JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG

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Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021

Ano XXXII - Nº 1.620 • Fundado em 12/05/1989

FERNANDO

CABRAL

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Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR

IPTU: 4 mil famílias isentas

Capivari: a terra dos apelidos

Página 6

Página 8

ALEXANDRE MAGALHÃES

O que encontrei na volta Página 10

PAULO

HENRIQUE

A gente não quer só comida... Página 11

Projeto do Executivo revê IPTU e cria isenção para famílias de baixa renda

LEIA NA PÁGINA 5


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PRF apreende mais de R$ 3 milhões em drogas na BR 262

Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021

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Prefeitura vai à Justiça pedir R$ 50 milhões de indenização à Copasa Motivos são as falhas no abastecimento e prejuízos causados à população de BD A Prefeitura de Bom Despacho vai acionar a Copasa na Justiça pedindo que a empresa seja condenada a indenizar os consumidores bom-despachenses pelas interrupções do abastecimento nos últimos 5 anos. A indenização, se concedida pela Justiça, deverá ser convertida em desconto nas contas de consumo. Além disso, o município vai requerer indenização de R$ 50 milhões por danos morais coletivos a serem revertidos para o Fundo Municipal de Saneamento. Segundo o procurador geral do município, Kleverson Mesquita Mello, a ação está sendo finalizada e será distribuida nos próximos dias.

Pasta base de cocaina vinha do Mato Grosso e seria levada para Nova Serrana Uma carga de pasta base de cocaína avaliada em mais de R$ 3 milhões foi apreendida pela Polícia Rodoviária Federal na BR 262, em Bom Despacho, na manhã de segunda-feira (25/10). A droga estava num Toyota Corolla com placa de Cuiabá/MT que foi parado pelos policiais durante fiscalização na rodovia. Ao vistoriar o carro, os policiais encontraram 25 kg da droga escondida no encosto do ban-

co traseiro. Segundo a PRF, o motorista disse ter carregado a pasta base na cidade de Pontes e Lacerda - que fica no Mato Grosso, quase divisa com a Bolívia - e a estava levando para Nova Serrana. Por esse transporte receberia R$ 11 mil. O motorista foi preso e levado para a Delegacia de Polícia Civil de Bom Despacho juntamente com a droga apreendida (iBom) / Foto e vídeos: PRF Bom Despacho.

Assista aos vídeos da apreensão apontando a câmera do celular para a imagem ao lado

Pedro Cabeleireiro: da Estrela de Ouro em BD até a Sapucaí (PÁGINA 10)

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Na peça, a Prefeitura argumenta que “mesmo notificando sucessivas vezes a Copasa e intervindo no serviço de distribuição de água, como ocorreu em 2017, o Município de Bom Despacho não tem surtido efeitos quanto à efetividade do serviço, vez que desde a assinatura do contrato de programa, firmado em 30/10/2009, até a presente data a concessionária não cumpriu o Plano Municipal de Saneamento Básico (Leis Municipais nº 2.115 e 2.514), o que vem acarretando a falta de água na cidade”.

Na ação, a Prefeitura afirma que a Copasa “se comprometeu a realizar obras de captação de recursos hídricos, contudo não realizou tais infraestruturas, deixando os bom-despachenses jogados à própria sorte”. Diz ainda que “desde sua instalação na cidade, a concessionária realiza captação de água apenas no Ribeirão Capivari, sendo que de lá pra cá a população teve aumento de mais de 70% (setenta por cento), conforme dados do IBGE, tornando-se o volume de água do curso

hídrico insuficiente para atender a todos”. E conclui: “apesar de ter sido notificada a executar obras de infraestrutura e perfuração de poços artesianos, devidamente licenciados, com o fim de fornecer água a todos, bem como de ter sido o pivô da crise hídrica, ainda assim a Copasa se mantêm inerte quanto ao cumprimento do Plano Municipal de Saneamento Básico e, consequentemente, as obras de melhorias de fornecimento de água, sendo persistente a falta de água em Bom

Despacho (...) gerando, assim, um dano aos bomdespachenses que pagam regularmente pelo serviço”. Segundo o procurador Kleverson Mello, “a falta de água gera uma série de desconfortos como ter que comprar água mineral para beber ou de ficar sem tomar banho ou ainda de fazer as necessidades básicas de um ser humano. Ter esses desconfortos e ainda pagar por um serviço sem ser prestado regularmente é algo inadmissível”.

Leia também:

Município alega que concessão da Copasa em Bom Despacho é nula Contrato atual, de 2009, foi feito sem licitação e pode ser declarado nulo por descumprir exigência constitucional. (Pág. 7)

Escolas municipais vão trabalhar com o material didático do Colégio Marista A partir do próximo ano, todo o material didático usado pelas Escolas da rede municipal será fornecido pelo Grupo Marista. Esse material é composto de apostilas, livros, agenda do aluno, material do professor e outros itens. A decisão foi confirmada ao Jornal de Negócios pela secretária municipal de Educação, Gabriela Fernandes, na segunda-feira, 25/10. “O Colégio Marista é uma instituição secular e muito respeitada pela qualidade de ensino. Seu material didático é moderno, tem

Gabriela: "mais qualidade de ensino"

alta qualidade gráfica e características pedagógicas adequadas. Ele está alinhado com o novo currículo estipulado pela BNCC (Base Nacional Curricular) e trará ainda mais qualidade de ensino para as escolas municipais”, afirmou Gabriela. Ainda de acordo com a secretária, além do material didático impresso, o sistema oferece também assessoria pedagógica, uma plataforma de ensino digital de livre acesso para professores e alunos, bem como capacitação continuada dos professores.


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Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021

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Perseguição termina com fugitivo preso veículo. Em grupos sociais, moradores afirmaram que teria havido troca de tiros durante a perseguição. A certa altura o jovem procurado desembarcou perto da avenida Maria Guerra e se embrenhou numa mata. Os militares foram atrás, entraram na mata e continuaram a perseguição a pé até que o procurado caiu numa vala de 3m de profundidade, fraturou o tornozelo, foi alcançado e preso. A Polícia Militar divulgou comunicado afirmando que “a prisão desse autor com mandado de prisão em aberto foi de relevante importância visto que ele é contumaz na prática de crimes, tendo várias passagens por tráfico de drogas, homicídios e torturas, além de ser suspeitos em vários outros crimes ocorrido na região e um dos principais procurados da polícia”.

