JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG

Page 1

1 Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021 Ano XXXI - Nº 1.609 • Fundado em 12/05/1989Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR PRF apreende 1,9 toneladas de droga em Bom Despacho Tribunal dobrou pena de assassinos do Coronel Tobias Grávida dá à luz na rodovia, dentro de ambulância do Samu 3 3 3 3 3 PÁG 5 5 5 5 PÁG 3 3 3 3 3 PÁG Campanha pede doações para combater fome Saudades dos fins de semana no Bar Alhambra PÁGINA 8 PÁGINA 4 Babá é presa por agredir duas criancinhas em BD

ALARME – Vendo, de moto –99928.8504

APARTAMENTO – Alugo, no Jardim Anjos – 3521.2116 ÁREA – Vendo, 1.080m2 –Jd. América – Beto –3522.1521 e 99921.4917

BARRACÃO – Alugo, 4 cômodos – Rua Nicomedes Teixeira, 36 – 99803.7564

BARRACÃO – Vendo – Avenida Palmeiras, 1.409 – Bairro Rosário – Aceito lote –98824.7333

CAIXA SOM – Vendo, bluetooth, nova – 98823.9990

CASA – Alugo, 2 quartos, garagem, no centro –99143.2780

CASA – Alugo, 3 quartos, garagem - 99857.0028

CASA – Alugo, 3 quartos, suíte, sala, copa, cozinha, banheiro, varanda, garagem, lavanderia, quintal – Av. Vivalde Brandão – 99903.0855

CASA – Alugo, 4quartos, sala, copa, sala TV, 2 banheiros, cozinha, varanda, lavanderia, garagem, barracão fundoRua Coronel Lery Santos, 59 –98838.5256 e 99985.7506

CASA – Alugo, no bairro de Fátima – 99870.9396

CASA – Vendo, 3 quartos, 2 banheiros – Rua Nair Souto, 312 – Jardim Anjos 2 –99842.3762

CASA – Vendo, 3 quartos, sala, copa, cozinha, banheiro, garagem – Rua Araguari, 51 –Santa Efigênia – 99909.2530

CASA – Vendo, 3 quartos, suíte, sala, cozinha, banheiro, varanda, garagem. Lote 360m – 99856.5001 (João Batista) e (31) 99513.9159 (João Neto)

CASA – Vendo, 4 quartos, sala, copa, cozinha, 2 banheiros + suíte, barracão, garagemTravessa Dr. Miguel Gontijo, 44 – R$ 360 mil – 98836.8080

CASA – Vendo, lote 367mRua Santa Clara – 99105.8446

CASA – Vendo, no bairro Esplanada – 98855.1644

CELTA – Vendo, 4 portas, completo – 99956.1423

CELULAR – Vendo, Sansumg Chat - 99956.1423

CHÁCARA – Vendo, Cond. Pica pau II, c/ casa, piscina, pomar, jardim - 99923.1567

FIESTA – Vendo, 2009, hatch, 4 portas – 99107.6073

FREEZER – Vendo, Metalfrio, horizontal – 99913.3832

KITINETE – Alugo, no bairro de Fátima – 99870.9396

LOTE – Vendo – Av. Francisco de Paula Lopes – Bairro de Fátima – 99856.5001

LOTE – Vendo – Travessa Dr. Miguel Gontijo, 44 – R$ 200 mil – 98836.8080

LOTE – Vendo, 450m, c/ escritura, no bairro José de Almeida, em Nova Serrana99117.3273

MESA – Vendo, de escritório, c/ gavetas – 98823.9990

Mi BAND – Vendo, 5, novo –98823.9990

PADRÃO – Vendo, de energia, 110v, contra rede, chave 63 –99105.8446

PALIO – Vendo, EX 1999, 2 portas – 99857.0028

PISO – Vendo, de madeira Parquet, 50m, novo – R$ 15, metro – 3521.1207

QUARTO – Alugo, mobiliado, no bairro de Fátima –99870.9396

SÍTIO – Vendo, 3 hectares, c/ casa, perto Copasa –99944.0050

SÍTIO – Vendo, com benfeitoria – Troco por Casa – 99985.2832

TELEVISOR – Vendo, Philips 14’, tubo – R$ 50, - 3521.1207

VIDROS – Vendo, 16, blindex, novos, várias medidas –3521.1207

2 DESTAQUE Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021 Whatsapp: (37)99922-2361 - e-mail: jornal@joneg.com.br É proibida a reprodução total ou parcial, em qualquer meio de comunicação, dos textos e anúncios produzidos pelo Jornal de Negócios - A publicação não autorizada por escrito sujeita o(s) infrator(es) às penalidades legais - Editor: Alexandre Borges Coelho - Tiragem: 6.500 exemplares – Impresso na Sempre Editora / BH –Editoração e Arte: Jornal de Negócios – Opiniões emitidas em artigos assinados não representam a opinião do Jornal, sendo responsabilidade exclusiva do autor – Distribuição livre em Bom Despacho, Araújos e Engenho do Ribeiro e dirigida em Martinho Campos, Moema, Luz, Pompéu, Abaeté e Nova Serrana - Este exemplar é propriedade do Editor, que autoriza a entrega grátis de 1 jornal por pessoa. CNPJ 40.615.727/0001-06 - Bom Despacho - MG Impresso por O Tempo Serviços Gráficos - 2101.3544 FAÇA CONTATO COM O JORNAL 99922-2361 jornal@joneg.com.br facebook.com/jornaldenegocios www.IBOM.com.br ENVIE SEU ANÚNCIO PELO WHATSAPP 99922-2361

Grávida dá à luz na rodovia, dentro de ambulância do Samu

Entre muitas tragédias e notícias ruins, há também notícias inspiradoras que reforçam a crença no ser humano e na vida. Um deles ocorreu quinta-feira (29/4), em que uma grávida de Córrego Danta, com mais de 39 semanas de gestação, deu à luz dentro de uma ambulância do SAMU enquanto era transferida de Luz para o hospital São Carlos de Lagoa da Prata.

A história teve início quando a gestante, de 25 anos de idade, procurou o Pronto Atendimento de Córrego Danta, cidade onde mora, relatando dores do parto. O médico Marco Heleno, que naquela noite estava de plantão no local, trabalha também no SAMU. Vendo que a gestante apresentava contrações e estava para entrar em trabalho de parto, ele a colocou numa ambulância sanitária daquele município e a acompanhou até o hospital de Luz, que fica a 35 km de distância. Lá chegando, às 00h52m solicitou a transferência da parturiente

para o hospital São Carlos, em Lagoa da Prata, que possui mais recursos.

