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Bom Despacho (MG), 15 Junho 2021
Ano XXXII - Nº 1.611 • Fundado em 12/05/1989
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Bom Despacho (MG), 15 Junho 2021 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR
Água do São Francisco para o Rio Picão: Sebrae fará licitação PROJETO PREVÊ O BOMBEAMENTO DE ÁGUA DO SÃO FRANCISCO PARA O RIO PICÃO VEJA NA ÚLTIMA PÁGINA
Filhote de gato se esconde no motor de carro e dá trabalho aos Bombeiros
ADALGISA, RINALDO E ANASTÁCIA: A MORTE PRECOCE DE 3 JOVENS SERVIDORES DE BD LEIA NA COLUNA DE FERNANDO CABRAL (PÁGINA 6)
Origens da cidade: nossa préhistória Tadeu Araújo
As caras de Bom Despacho
Alexandre Magalhães
Circullare fala sobre o reajuste de tarifas
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Bom Despacho (MG), 15 Junho 2021 bairro São Vicente – R$ 200 mil – 99138.9650 CASA – Vendo, 3qt, sl, cp, cz, bh, quintal, garagem e cômodo para comércio – Aceito veículo no negócio – 99873.1276 e 99872.0503
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Esclarecimento aos usuários do transporte coletivo em BD A tarifa do transporte público urbano foi reajustada após quase 3 anos sem alteração do valor. O último aumento da tarifa ocorreu dia 12 de outubro de 2018. Nesse tempo subiram custos de combustível, peças e mão-deobra. E subiram muito. Se fosse acompanhar os custos reais, a tarifa seria de R$ 4,10. Portanto, o valor da tarifa teve reajuste muito menor que o previsto.
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Importante dizer que sem o reajuste da tarifa seria inviável manter o transporte coletivo funcionando em Bom Despacho. A concessionária é uma empresa privada, que depende do dinheiro das tarifas para comprar e manter os ônibus, pagar salários e cumprir suas obrigações.
LÍNEA – Vendo, 2010, Dualogic, 1.9 – José Nunes – 99985.1912
COMPARATIVO DOS AUMENTOS
FIESTA – Vendo, 2009, hatch, 4 portas – 98840.0050 FOGÃO – Vendo, 2 bocas – 98803.1937 FREEZER – Vendo, Metalfrio, horizontal - 99913.3832
LOTE – Vendo – Avenida Francisco de Paula Lopes – Bairro Fátima – 99856.5001 LOTE – Vendo – Rua Angola, no prolongamento Jardim América – (31) 99695.5106 LOTE – Vendo, lote 17, quadra 17, no Gran Viver, c/ 524m – Troco por carro – 99128.9990
O último reajuste da passagem de lotação em BD foi dia 12/10/2018. Compare os aumentos no período 2018-2021:
Óleo Diesel .................. 29,78% Salário .......................... 15,30% Tarifa .............................. 8,20%
LOTE – Vendo, na travessa Rua Dr. Miguel Gontijo, 44 – R$ 200 mil – 98836.8090 MINI SYSTEM – Vendo, CD, USB, AM/FM, AUX e controle remoto – R$ 600, - Pedrinho – 99830.8337
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RANGER – Vendo, 2008, diesel, 4x4 – José Nunes – 99985.1912 SÍTIO – Vendo, 3 hectares, casa em porcelanato, perto Copasa – 99944.0050
Pedido de Licenciamento Ambiental Silos RG Ltda, por determinação da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Bom Despacho, torna público que solicitou através do processo 6499/2021, Licença Ambiental Simplificada, para a atividade de beneficiamento primário de produtos agrícolas: limpeza, lavagem, secagem, despolpamento, descascamento, classificação e/ou tratamento de sementes, código n° D-01-02-4, localizado no Sítio Espinho e Lage, S/N, Zona Rural, Bom Despacho/MG.
Whatsapp: (37)99922-2361 - e-mail: jornal@joneg.com.br CNPJ 40.615.727/0001-06 - Bom Despacho - MG Impresso por O Tempo Serviços Gráficos - 2101.3544
É proibida a reprodução total ou parcial, em qualquer meio de comunicação, dos textos e anúncios produzidos pelo Jornal de Negócios - A publicação não autorizada por escrito sujeita o(s) infrator(es) às penalidades legais - Editor: Alexandre Borges Coelho - Tiragem: 6.500 exemplares – Impresso na Sempre Editora / BH – Editoração e Arte: Jornal de Negócios – Opiniões emitidas em artigos assinados não representam a opinião do Jornal, sendo responsabilidade exclusiva do autor – Distribuição livre em Bom Despacho, Araújos e Engenho do Ribeiro e dirigida em Martinho Campos, Moema, Luz, Pompéu, Abaeté e Nova Serrana - Este exemplar é propriedade do Editor, que autoriza a entrega grátis de 1 jornal por pessoa.
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TELHAS – Vendo, de amianto - 99956.1423 VAGA – Vendo, de garagem, no BD Shopping – Praça Matriz, 196 – 98803.2113
Empresa nenhuma consegue funcionar com prejuízo. Hoje a concessionária mantém 17 ônibus circulando de uma frota de 20 ônibus. A tarifa de R$ 3,30 cobrada em Bom Despacho é MENOR que em outras cidades da região. Em Nova Serrana, o valor atual é de R$ 3,60. Em Formiga, cidade do tamanho de Bom Despacho, a tarifa é de R$ 3,65. Portanto, o reajuste é justo, legal e necessário. Em tempos de pandemia, a empresa está fazendo sua parte para manter o serviço mesmo com a diminuição do número de passageiros e queda no faturamento. Porque, como toda a população, a Circullare acredita que dias melhores virão.
