JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG

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DESTAQUE

Bom Despacho (MG), 8 Março 2021

Ano XXXI - Nº 1.605 • Fundado em 12/05/1989

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Bom Despacho (MG), 8 Março 2021 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR

Prefeitura de BD protesta Copasa por inadimplência PÁGINA 7

Ministério bloqueia repasses de verbas federais para BD Cidade foi bloqueada porque em 2020 a Câmara Municipal rejeitou projeto de ajuste das contribuições de servidores para BD Prev. Enquanto situação perdurar Bom Despacho não recebe mais dinheiro de repasses e convênios. Bloqueio prejudica administração municipal e as entidades locais, que deixam de receber verbas.

> Prefeito enviou novo projeto para Câmara rever decisão > BD Prev paga mais do que arrecada; futuro é incerto PÁGINA 12

Pedro Adalberto: juntar força de todos pelo bem da comunidade PÁGINA 10

Engenho registra alto índice de mosquito da dengue PÁGINA 5

Sebrae reafirma apoio a projeto de derivar água para o Rio Picão PÁGINA 7


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Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho Ltda Av. das Palmeiras,180 - Bom Despacho - MG CNPJ18.810.176/0001-74

CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA EDITAL DE CONVOCAÇÃO Pelo presente Edital de Convocação, o Presidente da Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho Ltda - COOPERBOM, no uso de suas atribuições estatutárias, convoca os Senhores Associados hoje em número de 2.275 (dois mil duzentos e setenta e cinco) cooperados em condições de votar os assuntos nela tratados, para se reunirem em Assembleia Geral Ordinária, a realizar-se no antigo SESC, no salão do Conjolo de Vissunga, localizado na Rua Maria Conceição Del’Duca Dona Saçã, nº 150, Bairro Jaraguá, nesta cidade, às 17:00 horas do dia 30 de março de 2021, em 1ª (primeira) convocação, para deliberarem sobre a seguinte Ordem do dia: 1- Prestação de contas dos Órgãos da Administração, acompanhada dos Pareceres do Conselho Fiscal e de Auditoria Independente, compreendendo: a) Relatório da Gestão; b) Balanço Patrimonial e os Resultados do Exercício de 2020; c) Demonstrativo das sobras apuradas. 2- Deliberação de Juros sobre Capital; 3- Destinação das sobras líquidas apuradas; 4- Fixação do Pro-Labore da Diretoria, e Cédulas de presença dos Conselhos de Administração e Fiscal; 5- Eleição e posse dos membros do Conselho Fiscal com mandato até a A.G.O. do ano de 2022; Não se registrando a presença de associados que representem no mínimo 2/3 (dois terços) de associados em condições de votar em primeira convocação, a Assembleia Geral Ordinária realizar-se-á em 2ª (segunda) convocação, uma hora após, ou seja, às 18:00 horas, quando será necessária a presença de metade mais 1(um) do número de associados em condições de votar. Não havendo ainda número legal, será a Assembleia realizada em 3ª (terceira) e última convocação, uma hora após, ou seja, às 19:00 horas com a presença de no mínimo (dez) associados em condições de votar, valendo este Edital como 2ª e 3ª convocações. OBS.: A- A Assembleia será realizada fora da Sede Social tendo em vista que as dependências da COOPERBOM não comportam o grande número de associados cuja participação é prevista; B- As CHAPAS contendo os nomes completos dos candidatos aos cargos do Conselho Fiscal, e ainda, obedecendo as determinações estatutárias, deverão ser apresentadas ao Presidente da COOPERBOM para o devido registro de protocolo com antecedência mínima de 168 (cento e sessenta e oito) horas da instalação da Assembleia Geral, ou seja até as 17:00 hs. (dezessete horas) do dia 23/03/2020). C- Os associados constantes da lista de votação deverão apresentar um documento oficial com foto no ato da votação (CI, CNH ou Carteira de Trabalho). D - Juntamente com o pedido de registro cada chapa deverá indicar, por escrito, o nome de dois associados para exercer a função de escrutinador e de um associado para exercer a função de fiscal no processo eleitoral, não podendo os indicados ser candidato ao pleito. E - O Conselho de Administração nomeará a Comissão Eleitoral com atribuições para coordenar, fiscalizar e decidir eventuais impugnações e recursos dos candidatos durante o processo eleitoral. Bom Despacho, 26 de fevereiro de 2021


Bom Despacho (MG), 8 Março 2021

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Bombeiros recolhem o corpo de jovem boiando no São Francisco

Na tarde de 28/2, uma dupla passou de moto em via pública e abriu fogo contra três jovens no bairro do Rosário, em Bom Despacho. De acordo com informações passadas ao IBOM pela Polícia Militar, três jovens de 18, 17 e 14 anos estavam sentados na calçada da rua Ana Leite, bairro do Rosário, quando dois homens não identificados se aproximaram numa moto. Ainda com a moto em movimento o passageiro sacou uma arma e disparou vários tiros na direção do grupo. Em

seguida a dupla fugiu do local. Nenhum dos três jovens foi atingido pelos tiros. Segundo a PM, eles têm envolvimento com o tráfico de drogas. A Perícia Técnica da Polícia Civil esteve no local da ocorrência, recolheu balas de arma de fogo no chão e encontrou marcas de tiros em paredes próximas. Em rede social, o perito Experidião Porto, da Polícia Civil, afirmou que um dos possíveis atiradores acabou se ferindo com a própria arma e buscou atendimento na UPA.

Foto: Bombeiros/BD

Imagem ilustrativa

Dupla em moto atira contra três jovens sentados na calçada

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Os Bombeiros de Bom Despacho recuperaram na madrugada de 3/3 o corpo do jovem de 23 anos que se afogou no Rio São Francisco domingo, dia 28/2, na zona rural do município. Ele estava 80 km abaixo do local do afogamento, próximo de Abaeté.

No início da noite os Bombeiros foram avisados pela Polícia Militar de Abaeté que havia um corpo boiando no rio, próximo daquela cidade. Imediatamente os Bombeiros foram para o ponto indicado, localizaram o corpo e o retiraram da água já em decomposição.

Travessia - No domingo (28/2) o jovem estava na beira do rio com mais pessoas. A certa altura ele tentou atravessar o rio a nado mas não conseguiu. Ainda tentou retornar para a margem, mas também não deu conta e afundou. Ele não usava colete salva-

vidas ao entrar na água. No local do afogamento o São Francisco tem cerca de 50 metros de largura e profundidade que pode ultrapassar a 10 metros. O trabalho foi dificultado pela correnteza e pela turvação da água do São Francisco causada pelas chuvas.

Credibom apresentou sobras de R$ 8,1 milhões em 2020

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO - Da esquerda para a direita estão Antônio Tavares Gontijo, Dinoralva Maria da Silva Gontijo, Eli Jesus Borges, Pedro Adalberto da Costa, Elias Santos, Marcos José de Faria, José Nunes Rodrigues, Luiza Helena de Araújo e José Fúlvio Cardoso.

O medo nos torna menos acolhedores ALEXANDRE MAGALHÃES (Página 11)

A Credibom realizou dia 28/2 a sua assembleia geral de 2021. Com mais de 17 mil associados e 8 agências em Bom Despacho, Nova Serrana, Araújos e Belo Horizonte, a cooperativa de crédito fechou 2020 com ativo superior a R$ 462 milhões e sobras de R$ 8,1 milhões no exercício. A assembleia foi realizada no salão Maria Teodora (Rua Faustino Teixeira, 1.305), com os protocolos exigidos pela Vigilância Epidemiológica devido à Covid19. Nela, os associados aprovaram as contas do exercício 2020 e elegeram os novos conselhos de administração e fiscal da cooperativa. Como só houve uma chapa inscrita para cada conselho, a eleição foi feita por aclamação. Pedro Adalberto da Costa,

CONSELHO FISCAL - Da esquerda para a direita estão Sérgio Luis Calais Hamdan Resende, Vicente Roberto da Silva, Ronaldo Lopes de Azevedo, Leonardo Torres Pessoa, Marina Pinto de Araújo Macedo e Míriam Cesário da Silva do Couto.