Diante da situação, o médico Marco Heleno entrou na ambulância do SAMU e acompanhou a paciente no trajeto entre Luz e Lagoa. No meio do caminho as contrações da gestante aumentaram. O condutor então parou a ambulância para a realização do parto. Além do médico estavam presentes a técnica de enfermagem Fernanda Katiley Gonçalves de Lima e o socorrista Aristóteles Neilor Batista Borges.

O bebê, um menino, nasceu à 01h32 da madrugada e estava bem. “O parto foi tranquilo, e realizado sem nenhuma intercorrência. Esse foi um momento muito especial, emocionante e gratificante, pois é diferente da nossa realidade, do nosso dia-a-dia”, relata a técnica de enfermagem.

Feito o parto, a equipe seguiu para o hospital com a mãe e a criança.

IBOM c/ informações do SAMU)

Babá é presa por agredir duas criancinhas em BD

Crianças mudaram de comportamento, pais suspeitaram e instalaram câmeras. Caçula de 1 ano dava tapas no próprio rosto tentando mostrar o que se passava. Em desabafo emocionado, mãe fala do desespero das filhas e alerta outros pais Babá foi presa e enquadrada no Crime de Tortura, que prevê até 8 anos de cadeia.

Matéria completa na última página

Sindicato Rural lança programa de assistência gratuita para produtores

PRF apreende 1,9 toneladas de droga em Bom Despacho

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu 1.840 kg de maconha e 20 kg de skunk em Bom Despacho (MG). A apreensão foi feita na manhã de sexta-feira (7/5), no km 474 da BR 262.

Durante fiscalização na rodovia, policiais deram ordem de parada a um caminhão que transportava bombonas de

agrotóxicos sem cobertura de proteção. Durante a vistoria no caminhão os policiais encontraram fardos de droga escondidos no meio da carga. O motorista, que não tem carteira de habilitação, disse que o caminhão foi carregado na cidade de Umuarama (PR) e que seria entregue em Belo Horizonte.

Supermaconha Skunk, Skank ou Supermaconha é uma droga mais potente produzida em laboratório através de seleção genética de vários tipos de maconha. De acordo com especialistas, ela afeta a coordenação motora, provoca lapsos de memória e danos neurológicos na pessoa. Após

ser consumida seu efeito pode durar várias horas. De acordo com a Polícia Rodoviária, a carga apreendida em Bom Despacho está avaliada em R$ 2 milhões. O motorista foi preso. A ocorrência foi encaminhada para a Polícia Civil de Bom Despacho (IBOM c/ informações da PRF).

Em 3 dias PM recuperou 3 veículos furtados

Em três dias a Polícia Militar recuperou três veículos furtados em Bom Despacho: um Chevrolet Corsa e duas motos Honda. Um veículo por dia.

O primeiro caso foi dia 26/4, no bairro Dona Branca, onde os militares encontraram um Corsa escondido na vegetação, nos limites do bairro. O veículo tinha sido furtado na noite anterior na porta de uma igreja evangélica da rua Joaquim Eleutério, bairro Jardim dos Anjos. Segundo um policial ouvido pelo IBOM, a proprietária do Corsa deixou o veículo estacionado na rua com os vidros abertos e a chave na ignição.

Na terça (27/4), a PM encontrou uma moto Honda escondida dentro de uma mata perto da estrada da Passagem, zona

FERNANDO CABRAL

rural de BD. Segundo a Polícia, a moto havia sido furtada no bairro Ozanan. Perto dela estavam também 2 cilindros de oxigênio para solda e um jogo de 4 rodas furtados no dia anterior de uma oficina de lanternagem.

Já dia 28/4, durante patrulhamento no Jardim dos Anjos 2, a Polícia Militar encontrou outra moto Honda, modelo Titan, enfiada num matagal dentro de um córrego que passa ao lado do bairro. De acordo com informações publicadas em redes sociais, essa Honda teria sido furtada na Vila Gontijo.

Em todos os casos a PM apreendeu os veículos para as providências legais e posterior devolução aos proprietários.

(Fotos: PMMG/7° BPM)

Nossas Mães são seres especiais

ALEXANDRE MAGALHÃES

Mãe é mãe
Afinal,
Página 6Página 11
(Texto:
PÁGINA 8

Saudades dos fins de semana no Alhambra

Cuba Libre, aquele drink feito com rum, Coca-Cola e limão.

As marcas de cigarro que faziam sucesso na época eram Minister e Hollywood. Todos gostavam de vestir calça FarWest – como era chamada a calça jeans na época.

Lembro que no bar havia muitas mesas ocupada pelos homens e poucas mesas com mulheres.

A gente fazia do Alhambra um local de aquecimento. A turma bebia uns goles, ficava animada e saia para a rua. Ia sentar na praça, paquerar e fazer serenata para as mulheres. Quem tinha cota ia para o Clube Bom Despacho.

Foi um tempo muito bom. Eu era jovem e cheio de expectativas em relação à vida. Estava buscando um caminho, uma profissão. Tanto que saí de Bom Despacho e fui trabalhar no Banco BMG, em Belo Horizonte.

Tenho saudade dos fins de semana em Bom Despacho, no final dos anos 60 e início dos anos 70. Na época eu tinha uns 19 anos e morava na Avenida das Palmeiras, em frente à antiga Oficina do Piruca – onde ficam hoje a loja e o posto da Cooperbom.

O ponto de encontro da minha turma – e da maioria dos jovens daquela época - era o Bar e Restaurante Alhambra, que

ficava debaixo do Hotel Letícia, onde está hoje o Bradesco.

Ele abria cedo e não tinha hora para fechar. Seu dono era o Gercino Antunes, um homem muito gentil e cordial. Cumprimentava todo mundo. Era político nato e moderado.

Anos depois veio a ser viceprefeito do Célio Luquini.

A turma ia mais cedo para o Alhambra beber e fumar. A bebida mais consumida era a

Lá na capital entrei na faculdade de Letras. Mas pouco depois passei no concurso do Banco do Brasil e tive que deixar a faculdade. voltei para Bom Despacho em 1974 e fiquei no banco até me aposentar.

DEPOIMENTO de Dilermando Cardoso, 72 anos, bancário aposentado e escritor.

Qualidade das matérias

Gostei muito das matérias veiculadas na edição do Jornal de Negócios de 30 de abril.

De especial relevância a matéria sobre a morte das abelhas, tão importantes no processo de polinização das plantas.

Ótimas também as matérias sobre os idosos, a igreja da Matriz e sobre as peculiaridades da língua portuguesa entre os moradores da cidade.