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Bomba explode na mão de jovem em Bom Despacho
Idoso preso dirigindo embrigado na BR 262
Um jovem de 22 anos teve a mão machucada por uma bomba na madrugada de sexta-feira (11/6), na rua Curitiba, bairro Ana Rosa, em Bom Despacho. De acordo com informações passadas pelo SAMU, ele se feriu ao acender uma bomba que pretendia jogar em cachorros que estavam latindo perto da sua residência. A
Um idoso de 72 anos foi preso pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) depois de provocar um acidente na BR 262. Segundo a PRF, ele estava bêbado. O acidente ocorreu na tarde de domingo (6/6), por volta de 14h30m, no Km 473 da rodovia, em Bom Despacho. Ainda de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, o Fiat Siena dirigido pelo idoso trafegava no sentido capital-interior quando colidiu na traseira de um Toyota Corolla que seguia para Dores do Indaiá. O acidente não deixou vítimas. Ao atender a ocorrência, a PRF constatou que o idoso estava embriagado. O teste do bafômetro acusou 0,51mg/l – quantidade quase dez vezes superior ao limite definido por lei. Diante do flagrante, o idoso recebeu voz de prisão e foi levado para a Delegacia de Polícia Civil de Bom Despacho, onde foi enquadrado por crime de trânsito.
FERNANDO
CABRAL
bomba acabou explodindo na sua mão. O SAMU foi chamado às 2h51m da madrugada e compareceu no local do acidente, onde encontrou o jovem com a mão direita lesionada e queixando muita dor. Os socorristas fizeram o primeiro atendimento no local e depois encaminharam o rapaz para o Pronto Atendimento.
Morte precoce ALEXANDRE de 3 servidores MAGALHÃES Página 6
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As caras de Bom Despacho Página 9
LÚCIO
EMÍLIO
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O Cineminha da Vila Militar Página 11
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Filhote de gato entra no motor de carro e dá trabalho ao Corpo de Bombeiros Na manhã de terça-feira (8/ 6) os Bombeiros foram chamados por uma garotinha para resgatar o filhotinho de gato que havia entrado no motor de um Fiat Palio, na garagem de uma residência da Vila Aurora, e se escondido lá dentro. Por mais de meia hora os Bombeiros vasculharam sob o capô e debaixo do carro. Chegaram até a desmontar partes do veículo tentando localizar o gato, que não respondia aos chamados. Uma das técnicas usadas pelos Bombeiros nesses casos é reproduzir no celular vídeos e áudios de miados de gatos disponíveis na Internet. Segundo a corporação, normalmente o gato escondido começa a miar também e fica mais fácil encontra-lo. Só que desta vez o gatinho não respondeu aos miados e continuou escondido. “Ele era bem pequeno e como não miava não conseguíamos localiza-lo” afirmou ao iBOM o soldado Leandro Lucas, empenhado na ocorrência. Chamada de urgência Enquanto procuravam o gatinho, a corporação recebeu
chamado de urgência para atender uma pessoa no bairro de Fátima que estava com dor no peito e suspeita de infarto. Imediatamente a equipe se deslocou para o local da emergência e atendeu a pessoa. A hipótese de infarto foi descartada. Terminado o atendimento a
equipe voltava à Vila Aurora para retomar a busca do gatinho quando ele foi encontrado pela mãe da criança. O filhote havia passado pela tubulação e entrado dentro do compartimento do filtro de ar do veículo. Ele foi retirado sem ferimentos do local (Fotos: Bombeiros).
Acidentes deixaram 1 morto e 7 feridos em rodovias da região Dois acidentes de trânsito deixaram um morto e sete pessoas feridas na região no sábado, 5 de junho. O primeiro acidente aconteceu por volta das 8h50m perto do Posto Jalé, na BR 262, onde um Honda Fit e um Honda Civic colidiram na pista. Cinco pessoas estavam nos veículos envolvidos, que foram parar na lateral da pista após a batida. Três vítimas desse acidente foram socorridas por ambulâncias da concessionária Triunfo Concebra, uma foi atendida pelos Bombeiros e a quinta recusou atendimento médico. Já no início da noite do sábado, dois veículos
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colidiram na BR 494, comunidade de Ripas, próximo à BR 262, em Nova Serrana. Após a colisão, um dos veículos caiu no barranco, em local de difícil acesso, com cerca de 10m de profundidade. O outro carro ficou no meio da pista. Seu motorista morreu no local. Do veículo caído no barranco os Bombeiros retiraram dois homens que apresentavam contusões, cortes e escoriações leves. Seu resgate exigiu uso de equipamentos de salvamento em altura para leva-los até a pista, onde foram socorridos pelo SAMU e transferidos para o Pronto Socorro.
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Associação de Doadores com sangue novo Tomou posse a nova diretoria da Associação dos Doadores de Sangue de Bom Despacho (ADSBD). Eleita em assembleia realizada dia 14/5, a nova direção da entidade é composta por Eder Clemente da Silva (presidente), Dilma Maria Santos de Lelles (vicepresidente), Maura de Lourdes Teixeira dos Santos (1ª secretária), Maria Edite dos Santos (2ª secretária), Idelson Amador Pontes (1° tesoureiro) e Lucas Antônio de Mendonça Júnior (2° tesoureiro). O Conselho Fiscal é formado por Junara Kele da Silva Chaves, Marta Helena Gomes Antunes e Sinésio Geraldo Pinto. A ADSBD tem hoje sete funcionários e é mantida através de doações de pessoas físicas e jurídicas, repasse de verbas pelo município e recursos obtidos com bazar da pechincha, venda de recicláveis e do carnê do estacionamento rotativo
cobrado na área central da cidade. Coletas As coletas de sangue são realizadas de 15 em 15 dias, sempre às terçasfeiras, no Posto Avançado de Coleta (PACE) montado pela Associação em parceria com Hemominas e Prefeitura de Bom Despacho. Nos dias de coleta o Hemominas envia dois funcionários (enfermeiros) e a Prefeitura cede 11 servidores (dois médicos, dois enfermeiros e técnicos de enfermagem) para realizar o trabalho. O PACE tem estrutura para coletar até 60 bolsas de sangue em cada sessão. Mas dificilmente esse número tem sido alcançado porque depende do comparecimento de doadores e da condição de saúde da pessoa no momento da coleta. A maioria das pessoas que comparecem para doar é de Bom Despacho. Outra parte vem de cidades da região.