61 anos, é o presidente eleito da instituição. Seu nome e o dos demais conselheiros eleitos deverão ser homologados pelo

Banco Central do Brasil, que regulamenta e fiscaliza as instituições financeiras no país, para que ele tome posse no cargo.

LEIA ENTREVISTA EXCLUSIVA COM PEDRO ADALBERTO NA PÁGINA 10


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Bom Despacho (MG), 8 Março 2021

BOAS LEMBRANÇAS

Saudades da turma da Praça de Esportes Neste espaço, pessoas falam das boas lembranças que têm do seu passado em Bom Despacho. O objetivo é relembrar e compartilhar costumes, fatos e acontecimentos que marcaram a vida na comunidade. Lembro com saudade da turma e das competições que aconteciam na Praça de Esportes no início da década de 80. Eu tinha por volta de 15 anos. Nossa turma frequentava o clube praticamente todos os dias. Eu nadava, jogava vôlei e handball. Também andávamos de patins nas quadras. Foi lá que sofri um acidente e quebrei meu nariz. Era uma turma bacana. Viajámos muito para disputar competições em cidades da região. Havia muitas atletas de destaque: Suzana Tiradentes, Élida Malaquias filha do Gervásio, Mércia Azevedo do Zé Cardoso, Jussara Queiroz, Andréia do Paulinho Caixote. A Kênia Machado, que tinha o apelido de Piaba porque nadava muito bem. Nossas equipes ganhavam muitos títulos em competições esportivas aqui e fora da cidade.

juventude, viver, sorrir, praticar esportes e ser feliz. Não havia drogas.

Era um tempo bom. Curtíamos muito a convivência. Alguém sempre tinha um violão para fazermos roda de música e de conversa. Éramos unidas de verdade.

Foi nessa época que inaugurou a sauna da Praça de Esportes. Passávamos o dia praticando esportes e depois íamos para a sauna. Lembro que a gente tinha até conta na lanchonete do clube.

Lembro que o porteiro era o Seu Maurício. Quando alguém esquecia a carteirinha tinha que convencer Seu Maurício a deixar entrar no clube. Ele era um homem bom e acabava cedendo. Sabia que a gente queria mesmo era curtir a

José Fúlvio era presidente. Ele dava muito apoio ao esporte. Às vezes até viajava com as equipes. José Fúlvio queria que o clube ganhasse muitos troféus. Como presidente fez muito pelo

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clube. Depois dele passaram outros presidentes que também contribuíram muito para a Praça de Esportes, como o Taquinho da Adibom e o Robinho, atual presidente. Mas as lembranças e alegrias daqueles tempos, nos anos 80, não se apagam jamais. A gente leva para a vida toda. Foi muito bom. DEPOIMENTO de Beatriz Cabral Gontijo Coelho (foto acima), 53 anos, casada, 4 filhos, enfermeira e servidora pública em Bom Despacho.

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Engenho do Ribeiro registra alto índice de mosquito da dengue

Foto: Internet/Arnaldo Silva

LEVANTAMENTO DE INFESTAÇÃO ENCONTROU FOCOS DO MOSQUITO EM 8,2% DOS IMÓVEIS DO DISTRITO

É alto o risco de ocorrer epidemia de dengue no Engenho do Ribeiro. Levantamento do índice de infestação (LIRa) feito dias 23 e 24 de fevereiro mostrou que 8,2% dos imóveis do distrito estão com focos do mosquito Aedes aegypti. Segundo o Ministério da Saúde, o máximo tolerado é 1%. Quanto mais elevado for esse índice, maior é o risco de ocorrer epidemia de dengue, Chikungunya e zika na comunidade. A Prefeitura definiu como “alarmante” a situação do Engenho. O LIRa mostrou que a maioria dos focos do mosquito no

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É proibida a reprodução total ou parcial, em qualquer meio de comunicação, dos textos e anúncios produzidos pelo Jornal de Negócios - A publicação não autorizada por escrito sujeita o(s) infrator(es) às penalidades legais - Editor: Alexandre Borges Coelho - Tiragem: 6.500 exemplares – Impresso na Sempre Editora / BH – Editoração e Arte: Jornal de Negócios – Opiniões emitidas em artigos assinados não representam a opinião do Jornal, sendo responsabilidade exclusiva do autor – Distribuição livre em Bom Despacho, Araújos e Engenho do Ribeiro e dirigida em Martinho Campos, Moema, Luz, Pompéu, Abaeté e Nova Serrana - Este exemplar é propriedade do Editor, que autoriza a entrega grátis de 1 jornal por pessoa.

distrito foi encontrada em caixas d’água no chão, tambores, bebedouros de animais, baldes, vasos de plantas, ralinhos, pneus, lonas, pias, tanques de cimento, garrafas, latas e sacolas plásticas. Uma servidora da Saúde ouvida pelo IBOM disse que no Engenho muitas famílias possuem animais em suas propriedades. Entretanto, muitas apenas trocam a água do bebedouro sem tomar o cuidado de esfregar o recipiente com uma bucha para retirar ovos do mosquito. Com isso, esses ovos ficam aderidos nas bordas do bebedouro e

continuam gerando novos insetos. De acordo com o gerente da Vigilância Epidemiológica do município, Fernando Júnior, “é preciso que os moradores (...) esfreguem bem com água e sabão os bebedouros de animais antes de trocar a água, recolham os materiais descartáveis, guardem os materiais que têm utilidade em local coberto para que não acumulem água da chuva”. Outra medida importante é tampar e vedar caixas e depósitos de água. “Precisamos da colaboração de todos nesse combate”, diz Fernando.


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Bom Despacho (MG), 8 Março 2021

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A República ainda não tem mulheres FERNANDO

CABRAL

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e vereador em Bom Despacho

A passagem ao lado é da pena elegante e mordaz de Machado de Assis. Consta de crônica do dia 18 de setembro de 1894. Referindo-se a uma solenidade no Senado Federal, Machado ironiza o papel das mulheres dizendo que nas cadeiras dos senadores, nenhuma delas prensava ocupar, nem pensa ainda em ocupá-las à força de votos. Com sua ironia fina, Machado deixa registrado que em 1894 a mulher estava relegada ao papel de bibelô na política nacional. Alienadas, sentavam-se na cadeira do legislador apenas para aplaudir as autoridades masculinas incensadas na solenidade. Para elas mesmas, nada reivindicavam. Como contraponto, Machado registra também as palavras de Léon Gambetta, primeiro-ministro francês que uma década antes lamentava a falta de participação feminina na República Francesa. Este breve reencontro com Machado de Assis nos permite reconstituir a longa jornada que as mulheres têm empreendido em busca dos seus direitos e da sonhada igualdade política, jurídica e social com o homem. Igualdade que não têm ganhado por outorga, mas sim, que têm conquistado com luta. Luta muitas vezes cara demais, como aconteceu no caso de Marie Gouze, mais conhecida como Olympe de Gouges. Em 1791 esta brava francesa escreveu e divulgou a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. O que ela pretendia era simples: que as mulheres tivessem os mesmos direitos que a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão asseguravam aos homens franceses. Numa época em que se guilhotinavam pessoas com frenesi, Olympe de Gouges declarou que se a mulher tem o direito de subir ao cadafalso; ela deve igualmente ter o direito de subir à Tribuna. O que bastou para que ela mesma fosse guilhotinada. Isto prova que os revolucionários franceses, tão ávidos por concederem direitos aos homens, não queriam conceder nada às mulheres. O tempo passa. As inglesas reivindicam igualdade e direito ao voto. As americanas reivindicam igualdade e direito ao voto. Em 1892 as neozelandesas conseguiram o direito ao voto. Por distração do legislador português, em 1911 Carolina Beatriz Ângelo foi eleita para a Assembleia Constituinte de Portugal. É que o legislador, distraído, escreveu que podiam votar e serem votados os portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e