Não é sempre que me vejo atraída a ler todo o jornal, mas dessa vez valeu a pena.

Parabéns a todos os escritores e colaboradores do Jornal de Negócios e ao seu Editor.

PS: Apenas senti muito a ausência [nesta edição] da coluna do professor Tadeu. Gosto demais do estilo dele escrever.

4 DESTAQUE Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021 Siga o Jornal Siga o Jornal Siga o Jornal Siga o Jornal Siga no Instagram no Instagram no Instagram no Instagram no Instagram Focalize a câmera do celular no QR Code
BOAS LEMBRANÇAS - Neste espaço, pessoas falam das lembranças que têm do passado em Bom Despacho. O objetivo é relembrar e compartilhar costumes, fatos e acontecimentos que marcaram a vida na comunidade.
ENVIE SEU ANÚNCIO PELO WHATSAPP 99922-2361
Leitor

Tribunal dobrou pena de assassinos do Cel. Tobias

MINISTÉRIO PÚBLICO RECORREU E TRIBUNAL DE JUSTIÇA AUMENTOU CONDENAÇÃO DE 21 PARA 43 ANOS DE PRISÃO

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) dobrou de 21 para 43 anos a pena de prisão imposta aos assassinos do coronel reformado Tobias Duarte e seu ajudante, um adolescente de 12 anos de idade.

O crime ocorreu na madrugada de 7 de maio de 2017, na Estrada dos Ferreiras, entre o bairro JK e a 262, em Bom Despacho. Tobias, então com 66 anos, foi morto com seis tiros no tórax, rosto e membros superiores, enquanto seu ajudante levou quatro tiros no tórax. Os corpos das vítimas foram encontrados dentro do Fusca que pertencia ao militar.

Os responsáveis pelo crime, BGVS e MRS, pediram carona ao militar alegando que a moto deles tinha estragado. Em seguida, sacaram de uma pistola .380 e balearam o coronel reformado e o menor, que chegou a se agachar no assoalho do carro para não ser atingido. Mesmo assim não foi poupado.

Um dos assassinos foi preso em julho/2017, no Sul de Minas, usando a pistola que roubou do coronel Tobias. O outro foi preso em Bom Despacho um ano depois do crime.

De acordo com o Ministério

Público (MP), os assassinos confessaram ter matado as vítimas com o intuito de roubar a pistola Taurus 7.65 do militar reformado. Segundo a promotora Luana Cimetta, pretendiam obter mais armas para amedrontar, afrontar e guerrear com grupos rivais na disputa pelo tráfico de drogas local. “Além disso, decidiram matar um adolescente, que estava agachado no assoalho do carro, totalmente indefeso, simplesmente para assegurar a impunidade de um crime, o que demonstra que a personalidade dos agentes está corrompida”, enfatizou.

Condenação

Em 2019, os assassinos foram julgados e condenados a 21 anos de prisão pelo juiz da 2ª Vara da comarca de Bom Despacho, que aplicou neles a pena mínima. Por causa disso, o Ministério Público recorreu da sentença e levou o caso ao TJMG pleiteando o aumento da pena.

Após julgar o recurso, o Tribunal de Justiça aumentou a pena dos assassinos de 21 para 43 anos, no regime inicial fechado. A decisão do TJMG foi publicada dia 17/3. Cabe recurso.

Duas menores de 14 e 16 anos foram apreendidas pela Polícia Militar na sexta, dia 30/ 4, acusadas de furtarem roupas numa loja do bairro São João, em Bom Despacho. De acordo com informações da PM, as adolescentes entraram na loja, experimentaram várias roupas e se aproveitaram da situação para furtar algumas peças. Logo em seguida fugiram do local. Acionada, a Polícia fez rastre-

amento nas proximidades e localizou as duas acusadas. Na abordagem, os militares descobriram que elas tinham furtado roupas também em outras lojas na região central da cidade. Ao todo, 15 peças de peças de roupas e bolsas novas foram recuperadas com as adolescentes.

As jovens foram apreendidas e levadas para a Delegacia de Polícia para Civil com as roupas recuperadas.

5 Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021 DESTAQUE
(Texto IBOM c/ informações do MPMG)
Polícia apreende duas jovens por furtarem roupas em lojas de BD Imagem ilustrativa Peças recuperadas pela Polícia (Foto: PMMG) Siga o Jornal de Negócios nas redes sociais instagram/jornaldenegocios

Nossas Mães são seres especiais

FERNANDO CABRAL

Chegou mais um dia das mães. Para mim, desde o ano passado esta data se tornou mais especial do que já era. Foi o último dia que minha mãe viveu. Na manhã seguinte ao dia das mães de 2020 ela nos deixou para sempre.

No dia anterior, 10 de maio, nós comemoramos o dia das mães, mas de uma forma diferente do que sempre fizéramos. A covid-19 estava se alastrando pelo Brasil e os idosos como minha mãe eram particularmente vulneráveis. Por isto, aquele dia das mães foi tão diferente. E foi o último com ela ainda viva.

Minha mãe teve doze filhos. Uma escadinha de meninos, pois por doze anos os nascimentos se sucederam ano a ano. Houve apenas um ano em que vieram dois de uma só vez. Gêmeos. Com isto, enquanto os mais velhos já estavam na adolescência, os mais novos ainda estavam nos cueiros.

Com doze filhos, seus amigos e amigas, os agregados, mais primos e primas, é fácil ver como a casa da minha mãe era uma algazarra permanente. Ter a casa cheia com vinte, trinta crianças e adolescentes era um acontecimento comum para minha mãe. Felizmente, o que não lhe faltava era energia. Ela era uma locomotiva, uma usina ambulante. Tampouco lhe faltava paciência para cuidar dos dela e das outras.

Sua faina diária começava muito antes do amanhecer.

Como se tivesse dez braços e dez mãos, de uma só vez ela acendia o fogo, preparava o café e a merenda dos que iam para a escola, fazia as mamadeiras dos que ainda estavam no berço, varria a casa e já preparava a roupa para lavar e passar.

Nos primeiros tempos, o fogão era a lenha e o ferro era de brasas. A água de beber era buscada na lata, lá na Biquinha. Muitas vezes a de lavar também, porque a água encanada de Bom Despacho não era boa e costumava faltar. Vinha da represa dos Bertos. Não servia para beber, porque era contaminada; não servia para lavar roupa branca, porque era muito barrenta e manchava tudo.

Para minha mãe não tinha tempo difícil. Com a mesma disposição que ela nos arrumava para a escola ela também costurava, bordava, cuidava das galinhas, fazia linguiça, fazia a comida e arrumava a cozinha.