Fisioterapeuta Harrison Andrade é o novo administrador do PACE
Sede da ADSBD fica na Praça da Estação
O novo administrador do Posto Avançado de Coleta (PACE) é o fisioterapeuta Harrison Rodrigues Andrade (foto ao lado), 34 anos. Natural de Bom Despacho, Harrison trabalhou durante seis anos em CTIs de grandes instituições de saúde como Santa Casa de Belo Horizonte, Hospital das Clínicas e Hospital da Baleia. “Vivenciei de perto o drama da falta de sangue para realizar cirurgias. Por isso sei bem a importância das doações para atender a quem depende de sangue para sobreviver.
Isso me motiva muito a trabalhar nesse novo desafio aqui na minha cidade”, afirmou ao iBOM/ Jornal de Negócios. Os planos imediatos de Harrison incluem campanhas de conscientização para aumentar o volume de doações. “O objetivo da nova diretoria é conseguir mais doadores, evoluir no processo de coleta e melhorar o aporte para os hospitais que precisam de sangue na região. Afinal, sangue é um item fundamental para salvar vidas”, concluiu.
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Prefeitura está de luto ADALGISA, RINALDO E ANASTÁCIA: MORTE PRECOCE DE 3 SERVIDORES AINDA JOVENS FERNANDO
CABRAL
Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e vereador em Bom Despacho
Adalgisa 22 de abril passado a prefeitura perdeu a servidora Adalgisa Mendes e sua família perdeu uma líder, mãe e amiga que nunca mediu esforços para cumprir seu papel no lar. Como filha, foi motivo de orgulho para sua mãe. Como mãe, foi motivo de orgulho para seus filhos. Adalgisa entrou na prefeitura em 2007. Seu cargo era de agente de serviços gerais. Nos últimos anos, estava lotada na Secretaria de Meio Ambiente e cuidava da limpeza das ruas. Era diligente e assídua. Posso testemunhar isto pessoalmente porque ela trabalhou muito na região onde moro e onde circulo com regularidade. Quantas vezes saí de casa bem de manhãzinha e lá estava ela, trabalhando com dedicação e esmero. Adalgisa era atilada, tinha ideias claras, falava bem e de forma concatenada. Isto, combinado com o fato de ser servidora exemplar, levou a prefeitura a escolhê-la para gravar mensagem pelo dia da mulher. Ela se saiu muito bem. Uma verdadeira artista. Quem quiser comprovar, pode ver aqui: https://youtu.be/ TjNrjbkXJAY.
A morte é nosso destino. Já nascemos com um encontro marcado com ela. Não sabemos quando, nem onde, mas ela nos espera. Esta certeza, porém, não afasta a dor dos que ainda sobrevivem. Dor que é muito maior quando quem morre é jovem e é colhido de forma inopinada. Foi o que aconteceu com três servidores da prefeitura que homenageio hoje. Ao homenageá-los, quero homenagear todos aqueles que estiveram entre nós, cumpriram sua missão, nos deixaram e deixaram saudade.
-tb
ADALGISA Anastácia Nos últimos anos Anastácia Cunha exerceu na prefeitura a função de Gerente de Habitação de Interesse Social. Um cargo talhado para o coração enorme que ela tinha. Quando se iniciou o mandato de prefeito 2013–2016, Anastácia estava cedida à Câmara Municipal. Lá trabalhou como Assistente Social de 2008 a 2012. No início de 2013, a meu convite, voltou para ajudar a
solucionar um enorme problema que Bom Despacho enfrentava: a gigantesca confusão que reinava no setor de habitação de interesse social. A prefeitura (município) tinha cerca de mil lotes ocupados de forma irregular. As brigas entre invasores, cessionários e ocupantes eram frequentes.
tro em cartório. Em outras palavras, não tinha existência legal.
Aliás, os próprios loteamentos costumavam ser irregulares. É o caso do Rosário II, que embora habitado, não tinha regis-
Mas os problemas não paravam aí. O Rosário II tem cerca de 500 lotes. No entanto, ao longo de quase 20 anos, a pre-
Anastácia trabalhou com a Procuradoria Jurídica para regularizar o loteamento. Somente assim seria possível entregar as sonhadas escrituras para os moradores do bairro.
RINALDO feitura havia dado permissão de uso para mais de mil pessoas. Ou seja, muitos lotes haviam sido cedidos para duas, três, quatro pessoas. Cabia a Anastácia resolver estes problemas também. Entre as famílias que tinham permissão sobre o mesmo lote, qual tinha o verdadeiro direito? Anastácia trabalhou diligentemente para resolver estes conflitos. Sua alma enorme não lhe permitia apenas dizer que tal ou qual família tinha direito ao lote. Ela precisava resolver o problema das outras famílias que também atendiam aos critérios sociais para receberem um lote. Desdobrava-se para atender a todos.
Mas Adalgisa nos deixou de repente. Mais uma triste lembrança da fragilidade da vida. Ela deixou 6 filhos e 3 netos.
