DESTAQUE
Ano XXXII - Nº 1.613 • Fundado em 12/05/1989
Bom Despacho (MG), 15 Julho 2021
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Bom Despacho (MG), 15 Julho 2021 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR
ESPECIAL
7° Batalhão faz 90 anos de instalação em Bom Despacho VEJA NAS PÁGINAS 3, 6, 8, 9, 11 e 12
POR TRÁS DE TODA FARDA EXISTE UM SER HUMANO Entrevista exclusiva com o tenente-coronel Renato Pinheiro, comandante do 7° BPM
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Bom Despacho (MG), 15 Julho 2021
DESTAQUE
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PEDIDO DE LICENCIAMENTO CALCARIO BURITI GRANDE LTDA, CNPJ: 09.215.717/0001-25, por determinação da Superintendência Regional de Meio Ambiente do Alto São Francisco/ Superintendência de Projetos Prioritários, torna público que solicitou, por meio do Sistema de Licenciamento Ambiental (SLA) 2021.04.01.003.0001335, Licença Ambiental Concomitante (LP+LI+LO), para Unidade de Tratamento de Minerais - UTM, com tratamento a seco; Extração de rocha para produção de britas; Lavra a céu aberto - Minerais metálicos, exceto minério de ferro; Britamento de pedras para construção, localizada na Rodovia MG – 164, KM 122, Zona Rural, Martinho Campos/MG.
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PM impede furto de material em galpão comercial
Um homem foi flagrado quando furtava equipamentos no galpão de uma empresa na Rua Flórida, bairro Gameleira, na noite de terça-feira, 6/7. Ele parou um Fiat Uno em frente ao local, arrombou o galpão, entrou e carregou vários objetos para dentro do carro. O arrombamento foi detectado e o proprietário acionou a Polícia Militar. Ao chegar no endereço a PM deparou-se com o arrombador já dentro do Uno deixando o local. Os policiais deram ordem de parada ao suspeito, mas ele acelerou o veículo, tentou fugir pela Rua Afrodite e acabou numa via sem saída. Nesse ponto ele abandonou o carro
e entrou na mata ao lado. Dentro do Uno os policiais recolheram duas rodas, dois pneus e uma lâmpada de LED que haviam sido furtados do galpão. Todo esse material foi devolvido ao dono da empresa. O Fiat Uno foi apreendido e seu proprietário foi identificado pela Polícia. O iBom apurou que o veículo está registrado em nome de outra pessoa e não do arrombador, que também já foi identificado. Ele mora no Vale do Amanhecer e está sendo procurado. A Polícia vai apurar se o Uno usado no crime foi vendido para o arrombador ou se estaria emprestado com ele (iBom).
Irresponsabilidade causa acidente com 7 vítimas em BD Câmeras de segurança gravaram o acidente (Página 7)
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7° Batalhão completa 90 anos de instalação em BD
Vista aérea da sede do 7° Batalhão (Foto: PMBD)
Instalado em Bom Despacho em 9 de julho de 1931, aqui não chegou com o nome de polícia, mas sim de Batalhão de Caçadores Mineiros. Na época as polícias estaduais tinham mais aparência de um exército estadual do que de polícia ostensiva. Quem criou o 7º BCM (hoje 7º BPM) foi o bom-despachense Olegário Maciel, várias vezes deputado federal, senador e presidente do Estado de Minas.
FERNANDO
CABRAL
Sétimo faz 90 anos. Parabéns
1931: Adeus às oficinas da Paracatu!
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PAULO
HENRIQUE
O Batalhão que marca a nossa história Página 9
Página 8
LÚCIO
EMÍLIO
7° BPM e o processo civilizatório do Centro-Oeste Página 11
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PM faz cerco e pega homem que assaltou em siderúrgica Um jovem de 20 anos foi preso pela Polícia Militar dia 2/7, em BD, depois de roubar dinheiro do pagamento dos funcionários que trabalham fazendo a reforma da siderúrgica União, na rua Romeu Marques Gontijo, bairro São Vicente. Um funcionário da empresa fazia o pagamento da equipe quando o homem chegou armado e anunciou o assalto. Segundo informação obtida pelo iBom, ele levou aproximadamente R$ 25 mil em dinheiro. Depois do roubo o assaltante fugiu para a mata nos fundos da siderúrgica. Segundo um policial, ele aparentemente pretendia escapar em direção ao bairro Rosário 2. A Polícia Militar foi acionada e enviou seis viaturas para o local. Os militares cercaram a região e entraram na mata atrás do assaltante. Em pouco tempo ele foi cercado numa grota e se entregou sem reação. Com ele os policiais apreenderam o dinheiro roubado, celular e a arma usada no crime – um revólver calibre 32, cromado, aparentemente novo. Ainda de acordo com informações obtidas pelo iBom, o autor é de Bom Despacho. Ele foi preso e levado para a Delegacia de Polícia Civil.
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Menores arrombam loja, furtam roupas e são pegos pela PM
Dois menores de 16 anos de idade foram pegos pela Polícia Militar na madrugada na segunda (28/6) após arrombarem uma loja da Avenida das Palmeiras, bairro Santa Ângela, e furtar roupas do estabelecimento. A PM foi acionada às 00h53 da madrugada com denúncia de que dois jovens quebraram a vitrine da loja com uma pedra, furtaram várias peças de roupa e depois fugiram do local.
Equipes da Polícia foram para o local, fizeram rastreamento no bairro e encontraram os dois suspeitos do crime. Depois da abordagem os menores confessaram o arrombamento e mostraram aos policiais o local onde haviam escondido as roupas furtadas – um lote vago também no bairro Santa Ângela. A dupla foi apreendida e levada para a Delegacia de Polícia com as peças de roupas recuperadas.
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Bombeiros combatem fogo Palio pega fogo em garagem em vegetação na Dr. Roberto próximo da Praça São José O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 11h30m de domingo (4/7) para combater um incêndio na vegetação entre a rua Juca Rufino e a avenida Dr. Roberto, próximo à Farmácia Municipal, no bairro Novo São José. As chamas começaram no capim na parte inferior do terreno. Se não fosse contido, o fogo poderia se espalhar e atingir uma pequena mata que fica acima, causando danos ambientais ainda maiores e pondo em risco as casas próximas e seus moradores. Em anos anteriores, outros focos de incêndio foram registrados no mesmo local. A ação dos Bombeiros foi rápida e acabou com as chamas. A causa do fogo não foi informada.
VÍDEO DO INCÊNDIO
Vídeo exclusivo do iBom mostra o Corpo de Bombeiros combatendo as chamas. Aponte a câmera do celular para o QR Code e assista.
