiveram o filho, Francisco da Costa Aguiar Neto. Ele cursa o 3º período de Medicina. Karinne é a mãe e esposa carinhosa. Pilar da

Bertinho com a esposa Karinne e o filho Francisco família. A companheira ideal e administradora das duas clínicas de endoscopia que criaram, em 1998. Uma em Bom Despacho e outra em Nova Serrana. Estudos Meu personagem começou na escola lá na primeira infância, com o pré-primário na Escola Egídio Couto, na Vila Militar. Já o 1º e o 2º ano do curso primário cursou no Chiquinha Soares, com as professoras Edna Couto e Vera do Cristiano. Concluiu o 3º e o 4º anos nas Classes Anexas do Miguel Gontijo com Maria Madalena e Maria Angélica. O chamado curso ginasial – 4 anos - foi feito no Colégio Municipal de BH. O mesmo aconteceu com os 3 anos do 2º Grau. Nesse período trabalhou como bancário na Caixa Econômica Estadual. Passou no vestibular de Ciências Econômicas da Universidade

Católica. Tal curso ele trocou pela Medicina por aprovação na Universidade de Uberaba, onde se formou em 1990. Em seguida Bertinho fez residência em Clínica Médica na Santa Casa de Belo Horizonte e Endoscopia no hospital Felício Rocho. Na terra natal Em 1993, Bertolino veio para Bom Despacho. Trabalhou em Moema, no Hospital Universitário. Em Santo Antônio do Amparo. Pronto Socorro, prefeitura da capital. Araújos. Nova Serrana. Lagoa da Prata e Santo Antônio do Monte. Em sua terra natal, integrou o serviço público municipal e foi Secretário Municipal de Saúde. Na política Na política Bertolino fugiu da sina de seus antepassados, que eram fazendeiros e se

Genética Dr. Bertolino me impressiona por sua energia e disposição que põe em tudo que faz. Como sou um estudioso de nossas famílias, sei que isso está na educação de berço, no sangue, na genética de seu bisavô Zé Rufino, que pelos anos 1880 até por volta de 1920, organizava comitiva de carros de bois. Ia levar o açúcar mascavo, a cachaça, a rapadura produzida em sua fazenda para vender. E trazia querosene, arame farpado e principalmente sal para cá. Certa feita não achando o sal em Formiga, por duas vezes, sem saber direito a direção e o caminho, atravessou a serra da Mantiqueira para negociar com os paulistas. Esse arroubos do Dr. Bertolino na medicina, na política e na convivência dos que têm o privilégio de lidar com ele, repito, está no sangue não só de Zé Rufino, mas também do nosso trisavô Francisco Araújo, que negociava em tropas de burros no Rio de Janeiro capital. O mundo era pequeno para ele como parece ter sido para também para o Chiquito. Para a vó Mariquinha. Bem como os “Alexandres” aparentados com José Bonifácio de Andrada, o Patriarca da Independência. Do padre confessor de D. Pedro I, que, nas margens do Ipiranga aconselhou-o a romper com os portugueses e a proclamar a independência do Brasil. O Padre Belchior, mais tarde vigário de Pitangui, pai de Júlia, a francesa, a menina que se casou com um dos Alexandres

Cardoso da Piraquara, pais de todos dessa raça por aqui. Recordações de infância Ah! Quem teve vó fazendeira! Conheceu aqui na terra um pedacinho do céu. Primeiro, porque na casa dela, tudo era carinho e cuidados que nos traziam felicidades jamais sonhadas em nossos corações infantis. Ah! Os quitutes, bolos, biscoitos, pão de queijo e doces de tudo quanto é qualidade... coisas de se comer tanto e a toda hora que nos dá dor de barriga. Bertinho sentia-se mais livre nos pastos, campos, lagoas e córregos, entre os animais, no curral e os porcos, no meio dos passarinhos e arapucas que um curumim do Brasil antes da chegada dos portugueses. Mais livre que os indígenas de agora sem suas terras demarcadas, antes das invasões de suas aldeias no

atual governo do país. Ah! Os córregos, os poços, as bicas d’água. Lagoas. Os colchões de palha e até as pulgas e os bichos de pé. Saudades. Campos verdes da Lagoa Verde. Trilhas nas matas. Banhos peladinhos como nossos primeiros habitantes nas águas claras da Extrema. Esse é um tempo para nunca mais se esquecer. Uma vida feliz para se lembrar sempre. Para ser aproveitada antes que chegue o tempo de canseira do trabalho adulto: mulher, filhos, receitas, cirurgias, prefeitura.. Isto nas férias, porque é também tempo de gratidão para com a energia e as cobranças maternas da Ângela. Apertos sim e que hoje ele reconhece como a prova maior de amor de mãe e escada que nos faz subir ao topo da vida digna e cidadã.