Foram oito anos de trabalho intenso. Neste período, o esforço de Anastácia permitiu a regularização de cerca de 600 lotes. Isto significa mais de 3.000 pessoas beneficiadas com a segurança de uma escritura definitiva.
Por ocasião da passagem de Adalgisa, o prefeito Dr. Bertolino a homenageou com estas palavras de reconhecimento:
Anastácia também trabalhou na análise dos candidatos às casas do Residencial Dona Branca. Uma tarefa gratificante, mas também penosa.
“Adalgisa sempre foi um exemplo de servidora e mulher, não sendo por acaso que a escolhemos para homenagear na Semana da Mulher. Sua morte prematura representa uma grande perda para Bom Despacho”.
Gratificante, porque conseguir moradia para famílias necessitadas é muito bom. Mas penosa, porque de mais três mil e quinhentos candidatos, somente havia casa para menos de quatrocentos. A seleção dos qualificados não foi fácil, embora a decisão final coubesse à sorte, por sorteio.
Rinaldo Rinaldo José de Sousa era servidor de carreira desde 1985. Como auxiliar administrativo, trabalhou em vários setores da prefeitura. Recentemente serviu como Presidente da Assem – Associação de servidores municipais. Basta o fato de ele ter sido eleito para a presidência da associação dos servidores para se constatar como ele era benquisto pelos colegas. Mas, infelizmente, Rinaldo sofria de uma doença que vem assolando o mundo e o Brasil: o diabetes tipo II. Os esforços médicos foram grandes. A família mostrou força e coragem para enfrentar a dor e o sofrimento. Unidos, fizeram tudo que estava ao seu alcance para restaurar a saúde de Rinaldo. Os colegas, solidários se uniram à família na luta pela recuperação de Rinaldo. Infelizmente, não adiantou. No dia 26/03/2021 Rinaldo José de Sousa, conhe-cido pelos amigos como Voca, nos deixou.
Além de cuidar das moradias, Anastácia ainda arranjava tempo para atender a outras necessidades. Ela se interessava pelos andarilhos e desabrigados que perambulavam pela cidade. Colaborava com o pessoal da Secretária de Ação Social no sentido de iden-
ANASTÁCIA tificar e ajudar a estas pessoas. Com o tempo descobrimos até que Anastácia tinha uma veia para detetive. Buscando informações aqui e ali, ela muitas vezes conseguiu localizar as famílias de andarilhos. Com seu jeitinho manso e carinhoso, convenceu muitos deles a voltarem para suas famílias. Cada vez que tinha sucesso, ela se desmanchava em alegria. É por tudo isto e muito mais que Anastácia deixou boas lembranças entre seus colegas de trabalho. Mas fora da prefeitura ela também tinha uma vida ativa. Era apoiadora animada do Reinado e participava com dedicação de atividades religiosas. Quando seu pai, sofrendo de doença obstrutiva crônica, precisou de apoio, Anastácia se prontificou a ajudar. No momento mais crítico, tirou férias prêmio para cuidar do pai. Esta era Anastácia: servidora exemplar, filha carinhosa, mãe dedicada, esposa amorosa. Ela partiu muito cedo, mas deixou com todos nós que a conhecemos, uma lembrança forte de tudo de bom que as pessoas podem ter, ser e fazer. Hoje, a homenagem que presto a estes 3 servidores, representa a homenagem que eu gostaria de prestar a todos que engrandeceram nossas vidas com seu convívio, seu trabalho, seu carinho. A prefeitura está de luto, mas nossos corações estão aliviados porque cada um destes servidores cumpriu sua missão de prestar bons serviços à comunidade bom-despachense.
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Origens da cidade: nossa pré-história Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL
Na edição anterior falei de nossa história, isto é, a partir de quando o território de Bom Despacho começou a ser ocupado pela civilização branca, portuguesa, católica. Hoje vou abordar fatos de nossa pré-história, antes da colonização do território pelos portugueses até nossa emancipação política 108 anos atrás. As tribos indígenas Uma igaçaba indígena com os esqueletos, provavelmente, de 2 adultos e uma criança, encontrada há tempos no Retiro dos Agostinhos, guardada no Museu da Cidade, comprova pelo teste de carbono-14 que, cerca de 1500 anos atrás, estes solos que hoje pisamos, talvez nestas ruas hoje asfaltadas por onde ocorrem até congestionamentos de trânsito, viviam tribos indígenas, senhores soberanos destas terras da cidade e do município de Bom Despacho. Então os primeiros bomdespachenses foram os nossos irmãos índios, implacavelmente perseguidos e escorraçados pelos brancos colonizadores. Vou até 12/01/1912, 109 anos atrás, data de nossa emancipação municipal.
Terra de Quilombos Aqui nestes sertões em que provavelmente só se encontravam índios, por volta de 1700, começaram a aparecer os exploradores europeus. Aventureiros portugueses à procura de ouro. E ali do outro lado do Lambari, o encontram em grande quantidade. Formouse então a primeira comunidade colonizadora branca e foi criada a primeira vila desses sertões: a vila de Pitangui, em meio às matas e aos cerrados, entre rios e feras selvagens. Para trabalhar nas minas, foi trazida uma multidão de escravos. Através dos anos, centenas deles fugiram para as terras do atual Bom Despacho e aqui fincaram suas choças e suas aldeias e procriaram e viviam livres do jugo e da exploração dos brancos, caçando, pescando, coletando frutos silvestres, plantando seus roçados, quem sabe no mesmo lugar onde hoje é a fazenda de algum de meus leitores. Assim os segundos bomdespachenses eram gente de pele escura como ébano que falavam uma língua diferente da dos portugueses e do tupiguarani, uma língua afro, como a que restou na Tabatinga.