Quanto eu nasci nós ainda morávamos na roça. No entanto, quando minha irmã mais velha se aproximou da idade escolar, viemos para a cidade. Minha mãe não abria mão de seus filhos irem para uma boa escola.

Na cidade muita coisa mudou. Em casa a lamparina foi substituída pela luz elétrica. As ruas principais de Bom Despacho tinham iluminação. Telefone a cidade ainda não tinha. Televisão também não, mas rádio, sim.

Costuma-se dizer que somente damos valor às pessoas quando elas morrem. Nem sempre. A maioria dá valor desde sempre. Mas para alguns talvez nos falte jeito para demonstrarmos nosso apreço pela pessoa que admiramos enquanto ela está viva. Para outros talvez falte oportunidade. Mas, em ambos os casos, nos nossos corações e mentes, temos uma lista preciosa de pessoas que admiramos, respeitamos, amamos. Depois que elas morrem, suas lembranças se reavivam em nossas memórias e os exemplos que nos deixaram ganham mais força. Foi o que aconteceu comigo depois que minha mãe nos deixou.

O rádio tinha um lugar de destaque nas casas. Ele ficava em cima do melhor móvel da sala de visitas. Se a casa tivesse copa – um luxo raríssimo – era ali que sua majestade, o rádio, ficava.

Alguns programas minha mãe não perdia. Quando o dia estava terminando ela nos levava para a casa da Dindinha, a vó Diva. Descíamos a Rua da Biquinha em penca. Eram cinco, seis, sete meninos

e meninas fazendo arte em volta da mãe.

Seis horas era caluda. Começara “As Aventuras do Anjo”, oferecimento Glostora. Depois vinha “Jerônimo, o Herói do Sertão”. Finalmente, a novela. O dramalhão O Direito de Nascer foi um dos sucessos da época. Minha avó e minha mãe ficavam de ouvidos atentos; nós tínhamos que parar com a bagunça. Também já não era sem tempo. Enquanto as duas se emocionavam com Albertinho Limonta e os dramas da radionovela, cansaço vencia os filhos. Uns se esparramavam pelo chão, outros deitavam no banco atrás da mesa. Os mais pequenos dormiam nos braços da mãe. Antes de a novela acabar já estavam todos dormindo.

Quando entrava “A Voz do Brasil” (que na época ainda se chamava “Hora do Brasil”), era o momento de recolher. Mas, algumas vezes o horário se esticava até início do Repórter Esso, a “Testemunha Ocular da História”.

Lembro-me destas coisas com carinho e com o coração exaltado. Mas há uma noite que guardo de forma especial. Com os olhos da memória vejo minha mãe saindo da casa da minha avó. Como sempre fazia, ela nos chamava e nós íamos como sonâmbulos, agarrados na saia dela. Ninguém acordava. Era como se não existisse a caminhada do banco da casa da minha avó até a cama da nossa casa.

Mas aquela noite foi especial. Mesmo criança, mesmo

sonolento, eu vi e guardei cena para sempre.

A luz do poste – que já não era tão boa – havia se apagado. Não sei se estava queimada ou se faltara energia. Naquela época, no inverno, era comum faltar energia. A noite estava fria. Devia ser maio, talvez junho. O céu estava estrelado e a lua iluminava a rua.

Como de costume, minha mãe nos chamou. Fomos nos levantando como os sonâmbulos de todas as noites.

Cada um pegou um pedaço da saia e a seguiu dormindo. Os dois mais novinhos iam nos braços, debruçados sobre os ombros dela.

Gravei aquele momento mágico. Aquela mulher forte, destemida, batalhadora, que depois de um dia intenso, ainda tinha energia para carregar dois filhos nos braços e arrastar três rua acima.

Sob o frio da noite e sob a luz da lua, minha mãe nos levou para casa e nos colocou na cama.

Esta imagem que guardei de forma tão profunda, tão indelével, simboliza a força que minha mãe tinha. Depois de um dia de labuta que havia começado antes de o sol raiar, ela encontrava forças para visitar a mãe e depois voltar para a casa arrastando três filhos agarrados à sua saia e levando mais dois nos braços.

Mas, muito mais do que a força física, minha mãe tinha de força moral; tinha força espiritual. É nisto que penso neste dia das mães, quando completa um ano de sua morte.

Quando morreu, já com quase 93 anos, seu corpo era frágil, miúdo. Não fazia homenagem à força de seus anos produtivos. Mas sua lucidez, sua força espiritual continuavam invencíveis. Sua vontade de cuidar da ninhada, dos seus descendentes e dos seus amigos continuava inabalada.

Mas, quis o destino que ela passasse o último dia das mães de forma diferente. A covid19 obrigou. Naquele seu último dia de vida, dia das mães, ela não recebeu a visita e não recebeu os abraços dos filhos, netos, bisnetos, amigos. Mas recebeu uma homenagem muito especial: um vídeo com uma mensagem de amor e reconhecimento ecoada por todos os seus filhos e filhas, netos, bisnetos, noras e genros. Todos.

No dia das mães, 10 de maio de 2020, ela viu e reviu aquele vídeo quantas vezes quis.

Na manhã seguinte, dia 11 de maio de 2020 ela se deitou dizendo que ia descansar um pouco. Sem dor, sem sofrimento, sem angústias, fechou os olhos, descansou e nos deixou para sempre.

Mas ela continua vivendo nas nossas gratas lembranças.

Neste 9 de maio, ao homenagear a memória de minha mãe, quero homenagear todas as mães que se desdobram com o olhar voltado para um só objetivo: com zelo e carinho infinitos, garantir que seus filhos sejam felizes e tenham vida plena.

São nossas mães. Parabéns a todas elas.

6 DESTAQUE Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021
Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e vereador em Bom Despacho ELAS TÊM UM SÓ OBJETIVO: COM ZELO E CARINHO INFINITOS, GARANTIR QUE SEUS FILHOS SEJAM FELIZES E TENHAM VIDA PLENA Maria de Castro, minha mãe, em fotos de 1950 e 2012 Em cima, eu, aos 4 meses de idade, no colo de minha mãe, ainda morando na roça. Embaixo, minha mãe acompanha o Padre João entrando na Igreja Matriz por volta do ano de 1960. Minha mãe com familiares na casa dos meus avós, por volta de 1970
7 Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021 DESTAQUE

Campanha estimula doações para combater fome em Bom Despacho

Estimular doações para instituições sociais que atuam no combate à fome. Este é o objetivo da campanha desenvolvida pela Fundação ArcelorMittal nas cidades onde a empresa atua – entre elas, Bom Despacho.

