JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG

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DESTAQUE

Bom Despacho (MG), 30 Setembro 2021

Ano XXXII - Nº 1.618 • Fundado em 12/05/1989

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Bom Despacho (MG), 30 Setembro 2021 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR

Veja na última página

FERNANDO

CABRAL

ENTREVISTA:

TAMARA BICALHO,

SUBSECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE Página 9

O caminho para a saúde

Procissões e rezas para chover

Página 6

Página 8

PAULO

HENRIQUE

Saúde continua sob gestão do município

Terceirizar ou não, essa é a questão?

ALEXANDRE MAGALHÃES

Página 11

o melhor aniversário em ANOS Página 10

Audiência discute municipalizar o ensino em Bom Despacho

Prefeitura e Una inauguram Clínica de Fisioterapia na Cidade Nova

Página 11

Página 4


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Encontre os novos CEP’s da cidade apontando o celular para o QRCode


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Bombeiros resgatam animal preso a 3m de profundidade > Cachorro caiu em bueiro aberto e estava preso no local há vários dias

Dias 2 e 3 tem vacinação de animais contra a raiva No final de semana, dias 2 e 3 de outubro, a Prefeitura de fará campanha de vacinação de cães e gatos contra a raiva. Sábado, dia 2, serão vacinados os animais na zona urbana e, domingo (3), na zona rural. Veja abaixo os dias, locais e horários da vacinação na cidade e no campo. Os nomes são apresentados em ordem alfabética.

Zona Urbana (Dia 2/10)

Vacinação de 8h às 17h BAR CROCODILO’S (Bairro de Fátima) BAR DO CAETANO (Dom Joaquim) BAR DO NEM (Praça Santa Ângela) CASA DA QUITANDA (Vila Gontijo) CHEVEL CIAME (Bairro Ozanan) IGREJA DO ROSÁRIO (Bairro Rosário) IGREJA NO BAIRRO NOSSA SENHORA APARECIDA MERCEARIA DO POVÃO (Rosário II) MERCEARIA FREITAS (Simião Ferreira) NEI (Bairro Ana Rosa) POSTO PIRAQUARA (Jardim América) PRAÇA DA ESCOLA MIGUEL GONTIJo PRAÇA DA ESTAÇÃO PRAÇA DA MATRIZ (Em frente ao Santander) PRAÇA DO CRISTO (Babilônia) PRAÇA INCONFIDÊNCIA (Em frente ao VAP) QUADRA DA TABATINGa SEDE DA PREFEITURA (Antigo Sesc) SUPERMERCADO CRUZEIRO (Avenida Rio de Janeiro) SUPERMERCADO FIDELIS (Avenida Doutor Roberto) UBS ESPLANADA (Rua Geraldo Xavier) UBS JK (Avenida Guarujá, 642) UBS SÃO JOSÉ (Bairro São José) UBS SÃO VICENTE (Praça do Rotariano)

Zona Rural (Dia 3/10) Vacinação de 8h às 11h ÁGUA DOCE BARREIRO BOM RETIRO CAPIVARI DOS ALVES CAPIVARI DOS MACEDO CAPIVARI DOS MARÇAL CÓRREGO AREADO ENGENHO DO RIBEIRO FAZENDA QUEBRA COCÃO GARÇA LAJE E LARANJEIRA MATO SECO PASSAGEM PULADOR RESSACA RETIRINHO RETIRO DOS AGOSTINHOS SALITRE SAPÉ VILAÇA

ZONA RURAL - Horários diferenciados EXTREMA - 9h30 às 11h LAGOA VERDE - Fazenda Dona Ângela - 8h às 9h15 LIMEIRA - Rancho Brisa do Mar - 8h às 9h15 MACHADO - Fazenda Zinha do Capota - 9h45 às 11h PICA-PAU - 9h45 às 11h PRATA - 8h às 9h15

Na manhã do sábado (18/9) um cachorro foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros de dentro de um bueiro a 3 metros de profundidade na Rua Leopoldina, bairro Realengo, em Bom Despacho. A corporação foi acionada por uma moradora do bairro. Conforme apuração do iBom, o bueiro estava aberto e sem tampa. Para resgatar o cachorro os Bombeiros utilizaram técnica de salvamento em altura e içaram o animal. Quando foi retirado de dentro do bueiro o cachorro estava muito enfraquecido e já não conseguia nem ficar de pé. De acordo com a Assessoria de Comunicação dos Bombeiros, o estado do animal indicava que ele havia caido no local há vários dias. Assim que foi içado um dos bombeiros forneceu água para o cão. Vídeo feito pela corporação mostra o cachorro bebendo água deitado e com dificuldade. Devido ao estado de desnutrição e fraqueza do cachorro, os Bombeiros pediram apoio da Associação Bicho Amigo, que recolheu o animal e o levou para receber assistência veterinária. A corporação ressaltou que a população deve acionar os Bombeiros pelo telefone 193 sempre que encontrar algum animal em risco. (Fotos e vídeo: Corpo de Bombeiros / Bom Despacho)

Polícia pega menor acusado de sequestro, tortura e roubo > Policiais cumpriram mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Um menor de 16 anos foi apreendido em Bom Despacho dia 13/9 cumprindo mandado de busca e apreensão determinadas pela Justiça. De acordo com a Polícia, ele está envolvido em crimes na cidade. Um desses crimes foi sequestro e tortura de uma adolescente no início de setembro, feito em conjunto com outros dois jovens. Nesse episódio, a adolescente foi amarrada, levada para uma mata, torturada e teve o celular roubado. O menor apreendido, que estava sendo rastreado pelas Polícias Civil e Militar, foi pego quando estava em casa dormindo, no bairro Aeroporto, e levado para a Delegacia de Polícia. De lá ele foi transferido para o Presídio de Bom Despacho, onde aguarda transferência para local de cumprimento da medida determinada pela Justiça.

Aponte a câmera do celular para o QR Code abaixo e assista vídeo do resgate

Motociclista cai e morre atropelado por carreta na 262 > Piloto perdeu o controle da moto, caiu na frente da carreta e foi atropelado

Um homem de 42 anos morreu na BR 262 na tarde de ontem, domingo (19/9), ao cair e ser atingido por uma carreta no km 548 da rodovia. De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o motociclista L.M.L. trafegava no sentido Luz/ Campos Altos quando perdeu o controle da moto numa curva. O piloto caiu da moto e foi atropelado por uma carreta Volvo de Uberlândia que trafegava na pista contrária. Ele morreu no local. A PRF não informou de onde era a vítima. A moto ainda seguiu desgovernada e só parou 47 metros à frente. O motorista do caminhão, de 51 anos, não teve ferimentos. A Perícia Técnica da Polícia Civil de Bom Despacho compareceu no local para fazer o laudo da morte da vítima. Equipes da PRF e da concessionária Triunfo Concebra também atenderam a ocorrência. O trânsito no local foi feito alternadamente numa só pista até 19 horas (iBom) / Foto: PRF

BR 262: carreta tomba, mata motorista e fecha trânsito na rodovia por 24h PÁGINA 5