Gambetta achava que a República Francesa “não tinha mulheres”. A nossa, ao que vi outro dia, tem boa cópia delas. Elegantes, cumpre dizê-lo, e tão cheias de ardor, que foram as primeiras ou das primeiras pessoas que deram palmas, quando entrou o presidente da República. Vede a nossa felicidade: sentadas nas próprias cadeiras do legislador, nenhuma delas pensava ocupar, nem pensa ainda em ocupá-las à força de votos. Não as teremos tão cedo em clubes, pedindo direitos políticos. São ainda caseiras como as antigas romanas, e, se nem todas fiam lã, muitas as vestem, e vestem bem, sem pensar em construir ou destruir ministérios. escrever e fossem chefes de família. Ora, Carolina sabia ler e escrever, tinha mais de 21 anos. Como era viúva e sustentava a família, também provou ser chefe de família. Portanto, se enquadrava nas exigências legais. Conseguiu impor sua candidatura, mas antes da eleição seguinte a distração

legiferenda foi corrigida e as portuguesas perderam seu fugaz direito ao voto. A constituição brasileira de 1891 garantiu cidadania e voto aos homens. Mas ficaram de fora as mulheres, os analfabetos, os indígenas, os negros e os pobres. Ou seja, a casta dos cidadãos era composta por me-

nos de 3% da população. Em 1927 a potiguar Celina Guimarães Viana conseguiu seu título de eleitora. Para isto, usou uma lei do Rio Grande do Norte e se tornou a primeira eleitora brasileira. Daí em diante a luta pelo voto explodiu no Brasil. Em Minas Gerais uma poetisa de 20 anos, estudante de Direito, reinterpretou o art. 70 da Constituição de 1891 e concluiu que a mulher era cidadã. Entrou com mandado de segurança e conseguiu seu título e seu direito de se candidatar. O Poeta Carlos Drummond de Andrade registrou o feito neste poema, chamado Mulher Eleitora: Mietta Santiago loura poeta bacharel Conquista, por sentença de Juiz, direito de votar e ser votada para vereador, deputado, senador, e até Presidente da República, Mulher votando? Mulher, quem sabe, Chefe da Nação? O escândalo abafa a Mantiqueira, faz tremerem os trilhos da Central e acende no Bairro dos Funcionários, melhor: na cidade inteira funcionária, a suspeita de que Minas endoidece, já endoideceu: o mundo acaba”. A luta continuou. Década após década, as mulheres lutaram pelos seus direitos. Finalmente, em 1988 a Constituição cidadã, no inciso I do seu artigo 5º trouxe a tão sonhada e suada igualdade: I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; No papel a igualdade está estabelecida. Mas, e na realidade?

Quadros desta página tirados e adaptados do G1.

Na realidade a defasagem continua grande. As mulheres ainda recebem salários menores pelos mesmos empregos. O número de mulheres em cargos executivos é marcadamente inferior ao número de homens. Nos cargos políticos a presença das mulheres é muito inferior à dos homens em todos os escalões. Das câmaras municipais ao Congresso Nacional, as mulheres mal chegam aos 15% das cadeiras. No executivo, então, nem se fala. Ou seja, embora elas representem mais da metade do eleitorado, elas mal chegam a 1/6 das vagas eletivas. Estes números mostram que, a despeito de uma luta de mais dois séculos pela cidadania feminina, as mulheres continuam em desvantagem. Sim, ecoando Gambetta,

à República do Brasil ainda faltam mulheres em posição de mando. Mas tem havido avanços. Avanços que não se devem à outorga espontânea dos detentores do poder, mas sim à conquista advinda de uma luta renhida, obstinada e persistente. Com muito suor e por vezes sangue, pouco a pouco Machado de Assis perde o motivo de sua ironia: agora elas já ocupam as cadeiras do legislador, e pensam ocupálas à força dos votos e não como bibelôs que aplaudem seus maridos. Sim, elas agora pensam em ocupar, e ocupam. Pouco a pouco, é verdade, mas cada vez mais. É por esta luta, e por tantas vitórias que deixo aqui meu reconhecimento, meu agradecimento e meus parabéns a todas as mulheres guerreiras de BD.


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Bom Despacho (MG), 8 Março 2021

Prefeitura de BD protesta Copasa por inadimplência A Copasa foi protestada em cartório pela Prefeitura de Bom Despacho. O motivo é a falta de pagamento das multas aplicadas na concessionária por danos ambientais e descumprimento de contrato de prestação dos serviços de água e esgoto na cidade. A dívida protestada é a soma de 106 multas aplicadas pelo município na Copasa entre 2017 e 2021. O débito – hoje no valor de R$ 194.656,98 – foi inscrito na dívida ativa e enviado para o Cartório de Protesto. Como a Copasa não pagou, seu nome foi protestado. Além de protestar a dívida, a Prefeitura de Bom Despacho entrou na Justiça com Ação de Execução Fiscal contra a concessionária para receber os valores das multas. Na ação, o procurador do município, Kleverson Mello,

O procurador Kleverson: "questão técnica e de direito"

requer o pagamento do débito acrescido de juros de mora, correção monetária, encargos e honorários advocatícios. Pede também a penhora de bens da Copasa se a dívida não for paga. Despacho No dia 24/2 o juiz Adalberto Cabral da Cunha, da 2ª Vara da comarca de Bom Despacho, onde tramita o processo, deu um despacho determinando a citação da Copasa para pagar a dívida em 5 dias com os acréscimos legais. Conforme o despacho do juiz, a concessionária deverá fazer o depósito em dinheiro no valor da dívida em conta judicial, oferecer fiança bancária ou dar bens à penhora para garantir a dívida. Até o fechamento desta matéria o processo não registrava a citação da Copasa.

Prefeitura pediu relatório das falhas da Copasa em BD nos últimos 5 anos Esta semana vence o prazo dado pela Prefeitura à Copasa para que ela apresente à Procuradoria do Município um relatório de todas as interrupções no fornecimento de água ocorridas em Bom Despacho nos últimos 5 anos. O relatório deverá listar a data da interrupção e o motivo. Da mesma forma, a Prefeitura requereu também que a concessionária apresente relatório das interrupções no tratamento de esgoto nesse mesmo período. Na notificação feita à concessionária, a Prefeitura afirma “ser recorrente a interrupção total ou parcial no fornecimento de água e no tratamento de esgoto sanitário do município”. Diz ainda que essas ocorrências causam “transtornos e prejuízos (...) à população de Bom Despacho” e aponta a “incapacidade que a Concessionária demonstrou

em prestar serviço de qualidade, de forma contínua, e de modo a satisfazer às necessidades da população”. O prazo inicial dado pela Prefeitura para a Copasa apresentar os relatórios era de 5 dias. No entanto, dia 15/2 a concessionária enviou ofício à Prefeitura afirmando que “está envidando todos os esforços para a obtenção da documentação solicitada” e pedindo prazo de 20 dias para que “possa buscar toda a documentação exigida”. “É um pedido razoável tendo em vista a quantidade de documentos. Por isso concordamos em estender o prazo dado à concessionária para apresentar os relatórios”, informou ao IBOM o procurador Kleverson Mello. Até o fechamento desta matéria o relatório ainda não havia sido entregue pela Copasa.

reclamou das tarifas cobradas dos consumidores, das falhas no funcionamento da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) próxima ao bairro Mangabeiras e deu um ultimato para a empresa resolver os problemas. Sobre o valor atual das tarifas a concessionária sustenta que elas são reguladas pela Agencia Reguladora de Serviços de Abastecimento de Agua e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (ARSAE). Mas Bertolino argumenta que o município rescindiu o contrato com a ARSAE e assumiu a regulação do serviço – portanto, tem legitimidade para questionar

Sebrae reafirma apoio a projeto de derivar água para o Rio Picão EM REUNIÃO COM BERTOLINO, CARLOS MELLES DISSE QUE PROJETO FICA PRONTO ESTA SEMANA

Francisco Cardoso (esq), Bertolino, Carlos Melles e Cristiano Melles (dir) A construção de um canal levando água do Rio São Francisco para o Rio Picão foi o tema principal do encontro entre o prefeito Bertolino da Costa com o presidente nacional do Sebrae, Carlos Melles, realizado dia 1º/3 na cidade de São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste de Minas. Melles reafirmou para Bertolino que o Sebrae continuará investindo recursos técnicos e financeiros na implantação do projeto em Bom Despacho. Durante o encontro, o presidente do Sebrae chegou a ligar para o ex-ministro Alysson Paulinelli – idealizador e orientador do projeto. Paulinelli informou que o projeto básico de engenharia da obra fica pronto esta semana. A derivação de água tem como objetivo “ampliar e melhorar a área irrigável no vale do Rio Picão” através da “captação de 4 m3/s de água no Rio São Francisco e seu lançamento na nascente do Rio Picão”.