Jovem é acusado de tentativa de homicídio Um jovem de 17 anos foi apreendido pela Polícia Militar dia 30/6, em Bom Despacho. Ele é acusado de ser um dos autores da tentativa de homicídio contra outro jovem, da mesma idade, ocorrida no dia anterior no bairro Babilônia. De acordo com informações da Polícia Militar, o acusado convidou a vítima para consumir drogas. Ambos têm envolvimento com tráfico. Eles entraram numa mata do Babilônia onde as drogas estariam escondidas. Nesse local, um comparsa do acusado estava de tocaia e disparou um tiro contra a vítima, que foi atingida nas costas. Depois disso os dois autores fugiram do local. A PM foi acionada e iniciou as buscas dos autores. Um deles – o que convidou a vítima para entrar na mata – foi pego e levado para a Delegacia de Polícia. O outro envolvido, que fez o disparo, está sendo procurado (iBom).
Na tarde de segunda-feira (28/6) um Fiat Palio pegou fogo na Rua Juscelino Kubitschek, quase esquina da Praça São José, região central de Bom Despacho. Os Bombeiros foram chamados e chegaram no local rapidamente. Em poucos minutos as chamas foram apagadas. O Palio foi parcialmente consumido pelo fogo. O motorista do veículo disse aos Bombeiros que o incêndio começou no compartimento do motor e se espalhou rapidamente por todo o carro, que estava na entrada da garagem da residência. De acordo com os Bombeiros, foram utilizados aproximadamente 1.000 litros de água para extinguir o incêndio. Ninguém ficou ferido durante a ocorrência.
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Sétimo faz 90 anos. Parabéns. FERNANDO
CABRAL
Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e vereador em Bom Despacho
Nos aniversários, aniversariante e amigos, reunidos em volta do bolo, lembram velhos casos. Uns são alegres, outros são tristes; uns são imaginosos, pitorescos e criativos, outros são tediosos, prosaicos e vulgares. Mas, no final, estilo e elegância não contam entre amigos. O que conta é a alegria da presença e a sinceridade do convívio. É neste clima despretensioso de estórias de aniversário que quero resumir a história do 7º BPM, cognominado Machado de Prata. Instalado em Bom Despacho em 9 de julho de 1931, aqui não chegou com o nome de polícia, mas sim de Batalhão de Caçadores Mineiros. Na época as polícias estaduais tinham mais aparência de um exército estadual do que de polícia ostensiva. Quem criou o 7º BCM (hoje 7º BPM) foi o bom-despachense Olegário Maciel, várias vezes deputado federal, senador e presidente do Estado de Minas. Olegário Maciel nasceu em Bom Despacho, contudo, cresceu em Patos de Minas, estudou no Caraça e se formou engenheiro na Politécnica do Rio de Janeiro. Isto, em 1878. Foi este bom-despachense que emprestou seu nome à cidade de Presidente Olegário, vizinha de Patos. Vem também dele o nome da nossa rua Olegário Maciel, que começa na portaria da Vila Militar do 7º BPM e segue até depois do campo do Famorine. No tempo que este bomdespachense governou Minas chamávamos de presidente o ocupante do cargo que hoje chamamos de governador. Daí o nome “Presidente Olegário” e não “Governador Olegário”. Pois bem, Olegário Maciel foi presidente de Minas por três vezes. No seu terceiro mandato criou o 7º Batalhão de Caçadores Mineiros, com sede em Bom Despacho. Por coincidência, quando o 7º BCM comemorava seu primeiro ano de vida – 9 de julho de 1932 – São Paulo se insurgiu contra o governo federal na revolta conhecida como Revolução Constitucionalista. Como o Governo de Minas já havia tomado seu partido ao lado do governo federal, a guerra declarada por São Paulo se voltou também contra Minas. O 7º foi chamado à luta. Com apenas um ano de existência, o Machado de Prata, sob o comando do Cel. Edmundo Lery Santos, juntouse a outras tropas mineiras e se deslocou para Passa Quatro. Ali o Cel. Lery assumiu o comando da Brigada Sul, encarregada de defender o território mineiro na região da Mantiqueira, divisa com São Paulo. Ocupado com seu novo comando, no dia 16 de julho o Cel. Lery passou o comando do 7º BCM para o Cel. Fulgêncio de Sousa Santos. Este, todavia, jamais ocuparia seu posto em Bom Despacho, pois tombou em combate duas semanas depois.
O trabalho policial é, a um só tempo, dos mais gratos e dos mais ingratos que há. Se há violência na sociedade, apontam-se os dedos para a polícia como se ela fosse a causa e a cura para todos os males sociais. Vê-se aí a incompreensão, pois só alguns crimes podem ser prevenidos ou reprimidos pela polícia. Mas, quando a polícia – algumas vezes com o sangue dos seus – livra a sociedade de marginais perigosos, ela recebe o reconhecimento público, ainda que muitas vezes transitório. Contudo, não é só no combate à marginalidade que a polícia ostensiva presta serviços à comunidade. Ela vai além, fazendo partos, reconciliando vizinhos, encontrando desaparecidos, transportando enfermos, socorrendo os aflitos. É por tudo isto que, em Bom Despacho, a cada 9 de julho, homenageamos o 7º BPM que este ano completa 90 anos de instalação em nossa cidade.