A campanha propõe que a cada 1 real arrecadado a ArcelorMittal doará mais 1 real - dobrando assim o valor a ser repassado para as instituições beneficiadas. A empresa doará até o limite de R$ 1,2 milhão para a campanha.

Em Bom Despacho a instituição escolhida pela fundação é a ONG Metástase do Amor, que atende a 150 famílias na cidade.

Compra de alimentos

A presidente da Metástase do Amor, Cida Cabral, afirmou para o IBOM que o

valor arrecadado através da campanha será utilizado exclusivamente na compra de gêneros alimentícios para famílias necessitadas em Bom Despacho.

Das 150 famílias assistidas, aproximadamente metade precisa de apoio alimentar. “A maioria é formada por pessoas mais vulneráveis, mais carentes”.

Outro agravante, segundo Cida, é que “às vezes a pessoa adoece e o INSS demora para reconhecer o direito ao auxílio-doença, e até o direito ao afastamento, o que tem deixado famílias desamparadas. Isto faz com que a Metástase tenha de ajudar ainda mais”.

Para mais informações sobre o trabalho da Metástase do Amor ligue no telefone 3521.1749 ou fale direto com a presidente Cida (99907.7666)

Veja como doar para a campanha

Para colaborar com a campanha, aponte a câmera do celular para o QR Code abaixo.

Você acessará o Portal de Doações. Lá, clique no botão FAZER UMA DOAÇÃO e vá seguindo as instruções. Marque a Metástase do Amor como beneficiária, escreva a quantia que vai doar e finalize. A doação mínima é de 5 reais. O pagamento é feito através de boleto.

Sindicato Rural vai iniciar programa de assistência técnica gratuita a produtores

Estão abertas até 31 de maio as inscrições do programa Assistência Técnica & Gerencial Leite (AT&G Leite), oferecido pelo Sindicato Rural de Bom Despacho em conjunto com a FAEMG.

O programa é inteiramente gratuito e tem duração de 2 anos. Nesse período, os produtores rurais inscritos vão receber suporte gerencial para a gestão da sua propriedade. O suporte inclui visita mensal à

propriedade de uma médicaveterinária contratada pelo programa.

“O objetivo é auxiliar o produtor na gestão da sua atividade, buscando mais eficiência, redução de custos e melhores resultados para o negócio”, ressaltou Patrick Brauner Resende, presidente do Sindicato Rural.

O AT&G Leite oferece 30 vagas. Para participar do programa é necessário ser

pequeno ou médio produtor de leite e estar associado ao Sindicato.

A assistência técnica nas propriedades será feita pela veterinária Ana Luiza Cardoso, contratada pelo programa.

Interessados em se inscrever devem fazer contato pelo Whatsapp do Sindicato (98823-7961) ou falar diretamente com a veterinária Ana Luiza pelo telefone 99149-1827.

8 DESTAQUE Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021
Imagem ilustrativa Siga o Jornal de Negócios no Instagram Focalize a câmera do celular no QR Code
Cida, presidente da Metástase: "famílias estão desamparadas"

Mães, maior expressão do amor

A sociedade adora um ranking, uma classificação. Fãs do esporte, como eu, esperam ansiosamente para, a cada quatro anos, acompanharem as Olimpíadas e descobrirem quem são os melhores em cada modalidade, quais os esportes que mais inovaram, quais os recordes quebrados. A imprensa divulga periodicamente rankings de instituições públicas, aqueles em que normalmente o Corpo de Bombeiros aparece em primeiro lugar e as casas legislativas em último. Temos ainda a cerimônia do Oscar, que estabelece anualmente os melhores do cinema mundial - ok, com um forte viés para Hollywood, mas que vem se democratizando com os anos. Há ainda os novos rankings das redes sociais, que medem o sucesso de uma pessoa pelas quantidades de seguidores, likes e compartilhamentos.

Imaginem agora se tivéssemos um ranking para medir quais as figuras humanas mais amadas. Seriam os namorados e namoradas, os cônjuges, os filhos, mães, pais, amigos, irmãos?... Acredito que as respostas seriam bem variadas, em função da história e da fase da vida de cada um. Mas e se invertêssemos a ordem dos fatores e perguntássemos qual o grupo humano que mais dá amor... Eu apostaria minhas fichas que as mães aparece- riam na resposta da maioria! À primeira vista, é estranho pensar essa perspectiva e notar que não há exatamente uma reciprocidade. Mas quem disse que mãe ama para ter retribuição?...

Mãe é uma figura única nas nossas vidas, especial mesmo. Quando penso em Dona Rita, minha mãe, lembro de tantas histórias de amor e entrega que só fazem reforçar essa visão. Lembro do colo quentinho para tentar conter o choro assustado do aniversário de 1 ano, da preparação das roupas para as festas juninas e das bandeiras do Brasil para as copas, do famoso “irmão não briga, irmão tem que dar certo”

quando tretava com Reinaldo ou Gisela. Há também situações corriqueiras, como fazer o curativo no joelho ou no dedão do pé quando voltava com ele ensanguentado da rua, ou passar o pente fino debaixo de sol para tirar piolho, preparar um delicioso frango caipira ou um lombo assado no almoço, fritar um biscoito de polvilho ou assar um pão de queijo fresquinho nas manhãs frias na roça. Isso sem falar na cobrança da “mãe-professora” para que seus filhos estudassem com dedicação e disciplina, porque “o estudo e a independência que ele traz são as heranças que temos para vocês”.

Quando a coisa ficava “mais séria”, ela também estava sempre por lá, para me acolher depois do fim de um namoro, para puxar minha orelha quando me deslumbrei demais com a vida acadêmica ou profissional e me esqueci da família, para orar pela saúde de meu filho recém-nascido na

UTI, para me aconselhar e apoiar em todos os momentos mais críticos de minha vida. Momentos em que, inclusive, ela parecia saber que eu precisava de ajuda antes mesmo de me dar conta disso. São tantas, mas tantas demonstrações de amor, que é difícil enumerar.