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Prefeitura e Una inauguram Clínica de Fisioterapia Irmã Maria na Cidade Nova No sábado (25/9), a Prefeitura de Bom Despacho inaugurou a Clínica de Fisioterapia Irmã Maria, no bairro São Vicente. Montada em parceria com a Una Bom Despacho, a clínica foi instalada no antigo prédio da Ruralminas, na rua Irmã Maria, 495, perto do Cruzeiro. O imóvel foi reformado e adaptado para comportar as novas instalações da clínica. A solenidade de inauguração reuniu lideranças políticas, representantes da Una, profissionais de saúde e moradores da região. Na sua fala, o prefeito Bertolino da Costa ressaltou o simbolismo do nome dado à clínica. “Irmã Maria foi uma mulher que, com quase nenhum recurso, assistiu toda a população carente de Bom Despacho, com sérios problemas sociais, em uma época que não havia quase nenhum programa social para o acolhimento. Sozinha com outras freiras e a colaboração da população mais abastada

da cidade, ela conseguiu dar comida, teto, alfabetizar e dar profissão a pessoas que estão por toda a cidade”, afirmou o prefeito. Conforme o Jornal de Negócios informou em agosto de 2020, a Clínica de Fisioterapia Irmã Maria está equipada com 17 macas, 3 consultórios, aparelhos de fisioterapia e infraestrutura necessária para comportar a demanda dos bairros da região da Cidade Nova. De acordo com a Una, a clínica tem “capacidade para mais de 2.000 atendimentos por mês em diversas especialidades da Fisioterapia”. Ainda segundo a instituição, a clínica permitirá aos alunos de Fisioterapia “vivenciarem na prática o conhecimento adquirido em sala de aula e desenvolverem habilidades interpessoais indispensáveis ao exercício da profissão”. Todos os serviços e tratamentos oferecidos na clínica serão gratuitos.

Daniela Vasconcelos (esq), coordenadora da Una, o prefeito Bertolino e Cínthia Rocha (dir), diretora da Una.

Paciente sendo atendida na clínica Irmã Maria

Paciente sendo atendida na clínica Irmã Maria

Bertolino (esq), o vereador Fernando Cabral e o deputado Fábio Avelar vistoriando as instalações da clínica

Fotos: Ascom/PMBD

> Local tem capacidade para 2.000 atendimentos mensais e vai receber pacientes dos bairros da região


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O tombamento de uma carreta na BR 262, entre Luz e Bom Despacho, dia 20/9, matou seu motorista e interditou totalmente o tráfego na rodovia durante 24 horas. A carreta Volvo 370, carregada de álcool combustível, tombou no km 517 e ficou atravessada na pista. Sua cabine foi destruida. A carga de álcool ficou vazando na pista. Equipes do Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal e concessionária Triunfo Concebra atenderam a ocorrência. A interdição da rodovia foi necessária devido ao risco de explosão do tanque de álcool. A fila de veículos parados chegou no km 487, perto de BD. Devido à interdição da BR 262, a opção para seguir viagem no sentido Triângulo Mineiro foi entrar no trevo de Moema pegando a MG-170, seguir até Lagoa da Prata, de lá pegar a MG-429 e depois a MG-176 até Luz. Em sentido contrário o caminho é o mesmo. Esse desvio tem 87 km de extensão. As causas do acidente ainda não foram apuradas. Em rede social, um motorista publicou áudio alertando do acidente e afirmou que pouco antes tinha sido ultrapassado pela carreta em alta velocidade.

Aponte a câmera do celular para o QR Code ao lado e assista vídeo do acidente

Fotos: PRF, Bombeiros e Redes sociais

BR 262: carreta tomba, mata motorista e fecha trânsito na rodovia durante 24h

Carreta foi retirada por guindaste A retirada da carreta atravessada na pista foi feita por um guindaste. O equipamento foi levado até o local pela empresa transportadora responsável pela carga e começou a remoção no final da tarde de terça-feira (21/9). O corpo do motorista, preso nas ferragens da cabine, foi

retirado pouco antes. Ele estava morto desde o dia anterior - conforme constatou a médica do serviço de resgate da concessionária Triunfo Concebra - mas seu corpo só foi removido depois de eliminado o risco de explosão no local. O vazamento do etanol transportado pela carreta trazia risco para as

equipes de atendimento que trabalhavam na cena do acidente. Possíveis danos ambientais e contaminação do solo pelo álcool derramado que escorreu pelas canaletas da rodovia também deverão ser apurados (iBom) / Fotos PRF e Corpo de Bombeiros Bom Despacho.


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ComidadeVerdade:caminhoparaasaúde Nos últimos cem anos algumas doenças aumentaram muito sua presença entre nós. Doenças que eram raras, como as cardiovasculares, o câncer e o diabetes passaram a constar entre as principais causas de afastamento do trabalho e de morte. Elas também dão causa aos maiores gastos do sistema de saúde, seja público — como o SUS — seja privado — como os planos de saúde. As causas são conhecidas e reconhecidas: má alimentação, sedentarismo e estresse permanente. Considerando o que sabemos, há muito que cada um de nós pode fazer para adoecer menos, viver mais tempo e morrer com saúde.

FERNANDO

CABRAL

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e vereador em Bom Despacho

Morrer com saúde pode parecer coisa sem sentido, como se fosse um paradoxo ou oximoro. No entanto, não é. Temos visto que, em média, um idoso passa os últimos 10 anos de sua vida de forma quase vegetativa. Toma muitos medicamentos, exige constantes cuidados médicos e não tem vida social ativa. É neste contexto que se pode compreender a expressão morrer com saúde.

Morrer com saúde significa aproveitar a vida até o último suspiro. Significa tomar poucos medicamentos, ou nenhum; reunir-se com os amigos, participar de atividades esportivas, ler (se tiver prazer nisto), não sentir dores constantes, ter energia para se movimentar, cuidar dos próprios negócios. Morrer com saúde significa deitar-se depois de mais um dia fantástico de uma vida longa e saudável e nunca mais acordar. Significa partir assim, sem dor, sem sofrimento, sem angústia, sem incomodar os parentes. Partir porque o prazo de validade venceu, não porque uma doença sofrida nos acometeu. Para trás ficarão apenas as boas lembranças de quem viveu plenamente até o fim. O estresse não existe para nos adoecer, ele existe para nos proteger contra os perigos reais que enfrentamos. Por exemplo, quando uma cobra sob os nossos pés assume posição de bote, nós sofremos uma descarga de adrenalina e vários mecanismos de ataque e fuga são ativados. Nosso corpo se prepara para a ação. Pode ser fugir, pode ser