Cruz do Monte: o berço de Bom Despacho (Foto: Google Inc. 2020) O primeiro branco O primeiro homem branco, o primeiro fazendeiro e proprietário de nossas terras que registra a história chamava-se Gervásio Campos Bicudo, filho bastardo do bandeirante Campos Bicudo. Ele recebeu de el-rei de Portugal, em escritura de doação lavrada em 12 de janeiro de 1715, sesmaria na extensão de 26 quilômetros, em quatro direções, formando um quadrado, a partir das barrancas do São Francisco, sentido oeste/leste. Deste modo Gervásio Campos Bicudo foi o primeiro bomdespachense branco que aqui teve terras, que por aqui andou e por certo viveu.
Um contemporâneo de Bicudo Manoel Picão Camacho é até hoje um dos nomes mais lendários das tradições de Bom Despacho, as quais rezam que ele foi o primeiro civilizado a pisar nestes rincões e também que a casa mais antiga que por
aqui existe, uma morada de palafita, original e primitiva, ainda hoje existente na nascente do Picão, teria sido construída por ele. Mas as pesquisas não confirmam tal fato, e, sim, que Manoel Picão Camacho era um sertanista, aventureiro a varar sertões em busca de ouro e pedras preciosas. Teve seu nome consagrado no rio cujas nascentes descobriu por volta de 1715, o nosso Rio Picão e até hoje tem muitos descendentes em Bom Despacho. A mais lendária de nossas fazendas Em documentos da obra do Cônego Trindade, um grande pesquisador e historiador destes interiores de Minas Gerais, encontram-se os registros de que nos anos de 1725 era proprietário da Fazenda da Piraquara um tal Batista Maciel. Esta fazenda que até hoje persiste com este nome foi residência do Major e da Baronesa da Piraquara,
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amigos pessoais de D. Pedro II, a quem visitavam na corte com regularidade. O Cônego Trindade narra em suas efemérides que Batista Maciel trocou suas sesmarias por dois escravos negros e se aventurou pelas matas e brenhas mineiras, indo dar nas cercanias do território da atual Pihum-i, onde descobriu mina de ouro de pequena monta e lá morreu assassinado juntamente com um filho.
A primeira estrada A primeira estrada por aqui aberta era uma picada, feita a machado e foice, para dar passagem a homens e a tropas de cavalos e burros. Era chamada de Picada Pitangui/ Piraquara, que na zona urbana de Bom Despacho, do século XXI, passaria exatamente no trajeto da antiga Rua da Tabatinga no sopé do outeiro da Cruz do Monte. Ela foi aberta em 1737/38 por Domingos de Brito e Manoel Pereira de Castro rumo às terras da futura Dores do Indaiá, passando pela Boa Vista, fazenda dos herdeiros de Doreco. Esta picada foi interrompida e não pôde ser usada, porque a negrada dos quilombos em volta dela sentia-se ameaçada e atacava os que ousassem por ela transitar.
Os fundadores de Bom Despacho Com o esgotamento da exploração de ouro das outrora ricas jazidas de Pitangui, a coroa portuguesa e o governo colonial de Minas precisavam de terras para assentar famílias e fazendas de plantações, criação de gado e engenhos de açúcar, as novas atividades produtivas da sociedade colonial. Como as férteis terras do lado oeste do Lambari estavam infestadas de aldeias de resistentes grupos africanos fugidos, ninguém queria por aqui se
instalar e alguns que o fizeram tiveram de abandonar suas fazendas atacados ferozmente pelos quilombolas. Então por volta de 1755, capitães de mato com suas tropas de combatentes, auxiliados por soldados das milícias militares da Vila de Pitangui, vieram desde o Rio Pará em direção às terras futuras do Bom Despacho, combatendo e destruindo os agrupamentos de negros fugidos, ateando fogo em suas aldeias e choças, matando-os ou prendendo-os para entregá-los a seus antigos donos, mediante boa recompensa financeira. Este verdadeiro exército munido de poderosas armas de fogo para a época trouxe em seu comando aqueles que podemos considerar como os verdadeiros fundadores do arraial do Bom Despacho, gente como o capitão do Mato Francisco Ferreira Fontes, o Padre Agostinho Pereira de Melo, o capitão da Milícia Militar de Pitangui, João Gonçalves Paredes e o Tenente (alferes) Luís Ribeiro da Silva.
Cruz do Monte (e não Praça da Matriz): berço de Bom Despacho Esse exército de ferozes combatentes trazia com ele diversos profissionais para suas necessidades: cozinheiros, dentista, físico (médico), ferreiros, músicos, carapinas. Depois de muitas pelejas e batalhas. o grupo chegou a um local estratégico para montar acampamento. Um ponto suficientemente elevado donde se podia descortinar a vastidão dos planaltos destes terrenos próximos ao São Francisco do atual município de Bom Despacho e além muito além, até onde houvesse aldeamentos africanos a combater. O outeiro da Cruz do Monte, o mais alto de todos, com que depararam, serviu de base às instalações de guerra. Ali ergueram-se casas primitivas de pau-a-pique que serviram de pouso à tropa, entre as quais, por certo, levantou-se um edifício maior para os comandantes. Currais para as tropas e um grande cômodo em que se guardavam mantimentos, arreatas e armamentos. Levantou-se também uma humilde capela, onde o Padre Agostinho colocou o oratório de Nossa Senhora do Bom Despacho. Aos primeiros raios do sol, na madrugada dos dias, o corneteiro tocava a alvorada. Todos se levantavam e se preparavam para assistir á missa de cada dia. Contritos rezavam o terço, recebiam a bênção do sacerdote e partiam para a luta, da qual alguns só voltariam mortos, contra os inimigos do Império Lusitano, os negros rebeldes e desobedientes.