Tive outras figuras maternas importantes em minha vida. Como não lembrar com carinho de Vó Meranda, aquela senhora que colocava a netaiada toda para dentro de casa nas férias e me recebia com um sorriso largo qualquer dia do ano que fosse. Lembro do sorriso, da doçura no olhar, do convite de sempre para um café, da cozinheira de mão cheia, da textura das mãos ao me abençoar. Mãe de 6 filhos, fazia de sua casa um retrato fidedigno daquela casa da mãe e da avó, realizando ali tantas celebrações em família, como as natalinas e os dias das mães e dos pais. Como faz falta a

Saindo ali do início da Avenida das Palmeiras para ir até a Praça Inconfidência, encontrava lá Vó Maria sentada em sua cadeira na varanda ou na entrada da sala de casa, assistindo a sua novela ou à missa na TV. Mãe de 13 filhos, 3 dos quais faleceram muito cedo, viveu toda uma vida como mãe, criando todos com retidão e união. Pregava com paixão a fé em Deus e a importância da família. Antes desta pandemia que ainda nos assombra, emocionava-me sempre ver meu pai e seus irmãos se reunirem para rezar o terço na casa de um deles – encontro semanal que espero vê-los retomar logo, e que é uma das marcas do forte laço familiar construído por Dona Maria. E, abrindo um parêntesis, falando em figura materna, não posso deixar de reconhecer a atuação de Tia Dorinha nesse

papel. Apesar de irmã no papel, ela é muito mais do que isso há alguns anos. Alguns de seus irmãos e irmãs podiam inclusive passar a te dar um presentinho nesse segundo domingo de maio, hein, tia?...

Na sequência de minha vida pessoal, casei-me com Fabiana, com quem tive dois filhos maravilhosos. Nosso casamento terminou, mas a mãe e parceira na construção de um ambiente familiar de afeto e harmonia, ainda que em dois lares, esteve e está sempre presente! Casandome novamente, encontrei outra mãe extraordinária, Raquel, que, além de cuidar com esmero de sua filha de nascença, tornou-se a “boadastra” de meus filhos –neologismo que eles adotaram por não considerarem justo chamar pessoa tão doce, acessível e carinhosa de “madastra”. Nesse rearranjo familiar moderno, a vida de nossos filhos é sim diferente

da que idealizamos. Mas, se perdeu em alguns aspectos, ganhou em outros, e essas duas preciosas presenças maternas foram e são fundamentais para isso.

O mundo moderno, como todo organismo vivo, segue em constante mudança, mas algumas coisas seguem firmes, como o amor de mãe! Muito além dos aspectos gestacional e genético, a maternidade é um dom extraordinário e uma função essencial para sermos quem e o que somos. E, não tenho dúvida em afirmar, é a figura que melhor nos apresenta aquele amor romântico, incondicional e para sempre.

Vocês, mães, são um norte para sermos o melhor que temos de humanos! Nossos parabéns, nosso amor e nossa gratidão eterna!

PS: Dona Rita, claro, um beijo especial para a senhora! Amamos você dimais da conta!

9 Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021 DESTAQUE
F F F F FALE COM ALE COM ALE O JORNAL O JORNAL O JORNAL O JORNAL
Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação senhora para nos reunirmos mais, Dona Meranda! Imagem ilustrativa

Maternidade como missão

LÚCIO EMÍLIO

Há uma constante a guiar os seres vivos na ainda inexplicada dinâmica do universo infinito que nos faz suspeitar de um desígnio que vem de fora e move nossas atitudes aqui no planeta Terra. Não quer dizer que somos manipulados por algum ser sobrenatural, como marionetes, mas sim que o universo inteiro tende para um propósito que a mente humana ainda não identificou, mas pressente com nitidez e clareza. Para isso, a lei que nos guia é a de que o organismo tem que perdurar.

A mulher, nesse contexto, tem uma missão nobilíssima. Em seu seio, a vida se desenvolve, amadurece e é dada à luz. Desde o primeiro instante do nascimento, aquele amor que já acalentava, aquecia e alimentava o nascituro em seu bendito ventre, se incendeia ao primeiro choro do filho, à primeira sucção desajeitada do leite materno, único alimento que pode saciar a fome do recém-nascido,

naquele momento de magia, que deve vibrar por toda imensidão do cosmos.

Nem sempre, no entanto, a amamentação do bebê, como é o desejo de toda mãe, é possível, por motivos variados. Nos tempos mais recuados, as mamães dificilmente poderiam ficar sem uma amadeleitee sempre havia

mulheres que se prestavam com orgulho a ajudar outra mulher na tarefa da amamentação. Minha mãe, no início do casamento, teve um filho a cada ano. O seu coração magnânimo não aceitava amamentar só o mais novo. As amas de leite se sucediam em minha casa e nenhum dos quatro filhos se privou do néctar que a natureza

mesma criou. A minha esposa, em razão de uma inflamação no seio, precisou recorrer ao banco de leite, solução mais moderna para as mães impedidas de amamentar. Se a racionalidade resolve esse problema entre os humanos, a própria natureza socorre os irracionais, por mecanismos desconhe-

cidos. Uma cadela, já nos dias de dar à luz, apareceu no nosso sítio, e logo depois trouxe nove filhotes, fortes e sadios, mas que não paravam de ganir, dando aquele sinal de que não estavam sendo alimentados convenientemente. A mãe tinha uma anomalia e somente três de suas mamas produziam leite. Havia lá uma outra cadela, Duda, cuja gravidez sempre foi evitada com medicamentos. Observamos que ela deitava no ninho da mãe verdadeira e os filhotes sugavam suas mamas na esperança de saciar a fome. Notamos, nos dias seguintes, que os filhotes não choravam mais. A Duda ajudava a mãe na limpeza

dos filhotes, lambia-os e lhes dava calor e o seio. Intrigado, meu amigo resolveu verificar aquela situação e aí, por aqueles mistérios da natureza, constatou que a Duda tinha leite e leite em abundância. Era a mamãe cósmica, solidária, condoída com a fome dos filhotes e o desespero da mãe verdadeira.

Grandes poetas, prosadores, exímios compositores, louvaram, merecidamente, as mães em versos, crônicas e em doces melodias. A maternidade extrapola o nosso pequeno mundo e ressoa em todos os cantos do universo.

Energias gigantescas e inconcebíveis se movem entre as galáxias e agitam os astros quando uma nova vida é concebida. A maternidade não é um simples fato biológico, banal. Ao contrário, é uma missão tão grandiosa quanto a do sol que ilumina o nosso quintal, adentra nossas casas, faz florescer o trigo e frutificarem as videiras, gerando e conservando a vida.

Assim como o sol nasce todo dia, cumpre a missão que lhe foi dada todo dia, também as mães, conectadas com todas as forças cósmicas, cumprem a missão de gerar e conservar a vida, excedendo-se sempre em carinho e em amor incondicional, infinito como todo o firmamento.

Homenageio todas as mães bom-despachenses na pessoa da minha esposa, Maria Celeste Morais do Espírito Santo.