ABRE E FECHA - Pela quinta vez em pouco mais de três meses, no dia 5 de março a Copasa interrompeu o trânsito e reabriu novamente o asfalto no cruzamento da rua Dr. José Gonçalves com a avenida Prefeito Geraldo Simão (antiga avenida Amazonas), no centro da cidade. As intervenções frequentes da concessionária naquele local são alvo de reclamações de moradores e comerciantes devido aos problemas que causa no fluxo de pessoas e veículos. O empresário Max Plauto Malachias, que trabalha em frente ao local, novamente criticou a Copasa por estar refazendo a obra “sem engenheiro responsável e sem RT”. Segundo ele, o serviço continua sendo mal feito. “Dá tristeza ver essa turma jogar dinheiro fora aqui”, afirmou.

Bertolino manda Procuradoria avaliar a possibilidade legal de rescindir contrato O prefeito Bertolino da Costa afirmou ao IBOM que “não aceitará mais as falhas na prestação de serviços da Copasa e nem a manutenção das tarifas nos patamares atuais em Bom Despacho”. Bertolino mandou a Procuradoria Jurídica avaliar as possibilidades legais de rescindir o contrato com a concessionária se ela não reduzir as tarifas e não atender as exigências do município – apresentadas à Copasa dia 28/1 em reunião no gabinete do prefeito. Nessa reunião, Bertolino cobrou os “constantes descumprimentos contratuais” por parte da Copasa,

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as tarifas cobradas na cidade. Ações na Justiça O procurador Kleverson Mello disse ao IBOM que vai ingressar com duas ações civis públicas contra a Copasa. “Uma por danos ambientais causados pelos vazamentos de água em vias pública e despejo de esgoto sem tratamento em córrego. Outra por má prestação de serviço público essencial, devido às interrupções frequentes no fornecimento de água aos consumidores”, explicou o advogado. Nessas ações, o procurador vai requerer que a Justiça proíba a Copasa de jogar esgoto sem tratamento em

cursos d’água na cidade e também que a concessionária não faça mais interrupções no fornecimento de água à população, sob pena de multa diária e condenação por dano moral coletivo. Rescisão Segundo Kleverson, a Procuradoria também vai instaurar processo administrativo visando apurar falhas no cumprimento do contrato. “É uma questão técnica e de direito. Isso permitirá a aplicação de multas administrativas na concessionária com base na Lei das Licitações e ensejará ação de rescisão contratual por justa causa se ela não corrigir as falhas”, afirmou.

O aumento na vazão de água do Rio Picão permitirá, conforme o estudo, “irrigar 5.000 hectares de terras no vale do rio e garantir o melhor funcionamento dos pivôs de irrigação já instalados, ampliando a produção de grãos na região em 60.000 toneladas/ano”. Fortalecer o agronegócio Ouvido pelo IBOM, Carlos Melles afirmou que a derivação de água “será um marco não apenas para Minas Gerais, mas para o Brasil: a água sairá do São Francisco, irá para o Rio Picão e depois voltará para o São Francisco. Nesse trajeto, fortalecerá o agronegócio irrigando as terras férteis de Bom Despacho e Martinho Campos, gerando muitos empregos e mais produção nesses municípios”. O estudo prévio do projeto – chamado de Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP) já foi feito nas áreas do Rio Picão e do Córrego dos Machados. Ele mostra a

disponibilidade hídrica da área, seu uso e ocupação, bem como as necessidades de revegetação. Os resultados do ZAP foram apresentados em evento realizado no Sindicato Rural de Bom Despacho dia 15 de dezembro passado. Segundo o prefeito Bertolino da Costa, a derivação “pode mudar o futuro do município”. Ele disse ao Jornal de Negócios que o aumento do volume de água no Rio Picão permitirá “expandir a área irrigável no seu entorno e produzir milhares de toneladas a mais de grãos. Trará uma riqueza enorme para o município através do agronegócio, gerando milhares de empregos diretos e indiretos e impulsionando o desenvolvimento de Bom Despacho”. Cidade Cibernética No encontro, Carlos Melles assegurou também a Bertolino o apoio do Sebrae para implementar em Bom Despacho o projeto Cidade Cibernética – que fomentará a criação de startups no município. Startups são definidas como empresas inovadoras, com baixos custos de manutenção, que surgem a partir de modelos de negócios inovadores, conseguem crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores. O empresário Cristiano Melles, um dos desenvolvedores do Investidor Online, site de compra e venda de ações online da corretora Hedging Griffo e empresário do setor de alimentação em vários estados brasileiros, participou da reunião e conheceu o projeto da Cidade Cibernética apresentado por Bertolino. Cristiano participou do “Empreendedores Endeavor, organização que promove o empreendedorismo nos países em desenvolvimento e preside atualmente a Associação Nacional de Restaurantes. Ele assegurou apoio à iniciativa em Bom Despacho.

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Bom Despacho (MG), 8 Março 2021

Ainda... e eternamente Dª Auxiliadora Guerra

DESTAQUE

Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL

Oito de março. Dia internacional da mulher. Data do resgate da valorização da mulher, nesse mundo que até pouco tempo a tem discriminado, reservando-lhe papéis secundários em nossa sociedade machista. Mas as mulheres paulatina e inteligentemente reagiram e vêm conquistando sua natural e merecida posição de destaque numa sociedade que por séculos reservou-lhe um lugar de segundo plano em relação à construção humana universal. Algumas delas iniciaram, desde eras remotas, essa heroica transformação para conquistar a igualdade de gênero, em relação aos homens. Por ocasião dessa data de 8 de março, tão justa e altaneira, o Jornal de Negócios e minha coluna temos anualmente enaltecido seu significado. De minha parte, costumo indicar uma figura feminina que demonstrou ou tem demonstrado em sua existência excepcional brilho e desempenho. Personagens que foram capazes de humanizar e modernizar o arcabouço da construção da mentalidade de um indivíduo, de um povo, de uma nação ou de uma cidade. Em 2021, resgatamos a personalidade ilustre da professora Maria Auxiliadora Teixeira Guerra – falecida em novembro passado, aos 93 anos de idade. Sob sua influência, corrigi para melhores os dias e o rumo da minha vida. Assim também como tantos outros que a tiveram como mestra mudaram. Desde os anos 60, seus pupilos formaram uma corrente que passou a adotar nas escolas métodos de ensino revolucionários até os dias de hoje. E todos aprendemos com ela a máxima que agora o nosso mundo esforça-se por atingir: “respeitar sempre as diferenças individuais.” Máxima que melhora e reformula em tudo o relacionamento humano. Em edições recentes do jornal - inclusive a de hoje -, cedi meu espaço para que três alunos da querida mestra falassem sobre ela: a Maria Antônia. O Itamar Oliveira -Brasinha. Hoje com muito afeto e admiração a palavra é de Geni Eugênia G. Teixeira a respeito de nossa inesquecível educadora.