Um jovem de 23 anos - fugitivo da Justiça - foi preso domingo (24/10) após longa perseguição policial pelas ruas de Bom Despacho. Segundo a PM, ele está envolvido em vários crimes cometidos na cidade, entre eles roubo, tráfico, tortura e assassinato. No final de semana o Serviço de Inteligência da Polícia Militar apurou que o jovem estava na cidade e alertou as guarnições de serviço. Ele foi avistado num Palio branco na avenida Dr. Juca, perto do Quenta Sol. Segundo denúncia recebida pela PM, o fugitivo estava no veículo na companhia de outras pessoas que estariam armadas. Ao avisar o Palio, policiais deram ordem de parada mas o motorista acelerou e saiu em alta velocidade. Começou então a perseguição por várias ruas da cidade. Outras viaturas foram acionadas para cercar o

PM prende jovem acusado de tráfico de drogas em BD Policiais chegaram ao acusado através de denúncia anônima

Homem é preso com uma pistola dentro de Uno

Um jovem de 24 anos foi preso pela Polícia Militar na noite da quinta-feira (21/10) numa casa da rua Gustavo Lopes, bairro de Fátima, em Bom Despacho. A PM foi até a residência após receber denúncia anônima informando que no local estaria ocorrendo intenso tráfico de drogas. Ao chegarem na casa os militares perceberam um cheiro forte exalado pelas drogas. Dentro do imóvel os policiais encontraram e apreenderam duas barras grandes prensadas de maconha, dois pedaços menores da mesma droga, três porções grandes e 40 pedras de crack prontas para venda. Além disso encontraram também duas balanças de precisão usadas para porcionar drogas, três munições de arma de fogo, dinheiro, celular e cinco facas. O acusado confessou ser o dono de todo o material e disse que vendia drogas no local há cerca de dois anos. Ele foi preso e levado para a Delegacia de Polícia Civil juntamente com as drogas e o material apreendido (iBom) / Foto: 7°BPM/PMMG

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Na sexta-feira (22/10), um homem de 24 anos foi preso por dirigir embriagado e porte ilegal de arma de fogo. Ele estava num Fiat Uno estacionado na rua do Rosário, região central da cidade, quando os policiais suspeitaram das suas atitudes e o abordaram. Após constatar que o suspeito apresentava sintomas de embriaguez, os militares revistaram o Uno e encontraram debaixo do carpete, escondidos, uma pistola e um carregador com 6 balas. A arma não tem registro. O motorista foi preso e levado para a Delegacia de Polícia com a arma apreendida (iBom) / Foto: Rede social.


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Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021

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Projeto do Executivo revê IPTU e cria isenção para famílias de baixa renda > Proposta precisa ser aprovada na Câmara de Vereadores A Prefeitura enviou à Câmara de Vereadores o projeto de lei que revisa critérios de avaliação da base de cálculo do IPTU e altera as alíquotas cobradas na cidade. A principal inovação trazida pelo projeto do Executivo é a proposta de isenção do IPTU para cerca de 4.000 famílias. Segundo a proposta, ficarão isentos do imposto imóveis residenciais com valor abaixo de R$ 70 mil, se for o único imóvel do proprietário e estiver localizado em áreas onde predominem famílias de menor poder aquisitivo. A exposição de motivos, assinada pela secretária municipal de Fazenda, Daniela Rocha, e o secretário de Administração, Wallace

Campos, destaca que o projeto acompanha “o desenvolvimento dos negócios locais e o avanço da tecnologia”, atualiza dados cadastrais do município e corrige “erros no lançamento do IPTU” tendo em vista a “justiça fiscal”. O projeto cria a nova Planta Genérica de Valores (PGV) para cobrança do IPTU, feita através de georreferenciamento [Nesta edição, Fernando Cabral escreve sobre o georreferenciamento em Bom Despacho. Ele explica em detalhes como o trabalho foi feito e os benefícios que traz para a cidade e os bomdespachenses. Leia na página 6]. É a PGV que define “o preço médio do terreno por região e

o preço do metro quadrado das edificações, conforme padrão construtivo, estabelecendo o valor presumido dos imóveis do município”, conforme dispõe a proposta encaminhada ao Legislativo. “Um dos pontos mais importantes no projeto é a possibilidade de isentar do pagamento de IPTU quase 4 mil famílias bom-despachenses de baixa renda. Estamos trabalhando junto com os vereadores Pastor Alex, Fernando Cabral, Marcelo Cesário, Marquinho da Copasa e Keké nas mudanças legislativas que permitam essa conquista para beneficiar mais de 15 mil pessoas em nossa cidade”, afirmou o prefeito Bertolino da Costa.

Proposta é colocar preço justo no imposto, diz a Secretária da Fazenda De acordo com o Ministério das Cidades, os municípios devem rever a situação da sua planta de valores no máximo de 4 em 4 anos. Em Bom Despacho, ela foi parcialmente atualizada em 2009 - portanto, há 12 anos. “A falta de atualização da planta há tanto tempo e com tantas transformações na cidade ocasiona o descumprimento da isonomia no tratamento entre contribuintes. Há um grande número de situações de erros, desvios e inconsistências nos valores que servem de base ao lançamento do imposto”, destaca a exposição de motivos do projeto. Bom Despacho tem hoje 34 mil imóveis. Mais da metade deles possui área construida maior do que a registrada na Prefeitura. Seus proprietários fizeram anexos, benfeitorias e ampliações após a concessão do habite-se. Portanto, essas melhorias não estão registradas no cadastro imobiliário do município. Como não é viável fazer avaliação de imóvel por imóvel, a administração municipal, com apoio da Universidade Federal de Viçosa/MG, utilizou georreferenciamento para criar a nova planta de valores. Além disso, baseou-se também em imagens aéreas, pesquisas de mercado e de transações imobiliárias realizadas na cidade desde 2018 para criar os novos referenciais de valores. Nesse trabalho, a cidade foi dividida pelos técnicos em 7 áreas chamadas de zonas homogêneas. Cada uma dessas áreas tem um perfil específico para cálculo dos valores presumidos de terrenos e construções. Ao atualizar o cadastro com as benfeitorias construidas nos imóveis, o município terá uma

Daniela Rocha: "justiça fiscal" base de arrecadação maior do imposto. Muitos proprietários que não pagavam IPTU passarão a recolher o imposto. Essa revisão de áreas e ampliação base permitirá a redução das alíquotas cobradas, que já está incluida no projeto do Executivo.

dos imóveis, corrigindo as distorções existentes e beneficiando especialmente as famílias mais humildes. Esta é a função social do tributo: quem tem mais contribui mais, quem tem menos contribui menos”, afirmou a secretária Daniela Rocha.