matar a cobra. Qualquer destas atitudes nos permite sobreviver para mais uma aventura. O estresse cumpre o seu papel quando nos prepara para agirmos rapidamente. Passado o perigo, o objetivo do estresse se esgota. É hora de tudo voltar ao normal. A pressão arterial e a pulsação devem cair; a pupila dilatada deve se contrair e os vasos contraídos devem se dilatar. Hormônios como o cortisol e a adrenalina se reduzem. O fígado precisa diminuir a produção de glicose e de triglicérides. A respiração deve se acalmar. As reações que o organismo sofre durante o estresse são úteis no momento do susto, mas, passado o perigo, elas se tornam desnecessárias e perigosas. Não podemos viver permanentemente com a pupila dilatada, glicose em excesso, pressão arterial alta, coração acelerado, respiração intensa. Se este retorno ao normal acontecer rapidamente, o estresse, além de nos livrar do perigo, também nos tornará mais fortes. Isto é bom. Mas, no mundo em vivemos, a maior parte das pessoas não consegue se livrar do estresse provocado por fatores reais ou imaginários. Pode ser a conta para pagar, a briga com o patrão, o desentendimento familiar, o eletricista que não veio fazer o serviço urgente, o medo do fracasso. Quando a pessoa vive assim, sob estresse permanente, ele deixa de nos proteger e passa a ser nosso carrasco. Nossa vida perderá qualidade e será encurtada em anos. Para viver longamente e morrer com saúde, precisamos aceitar o estresse útil e nos livramos do estresse inútil e perigoso. O sedentarismo como prática coletiva é invenção do último século. Desde que apareceu sobre a Terra até um século atrás o ser humano foi fisicamente

ativo. Muito ativo. Do nascer ao por do sol, todos precisavam caminhar, correr, carregar peso, movimentar-se para lá e para cá, subir em árvores, descer barrancos e de vez em quando correr de algum animal. Não havia elevador, nem controle remoto, nem carro, nem avião, nem escrivaninhas e escritórios. Da criança ao idoso, todos se movimentavam o dia inteiro. Após milhões de anos vivendo em movimento constante, nosso corpo se preparou para isto. Tudo nele é preparado para extrair benefícios dos movimentos. Exercitar os músculos nos torna mais inteligentes, mais perceptivos, mais atentos, mais flexíveis e mais felizes. A atividade física afasta as doenças e prolonga nossa vida. Apesar disto, temos nos esforçado para eliminar ao máximo toda forma de exercício. Construímos camas, cadeiras, escrivaninhas, elevadores, carros, controles remotos, entrega domiciliar. A maioria faz o que estiver ao seu alcance para não fazer nada que envolva ativar os músculos. Combinado com o estresse permanente, este sedentarismo nos leva a uma vida mais curta e nos conduz para uma morte arrastada, dolorosa e agoniada. O terceiro elemento que mais contribui para o aumento do câncer, das doenças cardiovasculares e do diabetes é a alimentação. No último século as substâncias comestíveis se tornaram mais abundantes, mais baratas e mais calóricas. Além disto, passaram a conter moléculas com as quais o nosso organismo não sabe lidar. A consequência disto é que estamos morrendo pela boca. O primeiro e mais visível dos efeitos destas substâncias comestíveis é a obesidade. Cem anos atrás, ser obeso ou mesmo ter pequeno sobrepeso era raridade; hoje, é uma pandemia.

Com o sobrepeso costumam vir o diabetes tipo II, as doenças cardiovasculares e os cânceres em suas variadas formas.

são a banha de porco e a manteiga; são as verduras colhidas na horta; são as frutas colhidas na natureza, na estação própria.

O principal problema na alimentação está nas substâncias comestíveis de interesse das grandes empresas. Elas não investem em saúde e qualidade nutricional, mas sim, em margens de lucro. Por isto mesmo lançam no mercado produtos que tenham menor custo de produção, vida mais longa na prateleira do supermercado e a maior capacidade viciante.

Em todos os países, a eliminação destes alimentos tradicionais e sua substituição por substâncias comestíveis produzidas pela indústria acarretou obesidade, diabetes, câncer, doenças cardiovasculares.

Foi com base nestes critérios que a indústria passou a produzir as gorduras trans que são baratas e viciantes. Este é um dos componentes que esteve nas margarinas e gorduras hidrogenadas em geral por mais de 100 anos. Por ironia, embora causem doenças cardiovasculares, a propaganda sempre dizia que elas eram amigas do coração. Nunca foram! Mesmo assim, só recentemente os órgãos de saúde proibiram o uso de gordura trans em substâncias comestíveis.

Não estamos morrendo mais de câncer porque estamos vivendo mais. Na verdade, os cânceres estão aumentando em todas as faixas etárias.

Outra substância comestível que a indústria introduziu como protetora do coração foram os óleos de sementes, como milho, arroz, soja. Na verdade, são inflamatórias, não protegem o coração e ainda causam dependência quando combinados com sal. Estes óleos são um desastre para quem quer ter boa saúde. O pior, porém, é que estas substâncias comestíveis maléficas tiraram das nossas bocas os alimentos de verdade. Aqueles com os quais a humanidade se acostumou ao longo de milhões de anos. Aqueles que mantiveram nossos avós protegidos dos cânceres, do diabetes tipo II, das doenças cardiovasculares, da obesidade. Que alimentos são estes? São as carnes de porco, de vaca e de frango criados à moda antiga; são os ovos, leites e derivados;

Estas doenças já existiam desde que o mundo é mundo, mas eram raras. Agora são as doenças mais comuns.

Não estamos tendo mais diabetes porque estamos vivendo mais. Na verdade, o diabetes tipo II, que era raro e só costumava aparecer em adultos com mais de 40 anos, agora está aparecendo até em crianças. O mesmo acontece com as doenças cardiovasculares. Elas pouco atacavam as mulheres e os jovens, mas atualmente não deixam ninguém de fora de sua colheita macabra. Estas doenças estão matando mais por três motivos: a) porque não aprendemos a alternar momentos de estresse com momentos de calma e recuperação; b) porque passamos tempo em demasia sentados e deitados, e tempo de menos sobre nossos pés em movimento; c) porque substituímos a comida de verdade que nossos avós comiam por substâncias comestíveis que nosso corpo não sabe digerir. Não temos como nos livrar totalmente das doenças e não podemos evitar a morte. Podemos, porém, ter uma vida mais longa e mais saudável controlando o estresse, movimentando os músculos e comendo comida de verdade.


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BD: Polícia investiga morte de jovem de 17 anos numa festa As Polícias Militar e Civil estão trabalhando para apurar as circunstâncias e os responsáveis por disparos de arma de fogo que deixaram dois feridos e mataram uma jovem de 17 anos durante uma festa, na madrugada de sábado (25/9), em Bom Despacho. Três pessoas foram baleadas: dois homens de 21 e 28 anos - um atingido na mão e outro na coxa -, e uma mulher de 17 anos, que tomou um tiro na virilha. Segundo as vítimas, um homem teria chegado no local atirando e acertado os três. Após ser atingida a jovem caiu sangrando muito. Foi socorrida pelo namorado, de 20 anos, e levada para a UPA, mas deu entrada na unidade já sem vida. O episódio gerou comoção em redes sociais de Bom Despacho. Na primeira versão contada aos policiais pelas vítimas, o crime teria ocorrido às 4 horas da manhã numa festa realizada na zona rural de Moema. Mas a PM desconfiou dessa versão, percorreu a área indicada, ouviu moradores da região e não encontrou indícios de que teria havido festa no local. O iBOM apurou que, no sábado, equipes da Polícia Militar passaram o dia quase todo investigando para achar o local da ocorrência. De tarde, descobriram que o crime tinha

Imagem ilustrativa

> Mulher de 17 anos foi atingida e por tiro de pistola na virilha e chegou na UPA sem vida

acontecido numa residência do bairro São Vicente. Após descobrir o local verdadeiro do crime, a PM foi até a residência indicada e lá descobriu restos de sangue na calçada do imóvel. A casa tinha sido lavada, mas os policiais ainda descobriram pingos de sangue na parede e um cartucho de calibre 380 na

varanda. A Polícia Civil esteve na residência e fez perícia no local, confirmando os vestígios encontrados e também a adulteração feita na cena do crime. A partir daí a Polícia passou a tratar os três envolvidos como suspeitos - o namorado da vítima e os dois baleados. Diante da situação, dois deles

admitiram que o crime tinha acontecido na casa do São Vicente, onde morava um dos baleados. Mas nenhum dos três revelou a autoria dos disparos e a dinâmica dos fatos. O caso agora está sendo investigado pela Delegacia de Polícia Civil, que está ouvindo mais pessoas para apurar o que aconteceu no local (iBom)

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Procissões e rezas para chover dre era o padre João, que mesmo a insistentes pedidos demorava a atendêlos. Ninguém entendia por quê? Dizem que lenda ou realidade, o mistério estava no galinho da torre.

plantações.

Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL

Encontrei no Facebook uma mensagem, ilustrada com foto de pessoas jogando água numa grande cruz de madeira. A mensagem postada por Vera Lúcia Lima, prima da Geni, traz prece pedindo chuva. “Jesus, nós confiamos em sua misericórdia.” E ela comenta: “Fomos rezar, jogar água na Santa Cruz, pedindo a Jesus Sacramentado que mande chuva para nós.” Lembrei-me então desse velho costume dos anos 50, que pensei, erroneamente, não se usava mais. Mas a postagem da Vera mostra que nossa população ainda usa, para pedir chuva, rezas, procissões e jogar água na cruz. Vou relembrar alguns acontecimentos que ainda estão em minha memória sobre tal assunto. Em Bom Despacho Ouvi alguns comentários que em nossa cidade, este ano, os fiéis estão organizando novenas e levando vasilhas com água e jogando na Cruz do Monte, rogando a Deus que envie chuva, nesse ano de tão grande seca. Com fé e devoção, eles creem que o Pai Celestial possa nos socorrer, nestes tempos secos, com a água que vem do céu para beneficiar, em todos os aspectos, os seus filhos nesta terra tão castigada por queimadas, calor e sequidão prejudiciais à nossa saúde, aos pastos, aos animais e às

Na fazenda As fazendas abrigavam grande parte dos habitantes do município e dependiam de chuvas para sua própria sobrevivência. Lá no Raposo, propriedade de meus avós, nos anos de 1950, minha avó Maria reunia os moradores, em grande número: homens, mulheres, jovens, velhos e crianças. Dava uma vasilha a cada um dos participantes. Todos iam à bica d’água do terreiro da cozinha e as enchiam. Contritos, em procissão, caminhávamos em fila até a antiquíssima cruz de madeira, plantada por antepassados. Vovó ia puxando as rezas e cantigas, entre as quais, ainda hoje, de uma me recordo e cantarolo de vez em quando:

Galinho da Torre Desde tempos imemoriais do arraial, da igreja velha até hoje, um galinho de metal encima uma das torres da matriz. Ele ditava a previsão do tempo nas terras do Bom Despacho do Picão. Como é rotatório, de acordo com os ventos, dizia-se que quando aponta para a direção do Engenho do Ribeiro, hoje pro lado do edifício Bom Despacho, antigamente um casarão sede da Casa do Conselho (Câmara Municipal e Prefeitura), onde despachava o prefeito – o Manda Chuva do lugar – aí era batata. Galinho apontando para a casa do Manda Chuva era chuva na certa caindo para todos.

Cruz do Monte

“Santa Maria, Maria Madalena, / Pedi a Nosso Senhor que nos dê chuva! / Chuva sobre a terra. / Chuva que nos molhe. / Pão que nos console. / Pois somos pecadores. / Não havemos de morrer a fome!”

Mas aí voltemos ao bondoso e santo Padre João. Meu pai, um dia conversando com ele, confidenciou: - Ó Padre João, o povo tá dizendo que o senhor virou santo! E ele no seu sotaque alemão: - Uai, por que isso senhor Domingas Leite?

Todos molhavam a cruz com a água de suas vasilhas e voltávamos para casa, certos de que Deus ia nos atender. Não era como hoje que todos se desesperam com as previsões da televisão, do computador e do celular que anunciam seca para daqui a uma semana duas, três ou mais. Os milagres do Padre João Um dos padres muito queridos que serviu por muitos anos em Bom Despacho, inesquecível para as pessoas de minha geração, foi

E meu pai: - Porque toda procissão à Cruz do Monte que o senhor faz rogando chuva, o pessoal volta pra casa já debaixo de uma manga d’água.

Galinho no alto da torre traseira da igreja matriz de Bom Despacho o Padre João Heffels, que, hoje na cidade a que tanto se dedicou e amou, tem uma praça com seu nome e nela um busto seu. Era costume os padres, muitas vezes, durante as

secas bravas, baterem os sinos da matriz a chamarem os fiéis para uma procissão até à Cruz do Monte. Uma multidão, debaixo de um sol a pino, calor escaldante, subia até à parte mais alta da cidade, levando suas

vasilhas com água para molhar o sagrado cruzeiro. Em muitas ocasiões, a chuva esperada não vinha, nem com as preces do padre e do povo. Contam que exceto quando o pa-

E o padre: - Eu não ser santa não, senhorr Domingas, é que eu só faço a procissão pra pedir chuva quando o galinho aponta para a Engenho do Ribeiro! Lenda ou realidade, passo aos meus leitores, mais um caso do Bom Despacho de antigamente.


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Bom Despacho (MG), 30 Setembro 2021

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Entrevista exclusiva: Tamara Bicalho, subsecretária municipal de Saúde

Tamara: o atendimento de saúde continua sob gestão do município município? TAMARA - O município continua responsável pela qualidade e eficiência do serviço. A instituição contratada vai cumprir as determinações da Prefeitura para selecionar e contratar os profissionais necessários ao atendimento das demandas. Se não houver o profissional em Bom Despacho, a instituição vai buscar fora. Ou seja: a Saúde continuará sendo gerida pela Prefeitura. A responsabilidade continua sendo da Secretaria de Saúde. O que precisamos é buscar meios de oferecer os serviços necessários e não deixar faltar profissionais para atender a população.

Aos 38 anos, a psicóloga Tamara Bicalho é a atual subsecretária municipal de Saúde de Bom Despacho. Nascida em Belo Horizonte, ela passou sua infância e adolescência em Bom Despacho. Graduouse em Psicologia e fez pós-graduação em Gestão do SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Em 2014 ingressou na Secretaria de Saúde, onde exerceu até 2019 o cargo de coordenadora de RH e Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Em 2020 assumiu a subsecretaria da pasta. Atualmente, um de seus desafios é implantar a terceirização da prestação de serviços de saúde. Essa medida, segundo ela, permitirá ao município oferecer atendimentos hoje não disponíveis. “É medida emergencial e provisória para garantir o atendimento dos usuários” mas a Saúde continua e continuará sob gestão e responsabilidade do município, afirma Tamara. Veja na entrevista exclusiva dada por ela ao editor Alexandre Coelho.