A Capela: semente de uma cidade A Igreja Católica, naqueles
tempos do século XVIII, além da autoridade espiritual, tinha também autoridade material. Exercia o papel de colaboradora do governo português, administrando terra, cobrando impostos, dirigindo as sociedades civis. Era extremamente importante a presença das capelas e das igrejas, em volta das quais se levantavam arraiais, povoados e cidades. A capelasemente de Bom Despacho, ao que indicam as pesquisas mais sérias, foi autorizada por provisão do Bispo de Mariana, em documento que se encontra arquivado ainda hoje naquela cidade, com data de 17/06/1767. Era costume e de lei doar-se à capela um patrimônio de muitos hectares de terra em volta dela. Calculase que o patrimônio da Capela da Cruz do Monte abrangia um território que descia dali pela rua Capivari (atual) até o velho cemitério, incluindo a Praça Inconfidência, Praça da Matriz e da Estação. Tudo isto passou a pertencer à Igreja por doação.
O Arraial Livre dos perigos que apresentavam os quilombos, agora destruídos, alguns combatentes receberam suas sesmarias nas terras conquistadas desde o Lambari ao São Francisco. Formaramse fazendas, estabeleceramse nelas muitas famílias. Nasceu um humilde povoado. O povoado que desceu seu casario por três graciosas colinas: o da Cruz do Monte até a segunda elevação, a Praça da Matriz, formando a chamada Rua de Cima. No morro da praça da Matriz, havia uma ruela com casas só do lado da Casa Paroquial de agora, conhecida como Rua do Meio e a terceira rua era a Rua de Baixo, hoje rua Dr. Miguel, que terminava na terceira colina, a Praça Inconfidência.
A cidade e o município Em 1880, deixamos de ser distrito de Pitangui, a mãe de todas as cidades do oeste mineiro, e passamos a pertencer ao município de Inhaúma (Santo Antônio). Em 1890, o povoado já se desenvolvera bastante: tinha 400 fogos (fogões, isto é casas), 2.000 mil moradores e na sua jurisdição 16 mil habitantes. Finalmente, depois de grandes batalhas jurídicas com a participação decisiva de nossas lideranças, de homens que defendiam bravamente os interesses de Bom Despacho, como Coronel Tininho, Padre Nicolau Ângelo del Duca e outros, a Assembleia Legislativa Estadual e o Governo de Minas concederam-nos a emancipação e a vila de Nossa Senhora do Bom Despacho foi instalada festivamente, com muito ardor cívico da população, em 1º de junho de 1912. Nascia uma cidade. A cidade das três colinas, nosso berço, nossos amores, nossa terra natal. Parabéns, ó terra amada, idolatrada, mãe gentil de todos que aqui nasceram ou aqui vivem.
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Bom Despacho (MG), 15 Junho 2021
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As caras de Bom Despacho
ALEXANDRE
MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD
Em Bom Despacho eu mantenho uma rotina diária quase imutável. Quatro vezes por semana levantome bem cedo e por volta das 7:00 horas estou correndo com minha namorada bomdespachense em uma mata fechada. Independente de correr, às 9:00 horas entro em reunião com meus patrões chilenos. Às segundas-feiras, passo a manhã em reunião com os chilenos e vou à academia na hora do almoço. Nos outros dias da semana, costumo ir à academia logo após o final de minha reunião das 9:00. Volto para a casa de minha namorada perto da hora do almoço e trabalho forte a tarde toda. Tirando a reunião matinal, mantenho a rotina nos fins de semana, inclusive de trabalho. Gosto de trabalhar e adianto o trabalho da semana seguinte nos fins
de semana, o que me permite trabalhar menos horas nos dias úteis. No final da tarde, quase todos os dias, eu e minha namorada bomdespachense saímos para caminhar entre quatro e seis quilómetros. Todos os dias, caminho entre a casa e a academia, algo em torno de quatro quilómetros. Nestas caminhadas diárias, a ida para a academia e a junto com a namorada, ando entre oito e dez quilómetros pela cidade de Bom Despacho. Vejo muitas coisas e muitas pessoas. Não sei por que exatamente, mas algumas pessoas me impactam positivamente pelo esforço diário que testemunho ao cruzar com essa gente nas ruas. Entre essas figuras, algumas que nem sei o nome, gostaria de dividir com o raro leitor e a rara leitora, minhas percepções. A primeira que me vem à cabeça é o Tõe. Todos os dias, mesmo quando soube que seu pai havia falecido,
encontro o Tõe em sua carroça, com seu cavalo e o reconhecível teto azul de seu veículo. Muitas vezes o vejo na ida e na volta da academia, em pontos diferentes do bairro Esplanada. Sei que tira o leite de suas vacas de madrugada e bem cedo pela manhã sai pelo bairro vendendo o leite e queijos para as pessoas. Vejo-o muitas vezes parado em frente a algumas casas, entregando seus produtos, anotando a entrega em seu caderno. Sempre levanta sua cabeça quando passo e me dá “bom dia”. Quando minha filha veio a Bom Despacho, Tõe deixou que eu a levasse para seu sítio e a deixou acompanhar a tirada do leite, que mexesse nos bezerros, enfim, apresentou minha filha para um mundo que ela nunca teve acesso morando em São Paulo. Outra pessoa que sempre vejo no bairro Esplanada é o Joãozinho. Com seu carrinho de verduras, que ele mesmo planta e vende na vizinhança, Joãozinho é figura permanente em meus dias. E, ao contrário do Tõe, que tem seu
cavalo, Joãozinho empurra seu carrinho pelas ladeiras do bairro. E que força tem de fazer nas subidas! Outro dia o encontrei fazendo uma força enorme para subir a ladeira. Ofereci ajuda e ele disse que já estava acostumado. Agradeceu e continuou sua hercúlea tarefa. Fico muito feliz quando o vejo em frente a casa de minha namorada entregando seus deliciosos produtos. Guarda em sua memória quanto estamos devendo a ele e passa no trabalho de minha namorada para receber o merecido pagamento de suas vendas. Claudio é uma figura que encontro com alguma frequência. Sempre andando pela cidade, muitas vezes sem chinelos ou sapatos, sempre pelo meio da rua, sempre a um passo de ser atropelado por algum motorista distraído. Esta semana o ajudei a atravessar uma rua perto da Praça da Matriz. Agradeceu a ajuda e seguiu seu caminho. Por que anda o dia todo? Como vive? São perguntas que me ocorrem quando o vejo.