Metralhadora Madsen PMZB exposta no 7° BPM
Em 3 de outubro de 1932 São Paulo se rendeu às tropas mineiras e federais. Assim se encerrou a guerra fratricida que matou tantos mineiros e tantos paulistas. Mas, graças à coincidência havida no dia 9 de julho de 1932, enquanto hoje Bom Despacho comemora o 90º aniversário do Machado de Prata, São Paulo comemora o 89º aniversário de sua insurgência chamada de Revolução Constitucionalista. Assim como Olegário Maciel, também os coronéis Lery e Fulgêncio tiveram suas memórias perpetuadas em nomes de ruas de nossa cidade. A rua Cel. Fulgêncio é a entrada principal do 7º Batalhão; a rua Cel. Lery começa e termina na rua Olegário Maciel, perto da Mata do Batalhão. O 7º tem História e tem estórias. E nisto ele tem uma tênue ligação com o brasileiro que popularizou a palavra estória, assim, sem “h” e com “e”: Guimarães Rosa, o escritor que
mais fortemente entendeu e retratou a alma das Gerais e suas veredas. A palavra estória foi inovação proposta por João Ribeiro, mas não fez sucesso. Quando Guimarães Rosa publicou seu livro Primeiras Estórias, os especialistas começaram a discutir se a palavra existia ou não, se podia ou não. O resto é história… A palavra entrou na língua brasileira e passou a significar uma narrativa que não tem compromisso com a verdade factual. Pode, portanto, ser verdadeira como pode ser fantasiosa. Ou pode combinar as duas coisas. Isto a distingue de história, resultado de um esforço consciente de descobrir, relatar, correlacionar e interpretar fatos. Neste caso, o fato histórico é que João Guimarães Rosa, com 24 anos e recém-formado em medicina, juntou-se às tropas mineiras com o posto de Capitão. Como serviu na Região Leste, transitando entre Mariana, Ponte Nova, e
Barbacena, provavelmente nunca se encontrou com as tropas do 7º Batalhão. Mas o certo é que João tinha muitas estórias para contar. E fez história. Assim como também fez história o 7º BCM até chegar onde está hoje, como 7º Batalhão de Polícia que neste 9 de julho comemora 90 anos. Foi uma caminhada longa e enriquecedora. Na sua trajetória, enfrentou a Revolução Constitucionalista, viu chegar e terminar a Segunda Guerra Mundial, assistiu à ascensão do médico e também oficial da polícia mineira chamado Juscelino Kubitschek, engajou-se em 64, presenciou o renascer do estado democrático de direito e se tornou um exemplo de policiamento ostensivo respeitoso com os direitos humanos e bem-sucedido na contenção da violência e do crime. Antes de chegar aos seus 90 anos de instalação, o 7º BPM passou por mudanças importantes. A mais visível delas foi a transformação de uma força com características de exército estadual para uma força de polícia ostensiva, voltada para a segurança pública e não mais para a defesa territorial do estado. Nesta caminhada de 90 anos do 7º, a PM se aprimorou nos seus métodos e meios. Incorporou a inteligência e a prevenção como fundamentos de sua atuação; ajustou suas condutas às exigências de uma sociedade democrática de direito regida por uma Constituição Cidadã; desenvolveu produtivas parcerias com órgãos da sociedade civil; ganhou em eficiência e aumentou sua eficácia. Por seus méritos, vem cada vez mais ganhando o reconhecimento de todos. Atualmente o 7º é responsável pela segurança de 19 municípios cujos territórios compõem um polígono com mais 400 quilômetros de perímetro. Começando nas barrancas do Lambari, ele segue por Santo Antônio do Monte, Moema, Lagoa da Prata e Japaraíba ao sul; segue para oeste até Córrego Danta, sobe rumo norte, cobrindo Estrela do Indaiá, Serra da Saudade, Dores do Indaiá, Quartel Geral, Cedro do Abaeté e Abaeté. Aí segue para leste até Pompeu, desce para Martinho Campos e volta às barrancas do Lambari e do Picão, em Bom Despacho. Segundo estimativa do IBGE para 2020, nesta região vivem 276.559 pessoas. Considerando a grande extensão territorial e o tamanho da população é possível aquilatar a enorme responsabilidade que recai sobre os ombros do nonagenário Machado de Prata. Mas, a despeito de todas as dificuldades inerentes à atuação policial e à falta de recursos disponíveis, o Machado de Prata vem se renovando, se aperfeiçoando e prestando um serviço cada vez melhor à sociedade bomdespachense e a todos os municípios sob sua responsabilidade. Por isto hoje levantamos um brinde ao 7º BPM e a todos os policiais engajados nesta luta por mais segurança pública. Parabéns, 7º BPM.
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Irresponsabilidade causa acidente com 7 vítimas em Bom Despacho > MOTORISTA DA S10 NÃO TEM HABILITAÇÃO E ESTAVA BÊBADO > CRIANÇA DE 2 ANOS NÃO RESISTIU E ACABOU MORRENDO Uma ultrapassagem em local proibido provocou grave acidente no km 133 da rodovia MG-164, em frente ao bairro Jardins, zona urbana de Bom Despacho, no início da noite de sábado (3/7). O acidente foi causado pelo motorista de uma S10, que atingiu de frente uma Saveiro de Martinho Campos que vinha em sentido contrário. O acidente quase envolveu também uma viatura da Polícia Militar que seguia na frente da Saveiro. O motorista da viatura jogou para o acostamento e por pouco não foi atingido pela S10. Os policiais pararam e foram prestar socorro às vítimas. Câmera de segurança de um motel próximo gravou o acidente. Um policial ouvido pelo iBom no domingo (4/7) afirmou que o motorista da S10 estava alcoolizado e não tem habilitação. Áudio postado em rede social conta que ele estaria bebendo antes de pegar a camionete e entrar na rodovia. Sete pessoas ficaram feridas na batida, entre elas uma criança de 2 anos. As vítimas foram atendidas por duas ambulâncias do SAMU e pelo Corpo de Bombeiros, com apoio da Policia Militar. O menino de 2 anos, que estava na S10, foi levado ao Pronto Socorro em estado gravíssimo. Ele estava
> SAVEIRO DE MARTINHO CAMPOS FOI ATINGIDA DE FRENTE > VIATURA DA PM ESCAPOU POR POUCO DE SER ATINGIDA inconsciente, com dificuldade para respirar, e foi transferido ainda no sábado para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, por uma unidade avançada do SAMU. A criança não resistiu e morreu na manhã de domingo. A fonte ouvida pelo iBom também informou que o motorista da S10 estava no CTI, intubado, em estado muito grave, com inchaço no cérebro devido ao trauma da batida. Ele é de Bom Despacho, mas seu nome não foi informado. A Saveiro atingida pela S10 levava três pessoas. Seu motorista teve fratura na perna. Um dos passageiros, de 16 anos, sofreu fratura nas costelas. A outra passageira, uma jovem, estava sentada entre os bancos e teve várias fraturas na perna, traumatismo cranioencefálico e dilaceração grave da face. Parte do couro cabeludo foi arrancado e ela teve o crânio exposto. A batida ocorreu em frente à entrada do motel Splendor. No trecho é proibido ultrapassar. A faixa contínua proibindo ultrapassagem vai desde o antigo Sesc até a barreira da Polícia Militar Rodoviária. Moradores daquela região reclamam de excesso de velocidade e de manobras perigosas de motoristas e motociclistas naquele trecho, que dá acesso a vários bairros. Em redes sociais, moradores se manifestaram pedindo instalação de quebra-molas e de iluminação pública naquele trecho da rodovia para evitar os acidentes que, segundo eles, são frequentes.
ASSISTA AOS VÍDEOS DA BATIDA
O acidente foi gravado pelo sistema de segurança de um motel próximo. Aponte a câmera do celular para o QR Code acima e assista. Ou assista também no perfil do Jornal de Negócios no Instagram
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Bom Despacho (MG), 15 Julho 2021
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1931: Adeus às oficinas da Paracatu! vigoravam mais. Bom Despacho, jovem comuna de 19 anos, da noite pro dia, empobreceu em todos os aspectos de sua existência.
Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL
Dia 9 de julho de 1931, 90 anos da instalação do Sétimo Batalhão da Polícia Militar em Bom Despacho. Naquele ano a cidade havia tido uma incalculável derrocada em sua vida social e econômica. Foram retiradas daqui as oficinas da Estrada de Ferro Paracatu. Centenas de funcionários, desde os mais graduados, até os mais humildes se foram para outras cidades. O sonho de uma linha férrea que, saindo de Belo Horizonte, levando o progresso e a modernidade ao interior de Minas até Paracatu, interrompeu-se. Depois da Barra do Funchal as grandes pedras e rochedos que compunham as montanhas impediram o segmento da obra de viação tão sonhada.