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Drogas estão levando entes queridos de BD PAULO

HENRIQUE Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

Vivi duas situações na última semana que me trouxeram à consciência o problema das drogas aqui em Bom Despacho. Não conheço do aspecto criminal, de segurança pública, e não me aventuro a falar sobre ele. Mas gostaria de trazer uma reflexão sobre os aspectos humanos a partir de duas histórias. Estava eu em uma praça, concentrado ao celular, quando ouvi uma melodia ao fundo. No princípio, parecia só um zumbido, daí o volume pareceu aumentar aos poucos, até o momento em que não conseguia mais me concentrar no que fazia e já estava eu ouvindo a cantoria. Isso, cantoria. Era uma senhora, uma gari, que cantava a plenos pulmões do outro lado da praça. E olhando para mim. Percebi então que era uma versão adaptada de um hit da internet do princípio deste ano, “caneta azul”. No caso daquela senhora, a “caneta preta”. Quando percebeu que conseguira minha atenção, ela começou a me fazer perguntas de lá. Como não a ouvia, me aproximei e sentei perto dela. Ela queria saber o que eu achava da música. Disse que as pessoas ali do bairro gostavam, se divertiam com a letra. Perguntei se era dela a versão, ela me confirmou que sim, a chamei de compositora e ela se divertiu com aquilo. Os dois nos divertimos com a conversa.

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Ela me pediu então que arrumasse o fundo de tela do seu celular, queria que eu retirasse a imagem que havia lá. Era a foto de um filho, já falecido. Ela tinha colocado a foto ali para se lembrar dele, mas não queria mais, estava cansada. A morte dele havia sido trágica, morrera ao levar um tiro enquanto guiava uma moto. Era viciado em drogas, e elas o levaram àquela morte. Ela me disse isso assim, seco. Claro que tinha alguma emoção na voz, mas sem rodeios e sem drama. Minha companheira de prosa tem ainda um quadro de saúde complicado, com problemas cardíacos. Mas não quer parar de trabalhar, já viu outros irmãos falecerem quando se aposentaram e se entregaram para a doença. Muito menos quer se render à tristeza por estar sozinha. Prefere andar pelas ruas a cantar, divertindo moradores e

passantes como eu.

comprometesse a visitá-lo. Nesse ponto, os dois olharam para mim, esperando uma opinião. Faltaram palavras, não soube bem o que dizer, disse algo sobre ela se preservar. Daí ela emendou que não queria ver o pai do filho dela morrer naquelas condições.

No mesmo dia, à tarde, fui ao escritório de um amigo. Enquanto conversava com ele, uma moça se assentou numa poltrona ao lado e se pôs a observar nossa conversa. Não a conhecia, achei que trabalhava ali também. Depois de uns 15 minutos nos Aquela menina me parecia observando, ela interviu, ter lá uns 23 anos, um dizendo ao meu amigo que bebê e um ex“ele” – não meu companheiro amigo, uma doente, viciado terceira pessoa Tem algo em drogas e estava grave condenado a se precisando de ajuda e ela não acontecendo manter longe teria como com a nossa das duas por agressões negar. Meu anteriores. E amigo ponderou juventude tinha nos olhos que “ele” a fizera aqui em uma esperança sofrer muito, Bom de que ele inclusive com poderia se a g r e s s õ e s Despacho recuperar desta físicas, e que ela vez. precisava avaliar tudo com muita serenidade. Gente, tem algo grave acontecendo com a nossa Daí já era eu o observador. juventude aqui em Bom Ela disse então que tinha Despacho. Eu já tinha medidas protetivas contra ouvido relatos genéricos ele, que sabia dos riscos. de que o consumo de No entanto, “ele” estava drogas cresce na cidade, muito mal, estava usando de que algumas praças drogas mais pesadas, mas viraram pontos de venda e estaria disposto a se consumo, de que possíveis internar desde que ela o quadrilhas vêm sendo levasse e se