Além disso, o projeto estabelece alíquotas progressivas do IPTU. Imóveis mais caros, de padrão mais elevado, terão alíquota superior à das moradias mais simples. “A proposta é colocar preço justo na base de cálculo

O projeto enviado à Câmara prevê também que os valores decorrentes da nova Planta de Valores serão lançados de forma escalonada. Começa com 70% do valor em 2022 e vai subindo ano a ano até chegar a 100% em 2027.


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Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021

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Georreferenciamento beneficiará 4 mil famílias em Bom Despacho Nos próximos dias Bom Despacho entrará definitivamente na era do georreferenciamento. Os benefícios serão muitos. Para começar, até 4.000 famílias poderão ser isentadas do IPTU. Mas os benefícios não param aí. Engenheiros e arquitetos terão referências mais sólidas para fazerem os seus projetos; o planejamento e execução de serviços de drenagem urbana ganharão precisão da era espacial; a Secretaria de Saúde terá meios modernos para rastrear epidemias e demandas da população; a Secretaria de Educação contará com recursos inovadores para planejar a construção e ampliação de escolas e também ajustar a distribuição de vagas. A prefeitura passará a contar com uma ferramenta poderosa para ajudar na administração da cidade.

FERNANDO

CABRAL

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e vereador em Bom Despacho

Mas, afinal, o que é georreferenciamento? Como ele pode ajudar em tudo isto? Vamos começar pelo que ele não é. Antigamente, para delimitar uma fazenda, o topógrafo descrevia o seu perímetro em linguagem quase romântica. O estilo era este: O terreno começa na porteira do Seu Zé da Jurema e segue cerca acima até um pau d’óleo grande. No pau d’óleo vira à direita e segue por duzentas braças até um cupinzeiro; no cupinzeiro vira novamente à direita é vai até o Córrego da Égua Baia; dali desce pelo córrego até a ponte da Zoraia do Nico, volve à direita, passa por trás do grotão, vai até a maminha de porca e dela segue até o batente da porteira do Seu Zé da Jurema. Anos depois, quando alguém precisava saber onde a fazenda começava e acabava, eram problemas sem fim. Os tatus e os tamanduás tinham derrubado o cupinzeiro; a porteira não existia mais; a ponte tinha caído e outra havia sido construída 300 metros para baixo e ninguém mais sabia quanto media uma braça. Na cidade não era diferente. Um lote poderia ser descrito assim:

O terreno começa 100 metros da esquina da rua Zé Marechal e desce 30 metros grota abaixo; volve à direita e segue a cerca de arame farpado até a moita de bambu, volve à direita outra vez e segue até a rua, volve à direita mais uma vez e volta ao ponto de origem.

Esta forma de descrever os limites de um imóvel já deu muita dor de cabeça. Vizinhos que não se entendiam, herdeiros que brigavam e até escrituras com um lote em cima do outro. Mas, atualmente, os terrenos podem ser georreferenciados. Não há mais motivo para confusão. Coordenadas Geográficas

precisos. Mas, com o GPS, a precisão é muito grande e seu uso é muito simples. Assim, qualquer ponto, qualquer terreno, qualquer obra, qualquer árvore, qualquer coisa fixa pode ser georreferenciada com precisão. As coordenadas são como um endereço imutável de um ponto sobre a superfície terrestre. O GPS

Na escola primária todo mundo aprendeu o que são coordenadas geográficas. Agora quase todo mundo já se esqueceu. Mas vamos lembrar. As coordenadas geográficas são a longitude e a latitude de um ponto em qualquer lugar da Terra. Ou seja, a latitude é a distância (em graus) que um ponto está do Equador; a longitude é a distância (em graus) que este ponto está do meridiano de Greenwich. Por exemplo, na imagem acima temos a latitude e a longitude da torre da Igreja Matriz de Bom Despacho. Com esta informação, qualquer pessoa com um GPS pode chegar lá, não importa de onde venha. Ela não depende de nenhuma outra informação, como cerca de arame, rua, árvore, ponte. Para marcar um lote retangular com este sistema, basta indicar as coordenadas dos seus cantos. Como as coordenadas geográficas não mudam nunca, não podem ser apagadas nem movimentadas de um lugar para outro, acabou-se a confusão. Antigamente havia um problema prático: os instrumentos para localizar o ponto não eram muito

GPS vem do inglês Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global). É um sistema e também um aparelho. Atualmente, até os celulares comuns têm um GPS embutido. Com isto, qualquer pessoa pode tirar as coordenadas de qualquer ponto. Tendo as coordenadas de um ponto, qualquer pessoa pode chegar a ele usando o GPS. (Experimente com as coordenadas da torre da Matriz). Com o GPS não é necessário indicar marcos como porteira, pedra, árvore, cupinzeiro, ponte, estrada, cerca. Basta dizer quais são as coordenadas. Elas não se apagam, não mudam de lugar, não podem ser destruídas. Quando uma cidade tem todos os seus lotes, construções, piscinas, ruas, pontes, praças, e até árvores registrados mediante suas coordenadas, dizemos que ela está georreferenciada. Este foi o trabalho que a Prefeitura fez em Bom Despacho em parceria com a Universidade Federal de Viçosa. Nos próximos dias o sistema será colocado à disposição de todos. A cidade vai ganhar muito. Veja ao lado alguns benefícios trazidos pelo georreferenciamento.