Mãe e filha que recolhem lixo reciclável pela cidade são duas mulheres que fazem parte da minha vida cotidiana. Eu as encontro em várias partes da cidade, em horários diversos, sempre remexendo o lixo, sempre empurrando seus carrinhos carregados. Minha namorada costumava guardar muitos materiais recicláveis para elas, mas como elas demoravam muito para buscar as garrafas, embalagens e caixas diversas, acabou optando por outra forma de reciclagem. Mas, elas continuam firmes em sua tarefa diária. Sempre que as vejo, também me pergunto como vivem? Em que horário descansam? Se tem o suficiente para viver, entre outras perguntas que não me largam. Seu Tarcísio é outra figura que faz parte de minhas caminhadas. Ele é caixa no Xuá Lanches. Muitas vezes o encontro indo para o trabalho, quando eu estou voltando para casa, depois de ir à academia. Na maioria dos dias, eu o encontro em minha caminhada no final da tarde, já no caixa
da lanchonete. Independente do horário de meus encontros com ele, seu Tarcísio está sempre com um largo sorriso no rosto, nunca nega um “boa tarde” ou “boa noite”. Outro dia, comentei com minha namorada bomdespachense que havia encontrado seu Tarcísio na Rua Coronel Tininho (ele subindo por um passeio e eu descendo pelo outro lado), que eu havia dito um “boa tarde” e que ele não havia escutado e, portanto, não havia respondido. Minha namorada comentou com ele sobre esse fato, em tom de brincadeira. Seu Tarcísio ficou arrasado. Só sossegou quando me encontrou e pediu desculpas. Eu, claro, o tranquilizei e disse que havia visto que ele não havia me escutado. Vejam a preocupação dele! Uma figura adorável! As figuras que representam Bom Despacho para mim são todas humildes, trabalhadoras, sofredoras, que lutam pelo pão de cada dia. É assim que vejo esta cidade maravilhosa e sua população.
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Bom Despacho (MG), 15 Junho 2021
Quatro dias após ser apreendido e liberado, menor é pego de novo pela Polícia por furto No domingo, 13/6, a PM novamente apreendeu um menor de 15 anos que acumula passagens na Polícia por furtos cometidos na região central de Bom Despacho. Desta vez ele foi pego por furtar um videogame. O mesmo menor havia sido apreendido pela PM na quintafeira anterior, 9/6, pelo furto de um notebook no bairro Jardim dos Anjos, que foi recuperado pelos militares. No domingo ele aproveitou que a janela de uma casa estava aberta para furtar o videogame. Pouco depois desse furto ele foi apreendido, confessou o crime e disse que tinha vendido o aparelho para um homem no bairro Dom Joaquim. Com base nas informações do adolescente, os policiais foram até o endereço do homem acusado de receptação e lá encon-
traram o videogame furtado. O acusado, de 32 anos de idade, confirmou ter comprado o aparelho do adolescente por 150 reais. Ele recebeu voz de prisão e foi levado para a Delegacia juntamente com o menor apreendido e o aparelho recuperado. Contumaz Um militar ouvido pelo iBOM afirmou que esse menor é “apreendido praticamente toda semana pela PM” mas não pode ser mantido preso na cadeia pública. “É necessário que a Justiça determine sua internação num estabelecimento próprio”, afirmou. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) veda a publicação de notícias que permitam identificar adolescentes infratores.
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Bom Despacho (MG), 15 Junho 2021
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O Cineminha da Vila Militar LÚCIO
EMÍLIO Lúcio Emílio do Espírito Santo é coronel reformado da PMMG, escritor e membro da Academia de Letras João Guimarães Rosa, da PMMG.