A vila operária da Paracatu quedou-se abandonada e vazia. As famílias foram-se
embora. Nossa população diminuiu. Os salários dos ferroviários que haviam
Bom-Despacho de Ontem
fomentado nosso comércio e serviços numa alvissareira época de conquistas já não
Renascer de esperanças Naqueles mesmos anos de 31, Olegário Maciel, o bom-despachense que era governador de Minas Gerais, decidiu que fosse criado aqui um batalhão da Polícia Mineira. Uma medida prevista porque tínhamos imóveis e construções abundantes para recebermos a unidade militar com sua administração de oficiais e construções da Vila para abrigá-los com suas famílias e praças. E eles vieram, sendo saudados como uma conquista a reanimar nossa economia, a vida social e a segurança de toda a região. A colocação da potente estrutura governamental no pequeno município nos colocou no centro de variadas operações, em toda a região chamada então como Oeste de Minas. Dezenas de cidades de parte do atual centro-oeste passaram a depender do comando
do novo batalhão para a segurança de seus cidadãos, seus lares e posses. O Sétimo, desde seu princípio, constituiuse num privilégio sobre dezenas de outras cidades. Fez renascer as esperanças para levantarmos a cabeça após o baque da retirada das oficinas da Rede com todas as consequências em nossa vida comunitária. Se naqueles tempos, no engatinhar de nossa história, estes eventos apresentaram-se como uma redenção, um renascer da confiança no futuro, durante esses 90 anos ele vem sendo peça importante, em todos os aspectos da sociedade até os dias de hoje. Salve o Sétimo Batalhão da Polícia Militar, o Machado de Ouro, destas terras banhadas pelo Lambari, pelo Picão e pelo São Francisco, motivo de orgulho para toda a população, que aqui moureja sob a proteção da padroeira, a Senhora do Bom Despacho e sob a guarda dos valorosos soldados que cuidam incansável e ciosamente da nossa segurança.
Bom-Despacho de Ontem
Ministro, no comando do Pronta reação do Governador Sétimo Batalhão de BD? O Ministro José Raimundo era um tipo popular em Bom Despacho, nos anos 60. Gostava de ser chamado de Ministro. Mas se o dissessem ô Bode – dava na faca. Era cabo da reserva da polícia, aposentado quando veio da Revolução de 30 um tanto pirado com manias de grandeza. Trajava sempre um paletó social, cravejado com inumeráveis medalhas com as quais dizia ter sido condecorado por bravura na revolução. Sobre notáveis figuras nacionais e internacionais o Ministro as apresentava como seus parentes, consanguíneos, amigos do peito: O presidente dos Estados Unidos era seu primo. O papa, seu tio. Sua madrinha muito querida era a Rainha da Inglaterra. O presidente do Brasil, irmão. O ministro das forças armadas, grande amigo e companheiro. O titio Israel Pinheiro, governador de Minas, tinha muita estima por ele. E daí pra frente, nomeava sua ilustre parentela mundial. Portanto se dava muita importância e exigia ser tratado com cerimônia. Uma tarde, creio que em 1964, encontrei-me com ele na Praça da Estação. Bufando, indignado me mostrou um telegrama e me narrou o seguinte: A mando do seu tio Israel Pinheiro, amanheceu na porta do quartel. Logo, surgiu
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o Comandante e alguns oficiais. Imediatamente Zé Raimundo os convocou para uma reunião urgente no gabinete do comandante. Numa boa o atenderam. Então colocou sobre a mesa a ordem do governador, que lhe mandava assumir o comando do Sétimo, naquela data. Levaram-no na conversa até onde puderam, mas é claro, nada de lhe passarem o comando. Ministro ficou lá azucrinando as pessoas até o meio dia. Depois, fulo da vida, foi embora proferindo mil ameaças a todo mundo. Encontrei-me com ele em estado patético. Vi o telegrama que algum Malasartes preparou para ele. Pergunteilhe: - E agora, Ministro, como fica? Respondeu-me então ameaçadoramente: - Agora eles vão ver. A porca vai torcer o rabo! Vou mandar desocupar a Vila Militar, tirar o batalhão daqui e mandar o Sétimo pra bem longe. - Pra onde Ministro?
(E foi a primeira vez que ouvi falar o nome desta cidade) - Vou deportá-los pra Muzambinho!!! -exclamou vitorioso. Então lhe indaguei: - Mas o quartel, os bangalôs, as casas, o conjunto da Vila Militar... O que vai ser disso tudo? (Naqueles tempos o povo dizia que a Polícia Militar, por seu uniforme amarelo, era os joão-de-barro e o Exército, pela farda verde, era os periquitos.) E sarcástico, me indagou: Então você não sabe que quando a casinha de joão-debarro esvazia, num é periquito que faz ninho nela? Pois é questão resolvida, vou trazer um Regimento do Exército pra ficar no lugar deles, uai! E lá se foi o Ministro José Raimundo, cabeça erguida, rua acima governando o mundo em sua cabeça ilustre, neto de Mao-tse -tung, premiê da China e irmão de Charles de Gaulle, herói e presidente da França.
Minas, em 1930, apresentouse na linha de frente na Revolução que depôs o Presidente Washington Luís e não permitiu a posse do paulista Júlio Prestes. Quando unilateralmente São Paulo rompeu com acordo da política do café-com-leite, que previa para aquele ano a eleição de um mineiro para chefiar a nação, Minas, por seu governador, nosso conterrâneo, Olegário Maciel, juntouse às tropas do Rio Grande do Sul e Paraíba que conduziram Getúlio Vargas ao poder. Getúlio e seus políticos de confiança, como Osvaldo Aranha, decidiram que colocariam um in-
terventor em Minas, afastando Olegário Maciel. Mas ele mostrou sua bravura, a bravura dos mineiros contra a traição
dos novos dirigentes do Brasil contra ele. A Polícia Mineira, como força auxiliar do Exército, tinha acabado de sair dos campos de uma batalha e estava pronta para outras. Ele desafiou Getúlio e seus staff. A força pública mineira, posta em prontidão, ficou à espera das tropas federais . Mas eles não vieram. Respeitaram a reação do governador. E ele governou o estado até falecer em 1933, de morte natural, dentro do palácio da liberdade. Confirmou-se o ditado: “Um mineiro dá um boi para não entrar numa briga, e uma boiada pra não sair.