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Benefícios para a cidade Drenagem urbana – A prefeitura poderá mapear com precisão todas as vias de drenagem urbana, bocas de lobo, pontos de alagamento. Com o mapeamento, será possível melhor a drenagem e evitar problemas. Secretarias de obra e de meio ambiente – Com o registro minucioso de ruas, prédios, praças, terrenos baldios, lotes, parques, as secretarias de obra e de meio ambiente poderão agir de maneira mais eficiente nas melhorias da cidade. Iluminação pública – também os postes poderão ser georreferenciados. Com isto, será muito mais fácil para a prefeitura fazer a manutenção da iluminação pública e planejar melhorias. Saúde – A Secretaria de Saúde poderá planejar melhor a distribuição das UBSs, a ação dos agentes da saúde, a evolução de epidemia e o controle de pragas.

Educação – A secretaria da Educação se beneficiará com estudos populacionais, demandas por vagas nas escolas e zoneamento escolar para fins de matrícula. Zoneamento urbano – Bom Despacho sofre com a falta de zoneamento urbano. Isto leva a uma mistura desordenada de residências, indústrias, comércio e serviços em geral. Todo mundo sai prejudicado. O georreferenciamento oferece uma base científica para se planejar o zoneamento da cidade e separar indústrias e áreas residenciais. Construção Civil – Topógrafos, engenheiros e arquitetos já estão sendo beneficiados com a grande precisão proporcionada pelos marcos geodésicos espalhados pela cidade. Com o lançamento do sistema vão se beneficiar mais ainda com uma planta minuciosa e precisa de todos os imóveis urbanos e rurais do Município.

Isenção de IPTU para 4.000 famílias O IPTU é o imposto mais justo que existe no Brasil. Isto acontece porque ele é calculado com base no valor comercial do imóvel. Imóveis maiores e mais luxuosos pagam mais; imóveis menores e mais simples pagam menos. Isto se chama imposto progressivo. Ou seja, quem pode mais paga mais. É justo. No entanto, para que funcione bem, a prefeitura precisa de muitas informações sobre o imóvel. Por exemplo, área do lote e área construída, qualidade do acabamento, valor dos terrenos conforme os bairros e a posição do lotes, qualidade das vias de acesso, oferta de serviços públicos. Como Bom Despacho estava muito atrasada nisto tudo, havia discrepâncias que levavam a injustiças. Imóveis grandes e caros muitas vezes pagavam menos IPTU do que imóveis pequenos e modestos. Mas, o georrefe-

renciamento vai mudar isto. Com o serviço já feito, a Prefeitura sabe exatamente qual o tamanho de cada lote e de cada imóvel. Sabe também quais são legalizados e quais são clandestinos. Com isto ela poderá cobrar de quem deve e não paga. A arrecadação aumentará, pois quem não paga terá que pagar. Em compensação, muita gente que paga poderá ser isentada. É o caso de famílias de baixa renda que moram em lotes pequenas e casas modestas. Segundo análise inicial dos técnicos da Prefeitura e da Universidade de Viçosa, com a implantação do sistema cerca de 4.000 famílias poderão deixar de pagar IPTU. Isto significa em torno de 16.000 pessoas beneficiadas. Este é o efeito do georreferenciamento na justiça social.


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Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021

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Município alega que concessão da Copasa em Bom Despacho é nula Contrato atual, de 2009, foi feito sem licitação e pode ser declarado nulo por descumprir exigência constitucional A Prefeitura vai alegar nulidade do contrato de concessão da Copasa em Bom Despacho alegando descumprimento do artigo 175 da Constituição Federal. Esse artigo prevê que a concessão de serviços públicos - como é o caso do fornecimento de água e esgoto - precisa ser feita “sempre através de licitação”. Segundo o procurador geral do município, Kleverson Mesquita Mello, a concessão da Copasa em Bom Despacho está irregular porque não houve licitação para escolher a concessionária, conforme determina a Constituição Federal.

Art. 175 Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

O primeiro contrato com a Copasa foi assinado em 1972 com duração de 30 anos. Ele venceu em 2002 e foi sendo aditivado. “É uma situação obscura. Ficou um período sem contrato”, garante Kleverson. Em 30/10/2009, o então prefeito Haroldo Queiroz celebrou novo contrato com a empresa por mais 30 anos. “Mas esse contrato baseou-se num convênio de cooperação firmado

pelo município com o governo do Estado em 2008. Não houve licitação nem qualquer procedimento administrativo sequer para falar da dispensa de licitação. É portanto um ato nulo, viciado no nascedouro. E ato nulo não prescreve. Por isso vamos pedir a nulidade da concessão”, afirmou. Uma comissão especial nomeada dia 8/10 pelo prefeito Bertolino da Costa - formada por servidores da Procuradoria Jurídica do Município - notificou a Copasa para se manifestar sobre a nulidade do contrato devido à inexistência de licitação. Até o fechamento dessa matéria a concessionária

ainda não havia respondido a notificação. O procurador do município disse ao Jornal de Negócios que a Procuradoria está estudando a situação e que o prefeito poderá até mesmo editar um decreto municipal declarando a nulidade do contrato por desobediência à Constituição e determinar a abertura de licitação para o serviço de água e esgoto. Segundo Kleverson, estratégia semelhante, com base nos mesmos princípios constitucionais, foi utilizada pelas prefeituras de Nova Serrana e Andradas para buscar a nulidade do contrato com a Copasa.

Kleverson: "situação obscura"


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Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021

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Capivari: terra de fazendeiros e de gente boa! Terra dos apelidos Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL

A literatura rural em Bom Despacho conta com Geraldo Rodrigues Costa, historiador e romancista do Engenho. Tem também Santina Mendes Costa, de saudosa memória, poeta e escritora do Córrego da Areia, e o inesquecível versejador Durval Lélis, do Capivari dos Macedos, autor de lembranças do povoado e de sua gente, no interessante texto a seguir. Os muitos capivaris Bom Despacho é a terra dos capivaris e o Brasil também. São muitos os topônimos desse vocábulo incorporados à lingua portuguesa do Tupi-Guarani em nosso país e em nossa cidade. Não descobri ainda o significado desta palavra da língua indígena. Parece-me um derivado da palavra “capivara” – nome de um animal da fauna brasileira. Solicitaria a alguém de cultura maior que souber, favor mandar para meu e-mail, que está no final deste texto. Ficarei muito grato pela lição. Mas em nosso município temos o rio de extrema importância para todos nós: o rio Capivari que nos abastece de água. E me lembro de três povoados, pelo menos, com esse nome: Capivari dos Macedos, Capivari dos Tutas e Capivari dos Eleutérios. Parece-me que há um outro... Seria o Capivari dos Alves um quarto Capivari. Quem souber, por favor, nos informe. Muito Obrigado. Agradecimentos Meus agradecimentos ao Derli Lélis, que sendo do Capivari tem obrigatoriamente de ter um apelido, lá o conhecem por Ico do Badu. Encontramo-nos pela primeira vez numa oficina e casa comercial próxima da Igreja do Rosário. Então batemos um bom papo que me pôs a par de sua “terra natal”, o Capivari. Ali mesmo, pelos milagres da tecnologia, ele mandou o texto pelo whatsapp, para eu divulgá-lo no jornal. Derli me pôs a par de muita gente e de coisas peculiares do seu povoado, pedaços de história e a vida pacata do nosso Capivari dos Macedos: fonte de genuína literatura popular tão singela, mas tão valiosa, na pena de Durval Lélis.

Igreja do Capivari, terra natal e orgulho de Derli Lélis, o Ico do Badu

Sô Capivari (Capivari dos Macedos – Durval Lélis)

Nadava no córrego de água barrenta. Jogava bola em campo de terra. Quando eu era pequeno, morava no Capivari. Mas não tinha lugar como ali! O povinho era tudo bão... Mas os nomes....Icha!!! Esses não dá pra entender, não. Pra começar, tinha o Zé que era o Zé Russo, Zé da Viola, Zé Preto e Zé Roliço. Tinha artistas nacionais como a Gretchen, A Xuxa e o Zé Bétio, e os internacionais Como o Jerrá. Tinha o Baby e a Branca de Neve. Tinha o Mundim, o Xu e a Lora do Mundim. O Lau e o Tireré: Tinha muitos bichos: Bizerrão, Cabrito, Galego e Zebra, Formigão, Tartaruga, Gabiru e Garnizé. Um tal de Beiço de Vaca e a Suíça. Lá tinha o Pedro Purga e o Pedro Pipoca Tião da Menina e Tião Versol, a Nem, a Tuna, o Careca, O Garrafão, a Gorda e o Porva A Boneca que é casada com o Capado. O Dedival, o Bento, o João Baruiada, Anzol e Madeira E tem a Zinha que é irmã do Negão, e o Tim. E o Tolela. E aí a vida segue em frente... Capivari, ô lugarzinho que era danado de bão sô!!! Contato: tadeudearaujoteixeira@yahoo.com.br.

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Gisila Couto e o seu personagem iluminado A acadêmica da Academia Bom-Despachense de Letras tem produzido livros com a mesma facilidade que as águas dos rios produzem belíssimas cachoeiras. De suas várias obras publicadas, a maioria eram poesias ou histórias infantis. Ela acaba de nos surpreender com uma obra prima, de fôlego, fruto de demoradas e cansativas pesquisas e entrevistas para tecer com poesia e arte a biografia desse ícone religioso do Brasil de Minas e por que não afirmar um ícone universal, o grande Padre Júlio Maria Um exemplo de zelo religioso, que viveu apaixonadamente os preceitos de Jesus Cristo e os de sua Igreja: transformou em respeitável cidade a Manhumirim, nos contrafortes da Serra do Caparaó, fundando a ordem religiosa dos sacramentinos, para homens e outra para mulheres. Ali ele chegou em 1928 e por 16 anos trouxe os ares da civilização e desenvolvimento a Manhumirim, criações e construções materiais e espirituais, em benefício da população. Fico boquiaberto com tudo que ele realizou em tão pouco tempo: a igreja matriz, dois prédios monumentais, um seminário e um colégio leigo, o Pio XI, maiores que o da nossa Escola Miguel Gontijo, um asilo para idosos, um orfanato, um hospital, um prédio para o convento das irmãs, um jornal religioso, O Lutador, em circulação até hoje. E tanta coisa mais que eu como criança talvez não tive o alcance de perceber. Ah! Um sítio com três campos de futebol, piscina e produção de energia elétrica. Ele ainda tinha tempo para escrever livros e páginas de doutrinas religiosas valiosas. Orando em seu túmulo Padre Júlio Maria é uma figura grandiosa e imortal de santidade e de dedicação à Igreja Católica, servindo a

Deus e aos filhos de Deus, na educação, na fé, na dignidade humana. Estive lá estudando no seminário que ele fundou, em 1956, na 6ª série do ensino ginasial. Rezei com emoção no seu túmulo na matriz e na cruz do acidente de automóvel em que ele faleceu em 1944. Bairrismo justo e desejado O livro da Gísila Couto veio acordar em nós admiração por este sacerdote da Bélgica que nos civilizou, catequizou e nos ensinou a viver plenamente como Jesus preceituou no Evangelho. Um comerciante lá em São Paulo certa vez disse ao meu pai: os mineiros não são bairristas. Não exaltam seus grandes cidadãos. Se Santos Dumont, Juscelino e Pelé fossem paulistas teríamos já espalhado estátuas deles no Brasil Inteiro. Digo o mesmo: Minas devia orgulhar-se desse sacerdote exaltando seus feitos pelo estado e pelo Brasil afora. Pouco se fez nesse sentido até agora... Talvez com sua santificação ele alcance as homenagens que fez por merecer, aqui e pelo Brasil afora, desde a Europa, na Bélgica natal, a África, o Amazonas, o Pará e o Acre até as plagas de Minas Gerais.


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Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021

Pedro Cabeleireiro: da Estrela de Ouro em BD até a Sapucaí

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O que encontrei na minha volta em BD muitos macacos de todos os tamanhos, veados (já os encontramos duas vezes enquanto corríamos nas estradas de terra), aves diversas (pela primeira vez vi um bando de aves pretas e amarelas, muito lindas), árvores de vários tipos e tamanhos, borboletas de várias cores, especialmente as minhas preferidas, enormes e azuis cintilantes. Além do maravilhoso cheiro da mata e da chuva que havia caído recentemente.