investigadas pela polícia, de que algumas prisões são feitas com alguma frequência. Essa senhora e essa menina me mostraram, entretanto, de que há gente nossa se matando do outro lado dessas notícias, humanizaram o problema para mim. Sempre tive pavor de drogas, sempre procurei manter distância física e psíquica delas. Lembro de palestras na escola, lembro de campanhas na TV e rádio, lembro de ver gente usando no Carnaval e em festas por aí, lembro de ver, de dentro do carro, pessoas usando nas periferias e viadutos de capitais como Belo Horizonte e Brasília. Mas a humanidade daquelas duas mulheres me mostrou uma realidade aqui ao nosso alcance. Tenho minhas convicções de que educação, esporte e desenvolvimento econômico podem reduzir as estatísticas. Mas entendi que temos um problema humano muito maior e mais urgente. Precisamos sim dessas soluções ideais para o médio prazo, mas precisamos também implementar soluções para reduzir a quantidade de famílias que vivem esse sofrimento agora. Não dá para ficarmos apenas olhando pela janela. Se você é usuário de drogas, por favor, reflita sobre o mal que você pode provocar além da sua própria saúde. Pense nos impactos que pode trazer para as vidas das pessoas que ama. Depois que aconteceu, nada ou pouco se pode fazer. Se você tem alguma autoridade que te possibilite algo para melhorar esse quadro sob qualquer perspectiva, é urgente que você faça o melhor que estiver ao seu alcance. Aquelas pessoas precisam de ajuda agora.


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Afinal, o que é mesmo política?

LÚCIO

EMÍLIO Lúcio Emílio do Espírito Santo é coronel reformado da PMMG, escritor e membro da Academia de Letras João Guimarães Rosa, da PMMG.

Bom Despacho se prepara para ir às urnas no próximo dia 15 de novembro. Em meio à pandemia, cada um trazendo consigo a desconfiança, a maioria lamentando tantos mortos e todos com muito medo do futuro. Afinal, há um desconcerto no mundo todo, mundo que muitos insistem jamais será o mesmo. A sociabilidade foi profundamente afetada pelo imperativo de permanecer em casa, portar uma máscara, guardar distância do seu amigo, do seu parente e do seu vizinho. Todos sabemos que o Brasil ficou profundamente dividido e confuso diante da ameaça do vírus desconhecido, qualificado de gripezinha, aqui, e de monstro implacável e fatal, acolá. O que mais nos surpreendeu, no entanto, foi a acirrada disputa política em torno da emergência de um grave problema coletivo. Em muitos casos, o interesse pessoal, em detrimento do interesse público, falou mais alto. Quantos se pronunciaram com o único propósito de aparecer na mídia e quantos se banharam no jorro de dinheiro que as torneiras do pânico e da desinformação abriram sobre eles? Nesse momento de ir às urnas – e fazer a democracia respirar – não resisto à tentação de meditar sobre o que é em essência a política. Temos que remontar à antiguidade, quando se formavam as primeiras cidades, as pólis, e a concentração de pessoas começava a gerar problemas coletivos, que só poderiam ser resolvidos através de uma assembleia, de um conselho ou de um colegiado de representantes dos habitantes da cidade. A política nasceu assim, da necessidade de solucionar os problemas coletivos. Por exemplo, o cidadão isolado não pode decidir sobre o que é crime e o que não é, sobre o arruamento a ser estabelecido na cidade, sobre o que fazer em caso de guerra ou invasão por parte de uma cidade vizi-

nha. Esses representantes só se reuniam quando o problema coletivo surgia. Solucionado o problema, os conselhos se dissolviam. Nenhum pagamento havia para esses “políticos”, ou seja, para esses cidadãos que conheciam a arte e a ciência de solucionar os problemas da comunidade. Essa ideia da política como serviço relevante e voluntário perdurou no tempo. A vereança gratuita, no Brasil, só foi extinta há poucas décadas. A doença que nos assusta é um desses problemas políticos, coletivos, que, no passado remoto, levava os cidadãos mais sábios e mais prudentes a formar uma assembleia e, solidários com o sofrimento e o risco que rondavam seus iguais, a se posicionarem na linha de frente de uma luta leal e honesta, porque eram políticos de verdade. Política era a arte e a ciência de resolver os problemas coletivos. Nada mais. Concorrer a um cargo público é um gesto de grandeza. Admiro aqueles que se lançam à luta política, porque no fundo estão imbuídos do desejo de realizarem algo pela comunidade. É preciso ter muita coragem para incluir o próprio nome numa lista, que será submetida à apreciação do eleitor e dividirá as opiniões. Os cargos em disputa são poucos e os concorrentes são muitos. Os problemas coletivos estão aí e são desafios permanentes para nossas prefeituras, câmaras e assembleias. Para os que saírem vitoriosos das urnas a guerra estará apenas começando. Precisamos de ar puro, águas superficiais cristalinas, ensino público de qualidade (reconhecimento remuneratório aos mestres), baixos índices de criminalidade e violência, oferta de empregos, políticas de saúde, opções de lazer, sobretudo para nossas crianças, adolescentes e idosos. Esta lista é meramente ilustrativa. Demandas urgentes, recursos escassos. Vamos votar num momento difícil, mas estamos convictos de que é pelo resgate do verdadeiro sentido da política, tanto pelos eleitores quanto pelos candidatos, que construiremos uma Bom Despacho mais próspera e feliz.