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Bom Despacho (MG), 15 Julho 2021
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Batalhão que marca a história de todos nós PAULO
HENRIQUE Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação
Lembro-me de acordar mais cedo do que o necessário naquele dia. Era grande a ansiedade por aquele momento, por conhecer um novo espaço, novos colegas e um novo estilo. Muitas eram as “lendas” em torno do colégio que era mantido pela Polícia Militar de Minas Gerais. Diziam que a disciplina era rígida, militar. Que aluno não podia se apresentar com uniforme amarrotado ou sujo, que os calçados deveriam ser pretos e impecavelmente limpos, que o cabelo deveria estar bem cortado e penteado. Falavam que todos tinham que se colocar em fila no pátio todos os dias para hastear a bandeira e cantar o Hino Nacional, e que um supervisor de disciplina, militar impecavelmente fardado, controlava cada suspiro e olhar de cada um dos estudantes. Tudo verdade. Lembro-me de Teotônio como se fosse ontem. Recebia a todos na entrada do colégio, mandava voltar para casa quem não se trajasse adequadamente, acompanhava um por um na fila para verificar se cantávamos o Hino Nacional correta e respeitosamente. Fisionomia e cobranças austeras nos primeiros contatos, Teotônio nos conquistava com o enorme coração que ostentava por trás daquela farda. Conhecia a todos pelo nome, cuidava de nós como se filhos seus fôssemos, e conquistou o carinho da maioria por nos ensinar valores preciosos, como o respeito às instituições e à família, e as responsabilidades que cada um devia assumir, na proporção, claro, das suas idades. Valores que andam inclusive um tanto carentes na nossa sociedade atualmente...
Frente do Colégio Tiradentes do 7° Batalhão (Foto: PMMG) Mas voltando àquele dia, lembro-me de ser recepcionado por aquele senhor, de chegar à minha sala de aula, de buscar em silêncio minha carteira num canto lá no fundo, de ver algumas poucas caras conhecidas e muita gente nova. Primeiro dia de aula sempre era um frio na barriga, ainda mais me deparando com tanta coisa nova pela frente. Dona Lurdinha, diretora da escola à época, e amiga querida da família, já havia me feito um belo preâmbulo meses antes, quando ainda pensava se faria a prova para tentar uma das vagas para civis no colégio que priorizava os filhos de militares que serviam no 7º Batalhão. Naquela manhã, ela me acolheu à distância, com um sorriso doce quando me colocava no meu último lugar da fila para cantar o hino. Último lugar com que já estava acostumado inclusive, pelas filas comumente em tamanho crescente combinadas com minha estatura acima da média.
Vivi o Colégio Tiradentes da Polícia Militar por 5 anos consecutivos, entre ensino fundamental e médio. Aprendi nesse período muito mais do que os excelentes conteúdos ofertados pelos professores ou pelas apostilas do 2º Grau Integrado elaboradas em parceria com uma grande escola de BH. Vivi minhas primeiras paixões, as primeiras namoradas, conheci alguns dos melhores amigos que me acompanham até hoje e, claro, aprendi os fundamentos de matemática, português, física e química que me levariam à área de exatas e a uma vaga no curso de Computação na UFMG no ensino superior. Mas o que aprendi está além dos limites do colégio e gostaria de pinçar um pouco do que aprendi ali pelo 7º Batalhão. Meu primeiro contato foi anterior, no jardim de infância, quando eu frequentava o Egídio, o jardim de infância ali da Vila Militar. Ah, tenho sim belas lembranças daquele
pátio com uma enorme caixa de areia sob aquela árvore frondosa, do carinho da Dona Emília, mas era jovem demais e confesso que minhas lembranças desse período se resumem a alguns flashes. Mas o período no Tiradentes foi muito diferente, era adolescente, naquele período crítico da vida em que nos solidificamos, mas podemos também nos perder. E as referências que recebi naquele espaço militar ao final de um regime militar foram fundamentais para me tornar o cidadão que sou hoje. Mas calma aí, não se precipite nas suas conclusões... Ao mesmo tempo em que aquele ambiente militar transpirava disciplina e segurança, fomentava criatividade, inovação, competitividade, superação de limites. Participei de um semnúmero de atividades extraclasse, como gincanas escolares, concursos de redação, realizações de festas
típicas e práticas desportivas, como as aulas de futebol no campão e no campo de cascalho da Mata do Batalhão ou as aulas de vôlei e handebol nas quadras do batalhão. Atividades que nos ensinaram a vencer limites, a competir, a ganhar e a perder, seja sozinho ou coletivamente. Lembro-me ainda das Olimpíadas do Colégio Tiradentes, que me proporcionaram as primeiras viagens sem meus pais em minha vida, a Governador Valadares e Uberaba. Essas viagens me ensinaram um tanto sobre autonomia, sobre começar a tomar conta de mim, trazendo lições as mais variadas – como, por exemplo, o que fazer para conseguir “sobreviver” a uma diarreia viral sem o socorro dos pais em uma cidade totalmente desconhecida.
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O ponto que quero colocar é que o 7º Batalhão tem contribuição fundamental na formação da pessoa e cidadão que sou. E há muitos como eu. Se por um lado contribuiu para que fôssemos cidadãos preocupados com o respeito à pátria e às instituições, contribuiu também para que desenvolvêssemos autonomia, inovação, trabalho
em equipe e busca por resultados – muito além do conhecimento técnico da grade escolar do Colégio Tiradentes. Odeio estereótipos, ideias preconceituosas de qualquer natureza que taxam pessoas ou instituições sem conhecêlas minimamente. E isso vale também para nossas instituições militares, que muitas vezes são reduzidas a associações com repressão e violência. O 7º Batalhão tem meu respeito, minha admiração e minha gratidão. E não é porque um bom número de amigos do Colégio Tiradentes acabou assumindo a honrosa carreira de oficial da Polícia Militar de Minas Gerais. Na verdade, a relação de causalidade é inversa: as coisas boas que recebemos no tempo em que estivemos lá fez com que esses amigos acreditassem que valia a pena a carreira militar e que poderiam também eles dar suas contribuições para uma sociedade mais justa e honesta, com humanidade e solidariedade. Parabéns pelos seus 90 anos, 7º Batalhão! O “senhor” nos honra com sua presença em Bom Despacho!