ALEXANDRE

MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

Depois de mais de três meses afastado de Bom Despacho, passei um pouco menos de uma semana na cidade. Apesar de fazer pouco tempo que saí daí para vir a São Paulo, voltar a algum lugar que nos é familiar é sempre uma expectativa. Quando voltei em junho a São Paulo, caminhei entre o metrô e minha casa tentando entender o que havia mudado, quais lojas haviam fechado por conta da pandemia, quais fachadas haviam sido reformadas, quais árvores haviam sumido, enfim, buscando entender o que havia mudado em minha terra.

LÚCIO EMÍLIO JÚNIOR Busquei a memória recente da cidade e fui ao Salão do Pedro Cabeleireiro entrevistar esse verdadeiro artista: em sua opinião, Bom Despacho já foi culturalmente mais evoluída. Segundo ele, eram menos habitantes do que hoje, mas havia cinema, teatro e quatro boates: Cantuá, Circus, Jacaré e Auê. Pedro lembrou-se da simplicidade: desde criança, o carnaval exerceu sobre ele um grande fascínio. As pessoas iam para casa, jogavam uma purpurina, um vestido velho virava fantasia, os amigos saíam vestidos de mulher. Naquele tempo, no carnaval, a prefeitura fazia um concurso de escolas de samba e dos blocos. Eles eram: Prisioneiros do Álcool , Pilek , Sem Compromisso , Damas e Valetes, Catfully, Babi Gole, Tropicália. Eram doze turmas. As escolas de samba eram duas: Estrela de Ouro e Sinal de Alerta. Eram duas turmas e famílias: a Tiana (da Tabatinga) e o Krim (da rua São Paulo). Krim era caminhoneiro. O caminhão dele, no carnaval, virava carro alegórico. Não havia, no entanto, rivalidade e sim amizade entre eles. Outra lembrança é o carnaval de 1990, no qual a figura do marajá estava na moda graças a Fernando Collor. O sobrinho do Krim, um negro alto, saiu com um grande turbante, causando grande impressão: um verdadeiro marajá! Krim tinha percussão, mas não composições, enquanto Tiana exibia uma forte mística africana. Eram sambas compostos por eles mesmos. “Estrela de Ouro, é da Tabatinga, que é”. Antônio, marido de Tiana, vestia-se de lorde inglês, com peruca branca, enquanto as meninas sambavam com paetês e guarda-chuvas. Era uma escola completa, insuperável. Ganhava todo ano. A prefeitura fazia a apuração. Existiam troféus, bem como prêmios diferentes para a escola de samba e os blocos.

Quase sempre, Estrela de Ouro ganhava como escola de samba, enquanto Catfully, Damas e Valetes e Tropicália ganhavam o concurso dos blocos. Paulinho e Manoel eram dois personagens fundamentais do Estrela de Ouro. Adoravam vestir-se de mulher no carnaval, o que não podiam fazer habitualmente, apenas de forma muito discreta, mas no carnaval desbundavam, usavam apenas provocantes tapa-sexos. Pedro recorda-se da forma impressionante como eles eram respeitados por todos. Como a cidade era evoluída em termos culturais! Os desfiles eram na Praça da Matriz e desciam para a rua Dr. Miguel Gontijo, as famílias reuniam-se ali. Era um orgulho, a glória: turistas vinham de Divinópolis e de toda a nossa região para pular o nosso carnaval. Por fim, Pedro lembra-se do último carnaval ao estilo antigo (1988). Era uma ansiedade esperar a apuração dos votos em frente à câmara dos vereadores, mesmo debaixo num tempo chuvoso, mas depois da vitória todos comemoraram loucos de alegria, cantando e dançando na chuva! Pedro conta que seu peito parecia explodir de uma energia, uma alegria indescritível! Mesmo tantos anos depois, aquele fascínio do carnaval permaneceu dentro de Pedro. Querendo reviver as emoções, entrou em contato com a Estação Primeira de Mangueira e desfilou na Sapucaí. Ele conta que seu domínio do samba fez com que ele fosse uma referência no desfile: os organizadores apontavam que quem vinha atrás deveria seguir seus belos passos. Foi um momento de glória em sua vida. Todas as imagens passaram em sua cabeça naquela apoteose maravilhosa: sua infância no carnaval bom-despachense, a Estrela de Ouro, Tiana e Krim. Pedro foi, literalmente, da Estrela de Ouro para a Sapucaí. Lúcio Emilio do Espírito Santo Júnior é filósofo, professor e escritor

Agora, voltando a Bom Despacho, fui com o mesmo espírito. A viagem continua igual, mesmos ônibus, mesmas paradas, os restaurantes funcionando normalmente. Cheguei à cidade e estava chovendo. Várias pessoas que encontrei nas ruas da cidade me saudaram dizendo: “você trouxe a chuva para Bom Despacho”. Apesar de saber que não tenho este poder todo, gostei de saber que a chuva havia voltado à região, pois minha namorada bomdespachense havia reclamado muito nestes três meses, sempre dizendo que havia muita fumaça na cidade, muitas queimadas, que a Mata do Batalhão havia sido incendiada e que o calor estava insuportável. Que bom que “levei a chuva” comigo de São Paulo para Bom Despacho. Um dia antes de viajar a Bom Despacho, minha namorada havia me contado que alguém havia abandonado três filhotes de cachorro na rua de sua casa e que ela havia feito um contato com a associação Bicho Amigo e que estava tentando arrumar um abrigo para as três irmãzinhas. Quando cheguei à cidade, ela me contou que o pessoal da Bicho Amigo havia encontrado um lar para os três animaizinhos. Que bom que há gente de se dedique a salvar bichos abandonados. Não consigo entender por que pessoas abandonam filhotes ou bichos já adultos. Entendo que muitas vezes a pessoa fica sem condições de sustentar seu amigo, mas abandonar o animal na rua me parece um crime. Peça ajuda, anuncie os bichinhos, ofereça os mesmos para os amigos, mas não abandone, especialmente os filhotes, pois a morte é quase certa. Fiquei feliz com essa notícia! No próprio sábado, participei de uma festa de aniversário que serviu para comemorar um ano da sobrinha/afilhada e o próprio aniversário de minha namorada bom-despachense. Foi ótimo ver que todos os membros da família estavam bem, e que meu sogro e sogra estavam recuperados de seus problemas de saúde. Que bom!