Dona Auxiliadora Guerra GENI EUGÊNIA GONTIJO TEIXEIRA Senhor João Luiz, um amoroso vovô, ao fazer uma composição musical para nossa neta recém nascida, disse assim: “O coração clama, quando a gente ama!” E é por este amor que venho externar minha gratidão e carinho por uma mestra que transformou corações na bela arte de ensinar e aprender. Conheci-a no Curso de Formação de Professores: austera, delicada, competente. Suas aulas, ah! Suas aulas eu as bebia, como a um néctar. Não perdia sequer uma fala. Ora ouvindo, ora anotando. E, é claro, me apaixonei pelos conteúdos retirados de ricas bibliografias que me fascinavam, assim também como aquela professora singelamente elegante. Nas provas, as notas eram sempre mirradas. Em dez pontos, quem tirasse seis era excelente. Os décimos valiam muito. Lembro-me de uma segunda época que peguei porque faltou meio ponto. Gastei as férias daquele ano estudando. Claro, ainda não estava pronta para aquele ciclo. Faltavam-me hábitos, atitudes e habilidades, a base para nosso aprendizado, apregoada pela mestra, diariamente Era grande seu cuidado para que não nos esquecêssemos das diferenças individuais. Norma que naquele tempo, nos anos sessenta, soava-nos inócua, pois havia muita repressão em vários aspectos do mundo em nossa volta. Mas lá estava ela na sala de aula e em minha vida, como na de vários alunos que passaram pela sua metodologia, frisando o respeito à diferença entre as pessoas, principalmente entre nossos futuros educandos. Tive a felicidade de conviver com ela não só na sala de aula, mas também como professora do Instituto Joventina Guerra, sua escola de educação infantil de excelente qualidade, naquela época em Bom Despacho e ainda em encontros familiares, sendo ela prima do meu marido. Como já mencionou, recentemente neste jornal, a Maria Antônia da dona Dora e do Bruno Kohnert, não perdíamos a oportunidade de encontrá-la. Em nossa última visita, minha e da Maria Antônia, pude dizer-lhe do espaço especial que ela ocupava em meu coração. Dona Auxiliadora foi uma mulher genial e admirável. Dedicou sua vida ao conhecimento. Competência e garra eram atributos seus. As pessoas marcantes deixam suas heranças em nossas mentes e corações. Por essa razão nunca serão esquecidas seja em que dimensão estiverem. Por isso digo: ainda... e eternamente dona Auxiliadora.

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Bom Despacho (MG), 8 Março 2021

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Às mulheres, tudo o que sonharem ser mente uma mulher presidindo a Câmara de Vereadores. Juliana, Keké, Sâmara e Sildete nos representam no poder público municipal.

PAULO

HENRIQUE

Chama atenção também o crescimento de empresas lideradas por mulheres em Bom Despacho. Desde empreendedoras tradicionais, como a Marlene (da Panolli), até algumas com empreendimentos mais recentes, como Aline (da Cassis Comunicação) e Juliana (do Espaço Juliana Knischewski), passando pela Rose (da Citrovan), as bomdespachenses têm se destacado também nos negócios no município.

Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

Quando eu era moleque em Bom Despacho, lembro-me da lista de tarefas de casa que ficava afixada atrás da porta da cozinha. Não estou falando das tarefas escolares, essas aí tinham seu horário reservado nos nossos dias também. Estou falando de tarefas do lar mesmo: lavar a louça, lavar banheiro, varrer e passar pano na casa, varrer o quintal, aguar as plantas no jardim, estender a roupa no varal. Salvo engano, acho que só nos escapavam fazer a comida e passar a roupa, e creio que pelos riscos de acidentes... No mais, eu, meu irmão e minha irmã tínhamos, os três, tarefas na proporção de nossas idades, sem distinção qualquer de sexo. Não, não era minha irmã que tinha que ajudar minha mãe a cuidar da casa. Todos tínhamos que fazê-lo. Minha mãe acreditava (e nos dizia com frequência) que era importante sabermos cuidar de nossa casa, de nosso espaço, sermos independentes. Todos tínhamos também que buscar nossos sonhos e deixar nossas companheiras e companheiros sonharem e desenvolverem o melhor de si, independente de gênero. Ela não queria que sua filha fosse uma mulher submissa e subserviente, e muito menos que seus filhos fossem machistas opressores. Respeito e igualdade no direito de sonhar eram reforçados dia a dia. Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade de maioria machista. Entristecem-me histórias como a de Ninha, empregada doméstica que trabalha em nossa casa há anos, que cuida de 4 filhos, com extremo esmero, enquanto o pai (e marido?) foi ganhar a vida no Norte do país. Ou a da jovem de Bom Despacho que conheci durante a campanha eleitoral no ano passado, sofrendo a dúvida se ajudava novamente o pai de sua filha de 3 anos, seu agressor condenado, a se tratar do vício em drogas. Ou as tabelas de salários de mercado que mostram que as mulheres ganham, em média, 30% menos do que os homens nos mesmos postos de trabalho. Não defendo que homens e mulheres são iguais. Não somos. Em geral, a maternidade gera uma conexão mais profunda que a paternidade, por exemplo. Mas isso não significa que a mãe tem obrigação com os filhos enquanto o pai pode escolher “ganhar” ou “perder” sua vida de forma inconsequente. Minha esposa cozinha melhor do que eu, mas isso não quer dizer que apenas ela tenha que se desdobrar para ter uma vida pessoal e profissional além de ser a “rainha do lar”. Cada um tem sua vida pessoal e profissional, seus sonhos e suas obrigações. Precisamos seguir caminhando para uma sociedade em que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades de fazer suas escolhas. Isso passa por dividirmos nossas obrigações do lar, por dar a ambos a mesma disponibilidade de tempo para estudar e desenvolver suas carreiras e relações pessoais, por valorizarmos nossos talentos masculinos e femininos com a mesma confiança e a mesma

remuneração. Remuneração sim, cara pálida, não podemos ficar apenas sofismando, precisamos de mudanças concretas. E, falando em escolhas, precisamos respeitar inclusive o direito de homem ou mulher escolher ser uma “pessoa do lar”, ser o(a)

cuidador(a) da família. Escolher é muito diferente de ser obrigado a fazer... Mas há histórias recentes que nos mostram que Bom Despacho caminha para um maior equilíbrio de oportunidades. Na eleição municipal recente,

por exemplo, tivemos uma candidata a prefeita que por pouco não se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo na cidade, e tivemos outra grande mulher eleita como viceprefeita. Tivemos novamente 3 vereadoras eleitas (33%), participação que, se ainda não

é proporcional à população feminina de BD, é muito maior que os números observados em outras cidades e no próprio Congresso Nacional, onde se comemorou a marca de 10% de cadeiras ocupadas por mulheres na Câmara dos Deputados. Ah, e claro, temos nova-

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Existem ainda motivos para um Dia Internacional da Mulher que nos lembre que vocês têm o direito, como os homens, de oportunidades para serem as mulheres que sonharem ser. Mas há também motivos para celebrar que nossa sociedade tem caminhado e que pessoas maravilhosas como vocês tenham os espaços e a realização que merecem. Se me dão licença, hora de dar um pulo ali na cozinha. O jantar é meu hoje... 12 Feliz Dia Internacional das Mulheres! Tudibomprocês!


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Bom Despacho (MG), 8 Março 2021

A força política da mulher bomdespachense

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ENTREVISTA EXCLUSIVA

Pedro Adalberto: juntar força de todos pelo bem da comunidade O presidente eleito da Credibom, Pedro Adalberto da Costa, tem 61 anos. Nasceu no antigo hospital Dr. Miguel Gontijo, em Bom Despacho, e foi criado no Engenho do Ribeiro. É filho de Iraci Rodrigues da Costa e Rosina Maria da Costa, ambos falecidos. É casado e tem dois filhos.

EMÍLIO Lúcio Emílio do Espírito Santo é coronel reformado da PMMG, escritor e membro da Academia de Letras João Guimarães Rosa, da PMMG.