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Bom Despacho (MG), 15 Julho 2021
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As caras de São Paulo MORADOR DE RUA MONTOU JARDIM EM VOLTA DA SUA BARRACA ALEXANDRE
MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD
Em São Paulo, assim como em Bom Despacho, mantenho uma rotina diária quase imutável. Todos os dias levanto-me bem cedo e por volta das 6:30 estou passeando com o cachorro de minha mãe. Está bem velhinho e só sai para a rua quando eu estou na cidade. Umas 7:00 horas saio para correr ao redor do Campo de Marte, um aeroporto para aviões pequenos que fica em frente o local onde moro. Trajeto agradável, cheio de árvores. Mas, nada que se compare aos lindos caminhos onde corro em Bom Despacho. Ao passear com o Pretinho, o velho cão de minha mãe, caminho por uma praça bem arborizada, algumas vezes andamos um pouco mais, outras vezes o passeio é mais curto. Quem decide o que fazer, claro, é o Pretinho. Nestas caminhas pela manhã, que se repetem à noite, encontro alguns donos de cachorros que moram na redondeza. Assim como acontece com quem corre ou anda de bicicleta, cumprimentamos os iguais. Tem cachorro também, merece um “bom dia” ou “boa noite”. Na praça que mencionei acima, há um morador de rua, que dorme sob sua carroça, a qual usa para recolher material reciclável e vender em algum local que compra esses papelões e latinhas de cerveja. Esse rapaz, que calculo que tenha uns quarenta anos, tem um cachorro, que é muito parecido com o Pretinho. Donos de cachorros se cumprimentam. Portanto, sempre que encontro esse rapaz na praça, e não é sempre que isso acontece, pois ele começa bem cedo sua labuta pela sobrevivência, falo um “bom dia” ou boa noite”, acrescido de um “tudo bem?”. O rapaz sempre guarda uns pedacinhos de carne ou ossos e oferece essas guloseimas ao Pretinho, que aceita de bom grado o presente (que minha mãe não leia esta coluna, pois sempre nego que o cachorro coma “porcarias” durante o passeio). Há duas semanas fui a um posto de saúde perto de minha casa para receber minha primeira dose da vacina contra a covid-19. Havia umas vinte pessoas na fila e a última pessoa da fila era este morador de rua, acompanhado de seu fiel cão. Ele me reconheceu e perguntou pelo Pretinho. Conversamos por alguns minutos, algumas palavras sobre a vacina, que ele queria saber a pronúncia correta da AstraZeneca, sobre seu cãozinho, que estava mancando um pouco, amenidades, enfim. Passou uma enfermeira na fila conferindo o documento das pessoas, o cartão do SUS e o comprovante de endereço. Ele explicou que não tinha comprovante de endereço,
Assista ao vídeo
que é o dono desse pequeno sítio?” Ele riu, devolveu o cumprimento e disse que sim. Cuidava daquele pequeno jardim, pois ali era sua casa. Mesmo não sendo uma casa, sentia-se dono daquilo. Para devolver o que a cidade lhe dava, cuidava do pedaço em que habitava.
Aponte a câmera do celular para o QR Code ao lado e assista ao vídeo mostrando em detalhes o jardim construído e mantido pelo morador de rua pois morava na rua. A enfermeira disse que não havia problema e que ele seria vacinado, mesmo não estando acima dos cinquenta anos, que era a faixa etária contemplada naquele dia. Quando chegou a vez dele e a minha, ficamos lado a lado, cada um sendo atendido por uma enfermeira. Fui encaminhado para ser vacinado em uma sala ao lado da triagem, tomei a dose e saí. Encontrei o rapaz lá fora e ele me disse que não quiseram vaciná-lo. Estava arrasado. Exigiram um comprovante de endereço. Voltei ao local de vacinação e tentei argumentar a favor dele. A burocrata de plantão pediu para eu me retirar, sem dar maiores explicações. “Como saber se ele é da região?”, murmurou. Eu disse que o conhecia há alguns anos e que poderia servir como testemunha. Nada. Fui embora chateado com o que considerei falta de empatia da responsável pelo posto de saúde. Hoje, dia 29 de junho, encontrei o rapaz na avenida perto de casa, enquanto corria. Estava muito frio e garoando. Ele me chamou e disse: “eu estava te procurando para dizer que fui
vacinado. Foi da Janssen”, disse com um sorriso no rosto. Devolvi o sorriso e disse que estava feliz por ele. Continuei correndo e senti uma lágrima quente no rosto gelado. “Donos de cachorro se cumprimentam”, pensei. O nome dele é Fernando e o cachorro é o Rex. Ele é cara de São Paulo: gente sem rosto, sem importância, consumidos pela sociedade que privilegia quem tem posses. Quando já estava terminando meus catorze quilómetros de hoje, passei em um jardim que raramente passo, pois costumo fazer meus exercícios em outra calçada (ou passeio, como dizem os bom-despachenses). Parei a corrida e comecei a olhar, incrédulo, para o que estava vendo: um morador de rua, com uma pequena barraca de camping, com um cachorro ainda filhote, e um jardim feito por ele, extremamente bem cuidado, limpo, sem bituca de cigarro ou qualquer lixo visível. Plaquinhas de agradecimento a deus, plaquinhas pedindo para conservarem a área limpa e dezenas de vasinhos com plantas diferentes. O rapaz estava sentado em uma cadeira perto da barraca. Como donos de cachorros se cumprimentam, soltei um “bom dia, amigo, tudo bem? Você
Pedi licença para tirar umas fotos do local. Ele autorizou e disse que muita gente para ali para filmar e que a TV já havia mostrado seu esmero. Não consegui tirar fotos, pois a bateria do celular estava muito fraca. Voltei mais tarde e filmei o espaço. ASSISTA AO VÍDEO NESTE LINK: Seu nome é Edson e o filhote é a Biana. Ele também é a cara da cidade de São Paulo: imprevisível, batalhador, sofrido, orgulhoso de suas conquistas. Escrevi esta coluna com estes dois personagens, como espelho do texto no qual narrei quem são os personagens de Bom Despacho que para mim são a cara da cidade: o Tõe, o Joãozinho, o Claudio, seu Tarcísio e a mãe e filha que recolhem material reciclado pelas ruas de Bom Despacho. Talvez, o Fernando e o Edson nunca visitarão Bom Despacho, talvez o Tõe, o Joãozinho, o Claudio, seu Tarcisio e a mãe e filha nunca visitem São Paulo, mas cada um do seu jeito é a cara da cidade onde vivem. Cidades que eu tenho a sorte de poder visitar e morar parte do ano, aproveitando o que cada uma tem de melhor. Eu tenho sorte demais por ter escolhas, por poder optar como quero viver. Hoje, achei a cidade de São Paulo mais humana, mais próxima de Bom Despacho. E foram os moradores de rua que me deram essa boa sensação. Acho que o mundo seria melhor se houvessem mais pessoas batalhadoras como essas que relatei nos dois textos sobre quem representa a cidade onde vive. PS: nenhum dos dois personagens, Fernando e Edson, quiseram ser fotografados. Acham perigoso aparecer no jornal e depois serem atacados por policiais e moradores. Isso também é a cara de São Paulo, infelizmente.
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Bom Despacho (MG), 15 Julho 2021
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O 7° BPM e o processo civilizatório da região Centro-Oeste de Minas LÚCIO
EMÍLIO Lúcio Emílio do Espírito Santo é coronel reformado da PMMG, escritor e membro da Academia de Letras João Guimarães Rosa, da PMMG.