Correr na matinha me deixa feliz por várias semanas. Que lugar encantador! Ao voltar da matinha, recebemos um convite para almoçar e tomar umas cervejas com o casal de amigos de minha namorada: a Bela e o Liu, além de suas duas filhotas préadolescentes.

Meu sogro, Tadeu Araújo, no Mineirão pela primeira vez em sua vida: gritando, torcindo e aplaudindo No domingo, eu e minha namorada fomos correr na região dos Cristais. Havia chovido durante a noite toda, o que nos fez acreditar que a estrada de terra estaria inviável para nosso exercício. Apesar de haver muitos trechos alagados, alguns que quase nos fizeram voltar pelo mesmo caminho, conseguimos fazer uma longa corrida. Pudemos ver que já havia sinais das chuvas nos pastos, com o capim verde começando a aparecer. Foi lindo ver a natureza renascendo na primavera. Nesta corrida dominical, duas coisas me chatearam um pouco: 1) a quantidade enorme de cachorros soltos na estrada, o que nos fez parar três ou quatro vezes para ter certeza

de que os cães que ladravam não mordiam. Tivemos até de apanhar uns pedaços de pau para, em caso de necessidade, nos proteger. Não precisamos utilizar os bastões, mas foi um pouco estressante ver tantos animais um pouco agressivos, soltos; 2) nunca tinha visto tanta plantação de eucaliptos. Essa “unanimidade” nas árvores é prejudicial ao solo às quantidades de água das regiões, aos animais que vivem na região, entre outras coisas. Sempre fico triste quando vejo que o Brasil privilegia grandes áreas para produtos para exportação ou papel. Na segunda-feira, voltei a correr no local que eu mais adoro em Bom Despacho: a matinha. Mata fechada, com

Sua roça fica no Raposo e venho acompanhando a evolução da construção de sua bela casa. A cada dia que os visito, há um cômodo a mais, um banheiro terminado, um piso colocado. Lugar aconchegante e amigos maravilhosos. Passamos uma ótima tarde, colocando o papo em dia, falando do futuro de nossos filhos, de nossos projetos profissionais. Que bom encontrar bons amigos! Na quarta-feira passeei na Praça da Matriz e visitei meu amigo Ivan, do Na Praça Lanches. Foi muito bom saber que ele e sua esposa Cleuza estão bem de saúde, depois de terem passado algumas crises e enfrentado várias semanas no hospital. Que bom! À noite, enquanto eu voltava a São Paulo, tive uma grande notícia: meu sogro estava no Mineirão pela primeira vez em sua vida, acompanhado de seus dois filhos. Mesmo à distância, fiquei emocionado. Nunca é tarde para aprender, conhecer coisas novas, fazer atividades inéditas. Como sei que ele é um apaixonado pelo Galo, imagino como deve ter ficado feliz por conhecer a casa histórica de seu time do coração. No dia seguinte, já em São Paulo, recebi os vídeos de meu sogro no estádio, filmagens feitas por seus filhos. Segundo os relatos, ele passou o jogo inteiro em pé, gritando, aplaudindo e torcendo. Também cumpriu o rito de passagem de todo torcedor que vai ao Mineirão: comer feijão tropeiro na porta do estádio, em pé, preparandose para assistir a partida. Apesar do pouco tempo que passei em Bom Despacho, fiquei feliz de ver que minha segunda cidade continua bem, que a matinha continua linda, que a família está saudável e que alguns amigos que tive a oportunidade de encontrar, estão bem. Agora, já vacinado contra a covid-19, voltarei a frequentar Bom Despacho amiúde. Gostei de te rever, Bom Despacho e bom-despachenses!


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Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021

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Polícia prende homem A gente não quer só comida, com notas falsas em BD tão pouco apenas o debate Suspeito foi abordado pela PM durante patrulhamento na área central da cidade. Dinheiro foi apreendido. Acusado foi levado para a Polícia Federal, em Divinópolis Um jovem de 20 anos foi preso em Bom Despacho na tarde de terça-feira (19/10) portando 21 notas faltas de 50 reais. De acordo com a Polícia Militar, ele foi abordado durante patrulhamento na rua Raquel Paiva. Os militares suspeitaram da conduta do jovem, que apresentava nervosismo enquanto levava uma caixa de papelão usada para despachar encomendas postais. Durante a revista do suspeito, os militares encontraram dentro da caixa uma garrafa contendo buchas de papel higiênico e, no meio delas, as notas falsas no total de R$ 1.050,00. Depois do flagrante, os policiais foram até a residência do acusado, no mesmo bairro, e lá encontraram uma planta de maconha, 8 cartuchos de arma de fogo, duas porções de drogas e um celular. Todo o material foi apreendido. O suspeito não informou a origem das notas falsas. Ele foi preso e encaminhado para a Delegacia de Polícia Federal, em Divinópolis, a quem cabe apurar crime envolvendo moeda falsa (iBom) / Foto e vídeos: PMMG/7° BPM.

A tenente Lorena Azevedo em vídeo da PM sobre a ocorrência

PAULO

Assista ao vídeo da ocorrência apontando a câmera do celular para a imagem ao lado

HENRIQUE Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

Operação Comboio da PM abordou pessoas e carros

Mais de 50 pessoas foram abordadas pela Polícia Militar durante a operação Comboio, realizada em Bom Despacho pela 50ª Companhia na noite de sexta-feira (15/10). Ao todo, foram empenhadas 5 viaturas e 14 policiais militares na operação, conforme

PRF prende fugitivo na 262 Um homem de 26 anos foi preso pela Polícia Rodoviária Federal na BR 262, em Bom Despacho, na tarde de quarta-feira (21/10). Ele estava num Fiat Palio que foi abordado no posto da PRF durante fiscalização de rotina na rodovia. Consultando o Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça os policiais descobriram que o passageiro do veículo era condenado por crime de tráfico de drogas, tinha um mandado de prisão expedido em 2019 pelo Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo e estava foragido. Os policiais deram voz de prisão ao homem e o levaram para a Delegacia de Polícia Civil de Bom Despacho, onde ele ficou à disposição da Justiça (iBom)

apurado pelo iBOM. A tenente Lorena Azevedo, assessora de Comunicação do 7° Batalhão, disse ao iBOM que a operação visou aumentar a ocupação policial de áreas da cidade onde há maior número de ocorrências entre elas os bairros São Bento

e partes do Cidade Nova. Além de abordar pessoas, os policiais também fiscalizaram veículos que passavam nessas áreas. Durante a operação, que teve duração de uma hora, um carro furtado foi recuperado e 3 veículos foram apreendidos e removidos.