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O que ir buscar um cigarro é capaz de causar na vida

ALEXANDRE

MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

Há exatos três anos, no dia 24 de outubro, minha vida começou a mudar. Neste dia de 2017, conheci minha futura namorada bom-despachense. Pobre dela e feliz de mim! Como já contei neste espaço, adoro entender como a vida vai sendo construída por pequenos encontros e desencontros. Nesta minha história com e em Bom Despacho, muitos encontros aconteceram. Apesar de alguns dos raros leitores e raras leitoras já conhecerem alguns dos pormenores desta história, sempre gosto de repeti-la. Primeiro, quero relembrá-los de como entendo a vida: como uma sucessão de pequenos acontecimentos. O melhor exemplo disso é o filme “Smoking, non smoking” (fumar ou não fumar) do cineasta Alain Resnais. No filme, uma mulher está em casa e decide sair para ir ao centro da cidade. Ela chega até o portão da casa e repara que está sem o maço de cigarros. Aqui o filme de Resnais bifurca pela primeira vez: 1) ela volta para dentro de casa para pegar os cigarros e ao sair novamente encontra um jardineiro que se oferece para cuidar de suas plantas. Com o tempo acabam se apaixonando; 2) ela não volta para dentro de casa para pegar os cigarros e vai ao centro, planejando comprar novos cigarros lá. Ela, portanto, não encontra o jardineiro e não se apaixona por ele.

O filme continua com ela casada com o jardineiro e com ela sem ter conhecido este profissional. Acontecem fatos simples e cada história vai bifurcando. O filme termina com 16 finais diferentes, pois cada decisão da personagem acaba mudando sua vida. A vida, para mim, é exatamente assim. Vou contar o meu “Smoking, non smoking” para vocês que me dão a honra da leitura. Em 2017, prometi a minha filha Isabella, então com doze anos de idade, que a levaria para ver as baleias em Abrolhos. Querendo aproveitar as férias de julho, tentei comprar o pacote para ficar em alto mar (Abrolhos é um parque no meio do oceano Atlântico) alguns dias. Tudo lotado. Comprei, então, muito a contragosto, um pacote para outubro. Queria ir no começo de outubro, mas não havia barco saindo na data que eu queria, já que fora da temporada de férias diminuem os clientes e, por consequência, o número de barcos fazendo o passeio. Comprei para a única data disponível, 19 de outubro, apesar de ser no meio do período letivo da Isabella, que é aluna, e do meu período letivo, que sou professor. Chegamos, eu e minha filha, dois dias antes da data da saída do barco, para conhecer a região, ficar na praia e, enfim, curtir um pouco a vida. Na segunda noite na cidade de Caravelas, conheci um pastor evangélico no restaurante e ele, segundo me contou a garçonete, com sérios problemas mentais, assediou minha filha, exigindo que ela desse o número de seu celular para que ele pudesse enviar mensagens religiosas. Prometi nunca mais

voltar àquele restaurante. Depois de passar quatro dias em alto mar com minha filha, voltamos para a cidade de Caravelas e ainda teríamos uma noite lá antes de voltar a São Paulo. Como havia prometido não ir mais ao primeiro restaurante, perguntei ao piloto do barco se havia outro restaurante na cidade. Apesar de Caravelas ser muito pequena, havia outro restaurante. Fomos jantar nele. O local estava às moscas, apenas eu e minha filha jantando. Aparecem minha futura namorada bom-despachense e sua filha em idade escolar, portanto, não deveria estar ali e sim na escola. Percebo que querem informação sobre a viagem de barco até Abrolhos. Eu e minha filha ficamos na dúvida se chamaríamos ou não aquelas duas desconhecidas para conversar sobre o passeio. Acabamos pedindo para a garçonete perguntar a elas se não gostariam de sentar-se conosco, pois poderíamos ajudá-las com informações sobre a aventura até Abrolhos. Elas aceitaram.