O então Cabo do 7º Batalhão da Força Pública de Minas Gerais, Júlio do Espírito Santo, no verão de 1949, acabara de desembarcar na plataforma da Estação Ferroviária de Carmo da Mata, cidadezinha do Centro-Oeste Mineiro, cercada de montanhas e casario antigo. Depois da cansativa viagem de trem, a família miliciana caminhava pela cidade, rumo ao quartel do Destacamento Policial, onde iria se alojar, até que fosse possível alugar uma casa. Minha mãe esperava o quarto filho e carregava no colo minha irmã, de apenas seis meses. Em sua impecável farda, meu pai levava nos braços os dois filhos mais velhos, que não queriam caminhar, assustados com o ambiente estranho da cidade e exaustos pela longa viagem. Trazia a mochila militar, com vários petrechos policiais, inclusive munição de reserva, um peso quase insuportável para a sua pouca robustez e saúde precária. Minha mãe, ainda na plataforma da estação, colocara, a tiracolo, o cinturão repleto de balas e o fuzil, solidária com o marido, cumprindo heroicamente a sua missão. Bela e elegante, aquela mulher carregada de filhos, transportando o armamento e o equipamento policial, não passou despercebida. Sílvia se tornou Maria Bonita, um apelido carinhoso com que o povo passou a tratar a esposa do Cabo, novo comandante do destacamento da cidade. Sou o segundo filho desse
O cabo Júlio do Espírito Santo (1° à esquerda) com seus auxiliares na Praça do Santuário, em Divinópolis/MG, no ano de 1948 casal. Meu pai tinha o hábito de levar os filhos para ficar junto dele no quartel, uma extensão do lar, para aliviar o peso dos trabalhos domésticos de minha mãe. Cresci gangorrando nas pesadas portas de ferro das Cadeias Públicas, acompanhando o movimento de pessoas nas Delegacias e vivenciando cada passo da vida cotidiana das sedes dos destacamentos por onde meu pai andou. Partilhei o medo e o sofrimento de minha mãe, quando o marido saía em diligência para cumprir ordens de prisão, nos sertões plenos de oligarcas e seus jagunços, acudir briga de vizinhos, apaziguar casais, compor rondas e patrulhas para
guardar a cidade. Essa é a história de milhares de outros integrantes do 7º Batalhão, espalhados pela vasta área da Unidade, que beirava Patos de Minas, ia até os limites de Barbacena, chegava aos confins de Araxá e às beiradas de Pirapora, nos mais longínquos e inóspitos destacamentos do CentroOeste, sempre com o mesmo propósito de preservar a ordem para permitir o desenvolvimento das comunidades. A inserção social do 7º Batalhão está registrada, não apenas nas obras que ajudou a edificar na cidade, mas na educação de crianças e adolescentes, nos desportos e arte musical.
Em seu livro clássico, intitulado Sua Excelência, o Cabo, o já falecido Coronel José Satys Rodrigues Valle, retrata a curiosa missão dos cabos comandantes de destacamentos, que, indo muito além dos trabalhos policiais convencionais, eram requisitados para fazer papel de enfermeiros, conselheiros, sacristães, educadores e intermediadores, promotores da paz. Historiadores modernos chamaram a atenção para a micro história, isto é, para a história individual, que nos diz mais sobre a sociedade e sua cultura que propriamente a biografia de personagens da macro história, como reis,
presidentes, grandes líderes e governantes. Ao comemorar os 90 anos de existência do 7º BPM, quero inverter o enfoque e mirar na figura singular daqueles que efetivamente estão escrevendo a grandiosa epopeia da Unidade, os que estão na linha de frente, lidam diretamente com as pessoas e seus problemas e os que sacrificaram sua vida no cumprimento do dever. A foto que ilustra essa matéria seria corriqueira, se não fosse um flagrante histórico de como o
7º Batalhão esteve inserido no processo de desenvolvimento do Centro-Oeste mineiro. Formados na Praça do Santuário, em Divinópolis, no ano de 1948, estão o Cabo Júlio do Espírito Santo e seus auxiliares, sentinelas da ordem e do progresso, como tantos outros integrantes do nonagenário Batalhão, que no anonimato fizeram a grandeza e o renome da Unidade e merecem, nessa importante data, ser lembrados com honra e reconhecimento.
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Bom Despacho (MG), 15 Julho 2021
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ENTREVISTA: Tenente-coronel Renato Pinheiro
Por trás da farda existe um ser humano atualmente em Bom Despacho e região?
Em entrevista exclusiva ao Jornal de Negócios, o comandante do 7° Batalhão, tenente-coronel Renato Pinheiro Batista, fala do desafio de comandar uma área territorial extensa formada por 19 municípios atendidos pela unidade. Natural de Belo Horizonte, Renato Pinheiro, 43 anos, fez carreira na capital. Em fevereiro deste ano assumiu o comando do 7° Batalhão. É a primeira vez que exerce essa função numa unidade do interior. Nessa entrevista, feita pelo editor Alexandre Coelho, o tenente-coronel Pinheiro comenta as diferenças que encontrou no interior, elogia o acolhimento recebido e fala dos desafios da Polícia. “O que a gente percebeu com a pandemia foi o aumento do número de estelionatos com uso da tecnologia. Golpes no whatsapp, golpes com vendas de carros, enfim, vários outros tipos de golpes”, afirmou Veja a seguir.
O senhor é natural de BH e fez carreira na capital. O que sentiu ao assumir o comando de uma unidade do interior, onde o modo de vida é bem diferente da capital? Qual foi o aspecto mais positivo que encontrou em Bom Despacho? E o negativo? Foi uma surpresa muito grande. Ser designado para comandar tão importante unidade dentro da Polícia Militar é uma grata surpresa, uma grata satisfação. Quando a gente vem para o interior é uma diferença gritante – tanto em volume de serviço, que não se compara à capital, quanto em relação ao trato com as pessoas. O que eu vejo de positivo é esse acolhimento, esse aconchego, onde todos conhecem todos. É uma vida pacata, vida interiorana. Essa parte de acolhimento, ser bem tratado, a gente não está acostumado com isso lá na capital. Aspecto negativo? A questão da infraestrutura no que tange à logística. Por exemplo: devido à distância das cidades – isso é próprio da logística da PM – a questão do reforço é mais complicada do que na capital. Então foi isso que assustou a gente. O serviço é basicamente o mesmo, porém a forma de colocar que é diferente. Em seu discurso de posse, dia 5/2, o senhor afirmou que “segurança pública não se faz sozinho (...) e sim com a participação e o envolvimento de toda a sociedade civil organizada”. Como tem sido a participação da comunidade bomdespachense nessa questão desde que assumiu o comando? Muito boa. Nós estamos contando com o apoio do Legislativo, do Judiciário, da Polícia Civil nossa coirmã, e também da Polícia Rodoviária Federal, que tem nos auxiliado bastante. A pandemia nos impede de fazer mais ações, mais reuniões, mas dentro da situação que nós vivemos a participação está perfeita. Até mesmo o
O furto nos preocupa bastante. Eu não posso dizer que tem uma ocorrência que se destaca. Seja ela qual for, por atingir um cidadão de bem, traz um clamor para aquela pessoa, para aquela localidade. Devido à pandemia, uma coisa que vem acontecendo muito são as infrações administrativas por pessoas que não respeitam os decretos do município, as normas sanitárias, fazendo festas e tudo mais. A PM está atendendo muitas ocorrências dessa natureza em apoio à fiscalização do município. A PM tem realizado com frequência operações para prevenir explosões de caixas eletrônicos e roubo de gado na região. Por quê? Essas práticas criminosas têm crescido na área do 7° BPM? Nessas ações os militares têm sido equipados com poder de fogo similar ao das quadrilhas que praticam esses crimes?