Assistindo a um debate entre pré-candidatos à Presidência da República esta semana me veio à lembrança uma palestra a que assisti de um marketeiro espanhol, Antonio Sola. Autointitulado o “criador de presidentes”, ele fora responsável pela eleição de vários presidentes na América Latina. E ganhara muito mais do que perdera, tinha seus méritos. Era final de 2019, pouco antes do ano da pandemia que nos assolaria. Eu estava organizando um encontro de ouvidorias legislativas dentro do encontro nacional dos legisladores estaduais. Antonio era um dos principais palestrantes do evento, e ficou reservado para ele o encerramento, na hora do almoço do último dia. Deputados e deputadas fizeram questão de estar presentes. Ele falou para cerca de 300 deputados estaduais de todo Brasil. Foram 60 minutos de profundo silêncio naquele auditório. Lembro-me que ele estava com um braço e parte do tronco engessados, havia fraturado a clavícula. Disse que tinha recomendações médicas de não vir ao Brasil para o evento, mas não quis desperdiçar a oportunidade de falar para tantos políticos brasileiros. Se veio vender seus serviços, não sei. Sei que ele desandou a tecer críticas ácidas à forma como a política se construiu na América Latina e especialmente no Brasil, falando um pouco de tudo aquilo de que já nos cansamos de ouvir sobre corrupção, patrimonialismo, ineficiência e gastança pública. Os deputados es-taduais? Sentadinhos, engolindo seco e ouvindo num silêncio ensurdecedor... Mas, cá entre nós, eu achava que aquele tipo de discurso já estava repetitivo, cansativo e desacreditado aqui no Brasil. Então ele falou bonito, com bela entonação e coragem, mas pouco me tocou. Isso até pouco antes de finalizar, quando ele exibiu em letras gigantescas no painel central do evento o fim das ideologias: “os brasileiros não comem com

ideologia, os brasileiros comem com pão”, dizia ele. Nas eleições de 2018, vivemos um ápice do embate ideológico na política. Numa boa, a história vai mostrar que isso foi bom e necessário. Por quê? Porque havia sim um desequilíbrio insuportável nas ideias defendidas pelos representantes da sociedade e da opinião pública. A sensação de grande parte de nós era de que veículos de comunicação e políticos viviam num outro mundo, bem diferente do que a gente via nas ruas por aqui. Porque se é um crime tratar com preconceito quem é LGBTQIA+, por que não seria ridicularizar quem é católico ou evangélico ou cobrar impostos extorsivos para entregar serviços públicos de 4º mundo? Se é um crime sonegar impostos, por que não seria fazer chegar esse dinheiro arrecadado ao bolso de poucos? Surgiu então a direita que venceu a esquerda! Os ideólogos da direita ganharam então mais visibilidade, mais vídeos e áudios circulando inflamados pelas nossas redes e nossos grupos, uma sensação de empoderamento extraordinária tomou parte significativa de nossa sociedade, de nossa cidade, de nossas famílias. E, claro, a esquerda reagiu, fazendo campanhas massivas nos veículos de massa, produzindo filmes e séries para substituir as novelas e telejornais que nos manipulavam até havia pouco. Mais uma vez, instaurou-se o nós contra eles! E desperdiçamos, mais uma vez, tempo e energia preciosos enquanto seguimos pobres. Conheço pessoas com orientações sexuais diferentes da minha que são ótimos pais e mães de família, que são mais cristãos do que eu ou melhores profissionais. E conheço piores também. Conheço empreendedores e trabalhadores da iniciativa privada que são muito mais bem sucedidos e realizados do que eu sou como servidor público. E conheço também piores. Sei de amigos que não só defendem a Petrobrás pública como acham que estradas e aeroportos deveriam voltar a ser estatizados. E tem aqueles que acham que as escolas deveriam ser todas particulares, com um vale escola para cada família escolher onde pagar a mensalidade para seus filhos. No final do dia, são pessoas, com características, ideias e

opções próprias, mas são pessoas com deveres, direitos e sonhos como eu e você. Essa fragmentação interessa a quem? Na nossa pirâmide de necessidades, quem foi que colocou alinhamento ideológico na frente? Pense aí um pouquinho... Enquanto distrações como essas são jogadas nas redes e grupos, enquanto passam nos programas e séries de televisão, continuamos pobres e com fome de muita coisa. De que melhorias poderíamos estar usufruindo se não desperdiçássemos tanto tempo e energia com ideologias? E, pior, quantos são os amigos e familiares de que nos distanciamos por isso? Deixamos de lado pessoas que nos amavam e se importavam de verdade conosco porque pensavam diferente? Eu deveria evitar ter amigos cruzeirenses porque sou atleticano? Melhor evitar os amigos que defendem a ampliação da posse e porte de armas porque eu discordo? Ou devo evitar o convívio com evangélicos e espíritas porque sou católico? A diversidade é nossa riqueza e nossa força. Há temas em que o meu jeito de pensar será predominante, noutros será o seu. Mas há algumas necessidades que são nossas, que são comuns à maioria de pessoas de nosso bairro, de nossa cidade, de nosso país. Essas deveriam nos unir, e este é um dos fundamentos da democracia. Focar no que nos separa beneficia aqueles que caminham por interesses menores, normalmente os próprios. Tenho a impressão de que muitas coisas caminham pouco atualmente porque desperdiçamos tempo e energia demais querendo ter e impor razão. Parece muito mais importante destruir quem pense ou aja diferente do que construir algo que seja bom para nós. Distraídos e sem sair do lugar, deixamos o que é consenso se depositar em algum canto e, esquecido, ir embora com as primeiras chuvas. Enquanto isso, alguns poucos vão aproveitando esse vácuo para colocarem em andamento o que lhes convém. “A gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer.” - Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto “O mal é aquilo que nos distrai.” – Franz Kafka


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Bom Despacho (MG), 31 Outubro 2021

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