10 DESTAQUE Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021
mado
PMMG, escritor e
da Academia de Letras João Guimarães Rosa, da PMMG.
Lúcio Emílio do Espírito Santo é coronel refor-
da
membro
/jornaldenegocios /jornaldenegocios /jornaldenegocios /jornaldenegocios /jornaldenegocios

Afinal, Mãe é mãe

Minha mãe é a melhor mãe do mundo

Domingo é o dia das mães. Eu tenho sorte de ainda ter a minha por perto, me acompanhando em meus cinquenta e quatro anos de vida. Muitas pessoas não têm essa sorte e acabam perdendo as suas quando ainda são muito jovens.

Raramente falo sobre minha mãe, que acaba de completar setenta e sete anos no último dia 4 de maio. Como seu aniversário é sempre encostado ao dia das mães, acontece com ela o que se passa com as crianças que fazem aniversário perto do dia das crianças ou do Natal: ganham um presente só.

Para todos os filhos, nossas mães são sempre as melhores do mundo. E, desconfio, para as mães, os filhos são sempre os melhores filhos do mundo.

Mas, gostaria de aproveitar o dia das mães e fazer uma homenagem à minha mãe e a todas as mães, porque não deve ser fácil cumprir esse papel.

Eu sou o filho mais velho da D. Leonor. Casou-se aos dezenove anos, e quando estava com vinte e dois, eu nasci. Até que eu era bonitinho quando criança. Pelo menos é o que minha mãe me dizia. Até aqui, minha mãe é igual a todas as mães.

Um ano e meio depois de mim, nasceu meu irmão Eduardo.

E fomos felizes por muitos anos, só eu e meu irmão. Brincávamos na rua, íamos ao clube, jogávamos futebol, competíamos no basquete pelo time do clube Esperia e também pela equipe de natação pela mesma instituição.

Quando eu estava com dezesseis anos e meu irmão com quatorze, meus pais foram viajar sozinhos pela primeira vez. Eu e meu irmão estávamos na escola de inglês e tínhamos prova, portanto não pudemos acompanhar meus pais, que estavam de férias. Foi uma nova lua de mel depois de tantos anos sendo atrapalhados pelos filhos. Minha mãe voltou grávida e nasceu minha irmã Daniela.

Depois de tantos anos, minha irmã passou a ser a princesa da casa. Meu pai, que só trabalhava a partir das 3:00 horas da tarde, passava a manhã inteira com a filha no colo, passeando para cima e para baixo com a recémchegada. Claro, minha irmã ficou mimada como ninguém no mundo. Era impossível suportar tanto dengo.

Para melhorar o problema, minha mãe queria adotar uma criança, para dividir a atenção e o carinho entre duas meninas, o que diminuiria o grau de chatice que minha irmã havia se tornado.

Meu pai, ao invés de adotar uma criança, propôs ter mais um filho.

Quando minha irmã tinha um ano, meus pais foram

novamente viajar sem os filhos mais velhos, ou seja, uma nova lua de mel. Desta vez, uma versão meia boca, já que havia minha irmã para atrapalhar um pouco.

Claro, minha mãe voltou grávida novamente. Desta vez, de gêmeos.

O mesmo médico que fez o pré-natal de minha mãe para mim, para meu irmão e para minha irmã, fez o acompanhamento de minha mãe na gestação dos gêmeos.

Quando minha mãe estava no sétimo mês de gravidez, foi ao médico e disse que estava em trabalho de parto. O médico explicou que não. Garantiu que eram gêmeos e que a barriga pesava mais, o que era natural. Que tomasse um remédio que receitou e que tudo ficaria bem. Não a examinou, porém.

Minha mãe tinha razão: ela estava em trabalho de parto e o remédio, que era para segurar o parto, fez com que as crianças só nascessem dois

dias mais tarde. Faltou oxigênio no cérebro das crianças e eles nasceram com deficiência mental. O Daniel, que nasceu primeiro e de parto normal, perdeu menos neurônios e, apesar das limitações de locomoção e fazer tarefas do dia a dia, como comer ou banhar-se, consegue andar de muletas, formou-se em direito na faculdade e leva uma vida de muitas dificuldades, mas “normal”. Entre o nascimento do primeiro dos gêmeos e o segundo, o Rafael, a posição da criança no útero de minha mãe mudou e foi necessário fazer uma cesariana. Houve necessidade de chamada de uma equipe para o parto, o que retardou o nascimento em algumas horas. Muito mais oxigênio no cérebro faltou e muito mais neurônios foram perdidos. Rafael, apesar dos seus trinta e oito anos completados em abril, é uma criança com idade mental de um ano. Não anda, não realiza

as tarefas do dia a dia, não foi alfabetizado e é um anjo de bondade e inocência.

Meus irmãos frequentaram a AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente – por duas décadas. Foram muitas cirurgias, muitos tratamentos, muitas fisioterapias, muitos amigos também com deficiência.

Meus pais passaram a viver em função de meus irmãos gêmeos. Meu pai largou o emprego, já aposentado, e controlava seus horários com base na agenda de seus filhos gêmeos.

Minha mãe cuida deles até hoje. Incansável. Acorda todos os dias às 5:00 e dorme depois de colocar os dois na cama, sendo que tem de cuidar do banho, da higiene pós ida ao banheiro, comida, roupa e tudo o mais para ambos. Uma vida de dedicação exclusiva. Só faz aquilo que as necessidades dos dois permite que ela faça.

Em meus cinquenta e quatro anos de vida, nunca vi minha mãe reclamar da vida. Sempre de ótimo humor, encanta a todos pelo sorriso fácil e doce. Mesmo depois do nascimento de meus irmãos, D. Leonor leva a vida sorrindo. Passa o dia cantando, servindo e cuidando dos filhos. Incansável.

Ainda cuida do neto mais novo, o Mateus, filho de minha irmã Daniela. Cuidou das duas filhas de meu irmão Eduardo e cuidou de minha filha Isabella. Sempre que necessitávamos, deixávamos as crianças lá com ela, que dividia o tempo entre os filhos deficientes e os netos.

Nunca reclamou, nunca disse não. Sempre de ótimo humor, cantando com e para os filhos, com e para os netos.

Minha mãe é a melhor mãe do mundo. Faço essa homenagem a ela como forma de carinho a todas as mães bomdespachenses. Àquelas que não estão mais conosco e às que continuam a nos bajular como os melhores filhos do mundo.

Parabéns a todas as mães! Especialmente, à minha sogra, que é minha mãe bomdespachense!