A história universal mostra que a participação da mulher na atividade política jamais foi inexpressiva, apesar de não ser predominante, por uma série de motivos, entre eles a tríplice função de mãe, educadora e provedora do lar, mesmo no sentido econômico. Com a transformação da mentalidade masculina contemporânea – o homem também tem que gerir o lar, cozinhando, lavando louças, trocando fraldas, passando roupa, compartilhando as tarefas e responsabilidades domésticas – ainda perdura a ideia de que isso cabe à mulher. A consequência é que ela não consegue escapar da tripla ou quádrupla jornada. Exercer funções, sobretudo na vida política, torna-se um desafio, que a mulher nunca deixou de encarar e vencer. Refulgem na história figuras como Cleópatra, rainha do Egito, Wu Zetian, que governou a China, Ana Bolena, governou a Inglaterra, Catarina, a Grande, governou a Rússia, Margareth Thatcher, a cognominada “Dama de Ferro”, a senadora Hillary Clinton, a princesa Isabel e Dilma Rousseff, do Brasil, e tantas outras mulheres que tiveram influência, poder e glória. Os cargos de prefeito e presidente da Câmara e seus respectivos substitutos eventuais são os mais proeminentes no município, seguindo-se depois as secretarias e vereanças. A prova de fogo de qualquer político é o exercício do poder executivo. Todos os problemas passados, presentes e futuros recaem sobre a sua mesa. O prefeito detem a maior fatia do poder de polícia municipal. Uma das tarefas mais ingratas é a aplicação da lei, a repressão a ilícitos, a manutenção da ordem administrativa na cidade. O político que se sai bem no desempenho do cargo de prefeito, na maioria dos casos, está apto a galgar posições mais altas em outras esferas. A presidência da Câmara é também cargo de muito destaque e naturalmente é entregue a quem tem grande capacidade de conciliar interesses contraditórios, conduzir imparcialmente o processo legislativo, com

Mulheres bomdespachenses Sem a pretensão de criar mais uma teoria política, estou convicto de duas realidades: a reconhecida força e a inquestionável competência da mulher bom-despachense estão levando a comunidade a delegar-lhe cargos de extrema relevância e responsabilidade; essa delegação é um claro sinal da nossa maturidade política, sem lugar para preconceito e discriminação. No último pleito, saiu vitoriosa a chapa Dr. Bertolino e Juliana Jaber Queiroz, para prefeito e viceprefeita, obtendo 10.389 votos, o que corresponde a 39,99% do eleitorado. Juliana Jaber se tornou conhecida entre nós pelo seu altruísmo e solidariedade para com as pessoas acometidas de câncer. Para ajudar essas pessoas, criou a associação “Metástase do Amor”, cuja missão é “garantir melhor qualidade de vida às pessoas portadoras de câncer, como também auxiliar seus familiares no enfrentamento da doença”. Essa iniciativa da Juliana é muito típica da mulher, que sempre se mostra sensível à dor do outro. Encabeçando uma outra chapa, tivemos a candidatura da fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, ex-presidente da Câmara Municipal, Joice Quirino, para o cargo de prefeito, e do Dr. Luiz da Santa Casa, para vice. A chapa obteve 9.755 votos, totalizando 37,99% dos votos. Em 2020, 84 homens e 39 mulheres postularam o cargo de vereador, dos quais foram eleitas três mulheres. A votação total das candidatas foi de 3.802. A Câmara, em 2021, é presidida por Maria Klésia (Keké), que também já foi vereadora, em outra legislatura. Nossa breve análise se refere somente às últimas eleições e é um convite a que tomemos conhecimento dessa força crescente e prestemos o nosso apoio e incentivo a que não haja retrocessos nesse campo. No Dia Internacional da Mulher é necessário que nos associemos a essa luta, convictos de que a participação da mulher em todos os setores da vida social, principalmente a política, só fará o mundo mais solidário e mais humano.

Idealista, sereno e atencioso, o novo presidente faz questão de ressaltar que os bons resultados da Credibom devem-se à confiança dos associados e ao trabalho de todos os conselheiros, “um grupo muito unido pelos ideais do cooperativismo”. Veja na entrevista a seguir, concedida ao editor Alexandre Borges.

Sua trajetória profissional foi construída na Credibom, onde você está desde a abertura da cooperativa. Mesmo assim, você se emocionou e soltou lágrimas ao ser aclamado presidente da instituição. O que sentiu naquele momento? Sim. Foi na hora em que citei minha família. Minha esposa e meu filho estavam na assembleia. Isso me emociona. Eu sempre fui muito dedicado à Credibom e, por isso, a família fica até prejudicada. Minha esposa diz que eu me casei primeiro com a Credibom. Por isso agradeci o apoio constante e a paciência deles. Me emocionei também com as manifestações espontâneas de apoio e consideração que recebi de muitas pessoas. A verdade é que no momento em que se atinge a meta máxima a emoção toma da gente. Naquela hora passou um filme na minha cabeça. Eu vim do Engenho em 1972 para estudar em Bom Despacho. Trabalho desde os 12 anos de idade. Tinha condição financeira difícil. Por isso, num momento como aquele da assembleia, em que assumo a responsabilidade de presidir a cooperativa, a gente se emociona mesmo.

Depois de 35 anos na Credibom, o que inspira seu trabalho na instituição? Uma das coisas que mais aprecio é servir às pessoas. Gosto muito do que faço na Credibom. Acho ruim quando não consigo atender alguma demanda de associado. Acredito que a cooperativa de crédito é uma grande coisa para a comunidade. Para mim é como se fosse um ideal. Fico emocionado com depoimentos

Foto: IBOM

LÚCIO

vistas ao bem-estar da cidade. A Câmara é uma caixa de ressonância dos clamores, dos sofrimentos e ideais do cidadão.

Pedro Adalberto é formado em Ciências Contábeis e pósgraduado em Direção Executiva de Cooperativas de Crédito. Foi o primeiro funcionário contratado pela Credibom, que abriu suas portas em fevereiro de 1986. De lá para cá foi contador, gerente, superintendente, diretor e, agora, é o presidente eleito da instituição.

O presidente eleito Pedro Adalberto: 35 anos trabalhando na Credibom de associados dizendo que resolveram sua vida a partir de um crédito obtido na Credibom. No fundo é isso: estamos aqui para realizar os sonhos das pessoas. Fazemos o algo mais que uma instituição financeira tradicional não faria. Exercemos nossa responsabilidade social e trabalhamos para promover o desenvolvimento econômico dos associados e da comunidade. Isso me motiva muito.

Bom Despacho tem hoje 3 cooperativas de crédito: Credibom, Credesp e Unicred. Juntas, elas possuem 7 agências na cidade. Qual o papel delas na comunidade? As cooperativas de crédito são essenciais para as pequenas e médias cidades. Graças a elas, milhares de pessoas de pouca condição financeira têm acesso a serviços bancários. Instituições como a Credibom promovem a inclusão financeira das pessoas e o desenvolvimento social e econômico das comunidades onde atuam.

Você sempre foi dedicado a causas comunitárias e ao voluntariado. Isso é consequência da sua atuação na cooperativa de crédito? Acho que isso está no meu DNA. Aprendi com meu pai a ser voluntário de causas sociais. Ele tinha um pequeno comércio no Engenho do Ribeiro. Era desse comércio que saia o sustento da família. Mas além de tocar o seu negócio, meu pai também cuidava do cemitério do Engenho, era tesoureiro da Sociedade São Vicente de Paulo e da Paróquia do Engenho. Tudo como voluntário. Minha mãe dizia que ele só gostava de fazer coisas em que não ganhava nada. Desde menino eu acompanhava meu pai nas conferências dos assistidos da

Sociedade São Vicente de Paulo. Acabei levando isso como referência para minha vida. Faço por gosto e para ser útil, para ajudar pessoas. Claro que na Credibom há espaço e motivação para ações de voluntariado. Faz parte do compromisso da instituição com a comunidade. São valores compartilhados pela absoluta maioria dos dirigentes da cooperativa desde que ela foi criada. Hoje a Credibom é administrada por um conselho de administração composto de 9 pessoas e uma diretoria executiva de 3 membros. Todos possuem experiência de gestão e compromisso com os ideais da instituição. As decisões são compartilhadas e inspiradas pelos mesmos valores e princípios.