JORNAL DE NEGÓCIOS Por quê a Prefeitura quer terceirizar a saúde em Bom Despacho? TAMARA - Primeiro, é importante desfazer um equívoco: a Prefeitura não pretende em momento algum terceirizar a saúde. A Saúde continua e continuará sob gestão e responsabilidade da Secretaria de Saúde. O que buscamos nesse mo-mento são meios de garantir a prestação de alguns serviços de saúde que hoje o município tem dificuldade de oferecer. JN - Como assim?

TAMARA - O problema afeta as Unidades Básicas de Saúde, Saúde Mental, Centro de Referência em Atendimento de Covid (Unidade Sentinela) e Políclínica (Centro de Especialidades); Saúde Bucal; serviços de Psicologia, Fisioterapia, Nutrição e Fonoaudiologia. Essa falta de profissionais está trazendo risco até de interromper alguns atendimentos. JN - Por que a Prefeitura tem dificuldade para contratar profissionais de saúde?

TAMARA - A Prefeitura está com dificuldade para contratar médicos, enfermeiros, dentistas e técnicos de Enfermagem, entre outros, para as unidades de saúde do município. Por isso, às vezes faltam profissionais para atender à população. Hoje há pessoas aguardando atendimento por falta de profissionais. E sabemos que saúde não espera. A terceirização vai ajudar a implementar serviços que hoje não temos.

TAMARA - Hoje, a média salarial paga a esses profissionais pela Prefeitura está abaixo do que é oferecido em outras cidades da região. A pandemia de Covid aumentou a procura por profissionais da saúde. Por isso o mercado está pagando mais. Com salários menos atrativos aqui, alguns profissionais preferem trabalhar em outras cidades. Não estamos conseguindo completar nosso quadro de profissionais para atender todas as especialidades.

JN - Quais unidades sofrem com a falta de profissionais?

JN - Por quê a Prefeitura não oferece salários maiores?

JN - Já existem serviços terceirizados na saúde em Bom Despacho?

TAMARA - Há dois impedimentos. Um é a Lei Complementar federal 173/ 2020 que proibe aumento de despesa com pessoal até 31/ 12/2021 por causa da pandemia de Covid. O outro é a impossibilidade de conceder aumento só para servidores da saúde. Na Prefeitura existem defasagens históricas. O reequilíbrio dos salários do funcionalismo depende da conclusão do Plano de Cargos e Salários, que está sendo elaborado e deve ficar pronto até março de 2022, após ampla discussão com os servidores. Depois de pronto, o Plano de Cargos ainda terá de ser votado e aprovado pela Câmara Municipal. Ou seja: não há expectativa de solução a curto prazo. Veja que de 2013 até hoje a Prefeitura realizou seis concursos públicos e 22 processos seletivos. Mesmo assim não conseguimos completar o quadro de profissionais da saúde. Pode fazer novo concurso, mas os cargos e salários continuarão os mesmos. Por isso é preciso aprovar o Plano de Cargos e Salários para resolver o problema em definitivo.

A situação é tão preocupante que o Ministério Público já embargou um processo seletivo da Prefeitura alegando falta de pagamento do piso salarial da categoria. JN - E como a terceirização dos serviços vai resolver a situação? TAMARA - A lei permite que o município contrate empresa ou organização social (OS) sem fins lucrativos para oferecer os serviços de saúde que estão faltando. É um serviço complementar, administrado pela Prefeitura. A empresa ou OS é selecionada por licitação pública e contrata os profissionais de saúde que forem necessários para atender a população, pagando o valor de mercado. Nesse caso não há vinculação aos salários do funcionalismo. É medida emergencial e provisória para conseguirmos todos os profissionais necessários para atender à população na rede municipal de saúde. JN - De quem será a responsabilidade pelo atendimento? Da terceirizada ou do

TAMARA - Sim, existem muitos serviços terceirizados na saúde do município. Todos com bons resultados. São serviços de laboratórios de análise clínicas, exames de imagem, Raio-X, ecoterapia, fonoaudiologia e muitos especialistas credenciados. A terceirização ampliou a rede de serviços, diminuiu as filas de espera, aumentou o número de pessoas atendidas, ofereceu novas especialidades médicas, aumentou a quantidade e a qualidade de exames. As mesmas clínicas que fazem exames particulares fazem também exames para os pacientes do SUS atendidos na Prefeitura. A Nefrobom é um bom exemplo da terceirização de serviços. É uma clínica particular, um serviço terceirizado pelo próprio SUS. Todo mês a Prefeitura de Bom Despacho repassa mais de R$ 380 mil para a Nefrobom atender pacientes de hemodiálise do SUS. É um serviço terceirizado que funciona bem. JN - O Pronto Atendimento (PA) também é serviço terceirizado? TAMARA - Sim. O PA é outro exemplo de terceirização. A Prefeitura contrata o Lactário para prestar atendimento de urgência e emergência no PA. A diferença é que, no caso do PA, a gestão dos serviços fica a cargo do próprio Lactário. No caso da terceirização da prestação de serviços em saúde que estamos tratando, eles continuarão sendo administrados pela Prefeitura. JN - Com a terceirização,

efetivos perderão suas funções? TAMARA - Não. Em hipótese alguma. Os efetivos continuarão nas funções que já exercem. Os profissionais de saúde contratados por terceirização da prestação de serviços vão preencher lacunas na equipe. Hoje a Saúde tem 96 servidores efetivos no atendimento à população. Esse número é insuficiente. Por isso precisamos contratar outros para atender as demandas existentes. JN - Mas os efetivos terão mudança de jornada ou local de trabalho, por exemplo? TAMARA - Os efetivos continuarão trabalhando nas unidades, sem alteração. Continuarão trabalhando no mesmo local. A proposta é contratar empresa ou OS parceira que garanta profissionais que hoje estão em falta para determinados atendimentos. JN - Um dos argumentos usados contra a proposta é que terceirizados não contribuem para o BDPrev... TAMARA - Hoje, a Secretaria de Saúde tem 266 funcionários contratados por processo seletivo. Contratados não contribuem para o BD Prev, mas para o INSS. Portanto, a terceirização não altera esse cenário. O que vai beneficiar o BDPrev é a realização de concurso público depois que o Plano de Cargos e Salários estiver pronto e aprovado pela Câmara. Nossa preocupação agora é garantir assistência de saúde para a população. Do jeito que está, faltando profissionais, só conseguiremos isso através de contratação da prestação de serviços. JN - Vai mudar alguma coisa para o usuário? Haverá algum custo? TAMARA - Vai mudar para melhor. Os usuários terão serviços que hoje estão faltando pela dificuldade de contratar profissionais. O atendimento continua normalmente pelo SUS. Nada será pago. Repito: não haverá privatização de serviços nem transferência de responsabilidade, mas melhoria do atendimento. A gestão da saúde continuará com o município.