próprio envolvimento da imprensa é de suma importância para o nosso trabalho. Também na sua posse, o comandante da 7ª Região Militar destacou que o 7° Batalhão tem a maior área territorial, o maior número de companhias e o maior efetivo da regional. Como é comandar um batalhão com essas características? É desafiador, porque a responsabilidade aumenta. O 7° Batalhão é responsável por 19 cidades. E dentro dessas 19 cidades nós temos diversas peculiaridades. São situações diferentes, tanto em termo de criminalidade quanto de cultura. Enquanto há cidades pólo como Bom Despacho, Lagoa da Prata e Pompéu, extremamente ativas no comércio, há cidades extremamente pacatas, tranquilas, como Serra da Saudade, o menor município do país. São culturas diferentes. O que é remédio para um não é remédio para outro. Cada ação nossa deve ser pensada de maneira diferente, mas com um único objetivo: a preservação da ordem pública. Só que essa preservação da ordem pública se faz diferente em cada localidade. A estratégia que eu utilizo em Bom Despacho não é a mesma que eu vou utilizar lá em Abaeté ou em Morada Nova de Minas. Isso é desafiador. E por ser uma área tão grande, qual é a possibilidade de Bom Despacho voltar a sediar um comando regional nos próximos anos? A Polícia Militar trabalha com critérios. Hoje ela está bem técnica. Por causa desses critérios é que a sede da Região saiu daqui para uma cidade pólo como Divinópolis. Levase em conta o número de habitantes, a questão de criminalidade... são vários fatores. Hoje eu não tenho condições de afirmar se Bom Despacho voltará a sediar um comando regional porque é uma estratégia de comando e eu não tenho acesso a essas informa-
Tenente-coronel Renato Pinheiro, comandante do 7° Batalhão ções para poder afirmar isso. Posso afirmar é que o 7° Batalhão tem estrutura para suportar uma região, como já foi no passado. Mas essa decisão depende do Comando da PM. O 7º Batalhão terá novos cursos para formação de soldados? E de sargentos? O 7° Batalhão possui toda a estrutura física para isso. O que vai demandar é a questão, como já falei, do nosso comando. Hoje os cursos de formação estão nas sedes de unidades. Dependendo do contigente de formandos, de alunos, de candidatos, poderiam vir a ser realizados em Bom Despacho, mas isso eu não tenho como afirmar. Aqui no 7° Batalhão estamos prontos para receber os cursos, caso o comando entenda que isso seja viável. A Banda de Música do 7° Batalhão sempre foi uma referência cultural em Bom Despacho. Apesar disso, com o passar dos anos o número dos seus integrantes diminuiu. Hoje é composta de 15
militares músicos. Qual é o futuro da Banda? A questão de efetivo na Polícia Militar é tratada pelo alto comando, pelo comando geral, junto ao governador. Para que se abra concurso tem que haver autorização do governo. Como hoje o governo passa por um momento complicado, é mais difícil atender todas as nossas demandas. O que a gente fez foi reconvocar militares transferidos para a reserva. A gente reconvocou esses militares e hoje eles estão atuando na banda. Conseguimos um fôlego por certo tempo. Mas, em termos de contratação, a gente não consegue ainda traçar data ou quantidade, porque tudo depende do governo estadual. O fato de convocar militares reformados e coloca-los na banda não deixa de ser um esforço para preserva-la... Sim, com certeza, é sim. A pandemia de Covid-19 trouxe muitas
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mudanças na vida das famílias. Uma delas é a paralisação das aulas presenciais, fazendo com que crianças e jovens fiquem em casa, às vezes desocupados. Quais têm sido as consequências dessa situação na quantidade, natureza e gravidade das ocorrências policiais em Bom Despacho e região? Com relação a crianças e adolescentes especificamente não tivemos diferenças notáveis. O que a gente percebeu com a pandemia foi o aumento do número de estelionatos com uso da tecnologia. Golpes no whatsapp, golpes com vendas de carros, enfim, vários outros tipos de golpes. Isso é um desafio para nós. Como a gente vai atuar, como prevenir? A gente só previne esses golpes através da informação. E aí mais uma vez eu conto com o apoio de toda a imprensa de Bom Despacho e região para levar essas informações até o cidadão. Quais são as ocorrências mais frequentes com que a PM lida
Quando aqui cheguei, o crime de explosão de caixa eletrônico estava presente no interior do Estado. Hoje reduziu consideravelmente. Nós não temos tido casos de explosão de caixa eletrônico na região. Mas como se trata de prevenir, a gente não pode baixar a guarda. O que fizemos foi sistematizar esse emprego da tropa. Questão de local. Questão de horário. Aproveitamos também para prevenir e combater outra demanda que nos preocupa, que é o furto de gado. Esse tipo de crime traz um prejuizo muito grande para o produtor rural. Então, a nossa ação consegue prevenir esses dois tipos de crimes que - a gente vem notando -, graças a Deus, não têm ocorrido na nossa região. Mas estamos sim preparados. Estamos com armamento em condições de fazer frente a quadrilhas que praticam esses delitos. Recentemente, ao cercar uma residência na zona rural de Moema atrás de assassinos, a PM deparou-se com uma família desassistida, com duas crianças pequenas em situação de miséria quase absoluta. Imediatamente os próprios policiais arrecadaram contribuições entre eles, buscaram ajuda de amigos e familiares para comprar alimentos e outros itens que foram entregues à família. O que passa na cabeça de um policial nessa hora? Eles são treinados para isso? Por trás de toda farda existe um ser humano, dotado de emoções e sentimentos. Pais de família, mães de família que se chocam, se comovem com situações desse tipo. Então, após cumprir a missão principal que é a questão da segurança pública, os militares se sensibilizaram e fizeram ali o seu papel de cidadão. Foram além da sua missão institucional de preservar a ordem pública para assistir àquela família. Foi um ato humano dos policiais empenhados naquela ação. Esta é a Polícia cidadã (iBom).