Você sucederá no cargo a José Fúlvio Cardoso, que presidiu a instituição durante 24 anos. Em que ele o inspira como presidente? Tenho admiração muito grande pelo José Fúlvio. Por sua capacidade de agregar pessoas, conciliar, unir. José Fúlvio é um homem visionário, de espírito empreendedor. Um perfeito cavalheiro, um amigo sempre gentil e cordial. Nesses 24 anos como presidente ele abriu novas agências e expandiu a Credibom. Como líder, sempre se cercou de pessoas competentes, soube delegar e respeitar a equipe de profissionais da cooperativa. Sem dúvida, José Fúlvio é responsável por muito do sucesso e do crescimento da instituição. É bom ressaltar que ele continuará no conselho, agora como vice-presidente.

O que almeja pelos próximos 4 anos como presidente da Credibom? Meu projeto é conduzir a Credibom com profissionalismo, dedicação e olhar no futuro. Trabalhar pelo

bem dos associados e da comunidade. Trabalhar pela integração de instituições econômicas e sociais do município, juntando a força de todas para o bem da comunidade. São ideais nos quais acredito e me sinto com força e energia para realizar.

Você tem pretensões na política municipal? Não, de forma alguma. Quero me dedicar integralmente à Credibom. Como presidente, passarei a atuar também em nível regional, porque a instituição está presente em outras cidades e faz parte de um sistema forte na região. Meu foco é buscar melhorias para o Sicoob e as comunidades.

Mas isso pode ser também um ideário político... Sim, pode ser. Mas, na política municipal, sonho em ver um grupo de pessoas idôneas, interessadas no bem maior da comunidade. Um grupo que se una com o objetivo de prover gestão profissional e voltada para os interesses maiores da comunidade. Precisamos pensar mais no interesse coletivo e menos nos interesses partidários e pessoais.

Cite uma coisa boa e uma coisa que precisa melhorar em Bom Despacho. Há muitas coisas boas, mas destaco o fato de Bom Despacho ser uma cidade muito acolhedora. Adoro nossa cidade porque acho que ela oferece boa qualidade de vida. Nosso povo é um povo do bem. Um aspecto negativo me incomoda: ver lixo e sujeira nas vias públicas. Acho que as pessoas deveriam ter mais cuidado com a cidade. Separar o lixo, embalar e observar os horários de coleta. É uma questão de empatia. Um povo do bem não merece viver numa cidade com ruas sujas. Aqui é a nossa casa. Ela deve refletir nossos melhores valores.


Bom Despacho (MG), 8 Março 2021

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O medo nos torna menos acolhedores ALEXANDRE

MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

“Eu tenho medo e medo está por fora / O medo anda por dentro do teu coração / Eu tenho medo de que chegue a hora / Em que eu precise entrar no avião / Eu tenho medo de abrir a porta / Que dá pro sertão da minha solidão / Apertar o botão, cidade morta / Placa torta indicando a contramão / Faca de ponta e meu punhal que corta / E o fantasma escondido no porão / Faca de ponta e meu punhal que corta / E o fantasma escondido no porão / Medo... / Medo... / Medo, medo, medo / Medo... / Eu tenho medo que Belo Horizonte / Eu tenho medo de Minas Gerais / Eu tenho medo que Natal, Vitória / Eu tenho medo Goiânia – Goiás / Eu tenho medo Salvador – Bahia / Eu tenho medo Belém, Belém do Pará / Eu tenho medo Pai, Filho, Espírito Santo, São Paulo / Eu tenho medo eu tenho C eu digo A Eu tenho medo um Rio, um Porto Alegre, um Recife / Eu tenho medo Paraíba, medo Paranapá / Eu tenho medo estrela do norte, paixão, morte é certeza / Medo Fortaleza, medo Ceará / Eu tenho medo estrela do norte, paixão, morte é certeza / Medo Fortaleza, medo Ceará / Medo... / Medo... / Medo, medo, medo / Medo... / Eu tenho medo e já aconteceu / Eu tenho medo e inda está por vir / Morre o meu medo e isto não é segredo Eu mando buscar outro lá no Piauí / Medo, o meu boi morreu, o que será de mim? / Manda buscar outro, maninha no Piauí / Medo, o meu boi morreu, o que será de mim? / Manda buscar outro, maninha no Piauí”. A música acima é do saudoso Belchior e se chama “Pequeno Mapa do Tempo”. Nunca achei uma música tão perfeita para os tempos atuais. Vivemos o tempo dos “des”: desgoverno, desemprego, desmatamento, deseducação, desencanto, desespero, destempero, desilusão, desamor, desconversa, desprezo pelo outro, desprezo pelo diferente, desvacina, dessaúde, descidadania ... mas, desistir, jamais! Sempre vivi minha vidinha sem grandes medos. Acredito que a vida é só aqui, mesmo, sem muito sentido lógico ou religioso. Porém, o que vejo em nosso país, em meus estados, São Paulo, por nascimento, e Minas Gerais, por adoção, em minhas cidades, São Paulo, por nascimento, e Bom Despacho, por adoção, é inédito. E a situação inédita, diferente nos dá medo... São Paulo decretou fechamento de tudo entre 23:00 e 5:00 horas da manhã. O núme-

Imagem ilustrativa

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ro de mortos por covid-19, considerando a média diária, nunca foi tão alto. A cidade de São Paulo já contabiliza mortos da nova cepa do novo coronavírus, que é muito mais mortal e muito mais transmissível do que o vírus original. Bom Despacho, apesar eu não ter tanta informação disponível, também parece estar em um momento crítico da doença. Minhas famílias vivem em São Paulo, minha mãe, meus irmãos e minha filha Isabella, e em Bom Despacho, minha namorada e quase toda a sua família. Ninguém foi vacinado, ainda. Sinto-me vendo aqueles filmes de ação, no qual o expectador está assistindo as duas cenas simultaneamente: em uma, o herói está fazendo alguma ação, achando que ninguém sabe que ele está ali; na outra, algum perigo enorme se aproxima do herói. Nós torcemos pelo herói, mas o perigo está chegando, chegando, chegando... e nós estamos vendo o desastre se aproximando. Nos filmes, geralmente, o herói escapa ileso e só nos sobra o coração batendo rápido e quase saindo pela boca. Mas, na vida real, nem sempre os heróis escapam, apesar de torcermos e rezarmos para que tudo corra bem... Nossas vidas atuais parecem combo de TV a cabo ou telefonia, tudo vem grudado. Você quer só banda larga, mas a empresa “te obriga” a comprar junto com a banda larga, uma TV a cabo, um pacote de telefonia móvel, instalar um novo número de telefonia fixa... além da covid-19, há uma economia respirando por tubo de oxigênio, o que deve levar milhões de pessoas a perder seus empregos, milhares de empresas devem fechar as portas por perda nas vendas, por falta de clientes com emprego e dinheiro no bolso. Tudo junto. É nosso combo: doença mortal, desemprego,

economia em colapso... A possibilidade de ser infectado com a covid-19, de perder meu emprego, de não ter dinheiro para sobreviver com dignidade, de perder minha mãe, meus irmãos, minha filha, minha namorada, meus sogros... atrai o medo. O medo nos paralisa. O Brasil atual está dividido em duas partes: a primeira, dos que estão com medo e paralisados; a segunda, dos que ignoram os perigos e por isso não têm medo e não estão paralisados. Pior, estes são os que se aglomeram sem máscaras e ajudam a roda da morte a girar mais rápido, aumentando o número médio de mortes diárias, enchendo os hospitais com infectados pelo novo