Nas dependências do 7º BPM, nas décadas de 196070, havia uma sala de projeção de filmes que funcionava nos fins de semana e feriados, para o público da Vila Militar, o inesquecível Cineminha. Ali eram exibidos filmes de comédia do Gordo e o Magro (dupla Laurel & Hardy), filmes brasileiros como Pé na tábua, Sai de baixo, Matar ou correr, com Oscarito, Grande Otelo, Zé Trindade e outros que brilharam no cinema nacional. Tinha também os faroestes, feitos em série para consumo das massas, cheios de lugares comuns, histórias que se estruturavam sempre da mesma maneira e o final esperado com ansiedade pela criançada: um tiroteio ou um duelo entre o mocinho e o bandido, o embate final entre o bem e o mal. O mundo do faroeste era povoado de cowboys, índios, bandoleiros, assaltantes de banco, extensas fazendas de gado, tavernas, rifles, chapéus, botas, esporas, cavalos, cinturão e revólver, xerifes, prontos para o saque. Tudo isso, emoldurado por paisagens de vales e vertentes, com rios de água cristalina, onde o herói se banhava e matava a sede. Nos filmes
Fotograma do faroeste “Rio Vermelho” (1948), dirigido por Howard Hawks e com John Wayne no papel principal
mais realistas, a ação passava-se no deserto, em meio aos cactos e areia fumegante. O romance também não podia faltar: o mocinho era sempre um apaixonado, lutando a favor da justiça, mas também para a proteção de sua amada, sempre em risco naquela terra de ninguém. Tudo em preto e branco. O Cineminha funcionava
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onde é hoje o auditório da unidade, remodelado para eventos culturais, ensino e instrução dos policiais. Os projetores eram peças d e s c a r t a d a s , ultrapassados, que já não serviam para o circuito comercial. Também os filmes eram obtidos quase de graça, já desgastados, arranhados e muitas vezes remendados. Os operadores eram
voluntários, curiosos sem nenhuma experiência, que frequentemente produziam espetáculos mais engraçados que as próprias comédias que exibiam. Um desses erros era enrolar a fita ao contrário e o filme começava de trás para frente. Os cavalos corriam de marcha a ré, o bandido caía e depois é que vinha o tiro, mortos ressuscitavam
e começavam a lutar. A plateia ia ao delírio. A má qualidade das fitas e o aquecimento exagerado do projetor provocavam ao vivo, na tela, o derretimento lento da película, interrompendo por um bom tempo a projeção. Embora precário, o Cineminha proporcionava lazer às crianças, sem nenhum custo, além de familiarizá-las com o mundo
cultural do cinema. Depois da sessão, vasculhávamos as latas de lixo da sala de projeção para pegar esses pedaços de fita e, com uma caixinha de papelão e uma lâmpada, tentávamos fazer o nosso cineminha em casa. Influenciadas por essas fitas, as crianças da Vila brincavam de “camon”, na pracinha do coreto. A brincadeira era inspirada nas cenas repetitivas dos filmes, em que o Xerife, ao prender o bandido, gritava “camon”, imediatamente o preso levantava as mãos e perdia o jogo. Na verdade, “camon” nada mais era que o verbo come on, que se traduz como “vamos”. Só que viemos a saber disso muito mais tarde, nas primeiras aulas de inglês, do curso ginasial. Nesse tempo, começaram a aparecer as “calças americanas faroeste”, na verdade, o jeans, uma novidade que não estava ao alcance da maioria daquelas crianças, muito menos as botas estilo western , usadas com o jeans. O Cineminha , devido a essas dificuldades, durou até que foi possível captar sinal de televisão nessas paragens. Aos domingos e feriados, o comando do Batalhão colocava um aparelho de TV na praça do coreto e a nova onda era o programa Jovens tardes de domingo , comandado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderleia, ícones que sepultaram de vez os heróis do faroeste, não ficando nem mesmo a brincadeira do “camon”.
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Bom Despacho (MG), 15 Junho 2021
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Derivação de água: Sebrae fará licitação PROJETO PREVÊ BOMBEAMENTO DE ÁGUA DO SÃO FRANCISCO PARA O RIO PICÃO
Rio Picão (Foto: Internet)
Nascente do Rio Picão, na Garça (Foto: Prefeitura BD)
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Lançamento A Prefeitura de Bom Despacho havia programado realizar o lançamento oficial do projeto no dia 25 deste mês, mas o evento acabou adiado por causa da pandemia de Covid19. A nova data ainda não foi definida. Impacto O secretário Eduardo Couto explicou que o projeto vai criar um pólo de irrigação no entorno do Rio Picão. “Ele será implantado numa região de terras muito férteis e produtivas, aumentando a produção de grãos e garantindo segurança hídrica para Bom Despacho num período de aproximadamente 30 anos”. Parte da água
Desenvolvimento Para o prefeito Bertolino da Costa, além da segurança hídrica o projeto dará um impulso no desenvolvimento do município. “Hoje, o produtor de grãos da nossa região consegue produzir uma safra por ano com todos os riscos climáticos. Com esse projeto de derivação, ele terá água para irrigar suas terras e poderá produzir até duas safras e meia por ano sem risco climático”, ressaltou. Segundo o prefeito, esse aumento na produção de grãos vai gerar faturamento anual estimado em R$ 450 milhões e mais de 2.000 empregos. “Com a força do agronegócio, teremos um
O secretário Eduardo Couto: pólo de irrigação aumento de mais de 30% no PIB do município e um grande impulso no nosso desenvolvimento”, afirmou Bertolino.
(Foto: Arquivo iBOM)
Derivação O projeto de derivação idealizado pelo ex-ministro Alysson Paolinelli - prevê o bombeamento de água do Rio São Francisco para o Rio Picão através de um canal. Uma estação de bombeamento levará a água do ponto de coleta através de uma elevação de 60 metros. Daí em diante ela descerá por gravidade até uma represa, de onde correrá para o Rio Picão. Essa represa, com área prevista de 200 hectares, servirá para manter o nível de água durante a estação seca. O sistema de derivação será implantado seguindo orientação do zoneamento ambiental já realizado por técnicos do Sebrae na região afetada.
transferida do São Francisco irá para a irrigação e outra parte será bombeada para ampliar o abastecimento de Bom Despacho. “A parte que não for usada vai para o Rio Paraopeba, que desagua no São Francisco”.
(Foto: Prefeitura BD)
O Sebrae está elaborando o processo licitatório para contratar empresa que fará o projeto executivo das obras de derivação de água do Rio São Francisco para o Rio Picão, na zona rural de Bom Despacho. O custo inicial estimado do projeto é de R$ 1,2 milhão. Esse valor será custeado pelo próprio Sebrae. O projeto vai contemplar engenharia, obras civis, hidráulicas e o desassoreamento a ser feito em alguns pontos do Rio Picão para que ele comporte o volume de água que receberá do São Francisco. “A expectativa é que a licitação seja publicada em meados do segundo semestre”, afirmou ao iBOM/Jornal de Negócios o administrador Eduardo Magela do Couto, 49 anos, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico.
Bertolino: impulso no desenvolvimento com o agronegócio