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Bom Despacho (MG), 30 Setembro 2021

Duas cartas sobre o antigo Carnaval de Bom Despacho

LÚCIO EMILIO JÚNIOR O texto “Acabou Nosso Carnaval”, publicada na edição N° 1.615 do Jornal de Negócios, de 15.08.2021, teve como resultado, para mim, essas duas interessantes cartas que gostaria de partilhar com vocês: "Ei Juninho, beleza? Só agora consigo dar uma parada para lhe enviar as duas letras, como combinado. Na verdade, na semana passada eu procurei, nos meus arquivos, um panfleto com a música “Nós dois pela cidade”, mas não encontrei. Achei uma menção, no Jornal Realidade, de 1994, tratando rapidamente do samba-enredo oficial do carnaval daquele ano que tinha sido a marcha composta por mim. Em 1988, eu, o Murilo Marques Gontijo e o Gui Hamdan Gontijo estávamos no bar da Fifi e do Boleka que ficava na rua Vigário Nicolau. Eles me pediram para compor uma música para a turma Trambique desfilar no carnaval. Eu pensei numa marchinha e escrevi a primeira versão da letra em um guardanapo, naquela própria noite. Chegando à minha casa, acabei de dar uns retoques na letra e na estrutura musical. Depois, o Amauri (não sei o sobrenome dele, é bom saber), da turma Pilek foi à minha casa e me pediu um samba-enredo, disse que iriam desfilar de azul e branco que os homens desfilariam vestidos de malandros e as mulheres de vedetes, etc. Eu ajuntei as ideias com o centenário da abolição da escravatura e fiz o samba. Eu cantei as duas músicas, acompanhado pelo violão, em um palanque montado na Rua Dr. Miguel, próximo ao Beco da Duca (Rua Dalila Vieira). A Trambique desfilou de forma muito irreverente, curtindo a vida. A Pilek também estava

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Meu melhor aniversário em muitos anos de vida

curtindo a festa, mas de modo mais organizado, levou o primeiro lugar no carnaval de 1988. Boas lembranças! Abraços! Obrigado pela lembrança do meu trabalho e tudo de bom!" A seguir, Roniere mandou mais uma: "Júnior, lembrei-me de um dado a mais na história da criação das músicas em 1988. Eu e o Beto (conhecido como Beto Brinquinho) tínhamos feito uma viagem a Uberaba onde ficamos uma semana fazendo cursos no Festival de Verão. Eu fiz um curso de composição musical contemporânea e o Beto fez um curso de teatro e participamos de algumas oficinas. Lembro-me de ter feito uma oficina de violão, o Beto fez uma de teatro de bonecos. Eu me apresentei em concerto final tocando “E agora José”, de Paulo Diniz e Carlos Drummond e ainda compus uma peça que foi apresentada pelo coral, de que o Beto também participava, em um outro evento de encerramento. Foram dias muito ricos, muitas informações, novas amizades, saídas à noite com a turma do festival, etc. E aquele tema do centenário da abolição aparecendo em diversos eventos, na mídia, em manifestações do movimento negro, etc. Acho que essa boa energia e essas informações contribuíram para as duas criações serem feitas em tão pouco tempo. Isso aliado à necessidade de compor em curto prazo por conta do carnaval. Já ouvi que a cobrança de prazo pode ser a melhor das musas. Rss. Abraços! Roniere Menezes"

Lucio Emílio Júnior é filósofo, professor e escritor

ALEXANDRE

MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

Nunca fui fã de comemorar aniversário. O meu, pelo menos, nunca gostei de comemorar. Nunca convidei pessoas para comer bolo ou para festinhas no dia de meu nascimento. No escritório, quando alguém lembrava da data, acabava aceitando o convite para almoçar com os colegas de trabalho. Também nunca me apeteceu ganhar presentes. Prefiro presentear a ser presenteado. Gosto de ser criticado e não aceito muito os elogios. Eles me parecem um pouco falsos e pouco produtivos. A crítica me faz melhorar, enquanto os elogios me deixam mais acomodado. Coisas de minha personalidade. Mas, minha namorada bomdespachense adora comemorar aniversários em geral, especialmente os dela e os meus. E adora elogiar. Coisas de sua personalidade. Ela decidiu que viria a São Paulo no último fim de semana, data de meu aniversário, pois queria estar junto em data “tão relevante”, na visão dela. Meio a contragosto, aceitei que viesse, mas pedi para não focarmos no aniversário. Que fizéssemos algum passeio legal. Ela lembrou que eu havia comentado há alguns meses sobre um passeio a pé pela Estrada Velha de Santos. Esta estrada era o único jeito de descer da cidade de São Paulo para o litoral paulista até os anos 1950. Hoje, a estrada é um parque estadual, não circulam mais veículos e só se pode caminhar

por ela. Nem bicicletas são permitidas. A estrada é de cimento e brita, sem asfalto. Há trechos de pedras. Uma mão para descer e outra para subir, diferente das 7 pistas da Via Anchieta ou da Via Imigrantes. Minha namorada bom-despachense propôs que fizéssemos esse passeio no sábado, dia de meu aniversário. Comprou as duas entradas pela internet e veio me visitar. Eu, que havia feito o trajeto da Estrada Velha de Santos há muitas décadas, nem lembrava direito como chegar lá. Olhamos em vários sites e decidimos que iríamos usar transporte público: metrô, da estação Santana até a Luz (dez minutos), depois, trem da Luz até Ribeirão Pires (trinta minutos), depois um ônibus que nos deixaria na Estrada Velha de Santos (20 minutos). Decidimos que caminharíamos os nove quilómetros da estrada até chegarmos em Cubatão, já no litoral paulista, e voltaríamos de ônibus até São Paulo. A parte do metrô e do trem estiveram dentro do script. No ônibus a situação se complicou: começou a chover forte. Quando descemos do ônibus, ainda sob forte chuva, encontramos uns ciclistas sob uma marquise da parada de ônibus, protegendo-se do aguaceiro. Como a situação estava constrangedora, já que estávamos os quatro adultos em um espaço que cabiam duas pessoas, mais as bicicletas e a chuva, puxei conversa: “vocês conhecem por aqui? Sabem onde é a Estrada Velha?”, comecei. “A Estrada começa ali, mas a entrada do parque está a cinco quilómetros daqui”, respondeu o rapaz, que prontamente foi desmentido pela moça que o acompanhava. “São dez quilômetros até a entrada do parque”, concluiu. Quando a chuva parou, come-

çamos a caminhar. Para nossa sorte, o tempo estava nublado, pois a moça tinha razão: eram mais de dez quilómetros. E não havia taxi ou Uber ou ônibus na estrada. Chegamos ao parque na hora do almoço. Recebemos as instruções de que não havia comida no trajeto, havia alguns monumentos históricos, muitos bichos e muita decida até Cubatão. Apesar de cansados dos dez quilómetros já percorridos, iniciamos os nove quilómetros de descida com boa expectativa. A área era linda, muitas árvores e pássaros. Logo no início cruzamos uma grande ponte com um super lago embaixo. Cheio de ilhas e muito verde, a recepção já prometia uma linda caminhada. Logo depois, uma antiga construção do século XIX, paredes de pedra, ruínas que nos lembraram nossa viagem a Machu Pichu, no Peru. Descemos os nove quilômetros diante paredões de árvores, para cima e para baixo, cortada pela antiga e conservada Estrada Velha. Alguns monumentos ainda estão ali, alguns da época do Império. Uma calçada de pedras, com um metro de diâmetro corta a Estrada Velha em vários pontos, como se um atalho fosse. Parecia que estávamos realmente em Machu Pichu e em suas estradas de pedra. Em raros momentos, aquela paisagem verde é cortada por árvores de outras cores. Uma amarela, como um ipê, ou uma toda avermelhada se destacavam. Depois de alguns quilómetros caminhando extasiados com a natureza exuberante, começamos a ver o litoral paulista: Cubatão, Santos, Guarujá, Praia Grande, o barulho do mar a muitos quilómetros de distância, as refinarias de petróleo, o fogo nas torres, um