coronavírus, levando o sistema de saúde nacional, estadual e municipal ao caos que se encontram hoje. Enquanto países mais pobres do que o nosso, como o Chile, já estão vacinando mais de 50% de suas populações e vacinam em larga escala, nosso país continua tentando comprar vacina e não logramos vacinar nem 3% de nossa população. O medo vai nos tornando menos acolhedores. Ontem, aniversário da Sara, filha da Eleuza, colaboradora de minha namorada bom-despachense, a cumprimentei com um toque de mão fechada. Nem um abraço, nem um beijo de feliz aniversário. Triste! À noite, um amigo de minha namorada estendeu a mão para me cumprimentar. Fiquei olhando aquela mão à minha frente, sem saber o que deveria fazer. Minha vontade era gritar: “você está louco de me estender a mão?”. Mas, por vergonha, devolvi o cumprimento, apertando-lhe a mão. Assim que ele virou as costas, corri ao banheiro e lavei as mãos, adicionando muito álcool em gel. Medo... Nunca sentimos tanto medo de alguém que espirre ou tussa. Pior, o sentimento não é apenas de medo, mas de raiva da pessoa, como se ela tivesse escolhido espirrar ou tossir propositalmente perto de nós. Medo... medo de que a melhora desta situação esteja ainda muito longe de nós. Tenho medo de não estar errado nessa avaliação... Cante, Belchior, a trilha sonora de minha vida neste momento: “Eu tenho medo e medo está por fora / O medo anda por dentro do teu coração...”.


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Bom Despacho (MG), 8 Março 2021

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Ministério bloqueia transferências de recursos federais para Bom Despacho CIDADE FOI BLOQUEADA PORQUE CÂMARA ANTERIOR VETOU AJUSTE DAS CONTRIBUIÇÕES DE SERVIDORES PARA BDPREV Bom Despacho está impedida de receber novas verbas de emendas parlamentares e de fazer convênios para receber recursos financeiros da União. O motivo é que o Ministério da Previdência bloqueou dia 10 de fevereiro o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) do município. Com isso, recursos de emendas apresentadas por deputados, por exemplo, não serão liberados enquanto o CRP estiver bloqueado. O município deixa de receber dinheiro federal para obras, projetos sociais e para repassar a instituições como Santa Casa, Asilo, Apae e Abap, entre outras. Num cenário de pandemia, a Santa Casa não poderá receber recursos extras para atender pacientes contaminados pela Covid-19. Tragédia anunciada O bloqueio do CRP de Bom Despacho é uma tragédia que foi anunciada meses atrás. Ele aconteceu porque, ano passado, a Câmara de Vereadores não aprovou projeto de lei ajustando o valor da contribuição dos servidores para o BD Prev (Instituto Municipal de Previdência) – órgão responsável pelas aposentadorias e pensões dos servidores da Prefeitura e da Câmara. A rejeição do projeto ocorreu em sessão extraordinária do dia 20/07/2020. Exigência federal O ajuste nas contribuições dos servidores é uma exigência imposta aos municípios pela reforma da Previdência - aprovada pelo Congresso Nacional em 2019. A exigência vale para todos os municípios brasileiros. Seu objetivo é buscar o equilíbrio financeiro e atuarial dos Institutos Municipais de Previdência - como é o caso do BD Prev. Ao votar contra o ajuste das contribuições – que deveriam ter passado de 11% para 14% -, os vereadores descumpriram norma federal. Na época, mesmo alertados da situação pelo Executivo e pelo BD Prev, tomaram uma decisão que agradou alguns servidores municipais mas trouxe consequências muito graves para toda a população de Bom Despacho. A primeira consequência foi o bloqueio do CRP, que estava previsto e aconteceu agora. A segunda é a suspensão dos repasses financeiros, que prejudicará a população e instituições assistenciais do município. Além disso, a falta do ajuste nas contribuições coloca em risco a sobrevivência do BD Prev e as aposentadorias futuras dos servidores que hoje estão trabalhando. Sem contar que, no futuro, os contribuintes serão chamados a pagar a conta desse desequilíbrio.

Prefeito enviou novo projeto para Câmara rever a decisão

BD Prev paga mais do que arrecada; futuro do Instituto é incerto

PRESIDENTE DA CÂMARA DIZ SER FAVORÁVEL À APROVAÇÃO

DÉFICIT EM JANEIRO FOI DE R$ 86 MIL

Só há uma maneira de reverter a situação: a Câmara atual aprovar o ajuste das contribuições. Por isso, no dia 1°/2 o Executivo enviou ao Legislativo o projeto de lei complementar n° 02/2021 alterando de 11% para 14% a contribuição de servidores para o BD Prev. Essa mudança depende agora da aprovação dos vereadores. “A situação é gravíssima e urgente”, afirmou ao IBOM o procurador jurídico do município, Kleverson Mello. “O destino do BD Prev, das instituições filantrópicas de Bom Despacho e do próprio município está nas mãos dos vereadores. Se eles não aprovarem a revisão das alíquotas para o Instituto de Previdência, Bom Despacho continuará com o CRP bloqueado e não receberá mais repasses de verbas federais para a saúde, assistência social e outras áreas”. Urgência - O prefeito

Bertolino da Costa afirmou para o IBOM que a partir de agora, “a cada dia que passa a situação ficará pior. Só estão sendo pagos recursos que foram aprovados antes de 10 de fevereiro, data do bloqueio do CRP. Novos recursos não serão mais liberados. Se houver demora na aprovação do ajuste, poderá faltar dinheiro para Santa Casa e outras instituições que fazem trabalhos sociais e assistenciais no município. É uma situação grave, que exige sensibilidade do Legislativo”. Andamento O projeto enviado por Bertolino deu entrada na Câmara dia 1° de fevereiro e foi enviado à comissão de Constituição e Justiça, que deu parecer favorável à sua legalidade, constitucionalidade e redação. Atualmente o projeto está na comissão de Finanças, que ouvirá esta semana as manifestações do Sintram

(Sindicato dos Trabalhadores Municipais) e da ASSEM (Associação dos Servidores Municipais). A previsão é que a comissão de Finanças se reúna quinta-feira, dia 11/3, para emitir seu parecer. Expectativa Ouvidos pelo IBOM, a presidente da Câmara, Maria Klésia, e o vereador Alex Silva – Pastor Alex -, vice-presidente do Legislativo, afirmaram que o projeto de ajuste das contribuições deverá ser liberado pela comissão de Justiça esta semana, conforme previsto, e será levado ao plenário para votação na segunda-feira seguinte, dia 15 de março. De acordo com a presidente da Câmara, a aprovação do ajuste “é uma necessidade imposta ao município por lei federal, sendo necessário adequar a legislação municipal às novas regras. Por isso sou totalmente favorável à sua aprovação”, garantiu.

Em janeiro de 2021, entraram no caixa do BD Prev R$ 915.167,29 em contribuições previdenciárias e repasses de verba extra feito pelo município. No mesmo mês o Instituto pagou R$ 1.001.409,77 de aposentadorias e pensões.

Ou seja: só em janeiro o déficit do BD Prev foi de R$ 86.242,48. E este valor vem crescendo. Se permanecer nessa rota, o Instituto ficará insolvente. Por isso é necessário ajustar as contribuições dos servidores.

Déficit atuarial, ou déficit técnico, é o que falta para completar uma conta. Em outras palavras, é o valor necessário para garantir o pagamento futuro das aposentadorias e pensões aos atuais contribuintes, aposentados e pensionistas do BD Prev. Déficit não quer dizer que

há rombo, desfalque ou má-fé na gestão do Instituto. Indica apenas que sua arrecadação atual é insuficiente para cobrir os gastos futuros com aposentadoria e pensões. Segundo cálculos atuariais feitos em 2020, o déficit do BD Prev para os próximos 35 anos é de R$ 181.656.143,56.

Entenda o que é déficit técnico do Instituto


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