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Nossas filhas acabaram trocando seus números de WhatsApp, o que levou os adultos a terem contato alguns dias depois. Desse contato surgiu um convite para ir a Bom Despacho, o qual foi aceito. Depois de três anos desse encontro fortuito no restaurante em Caravelas, estou eu aqui contando a história desse começo de namoro. Vejam quantos pequenos “voltar ou não voltar para apanhar o cigarro dentro de casa” ocorreram: 1) se houvesse vaga para viajar durante as férias escolares, que era minha preferência, não teria encontrado minha futura namorada bomdespachense e, provavelmen-

te, morreria sem ter ouvido falar em Bom Despacho; 2) Se tivesse qualquer outro barco saindo antes do dia 19 de outubro, eu teria preferido, pois as baleias vão embora ao final de outubro. Como não havia outros barcos, mas apenas o que comprei o pacote turístico, acabei voltando para Caravelas no dia 24 de outubro, dia do jantar; 3) se o pastor evangélico não tivesse aparecido no primeiro jantar, eu e minha filha teríamos voltado para o mesmo local quando desembarcamos; 4) minha futura namorada bom-despachense foi de taxi para Caravelas, pois sua filha havia perdido o RG e não conseguiram embarcar no ônibus que as levaria de Porto Seguro a Caravelas. Se tivessem ido de ônibus, talvez estivessem mais cansadas e decidissem comer na própria pensão que se instalaram; 5) se tivessem desconfiado de mim e de minha filha, algo que eu faria por viver em São Paulo e ver maldade em todas as pessoas, não teriam sentado à nossa mesa; 6) se eu tivesse levado à sério minha promessa de nunca mais namorar depois que me separei da mãe de minha filha, não teria aceito o convite para ir a Bom Despacho; 7) se eu não tivesse ido naquela data para Caravelas, não tivesse conhecido o pastor evangélico, não tivesse trocado de restaurante, eu não estaria ocupando este espaço no Jornal de Negócios. Não sou daqueles que acreditam no destino. Acredito que cada ação que faço muda um pouquinho minha vida futura. As ações que me levaram a estar em Caravelas no dia 24 de outubro de 2017, me fazem hoje um dos homens mais felizes de São Paulo e de Bom Despacho!


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A Difusora das vozes do além LÚCIO EMÍLIO JÚNIOR

Essa é uma história de fantasmas. Certa noite, depois de desligar o computador bem tarde, verifiquei que a caixinha de som ainda continuava transmitindo alguns sussurrados sons. Cheguei o ouvido bem perto, ouvi vozes que sussurravam sei lá que segredos, mas que ao meu ouvido permaneciam imperceptíveis. Mas pude notar que uma voz falava, dava uma pausa, continuava falando. Imaginei, então, que seriam vozes do além, pessoas mortas tentando fazer algum contato com os vivos. A experiência talvez fosse como a da escritora Hilda Hilst, que há muitos anos atrás arranjou um gravador (de tecnologia avançadíssima, suponho) através do qual conseguia captar as vozes do além. Hilda estava desatualizada: recentemente, ao assistir ao filme Nosso Lar, pude verificar que já existe até mesmo internet no além. Os médiuns serviriam como uma espécie de caixa de e-mail dos espíritos. Inspirado por tais reflexões, decidi levar a questão das vozes dos espíritos a um amigo já iniciado nos mistérios desses outros mundos. Ele escutou atentamente meu relato e me disse que, sim, os mortos poderiam estar tentando um contato, pois no além há cientistas que estão buscando contato com esse mundo aqui, assim como nós buscamos o “continente desconhecido” que vem depois da morte. Tempos depois, então, ele mandou alguém que seria algo como que um técnico em assuntos metafísicos para examinar a caixinha de meu computador. Ele ouviu e, logo, irritado, me esculachou: —Que mané voz do além que nada! É a Rádio Difusora, sô! Desconcertado, vi que realmente era a Rádio Difusora de Bom Despacho, que, com sua potência assustadora, tem a capacidade de “pegar” até mesmo em uma caixa de fósforos!


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