misto de natureza e ação humana nos pegou de surpresa. Muitas cachoeiras, algumas quase sem água, outras com muita água, todas tocando uma sinfonia relaxante e vibrante os acompanharam em todo o trajeto. Foi meu melhor presente de aniversário em muitos anos. Quando chegamos a Cubatão, descobrimos que não havia sinal de telefonia para chamar um Uber. Como já estávamos craques na caminhada, fomos a pé até a rodoviária de Cubatão, ou seja, mais uns cinco quilómetros. Exaustos, descobrimos que um ônibus acabara de sair rumo a São Paulo e o próximo só sairia em duas horas. Por sorte, descobrimos uma moça que estava na mesma situação que nós e decidimos chamar um Uber para voltarmos juntos a São Paulo. No trajeto, descobrimos que havia um mini Brasil a bordo do carro: eu, paulistano, minha namorada, de Bom Despacho, a Sandra, a moça da rodoviária, do Maranhão e o Jonny, motorista, de Manaus. Contamos de nosso longo passeio a pé e incentivamos todos a fazerem o trajeto com suas famílias. Esse passeio só se equipara a minhas caminhadas pela Lapinha, região maravilhosa da Serra do Cipó, ou a travessia do Tabuleiro, caminhada de trinta e poucos quilómetros que fizemos também na região da Lapinha, ambos em Minas. Foi o melhor presente que ganhei de aniversário em muitos anos. Agora, com licença, raro leitor e rara leitora, que vou fazer uma salmoura nas pernas e pés, que estão destruídos de tanto caminhar. Vejam as fotos acima e confiram se há alguma mentira em minha narrativa.


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Bom Despacho (MG), 30 Setembro 2021

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Audiência pública discute Terceirizar ou não a saúde, municipalização do ensino essa é mesmo a questão? Na quinta-feira (30/9) haverá audiência pública na Câmara Municipal para discutir o projeto de municipalização de quatro escolas da rede estadual em Bom Despacho. O Projeto de Lei N° 89/2021, enviado pelo prefeito Bertolino da Costa, prevê a transferência para escolas municipais de turmas que estudam nas Escolas Chiquinha Soares, Coronel Robertinho e Maria Guerra, e

municipalização da Escola Egídio Benício – num total de 852 alunos. Em contrapartida, Bom Despacho receberá mais de R$ 4 milhões para construir novas escolas e mais recursos mensais do Fundeb para investir na Educação. Os professores das escolas municipalizadas trabalharão para o município, mas serão pagos pelo Estado até se aposentarem.

A audiência está marcada para as 18 horas, no plenário do Legislativo. Devido aos protocolos de prevenção da Covid-19, o número de pessoas no recinto será limitado. Interessados em usar a Tribuna Livre e fazer perguntas devem ligar para o telefone 3521.2280. Representantes da Secretaria de Estado da Educação vão estar presentes na audiência.

Ninguém terá seu direito ferido, afirma Governador Durante entrevista aos meios de comunicação em Bom Despacho, dia 28/8, o governador Romeu Zema foi perguntado pelo Jornal de Negócios sobre o projeto de municipalização do ensino enviado pelo Prefeito à Câmara Municipal. JORNAL DE NEGÓCIOS – Governador, Bom Despacho aderiu ao projeto de municipalizar a educação. Essa decisão tem encontrado resistência entre parte dos professores da rede estadual. A Câmara Municipal de Bom Despacho inclusive fará audiência pública dia 30 de setembro para discutir o assunto. O que o senhor tem a dizer aos pais de alunos, aos professores e aos vereadores que votarão o projeto encaminhado pelo prefeito? ROMEU ZEMA – O que eu tenho a dizer a todos eles é: o que o Estado tem feito é para melhorar a educação. Ninguém terá nenhum direito ferido. Os professores, principalmente, serão aproveitados ou na rede municipal ou reciclados para continuar na rede estadual. E o que nós estamos fazendo é o que já funcionou em outros

O governador Romeu Zema durante entrevista estados e fez com que a educação melhorasse. Lembrando que a Constitui-ção prevê que é atribuição dos municípios os anos iniciais do Ensino Fundamental. Então, o que nós estamos fazendo é o que já foi feito, o que já funcio-nou e é melhor do que o existente. Infelizmente, no Brasil, há muito ruido com qualquer

mudança. Está todo mundo querendo só ficar na zona de conforto. Tipo assim: se tem de mexer, mexe só na casa do vizinho, na minha não. E nós temos de lembrar que para esse país dar certo nós temos de mexer em tudo. Caso contrário, em vez de andar para a frente, nós vamos continuar estagnados.

Pai de aluno acusa Escola Egídio Benício de constrangimento ilegal Durante entrega do kit alimentação, servidora orientava pais a assinarem abaixoassinado contra municipalização; Procurada, Escola não quis falar sobre o caso Denúncia encaminhada ao Jornal de Negócios acusa a Escola Egídio Benício de constrangimento ilegal durante a entrega do kit alimentação fornecido pela Escola aos alunos. De acordo com a denúncia, servidora da Escola, ao entregar o kit, solicitava aos pais que subscrevessem um abaixoassinado contra o projeto de municipalização em trâmite na Câmara Municipal. O objetivo do abaixo-assinado, conforme a denúncia, era pressionar vereadores a votarem contra a proposta. Para o autor da denúncia, a Escola estava praticando constrangimento ilegal. Ele disse que quando se negou a assinar o documento, após receber o kit, a servidora ainda o questionou sobre a recusa. Para ele, a atitude da Escola é constrangimento ilegal praticado contra os pais no momento de receber um

benefício a que as famílias têm direito. “Estão usando os kits para fazer política”, afirmou. Posição da Escola Diante do relato, o Jornal entrou em contato com a Escola Egídio Benício pedindo que ela se manifestasse sobre a denúncia. Em resposta ao contato, feito por whatsapp, o diretor Lincoln Santos Araújo solicitou que o Jornal enviasse o pedido “para o e-mail da escola que é o canal oficial de comunicação ” do Egídio Benício. O diretor afirmou ainda que “após o e-mail chegar irei enviar para a SRE que é órgão da minha chefia imediata e vamos nos posicionar sobre o caso”. As perguntas Atendendo à solicitação do diretor Lincoln, o Jornal de Negócios enviou mensagem para o-mail da Escola com as seguintes perguntas:

1 - A Escola Egídio Benício está solicitando aos pais que subscrevam o abaixo-assinado contra a municipalização no momento de receber o kit alimentação? 2 - De quem é a iniciativa? 3 - Qual a justificativa dessa ação? 4 - Há pais que consideram constrangimento ilegal essa abordagem no momento de retirada do benefício. O que a Escola diz sobre isso? A resposta Dois dias depois, o diretor Lincoln Araújo enviou a resposta da Escola. Em mensagem por e-mail, ele respondeu apenas o seguinte:

“Bom dia! Informo que não iremos nos manifestar sobre o caso. Lincoln Santos Araújo Diretor da E. E. Coronel Egídio Benício de Abreu”

PAULO

HENRIQUE Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

Na década de 1990, o então Presidente da República, Fernando Henrique, trouxe para as manchetes as privatizações e terceirizações nos serviços públicos. Essa é a primeira memória que tenho desse assunto no rádio, TV, reuniões de família e em algumas poucas salas de aula. Nesse período, vimos a telefonia ser privatizada no país, trazendo benefícios que colhemos hoje, como ligações telefônicas a custos reduzidos e acesso a internet rápida a praticamente todos. Mas surgiram depois as primeiras denúncias da história recente de corrupção na política brasileira. Experimentamos então aquela sensação de que éramos enganados, entregando nossas riquezas para empresas que tinham pactos nada republicanos com o governo, numa democracia que só favorecia os ricos. No período subsequente, de governos do Partido dos Trabalhadores, esses instrumentos foram demonizados, sendo defendida a ideia de que os serviços públicos deveriam ser prestados diretamente pelo governo. Lula e sua sucessora defendiam ainda que o governo devia estar presente em setores estratégicos da economia por meio de empresas estatais. As carreiras no serviço público foram valorizadas, o concurso público tornou-se o sonho dourado do brasileiro e começamos a ter os melhores profissionais se dividindo entre a iniciativa privada e a carreira pública. Daí vieram os escândalos de corrupção nos serviços e empresas públicas, os déficits consecutivos no Orçamento da União e o crescimento da carga tributária. Ressurgiu então uma percepção majoritária de que o Estado é grande e caro demais e que era preciso um governo que retirasse privilégios dos servidores, privatizasse as empresas estatais, terceirizasse serviços e retomasse as condições para sermos um grande país. Cíclico, como tudo na história e na vida E quem está certo afinal? São visões distintas de como o Estado deve se organizar para prestar os serviços necessários para uma sociedade. Ambas têm vantagens e desvantagens e têm defensores e detratores ferrenhos, que as tratam como grandes soluções ou grandes problemas, colocando-as no centro das discussões sobre serviços públicos. Colocamos então instrumentos e meios à frente dos objetivos e resultados que interessam... Bom Despacho Terceirizar ou não serviços públicos em Bom Despacho? Terceirizar ou não é o que vai garantir que os cidadãos receberão serviços de qualidade e quando precisarem? Terceirizar ou não é o que vai garantir que os recursos públicos sejam aplicados em volume adequado, sem desperdícios, e com a finalidade de atender ao bem comum – e não aos interesses de poucos particulares, sejam políticos, servidores públicos ou empresários?

Na minha visão, as propostas e discussões deveriam orbitar em torno de algo como “queremos serviços públicos de qualidade e acessíveis a todos os cidadãos de Bom Despacho”. Os meios para alcançá-los são apenas isso: meios. Serviços públicos de qualidade podem ser obtidos por meio de servidores efetivos ou de terceirizados. Acredito que há sim serviços e “serviços” na administração municipal, e fazer escolhas é uma das principais atribuições de uma boa gestão. Para mim, os serviços de saúde, educação e segurança pública estão no degrau de cima e devem ser priorizados. Assim, os governos precisam encarar esses desafios de frente, com a prioridade que requerem e merecem, e com as melhores cabeças em seus times – sejam servidores ou terceirizados. Há sim outras áreas que podem ser concedidas à iniciativa privada com mais naturalidade, como iluminação pública, tratamento de lixo e esgoto, urbanização de parques e praças e mesmo a pavimentação urbana, o nosso “querido” asfalto. Ah, mas não dá, é mais caro, Bom Despacho está escaldada com alguns serviços de má qualidade prestados por empresas terceirizadas e a corrupção terá muito mais espaço nesse modelo. Bom, aí estamos tratando de um outro problema, que merece também reflexão e cuidado, mas não é filho da terceirização. Retomando a retrospectiva nacional, houve denúncias de corrupção tanto no “reinado das terceirizações e concessões” com FHC quanto no “reinado da estatização” com Lula. Para evitá-las no longo prazo, precisamos de educação e de uma mudança cultural importante. No curto prazo, precisamos de controle e punição. Em Bom Despacho, temos instituições aptas legalmente a exercer o controle da administração pública. Câmara de Vereadores e Ministério Público têm todas as prerrogativas necessárias para fiscalizar e fazer cumprir a lei, seja por iniciativas próprias ou provocados pelos cidadãos - e isso independe de terceirização. Se não o fazem, há que se cobrar. Mas, voltando a minha proposta de visão, “queremos serviços públicos de qualidade e acessíveis a todos os cidadãos de Bom Despacho”. Este é um problema de gestão, de administração. Ainda que pública, é administração. E, como tal, precisa se preocupar em resolver problemas e implementar soluções da melhor forma possível, em termos de qualidade, prazo e custos. Para isso, deve buscar economia, justiça e idoneidade no uso do orçamento

público. Porque nenhum gestor deve gastar mais do que precisa, mas tampouco deve ser injusto e explorar quem lhe entrega resultados, sejam servidores públicos ou empresas contratadas. O gestor inteligente sabe que a qualidade e a satisfação de seus colaboradores e parceiros fazem parte de uma equação para o sucesso de sua organização. Ou município, no nosso caso. Vamos fazer então um exercício com o nosso caso atual na saúde: qual o objetivo de inserir a terceirização na prestação dos serviços? O município ganha com isso? As explicações dadas pela Secretaria de Saúde dão conta de necessidade urgente de contratar pessoal complementar para vagas que não podem ser preenchidas neste momento por concurso público – e que estariam fazendo falta para a população. A contratação seria temporária, estando sujeita a aprovação pelo Conselho Municipal de Saúde e validação pelo Ministério Público. É um instrumento de gestão adequado para a situação? As garantias são adequadas? Qual o nosso prejuízo em não fazer? Melhor termos os contratados assim ou aguardar? Daria para fazer o concurso público agora? Nosso julgamento deveria ser sobre a situação concreta, não sobre teses. Tratar como uma oportunidade de levantar a bandeira contra a terceirização é militância, não é gestão. Precisamos amadurecer nossa administração municipal e nossa participação em processos como este. Se a situação é a descrita pela Secretaria de Saúde, por que a prefeitura não consegue convencer a todos disso? Pois é fato que estamos longe de um consenso, haja vista as posições manifestas da maioria dos vereadores. Se a terceirização proposta tem os problemas que observamos com a Feluma, ela pode ser aperfeiçoada? Porque há sim casos de sucesso, como o da Rede Sarah de Hospitais, organização que se tornou referência internacional em saúde pública trabalhando com reabilitação neuromotora. E se adotássemos essa contratação com prazo fixado para realização do concurso público? Na outra direção, podemos também decidir por não fazer. As necessidades apontadas pela prefeitura existem mesmo? Se existem, são mesmo urgentes? Ou poderiam esperar? O foco deve ser o melhor para Bom Despacho, na melhor forma para cada situação. Insistir em qualquer tese sem olhar o todo e sem respeitar a razão, não é administração pública. Sugiro não perdermos isso de vista.


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Bom Despacho (MG), 30 Setembro 2021

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