11 Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021 DESTAQUE
Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD
ALEXANDRE MAGALHÃES
Daniela, minha mãe Leonor e meu sobrinho Mateus
Siga o Jornal Siga o Jornal Siga o Jornal Siga o Jornal Siga o Jornal no Instagram no Instagram no Instagram no Instagram no Instagram Focalize a câmera do celular no QR Code
Daniel, minha mãe Leonor e Rafael (abraçado)

Babá é presa por agredir duas crianças na ausência dos pais

Uma babá foi presa pela Polícia Militar em Bom Despacho na tarde de quarta (5/5), após ser filmada agredindo duas crianças pequenas que estavam sob seus cuidados enquanto os pais trabalhavam. O caso aconteceu no bairro São José. As crianças – uma menina de 1 ano e 8 meses e a irmã, de 2 anos e 8 meses de idade – ficavam aos cuidados da babá SMRP, de 22 anos. O pai das crianças é policial militar e a mãe estuda e trabalha em Belo Horizonte.

Segundo os pais, nos últimos dias as meninas apresentavam comportamento estranho, inquietação e medo quando a babá chegava. A menor delas, que ainda não sabe se comunicar, chegava a desferir tapas contra o próprio rosto. Tentava mostrar aos pais o que estava acontecendo.

Diante da situação, o pai instalou uma câmera na residência que lhe permitia acompanhar as imagens pelo celular. Na terça-feira (4/5) a câmera registrou a babá puxando a menina com força pelo braço e a jogando num colchão. Mostrou também ela deitada no sofá mexendo no celular enquanto as crianças ficavam sozinhas. Nesse dia o pai não conseguiu gravar as imagens.

Na quarta-feira (5/5) o pai conseguiu gravar a ação da babá. As imagens mostram a cuidadora agredindo as crianças e dando até um tapa no rosto da caçula, que tem apenas 1 ano e 8 meses de idade. O vídeo foi postado em redes sociais. O site IBOM decidiu não publicar o vídeo porque ele contém cenas de

angústia e constrangimento das crianças. Após registrar as agressões, os pais acionaram a Polícia Militar, que compareceu na residência. De acordo com a PM, a babá “acabou admitindo a prática de maus tratos contra as crianças, sendo presa em flagrante”.

Após ser presa, a babá foi

O delegado Rodrigo Noronha fala sobre o caso. Aponte a câmera do celular para o QR Code abaixo e assista ao vídeo.

conduzida para a Delegacia de Polícia Civil, junto com as crianças e os pais. Segundo o IBOM apurou, as meninas foram submetidas a exame de corpo de delito no posto médico legal da Delegacia. O legista constatou lesões corporais de natureza leve em ambas. Diante das provas apresentadas, o delegado

Rodrigo Noronha ratificou o flagrante e enquadrou o caso como Crime de Tortura previsto no art. 1°, II, da Lei 9455, que prevê prisão de até 8 anos em caso de condenação, com acréscimo de mais 1/3 em caso da vítima ser criança, como é o caso. Por isso, o delegado pediu que a prisão em flagrante seja convertida em prisão

preventiva. Neste caso, a babá poderá ficar presa até o julgamento. “O comportamento da conduzida é odioso. Como garantidora (...) seria a responsável por cuidar das crianças, de forma exemplar e não por torturálas”, registrou o delegado. Segundo Noronha disse ao IBOM, a prisão preventiva visa também evitar a “reiteração da conduta criminosa” pela autora.

A babá passou a noite presa, com previsão de ser transferida para o presídio de Dores do Indaiá, onde ficam presas do sexo feminino na região, à disposição da Justiça.

O delegado Rodrigo Noronha ressaltou para o IBOM que os pais devem “sempre monitorar o comportamento dos filhos”, especialmente das crianças pequenas. “No caso, a criança de 1 ano e pouco tentou contar aos pais o que estava acontecendo dando tapas no próprio rosto, pois ainda não sabe falar”. Segundo o delegado, o episódio serve de alerta para que os pais “fiquem atentos a quaisquer sinais de mudança de comportamento dos filhos e jamais ignorem informações por eles trazidas, ainda que por meio de sinais ou gestos”.

Notícia causou indignação

A notícia da agressão das criancinhas causou indignação e gerou muitos comentários. No Facebook do Jornal, alcançou mais de 21 mil pessoas e gerou quase 7.000 engajamentos em pouco mais de 24 horas. Foram mais de 240 comentários.

Para ver os comentários aponte a câmera do celular para o QR Code ao lado e acesse a página.

Mãe das crianças fez desabafo emocionado

Em sua página no Instagram, a mãe das crianças agredidas, Anna Carolina, publicou uma mensagem de alerta. Com o título “Se você é pai ou mãe, por favor leia isso e não seja mais uma vítima”, ela faz um desabafo emocionado sobre o ocorrido com suas filhas. “Coração de mãe não falha, algo incomoda muito quando os filhos não estão

bem ou algo muito grave está prestes a acontecer”, escreveu.

Anna Carolina conta que na segunda-feira (3/5) à tarde ela viajou para Belo Horizonte, onde daria plantão numa maternidade em que trabalha. Antes de sair, Anna Carolina fez a filha mais velha dormir e depois foi até a caçula.

“Coloquei a bênção (...), disse que a amava muito e

Siga o Jornal de Negócios no Instagram

que não demorava”.

Na Rodoviária, ao despedir-se do marido, pediu-lhe: “Por favor, pelo amor de Deus, cuida muito bem dessas meninas”. Segundo Anna, “algo estava mais estranho do que o normal”.

À noite, o marido pediu uma câmera emprestada ao irmão e instalou em casa. “O instinto de pai também não falhou”,

escreveu Anna.

No desabafo, ela relata o pânico demonstrado pela filha ou ouvir a babá chegando. “Ela sempre corre para os nossos braços com um desespero que nunca tínhamos presenciado”. Segundo Anna, a criança “vem mostrando comportamento que não ensinamos em casa: ela fica dando tapas no próprio

Focalize a câmera do celular no QR Code

rostinho dela”.

E continua: “essa mensagem serve de alerta para tantos pais que precisam deixar os seus filhos com alguém para garantir um futuro digno e melhor para os seus”.

Anna Carolina diz que ela e o marido estão tomando “todas as medidas que precisam ser feitas para que essa pessoa não cometa em outras famílias os danos

irreparáveis e destrutivos que cometeu na minha vida, do meu esposo e principalmente nas milhas filhas”.

Termina dizendo: “Tenhamos fé que essa dor um dia seja mais leve, mas amena e menos dolorida. E que Deus nos dê forças para voltar a acreditar que ainda é possível ver compaixão de uns pelos outros”.

O melhor conteúdo diário da cidade

12 DESTAQUE Bom Despacho (MG), 15 Maio 2021

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.